Mural

Page 1

oscar kellner neto

mural

poemas

Delfinópolis-mg – 2009 Franca-sp - 1969


oscar kellner neto

2


mural

RECADO para márcio almeida, crítico

sim comigo me habituei mas já livre das amarras sulcos da rotina tempo apagará sim tirei a máscara do poeta: no meu rosto um semblante literariamente acuado mas esse paiol mineiro ah minas grande glande poética fecundação pt 3


oscar kellner neto

PISTIL'HOMEM

parti no alento da mão que me colheu esférico quando em minha haste explodiu a petalágrima sob o sol (o) eu era fruto homem sem(lat)ente...

4


mural

MARICOELI,

cadê o sentido das raízes do edifício imerso em nós? ao lado, só gestos repetidos repetid repet rep r : máscaras no essencial das coisas...

5


oscar kellner neto

DESCAMINHO

dias e noites em busca, parto agora natural como a tarde. que ninguĂŠm entenda porque meus passos desfalam caminhos...

6


mural

POKER

momentos de paz valeram nada.

na mesaverde verdemesa ajustamentos: blefei ou eram cartas marcadas? escorre da noite uma quadra de ases: destino ganha. cai de minhas mĂŁos uma trinca de reis: a Ăşltima.

7


oscar kellner neto

NU(ES)P(A)CIAL

vergo me em lutas sem sonhos. chegou realidade parto com ela de braรงos dados: um rumo paira distante como a liberdade.

8


mural

10º CAIS

dúvida florindo silêncio, parto do refúgio gruta-neblina do sonho do porto da preamada.

9


oscar kellner neto

ANTIPEDRA

quiçá nunca encontre a verdade que me emuralha amortalha de papelator apaixonado e no azul esmaga pássaros.

10


mural

INSTANTÂNEO

evidência rota em fecundangústia: a espera da verdade apenas pressentida, como o salvamento pro náufrago...

11


oscar kellner neto

BIBLITINERANTE

parto destino horizonte morrer ao lado do sol no eco da aurora num diluvinterior arca da certeza naufraga aquém de mim. onde, um Noé retardatário?

12


mural

INCIDENTE

emerjo duniversirreal me explico nada me preocupo com nada talvez, anfĂ­bio, um dia regresse. gente, onde o amor?

13


oscar kellner neto

POEMA

pressinto n'horizonte da estrelargila algum谩guia ou flor ferida cujo p贸lem tinge a relva de abismalgum meu.

14


mural

NOVO MURO

na busca sangrei muralhas. eis-me: f r a e a o t l z emruĂ­nas sobestre linertes no aguard o, no agu ardo.

15


oscar kellner neto

CIG(ANA)

nata do sortilĂŠ gio,est ruturad a tritu rada no seio da busca d a brusc a semen te de cr istal, inaugur ando me us enig mas...

16


mural

SUB(A)MARINA

com ardor de peixe mudo te cercarei de bosques estilizados esterilizados no silĂŞncio dos corais do tempo cantarei tua estrelaalga...

17


oscar kellner neto

CASULINA

invada me com vĂŠsper, fantas ma da areia, amada de lib ĂŠlulas prenhe...

18


mural

POEMEL

em teus cabelos de relâmpago tecerei o rubro musabelha rainha da colméiamor músicaçoite.

19


oscar kellner neto

VIKINGAMOR

lusamada grĂĄvida de baĂşs arrombados (mistĂŠrio). de jarras de bronze (segredo). do ventre madrugal partem a nau e o arrepio de teu aceno lusitano.

20


mural

FLORFRUTO

frĂĄgil fruto do a(po)mar. do jardim, rosamuada. flor humilde Ăşnica.

21


oscar kellner neto

COLÓQUIO

pra recheio de tuas rendas uterinas o néctar de meus sóis embrionários anualmente.

22


mural

PROFUND(A)ÇÃO

nossas quatro pupilas edifiquem uma verdade socialista, em laborconjunto. o suor de tuaxilas (ilhas): bálsamo e perfume de meus odoresquivos...

23


oscar kellner neto

FLUVIAL

amada ah!!! esse teu b ulĂ­cc cccci o de cacho e i r a ...

