Produção e negócios

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PRODUCÃO & NEGÓCIOS ANO 1 - NÚMERO 11 RIO BRANCO, DOMINGO, 25.03.2012

peixe

O rio está pra

Investimentos na piscicultura acreana prometem elevar produção para 40 mil toneladas ao ano até 2014 Páginas 4 e 5


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Negócios coletivos O

“Um por todos e todos por um” é muito mais que o lema dos Quatro Mosqueteiros: é um modo de viver e produzir em negócios coletivos para melhorar a renda familiar

rganizadas em associações ou cooperativas, essas pessoas tocam negócios que geram ocupação e renda beneficiando cadeias produtivas inteiras como é o caso das 22 mulheres da Cooperativa Coopervida que beneficiam o leite e as frutas que compram dos produtores rurais de Capixaba para transformá-los em doces que são vendidos para a merenda escolar ou nas feiras e estabelecimentos daquele município e na Capital. Maria Soares de Oliveira presidente da Cooperativa das Mulheres Produtoras de Capixaba, a Coopervida, encara de boa vontade o serviço de descarregar e guardar os cachos de banana entregues

pelo produtor Sebastião Martins Pereira morador da colocação Curica localizada no Projeto de Assentamento São Luiz do Remanso. Ela esclarece que: “Aqui na cooperativa nós estamos produzindo quatro tachos de doce pela manhã e mais quatro tachos à tarde, para isso usamos uma média de 50 litros de leite que o seu Jorge fornece pra nós. Fabricamos doces de mamão, goiaba, cupuaçu, caju, abacaxi e outras frutas fornecidas principalmente pelos produtores assentados nos projetos Alcoobras e São Luiz do Remanso, com isso eles ficam satisfeitos e nós também pagamos nossas contas e melhoramos a vida das nossas famílias!” Além das bananas, Sebas-

chada de doce de mamão, Maria Cláudia Juvêncio da Silva ajudada por Miriam Cordovês e Vislane da Silva Nascimento rodeiam o fogão industrial trabalhando coletivamente. Vislane explicou que :”Antes de vir participar da cooperativa eu só estudava, nem sabia fazer doces, vim quando minha mãe me convidou pra ajudar e foi a melhor coisa que poderia ter feito, até porque em Capixaba não tem emprego mesmo, então a gente precisa se virar e aqui, além de ganhar dinheiro, tenho tempo pra estudar e investir mais no meu futuro!” Já Mirian, a mãe de Vislane explicou que: “Há dois anos Doce vida recebi o convite das amigas Agarrada a uma pá de ma- que estavam produzindo aqui deira com que mexe sua ta- na Coopervida, aceitei, com

tião Martins também produz milho, arroz, feijão, mandioca para o consumo e vende o excedente. “Estou entregando uma base de 80 cachos de banan todo mês aqui na cooperativa, mas o Loro e o Ferreira que também produzem lá no ramal da Limeira também entregam sua produção aqui pra elas fazerem doce. A vantagem é da gente saber onde colocar nossa produção, outra vantagem é a de que elas pagam direitinho, então todo mundo fica mais satisfeito. Eu mesmo dou preferência por entregar tudo aqui pra cooperativa!”

elas aprendi a fazer estes doces, mas estou interessada em aprender muito mais. Algumas das nossas sócias receberam treinamentos oferecidos pelo Sebrae e pela Seaprof, mas nós estamos pedindo a realização de mais cursos pra gente desenvolver novos produtos. Hoje estamos fazendo doces de frutas regionais, cocadas, bombons recheados, ovos de chocolate, mas dá pra fazer mais. Muito mais!” As encomendas podem ser feitas pelos telefones 3234-1140 e 8428-3627.

Terra Mãe: Escola de empreendedores Quando Alana Oliveira decidiu abandonar o emprego de operadora de caixa de

Associações e cooperativas dão oportunidade de emprego a muita gente e geram renda

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bom porque estamos preparando mão de obra qualificada, o que nos ajuda mesmo são as encomendas de móveis ou os pedidos de reforma que nos chegam, principalmente das escolas estaduais e municipais”.

