GUIA DA VILA - EDIÇÃO 322

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A volta da pamonha

Outro dia, me peguei sorrindo com a propaganda de uma rede de fast-food vendendo “combo São João”. Tinha milho, pamonha e até um hambúrguer com farofa. Achei aquilo uma heresia… e depois achei uma bênção. Porque, afinal, a pamonha voltou. E ela nunca volta sozinha.

A Vila Madalena que me viu envelhecer - e que também envelheceu comigo - já foi o epicentro de uma vida junina digna de interior. A quadrilha da Rua Laboriosa era coisa séria. Tinha padre, noiva, sanfona de verdade e pelo menos três bexigas estourando por minuto. Criança de bigode de lápis, adulto de saia rodada e cachaça boa. E a fogueira, claro - não havia São João sem ela, e ninguém vinha com essa de “perigo de fumaça”. A fumaça era parte da graça.

Mas os tempos mudaram. Vieram os condomínios gourmet, os aplicativos de namoro, o milho enlatado e o medo de dar bom dia no elevador. As festas juninas foram sendo soterradas por outras urgências: o IPTU, o dólar, o streaming. A Vila virou brunch.

Só que a sociedade - essa senhora teimosaadora brincar de pêndulo. Vai prá lá, vai prá cá, e quando a gente pensa que perdeu, ela resgata. Teóricos têm nome bonito pra isso: ciclos culturais, ondas comportamentais, retorno arquetípico. A gente aqui chama de saudade. E é essa saudade que está cutucando de novo, agora pelas beiradas da mídia: programa de auditório ensinando a fazer curau, influencer digital explicando o que é “bainha de milho”, e apresentador de terno slim dizendo “viva Santo Antônio”

com a voz de quem nunca tomou quentão.

É engraçado ver esse resgate filtrado pela lente do tempo e da propaganda. A pamonha, por exemplo, que era enrolada com carinho pela tia no fogão de lenha, agora vem congelada, embalada a vácuo e chamada de “pamonha gourmet defumada com redução de leite de coco e notas de flor de sal”. E custa 29 reais.

Mas eu, que já fui noivo da quadrilha três vezes e nunca consegui casar em nenhuma delas, acho bonito esse retorno meio torto. Porque, mesmo entre os LEDS e os códigos QR, ainda tem criança dançando forró com dente de leite faltando e senhorinha trançando bandeirinha com capricho. Ainda tem cheiro de canjica em viela, mesmo que disfarçado de cupcake de milho.

No fim, talvez seja isso: o moderno só é moderno porque se esquece que o antigo tem raízes longas. E festa boa mesmo é aquela que, de tempos em tempos, volta prá nos lembrar que pular fogueira também é um jeito de aquecer a alma.

E a pamonha, ah… a pamonha voltou. E isso já é um bom sinal.

José Luiz de França penna Presidente de Honra do Centro Cultural Vila Madalena

www.guiadavila.com.br

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Impressão

Duograf Gráfica e Editora Ltda

Foto da capa Gerson Azevedo

C o MU nid A de

Pedro Costa lança livro sobre a Vila

Jornalista, poeta e compositor, Pedro Costa narra novo livro, ‘A Vila em Close, histórias da Vila Madalena’, onde viveu por quatro décadas.

Na obra literária, o autor aborda ícones da boêmia da Vila Madalena, histórias que reuniu pela vivência no bairro e em bares como o Pira Bar e Piratininga, que Pedro e Vera Costa tiveram por décadas na Vila Madalena.

O Piratininga foi um clássico da Vila, com ambiente intimista e música ao vivo de qualidade. Entre outros que se apresentaram no pequeno palco do bar, estão os gêmeos Paulo e Chico Caruso deixavam seus pincéis de lado para se apresentarem com ilustres convidados como o sax do escritor Luis Fernando Veríssimo e outros músicos. “O Piratininga foi criado inspirado na cidade de São Paulo. Todo dia 25 de janeiro, aniversário da cidade, sempre festejamos com um carnaval e muita alegria”, lembra o escritor.

O Pira era um bar descolado com um cardápio bem variado e ponto de encontro de muitos amigos e frequentadores da Vila. À noite, de um forno a lenha saiam saborosas pizzas e o chope sempre servido na temperatura correta. E serviu de cenário para o lançamento de livros, discos e música ao vivo nas noites do final de semana.

