caderno de produção e negócios edição 5

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PRODUCÃO & NEGÓCIOS ANO 1 - NÚMERO 5 RIO BRANCO, DOMINGO, 12.02.2012

Açaí

é saudável e está na moda

Páginas 4 e 5

Carnaval como um bom negócio

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Gente que pratica solidariedade

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A microeconomia das tabernas

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PRODUCÃO & NEGÓCIOS

2 Rio Branco – AC, DOMINGO, 12.02.2012

Solidariedade nos negócios Costureiras se organizam em associação e também promovem treinamentos, cursos e oportunidades para quem busca o primeiro emprego Juracy Xangai

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penas dois dos 31 sócios da Associação Irmãos Amigos, localizada no bairro Jorge Lavocat, conseguem pagar regularmente a contribuição de R$ 5 mensais à entidade, em cuja sede são realizados cursos de corte e costura, além de atividades coletivas como a customização de roupas com fuxico vendidos para melhorar a renda de 20 famílias. É nesse mesmo espaço que tem acontecido cursos de xadrez, canto e coral, violão e atualmente desenho e pintura sobre tela para crianças e adolescentes em situação de risco social. “Os treinamentos são oferecidos pela Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social, a Semcas, cuja secretária, Estephânia Pontes, que sempre vem por aqui, e outros pelos

psicólogos e assistentes sociais da ONG Organização Social Amor e Vida, a Savi, com projeto Família Acolhida, que nos ajudam muito mesmo”, explica Maria Eronildes Paiva, presidente da Associação. No salão agregado à casa de Eronildes também há uma brinquedoteca e as máquinas de costura doadas pela Secretaria de Pequenos Negócios. Ali são acolhidos desempregados, dependentes químicos, crianças e adolescentes que vivem situação de risco social. “Nossos clientes são crianças e jovens dos Peti [Programa de Erradicação do Trabalho Infantil], outros filhos de desempregados, dependentes químicos e outros problemas sociais, a maioria deles tem uma autoestima muito baixa, mas aqui recebem aula e atendimento psicológico. Uma média de 200 crianças e adolescentes lancham e no sábado,

Maria Eronildes cedeu a própria casa para abrigar os particinpantes do projeto social

quando não recebem a merenda da escola normal, a gente realiza atividades e faz um jantar no fim da tarde com macarronada e outros pratos diferentes. Queríamos oferecer um jantar na quarta-feira, mas ainda não temos material ou dinheiro para isso. O importante é que com a orientação psicológica, as brincadeiras e treinamento, eles levantam a cabeça. Os maiores já estão à procura do primeiro emprego e assim vão dando novo rumo às suas vidas, ao invés de se conformar com a situação de pobreza em que a maioria ainda vive”.

Negócio gera negócio

Zélia Alves auxulia pessoas em risco social para que tenham alternativas de renda e uma vida com mais dignidade

PRODUCÃO & NEGÓCIOS

Os 63 anos de idade não impedem que Maria Zélia Alves da Silva, que já criou seus filhos, divida seu tempo entre a costura que acrescenta algum dinheiro à renda familiar e o tempo que dedica à associação Irmãos

Uma publicação de responsabilidade de Rede de Comunicação da Floresta LTDA C.N.P.J. 06.226.994/0001-45, I.M. 1215590, I.E. 01.016.188/001-87

Amigos, presidida pela amiga Maria Eronildes. Ali elas fazem de seus negócios o ponto estimulador do trabalho para que os jovens da comunidade sejam encaminhados ao mercado de trabalho ou criem negócios capazes de gerar uma vida com mais dignidade. “Desde que vivia em Sena Madureira, sempre fiz questão de trabalhar e ganhar meu dinheirinho. Lá eu fazia salgadinhos pros meus filhos venderem. Tinha aprendido a costurar com minha mãe e como não tinha nem máquina, a gente costurava calças e vestidos na mão mesmo. Aqui em Rio Branco comprei a máquina e há 14 anos atendo minhas clientes”, explicou Zélia, moradora da Rua Vitória, no bairro Jorge Lavocat. O negócio ganhou novo impulso no ano passado, quando, com outras 60 pessoas, ela participou do curso de corte e costura oferecido pela Secretaria de Pequenos Negócios.

