O poeta escrevia a agulha... Ana Lúcia Beck Mestre em História, Teoria e Crítica da Arte pelo PPGAV/UFRGS, Professora no Curso de Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil.
Mas amar é, para ele, tirar do amor tudo o que o amor pode oferecer ao espírito. Paul Valéry Nem sempre poetas escrevem com canetas. Nem sempre a pena é macia. Há poetas que escrevem com agulhas. Um deles se chama Leonilson, ou, como ele mesmo escrevia, O Penélope, ou, simplesmente, José. Leonilson1 é um artista brasileiro da chamada “geração 80” em cuja obra as palavras são presença constante. Palavras escritas, palavras pintadas, palavras bordadas. Palavras sobre papel, palavras sobre tela, palavras sobre tecido. Palavras a caneta, palavras em linha de costura. O termo palavra é utilizado aqui para designar “informação verbal”, que aparece tanto na obra plástica do artista (pinturas, desenhos, objetos) como faz parte de seu processo criativo e de seu cotidiano de organização de idéias, aparecendo em agendas, cadernetas, cartas aos amigos, entre outros.
Leonilson: páginas de diário/agenda e pintura sobre lona. Na pintura que aparece ao centro realizada em tinta acrílica sobre lona em 1982, lê-se “Na neblina – o bom piloto”.
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José Leonilson Bezerra Dias; 1957 – 1993.
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