Páginas Vazias 17

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Eu venho da cena Metal do interior de São Paulo à partir de 1984 e viajei muito pra tocar e assistir shows nessa região, balancei várias vezes a cabeça ao som de “Troops of Doom” (Sepultura) ao vivo naquela época. O documentário já abre com essa música me fazendo voltar no tempo, olho pro Manu e percebo de cara o que iríamos presenciar. Particularmente eu não conhecia a banda “Tribo de Solos” que na verdade eram pessoas (maioria do Kamikaze) reunidas em um local com aparelhagem, onde se realizavam várias jams de peso, mas o divisor de águas do metal em BH pelo que entendi foi a banda Sagrado Inferno que apresentava elementos do Punk Rock mas já tomando uma postura mais Heavy Metal digamos assim... Rolam umas imagens nostálgicas dessa banda e percebe-se o quanto a mesma foi influente pro metal local. Em Sampa, como foi dito no filme, procurávamos montar bandas na linha do Thrash mais trabalhado e melódico, mas Minas não, o Metal mineiro tinha aquela veia mais “alemã”, crua, e já começava a influenciar bandas do mundo inteiro. Graças a Cogumelo Discos o Heavy Metal mineiro em suas diferentes vertentes se espalhou pelo Brasil e isso é bem retratado durante o documentário, assim como as dificuldades encontradas na época em vários aspectos, como aparelhagem tosca, tempo no estúdio de gravação, competição por um espaço e divisão da cena de acordo com a preferência musical. Devo ressaltar que o Triângulo “satânico” Mineiro foi representado no filme pela banda Angel Butcher (formada em 86), em uma foto pra lá de histórica. Durante o desenrolar do documentário a gente vai tendo contato com bandas que recriaram o Metal em terras tupiniquins como Sarcófago, Sepultura, Overdose, Mutilator, Witchhammer, Chakal, Holocausto, Kamikaze e Sextrash, tendo integrantes das mesmas

narrando suas histórias juntamente com vídeos raríssimos captados em VHS. Filipe Sartoreto e sua equipe souberam editar tudo isso de uma maneira que vai envolvendo quem está assistindo. O único momento tenso é quando alguns personagens do documentário se sentem travados sobre a possibilidade que a banda Sepultura teve de divulgar o Metal mineiro e nacional internacionalmente, e no entanto acharam melhor fecharem as portas dizendo que eram só eles, o RxDxPx e pronto. No documentário percebemos a importância da banda Sarcófago para o Metal extremo em todo o mundo, inclusive retratando covers que bandas européias fazem dos caras até hoje. Eu passaria horas contando histórias também dessa época, inclusive andei de trem com os caras do Sepultura em Americana fugindo do bilheteiro porque não tinha grana. A gente suava e sua a camisa pelo Metal até hoje e Filipe Sartoreto está de parabéns por conseguir registrar uma época e todo o legado do metal mineiro, que realmente é muito importante para o Brasil e para o mundo. A MTV exibiu o filme na íntegra nos dias 19 e 20/09 de 2009. Recomendo pra quem não assistiu que podem viajar no tempo e entender melhor o porque que Minas cravou sua marca no Heavy Metal mundial. Eu fico por aqui e torço que iniciativas como essa se repitam. Que os ruídos, grunhidos e guitarras distorcidas continuem ecoando sempre pelas montanhas mineiras. Valeu! Dica Metal: Acesse o myspace do “Ruído de Minas” e baixe o filme completo + material gráfico e extras: www.myspace.com/ruidodasminas Alexandre Tito é dentista,” banger” das antigas e toca nas bandas Seu Juvenal, Olorum e Angel Butcher. Contato: alextmota@yahoo.com.br


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