“Sempre costurei aprendendo uma coisa e outra com as amigas. Minha filha Liliane, que me ajuda com as costuras, falou do curso e nós fomos. Aprendi muita coisa e aperfeiçoei várias outras, agora faço blaser, roupas com bolso embutido e ainda ganhei uma máquina overloque que melhorou muito o acabamento das roupas e aumentou minhas freguesas”. Zélia fez de um dos quartos da casa seu ateliê de costura onde atende a freguesia. “Aqui tenho minha máquina antiga e a overloque, que dão dinheiro para ajudar a melhorar a vida da gente. Quando tem serviço na associação, a gente leva a máquina pra lá e fazemos muita coisa, mas principalmente a customização de roupas com fuxico. É um trabalho que exige muita dedicação, mas o mais importante mesmo é saber que com nosso negócio também podemos ajudar os outros”, diz ela.

Textos, fotografias e demais criações intelectuais publicadas neste exemplar, não podem ser utilizados, reproduzidos, apropriados ou estocados em sistema de bancos de dados ou processo similar, em qualquer processo ou meio (mecânico, eletrônico, microfilmagem, fotocópia, gravações e outros), sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais. Não devolvemos originais, publicados ou não. IMPORTANTE - Matérias, colunas e artigos assinados, são de responsabilidade de seus autores e não traduzem necessariamente a opinião do jornal


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A taberna da esquina Enquanto as redes de supermercados se batem numa concorrência ferrenha, as mercearias e tabernas sobrevivem ao tempo e à crise como socorro de todas as horas Juracy Xangai

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epois de trabalhar dez anos como açougueiro, Gilson Moura foi economizando dinheiro até conseguir realizar o sonho de montar sua própria taberna em uma das ruas do bairro Montanhês, onde se estabeleceu e sobrevive há quatro anos. “Trabalhando no açougue eu fui juntando um dinheirinho todo mês, fiz isso por muito tempo, até que tomei coragem, pedi demissão do emprego, paguei todas as minhas contas pra não ter preocupação, escolhi um cantinho e ali investi meus R$ 6 mil para sortir a taberna. Hoje digo que foi o melhor negócio da minha vida”, garante Gilson, o orgulhoso proprietário da taberna G. Moura. Mas antes de investir,

Gilson se preparou da melhor forma possível, se precavendo contra os perigos de se iniciar um negócio sem conhecimentos prévios. “Eu e a mulher fomos juntos fazer a Oficina Sebrae de Empreendedorismo. Lá eu aprendi a importância da gente saber escolher bem o ponto onde vai assentar o negócio, e, principalmente, a necessidade de aprender a controlar direitinho o dinheiro que entra, o que sai e o estoque, além de separar esse custo dos gastos que a gente faz em casa. Orientado pelo pessoal do Sebrae, eu escolhi este ponto e não podia ter feito melhor”, garante. Com os negócios indo de vento em papa, Gilson resolveu combinar seus conhecimentos de açougueiro com o de taberneiro ao ver uma placa oferecendo o aluguel de um ponto onde funcionava um açougue. “Fiquei muito animado, mas confesso que

Freguês da hora

Gilson, proprietário da taberna G. Moura, teve o cuidado de aprender sobre o negócio antes de investir

se arrependimento matasse, eu tinha morrido. Aluguei minha taberna pra outro e fui pro novo ponto, mas deu tudo errado: perdi tudo o que investi lá e então dei um jeito de voltar atrás. Hoje era pra estar com mais que o dobro do que tenho, mas estou con-

formado, o erro foi meu mesmo, que me iludi. Nessa história de fazer negócio a gente precisa tomar muito cuidado, conversar com os vizinhos e se informar direito sobre os negócios que já funcionaram naquele lugar. Nem tudo é o que parece”, ensina.

