Psicologia

contato@bettinaschrader.psc.br

Você já se impressionou alguma vez com a habilidade das crianças pequenas de passarem ligeiramente com o dedinho na tela da tv para acessarem qualquer conteúdo e verem as imagens se mexerem ou até escolherem um jogo ou desenho que querem acessar, mesmo antes de saberem falar? Parecem muito inteligentes, não é? Então, nos perguntamos por que desde a primeira medida do QI, ele está mais baixo quando comparado ao da geração anterior.

Quando nascemos, nosso cérebro se assemelha a uma massa de modelar, o que o caracteriza como órgão altamente sensível aos estímulos aos quais somos expostos. A interação verbal, o contato físico, a motivação para o movimento e a curiosidade pelo diferente oferecem subsídios indispensáveis para o desenvolvimento psicomotor e da linguagem. Quanto maior a diversidade de estímulos que nos são apresentados, maior é a nossa neuroplasticidade. Com o passar do tempo a estrutura cerebral vai enrijecendo resultando na poda neural, daqueles neurônios responsáveis pelo desenvolvimento de habilidades não requisitadas.

Crianças que são expostas por muito tempo a um único tipo de estímulo, como no caso daquelas que passam muito tempo em frente à televisão ou videogame, têm uma maior probabilidade de desenvolverem um Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), se tornarem ansiosas ou deprimidas e com baixa tolerância à frustração por estarem acostumadas a conquistarem muito do que e quando desejam com alguns toques apenas.

Nas últimas décadas foram realizados vários estudos ao redor do mundo, acerca da influência das mídias digitais sobre o comportamento humano. Um grupo de crianças teve uma queda de 5% na média das notas quatro meses após receber um videogame para jogar no contraturno escolar. Em um outro estudo, dois grupos de crianças deveriam memorizar uma lista de palavras duas horas antes de dormir, sendo que as crianças de um dos grupos jogaram uma hora de videogame antes de dormir. Na manhã seguinte apenas metade das crianças que jogaram o jogo eletrônico lembravam das palavras em comparação a 80% daquelas que não jogaram antes de dormir.

Certamente as mídias digitais também oferecem uma enorme contribuição para o avanço tecnológico, o entretenimento e um aprendizado constante e com isso melhoram a nossa qualidade de vida. No entanto, o segredo consiste na harmonia do tempo destinado para cada tipo de atividade! Se o seu filho tiver alguma dificuldade em produzir ou se entreter sem recursos eletrônicos por um período, é interessante buscar a ajuda de um psicólogo clínico.