A Voz da Glória edição 007 - Fevereiro 2018 - Ano 2

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CAVAR COMO UM CAMPONÊS A raiz é uma flor que despreza a fama. Aquele que ouve a verdade não é menos do que aquele que profere a verdade. Você é bom quando você é um com você mesmo. Amor que não se renova a cada dia se torna um hábito e por sua vez uma escravidão. Conhecimento é a vida com asas. Se eu aceitar o sol e o calor, devo aceitar

devo aceitar os trovões e relâmpagos. O que a alma sabe é muitas vezes desconhecido para o homem que tem uma alma. Somos infinitamente mais do que pensamos. Cave em qualquer lugar do mundo e você vai encontrar um tesouro, só que você tem que cavar com a fé de um camponês.

Quando ouvimos a palavra “esmola”, vem logo a nossa cabeça algumas moedas ou um trocadinho que tiramos do bolso para dar a um pedinte na porta de casa, no farol de transito ou nas calçadas de nossa cidade. Quase sempre é algo que nos sobra ou um restinho do que a gente tem, mas esmola, CARIDADE é muito mais do que isso. É dar mais de si do que daquilo que se tem. Precisamos sim assistir aos nossos irmãos nas suas necessidades, a fome não espera, mas esmola é muito mais que assistencialismo é dar vida, dignidade, tirar o irmão da situação que ele se encontra. Dar algo material é muito mais fácil e cômodo do que dar de si, do seu tempo, das suas capacidades, daquilo que você sabe fazer, e principalmente do amor humano carregado do amor Divino. Se a Oração celebra o relacionamento do Homem com Deus e daí todos os frutos dela fazem o homem abrir não somente as mãos, mas os braços e o coração. O Jejum abre e une os homens entre si. A cruz simboliza muito bem o que é a nossa fé, dimensão horizontal e vertical. A esmola celebra o relacionamento do homem com o seu próximo, na virtude Teologal da Caridade. Este assunto é polêmico para quem não entende que esmola não é somente dinheiro, é doar-se concretamente ao próximo. Mas, o que significa a esmola? Significa dar de graça, dar sem interesse de receber de volta, dar sem egoísmo, sem pedir recompensa, em atitude de compaixão. Nisto ele imita o próprio Deus no mistério da criação e a Jesus Cristo, no mistério da Redenção. Jesus fala sobre esta verdadeira caridade na parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10,25-37) quem é o teu próximo? O homem recebeu tudo do seu criador. Tudo quanto tem, possui-o porquê recebeu. Ora, se Deus dá de graça e se o homem é criado à

criado à imagem e semelhança de Deus, se Cristo se doou totalmente, dando sua vida, também ele será capaz de dar de graça. Ao descobrir que dentro de si existe a sublime capacidade de dar de graça, a exemplo de Deus e de Cristo, brota nele o desejo de celebrá-la. Quando, pois, na Quaresma a Igreja convoca a todos os fiéis a darem esmola, ela comemora aquele que por excelência exerceu a esmola: Jesus Cristo. Convida o homem à atitude de abertura ao próximo, convida-o a servir ao próximo com generosidade e desprendimento. Ora, neste momento a esmola começa a significar toda esta atitude de doação gratuita. Não só de bens materiais, mas o tempo, o interesse, as qualidades, o serviço, o acolhimento, a aceitação. E todo este mistério de abertura e gratuidade em favor do próximo na imitação de Deus e de Cristo possui então uma linguagem ritual. Tem valor de símbolo. Pela celebração da esmola a Igreja comemora a generosidade de Cristo que deu sua vida pelos seus e torna presente Cristo, dando-se a seus irmãos em cada irmão, formando o seu corpo. Assim, quando a Igreja convida os fieis a exercerem a esmola durante a Quaresma, sabe muito bem que não é pela esmola em si que ela vai resolver os problemas sociais e realizar a promoção humana, mas sabe também que é pelo que a esmola significa que ela vai realizar uma verdadeira promoção humana. Portanto, não é a quantia que importa, mas o que gesto ou o rito da esmola significa. Exercitando a atitude da esmola durante a Quaresma, a Igreja quer levar os cristãos a viverem a atitude da esmola durante todo o ano, durante toda a vida. Descobrimos, então, que no exercício da esmola está contida a atitude de conversão, em relação ao próximo.

