JA - ed. Dezembro 2010

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nacomunicacao.ptt DEZEMBRO2010 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · jornaldeabrantes@lenacomunicacao.pt

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jornal abrantes

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Director ALVES JANA - MENSAL - Nº 5479 - ANO 111 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

A MARCA QUE SABE BEM A marca Mação é uma aposta estratégica de desenvolvimento local de um concelho do interior, mas é também uma boa sugestão para este Natal. páginas 8 a 11

ENTREVISTA

José Eduardo Carvalho, presidente da Nersant Prestes a abandonar o lugar, faz o balanço e avança com uma proposta polémica. página 3

PARQUE TECNOLÓGICO

Tagus Valley já tem Plano Estratégico Elaborado pela equipa de Augusto Mateus, define as opções até 2020. página 14

ENSINO PARA ADULTOS

Centro Novas Oportunidades entrega diplomas CNO da Escola Solano de Abreu reabre portas na vida de centenas de pessoas. página 16

boas festas

páginas 4 a 7


2 abertura

DEZEMBRO2010

SUGESTÕES

FOTO DO MÊS de

jornal abrantes FICHA TÉCNICA Director Geral Joaquim Duarte

Director Alves Jana (TE.756) alves.jana@lenacomunicacao.pt

Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio, Apartado 65 2204-909 Abrantes Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179 E-mail: info@lenacomunicacao.pt

Redacção Jerónimo Belo Jorge (CP.1907

SARA CATARINO

jeronimo.jorge@lenacomunicacao.pt

Joana Margarida Carvalho

IDADE 37 anos

joana.carvalho@lenacomunicacao.pt

André Lopes

RESIDÊNCIA Lisboa

Publicidade Rita Duarte (directora comercial)

PROFISSÃO Gestora

rita.duarte@lenacomunicacao.pt

Miguel Ângelo miguel.angelo@lenacomunicacao.pt

Abrantes, R. Actor Taborda. Se não era para “verter águas”, para que fizeram as bicas?

Andreia Almeida andreia.almeida@lenacomunicacao.pt

Design gráfico e paginação António Vieira

Impressão Imprejornal, S.A. Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa

INQUÉRITO

UM PETISCO Conquilhas

A quem ofereceria uma prenda de Natal?

UM RESTAURANTE Mezzaluna, Lisboa

Jortejo, Lda. Apartado 355 2002 SANTARÉM Codex

PRATO PREFERIDO Massas, de todas as maneiras e feitios UM LUGAR PARA PASSEAR À beira mar

GERÊNCIA Francisco Santos, Ângela Gil, Albertino Antunes

Marketing

José Santana

Isilda Rodrigues

Clara Real

Abrantes

Abrantes

Abrantes

Abrantes

Oferecia ao primeiro-ministro, José Sócrates, um bilhete de avião para China; ao ministro das finanças, Teixeira dos Santos, uma máquina de calcular e à presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque, um livro.

Ao vereador da oposição (PSD) da Câmara de Abrantes, Leonardo Santana Maia, um livro sobre política; ao Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, um espelho para oferecer à sua esposa e à pivô da SIC, Clara de Sousa, um perfume com um aroma quente.

Uma vez que tenha uma loja de lingerie, oferecia à professora Isilda Jana uma lingerie da Chantelle, ao vereador da Câmara de Abrantes, Manuel Valamatos, uns boxers da Armani e a Joaquim Ribeiro, proprietário da Farmácia Silva, o livro “o Segredo”.

Ao ex-presidente da Câmara de Abrantes, Nelson Carvalho, uma gravata do AFC, ao José Alves Jana, director do Jornal de Abrantes, um barrete do Pai Natal e ao P. José da Graça um cheque, para ajudar o Centro de Acolhimento de Crianças em Risco no Rossio ao Sul do Tejo.

Patricia Duarte (Direcção), Catarina Fonseca e Catarina Silva. marketing@enacomunicacao.pt

Recursos Humanos Nuno Silva (Direcção) Sónia Vieira drh@lenacomunicacao.pt

Sistemas Informação Tiago Fidalgo (Direcção) Hugo Monteiro dsi@enacomunicacao.pt Tiragem 15.000 exemplares Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo no ICS: 124617 Nº Contribuinte: 501636110

Sócios com mais de 10% de capital Sojormedia 83%

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UM CAFÉ Adamastor, Lisboa UM BAR Lounge, Lisboa

Editora e proprietária

Departamento Financeiro Ângela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Celeste Pereira, Gabriela Alves e João Machado info@lenacomunicacao.pt

UMA POVOAÇÃO Baleal, peniche

Isabel Colaço

EDITORIAL

UM RECANTO PARA DESCOBRIR Óbidos UM DISCO Mellon Collie and the Infinite Sadness – Smashing Pumpkins UM FILME Cidade de Deus UMA VIAGEM Maldivas UM LEMA DE VIDA “Não deixem nada por fazer, nem nada por dizer” do António Feio

ALVES JANA

Oxalá Programas como “Ídolos” e “Operação Triunfo” têm um papel muito mais importante do que parece à primeira vista. Decorrem em horas de grande audiência e “ensinam” coisas importantes. Coisas que a escola ainda não aprendeu a ensinar. Que há uma diferença entre o que tem qualidade e o que não tem. Que a qualidade não se mede pela “minha opinião muito pessoal”, mas por padrões que permitem um julgamento interpessoal. Que a qualidade

compensa, enquanto a falta de qualidade condena. Que a qualidade resulta do esforço, do trabalho metódico, da aprendizagem apoiada por professores de qualidade. Que o êxito não depende só do que “eu” faço, mas também do julgamento dos outros. Que é possível estar em competição e ao mesmo tempo sermos amigos e solidários. Que a qualidade e êxito abrem portas e dão maior satisfação pessoal que a preguiça e o “deixa andar”.

São lições da maior importância. Porque apontam num sentido bem diferente daquele por que temos caminhado - que não nos trouxe a bom porto. Contudo, os que se regem por outros valores - sim, valores – estão a obter sucessos que gostaríamos que fossem multiplicados e também fossem nossos. Talvez nós, os mais velhos, já não possamos aprender grandes lições, porque pensamos que sabemos tudo e não estamos disponíveis

para aprender. Nem sequer à custa do nosso corpinho. Mas os mais novos sabem que ninguém lhes vai dar o que lhes prometeram de graça. E vêem ali como é que se consegue aquilo que mais se quer. Oxalá. E então será mais Natal.


à conversa

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JOSÉ EDUARDO CARVALHO, PRESIDENTE DA NERSANT

“Somos parceiros para o desenvolvimento” com vista ao reforço da internacionalização dos negócios e da exportação. Estas são grandes travesmestras para o futuro.

JOANA MARGARIDA CARVALHO

Ao longo destes 15 anos de liderança quais foram os seus grandes desafios? O grande desafio foi mudar, do ponto de vista estratégico, a vocação de uma associação empresarial. A ideia foi fazer com que a associação se assumisse como agente de desenvolvimento regional. Em segundo lugar, tentar fazer perceber na envolvente que não pode haver desenvolvimento sem empresas e que a função de um empresário é essencial para o aumento da qualidade de vida e desenvolvimento de uma região. Há quinze anos atrás, a função do empresário tinha menos prestígio do que tem agora. Uma das nossas missões foi dignificar socialmente o seu papel. Em resumo, estes foram os grandes desafios, que foram superados. Qual o balanço destes 15 anos de mandato? Toda a gente costuma fazer balanços positivos do seu trabalho (risos) Eu também penso que foi positivo. As associações empresariais trabalham no mercado associativo e têm dois produtos para vender: um é a prestação de serviços e dinamização de projectos para aumentar a competitividade das empresas e da região; o segundo é formatar decisões públicas e políticas. Actualmente ambas as situações se vendem mal. Quanto ao primeiro produto, a Nersant tem feito algumas coisas interessantes, quanto ao segundo, como trabalhamos em âmbito regional e localizado, não conseguimos fazer coisas com grande significado. É obvio que interagimos com governos e entidades públicas e damos o nosso contributo. Algumas coisas se fizeram no distrito devido ao papel e ao peso económico e social que a Nersant adquiriu. Para ser mais preciso, neste momento a Nersant representa mais de 95% do VAB (Valor Acrescenta-

José Eduardo Carvalho Idade: 53anos Formação: Sociologia, pósgraduação e mestrado em Gestão. Actividade: Empresário

Vai mesmo deixar a Direcção da Nersant? Sim. É uma decisão que já foi comunicada aos meus colegas de direcção, colaboradores e aos media. É uma decisão irreversível. Como está, visto de cima, o Núcleo de Abrantes da Nersant? Nos últimos anos, apesar da litigância entre entidades, as coisas têm-se feito. A situação está bem melhor do que há quinze anos atrás. Há uma colaboração institucional forte entre a Nersant e a autarquia. Houve, por exemplo, um empenhamento muito forte da nossa parte na estratégia e na definição das bases para o Tecnopólo, que não é um projecto fácil. (Ver trabalho sobre o Tecnopólo no interior.)

do Bruto) criado do distrito. Como é que as empresas associadas à Nersant estão a viver a crise actual? Com dificuldades… Desde 2008, o ajustamento estrutural é tão forte que as empresas com maior debilidade, que estavam com alguma fragilidade do ponto de vista financeiro, foram as primeiras a cair. Sobreviveram as mais robustas. Algumas empresas ainda estão a cair porque no seu portfólio de clientes encontram-se empresas que estão falidas... Às vezes é uma questão de sorte ter ou não ter esse tipo de clientes. Neste momento, com as restrições ao crédito e com a grande contracção no mercado, mesmo algumas empresas que estão a sobreviver estão a passar por dificuldades. Aliás, estamos todos a passar por dificuldades. O que se pode fazer para se sair da crise? O diagnóstico está feito. O

país enfrenta um problema de endividamento, de défice público e de falta de competitividade entre as empresas portuguesas. Só se sai desta situação pagando as dividas, reduzindo despesa e não aumentando os impostos. Face esta situação as empresas têm de exportar, ao fazerem-no vão acabar com alguns destes problemas que o país enfrenta. Para proceder à exportação é necessário alterar a estratégia da própria empresa que está vocacionada para o mercado interno. O grande problema é falta de liquidez nestas empresas. Para resolver este problema, é necessário consolidar o passivo bancário e o passivo fiscal feito durante a crise, ou seja, transformar as dívidas em longo prazo. E em terceiro lugar a redução dos salários. A redução de salários é solução? Não há outra solução. Há anos, houve uma desvalorização de 15% dos salários reais através da desva-

lorização da moeda. Hoje já não há esse recurso. Não há alternativa. Na gala do jornal O Ribatejo referiu que a sua geração é a culpada pela situação actual do país! Porquê? Foi a geração que atingiu o poder, a geração que é responsável pelas políticas públicas e de educação, que gere as empresas, que faz parte da classe dominante, que não conseguiu, fracassou. E há pouca gente que entende isto, uns por responsabilidade directa, outros por incompetência, outros por cobardia, outros porque ficaram incomodados por o interesse público não ir de encontro aos seus interesses privados. Tudo isto contribuiu para esta situação de insolvência que vivemos. Objectivos futuros da Nersant? Nós temos um plano estratégico até 2013. Os nossos objectivos passam pelo empreendorismo, pela inovação, investigação, desenvolvimento, cooperação empresarial

Em síntese, o que faz a Nersant? A Nersant tem dois produtos para vender aos seus associados. Um é o conjunto de projectos e iniciativas com vista a aumentar a competitividade das empresas da região e o outro é a possibilidade de liderar projectos empresariais estruturantes, por exemplo as escolas profissionais, os parques de negócios entre outros. O nosso objectivo é sermos parceiros de desenvolvimento com as Câmaras Municipais, independentemente da cor política. Assumirmo-nos como agentes de desenvolvimento, definindo projectos estruturantes para a região. Posso destacar algumas iniciativas, a distribuição de gás natural pela região, a criação de escolas profissionais em Torres Novas e Santarém, a criação de Parques de Negócios entre outras. Estes foram, sem dúvida, grandes projectos já concretizados. (Ver trabalho sobre o Nersant no interior desta edição.)