24


mural

NO POSTO SOL

ofereço-te a paz da ovelha no cio de tranqüilos lençóis dobrados teremos poesias nas c i s ternas da terra, onde as nuvenssserreúnem aos montes, de tarde...

25


oscar kellner neto

EXERCÍCIO/1

amada, haja n a inoc ência de teu regaço o silê ncio dos lí (vidos) rios...

26


mural

O(S)(RA)CUL(O)AR

teu sup lício d e ser t erna: t oda tar dinha b eijo tu a intenç ão de s er únic amada e deposit o n'oca so, uma renúnci a.

27


oscar kellner neto

MESSE

vistamos sementes na paz dos celeiros cheios se(remos)ara pro ceifeiro, grão do trigueiro, canto da mó. nosso destino não tão assim sem luz: nós exatamente pó.

28


mural

ANTONIOUTONO

semear o vale das mãos no vácuo: de (lírio)(s) fo lhados colher no a b i s m o .

29


oscar kellner neto

1ª NÚPCIA

com nítidos olhos semearei minúsculos anjos à trompa direitesquerda da cativa da grinalda.

30


mural

SERESTA

mi mur mĂşrio em tu madrugada mis anseios em seiva diluindo tus soĂąos...

31


oscar kellner neto

CONVOCACテグ

sテェ marinhalga em meu oceanテ。rido praia densi dada.

32


mural

SURREAMOR

plantas velejan do na t essitura dos cla rins an tigos o galope das ond as corc ĂŠis. lendando flori desertos no opaco azul.

embaçamento.

33


oscar kellner neto

KATIANA

morenamada virรกs como essa madruga bela pรกlidajรก. com essa boca de sol tรฃo pouca, com esse baton de nuvens afins...

34


mural

FRUTESCÊNCIA & COLHEITA,

a maçã da fonte da f rente do v erticopo d o verticor po e o sono e o suspiro (frutas tuas sem dono) em mi nhas mãos de procela.

35


oscar kellner neto

ARTIGO/1

vem, nรฃo com a paz da solteirona รกrida na janela da tarde dona do ocaso. sim com aquela lรกgrima de alvestrela embaรงada, com aquele rosto salpicado de olh(lu)ares...

36


mural

COLÓQUIO II

vagamada ventre do caminho origem do tumulto galera de murmúrios no dilúvio da noite. represa. circundação circunavegação circuncisão. o circo cinzão (o circo) o circo dos meus tempos de moleque, de moleque.

37


oscar kellner neto

PROLE(TANTA)TÁRIA

tenhas a costumança das estações

sejas a fêmea única.

(pró e contra)

as estações se sucedem os rebanhos se perpetuam...

38


mural

NINHO

prisioneira da dรกdiva do olhar, a sombra fecundarรก a noite com pรกssaros ardentes, orgรกsticos...

39


oscar kellner neto

HOMENAGEM ao joaquim branco, guia

graças a ti hoje sou ao m enos car avana em marcha n o leito do vento. não mais pássaro azul apartado na poesagem acadêmica...

40


mural

ALPINISTIA para márcio almeida, poeta

ontem, hom embalado em abismos, sondei a neve dos cumes es féricos. hoje, queda em tinta relva, lágrima machucada de bem com a cabra da montanha, da monta nha, már cio.

41


oscar kellner neto

POR ISSO, RECEITA (à moda Guimarães Rosa)

pra fazenda da viúva dona poesia nacional a enxadáspera o estrumelódico o caloema o gadológico a mudardente a sementespessa do armazém da viúva dona minas gerais.

42


mural

A MARÉ, AMOR (É)

um dia, no cais d'águavida d'aguávida do mar das infantí(tese)s e nublonecas, a âncora. no cais-chegança, lume: candeia e grilhão de amor sem fim... o passado imerso, um grito de in-sonho pro futuro: âm(b)argamento.

43


oscar kellner neto FINDA (INTRO) MISSÃO

dia tal (em não outro) cansados de acertar alvos tornaremos à aljava-terra pois há: para as flechas o tempo. para o arco a eternidade.

44


mural

45


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.