O armador de ferragens Roney Lopes do Nascimento, um dos clientes eventuais da Taberna G. Moura, explica: “Quando recebo o pagamento faço o grosso das compras no supermercado, mas sempre falta alguma coisa, então a gente se socorre das tabernas. Parece que não é nada, mas todo dia a gente precisa de uma coisinha ou outra, às vezes precisa de um produto, mas está sem o dinheiro na hora, então a gente é daqui, eles conhecem e fazem um fiado que pagamos noutro dia ou no fim do mês. É um negócio que funciona entre amigos e conhecidos. Só tem de tomar cuidado com o calote porque já vi bodega quebrar porque o pessoal não pagou a conta”, diz Roney.


A força do PRODUCÃO & NEGÓCIOS

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Embrapa do Acre desenvolve bebida de açaí com cupuaçu e guaraná e está à espera de empresário interessado em industrializá-la para o mercado consumidor

Juracy Xangai

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ais que a fama de ser uma bebida tipicamente amazônica rica em antioxidantes e de ter se tornado moda nas academias e lanchonetes de todo o Brasil e até na Europa, o açaí é antes de tudo

um exemplo de cultura a ser estimulada pela sua importância econômica, especialmente para os produtores familiares, e um ótimo investimento para quem queira industrializá-lo. A facilidade com que sua polpa fermenta e acaba ficando imprópria para o consumo exige que seja congelada para chegar ao mercado consumi-

dor. E para solucionar esse problema, a pesquisadora Joana Maria Leite de Souza, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa do Acre, desenvolveu uma bebida pronta que combina açaí com cupuaçu e guaraná. Depois de engarrafada, a mistura passa por um tratamento térmico que permite seu transporte e

conservação fora da geladeira por até três meses. O sistema de processamento desta bebida pronta já está concluído e devidamente registrado, só falta um empresário com interesse em investir na sua produção industrial. Joana está fazendo seu doutorado em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Enquanto

isso a engenheira de alimentos Clarissa Cunha, especialista em tecnologia de alimentos e também pesquisadora da Embrapa do Acre, trabalha em parceria com a Unidade de Tratamento de Alimentos (Utal) da Universidade Federal do Acre (Ufac). “Esta primeira versão da bebida de açaí está pronta e


açaí PRODUCÃO & NEGÓCIOS

se conserva muito bem à temperatura ambiente por um período de três meses fora da geladeira. Isso até agora era um desafio porque o açaí tem um ph muito alto que dificulta sua pasteurização. A Joana contornou esse problema acrescentando o cupuaçu, que é bastante ácido, ou seja, tem um ph muito baixo, as-

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sim equilibrou e permitiu a pasteurização da bebida. Para dar mais energia, acrescentou o guaraná, considerado energético, estimulante e afrodisíaco, e por fim adoçou com açúcar. Então conseguimos uma bebida muito saborosa e energética, pronta para consumo”, esclarece Clarissa Cunha.

O açaí se tornou o fruto da moda nas academias e lanchonetes do sul e sudeste do país

Clarissa Cunha, pesquisadora da Emabrapa, pretende chegar a uma versão light da bebida

O que a engenheira Clarissa estará buscando na pesquisa que começa agora é a redução do volume de óleos contidos na bebida. “As bebidas de palmeiras contêm grande quantidade de óleos que embora sejam uma gordura saudável, tão boa quanto o azeite de oliva, é bom controlar a quantidade consumida. No caso do açaí, esse óleo chega a 60%, e a gente vai usar um processo de centrifugação para reduzir ao máximo esse percentual.