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especial natal

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Dar Vida no Natal é a melhor solidariedade Natal é tempo de solidariedade. Não é que o outro tempo não o seja. Mas a quadra natalícia lança-nos um desafio mais forte. A proposta que aqui lhe fazemos é simples, mas é preciosa. Dar Vida. Salvar uma Vida.

Todos os dias, no Hospital, há pessoas a precisar de sangue. Se não houver sangue disponível, essa pessoa morre. Dar sangue é, portanto, salvar uma vida. De vez em quando, recebemos uma mensagem electrónica a pedir um dador de medula óssea para alguém que está aflito. Mas não se dá medula óssea assim para uma pessoa que ali ao lado está a precisar. Para dar sangue ou medula óssea é necessário ser compatível. Isto é, tem de haver análise que mostrem que a doação salva em vez de matar. Contudo, é mais fácil ser compatível na doação de sangue que na de medula óssea. Neste caso, por ser muito, mas mesmo muito difícil a compatibilidade, há um registo mundial de dadores e há um trabalho internacional de procura de dadores para quem precisa. No caso do sangue, o processo é bem mais simples e, no essencial, fica resolvido ao nível do Centro Hospitalar. De qualquer modo, se um

de nós precisar de sangue ou de medula óssea, que esperamos que aconteça?

Dar sangue é fácil Quem é que ainda não fez uma colheita de sangue para fazer análises? Dar sangue no hospital é, no fundo, o mesmo. Apenas se tira um pouco mais de sangue. E, no final, tem direito a um café ou um bolo ou algo parecido. Para ser dador de sangue, deve ter entre os 18 e os 65 anos (até aos 60 anos se for uma primeira dádiva) e ter pelo menos 50 quilos de peso. E ter hábitos de vida saudáveis para não ter o sangue contaminado, é claro. E é aqui que está uma vantagem pessoal de ser dador de sangue. Porque se trata de salvar vidas e não de condená-las, o sangue recolhido é vigiado e, desse modo, está também a ser vigiado o dador. Ou seja, dar sangue é salvar a vida de

quem vai receber o sangue doado, mas é também manter-se sob vigilância do serviço de sangue. O processo é simples. Dirige-se ao Serviço de Sangue do Hospital de Abrantes, em qualquer dia útil, de manhã. Há ainda recolha um sábado por mês, mas é necessário saber a data. E o resto é fácil. É fácil, mas salva vidas. E a verdade é que, por vezes não há sangue disponível para quem precisa. Porquê? Porque nós não fomos dar o sangue que nenhuma falta nos faz.

“Ser dador de medula óssea é uma opção para doar vida” Este é o lema do Centro de Histocompatibilidade do Sul que apela à doação de medula óssea. Se tem entre 18 e 45 anos, 50 kg de peso (no mínimo), não é portador de doenças crónicas e não recebeu ne-

nhuma transfusão de sangue, pode ser dador voluntário de medula óssea. A doação é um processo considerado simples. A operação inicial é ainda mais simples que dar sangue. No caso da medula, a recolha é apenas para análise. O sangue recolhido é depois analisado em Lisboa e os dados do dador são inscritos no registo internacional para esse efeito. O segredo está em ter uma base de informação bastante rica para encontrar um dador compatível, o que é sempre raro. Por isso, o dador pode ser chamado a dar medula óssea até para o estrangeiro. Mas também por isso, um dador de medula é um bem raro e precioso. Para ser dador de medula, o processo é semelhante ao do dador de sangue. Com uma limitação: a recolha é feita às terças e quartas de manhã, e não em todos os dias úteis da semana.

Um caso de doação de medula ósea

Em 2006, Paula Navarro, abrantina e professora de físico-química na Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes, fez uma doação de medula óssea para um italiano de 43 anos que se encontrava num estado muito débil. Paula Navarro contou ao JA a sua história Foi no ano de 2002, que decidi inscrever-me como dadora de medula óssea na Associação Humanitária de Dadores de Sangue da Freguesia de Tramagal. Eu inscrevi-me porque tinha visto na televisão um pedido de medula óssea para uma menina que estava muito doente. Passados dois anos, telefonaram-me de Lisboa, do Instituto Português do Sangue, a perguntar se estava disponível para fazer alguns exames complementares, pois, em princípio, o meu sangue era compatível com um senhor italiano que estava muito doente e a precisar de uma doação. Fui a Lisboa, e fiz alguns exames e análises. O tem-

po foi passando e de facto havia um grau de compatibilidade muito grande com esse senhor. Continuei a fazer os exames, fui a algumas consultas e procedi a um tratamento, durante oito dias, que consistia numas injecções que tinha de administrar em mim própria para estimular o organismo a produzir as células que seriam transferidas. Senti alguns efeitos secundários desde cansaço, dores nos ossos... mas valeu a pena. No dia da colheita, acabei por estar internada no IPO de Lisboa ligada a uma máquina onde o sangue ia passando. Essa máquina dividia as células necessárias para o transplante. Mais tarde, vim a saber que o senhor recuperou graças à minha doação, o que foi muito gratificante. Voltaria a repetir tudo outra vez, a ajudar um próximo, porque nunca se sabe quando vai chegar a nossa vez. JMC

ESCRITÓRIO/ /CONSULTÓRIO ARRENDA-SE/ VENDE-SE No centro da cidade, em prédio novo Rua Luís de Camões – 11- 1.º Abrantes

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especial natal 5

DEZEMBRO2010

UM CONTO DE NATAL

Natal, séc. XXI E conta-se que Herodes chegou à Nazaré, vindo de longe, dum país de areia e sol brilhante para ver o mais azul do mar que contrastava com a mancha seca e sedosa dos grãos sedentos da sua terra. Chegou a cavalo e ergueu as rédeas. O abismo, lá em baixo, pareceulhe medonho. E um irmão, irmão de nome, que tinha fugido à sua ira, ajoelhou-se, infeliz, pedindo perdão e nessa súplica disse a Herodes que um português de nome D. Fuas Roupinho, muitos séculos depois, viria, também, pôr os ferros da besta sobre as pedras e gravaria nelas as patas dianteiras do galopante. Quem era este vidente nunca se soube, nunca se saberá. Herodes frisou os bigodes e ordenou que o beduíno se levantasse. Agarrou-o por um braço e elevouo até si. Deu-lhe um beijo na fronte e atirou-o ao chão. Esporeou o cavalo e lançou-se à desfilada. Ia montado no Pégaso que tinha patas e asas e as pessoas alongavam-se no chão, deitadas ao com-

prido, ao ver um astro de fogo, rugindo pelo céu. Nesse dia ninguém foi à praia, meteram-se em casa, e deram duas voltas à fechadura. Foi quando José e Maria viram sobrevoar sobre as suas cabeças uma estranha figura. Pararam o burro e abraçaram-se. José tocou-lhe na barriga e sentiu o seu Jesus naquele ventre farto, oblongo e redondo. E disse para consigo: «foi bom pôr as ferraduras ao contrário». Além de carpinteiro era prestidigitador. E isso sabia-se na terra. Naquele momento o cavalo que voava no espaço desceu repentinamente e foi andando vagaroso em direcção a Belém. Os pensamentos de Herodes eram cada vez mais ferozes e levava uma das mãos junto da testa, a pensar, a pensar, quando descortinou no chão as ferraduras dum burro, em sentido contrário, naquele caminho estreito, entre longas campinas de tremoceiros. Picou o cavalo e virou a direcção,

dizendo no seu íntimo que agora não escapariam. Diz a estória,- a História é mais complexa,- que José trocara as ferraduras do burro… e assim lá foram seguindo o seu caminho em direcção ao local onde iriam votar, tranquilamente, não se sabe o quê. Nunca se soube em quem. Mas as dores apertaram. Maria, agarrando-se, às rédeas do burro, contorcia-se com náuseas e gemidos e depois dum sofrimento de dor e amor disse a José que Jesus nascera nos seus braços abertos, «albertos» por ser para todo o mundo, a humanidade, que ela sentia cheia de festas felizes. Então o seu velho companheiro benzeu-lhe a testa. Dando graças pelo seu filho, dirigiram-se a um curral para descansar, dar salvas, salvar o Menino-Deus. E sentiram que a sorte não colhe todos. Uma vaca foi posta, de propósito, naquele sítio e o seu bafo, contado com o burro cansado, chegaram aos nossos dias como arautos dos caloríficos.

Haja o que houver, seja como for. sou a única pessoa que ama e amará verdadeiramente, Jesus no séc. xxx e num depois sem fim. Que de tormentos pesados e invenções inusitadas tenho prática suficiente. Não tenho um rei, dois joelhos apócrifos, em ferida e unguento, escrevem ou assinalam, no chão, poemas em chaga, mas creio na força do destino que há-de ludibriar a falsa astúcia e os seus conselheiros.

* O escritor José-Alberto Marques nasceu em Torres Novas e reside em Abrantes desde 1969. Iniciador da poesia concreta em Portugal, tem vasta obra de poesia, ficção e teatro, tendo também um percurso respeitável na performance. Publicámos no JA de Setembro passado uma entrevista com este nosso escritor, e hoje este conto inédito. Entretanto, aguarda-se a publicação de novos livros seus ali já anunciados.

José-Alberto Marques * (j.alberto marques@iol.pt

DELÍCIAS DA DEOLINDA

Uma hipótese para o Natal Chama-se Delícias da Deolinda e faz sucesso na região. Muitas são as pessoas que procuram esta casa que é conhecida pelos seus doces, salgados e pratos diversificados de grande qualidade.

Luís Patrício e Maria Patrício são os gerentes da casa. Sediada na Rua Direita, em Rio de Moinhos, as Delicias da Deolinda abriu ao público no mês de Julho de 2007 e actualmente tem ao seu serviço doze funcionários. Para explicar o sucesso adquirido ao longo destes três anos, Luís Patrício referiu ao JA que são muitas horas de dedicação e o cliente está em primeiro lugar. Não trabalho para conseguir o cliente uma única vez, não! Faço sempre para que ele volte à nossa casa e isso tem-se conseguido”, acrescentado: “Vendo para os concelhos limítrofes mas não só. Tenho clientes de Lisboa que vêm cá de propósito buscar algumas especialidades”. A forma tradicional de fazer os doces é uma técnica imprescindível da casa, que não utiliza produtos alimentares pré-fabricados, ou seja, “o

O bolo-rei Ingredientes:

trabalho é feito de raiz e só com produtos de qualidade”, explicou Luís Patrício. “Faça-nos a sua encomenda e passe um Natal feliz na companhia das nossas delícias” Este é o actual slogan da casa, que para além do serviço de comida para fora, também garante ao cliente um serviço de catering. Nesta época de festividades as Delicias da Deolinda é uma opção. O gerente deixa algumas especialidades

que tem ao dispor: vários pratos de bacalhau, nomeadamente bacalhau com broa, com natas, à casa. Nas carnes, destacam-se, entre outros, os pratos de peru do campo assado, pato do campo assado recheado, leitão assado. Nos doces, Luís Patrício destaca a já conhecida cassata de chocolate, tronco de Natal, azevias, bolo-rei e rainha, belhoses de abóbora entre outras especialidades.

1,250 Kg de farinha de trigo 50 g de fermento de padeiro 3 dl de leite 250 g açúcar 12 ovos 300 g de manteiga 1 g de sal 150 g de passas 150 g de nozes 150 g de pinhões Frutas cristalizadas

E como é que se faz? Carla da Isabel, pasteleira da Pastelaria Pereira explica: Deve começar por fazer a massa do bolo com, farinha, fermento de padeiro, manteiga, leite, água, ovos e sal. É tudo amassado e depois dei-

xa-se a massa descansar uns quinze minutos antes da colocação das frutas cristalizadas. De seguida, colocam-se por cima da massa, as frutas cristalizadas e os frutos secos como as nozes, os pinhões e as passas, e volta-se a deixar descansar meia hora. Com o cotovelo faz-se um buraco no centro e daí surge a forma do bolo. Deixase descansar novamente mais dez minutos.Pincela-se com um ovo e coloca-se por cima as frutas: figo, abóbora vermelha, branca e verde, pêra cristalizada e cereja. Vai ao forno 45 minutos, a uma temperatura de 180 graus, até ficar dourado. Quando estiver pronto, retirase e pinta-se com geleia, para dar o tal brilho especial ao bolo-rei.