Mão de Mulher Uma freira, uma professora aposentada e várias donas de casa ou profissionais de áreas diversas decidiram criar um negócio coletivo liderado e dirigido apenas por mulheres de Xapuri, assim nasceu a Cooperativa Mão de Mulher onde produzem e comercializam desde objetos de artesanato em tecido, em palha de buriti e de milho, aos doces

supermercado para aprender marcenaria ela tinha como objetivo pessoal a busca de uma profissão que lhe garantisse dinheiro e auto suficiência pessoal para concluir seu curso técnico em administração. O caminho para isso foi associar-se à cooperativa Xapuri Terra Mãe que funciona no polo moveleiro daquela cidade. “Quando uma amiga soube que eu estava insatisfeita no emprego e me convidou para participar da Cooperativa Terra Mâe, aquilo me pareceu uma boa alternativa para conquistar minha independência pessoal de horário e patrão. A ideia ganhou força, já aprendi muita coisa e sei que preciso aprender muito mais para ser uma profissional respeitada no mercado e ganhar dinheiro porque este é o meu objetivo!” Declara Alana. Antes de ir para a cooperativa, Edvaldo Santana, 17 anos que cursa o primeiro ano do ensino médio trabalhava numa horta. “Gosto de cuidar das plantas, mas queria aprender marcenaria e quando soube que agora em abril vai ter um curso aqui eu me inscrevi na hora. Meu objetivo é aprender e ter uma profissão na qual eu possa estar empregado ou montar meu próprio negócio, mas por enquanto, creio que é melhor estar dentro da cooperativa porque juntos somos fortes!” Ana Cléia Ferreira de Lima presidente da cooperativa Xapuri Terra Mãe esclarece que embora a marcenaria já funcione como escola há alguns anos, a cooperativa só foi formalizada em 2010 quando ali se formaram 29 novos marceneiros remanescentes de duas turmas iniciadas com 24 aprendizes em

cada uma. “Nós oferecemos treinamento e a oportunidade das pessoas iniciarem seu próprio negócio de forma individual ou coletiva, mas, lamentavelmente, as pessoas são muito imediatistas, querem ganhar dinheiro na mesma hora, assim quando concluíram o curso e a bolsa deixou de ser paga sobraram apenas quatro rapazes e uma garota produzindo móveis, esquadrias e pequenos objetos aqui na marcenaria!” Com o aviso de que um novo curso será ministrado a partir de abril, a entidade começa a receber novas adesões. “Vários marceneiros que treinamos aqui estão trabalhando nas marcenarias de Xapuri e Rio Branco, isso é

e biscoitos com que ganham dinheiro para melhorar sua renda familiar. “Nossa cooperativa surgiu estimulada pela antiga Secretaria da Mulher, mas já trabalhávamos juntas há muito tempo. Apesar de todas as dificuldades que cercam um trabalho coletivo como o nosso, todas são beneficiadas, 13 das 22 sócias se dedicam ao artesanato em tecido e em couro vegetal, as demais usam fibra de buriti, palha de milho, papel reciclado e sementes. Agora estamos querendo nos dedicar mais à customização de roupas e à produção de doces, biscoitos e bebidas que vem alcançando uma aceitação cada vez maior”.


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Feira do peixe em q Oferta de peixe a preços populares: é o que prometem produtores na Ceasa e no Panorama, além da Vila do V, em Porto Acre, Sena Madureira, Bujari e possivelmente Plácido de Castro