Hoje esses espaços têm novos donos e novos nomes. Pedro explica que “depois de 40 anos de atividades nos bares, eu e Vera optamos por uma vida mais tranquila”, explica sobre a mudança para o litoral Norte paulista.

Pedro teve uma ligação muito próxima com o Guia da Vila Madalena desde os primeiros números. Suas crônicas encerravam as edições e sabe-se que muitos leitores, ao receber o GVM, começavam pelo texto do Pedro. Muitas das crônicas publicadas no GVM estão no livro A Vila em Close, 30 anos de histórias da Vila Madalena (Editora Viseu). O prefácio do livro é do diretor da Página, que edita o GVM, Ubirajara de Oliveira.

Sobre a Vila, Pedro lembra que em o livro, “reúne algumas crônicas dos anos que morei na Vila Madalena. Tudo começou em 1968 quando a ditadura expulsou muitos dos alunos moradores do Crusp que passaram a morar na Vila Madalena, então uma pacata e tranquila vila de trabalhadores. Para a Vila vieram além dos estudantes, artistas, boêmios e virou um celeiro cultural e quando virou novela na Globo nunca mais parou e hoje

é um ponto turístico da cidade de São Paulo. Esse é o pano de fundo do A Vila em Close”, que teve uma noite de autógrafos no bar Jacaré Grill em 16 de julho.

O autor continua a escrever suas crônicas e poesias como sempre fez. Na noite de autógrafos no Jacaré Grill, Pedro teve a companhia de Vera e dos filhos, e a oportunidade de ser abraçado por amigos que fizeram questão de adquirir a obra com dedicatória especial para cada um. “Foi uma noite muito especial para rever os amigos da Vila Madalena”, afirmou. Além de lançar o livro na Vila, Pedro fez sessões de autógrafos em Ubatuba. No dia 11 de agosto, será no Bar e Livraria Ria, Rua Marino Falcão, 58 (metrô Vila Madalena), e em breve, no Rio de Janeiro.

O livro está disponível em edição física e digital que pode ser comprado nos apps da Amazon, Apple Books, Kobo, Estante Virtual, Casa Bahia, Extra. (GA) A Vila em Close @palavrasdepedro

Pedro com a família e amigos

Óleos essenciais: a força da natureza em gotas

Os óleos essenciais dôTERRA são extraídos de plantas colhidas de forma sustentável ao redor do mundo. São compostos naturais altamente concentrados, obtidos das flores, folhas, cascas e raízes, com pureza e potência garantidas por testes rigorosos de qualidade

Fabiana Shimada, consultora doTerra desde 2018, teve seu primeiro contato com os óleos cuidando da própria família. “No início tive dúvidas, mas os resultados foram tão evidentes que me encantei. Hoje ensino outras pessoas a usar os óleos com segurança e eficácia.”

A doTerra trabalha com comunidades locais em mais de 40 países para obter matérias-primas em seu habitat nativo, como a copaíba, colhida na Amazônia. Esse modelo sustentável garante qualidade excepcional e gera impacto positivo nas comunidades. Os produtos da doTerra são vendidos em mais de 100 países onde a marca está presente.

Fundada em 2008, a doTerra criou o padrão CPTG® – Certified Pure Tested Grade –, que certifica que cada óleo passa por uma bateria de testes laboratoriais. Na produção dos óleos essenciais, há uma equipe de profissionais altamente especializados da área de saúde, botânicos, químicos que acompanham todas as

etapas do processo. Nenhum óleo possui aditivos, solventes ou contaminantes. A pureza começa na planta e vai até a embalagem.

Os produtos da doTerra não são vendidos em lojas. O atendimento é feito por consultoras especializadas como Fabiana, que prestam suporte personalizado.

“Muita gente me procura com dúvidas, e fico feliz em ajudar moradores da região da Vila Madalena e além.”

Diferente das essências artificiais, os óleos doTerra são puros e concentrados, sendo eficazes com apenas poucas

gotas. Cada planta tem propriedades únicas que podem ser aplicadas de forma aromática, tópica ou, em alguns casos, interna.