Joana Margarida Carvalho

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6 especial natal

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O Natal moldavo

O Natal brasileiro

Verónica Costiuc fala-nos do Natal na Moldávia, o país donde emigrou para Portugal.

Natalice Marques é brasileira, da Baía. E a primeira nota que nos deixa é sobre o tempo.

“Lá o Natal não é quando cá, é a 7 de Janeiro. Uma semana antes começam os preparativos, com as limpezas grandes. Sacrifica-se o porco, para fazer as comidas. Depois, no dia de Natal, na minha casa, por exemplo, levantávamo-nos e sentávamo-nos logo à mesa, a comer o que não se come no dia-a-dia: um estufado de carne de porco com queijo de cabra ou queijo fresco de vaca e uma comida chamada mamaliga que é feita com farinha de milho, água e sal. Isto, logo de manhã. Agora já não é tanto assim, mas na minha casa era assim. Essa era a comida obrigatória, mas não era só essa. Depois há vários outros tipos de comida, as nossas mesas são muito, muito recheadas mesmo, mas eu não sei dizer, porque não tem tradução. E a mesa fica posta durante todo o dia. Por exemplo, como aqui há o colo rei, lá temos o colac, que tanto pode ser doce ou não, mas sem frutas secas, porque nós lá não temos isso. É igual no feitio, mas no resto é diferente. Depois, os miúdos vão cantar, como aqui no dia dos Santos. As pessoas deixam as portas da rua abertas mesmo para isso, para as crianças poderem entrar. Depois, as crianças cantam e as pessoas dão-lhes bolos ou dinheiro. Isto de manhã até à tarde. Depois começam os crescidos. É muito bonito. Eu cresci numa aldeia e era muito bonito, em casa ouvia-se a cantar em vários sítios da aldeia canções sobre o sofrimento da mãe de Jesus, antes de ter o filho, depois de ter o filho, como teve de se esconder…E de al-

• Verónica Costiuc deia para aldeia as canções não são iguais, porque são canções populares. Os crescidos cantam e depois comem sentam-se e comem, porque a mesa fica posta todo o dia, não se tira a comida da mesa, e tem de se fazer comida sempre a contar com que poderá vir. E não podemos rejeitar ninguém. Até às tantas da manhã. “Não havia troca de prendas quando era pequena. Recebia bombons. Mesmo para o meu filho não comprava brinquedos. Isso compra-se em qualquer dia. Comprava uns bombons mais caros, que não podia comprar todos os dias. Também temos a árvore de Natal, não falta, mas o presépio já não. Porque a nossa tradição não é como cá, imagens feitas de madeira, é mais imagens pintadas, ícones.”

“Na Baía nunca tem Inverno, é sempre quente. É um Natal mais de vizinhança. Mata-se um porco, faz-se um churrasco, um leitão… O bacalhau já é mais difícil, mas mesmo assim também tem bacalhau. Faz-se, como se diz lá, uma bacalhoada, o bacalhau assado no forno com batata e cebola. E temos o prato que não pode faltar, que é o peru assado com farofa, ameixa e bacon. E temos que ter o leitão assado à pururuca, que é com a pele estaladiça, muito boa. Isso não pode faltar. “E em São Paulo, onde vivi muito tempo, também é a mesma coisa. Também tem o bacalhau, sempre ao forno. Não é como aqui, bacalhau cozido com couve. E o leitão à pururuca. É um Natal de Verão. Muitas famílias, as que podem, alugam casa na praia, passam o dia na praia e à noite têm a ceia de Natal. Com calor, é diferente daqui.” E também há missa do galo e troca de prendas? “Também há a missa do galo, à meia noite. E também temos troca de prendas no trabalho e em casa. Quando eu trabalhava em São Paulo, fazíamos aquela brincadeira do amigo secreto: dois meses antes, bilhetinho onde se escrevem

• Natalice Marques coisas para o amigo e o amigo procura descobrir… E naquela data, num dia marcado, fazíamos a troca de prendas. E na família, a mesma coisa, mas na noite de Natal. Tínhamos a árvore de Natal, onde se colocavam os presentes, o que vocês aqui chamam de prendas, e na hora fazíamos aquela brincadeira do amigo secreto: fala alguma coisa sobre aquela pessoa, para tentar descobrir quem é o amigo secreto da pessoa. – É fulano! E então entrega-se o presente. Mas também havia famílias, com mais posses em que cada um dava presentes a todos.”

CARTÓRIO NOTARIAL Joana de Faria Maia, Notária

EXTRACTO

ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE SARDOAL EDITAL N.º 10/2010 MIGUEL JORGE ANDRADE PITA MORA ALVES PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE SARDOAL FAZ PÚBLICO que, para efeitos do art.º 91º da Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, na redacção dada pela Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro, se publica as deliberações da Assembleia Municipal, tomadas em sessão extraordinária, realizada no dia 30 de Novembro de 2010: - Restruturação dos Serviços; (Deliberado por maioria, com doze votos a favor e cinco abstenções, aprovar a Restruturação de Serviços da Câmara). E para constar se lavrou o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares públicos de estilo.. Paços do Município de Sardoal, 06 de Dezembro de 2010 O Presidente da Assembleia Municipal Miguel Jorge Andrade Pita Mora Alves

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- Joana de Faria Maia, Notária deste concelho, com Cartório sito à Avenida 25 de Abril, número 248, na cidade de Abrantes, CERTIFICA, narrativamente para efeitos de publicação, que, por Escritura de Justificação, lavrada em vinte e nove de Novembro de dois mil e dez, iniciada a folhas quarenta e quatro, e, por Escritura de Rectificação, lavrada dia 6 de Dezembro de dois mil e dez, iniciada a folhas cinquenta, ambas do Livro de escrituras diversas número Dezasseis – G, deste Cartório, Vicente Rosa Soares e mulher Maria da Conceição Rodrigues André Soares, casados sob o regime da comunhão geral de bens, ambos naturais da freguesia do Souto, concelho de Abrantes, onde são residentes na Rua da Milheiriça, número 55, contribuintes fiscais números 109 518 950 e 109 518 942, declararam: - Que, com exclusão de outrem são donos e legítimos possuidores, do seguinte prédio: - Urbano, composto de casa de rés-do-chão para habitação, com a superfície coberta de cinquenta e um metros quadrados, barracão agrícola, com trinta e cinco metros quadrados, dependências agrícolas, com vinte e dois metros quadrados, quatro dependências de arrumos, com cinquenta e um metros quadrados, e, logradouro, com cento e dezasseis metros quadrados, sito na Rua da Milheiriça, freguesia do Souto, concelho de Abrantes, inscrito na matriz, a favor do justificante marido, sob o artigo 3.213, com o valor patrimonial de 15.230,00 €, a que atribuem valor igual ao patrimonial, a confrontar, do Norte, com Josefina Valentim, do Sul, com Emília Rosa da Cruz, do Nascente, com Rua da Milheiriça, e, do Poente, com Maria do Rosário Santos, não descrito no Registo Predial; - O certo porém é que os justificantes não possuem título formal que legitime o seu domínio sobre o referido prédio, o qual veio à sua posse por doação verbal dos pais da justificante mulher, Vítor André e mulher Adelina Maria Rodrigues, casados sob o regime da comunhão geral de bens, e residentes na dita freguesia do Souto, já falecidos, em data que não podem precisar, sensivelmente cerca do ano mil novecentos e setenta e três; - Não obstante isso, vem o referido prédio, a ser possuído pelos ora justificantes, há mais de vinte anos, dele retirando todas as suas utilidades e pagando todos os impostos com ânimo de quem exerce direito próprio, fazendo-o de boa fé, por ignorarem lesar direito alheio sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu início, posse essa que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública; e - Que, dadas as enunciadas características de tal posse, os justificantes adquiriram o citado prédio por usucapião, titulo este que, por natureza, não é susceptível de ser comprovado pelos meios normais. Está conforme o original. Abrantes, vinte e nove de Novembro de dois mil e dez A Notária Joana de Faria Maia (em Jornal de Abrantes, edição 5479 - Dezembro de 2010)


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Natal na crise é melhor com produtos regionais Natal digital Neste tempo digital, também o natal passa pela Rede. Veja como as redes sociais, a web e o mobile contam a História da Natividade. O Natal através do Facebook, Twitter, YouTube, Google, Wikipedia, Google Maps, GMail, Foursquare, Amazon... Os tempos mudam, os meios são outros, mas a história continua a mesma. http://sorisomail.com/email/106109/ahistoria-de-um-natal-digital.html

Natal é festa. E festa pede alguma abundância, algum excesso. A festa tem de ser diferente para se afastar dos dias comuns. Mas em tempo de crise, é necessário alguma contenção, se não mesmo muita disciplina. Porque o país está em crise e, com ele, todos nós precisamos de nos conter. Uma das soluções passa por dar uma preferência aos produtos da região. Deste modo, não só contribuímos para a economia local como podemos fazer algumas boas surpresas nas ofertas que fazemos. Cada um é que sabe quanto quer ou deve gastar num presente. Mas, seja quanto for, é possível encon-

trar nos produtos regionais sugestões muito animadoras. Seja nos produtos comestíveis (e a Marca Mação faz-nos essa sugestão neste número), seja no artesanato regional, seja na produção artística, que também a temos boa, há muitas opção para todas as bolsas. Não há nenhuma boa razão para termos de oferecer e consumir apenas produtos estrangeiros. Desse modo estamos a ajudar a economia de outros países ao mesmo tempo que colocamos mais problemas à nossa. Ao contrário, comprar o que é da nossa região é, mais uma vez, “fazer aquilo que ainda não foi feito”, isto é, preferir o que é nosso.

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Presuntos de Mação vão invadir A23

É uma campanha promocional dos presuntos Marca Mação. Grandes painéis vão entrar pelos olhos das muitas pessoas que passam na auto-estrada da Beira Interior. “Não acha que a A23 ficará muito beneficiada com este vero ícone de Mação?” O pormenor da perna a sair do rectângulo obriga o olhar a fixar-se no painel. E a mensagem está a li a desafiar os olhos e o paladar de quem passa. Ou seja, a sugerir que o presunto passe para a mesa de quem tem bom gosto. É mais um esforço para promover o presunto de Mação e, através dele, a Marca Mação.

MARCA MAÇÃO

Uma garantia de qualidade para o seu Natal Se o Natal é tempo de festa e se esta festa é tempo de dar presentes àqueles de quem se gosta, a Marca Mação anuncia-se como garantia de qualidade. Tanto mais que o tempo está difícil para todos. Comprar Marca Mação é ajuda ao desenvolvimento local, é colaborar activamente com o desenvolvimento do interior, é resistir à desertificação do mundo rural, e é sinal de bom gosto.

A Marca Mação é um projecto liderado pela Câmara de Mação em parceria com os industriais das várias fileiras dos produtos tradicionais do concelho. O presunto é o produto que vai mais avançado, logo seguido do mel. Em ambos os casos há já um “caderno de encargos” que os produtores acordaram entre si para garantirem qualidade de excelência e há um certificação externa independente para garantir ao cliente final que a Marca Mação não é apenas o selo de operação de marketing, mas corresponde a uma qualidade efectiva no produto. Além destes dois produtos, outros estão a preparar-se para se colocarem sob este chapéu de abrigo num mercado de forte competitividade. O azeite, feito de azeitona galega, os enchidos, sobretudo o maranho, o pimentão, e mesmo o queijo de cabra. Estas são as apostas iniciais. O que não significa que outros produtos não possam vir a beneficiar deste projecto. Mação fica, como todos sabemos, no

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cruzamento entre o Ribatejo, a Beira-baixa e o Alentejo. Não é uma zona marcada pela abundância de produtos. Como os solos não eram ricos, “ao longo dos séculos as populações foram melhorando e apurando aquilo que tinham” explicanos Fernando Monteiro, veterinário municipal. Além disso, “temos aqui um microclima que permitiu, e ainda permite, fazer do melhor presunto que há.” A matéria prima seleccionada, o “saber fazer” de muitas gerações e a nova dinâmica da geração actual são os trunfos que o concelho de Mação joga no mercado aberto em que está a competir.