Versão light

Isto permitirá fabricarmos uma bebida mais light”. A pesquisadora esclarece ainda que a equipe vai trabalhar a estabilização da acidez do cupuaçu. “Outra coisa que desejamos é fixar a cor da bebida, que ainda hoje varia entre o vinho e o marrom. O estudo terá duração de dois anos, e isso tudo exige uma série de testes até que se desenvolvam processos-padrão de fabricação que possam ser reproduzidos em escala industrial antes de o produto

ir para o mercado consumidor”, explica. Clarissa esclarece que embora o açaí seja uma bebida extremamente saudável e benéfica ao organismo, o modismo que atinge o público consumidor faz com que pessoas criem lendas, afirmando coisas sem comprovação científica, o que requer prudência nos cuidados com a saúde. “O Açaí é uma bebida rica em antocianinas, que são compostos fenólicos que atuam como antioxi-

dantes, retirando ou anulando substâncias negativas ao organismo. Nós entendemos que isso pode prevenir a ocorrência de doenças cardiovasculares e até o câncer, mas isso depende de uma série de fatores que vão do modo de vida, alimentação, comportamento e genética das pessoas, por isso é que dizemos que o produto é bom, mas por si só não faz milagres”, afirma. Ela também desmente a lenda de que o suco de

cupuaçu é muito gorduroso, como muitos afirmam. “O suco de cupuaçu não é gorduroso, a gordura dele está concentrada nas sementes, mas o suco é muito ácido. Já o guaraná é um estimulante energético. Nesta bebida que a Embrapa do Acre desenvolveu temos o açaí, o cupuaçu e o guaraná que são frutos tipicamente amazônicos, o que por si só já é uma grande vantagem comercial a quem for produzi-la industrialmente”.


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Essa folia é um negócio!

Carnaval acontecerá de 17 a 21 de fevereiro e movimenta lojas, blocos, bares, clubes e muito mais

Juracy Xangai

“E

i, você aí, me dá um dinheiro aí! Me dá um dinheiro aí”... Mais que um refrão de uma das divertidas marchinhas carnavalescas que ainda fazem história, trata-se de uma tradução real da maior festa brasileira, convertida em negócios que movimentam milhões e milhões de reais em todo o país. O desfile dos 16 blocos que vão ocupar a Avenida Amadeu Barbosa, no Segundo Distrito da Capital, será aberto às cinco horas da tarde do dia 20 pelo bloco Liga das Quadrilhas, que está vendendo 500 abadás a R$ 20 cada um. A meta é entrar na avenida com pelo menos 800 brincantes. Adelcimar dos Santos é um dos líderes do grupo composto por carnavalescos de toda a capital. Juntos eles fazem da festa uma mistura de samba, pagode e forró. “A cobrança dos abadás é a forma encontrada para pagar parte dos custos de colocar o bloco na rua. Sua venda é simbólica, tanto que neste domingo (12) estamos realizando na Assermurb uma feijoada de mobilização dos brincantes com ingresso a R$

20 por pessoa, com direito a um abadá, ou seja, as pessoas comem, bebem e vão pro carnaval se divertir à vontade. No final tudo é alegria, mas na Avenida Amadeu Barbosa dezenas de lanches, bares e outros negócios estarão faturando muito dinheiro com a folia!”, diz Adelcimar. Rodrigo Forneck, um dos organizadores da quadra carnavalesca pela Fundação Elias Mansour, informou que ao longo da Amadeu Barbosa, onde acontecerão os desfiles, haverá quatro blocos de tendas e em cada um dos blocos funcionarão 20 barracas de alimentação e bebidas, ou seja, um total de 80 negócios. Em outras quatro tendas funcionarão apenas bares para a

venda de bebidas alcoólicas, água mineral e refrigerantes. “Será uma grande festa, ainda mais organizada e mais bonita que a do ano passado, quando os bares e barracas de alimentação registraram um faturamento de mais de R$ 350 mil, sem contar com os mais de cem camelôs e demais negociantes que atuaram do lado de fora da avenida. Assim, o carnaval é uma grande festa na qual todos se divertem, mas quem se dispõe a trabalhar em seus preparativos e durante a folia têm, com toda certeza, uma oportunidade de negócio com faturamento alto. O governo do Estado apoia essa animação, repassando R$ 80 mil para que os blocos possam investir

na sua apresentação. Assim o carnaval deixa feliz quem trabalha nos bares, clubes, preparo de fantasia e venda de alimentos, como também os que só querem se divertir a valer!”