Além dos óleos essenciais, a doTerra oferece blends para crianças (linha Kids), cuidados com a pele, suplementos, difusores e kits para uso pessoal. Fabiana orienta o cliente sobre qual produto combina com seu estilo de vida, seus objetivos e suas necessidades.

Para saber mais, Fabiana se coloca à disposição para esclarecer todas as dúvidas e pode ajudar na escolha do produto doTerra mais adequado para cada cliente. Entre em contato e descubra como os óleos essenciais podem transformar sua rotina! (GA)

Fabiana Shimada
Linha Kids
Fabiana Shimada, consultora doTerra
Umidificador de ambiente

LA z E r

CUL t U r A E

Tônia, profa. Lia e Rose da associação

A paz pede parceiros

A Associação Palas Athena, instituição sem fins lucrativos e declarada de utilidade pública, chegou na Vila Madalena em janeiro deste ano.

Desde 1972 oferece cursos e palestras nos campos da filosofia, mitologia, psicologia, tecnologias da convivência e comunicação não violenta, nas modalidades presencial e online, de longa e curta duração.

Com a missão de aprimorar a convivência humana por meio da aproximação das culturas e articulação dos saberes, promove programas sócioassistenciais e sócioeducativos em cooperação com a Secretaria Municipal de Saúde e de Assistência Social, além de projetos junto à Unesco, Sesc Vila Mariana, entre outras organizações da sociedade civil.

Tônia Van Acker, responsável pelos

programas educacionais, explica que “os cursos e workshops são abertos e acessíveis para todos os públicos, sem necessidade de conhecimento prévio no tema. Alguns, com entrada gratuita, outros são pagos. Os valores das inscrições colaboram com a manutenção dos projetos da instituição, já que a associação são desenvolvidas com recursos próprios e não recebe subvenções de governo, entidades nacionais ou internacionais”.

Desde a fundação, os fundadores Lia Diskin e Basílio Pawlowicz criaram dezenas de programas socioassistenciais que beneficiaram milhares de pessoas. Em 2024, foram 9.592 pessoas beneficiadas em seus pro-

Foto: Gerson Azevedo

gramas gratuitos. Entre os vários prêmios recebidos, a professora Lia, atual presidente do conselho deliberativo e voluntária na associação, recebeu, o prêmio Padma Shri, pelo governo da Índia, em reconhecimento pelo seu excepcional e notável serviço na área social.

Ao longo de sua história, a associação promoveu inúmeros eventos nacionais e internacionais, e recebeu pensadores e convidados de todo o mundo, como Edgar Morin, Howard Zehr, Humberto Maturana, Kay Pranis e Matthieu Ricard, e organizou as cinco visitas do Dalai Lama ao Brasil, a mais recente, em 2021, está disponível no YouTube.

Tônia relembra que a Palas Athena coordenou e promove há muitos anos, os “Fóruns da Cultura de Paz e Não Violência”, para a discussão dos 8 eixos da Cultura da Paz propostos pela Unesco. Desde a pandemia, os encontros acontecem de forma online e gratuita, sempre pelo YouTube. O próximo será no dia 12 de agosto, às 19h, com José Carlos Ferrigno.

A Palas Athena tem uma livraria, com

uma variedade de títulos com selo próprio, sobre assuntos como antropologia, comunicação não violenta, educação, espiritualidade e religiões, filosofia, meditação, mitologia, transformação de conflitos, entre outros temas. A associação também recebe doações de notas fiscais paulistas, que se transformam em renda para ajudar na manutenção dos projetos sociais.

Aulas de yoga, pintura e outros eventos acontecem semanalmente no centro de estudos. Em agosto: de 6 a 27, às quartas-feiras, das 19 h às 22 h, online: Comunicação Não Violenta, com Sílvio de Barros; dia 19, das 18 h às 20 h: Ideias que cegam e percepções que iluminam, através da criação literária e da arteterapia, com Mônica Guttmann. (GA)

Associação Palas Athena Rua João do Rio, 75, Vila Madalena Telefones 3050-6188 e 95647-0608 @associacaopalasathena www.palasathena.org.br

Aulas no espaço da Palas Athena
A sede da Palas Athena na Vila Madalena

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