A Marca Mação é recente. Apesar de o trabalho decorrer há vários anos, está a dar os primeiros passos no mercado. A falar verdade, é ainda cedo para tirar conclusões sólidas. Mas há duas que se podem colher com segurança: os primeiros sinais no mercado são positivos e no terreno os parceiros do projecto não escondem o entusiasmo da sua aposta. Agora, é a hora dos consumidores acompanharem, na mesa, o trabalho que os empresários vão continuar a fazer nas suas indústrias. O Jornal de Abrantes associa-se a este esforço com este especial Marca Mação.


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SALDANHA ROCHA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE MAÇÃO

“A marca Mação é um projecto económico, social e ambiental” deriam conjuntamente reflectir e trabalhar este modelo diferenciado numa dimensão mais abrangente. Todos teremos a ganhar se soubermos promover a diferença do nosso conhecimento, a capacidade da nossa excelência.

ALVES JANA

A Marca Mação é um projecto assumido pela Câmara Municipal de Mação como estratégia para acrescentar valor à produção económica concelhia. Fomos ouvir presidente da Câmara que é reconhecido como o homem da “boa ideia”.

E vai ter força suficiente para isso? Que é preciso fazer para que tenha? Porque não? Devemos acreditar nas nossas capacidades de inovação, de criatividade, sempre na lógica da excelência. Protegermos o nosso território, a nossa paisagem, a nossa cultura, a nossa identidade, o nosso “saber-fazer” é promovermos o nosso futuro. Que queremos possível e simples. E temos tudo para isto seja um êxito.

O que é isso de a Marca Mação? A Marca Mação é um projecto de abrangência económica, social e ambiental, com 6 anos de maturação (desde a ideia) que visa distinguir, evidenciar e potenciar o nosso “saber-fazer”, a nossa criatividade, a nossa ruralidade. Quais os objectivos do projecto? O objectivo prioritário e primordial é o de estruturar o futuro do nosso desenvolvimento local e de relevar (para uns…) e revelar (para outros…) um sector primário completamente abandonado e esquecido. Como é que nasceu? Nasce de duas evidências, do meu ponto de vista. Da evidência de quem vive e trabalha numa zona deprimida, despovoada, desacreditada, pouco geradora de receitas - que possibilitem criar riqueza - e ainda acredita neste Portugal da interioridade e da ruralidade. Da evidência de que o “saber” acumulado que os nossos antepassados nos confiaram, adicionando à inigualável qualidade e diversidade dos produtos que esta terra ou região tem como potencial para produzi. De acreditar que é possível um “futuro”qualificado, certificado, diferenciado e, com isso, conseguir uma economia local forte, um desenvolvimento social, cultural e ambiental equilibrado e uma qualidade de vida dos nossos concidadãos idêntica às regiões do país e da Europa mais prósperas. Isto é, termos a noção perfeita e incómoda da nossa realidade, hoje, mas termos a consciência da “teimosia” das nossas capacidades, da nossa criatividade e do idealismo para o futuro que queremos. Como é que funciona? A Marca Mação exige que o caderno de especificações definido para os diferentes produtos seja rigorosamente cumprido por forma a obtermos um produto final devi-

damente validado, certificado, com uma qualidade ímpar, em suma, de excelência. O caminho a percorrer está definido. É este o enquadramento em que as pessoas acreditam. E é neste rigor que todos confiam.

Obtermos os melhores resultados em termos da economia local e regional implica claramente contribuirmos para o nosso Produto Interno Bruto e para uma Balança Comercial com o exterior cada vez mais forte.

Quais os produtos que a Marca pretende abranger? Toda a nossa diversidade de produção é passível de obter este patamar de excelência. Desde o presunto, aos enchidos, passando pelo azeite, azeitonas e polpa, aos diferentes tipos de mel, ao incomparável sabor do nosso pimentão e queijo de cabra, todos são passíveis de acreditação, validação e certificação. Assim os nossos agentes o entendam e acreditem.

Quais os ecos que já se fazem sentir do projecto? Estamos no terreno com esta nova realidade há cerca de um mês. Esta época do Natal também é propícia e os resultados são muitos positivos e animadores. Felizmente que os três primeiros produtores que aderiram a este projecto, já lamentam não terem investido numa maior produção de presuntos certificados com a Marca Mação. É que não vai chegar para as encomendas…

Quais os produtos que já vão mais adiantados e atrasados no processo de certificação pela Marca Mação? Demos o primeiro passo com o presunto, por razões óbvias: não esqueçamos que o Concelho de Mação é responsável por 70% da Produção Nacional do Presunto.

A Marca Mação visa o território regional, nacional ou internacional? Até onde se fará ouvir? Até onde acreditarmos, quisermos e soubermos promover uma estratégia ofensiva de informação, de promoção e de incentivos na busca de novos mercados. Mas aqui o Estado tem que ser cúmplice com uma política nacional para este sector por forma a contribuir para o fortalecimento destas potencialidades. Este modelo poderia e deveria ser replicado fora dos limites do nosso Concelho, quiçá numa visão mais Regional.

Qual o papel da Câmara? E o dos produtores? O espírito é percorrermos este caminho em conjunto, em rede, partilhando ideias, conhecimentos, saberes e uma vontade férrea de querer ganhar.

Veja-se que na nossa “pequenina” região existem vinhos de grande qualidade, vinagres, marmeladas e doçarias únicos, frutos secos, o excelente medronho de Oleiros e da nossa região e, até o artesanato local, porque não?, e tudo isto marcará seguramente a diferença pela genuidade dos produtos e pela qualidade dos nossos sabores e dos saberes de toda esta região. E, aqui, creio que as duas Comunidades Intermunicipais, a do Pinhal Interior Sul e a do Médio Tejo, po-

Já há efeitos na exportação? Ainda não tenho dados que permitam responder com rigor a esta pergunta. Se as coisas correrem bem… o que vai acontecer ao projecto no futuro a médio prazo? O futuro a Deus pertence. O que nós todos gostaríamos, e é para isso que trabalhamos afincadamente, será o de consolidar este projecto, estruturá-lo com alicerces sérios, dinamizá-lo junto de todos os produtores e na diversidade dos seus produtos e elevá-lo a patamares internacionais.

A Marca Mação é um projecto de abrangência económica, social e ambiental, com 6 anos de maturação.

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O presunto Marca Mação Nem todo o presunto que se produz em Mação pode receber a Marca Mação. Actualmente, apenas as empresas que comercializam os presuntos Damatta, Eusébio e Pepe estão a produzir presunto, e apenas presunto, certificado, embora as outras estejam em fases diferentes de adesão ao processo. Mas nem todo o presunto que sai das empresas que vendem presunto certificado pode levar a Marca Mação.

O Presunto Merca Mação é um produto de gama alta, produzido com sujeição a regras muito exigentes. Essas regras foram definidas pelos Produtores de Carnes de Mação e o cumprimento das regras é fiscalizado por uma empresa externa, a Sativa. A marca não é, portanto, atribuída pelos produtores àquilo que eles próprios fazem, pois se assim

fosse o cliente não ia acreditar. Essas regras algumas exigências fundamentais para o que aqui nos interessa: menos sal, o que está de acordo com as novas exigências alimentares, uma gordura específica, um peso entre dez e doze qui-

los por perna, um tempo específico em cada câmara e maior tempo de cura, e cura natural, portanto sem ventilação e apenas sujeito ao ar de Mação. É tudo isto que lhe garante a qualidade superior. Além disso, para garantir a quali-

dade e a certificação, cada presunto Marca Mação tem de ser de uma animal fêmea ou macho castrado e quando entra como perna fresca é marcado a fogo, à entrada, com uma marca a ferro quente, para que todo o processo pode ser fiscalizado e garantido. Por isso, o consumidor final tem a garantia de que está perante um produto da mais alta qualidade, de excelência, um produto gourmet. O Presunto Marca Mação é comercializado com a marca de cada empresa, a que se junta o logótipo da Marca Mação na “gravata” com que o presunto é apresentado.

Como se faz um presunto? O processo é relativamente simples e não tem sofrido grandes alterações ao lobgo dos anos. Entra como perna fresca, portan-

to após o abate do animal, e é sujeito durante uns minutos a uma calda à base de nutrificantes para garantir uma melhor conservação e segurança alimentar na comercialização do produto. Depois, entra na câmara de salga, onde fica coberto de sal durante um certo número de dias, conforme o peso da perna. Por exemplo, se for uma perna de dez a doze quilos, fica entre oito a catorze dias de salga, conforme o tipo de presunto que se está a fazer. Depois, é lavado para lhe retirar o sal e vai para uma câmara de pós-salga. Fica aí cerca de três meses, tempo durante o qual vai perder parte da água natural para ficar mais suculento. Depois, vai para a câmara de cura, a uma temperatura superior e com menos humidade, a fim de apurar até chegar à consistência desejada.

PRESUNTOS DAMATTA

Uma aposta forte na promoção Em Julho passado, no caderno sobre Mação, já anunciávamos que a empresa Damatta é “o líder do presunto em Portugal”. E dizíamos que “a produção do presunto ‘industrial’ começou nos Envendos já em 1907, portanto há mais de um século”. Hoje, a produção dos presuntos Damatta atinge um total de 800.000 unidades por ano, 50% inteiro e outro tanto fatiado, dizíamos então. E já em Julho passado a Sapropor, a empresa que detém a marca, tinha

pronto para entrar no mercado o primeiro lote de presuntos da Marca Mação por si produzidos. Agora, a marca Damatta tem estado a fazer uma intensa campanha de promoção dos seus produtos nos maiores hipermercados do país, como, por exemplo, o Continente de Telheiras e Colombo. Embora seja, como é natural, a promoção dos seus produtos, é ao mesmo tempo a maior promoção em Portugal da Marca Mação.

PRESUNTOS EUSÉBIO

“Se quisemos sobreviver, tivemos de nos adaptar” A empresa Eusébio Catarino & Filho foi fundada em 1951, em Vale Vacas, freguesia de Amêndoa, por Eusébio Catarino, que iniciou a actividade de salsicharia com o famoso porto preto. Na altura havia ainda muito de troca directa entre produtores. Depois, pela maior procura dos seus produtos e pelas exigências das novas normas, em 1989 construiu as novas instalações. Mais recentemente, aderiu à Marca Mação na produção dos seus presuntos, sendo uma das três empresas que já está a produzir com essa certificação. A Eusébio Catarino sucedeu o seu filho Jorge, há 40 anos, que, entretanto, passou o barco aos seus filhos Duarte e Sara. Sara Catarino foi recentemente eleita como presidente da Associação de Industriais de Carnes do Concelho de Mação, associação que é

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parceira da Câmara na gestão da Marca Mação. Hoje, com 16 trabalhadores, a empresa vende para todo o país, de Norte a Sul, para armazenistas e revendedores e retalhistas e também para algumas médias superfícies. As grandes superfícies ainda não serão para já. Além disso,

estão presentes em França, Suíça e parte da Alemanha. Do global da sua produção, 85% é presunto nas suas várias modalidades e 15% salsicharia, isto é, paio de febra, chouriço e chourição. De toda a sua produção, a gama

PRESUNTOS PEPE

A qualidade do presunto numa empresa familiar Foi em 1977 que a Pepe - Industrial de Carnes foi fundada por dois irmãos, Isidro e Domingos Perdiz. Está sedeada em Chão de Codes, concelho de Mação, e produz presunto e salsicharia como paio, bacon, fiambre e chourição. Susana Silva, directora de serviços da empresa e filha de Isidro Perdiz, explicou ao JA que a empresa tem 22 funcionários, trabalha com matéria-prima oriunda de Espanha e do mercado nacional e vende para armazenistas, revendedores, retalhistas e para algumas médias e grandes superfícies. Ao nível internacional, já tem presente o seu produto em Angola, Cabo Verde e Moçambique e está em negociação para ingressar no mercado brasileiro. A Pepe é uma das empresas que já aderiu à produção segundo as normas da Marca Mação e Susana Silva mostra a sua satisfação quando nos diz: “A autarquia e a Associação de Produtores de Carne de Mação estão de parabéns pela forma como têm tratado a minha e todas as empresas familiares do concelho. Têm feito um excelente trabalho!” A empresa tem a característica de para responder às exigências do processo e à procura do mercado ter precisado de crescer em altura, pois não dispunha de mais terreno. Isso causou-lhe naturais dificuldades, mas, explica Susana Silva, “vamos fazendo o nosso melhor, garantido a máxima qualidade do nosso presunto e dos outros produtos”.