6éD+ Com ensaios de segunda a quarta-feira, na quadra ao lado da quarta ponte, no Bairro da Seis de Agosto, e nas quintas e sextas-feiras na pracinha em frente à passarela do novo Mercado Velho, sempre das 20h às 22h, o bloco “6 É D +” pretende entrar na avenida com mil brincantes animados pelos cem músicos da bateria. “Estamos animados com as perspectivas desta festa, que já é uma tradição nas Seis de Agosto, cujos moradores a gente considera os mais carnavalescos da capital. Mandamos fazer mil e cem abadás que estão sendo vendidos a R$ 15, e nossa animação é tanta que já investimos mais de R$ 35 mil em nosso bloco”.

Urubú com Chicória Apostando numa festa mais família onde os amigos se encontram, o bloco Urubu com Chicória realiza sua terceira festa na avenida prin-

cipal do Conjunto Universitário, próximo à caixa d’água, onde os integrantes instalam tendas com bares, restaurante, palco para a banda e banheiros químicos para evitar o “pipi” na rua. “Mandamos fazer 400 abadás que estão sendo vendidos a R$ 20, mas o acesso à festa é livre para todos com ou sem o abadá. Ano passado vendemos cerca de 300 abadás, e fora estes tivemos mais de mil e duzentos brincantes. A festa aconteceu neste sábado, dia 11 de fevereiro, tendo na apresentação dos bonecos gigantes, à semelhança do folclore de Olinda, o grande diferencial, ainda com eleição da rainha do bloco e a rainha gay da festa”.

Os Catraieiros Representando o bairro do Quinze, o bloco Os Catraieiros vai às ruas há cincos anos levando muita animação. Agora seus integrantes trabalham para entrar na Avenida Amadeu Barbosa com mais de 500 brincantes. “Quem compra o abadá a R$ 20 também recebe bebidas, refrigerante e comida na “pipoca” de quem vai atrás do trio elétrico do bloco”, garante Dirley Maia, representando os brincantes.


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Novos padrões de qualidade beneficiam farinha de mandioca acreana

A

farinha de mandioca terá novos padrões de classificação a partir de fevereiro, com a entrada em vigor da Instrução Normativa 52, publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no dia 8 de novembro. A norma atualiza os critérios utilizados para identificar os tipos do produto que são comercializados no Brasil. Com as novas recomendações, a

farinha produzida por agricultores acreanos passa a se enquadrar em padrões com maior valor agregado. Anteriormente, a maioria da farinha produzida no estado era classificada como “bijusada”, termo que não possui boa aceitação entre os consumidores do sul e sudeste por ser confundida com o beiju. As alterações na Instrução Normativa vão permitir que a farinha de mandioca acreana seja considerada como grossa e ainda possibi-

lita a adição de corantes naturais autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Isso abre precedentes para que seja utilizado o açafrão, substância que os agricultores acreanos adicionam à farinha para dar o tom amarelo”, afirma a pesquisadora da Embrapa Acre, Virgínia Álvares. A Embrapa Acre, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Mapa, participou ativamente do processo de

renovação desta legislação, que era de 1995. “Durante as discussões, fizemos um esforço para que a norma abrangesse pontos que permitissem incluir a farinha de mandioca em classificações mais valorizadas pelo mercado. Essa nova regulamentação é um grande ganho para a cadeia produtiva da mandioca do estado”, diz Virgínia. Ainda segundo a pesquisadora, outro ponto importante foi o aumento do teor de umidade permitido, que

passou de 10% para 13%. “Dessa forma, as farinhas produzidas nos municípios de Marechal Thaumaturgo e Porto Walter, antes consideradas como fora do tipo permitido pela legislação, têm possibilidade de classificação. Mas cuidados devem ser tomados, pois alguns limites máximos, como teor de amido mínimo e cinzas, foram aumentados. O que merece atenção no processamento e a adoção das boas práticas de fabricação”.