Juracy Xangai

F

oi-se o tempo em que ainda era possível fisgar surubins com mais de cinco quilos bem embaixo da ponte metálica. Apesar do defeso, que proíbe a pesca em períodos de reprodução dos peixes, as piracemas rarearam e quem se aventura às margens do Rio Acre, em Rio Branco, tem de se contentar com piranambus de má fama popular, ou passar no mercado para garantir a fritada ou o caldo de pescados vindos sabe-se lá de onde e em que condições de conservação. Diante dessa situação preocupante é que desde 2005 técnicos do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, o Sebrae no Acre, vem realizando pesquisas e treinamentos para produtores familiares e investidores dos agronegócios, a fim de estimular a criação comercial de peixes regionais como o tambaqui, pirapitinga, curimatã, pacu, piau, piau-açu, pintado e do maior peixe de água doce do mundo, o pirarucu, também conhecido como bacalhau da Amazônia. E o resultado desse trabalho realizado pelo Sebrae veio evoluindo aos poucos, e já pode ser sentido na realização de feiras mensais do peixe na Ceasa de Rio Branco e durante a Semana Santa na Colônia Panorama, em Rio Branco, no município do Bujari, e agora pela primeira vez em Porto Acre e Sena Madureira, tendo ainda notícias não confirmadas para acontecer também, pela primeira vez, em Plácido Castro. Também é importante a contribuição da cooperativa dos piscicultores de Mâncio Lima, treinados pelos técnicos do Sebrae e que contribuem decisivamente no abastecimento de peixe para os mercados de Cruzeiro do Sul e municípios vizinhos como Rodrigues Alves e Guajará no Amazonas. Também há que se compreender que, apesar de todos os esforços para estimular a criação, seus resultados dependem de tempo e investimentos. A piscicultura acre-

Piscicultores do Panorama conseguiram aumentar produção

ana já evoluiu muito, mas, na verdade, mais da metade das quatro mil toneladas ou quatro milhões de quilos de peixe vendidos por ano no Acre ainda vem da pesca predatória que prejudica os rios e se torna cada vez mais rara

e, em consequência disso, sua carne mais cara, especialmente em ocasiões como a Semana Santa.

Piscicultura ganha impulso

Os bons resultados al-

cançados pelos produtores treinados pelo Sebrae, como também o fator ambiental, que consiste em multiplicar o ganho financeiro das famílias sem ter de promover novos desmatamentos, levou o governo do Estado a pro-

Calendário das Feiras do Peixe Preços vão variar, conforme o tamanho e a espécie, de R$ 6 a R$ 10 Município Período Local Rio Branco 02 a 06/04 Ceasa 02 a 06/04 Colônia Panorama Bujari 02 a 06/04 Junto ao mercado municipal na rua principal Porto Acre 03 a 06/04 No mercado ao lado da rodoviária Sena Madureira 03 a 06/04 No mercado municipal Plácido de Castro em definição Junto ao mercado municipal

mover seu projeto de desenvolvimento da Piscicultura através de parcerias nas quais o setor público divide as despesas com o capital privado e comunitário (associações e cooperativas). A instalação de pisciculturas será apoiada por uma infraestrutura que compreende uma estação de produção de alevinos em Rio Branco e outra em Cruzeiro do Sul, ambas apoiadas por uma unidade frigorífica para beneficiar a carne do pescado, além de uma fábrica de ração para peixes em Rio Branco. Em 2011 o governo do Estado construiu mais 1.300 novos açudes em todo o estado e flexibilizou as regras para estimular essa construção nas pequenas propriedades. A previsão é de que o complexo da piscicultura entre em funcionamento entre julho e agosto deste ano e que até 2014, a produção de pescado do Acre suba de quatro mil para 40 mil toneladas de peixe por ano.

Preparativo das feiras Mais que oferecer carne de pescado em quantidade e com qualidade para a população, as feiras que estão sendo organizadas em ações de parceria entre as prefeituras desses municípios, governo do estado, Sebrae, Senar e Ministério da Pesca tornam esses eventos ocasião para promover os pequenos negócios familiares que vão da venda do peixe ao artesanato, comidas regionais, frutas, verduras e produtos da indústria doméstica como doces, biscoitos, mel de cana, rapadura, mel de abelha, amendoim e pequenos objetos. As estimativas são de que, durante a feira do peixe na Ceasa, haja o faturamento de pelo menos R$ 1 milhão. Isso será produto da venda de 100 mil quilos de peixes gerando um faturamento de pelo menos R$ 650 mil só do pescado, mais R$ 130 mil em vendas da produção familiar, mais R$ 250 mil na praça de alimentação. A inscrição para os produtores interessados custa R$ 30, e para os da praça de alimentação, R$ 80.