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E ASSIM SE FAZEM AS COISAS

Jorge Catarino é um herói anónimo da revolução da indústria dos presuntos Jorge Catarino é a memória viva da história recente dos presuntos do concelho de Mação. Não como espectador, mas como quem fez por dentro essa história. Nada melhor que ouvi-lo contar.

“Eu tirei o Curso Comercial em Abrantes, e terminei em 63. Depois veio a tropa e fui para a Guiné. Terminado o serviço militar, em 1970 liguei-me aqui à actividade do meu pai, Eusébio Catarino. Tínhamos um pequeno matadouro onde fazíamos os abates e a cura dos presuntos. Naquele tempo ainda não tínhamos electricidade, pois a freguesia só passou a ter energia eléctica, se não erro, em 72. Era uma actividade que tinha de ser feita só no tempo do frio. Isso é que era mesmo a cura natural. E aqui estou até hoje” Dito assim, as coisas parecem simples. Mas este é o momento de lembrar que estamos numa aldeia, Vale de Vacas, freguesia da Amêndoa, do interior do concelho de Mação, que é já um concelho do interior profundo do país. No início era uma pequena indústria artesanal e sazonal, hoje é uma moderna indústria que produz no seu sector do melhor que se faz na Europa e com os melhores equipamentos e processos. E mesmo o mercado de então não tinha praticamente nada a ver com o de hoje. Foi uma revolução, um “trambolhão” histórico de que hoje vemos o resultado, ainda em movimento. Jorge Catarino ainda é do tempo em que se trocavam presuntos por mantas de toucinho? “Sou desse tempo, perfeitamente. Antigamente, as pessoas davam mais valor a um bocado de toucinho do chamado ‘porco de bolota’, hoje ‘porco preto’ de que se faz o ‘presunto pata negra’.” O toucinho servia para temperar a panela, ao contrário do presunto que era um luxo. “Nós íamos ao Alentejo buscar

esses suínos, eram abatidos aqui e fazíamos esse intercâmbio com as populações. O nosso abastecimento de perna de porco para o fabrico do presunto era aqui na região, nos concelhos de Mação, Vila de Rei, Sertã, Proença-a-Nova. E então, nós trocávamos a perna de porco por xis quilos de toucinho do porco de bolota e pagávamos alguma coisa em dinheiro para compensar o diferencial. Isto porque naquele tempo o toucinho era mais útil para as pessoas, era o ‘sustento da casa’, como se costumava dizer. Hoje, tudo isso acabou.” Percebe-se a volta que o mundo deu, e a empresa com ele. Como é que foi viver por dentro esta mudança? “Então, quando veio a electricidade, começámos a usar as câmaras frigoríficas, portanto o frio artificial. Depois, com a entrada na Comunidade Europeia, vieram novas exigências. Como as antigas instalações não tinham as condições necessárias, em 1989 tivemos que

construir aqui em baixo. E daí a nossa actividade tem-se vindo a desenrolar.” Como se tudo fosse simples. Mas não foi, de certeza. Por isso é necessário insistir: no interior profundo do país, nada desta mudança é natural, embora hoje possa parecer. Podemos dizer que tudo mudou, tudo teve de mudar, excepto a essência do processo de cura do presunto. E mudar nunca é fácil. Não o é para uma pessoa, muito menos quando se trata de um conjunto organizado, como é uma empresa. Não foi fácil, de certeza, mudar toda a “máquina” do negócio. Mas Jorge Catarino parece dizer que o essencial é a atitude com que se está nas coisas. “Bem… Nós temos de nos adaptar. Por exemplo, ao entrarmos na Comunidade, tivemos de nos adaptar às novas normas. Aí, sim, houve uma dificuldade grande. Porque nós, pequenas empresas familiares, tínhamos uma certa dificuldade de acesso aos apoios comunitá-

rios. Só as grandes empresas é que beneficiavam disso. Por isso, a nossa empresa nunca teve apoio comunitários, foi tudo fruto do nosso trabalho. Mas as coisas têm-se desenrolado. Foi com algumas dificuldades, mas conseguimos chegar até aqui.” Não são ditas, mas adivinham-se horas muito difíceis num tempo de revolução profunda no sector produtivo e no mercado em que Jorge Catarino conduzia a empresa a partir da sua aldeia de modo a integrá-la no “espírito” e na “norma” da União Europeia. E naquele tempo nada era como é hoje. Foi uma mudança muito profunda em, feitas as contas, poucos anos. “Esta é uma zona com vocação natural para a produção de presunto. Nós estamos implantados aqui e os nossos produtos vão até ao Minho e até ao Algarve. É claro que, agora, as acessibilidades são melhores. Naquele tempo, quando eu comecei, não havia a auto-estrada. Para se chegar a Lisboa demorávamos

quatro ou cinco horas. Quando eu iniciei a actividade, os nossos produtos ainda iam para Lisboa pelo caminho-de-ferro. Depois começámos a ter a nossa própria distribuição pelo país a armazenistas e retalhistas e agora a algumas médias superfícies. E houve um salto nos meios tecnológicos, que hoje são completamente diferentes do que era antigamente. E pronto. Temos acompanhado. A nossa empresa, em termos de equipamentos, tem, no nosso sector, o que de mais moderno há.” E como é que, de Vale de Vacas, na Amêndoa, no Mação, se chega aí? Podia ter ficado pelo caminho, que foi o que aconteceu a muitos outros. E esse é um “pequeno-grande pormenor” que não deve ser esquecido. “Nós procurámos, desde que eu vim para aqui, estar informados. Vamos ao estrangeiro, vamos às feiras internacionais, vamos ver os produtos dos nossos concorrentes, em princípio mais avançados do que nós, vamos tirar ideias, vamos ver os equipamentos… Porque grande parte dos equipamentos que nós utilizamos aqui, e os nossos colegas nas indústrias deles, são importados. Ao longo dos anos, com a experiência e a vontade que temos de progredir e apresentar os melhores produtos no mercado… cá estamos hoje e a marca Eusébio está há cinquenta anos na região e temos vindo a melhorar sempre. E por isso também nos associámos à Marca Mação.” Há nesta postura serena muita sabedoria de um herói simples e quase anónimo. A mesma sabedoria que lhe fez, há alguns anos, deixar as rédeas da empresa aos filhos. Os homens passam, a vida continua, e o “saber fazer” da tradição na cura da perna de porco para a produção do saboroso presunto de Mação mantém-se. Graças a heróis como Jorge Catarino.

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12 actualidade

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Jovem de Mação lidera JSD nacional Duarte Marques, jovem de 29 anos, natural de Mação, é o novo líder da Juventude Social Democrata (JSD). O jovem maçaense disputou a liderança da jota social democrata com Carlos Reis, presidente da JSD de Braga, conseguindo 62% dos votos, no congresso realizado no final de Novembro em Coimbra. Duarte Marques sucede ao deputado Pedro Rodrigues, que esteve à frente da JSD durante os últimos quatro anos (dois mandatos) e de quem o novo líder era vice-presidente. No discurso de vitória do congresso, o novo líder dos jotas laranja revelou que uma das prioridades é propor à Assembleia da República, através dos seus deputados, a aprovação de legislação no sentido dos partidos serem obrigados a investir em «formação política, pelo menos dois por cento do financiamento» que lhes é atribuído pelo Estado. Duarte Marques revelou que como vice-director da Universidade de Verão do PSD é necessária uma aposta na formação dos jovens como políticos, até como forma de credibilizar

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Luís Ferreira é o novo director da ESTA Luís Ferreira, doutorado em engenharia mecânica, tomou posse como director da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes no passado dia 2 de Dezembro.

os políticos de amanhã. No congresso esta proposta ou ideia mereceu a concordância do líder do PSD, Pedro Passos Coelho. Duarte Marques defendeu ainda o direito ao voto para os maiores de 16 anos de idade. Duarte Marques é licenciado em relações internacionais, desempenhava até aqui funções no gabinete social-democrata no Parlamento Europeu.

“Eu acredito nesta Escola”, disse em síntese na sua mensagem de apresentação. “Uma escola, para ter qualidade não precisa necessariamente de estar situada numa das três maiores cidades do país. O que conta verdadeiramente é o produto final, são os profissionais que se formam e vão construindo a opinião pública, são o rosto da Escola lá fora. É com esta qualidade que nos devemos preocupar verdadeiramente e não com a nossa interioridade. Não podemos alterá-la, mas podemos vencê-la.” Assim partilhou Luís Ferreira o desafio com todos os que o têm nas mãos. Luís Ferreira conhece bem os cantos à casa, pois foi o primeiro Direc-

tor do Departamento de Engenharia Mecânica da ESTA. E foi daqui que preparou o seu doutoramento que versou os novos materiais compósitos. Mais tarde viria a trabalhar em Angola no lançamento de mais um projecto de ensino superior. Agora regressa a casa para continuar o trabalho que vem de trás. Por isso, no seu discurso de apresentação, Luís Ferreira defendeu que, na continuidade dos Descobrimentos, a ESTA deve colocar “de novo em acção a nossa vocação atlântica”. Agora, as novas naus devem levar “experiência, tecnologia e conhecimento” para vários países onde se fala Português e onde “a nossa presença é muito desejada”. O novo director vem substituir Pinto dos Santos que passa para a vice-presidência do IPT, nomeado pelo novo Presidente do IPT, Eugénio de Almeida que foi o primeiro director da ESTA.


actualidade 13

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Acordo assinado para a requalificação da ponte de Constância A ponte rodoviária sobre o rio Tejo, em Constância, poderá reabrir ao tráfego de veículos ligeiros em finais de Fevereiro do próximo ano, depois das obras de requalificação que vai sofrer.

Depois de muitas reuniões entre as autarquias de Constância e Vila Nova da Barquinha, a REFER e a Estradas de Portugal, com a supervisão do Ministério das Obras Públicas, estas entidades chegaram a um acordo que resultou num protocolo assinado a 3 de Dezembro e homologado pelo próprio ministro António Mendonça. Com este protocolo será lançado de imediato um concurso público urgente de consignação da obra, pela Câmara de Constância, para que os trabalhos mais urgentes decorram durante o mês de Janeiro e a pon-

te reabra ao tráfego de ligeiros no mês seguinte. O protocolo assinado implica um investimento de dois milhões de euros. Deste valor global 80 por cento dos quais será obtido através de candidatura a fundos comunitários a apresentar pela autarquia de Constância, assumindo-se esta autarquia como dona da obra. Dos 20 por cento de comparticipação nacional do investimento a realizar, o município de Constância assume seis por cento das verbas, Vila Nova da Barquinha

quatro por cento, e REFER e EP cinco por cento cada. A consignação deste protocolo visa a reabilitação e reforço estrutural daquela ponte sobre o rio Tejo para reabertura ao trânsito rodoviário a veículos até 3,5 toneladas e a veículos de emergência, assegurando um prazo de vida útil de 50 anos. Ficou ainda estabelecido que a estrutura da ponte será cedida pela REFER ao tráfego rodoviário durante um período de 25 anos, nos termos do aditamento ao protocolo de cedência daquela in-

fraestrutura datado de 1984. Máximo Ferreira e Miguel Pombeiro, presidentes das Câmaras de Constância e Barquinha, salientaram que este não é o melhor acordo mas é o possível, dentro das restrições actuais, para que a ponte possa, o mais rapidamente possível, reabrir ao trânsito. Os autarcas defendem também que de equacione a construção de outras travessias no distrito, como as pontes do IC 3, em Chamusca, e do IC9, em Abrantes.