Farinha produzida no Acre terá mais valor no mercado nacional

Mandioca No Brasil, a mandioca é amplamente cultivada de norte a sul do país e possui grande importância econômica. Segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as lavouras a serem colhidas com mandioca em 2011 no país correspondem a uma

área de 1,9 milhão de hectares. A produção nacional de mandioca, tanto para a indústria ou para o consumo doméstico (mandioca de mesa), para 2011 é estimada em 27,1 milhões de toneladas. No Acre, o principal destino da produção das lavouras de mandioca é a fabricação de farinha, que é produzida muitas vezes na propriedade rural com a utilização de mão de obra familiar. Diante desse contexto, a Embrapa Acre realiza pesquisas com esse alimento desde 2005, que resultaram na definição da composição da farinha de mandioca da região do Juruá, determinação da influência do uso de

Produtores terão maior lucro com mudança na classificação

corante natural de açafrão na qualidade da farinha e avaliação do ponto de colheita de

variedades locais, entre outros resultados. (Assessoria da Embrapa)


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Quem tem conhecimento

vai pra frente!

Salão de Ouro Ex-entregador de água mineral montou salão de beleza que transformou positivamente a vida de sua família

Zezé trabalha diariamente no Salão de Ouro Juracy Xangai

E

nquanto trabalhou durante anos na entrega de água mineral, José Maria Roque de Lima gastava parte de seu tempo de folga cortando o cabelo dos amigos, um prazer pessoal que aos poucos foi tomando proporção de negócio. “Eu achava legal cortar o cabelo dos meus amigos, o pessoal gostava, mas nunca tinha pensado em transformar aquilo em profissão, até que resolvi pedir as contas do emprego na entrega da água mineral. Isso aconteceu quatro anos atrás, o dinheiro mal deu pra pagar as contas e para comprar uma cadeira de salão que tinha visto na loja, o secador e outros equipamentos eu comprei a prazo e fui pagando e assim nasceu o Salão de Ouro”, relata “Zezé” como é mais conhecido no bairro pelo Jardim. Complementando ele esclarece que: “Pensei muito antes de abrir este salão de ouro, mas confiei na minha capacidade para trabalhar, deu um pasExpediente:

so certo porque isso me deu muito mais liberdade para fazer meus horários e ter tempo para contribuir na vida da família!” Mas Zezé reconhece que: “Trabalhar por conta é bem mais complicado do que ser empregado, como empregado o tempo da gente pertence ao patrão, mas quando a gente é o responsável pelo negócio a responsabilidade é muito maior. Você tem liberdade para fazer seus horários, mas precisa ter entendimento de que é a gente que vai garantir o dinheiro do fim de mês, então acaba trabalhando até mais, porém, isso compensa!” Profissão que contagia Só no ano passado é que Zezé veio fazer seu primeiro curso de cabeleireiro ofertado pela Secretaria de Pequenos Negócios, a SPN. “Quando soube que ia ter o curso eu me animei e levei a esposa junto comigo. Há tempos estava tentando envolvê-la no negócio, mas ela preferia continuar trabalhando como cozinheira de restaurante, mas pra garantir