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quatro municípios Um passo de cada vez Rina Costa, a gestora dos projetos de desenvolvimento da piscicultura pelo Sebrae no Acre, recorda que os projetos da instituição têm duração média de três anos, sempre demarcados por um início, meio e fim para cada finalidade. Assim, em 2005 foram iniciados os estudos da piscicultura pelo projeto estruturante Pirarucu da Amazônia. Em seguida as pesquisas com testes em parceria com produtores locais a fim de desenvolver uma metodologia de trabalho que, além de aumentar a produção comercial do pescado, garantisse maior produtividade por área. Os trabalhos acontecem sempre em parceria com os governos federal, do estado, prefeituras e Federação da Agricultura através do Senar. Quanto maior a produtividade, maior é a faixa de renda que viabiliza a criação, mas isso também deve levar em conta os fatores ambientais para que se produza um peixe com carne de qualidade. Assim, por exemplo, nos idos de 2005, quando não havia orientação técnica adequada aos que tentavam criar peixes no Acre, a produção média era de mil a dois mil quilos de tambaqui por hectare de água e, após seis anos de treinamentos, quem executa a metodologia desenvolvida pela equipe técnica do Sebrae está conseguindo uma produção média de oito e até dez mil quilos de

peixe por hectare em cada ciclo de criação. Quando os 20 membros da Associação dos Produtores da Colônia Panorama começaram a ser treinados entre 2008 e 2009, a soma de sua produção mal ultrapassava os dez mil quilos por ano. Hoje a associação tem 26 sócios e sua produção ultrapassa os cem mil quilos. Isto sem contar outros 25 produtores do ramal da Juracy e Quixadá atendidos na ação de Difusão Tecnológica do Sebrae para ampliar a piscicultura na capital. Ainda em Rio Branco, em parceria com a prefeitura, foram atendidos 40 micro produtores rurais com o objetivo de melhorar sua renda familiar, os quais, juntos, antes do treinamento, produziam uma média de quatro mil quilos de peixe por ano e hoje produzem mais de 55 mil quilos. Paralelamente, ainda em 2008, técnicos do Sebrae realizaram treinamentos e capacitações com 50 piscicultores do Bujari e outros 50 de Mâncio Lima, no Vale do Juruá. Juntos, aqueles 50 produtores do Bujari produziam em 2008 apenas 120 mil quilos de peixe em 2007, saltaram para 450 mil quilos em 2009 e para 650 mil em 2010. A previsão é de que neste ano produzam um milhão de quilos. “Nossa missão no Sebrae é apoiar os empreendedores rurais e torná-los auto-suficientes para que toquem suas atividades por conta própria. Assim, nestes seis anos em

Produtores familiares recebem treinamento de técnicos do Sebrae

que realizamos pesquisas e treinamentos no Bujari, nós tornamos os produtores em técnicos em piscicultura, com conhecimentos que vão da construção dos açudes, manejo da água, alimentação e manejos dos animais em cada fase da vida. Alguns deles já atuam como consultores nossos, atendendo os produtores que estão iniciando agora, como é o caso de Sena Madureira”, esclarece Rina Costa, lembrando que o projeto de desenvolvimento dos piscicultores do Bujari foi encerrado em 2010. Desde então o Sebrae continua apoiando pontualmente suas ações e em julho deste ano inicia com eles um projeto de marketing e mercado, o que se traduz na definição da marca, rastreabilidade de seus produtos e elaboração de estratégias para conquista de novos espaços no mercado.

Pirarucu do Acre

Feira do Peixe do Bujari movimenta economia local

Aquele projeto estruturante Pirarucu da Amazônia evoluiu particularmente para o Pirarucu do Acre, através do qual o Sebrae vem atendendo a 20 investidores rurais, dos quais, apesar do interesse, só dois conseguiam produzir

efetivamente. Hoje 14 estão com seus tanques povoados e deverão colher entre 12 e 15 mil quilos neste primeiro ano de atividades. “Todos estariam com seus tanques cheios de pirarucus se não estivessem faltando alevinos para isso. Por enquanto temos apenas três produtores de alevinos de pirarucu e neste ano a produção será bem melhor, podem aguardar”.