Um ano depois a avenida do Paiol vai para obras Cerca de um ano depois da intempérie que provocou o desabamento de uma encosta na avenida do Paiol, em Abrantes, as obras, no valor de 80 mil euros, podem avançar. Segundo a presidente da Câmara, o Tribunal de Abrantes autorizou, no início de Dezembro, a entrada das máquinas no terreno privado, onde há um ano aconteceu o desabamento. Segundo a autarca, os primeiros estudos geotécnicos já foram efectuados e a intervenção, de cerca de 30 dias, pode iniciar-se ainda este ano. “Será uma intervenção simples, com a construção

de sapatas que possam sustentar o muro de suporte da encosta em causa”, afirmou, sublinhando de seguida que para que a obra possa ser feita, a avenida vai ser interditada à circulação automóvel durante cerca de um mês. Perante uma obra simples, de construção de um muro de suporte na encosta, o processo foi demorado devido a um diferendo entre a autarquia e o proprietário do terreno. As negociações iniciaram-se de forma directa, mas, faltando o acordo, passaram para os advogados e, à falta de entendimento entre as partes, passou para contencioso judicial.

Jerónimo Belo Jorge

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O olhar da Nersant sobre o Tagus Valley José Eduardo carvalho, presidente do NERSANT, na entrevista que publicamos na página 3, diz-nos que o tecnopolo “não é um projecto fácil”. Pedimos-lhe que precisasse o seu pensamento.

• Augusto Mateus apresenta o Plano Estratégico. TECNOPOLO DO VALE DO TEJO

Tagus Valley já tem plano estratégico para 2020 No dia 17 de Novembro foi apresentado a público, em Abrantes, o Plano Estratégico para a Tagus Valley - Tecnopolo do Vale do Tejo.

O documento desenvolvido pela equipa de Augusto Mateus assenta em quatro sectores. Por um lado, “as duas áreas mais relevantes na região, o agro-alimentar e o casamento da mecânica com a electrónica”, como campos de especialização. Por outro, dois sectores transversais, que não podem deixar de estar presentes, e por serem sectores em expansão:

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as tecnologias da comunicação e a energia. Além destas apostas estratégicas, o Plano apresenta ainda algumas linhas da organização interna e de metodologias de trabalho. Uma das apostas consiste em o Tecnopolo se tornar auto-suficiente, passando a não estar dependente do exclusivo financiamento da Câmara, posição que lhe torna o futuro insustentável se não for corrigida. Para a sua função, o tecnopolo deve assumir-se como mediador entre as necessidades das empresas da região em matéria de inovação

e os centros produtores de inovação, em especial as universidades com bom poder de investigação. Em síntese, tem de ser um serviço de valorização das empresas nele instaladas e das outras da região com as quais tem de estabelecer uma rede firme de relações em matéria de inovação. Além disso, deve assumir-se como um catalizador do empreendedorismo para empresas de base tenológica. Quer isso dizer que o Tecnopolo não deve ser apenas nem sobretudo mais um loteamento industrial. Percebe-se, deste modo,

que o nó do processo consiste em criar uma boa rede de relações entre as empresas a servir e universidades de vanguarda nas áreas em que vai especializar-se. Deste modo, pode tornar-se uma referência e ser procurado pelo que oferece de valor para as empresas. Augusto Mateus assinalou o importante trabalho já realizado no Tagus Valley e o facto de este já ter uma equipa profissional ao seu serviço, mas aponta para que verdadeiros resultados na sua vocação essencial demorem ainda 10 a 15 anos a consolidar-se.

Não é fácil porquê? Porque isto é muito difícil trabalhar na área da inovação. Há um amigo meu que diz que para estes parques funcionarem é necessário ter na sua gestão um americano, nascido na Califórnia, judeu e que tivesse ligações fortes com a China e a Índia (risos). Uma pessoa com este perfil é muito difícil de arranjar. Em todo país, algumas destas incubadoras estão às moscas, pois tenta-se oferecer uma coisa que no mercado não tem procura. É muito mais fácil aparecerem empresas de base tecnológica num ambiente de inovação, sobretudo quando se tem boas universidades ao pé. Neste aspecto, há cidades que têm esta possibilidade, outras não. Terá de haver portanto um voluntarismo, um esforço público muito grande de quem não tem esta possibilidade e nem sempre as pessoas estão dispostas. Contudo, não podemos estar de braços cruzados e se há um projecto devemos seguir em frente. Uma das estratégias terá de ser o benchmarking,

isto é, aprender com os bons exemplos de tecnopólos de sucesso mas que se situam longe de universidades. O Nersant é um dos parceiros da Tagus Valley. Mas está de facto comprometido com o projecto? Em que medida? Nós estamos a participar na gestão. Contudo, não pode haver concorrência entre entidades. E o Nersant não pode servir só para mobilizar clientes ou empresas para o tecnopolo. Devemos encontrar uma forma mais pensada para que o Nersant possa estar não só do lado da procura mas também do lado da oferta. Esta situação está em motivo de reflexão, porque não está bem equacionada. O grande problema do tecnopolo é a complexidade do projecto e o peso esmagador que a Câmara Municipal tem, porque tem de ter, porque mais ninguém financia. E com esta dependência face à Câmara, algumas situações se inibem. Por exemplo, face aos enquadramentos salariais dos técnicos e às políticas de recrutamento e de admissão, nós não concordarmos com algumas situações, contudo não vamos votar contra, pois não temos peso suficiente para isso. Quem tem dinheiro é que manda, a nós cabe-nos perceber isso.


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Concurso de montras em Mação O Natal está aí. Para associar a vila à época em questão, o município está a promover um concurso de montras de Natal. Segundo o vereador da Câmara Municipal de Mação, Vasco Estrela, “o concurso pertence envolver todos os comerciantes da vila, de forma a promover a originalidade e a criatividade de cada um, para dar um brilho superior a este Natal em Mação”. O vencedor será anunciado até ao dia 10 de Janeiro de 2011 e ganhará um certificado de participação na iniciativa.

Como é? Este contentor do lixo está, desde meados de Agosto, sem tampa. Situa-se na Rua da Estação, ao lado de um restaurante e na frente da Casa de S. Miguel (das crianças em risco).Em risco esta-

mos todos nós quando ao telefonarmos mais do que uma vez para o AmbientAbrantes (241360120) e nos respondem que estão com falta de pessoal…! M.L.V.

A onda continua Uma senhora de 99 anos foi assaltada em casa em pleno dia. Dois indivíduos entraram, empurraram-na para cima de uma cama, colocaram-lhe uma almofada em cima da boca e revistaram toda a casa, a sua pequena e pobre casa. Apenas encontraram uma carteira com alguns euros e os documentos da senhora. Foi isso que levaram. Na rua da Câmara, em pleno dia, repita-se. Um carro foi assaltado três vezes em duas semanas no adro da igreja de S. Vicente. Uma casa foi assaltada e toda revirada. Não encontraram valores e nada levaram. Passaram à do lado, onde levaram o ouro que apanha-

ram. Foi na Rua de Angola, no centro da cidade. Um carro foi roubado à hora de jantar na Rua Actor Taborda, também no centro da cidade. Apareceu na Abrançalha. Vários equipamentos públicos e algum mobiliário urbano continua a sofrer maus tratos e a ter que ser reparado, à custa do nosso dinheiro, isto é, com o dinheiro que não vai servir para outras coisas. Se é possível saber quais os estrangeiros que vão incomodar a cimeira da Nato e não os deixar entrar no país, também é possível saber quem nos incomoda todos os dias. E “fazer o que ainda não foi feito”, mas deve ser.

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CENTRO DE NOVAS OPORTUNIDADES PARA QUEM NÃO PÔDE NA HORA CERTA

A validação de competências Há casos em que o adulto já apresenta aprendizagens feitas em contexto não formal. “Ou porque fez formação na empresa onde trabalha, ou porque foi por exemplo dirigente sindical e aí aprendeu muito, ou porque foi dirigente associativo e isso deu-lhe uma boa bagagem”, explica a professora Isabel Pinheiro.

“Se nessa entrevista de diagnóstico se percebe que há um capital de competências que a pessoa tem mas que ainda não estão certificadas, então a pessoa entra no processo de validação e certificação de competências. Trata-se de validar e depois certificar as competências que já possui”, reforça Isabel Pinheiro, “e ajudá-la a adquirir algumas competências que ainda lhe faltem. Se o processo correr bem e forem verificadas as competências

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necessárias, o adulto pode assim receber o certificado do primeiro, do segundo ou do terceiro ciclos ou mesmo do secundário”. Para isso, o adulto começa por reunir-se com os professores do CNO que lhe mostram qual o conjunto de competências que deve apresentar para poder obter um daqueles diplomas, isto de acordo com o “referencial de competências-chave”, o documento que enquadra o processo a nível nacional. O CNO nomeia um tutor que vai acompanhar e ajudar o adulto no seu percurso. E o adulto inscrito inicia a elaboração do seu portfólio, ou seja, um “livro” que vai escrever em que mostra que sabe e como aprendeu aquilo que pretende ver certificado. Além disso, vai fazer a formação necessária para adquirir as competências que ainda não tem.

• Isabel Pinheiro.

Por exemplo, para obter o diploma do ensino básico, o adulto tem de apresentar um conjunto de competências em Matemática para a Vida, Cidadania e Empregabilidade, Tecnologias de Informação e Comunicação, Linguagem e Comunicação. Para obter o diploma do ensino secundário, tem de apresentar outro conjunto de competências

distribuídas pró várias áreas: Cultura, Língua e Comunicação e Sociedade, Tecnologia e Ciência, Cidadania e Profissionalidade. Para adquirir as competências que não tem, o adulto pode frequentar alguma formação que o próprio CNO oferece, mas diminuta, ou frequentar fora formação por módulos ou outra. Há, por

exemplo, quem se inscreva num instituto de línguas para aprendizagem de uma língua estrangeira, ou quem recorra a explicações privadas. Mas o mais comum é as pessoas frequentarem formação por módulos, que existem em várias escolas, entre elas a Escola Solano de Abreu. Mas isso já é fora do CNO. Este tem por função nuclear o processo de “reconhecimento, validação e certificação” de competências e não o de formar as pessoas. Se o processo for bem concluído, a pessoa propõe-se a júri de certificação. É uma espécie de exame final, perante professores do CNO e um avaliador externo. Se tudo correr bem, a pessoa tem direito a um certificado que lhe confere a habilitação do ciclo respectivo. Mas o processo pode correr menos bem. Nesse caso,

o adulto pode ter uma certificação parcial ou pode desistir do processo.