que ela não faltasse às aulas eu fui também. A coisa que mais me chamou atenção foi a parceria de todos trabalhando juntos por um mesmo objetivo; quando vemos os alunos e instrutores comprometidos a gente se dedica muito mais”. Passado o treinamento, Zezé aguarda a entrega de alguns equipamentos recém licitados pela Secretaria de Pequenos Negócios para serem distribuídas aos participantes do curso sobre o qual faz um relato empolgado. “Além de conseguir que minha esposa tomasse simpatia pelo salão e viesse trabalhar ao meu lado, eu que só fui ao curso para acompanhá-la mesmo, aprendi muita coisa importante como combinações nas misturas químicas e novos produtos que nem sabia existirem. Mas o mais importante mesmo foi a orientação sobre a necessidade de ter controle sobre o negócio, saber formar preço e a importância do relacionamento para manter uma clientela fiel ao negócio!” Logo após o curso, Zezé procurou o SEBRAE para registrar-se como Empreendedor Individual, mas como muitos outros também o fazem, descuidou-se das obrigações mensais deixando se endividar pelas parcelas do INSS e outras que devem ser mantidas em dia para garantir direitos como o de licença médica, licença maternidade e aposentadoria. “Como Empreendedor Individual eu cometi um erro, mas já nesta semana vou ao Sebrae pegar orientação para regularizar as dívidas e o Imposto de Renda, quem quer ter sucesso nos negócios tem de cumprir suas obrigações para garantir as vantagens que vão sendo oferecidas”, reconhece. Hoje Zezé e a esposa Márcia trabalham diariamente no Salão de Ouro que nos finais de semana ainda ganha reforço do amigo Jesuíte para dar conta de atender toda sua clientela.

CURSOS DO MÊS DE MARÇO DO SEBRAE/AC CURSO

OBJETIVO

PERÍODO

Administração de Conflitos

Analisar o trabalho em equipe; a comunicação interpessoal; a ética e o desenvolvimento das equipes; formar equipes eficazes e avaliação de equipes.

12 a 16/03/2012

Desenvolvimento de Lideranças

Como liderar mudanças; o papel do líder na transformação da sociedade; Estratégias de vida; atitudes e comportamento do líder e como construir equipes.

26 a 30/03/2012

Gestão Financeira Avançada

Como ter controles financeiros básicos; Gestar seu tempo; Analisar resultados e Gestão financeira.

12 a 16/03/2012

Elaboração de Projetos para Captação de Recursos

Ter a concepção, a estrutura, a elaboração e a avaliação de Projetos e como conhecer os financiadores.

26 a 30/03/2012

Próprio

Portas abertas; Conhecendo o seu negócio; coletando informações; Despertando o empresário e Consultorias de viabilidade

21, 22, 23 e 30/03/2012

Oficina Sebrae de Empreendedorismo

Ensinar o empreendedorismo, a motivação, a liderança , as competências e habilidades do empreendedor, explorar habilidades para os negócios, o perfil do empreendedor, o planejamento, a qualidade e eficiência, o marketing, como calcular os ganhos de seu negócio, o calculo do tempo e o fluxo de caixa.

19 a 30/03/2012

Gestão da Inovação – Inovar para Competir

Como ter boas práticas de inovação; Inovação e Competitividade; Processo de Gestão da Inovação; Avaliação da Inovação na Empresa e Implantação da Inovação na Empresa.

26 a 30/03/2012

A Comunicação e o Sucesso Empresarial

Ensinar as consequências da má comunicação; Quando a comunicação acaba gerando conflitos; Quando você fala as pessoas entendem? e avaliar as formas de comunicação na empresa.

01/03/2012

Motivação Empresarial: Um diferencial competitivo

O que é comunicação?; como manter seus colaboradores motivados; Como estabelecer metas; Desafios motivadores.

15/03/2012

As sete chaves da Liderança e a Genialidade Empresarial

Líderes de sucesso têm facilidade de comunicação Mercado; As Lideranças geniais são eficazes.

22/03/2012

Pesquisa de Mercado. É fácil descobrir o Desejo dos Seus

Mostrar a Pesquisa Como Ferramenta de Orientação; Direcionar suas decisões, a partir de informações diversas e precisas.

29/03/2012

Textos publicados nesta página são de responsabilidade da Assessoria de Comunicação do Sebrae no Acre Jornalista Responsável: Lula Melo MTB 015/90 - e-mail: lula@ac.sebrae.com.br. Colaboradores: Juracy Xangai, Vanessa França e Evandro Souza. Sugestões, comentários e-mail para ascom1@ac.sebrae.com.br. Central de atendimento: 0800-5700800


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