A ESMOLA NÃO É SOMENTE DINHEIRO

Boletim Semanal A Voz da Glória

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Glória - Largo do Machado - RJ Pároco - Padre Geovane Ferreira Silva Direção Espiritual - Diácono Jorge Monteiro Diagramação e Editoração - Pastoral da Comunicação Coordenação – Sérgio Fadul Jr

Desertos: impulsos e instintos – Sérgio Fadul / Santos – Franciscanos Fazer jejum pra quê? – Pe. Roger Araújo / Amor e Caridade – Cardeal Robert Sarah Cavar como Camponês – Gibran / A esmola não é somente dinheiro – Pe. Luizinho Site da paróquia: www.nsdagloria.com.br Email: pascomnsdagloria1@gmail.com Facebook/Matriz.de.Nossa.Senhora.da.Gloria Whatsapp A Voz da Glória: 99443-1022 Largo do Machado s/nº - Catete – Rio de Janeiro – Tel: (21) 2225-0735 A Voz da Glória 18/02/2018 – Página 04

Boletim Semanal da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Glória - Largo do Machado

18/02/2018 - Edição 07 - Ano 2

AVISOS DA SEMANA Catequese de Adultos (Batismo, 1ª Eucaristia e Crisma) Mil Ave Marias, dia 24/02, sábado, às 9 h, na Inscrições abertas na secretaria ou procurar os antiga secretaria responsáveis na segunda, ou terça a partir das 19 h. Missa por Orações de Libertação da Árvore Genealógica, quarta feira, dia 21/02, às 20 h. Catequese Infantil. Inscrições abertas para catequese infantil (3 a 10 anos). Início dos encontros dias 22/02 (quinta-feira) e 24/02 (sábado) Adoração ao Santíssimo Sacramento, toda sextafeira a partir das 19 h. Organizada pelas pastorais. Todos são convidados.

DESERTOS: IMPULSOS E INSTINTOS

Na quarta-feira de cinzas, demos início a um pensamentos e corações diferentes... Há os que chamado muito importante, para cada um de ajudam e os que atrapalham... Mas se Jesus quis nós, individualmente e coletivamente: A nossa se dar por cada um de nós, porque não podemos seguir seu exemplo? Deus aguarda aqueles que Conversão. Muitos podem pensar: “Mas eu já creio em Jesus se oferecem verdadeiramente e existe uma Cristo...” Mas temos que ter em mente que crer, fluência para o bem, não para prosperidades nos remete à fidelidade, ao amor e a atitude de terrenas, mas para experimentar mais e mais... É difícil, mas não devemos nunca desistir. Ele nos querer ser como o amado. Os conceitos não podem ser isolados, pois como dá a Sabedoria que precisamos no momento podemos ser fiéis sem amar? Ou querer ser como certo, abre o caminho para as nossas ações, ilumina nosso ser para que não haja confusão, o amado, sem ser fiel? O Filho ama o Pai e o Pai ama o Filho e nesta mas somente Ele em teu coração. Mas se interação existe uma força tão grande que se vivermos segundo o que chamamos de instintos, torna pessoa, uma identidade que não podemos qual o caminho que queremos? Seremos como bestas que não preparam o amanhã, duvidam ignorar e que nos traz toda a Sabedoria. No deserto, o inimigo reconhece o Messias, mas do ontem e não vivem o hoje? não crê, pois não segue o Seu caminho, mas, Nada disto nos tira a liberdade, mas somente somente o próprio que ele mesmo traça. É isso amplifica-a, mostrando o que há além do nosso que ele oferece: o que é fácil, rápido e cômodo... horizonte pequeno e insólito. O deserto é uma provação. Devemos sempre A sede e a fome são horríveis, mas a maioria de procurar os desertos para nos encontrarmos a nós nós não vive isto. É quando estamos na miséria, quando experimentamos a falta, que brota mesmos e fortificarmos nossa fé. O diabo significa nosso interior que é aceptível às nossa verdadeira pessoa, que se encontra coisas do mundo. Mas nossa força espiritual é o acomodada e que não quer incomodada. Este é lado divino. Devemos resistir às tentações que o o convite do deserto, sentir falta para saber mundo oferece com tanta facilidade, onde o Ser, quem somos realmente. o Prazer, o Ter e o Poder se tornam prisões de Só avançamos na santidade quando nossa alma. Lembremos que tudo isso também conseguimos nos esvaziar de nós mesmos, tirando nos é dado por Deus, mas sua proposta é bem nossos impulsos e compulsões, instintos e atos diferente e a sua duração é eterna, quando as impensados, dando espaço à Deus, que oferece Seu próprio filho por nossa salvação, por você, daqui deste mundo são somente efêmeras. Podemos pensar também que o nosso irmão é por mim, por todos. causa de perdição. São tantas pessoas com Então, estás disposto a trilhar esta caminhada? pensamentos VOCÊ QUER RECEBER INFORMAÇÕES SOBRE A PARÓQUIA, REFLEXÕES DIÁRIAS, AVISOS E OUTROS CONTEÚDOS DA IGREJA? BASTA VOCÊ CADASTRAR ‘A VOZ DA GLÓRIA’ NO SEU WHATSAPP E SOLICITAR ATRAVÉS DELE PARA RECEBER AS INFORMAÇÕES DO ‘A VOZ DA GLÓRIA’. É FÁCIL E SIMPLES. A VOZ DA GLÓRIA - (21) 99443-1022