Parcerias são fundamentais Com tanto tempo dedicado ao desenvolvimento da piscicultura no Acre, Rina Costa lembra que as parcerias entre o Sebrae, governos federal, estadual e dos municípios são fundamentais para o bom desempenho que vem sendo alcançado pelos produtores rurais que vão trocando ou combinando a pecuária com a piscicultura para tornar suas propriedades mais lucrativas. “Seja em Rio Branco, Bujari ou Mâncio Lima, como em Plácido de Castro e Porto Acre, onde iniciamos o projeto no ano passado, os 46 produtores recebem treinamentos mensais e uma assistência técnica constante dos técnicos

contratados pelo próprio Sebrae para garantir orientação e sucesso nas suas atividades. Graças a isso, hoje temos um Dia do Peixe no último sábado de cada mês na Ceasa, três feiras por ano no Bujari, uma feira na Colônia Panorama, onde também funcionam os pesque e pague. Agora estamos realizando as primeiras em Sena Madureira, Porto Acre e, possivelmente, em Plácido de Castro”, destaca Rina. Atuando em parceria com o governo do Estado, a equipe de consultores do Sebrae, composta por três das principais estudiosos da piscicultura do Brasil, os especialistas Eduardo Ono, Fernando Kubitza e João Lorena Campos acabam de concluir o treinamento de 56 técnicos da Seaprof, Seap e outras instituições ligadas à produção rural. Os técnicos que atuam no projeto de fortalecimento e estímulo à piscicultura pelo governo do Estado foram capacitados para orientar os produtores rurais para a escolha do local para a construção dos açudes, a construção propriamente dita, o manejo da água, uso da ração e manejo dos animais.


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Quem quer dinheiro?! BNDES tem mais de R$ 100 milhões para ajudar empresas de Rio Branco e Brasileia a recuperarem seus negócios atingidos pela alagação Juracy Xangai

O

s estragos causados pela alagação em Brasileia e Rio Branco levaram à decretação do estado de calamidade pública reconhecido pelo Comitê Nacional de Defesa Civil, e graças a isso os dois municípios acreanos e mais quatro do Nordeste são os únicos do país que estão sendo beneficiados pelo Per Brasil, uma linha especial de créditos bancado com dinheiro do BNDES que concede empréstimos em condições de “pai para filho”. O BNDES disponibilizou R$ 800 milhões para os atendimentos do Per Brasil em todo o país e têm o Banco do Brasil atuando como seu representante financeiro. Por isso a superintendência do BB no Acre vem trabalhando em parceria com o Sindicato das empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estado do Acre, o Sescap, e com o Conselho Regional de Contabilidade, o CRC, preparando contadores com informações necessárias para agilizar a liberação desse dinheiro, apoiados pela Associação Comercial e Industrial do Acre, a Acisa. “A ideia é conseguirmos liberar pelo menos R$ 100 milhões para que empresários acreanos façam a recuperação de seus negócios e deem novo impulso aos seus negócios. Esse volume de dinheiro circulando no Estado será muito bom para recuperar nossa economia, que já começa a dar mostras dos efeitos negativos da alagação, principalmente em setores como o comércio e a indústria”, esclarece o gerente de negócios da Superintendência do Banco do Brasil no Acre, José Wilson Wanderley. Os empréstimos estão focados na concessão para capital de giro e investimentos, cobrando juros de 5,5% ao ano, carência de três a 24 meses e até dez anos para quitar a dívida. Outra vantagem é que o tomador de empréstimo poderá fazer isto acessando apoio do Fundo Garantidor de Operações, o FGO, que pode cobrir até 80% do valor da garantia solicitada, restando ao tomador conse-

Jurilande Aragão, da Acisa, e José Wilson, do Banco do Brasil: recursos que vêm em boa hora

guir um avalista ou apresentar bens que correspondam a pelo menos 20% do valor, a fim de dar como garantia pelo empréstimo. Quem utilizar o benefício do FGO terá de pagar uma taxa variável de aproximadamente 6% sobre o valor total do empréstimo no ato de sua liberação.