As críticas Isabel Pinheiro não desconhece e não esconde que este processo é alvo de algumas, por vezes grandes, suspeitas em sociedade. “Em primeiro lugar, é necessário perceber duas coisas. Que aqui não se dão diplomas. Nós reconhecemos, validamos e certificamos competências que as pessoas já têm. E já têm porque tiveram oportunidade de aprender, embora sem ser na escola. E porque não as aprenderam na escola, essas aprendizagens não estão certificadas. Depois, é também necessário perceber que o diploma que é passado á pessoa não certifica que ela tenha aprendido o mesmo e tudo o que se ensina na esco-


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O CNO da ESSA em números

la normal. Certifica-se que ela tem as competências que foram definidas como as necessárias para um adulto ser certificado com certo ciclo. Nós levamos o processo a sério e procuramos que as coisas sejam bem feitas.” E por detrás das suas palavras parece-nos ouvir dizer: se as competências necessárias são estas ou outras, isso já não é connosco. Mas Isabel Pinheiro sabe as críticas que se fazem a este processo. Que podem ser resumidas na afirmação de que o CNO serve para dar diplomas a quem quiser e assim aumentar as estatísticas. “Algumas pessoas vêm com essa ideia lá de fora, e quando chegam aqui até reclamam, que afinal isto é mais difícil do que pensavam”, diz Isabel Pinheiro. E insiste. “Este não é um lugar onde se ensina, embora funcione numa escola.

Nascimento: 2008 2008-2009: 31 adultos certificados 2009-2010: 107 adultos certificados Total de inscritos: 739 adultos Continuam em processo: 156 adultos Processos suspensos: 80 Transferidos: 34 Desistências: 62 Aqui reconhece-se e valida-se competências”, explica. “Mas a verdade é que as pessoas que passam por este processo aprendem muito, até pelo simples facto de terem de escrever o livro da sua vida. E ganham muito em auto-estima”, acrescenta a coordenadora do CNO da escola Solano de Abreu. Mas que diria a uma pessoa que lhe fizesse a insinuação das críticas que acima resumimos? “Que não fale do que não sabe. Que se informe e fale depois.”

“Aprender até morrer” Mais de cem pessoas vestiram um fato melhor porque o dia era de vitória. Tinham chegado ao fim do processo de “validação e certificação de competências”. E naquele dia, 26 de Novembro, iam receber o certificado que confirmava o percurso feito. Por isso era dia de festa no Centro de Novas Oportunidades (CNO) da Escola Solano de Abreu. Quando uma pessoa não teve oportunidade de concluir a escolaridade “normal” no tempo também “normal” e decide, mais tarde, oferecer-se uma “nova oportunidade”, a solução é dirigir-se a um Centro de Novas Oportunidades. O da Escola Solano de Abreu é um deles. Nasceu em 2008 e está portanto com dois anos de idade, e cheio de

força. Isabel Pinheiro é a coordenadora e diz-nos como as coisas se passam. A pessoa interessada chega e inscreve-se. Então é-lhe feito um diagnóstico de entrada, através de uma entrevista, para ver qual o caminho a seguir. De acordo com a situação, vários caminhos são possíveis. Um deles é o de frequência de cursos de formação, onde as pessoas podem ir aprender aquilo que não tiveram ainda oportunidade de aprender. Para isso há os cursos EFA, leia-se Educação e Formação de Adultos, ou então a formação por módulos. O técnico do CNO e o adulto inscrito vêem qual é a melhor solução. Alves Jana

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O congresso nacional de Deficientes foi “uma decepção” (No sábado 27 de Novembro) participei no 10º Congresso Nacional de Deficientes, realizado na INATEL da Costa da Caparica, organizado pela Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes (CNOD). O tema principal era “Lutar por um século XXI inclusivo / unir o movimento associativo”.

Uma decepção. O mesmo de sempre: discursos politicamente correctos, feitos pelos mesmos de sempre, formalidades do costume, promessas... Porque tem que se continuar a bater nas mesmas teclas, a fazer o mesmo de sempre? A mim tudo aquilo não me diz nada. Porque não nos juntarmos informalmente e debatermos nossos problemas, trocarmos ideias, dúvidas, unirmos esforços, no lugar daqueles enfadonhos e ultrapassados modelos? Bem, couberam-me uns minutinhos para discursar e neles tentei apresentar factos. Sim, factos. Falar bonito não sei, falar só para agradar não condiz com minha personalidade. Deixo aqui aos meus leitores

o que foquei. 1 - O representante da INATEL social, presente no congresso, tentou vender e vangloriar-se do seu programa “Abrir portas à diferença”. Expliquei-lhe que não é como diz. Eu fui impedido de participar nesse programa, porque as suas unidades hoteleiras não têm casas de banho acessíveis para dependentes e que inclusive naquele momento nem o rosto podia lavar, porque a casa de banho do hotel não permite que entre nela. 2 - Perguntei à mesa onde está a inclusão. Eles (organizadores do congresso) foram os primeiros a discriminar-nos. Somente disponibilizaram transportes a partir do Largo do Rato em Lisboa. Eu e outros que vivemos fora de Lisboa somos diferentes, não temos direito a transporte. Não há verbas para transportes? Recebam-nos através de videoconferência. Não custa nada. Aí se vê que é falta de vontade. Sites da CNOD, APD e maioria é desnecessário procurá-los. Sem-

pre desactualizados e nada apelativos. Será que não sabem que nós dependentes temos como única ferramenta para chegar até eles a Internet? Hoje em dia qualquer leigo sabe e tem uma página na net, mais actualizada que as deles. 3 - Contei-lhes a humilhação que passei ao ser examinado no meio da via pública, no Serviço de Saúde Pública de Tomar, por uma junta médica, por o edifício não tem acessos a cadeira de rodas. 4 - Expliquei-lhes que o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão não faculta transporte a dependentes após alta hospitalar. Que nos despeja e abandona na nossa cadeira de rodas, na estação de Santa Apolónia, Oriente ou outra. 5 - Que estamos impedidos de fazer formação e ou continuar estudos, porque não nos facultam transporte. Que os Centros de Reabilitação Profissional de Alcoitão e ou Gaia, não nos aceitam, porque não têm dinheiro para contratar quem nos auxilie. Novas Oportunidades

É com profunda tristeza que a “CONTANOVA – Contabilidade e Serviços, Lda.” comunica o falecimento do Vasco Nuno Batista Pereira, no dia 16 de Novembro. Neste tempo de choque e tragédia devemos reconhecer o seu papel fundamental no desenvolvimento e crescimento da “CONTANOVA, Lda.”. Integrado que estava, numa equipa que se mantém e que será reforçada, de forma a minimizar os efeitos decorrentes da sua ausência. Queremos agradecer a todas as pessoas que nos acompanharam neste infortúnio, reafirmando o nosso empenho na continuação e manutenção dos objectivos que motivaram a constituição da “CONTANOVA – Contabilidade e Serviços, Lda.” em 1989. A Gerência

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e afins de que tanto se orgulham e publicitam é só para os outros. 6 - Que no dia 09 de Novembro de 2009 relatei estas e outras injustiças a toda a entidade possível, e inclusive a algumas daquelas Associações e nem uma resposta obtive. Somente o Gabinete da Senhora Secretária de Estado, através do chefe de seu gabinete, Dr. Rui Daniel e seu adjunto Dr. Luís Vale se interessaram por mim e me receberam. Inclusive até hoje sempre que sou contactado através do [blogue] tetraplégicos .blogspot.com, por alguém que sofre injustiças, o Dr. Luís Vale me auxilia, tendo já desbloqueado imensas situações. Do associativismo nada. O que não pude dizer, visto a mesa ter-me interpelado que meu tempo tinha esgotado: a) Centro de Reabilitação de Alcoitão deixa muito a desejar. b) Conseguir uma assinatura dos centros de saúde numa credencial, que autorize nossa ida a uma consulta com um especialista, é na maioria das vezes recusado. c) Conseguir Ajudas Técnicas/Pro-

Eduardo Jorge

dutos de Apoio neste momento é quase impossível. d) Apoio domiciliário é inexistente. e) Ir a umas urgências hospitalares, só pagando transporte, etc, etc e etc. Houve uma Mãe que no seu discurso emocionante, de procura de respostas, muito incentivou o mostrarmo-nos, irmos para a rua. Sempre achei uma excelente ideia, como em tempos o mostrei publicamente. Pensem nisso.


cultura 19

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LUGARES COM HISTÓRIA

O Convento da Esperança TERESA APARÍCIO

Situava-se este convento na que é hoje a rua Actor Taborda, junto ao edifício do Colégio de Nossa Senhora de Fátima, e o que resta dele é ocupado pela chamada Casa da Esperança, propriedade das irmãs Doroteias, residentes no edifício do colégio. Este espaço que foi ocupado, depois, por várias instituições, está agora novamente nas mãos de religiosas e a ser conhecido pela sua evocação inicial.

Do convento resta pouca coisa: algumas marcas na arquitectura do edifício, a bonita porta renascentista em pedra trabalhada que dá para a rua e o amplo espaço da igreja, que ainda conserva alguns vestígios desta – inscrições, sepulturas, uma pedra brasonada, etc. Este convento foi fundado em 1548, no reina-

do de D. João III e teve o seu primeiro assento junto da Ermida de Nossa Senhora da Ribeira, templo muito antigo (há uma referência a ele num documento de 1227), que se situava em Alferrarede, perto da Rotunda do Olival e o seu nome ainda sobrevive na toponímia local. A iniciativa da construção do mosteiro deve-se a D. Brites de Jesus, que passando por Abrantes em peregrinação para Jerusalém, não se sabe por que razão, mudou de ideias e resolveu ficar por aqui, dando depois início à fundação do convento. Ela e as suas companheiras abraçaram a Regra Terceira de S. Francisco e ficaram a obedecer ao bispo da Guarda. Mas o sítio era húmido e doentio e as instalações muito acanhadas pelo que D. Brites resolveu pedir licença ao provincial para se mudar para outro local mais saudável, agora

já dentro da vila. O seu pedido foi atendido e em 1576 já ocupavam provisoriamente uns anexos da Capela de Santa Ana, na rua de Santa Iria, passando então a ter como padroeira Nossa Senhora da Esperança. O novo edifício do convento lá se foi construindo lentamente, passando por várias vicissitudes e dificuldades, sobretudo de ordem

económica, tendo sido no período filipino que as obras tiveram um maior incremento. Foi também no mesmo período (1583) que os estatutos foram reformulados, passando as freiras, desde então, a pertencer à regra de Santa Clara. Ali viveram até Janeiro de 1809, altura em que foram mandadas desalojar por alguns terrenos do convento

estarem compreendidos dentro do traçado das obras de fortificação que se iam fazer na vila, tendo sido as monjas transferidas para o mosteiro de Via Longa, próximo de Vila Franca de Xira. O edifício foi depois utilizado por outras instituições: departamentos militares e a igreja foi concedida à Câmara Municipal que a conver-

teu em teatro. Ali funcionou, durante cerca de um século, o Teatro Taborda, onde se realizaram inúmeras representações teatrais, saraus, bailes, etc. Foi um local de referência para os abrantinos, uma casa de cultura, de divertimento e de convívio para muitos que ali passaram horas inesquecíveis, até que acabou por ser encerrado, pois já não oferecia as necessárias condições de segurança, dado o adiantado estado de degradação em que se encontrava. Finalmente, ainda não há muitos anos, o edifico voltou para as mãos de uma congregação de religiosas, as irmãs Doroteias, que o adquiriram e o têm posto ao serviço da comunidade. Bibliografia: Morato, Manuel António, “Memória Histórica da Notável Vila de Abrantes”, edição da Câmara Municipal de Abrantes, 1982

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cultura&espectáculos

“À prova de fogo e de bala”

AGENDA DO MÊS

Nada melhor do que dar a palavra à artista, Andrea Inocêncio: “Tendo em conta que as Mulheres são protagonistas dos processos de socialização e de integração cultural através da educação das crianças, penso, não só, na figura da mulher como mãe-educadora e de suporte familiar, mas também como a sua imagem se tornou poderosa no âmbito religioso, erótico e publicitário. Desta forma, aborda-se a temática da violência praticada contra a mulher e da igualdade de género sem adoptar uma posição fatalista nem de denúncia sensacionalista. Opta-se antes por focalizar a figura da mulher como construção sócio-cultural complexa que permite pensar o lugar que ocupam as imagens da mulher na construção de identidades, no intercâmbio e produção cultural. “Procura-se assim construir imagens ba-