Amados irmãos e irmãs. No primeiro domingo do Advento somos convidados, primeiro, a meditarmos sobre o deserto de Jesus, sobre as tentações e depois o Senhor que sai a pregar o Evangelho depois da prisão de João Batista, a todas as criaturas, anunciando a conversão e a mudança, o arrependimento dos pecados. É importante, amados irmãos e irmãs, que pensemos, assim como Jesus precisou de um deserto, todos nós também somos convidados a viver o deserto. Todos nós também somos convidados a entrar no nosso deserto pessoal. E deserto significa retirar-se. Retirar para ouvir a voz de Deus. Retirar para entender o que Deus está falando e, no meio do retirar-se, de fazer o retiro, há aqui uma grande tentação, para que nós não vivamos e não façamos o que Deus espera de nós. Eu convido você a vencer as tentações do deserto, a vencer as tentações do seu silêncio para enxergar a Deus e ir além. Ouvindo Deus, além de toda a tentação que o mal e o mundo fazem, conseguir conquistar o seu espaço. Faça o seu deserto, escute a voz de Deus, leve para Deus a sua vida. Mas, além disso, também, o Senhor sai do deserto anunciando e chamando as pessoas à conversão. A Quaresma é um tempo específico de conversão, é um tempo agradável de conversão e eu quero convidar a você a conduzir a sua vida à conversão, a levar a sua vida à presença do Senhor, mas também a chamar a sua Família, os seus amigos, seus conhecidos, seu companheiro de trabalho, seu companheiro de estudo à conversão e até aquelas pessoas que você nunca viu. Leválas à conversão, ao arrependimento dos pecados e à mudança de vida. Esse não é um chamado só para nós. É um chamado para tantas outras pessoas. É assim que nós vamos ajudar a mudar o mundo, levando as pessoas à total conversão. Deus abençoe. Uma santa semana!

A Voz da Glória – 18/02/2018 – Página 02

SANTO DA SEMANA 18 – São Teotônio 19 – São Conrado 20 – Santo Eleutério 21 – São Pedro Damião 22 – Festa da Cátedra de São Pedro 23 – São Policarpo 24 – São Sérgio 25 – Santa Walburga

São Sérgio

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Em 304, os cristãos viviam a maior perseguição já decretada, por ordens de Diocleciano. Todos os governadores dos domínios romanos, sob pena do confisco dos bens da família e de morte, tinham de executá-la. Mas alguns, que eram simpatizantes aos cristãos, tentavam amenizar as investidas. Sapricio, administrador da Armênia e da Capadócia não era assim. Era um homem bajulador, oportunista e cruel. Nas celebrações em honra à Júpiter em Cesarea (Capadócia), Sapricio, estava com um importante senador romano. Em sua lealdade, ordenou que todos os cristãos da cidade fossem levados para diante do templo pagão, para prestar homenagens. Júpiter era considerado o mais poderoso dos deuses pagãos. O não comparecimento e denúncia era causa de prisão e condenação à morte. Não tendo para onde fugir, a maioria foi ao local indicado. Foi tomado pela multidão de cristãos, à qual se juntou Sérgio. Ele era um velho magistrado, que há muito tempo havia abandonado a lucrativa profissão para se retirar à vida monástica no deserto. Sua chegada causou grande surpresa e euforia e os cristãos desviaram toda a atenção para o respeitado monge, gerando confusão. O sacerdote pagão ficou irado, pois precisava fazer com que todos participassem do culto à Júpiter. Mas, a presença do monge produziu o efeito surpreendente de apagar os fogos preparados para os sacrifícios. Os pagãos atribuíram imediatamente a causa do estranho fenômeno aos cristãos, que com suas recusas haviam irritado ainda mais o seu deus. Sérgio, então se colocou à frente e explicou que a razão da impotência dos deuses pagãos era a ocupação indevida de um lugar e que só existia um único e verdadeiro Deus onipotente, o venerado pelos cristãos. Foi preso e levado diante do governador, que o obrigou a prestar o culto à Júpiter. Sérgio não renegou a Fé, por isto morreu decapitado naquele mesmo instante.