É correr ou largar! A liberação dos empréstimos vai até o dia 30 de junho, mas quem estiver interessado em “botar a mão nesse dinheiro” precisa entregar as propostas de empréstimos com toda sua documentação perfeita, no banco do Brasil, até o dia 18 de maio. “O prazo é curto, por isso creio que poucos vão conseguir apresentar projetos de ampliação e investimentos num período de apenas 45 dias, então a maioria dos empresários deve focar seus pedidos de financiamento para capital de giro, que é mais rápido e de documentação menos complexa para garantir atendimento”,

explica o presidente da Acisa, Jurilande Aragão. “Esse dinheiro vem em muito boa hora, pois tradicionalmente janeiro, fevereiro e março são os meses de menores vendas no comércio e na indústria porque as pessoas esgotam suas economias nas festas de fim de ano e Carnaval. Só a partir de agora o mercado começa a retomar força, então esse empréstimo vai reaquecer o mercado do comércio, produtos e serviços de Rio Branco e Brasiléia ajudando os empresários locais a recuperarem parte dos prejuízos causados pela alagação”, diz Jurilande. José Wilson, do Banco do Brasil, adverte: “Nós negociamos com o BNDES uma série de facilidades, como a concessão do empréstimo mediante balanço financeiro e patrimonial da empresa, mais certidões negativas, para facilitar o acesso ao dinheiro. Também preparamos a equipe para que documentos que antes levavam mais de um mês para ser aprovados, te-

nham sua análise e aprovação feita em cerca de 48 horas, no entanto, essa aprovação depende da regularidade da documentação e das contribuições fiscais da empresa. Também não será liberado empréstimo para obras e investimentos em áreas embargadas ou de risco”, assegura. Wilson esclareceu que quem já tem seu projeto de financiamento para investimento e capital de giro em análise tramitando noutras linhas de crédito do Banco do Brasil pode migrar para a linha do Per Brasil e gozar das novas facilidades. Esse benefício atende tanto as empresas localizadas em Rio Branco e Brasileia, como as que tenham filiais em outras localidades, desde que pertençam ao mesmo grupo empresarial.

Orientação é fundamental Para garantir acesso dos empresários acreanos ao empréstimo do Per Brasil, o

Sescap e a Acisa organizaram três reuniões que aconteceram ao longo desta semana. Uma primeira na Acisa, a segunda na sede do Sescap e uma terceira na tarde de quinta-feira, no auditório da Secretaria Estadual da Fazenda. Diante de toda essa movimentação, Maurício Prado, o presidente do Sescap no Acre, esclarece: “Estamos analisando e discutindo os principais itens que facilitam a liberação do empréstimo na linha Per Brasil para os investidores acreanos. Desta forma nós contadores estamos trabalhando em parceria com o Banco do Brasil para que quando os empresários chegarem ao banco estejam com toda a documentação perfeita à mão. Isso facilitará o trabalho dos analistas do banco e vai agilizar a liberação da maior quantidade possível de dinheiro para capital de giro, implantação, recuperação e ampliação de seus negócios”. Maiores informações com os contadores filiados ao Sescap.


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Cooperando com a sociedade A organização de trabalhadores independentes gera oportunidades de emprego e melhoria da qualidade de vida

Q

uem acha que cooperativa é perda de tempo demonstra total ignorância sobre o assunto. Isso porque deve desconhecer o fato de elas terem movimentado quase R$ 100 bilhões em todo o Brasil no ano passado. Mas nem todas vivem essa realidade milionária e a maioria delas começa pela tomada de consciência de que a união entre as pessoas garante força para conquistar espaços no mercado de trabalho, comércio e indústria. É o caso da Cooperativa de Prestadores de Serviços em Geral e Estivadores do Estado do Acre, a Servicop, liderada por Aluízio Márcio da Silva, que conta com 126 cooperados, dos quais 45 atuam em caráter permanente, enquanto outros vêm e vão conforme sua disponibilidade e necessidades pessoais. “Nossa cooperativa gera oportunidade de trabalho para que as pessoas possam ganhar dinheiro e sustentar