Até 31 de dezembro - Exposição de Natal - Artesanato - Posto de Turismo, de Segunda a Sexta-feira, das 9h30 às 17h30 Até 31 de dezembro - Exposição -Marcas de Fé - Registos, Presépios e Memórias - Autoria de Teresa Sáez Salgado e Rita Elias Sáez Biblioteca António Botto, das 9h00 às 19h30 Até 31 de dezembro - Exposição - Quando a arte é um hobby, trabalhos de alunos do curso de artes decorativas - Biblioteca António Botto, das 9h00 às 19h30 De 15 de dezembro a 31 de maio de 2011 - Exposição - Memória dos sítios - Colecções do Museu D. Lopo de Almeida – Museu D. Lopo de Almeida, Castelo de Abrantes 17 de dezembro - Teatro de marionetas - As cozinheiras de livro, de Margarida Botelho - Biblioteca António Botto, às 14h30 18 de dezembro a 28 de janeiro de 2011- Exposição - À prova de fogo e de bala, de Andrea Inocêncio - Galeria Municipal de Arte - Terça-feira a Sábado, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h30 CINEMA ESPALHAFITAS Cine-teatro São Pedro, às 21h30: 15 de dezembro Desassossego - com a presença do realizador João Botelho 22 de dezembro Mistérios de Lisboa, de Raul Ruiz 29 de dezembro - Embargo, de António Ferreira

Abrantes

seadas nas personagens de banda desenhada – as super-heroínas – recriando-as a partir de uma visão e vivência feminina. ““À prova de fogo e de bala” é um projecto transdisciplinar e multidisciplinar no qual se insere uma série de foto-pinturas. Para a realização destas obras contou-se com a colaboração de 15 mulheres e crianças, desde os 10 aos 60 anos, como modelos fotográficos dos figurinos que elas próprias criaram e elaboraram - através da participação voluntária em workshops de criação artística realizados em parceira com a Associação de Mulheres de Pescadores e Armadores de Ilha Terceira e com a UMAR–Açores, delegação da Terceira e de S. Miguel. Na galeria Municipal de Arte, em Abrantes, de terça-feira a sábado, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h30.

Espalhafitas dedica Dezembro ao cinema português

Biblioteca do Sardoal festeja anos com concurso de presépios

O Espalhafitas, secção de cinema Palha de Abrantes, dedica o mês de Dezembro ao cinema português, com a particularidade de ter durante as sessões alguns dos realizadores. A 15 de dezembro terá lugar “Desassossego”, um filme de João Botelho, que adapta uma obra de Fernando Pessoa para o grande ecrã. O realizador vai estar presente neste dia para falar sobre o filme e interagir com os cinéfilos. Na quarta-feira seguinte, 22 de Dezembro, é a vez de “Mistérios de Lisboa” estrear em Abrantes. O filme foi realizado pelo Chileno Raul Ruiz mas a história pertence a Camilo Castelo Branco. No fim do mês, a 29 de Dezembro, o realizador António Ferreira mostra “Embargo”, também este adaptado de um livro, desta vez de José Saramago. As sessões são no Cine-teatro São Pedro, às quartas, às 21h30.

Zahara nº 16 já nas bancas A vida de Jacinto Abreu contada na primeira pessoa com uma força pouco vulgar, ou a profissão já desaparecida das lavadeiras ou ainda a produção de azeite nas Mouriscas são alguns dos temas que se podem encontrar no nº 16 da revista Zahara que já se encontra à venda. Mas quem preferir temas de arte tem um trabalho sobre os azulejos da igreja da Atalaia. A curiosidade jornalística dos números únicos é outro trabalho. E a apresentação do museu de Vila de Rei. Mas o tema forte é a República centenária nos concelhos de Abrantes, Constância e Sardoal. São 96 páginas de história local numa revista que já se publica há 8 anos.

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A Biblioteca Municipal de Sardoal celebrou o seu 13º aniversário a 6 de Dezembro e para comemorar a efeméride, lançou dois concursos a que responderam dezenas de pessoas. A concorrer estiveram 23 presépios feitos de plasticina, barro, tecidos, materiais reciclados e musgo, elaborados por alunos do 1º Ciclo de Sardoal ajudados por pais e professores. Ricardo Silva viu o seu presépio vencer este concurso, seguido de Henrique Chambel, ambos alunos de Sardoal. O concurso literário recebeu 19 contos e foi ganho por Carlos Jesus Gil, de Coimbra. Também em destaque está um conto feito por Nilton Silveira, de Porto Alegre, Brasil e em terceiro lugar, André Fernandes, do 1º Ciclo de Sardoal, que escreveu “Um Guizo Especial”. Tanto os presépios como os contos podem ser vistos na Biblioteca de Segunda a Sexta-feira entre as 9h00 e as 12h30 e 14h00 e 17h30.

Barquinha Até 31 de dezembro Mostra Bibliográfica sobre Augusto Abelaira – Biblioteca Municipal 19 de dezembro - Mega concentração de Pais Natal

- Campanha de solidariedade para a Creche da Atalaia - Largo 1º de Dezembro, às 14h00

Constância Até 31 de dezembro bio-bibliográfica Mostra sobre José Fanha - Biblioteca Municipal Alexandre O’Neill, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h30 Até 2 de janeiro - Exposição de Presépios, de Madalena Graça Vieira - Posto de Turismo, das 9h30 às 13h00 e das 14h30 às 17h30 18 de dezembro - Ateliê Presépio tradicional -O Natal no Museu - Museu dos Rios e das Artes Marítimas, das 14h00 às 17h30

Mação 18 de dezembro - Concerto de Natal - Percussão e Coro do Conservatório de Música FirMação, Grupo Coral - Os Rurais, Grupo Cultural Os Maçaenses e Filarmónica União Maçaense - Igreja Matriz de Mação, às 18h00

Sardoal Até 28 de janeiro de 2011 - Exposição - Colecção de Arte Contemporânea, de vários autores - Centro Cultural Gil Vicente, de Terça a Sexta-feira das 16h00 às 18h00 e aos sábados das 15h00 às 18h00 19 de dezembro - Concerto de Natal - Coro misto Canto Firme - Centro Cultural Gil Vicente, às 16h00 7 de janeiro de 2011 - Caféteatro pelo GETAS – Bar do Centro Cultural Gil Vicente, a partir das 22h30 II Mostra de Teatro de Sardoal – Centro Cultural Gil Vicente, às 16h00: 18 de dezembro – “Dom Quixote”, pelo GETAS.



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CLASSIFICADOS

Aluga-se Moradia rústica T4 Região de Sardoal. 966213138

Vende-se apartamento r/c, 3 quartos, sala, cozinha, wc. Charneca do Maxial, nº 49, Tomar. 55 mil euros. 915873478 Vende-se vivenda r/c - 1º •andar, quintal. Charneca do Maxial, Tomar. 240 mil euros. 913075053 Vendo Vivenda 123 m2 e - Vende- • •mos -Compramos Terreno 185 m2 com árvores, Artigos criança em 2ª mão. Rua Alexandre Herculano, 32 Abrantes. Telemóvel. 968142525 de um empre•gadoPrecisa-se que tenha família, para guardar ovelhas e regas. Telefone: 241833122

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Vasco Manuel Coelho Damas 20.05.1942 - 23.12.2002

Missa de 8º Aniversário 23 de Dezembro pelas 19h15 na Igreja de S. Vicente em Abrantes

Porque a dor é grande E a perda irreversível Resta-nos a memória Dos momentos que vivemos contigo

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Seus pais Maria Rosa e Fernando, irmão, cunhada, sobrinhos, Telma e restantes familiares, na impossibilidade de o fazerem pessoalmente, agradecem, por este meio, a todas as pessoas que participaram nas cerimónias fúnebres do Vasco ou que, por qualquer forma, manifestaram o seu pesar. A todos o seu bem-haja.

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saúde 23

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SAÚDE É ...

Secção da responsabilidade da Unidade de Saúde Publica do ACES do Zêzere

O que fazer ao lixo? O tratamento dos resíduos obriga a um conjunto de normas e procedimentos desde a produção, recolha, transporte, armazenamento, tratamento, valorização e eliminação, que caso sejam violados poderão representar um grave problema de Saúde Pública, com riscos para a saúde humana ou ambiental. Resíduo Hospitalar (RH) é “ ...o resultante de actividades médicas desenvolvidas em unidades de prestação de cuidados de saúde, em actividades de prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e investigação, relacionado com seres humanos ou animais, em farmácias, em actividades médico-legais, de ensino e em quaisquer outras que envolvam procedimentos invasivos, tais como acupunctura, piercings e tatuagens” – DL n.º 178/2006, de 5 de Setembro. No Despacho n.º 242/96, de 13 de Agosto, está contem-

plada a classificação dos RH, que tem subjacente a triagem dos mesmos, de modo a garantirmos a minimização dos riscos de forma economicamente sustentável. A gestão eficaz de RH implica a participação activa de todo o pessoal envolvido na produção e tem subjacente a regra dos 5 R – Reduzir, Reciclar, Reutilizar, Recuperar e Responsabilizar. Os resíduos hospitalares classificam-se em: RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS: GRUPO I – RESÍDUOS EQUIPARADOS A URBANOS: resíduos provenientes de serviços gerais; GRUPO II – RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS: Não estão sujeitos a tratamentos específicos, podendo ser equiparados os urbanos, como é exemplo o material ortopédico, não contaminados e sem vestígios de sangue. Este grupo de resíduos são valorizáveis, pelo que se deve providenciar a existência de ecopontos, para

a sua reciclagem. RESÍDUOS PERIGOSOS: GRUPO III: Resíduos hospitalares de risco biológico, resíduos contaminados ou suspeitos de contaminação, susceptíveis de incineração ou de outro pré-tratamento eficaz, permitindo posterior eliminação como resíduo urbano; GRUPO IV: RESÍDUOS HOSPITALARES ESPECÍFICOS, resíduos de vários tipos, de incineração obrigatória como por exemplo os materiais cortantes e perfurantes. Os resíduos do grupo III e IV são colocados em contentores próprios, fornecidos pela empresa responsável pelo seu transporte e tratamento. Todos temos um papel importante na promoção da saúde pública e na preservação do nosso planeta, é importante que cada um faça o seu ! Margarida Arnaut Enfermeira

CENTRO MÉDICO E DE ENFERMAGEM DE ABRANTES Largo de S. João, N.º 1 - Telefones 241 371 566 - 241 371 690

C O N S U LTA S ACUPUNCTURA Dr.ª Elisabete Alexandra Duarte Serra ALERGOLOGIA Dr. Mário de Almeida; Dr.ª Cristina Santa Marta CARDIOLOGIA Dr.ª Maria João Carvalho CIRURGIA Dr. Francisco Rufino CLÍNICA GERAL Dr. Pereira Ambrósio - Dr. António Prôa DERMATOLOGIA Dr.ª Maria João Silva GASTROENTERELOGIA E ENDOSCOPIA DIGESTIVA Dr. Rui Mesquita; Dr.ª Cláudia Sequeira MEDICINA INTERNA Dr. Matoso Ferreira NEFROLOGIA Dr. Mário Silva NEUROCIRURGIA Dr. Armando Lopes NEUROLOGIA Dr.ª Isabel Luzeiro; Dr.ª Amélia Guilherme

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OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA Dr.ª Lígia Ribeiro, Dr. João Pinhel OFTALMOLOGIA Dr. Luís Cardiga ORTOPEDIA Dr. Matos Melo OTORRINOLARINGOLOGIA Dr. João Eloi PNEUMOLOGIA Dr. Carlos Luís Lousada PROV. FUNÇÃO RESPIRATÓRIA Patricia Gerra PSICOLOGIA Dr.ª Odete Vieira; Dr. Michael Knoch; Dr.ª Maria Conceição Calado PSIQUIATRIA Dr. Carlos Roldão Vieira; Dr.ª Fátima Palma UROLOGIA Dr. Rafael Passarinho NUTRICIONISTA Dr.ª Carla Louro SERVIÇO DE ENFERMAGEM Maria João TERAPEUTA DA FALA Dr.ª Susana Martins

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