FAZER JEJUM? PRA QUÊ? Uma das práticas que nós somos chamados a expectativa, ainda não pode plenamente viver durante este tempo da Quaresma, e em tomar posse da sua noiva, mas ele se prepara toda a nossa vida, é a prática do jejum e da para esperá-la e, assim, quando ela chegar, aí penitência. Mas o jejum e a penitência, sim a alegria será plena. juntamente com a oração, só assumem sentido Nós estamos no tempo da espera, na em nossa vida quando se voltam para a expectativa do Reino de Deus definitivo. Já caridade, para o cuidado com o nosso próximo. sabemos que o Senhor está entre nós, e estamos Porque, muitas vezes, o nosso jejum é meio a caminho deste Reino; o jejum é um grande hipócrita, nós deixamos de comer, fazemos remédio que nos ajuda a viver a expectativa longas orações, mas não sabemos perdoar a deste Reino. No meio de nós, celebramos isso de quem está ao nosso lado, nós colocamos um jugo forma mais intensa por intermédio da Páscoa muito pesado em nosso próximo; nós somos de Jesus, que é a Sua manifestação gloriosa. Nós jejuamos durante este tempo quaresmal, duros, injustos com as pessoas. Jejum e oração servem para moderar esse nosso porque, depois, liturgicamente, quando o impulso, que nos leva, muitas vezes, a Senhor estiver entre nós, no tempo pleno da machucarmos o outro, a oprimir e reprimir as Páscoa, então não jejuaremos mais, porque nós pessoas ao nosso lado. O jejum e a oração estaremos com o Noivo vivo e ressuscitado no precisam fazer de nós pessoas mais caridosas, meio de nós. A Igreja nos convida a viver de forma profunda afetuosas e ternas umas para com as outras! O jejum, que Jesus nos propõe, é o jejum da a espiritualidade deste tempo da Quaresma. espera, é a configuração do jejum de Jesus Façamos o jejum de forma discreta, humilde, ensinado pela Igreja, como o jejum do noivo que mas eficaz, porque o Senhor nos ajuda a sermos espera sua noiva chegar. Enquanto o noivo melhores e a termos autocontrole sobre as espera a sua noiva chegar, ele está ali na nossas atitudes. expectativa AMOR E CARIDADE Amor não é o mesmo que caridade. O termo testemunho cristão de caridade, falamos desta ‘amor’ já existia antes de Cristo, mas Ele nos caridade, desta que sustenta o mundo. ensinou o ápice do amor, que é precisamente a A concepção do amor ao próximo, partindo do humanismo, corre o risco de perder suas raízes caridade, ou seja, entregar-se pelo outro. A palavra “caridade” nem sempre é bem bíblicas e, portanto, sua inspiração original. O compreendida, inclusive na linguagem cristã. homem contemporâneo mostra uma Mas também há confusão com relação ao que disposição a ajudar o próximo necessitado, mas, em alguns casos, isso causou a secularização se entende hoje por “amor”. A palavra ‘amor’ hoje está tão desgastada, desse aspecto central da missão da Igreja entre consumida e abusada que quase se teme deixá- seus próprios membros. la aflorar aos próprios lábios. Contudo é uma O enfoque daqueles que apoiam programas palavra primordial, expressão da realidade na Igreja que já não se diferenciam dos da Cruz primordial; nós não podemos simplesmente Vermelha ou das organizações da ONU, por abandoná-la, mas devemos retomá-la, exemplo, contradiz toda a tradição do purificá-la e conduzi-la ao seu esplendor compromisso caritativo da Igreja, reduzindo, originário, para que possa iluminar a nossa vida por conseguinte, a credibilidade da mensagem cristã. A caridade deixa de ter sua raiz em Deus e guiá-la para a reta via. Talvez, precisamente o fato de termos nos e se reduz a mera filantropia. acostumado com o texto bíblico nos leve a A caridade deve ser efetiva com o próximo, a esquecer quão grandiosa é esta afirmação e a compaixão que compreende, assiste e promove. novidade que ela traz: Deus é amor. Nem sempre temos claro que foi necessária a revelação bíblica, especialmente a do Novo Testamento, para que o ser humano entendesse que Deus é amor. É de Cristo que aprendemos o amor autêntico. Qual é então a característica do amor cristão, isto é, da caridade, a que aprendemos de Cristo e que é o fundamento de toda a realidade? É a caridade entendida como dar a vida. Existe, portanto, um lugar e uma pessoa concreta em que se manifesta o amor do qual estamos falando: é Cristo, o Filho de Deus, que na cruz dá a sua vida pelo homem pecador. Não podemos esquecer que, sem esta medida, tudo fica incompleto; nem que, se falamos de testemunho cristão de caridade, falamos desta A Voz da Glória – 18/02/2018 – Página 03


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