suas famílias com dignidade. Os sócios são donos do negócio, então ganham pelo que fazem. Temos faxineiras, cozinheiras, estivadores, roçadores, uma infinidade de pessoas dispostas a trabalhar. Nós as encaminhamos para as empresas ou donas de casa que solicitam seu serviço e muitos acabaram sendo contratados, ou seja, ganharam a oportunidade de um emprego permanente. É cooperando que ajudamos as pessoas”, diz Aluízio. Localizada na Rua da Comara, em frente ao Caldeirão das Tintas, no Taquari, a Servicop foi criada em 23 de outubro de 1999 e desde então passou por três alterações no estatuto que define funções, obrigações e direitos dos sócios. “Começamos como cooperativa que atendia exclusivamente os estivadores, daí abrimos para a participação das mulheres que realizam serviços domésticos e de limpeza, agora também participam os roçadores e outros

serviços. Nosso maior problema é a falta de qualificação profissional agravada pela falta de escolaridade de muitos dos nossos sócios. O treinamento é muito necessário para que eles sejam colocados no serviço e possam se adaptar melhor nos ambientes de trabalho. Pode parecer estranho, mas a gente fica muito feliz quando um deles consegue um emprego fixo, pois a gente perde um sócio, mas é um desempregado a menos no Acre”, diz ele.

Minha vida melhorou! A doméstica Maria José Vieira, a “Zethe”, mãe de três filhos, lembra que estava desempregada quando decidiu filiar-se à Servicop. “Eu queria uma oportunidade de emprego, mas sozinha não estava conseguindo encontrar. O emprego apareceu assim que me filei à Servicop. Vim trabalhar fazendo faxina na Organização das Cooperativas Brasileiras, a OCB e Sescoop, onde estou

Aluízio Márcio, presidente da Servicop

há quatro anos. Valeu a pena, tanto que assim que eu me senti estabilizada e em condições de cuidar bem dos meus filhos, pedi para ser descadas-

trada do Bolsa Família porque já não precisava mais de ajuda para me sustentar. Isto porque a cooperativa melhorou minha vida”, diz ela.

Serviço Quem precisar de empregadas domésticas, faxineiras, roçadores, carregadores e outros serviços básicos em casa ou em empresas, pode contatar a cooperativa pelos telefones 3224-5455, ou com Aloísio no 9973-0003.


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Quem tem conhecimento

vai pra frente!

Fortalecendo a cultura da cooperação Sebrae investe no apoio às cooperativas focando na melhoria da gestão para que cooperados melhorem seus resultados financeiros Juracy Xangai

A

o unir sua força de trabalho para produzir alimentos, artesanatos, doces ou prestar serviços, mulheres e homens vem formando cooperativas urbanas e rurais que cumprem sua função social de melhorar as condições de vida das famílias e dar sustentabilidade a alguns setores econômicos, mas a finalidade de todas elas é ganhar dinheiro. E é para melhorar esses resultados sociais e financeiros que o Sebrae desenvolveu a partir de 2005 a metodologia da Cultura da Cooperação, o Cultcoop, o qual está sendo implementado em todas as suas unidades em todo o país. No Acre, cooperativas estão sendo visitadas pelos técnicos do Sebrae que estão levantando suas principais dificuldades, ao mesmo tempo em que oferecem treinamentos e capacitações nas áreas da gestão de negócios e pessoas em atividades coletivas, desenvolvimento de produtos e

outros serviços, atuando sempre em parceria com outras instituições do sistema “S”. Cooperativas de Rio Branco, Capixaba e Xapuri foram visitadas nesta semana pela gestora do Cultcoop do Sebrae no Acre, Maria Vieira, a qual esclarece que: “A cultura cooperativa está baseada na crença em valores humanísticos que tem como objetivo promover melhores condições de vida para todos os cooperados que atuem produtivamente para alcançar melhores resultados econômicos nas atividades que desenvolvem. Sua produção pode ser individual ou coletiva, mas geralmente, a comercialização é feita em grupo para que assim conquistem mais espaço e tenham maior poder de negociação com o mercado. “Na prática, as cooperativas são empresas coletivas, ou seja, um negócio com muitos donos, onde a renda vai depender do nível de participação e comprometimento de cada um com o sucesso do negócio. Então não basta ser sócio, é preciso produ-

