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Quarta-feira, 23-04-2014

insólita no Aeroporto de Lisboa. Domingo à tarde, quando aterrou na capital portuguesa, o visto que trazia ainda não estava válido e por isso foi obrigado pelo SEF a pedir um visto de curta duração. O voo da TAP proveniente de Londres aterrou em Lisboa por volta das 4h30 da tarde e pouco depois, Subir Lall apresentou-se na zona de fronteira, já acompanhado pelos dois agentes do Corpo de Segurança Pessoal da PSP que o aguardavam – como sempre – à porta do avião. Foi nessa altura, perante um inspector do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, que lhe foi comunicado que o visto que tinha, só era válido a partir de segundafeira, dia 21. Impedido portanto de entrar em território nacional, o representante do FMI na “troika” foi encaminhado para um gabinete, onde outro inspector do SEF lhe explicou as alternativas que tinha: Ou esperava naquela zona do Aeroporto até à meia-noite – coisa que Subir Lall rejeitou, ou ser-lhe-ia concedido um visto de curta duração – que existe precisamente para situações como esta, ou parecidas. Foi isso que aconteceu, num processo bastante rápido, como aliás costuma ser a passagem destes vistos de curta duração. As fontes contactadas pela Renascença garantem, todavia, que o representante do FMI nunca esteve detido. Alguns procedimentos administrativos e um recibo de 90 euros depois, o homem do FMI estava na posse de um visto de um dia e às 5h30 da tarde já estava de saída do Aeroporto de Lisboa. LISBOA

Câmara repõe placa na sede da extinta PIDE A placa, que terá sido roubada no mês passado, lembra a morte de quatro homens, as únicas vítimas mortais resultantes do 25 de Abril de 1974. A Câmara de Lisboa decidiu repor uma placa que evoca quatro homens mortos na tarde de 25 de Abril de 1974, na tentativa de tomada de assalto da sede da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE). A placa terá sido roubada no final de Março. "Uma réplica da placa original será colocada pelos serviços da Câmara Municipal de Lisboa (...) exactamente no mesmo local, na fachada do edifício da Rua António Maria Cardoso 18-26", garantiu fonte da autarquia à agência Lusa. A Câmara de Lisboa anunciou, no início do mês, que apresentou uma queixa na Polícia Judiciária por causa do suposto roubo da placa. Na placa, em pedra branca, podia ler-se: "Aqui, na tarde de 25 de Abril de 1974 a PIDE abriu fogo sobre o povo de Lisboa e matou: Fernando Gesteira, José Barneto, Fernando Barreiros dos Reis e José Guilherme Arruda". Foram as únicas vítimas mortais em resultado do golpe

de Estado que, há 40 anos, permitiu a restauração da Democracia. A colocação daquela placa, em 1980, decorreu de uma iniciativa de um grupo de cidadãos. A sede da extinta PIDE foi transformada, há alguns anos, num condomínio de luxo.

Patriarca recorda diagnóstico da sociedade feito pelos bispos antes do 25 de Abril “Não se pode permanecer indiferente perante múltiplas situações de injustiça que impedem o correcto desenvolvimento dos homens”, citou D. Manuel Clemente. O Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, recuperou o diagnóstico da sociedade portuguesa feito pelos bispos um ano antes do 25 de Abril, durante uma intervenção, esta terça-feira, na abertura de um debate sobre "Portugal, Estado, Sociedade e Soberania", que decorreu no Grémio Literário, em Lisboa. D. Manuel Clemente a puxar pela Carta Pastoral assinada pelos bispos em Maio de 1973, a propósito dos dez anos da encíclica "Pacem in Terris", do Papa João XXIII. “Não se pode permanecer indiferente perante múltiplas situações de injustiça que impedem o correcto desenvolvimento dos homens”, citou o Patriarca de Lisboa. Os bispos de então, recordou o Patriarca, alertaram para “a condição infra-humana em que tantos vivem, diminuídos por graves carências alimentares, habitacionais, sanitárias, de emprego, educacionais e culturais”. Os bispos portugueses de há 40 anos também mencionaram “a existência de limitações, não raro injustificadas, ao pleno exercício dos direitos e garantias fundamentais das pessoas e dos grupos”, recordou D. Manuel Clemente. Noutra passagem da Carta Pastoral, os bispos criticaram “a expansão de uma economia que não está ao serviço de todos” e “a oferta e aceitação de condições de trabalho despersonalizantes, nas quais o homem é equiparado à máquina”. “O diagnóstico da sociedade portuguesa no 10º aniversário da encíclica ‘Pacem in Terris’, do Papa João XXIII, ainda hoje muito sugestivo, muito de reter, muito de recuperar”, concluiu D. Manuel Clemente na sua intervenção, que abriu o debate organizado pelo Clube Português de Imprensa e Centro Nacional de Cultura (CNC).


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