Irmã Ignez Gambin, presidente e fundadora da cooperativa Mão de Mulher

Expediente:

zir e participar dele ativamente!”, disse Maria Vieira. Ela explicou que a partir da aceitação dos dirigentes cooperativos, um consultor do Sebrae no Acre, passa a acompanhar a entidade, conhecendo assim seus pontos fortes e fracos, bem como os que estão dificultando o sucesso da entidade. “A consultoria tem uma duração máxima de quatro meses e, nesse período são repassados vários treinamentos e capacitações para os sócios e dirigentes, após cada um deles, o consultor deixa tarefas a serem praticadas pelos cooperados, então realizam planejamentos estratégicos específicos para cada objetivo desenvolvidos pela organização cooperativa, inclusive, na criação de produtos, melhoria da produção e acesso a mercado através de feiras e outros eventos”. Dentre as visitadas por Maria Vieira e sua equipe, em Xapuri, está a Cooperativa Mão de Mulher que reúne 22 sócias, 13 das quais se dedicam à fabricação de artesanato em tecidos, couro vegetal, sementes, pinturas em tecidos e fibras de buriti, enquanto outras produzem doces, biscoitos, bombons e licores. “Aqui cada uma das cooperadas se dedica às atividades com que tem maior afinidade e de acordo com sua disponibilidade de tempo ou de matéria prima como no caso dos doces e licores que dependem da safra de cada variedade. Para trabalhar o ano inteiro, nosso forte está no artesanato em tecidos, então produzimos fuxico com os quais são fabricadas bolsas, tapetes, caminhos de mesa e tudo o mais que permitir a imaginação. Aplicando outras técnicas, ou a combinação delas, fabricamos luminárias, abajures, pesos pra porta, brinquedos, bonecas.

Cooperadas da cooperativa Mão de Mulher, de Xapuri

Também há quem trabalhe bordados em ponto cruz, objetos em palha de milho, reciclagem de papel e outros materiais”, explica a irmã Ignez Gambin presidente e fundadora da cooperativa Mão de Mulher. Ela informou que dentre as maiores dificuldades estão o controle financeiro e de contabilidade da cooperativa. “Sabemos que qualidade é fundamental e que o produto artesanal tem um custo diferenciado do industrial, mas consideramos muito grave a nossa dificuldade em conseguir definir o preço de venda dos nossos produtos, pois isso faz a diferença entre conquistar ou espantar um cliente!” Afirmou irmã Ignez antes de concordar em participar do Cultcoop: “Acredito que o Sebrae, com toda sua experiência em negócios, vai nos ajudar a solucionar estes problemas que até agora tem dificultado nossa vida!” Também em Xapuri, foi visitada a Cooperativa Xapuri Terra Mãe, a qual funciona no Polo Moveleiro daquela cidade, produzindo móveis e objetos de madeira. Sua presidente Ana Léia Ferreira explicou que a en-

tidade tem 20 sócios, dos quais seis estão trabalhando em sua oficina onde produzem e reformam móveis, principalmente, para as secretarias estadual e municipal da educação. “Temos todos os equipamentos de uma cooperativa moderna e funcionamos como uma escola preparando mão de obra. Aqui já formamos 29 marceneiros e outros 20 começam a ser treinados no mês que vem. O maior problema que temos é o imediatismo das pessoas que não compreendem bem a cultura cooperativa e querem ganhar muito dinheiro logo que entram no serviço, por isso os treinamentos do Sebrae para reforçar essa cultura da cooperação serão muito bem vindos!” Nesta semana a equipe do Cultcoop Sebrae estará visitando as mulheres que produzem doces de frutas regionais na Cooperativa das Mulheres de Capixaba, a Coopervida, as quais formam uma cadeia produtiva ao beneficiar os frutos colhidos pelos produtores rurais, transformando-os em doces que vendem para a merenda escolar e colocam no mercado daquela cidade e em Rio Branco.

Textos publicados nesta página são de responsabilidade da Assessoria de Comunicação do Sebrae no Acre Jornalista Responsável: Lula Melo MTB 015/90 - e-mail: lula@ac.sebrae.com.br. Colaboradores: Juracy Xangai, Vanessa França e Evandro Souza. Sugestões, comentários e-mail para ascom1@ac.sebrae.com.br. Central de atendimento: 0800-5700800


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