Especial 11 de Agosto - Tatuí 192 anos - VOSS DA anos HISTÓRIA Especial 11 de Agosto - Tatuí 191
12/08/2018
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A Orquestra do Céu: tributo aos amigos músicos de Tatuí De repente, em pleno sábado, dia 1º de novembro, véspera de Finados, parte tão rápido o nosso amigo trompetista, cantor, dono de um gosto musical muito eclético, amigo, simples, humilde, bom de conversa, talvez o único tatuiano que me chamava de Luiz! Falo do meu amigo “Carioca”, ou Valter Leite. Foi tão rápido que nem deu tempo de me despedir oficialmente! Soube que fizeram uma homenagem através do grande trompetista Leopoldo Artuzo, muito justo e merecido! E aí, eu fiquei pensando, será que Deus não estaria montando uma orquestra no céu para acompanhar o coro dos anjos? Pois Tatuí é conhecida como Capital da Música, possui um universo de vários estilos musicais e, como muitos músicos e musicistas já foram chamados, me veio a ideia de escrever este artigo como forma de homenageá-los. Se pensarmos no estilo musical da “seresta”, temos cantando e encantando as noites, dias de Tatuí, nas praças, clubes, casas, os nossos queridos Seresteiros com Ternura, com Inês, Adilson Pavanelli, João, Edson e Leo no acordeom. Mas, vamos relembrar os nossos cantores e violonistas daquele tempo: Osmil Mar-
milhares de lugares e com quem tivemos o prazer de vencer três festivais com a música “Flor Canção”, que é o grande Roberto Rosendo. No cavaquinho, tivemos Wilson Bossolan, Zé Rolim e Caio; no bandolim, o Zé Fiuza; no acordeom, o Dom Hegar; na flauta, o Módena. Na verdade, fui contaminado pelo som da música no seu todo, desde criança: sons da bandinha do Jardim da Infância, fanfarras, bandas de coreto, bandas de procissão, as “furiosas” como eram chamadas, com seus dobrados com cara de Interior; bandas de baile, corais; orfeão da professora Aline, professor José dos Santos; dos ensaios no Tatuí Clube e no anfiteatro do “Barão de Suruí” para a gravação da “Sinfonia da Pátria - o Sonho de Anchieta”, do qual ainda tenho o vinil. A apresentação no Cine Santa Helena, pois o teatro do Conservatório de Tatuí estava em construção... Tudo isso vindo num crescente dentro de mim, foi amor aos primeiros acordes! Na década de 60, surgem em Tatuí os então conjuntos musicais, e aí começa a minha história musical. Lembrei-me de uma noite em que, pas-
The Johnnies’ 60 (2ª fase) - Na bateria, Didi; baixo e vocal, Dirceu; guita rra, Burt; teclado e vocal, Zé Emílio; vocal principal, Voss (sentado)
tins, seu irmão Raul, Norberto (Conde), Noel Rudi, Ari Zani, Genimar Salles e José Carlos Severino (que ensinaram muita gente a tocar violão); Marivalton, Vadô Lua, José Carlos Oliveira, Nego, Joaquim Mistura, Edgar Vieira, João do Irineu, professor Paulo Ribeiro, Marcelo Diniz e outros. Quero citar um grande músico e seresteiro que levou e elevou o nome de Tatuí para
seando com a minha bicicleta Göricke preta, passei defronte a uma casa na rua Cel. Lúcio Seabra, de onde vinha um som de Carnaval. Parei, fui ver o que era aquilo e vi um senhor baixinho, conhecido como João Meu, que era sapateiro de profissão e músico por paixão, tocando seu sax, e mais alguns músicos ensaiando “Mamãe Eu Quero”, em um ensaio de Carnaval. Naquele tempo, no Carnaval,
as músicas eram só com sopro e percussão e o cantor tinha de ser afinado e “bom de ouvido” para não sair fora do tom. Nesse tempo, já existia o Jazz Tro-lo-ló em Tatuí. Mas o tempo vai passando e surge a bossa nova. Aparecem os conjuntos musicais para animar bailes em Tatuí, já que, nessa época, nós tínhamos os clubes Tatuiense, Recreativo, Tatuí Clube, Sociedade Italiana, Clube da Princesa Isabel e outros. Acredito que o precursor de música de baile com a influência da música americana foi o grupo Star Night. Já começava pelo nome em inglês, e, em pesquisa em meu acervo, encontrei em jornais de 1992, no Stopim (caderno de “O Progresso de Tatuí”), uma entrevista com o José Roberto Bertrami. Lá, vi algumas fotos nas quais aparecem: o Márcio (bateria), Miguelito (contrabaixo), Eliseu (percussão), Zé Roberto (piano), Grilo (violão elétrico), Og (sax tenor), Carioca (trompete), Arnaldo Minghini (acordeom), Marco Coruja, Bastinho, Paulo Ferreira, Edilberto. Nos vocais: Ditinho Rolim e Geraldo Padre. E, na direção geral, o pianista Mário Edson! Lembrei-me de uma certa noite em que fui com a minha irmã, a professora Maria Eugênia, na casa da dona Nair, que era costureira, e do senhor Delfino Leite, para ouvir um disco que tinha chegado em Tatuí e era o grande sucesso do mundo: Ray Conniff. Também foram a Maria Elisa Longhi e a Peti, que se apresentavam como vocalista do Star Night. Naquela noite, voltei alucinado com o som das vozes e dos instrumentos em seu “tchururu-tchururu”. Nessa noite eu fiquei conhecendo o Valter Leite, pois foi na casa dele que eu ouvi esse som. Ele começou a estudar “pistom” (trompete) no Conservatório e
s, Paulo GueThe Johnnies (1ª fase) - Vos t, no Clube Tati i, Did eu, Dirc lo, Zé Emílio, de 1969 ro emb Recreativo, em 7 de set
aí seguiu sua carreira musical, e, pelo sotaque, jeito diferente de falar, foi batizado de “Carioca”. Tatuí começa a viver a febre dos conjuntos musicais. Surgem: “Os Tonais”, com Neves no órgão, Raul Martins no baixo, Miguelito na guitarra, Mario Tomé na bateria e Dito Rolim nos vocais. A primeira vez que eu os vi e ouvi foi no Clube Tatuiense, durante um almoço beneficente! Com o surgimento da bossa nova - esse gênero musical que mexeu com o mundo e colocou o Brasil no cenário internacional -, em 1964, alguns músicos tatuianos se juntam e formam “Os Tatuís”: Zé Roberto Bertrami (piano e arranjos), Claudio Bertrami (contrabaixo), Eliseu Campos Vieira (bateria), Og Vasconcelos (sax tenor), Ivo Mendes (pistom) e Aresky Arato (órgão), que gravaram um disco com 12 músicas ícones da bossa nova. Lá se vão mais de 50 anos e, graças ao meu amigo Eliseu, consegui uma cópia em CD desta joia rara. Nessa história musical, surge também a jovem guarda e a “beatlemania”. Nesse mesmo ano, estávamos em uma festa junina no então Instituto de Educação Barão de Suruí. Eu de padre e o Reizinho, de coroinha, e surge na noite um grupo musical cha-
mado “Pássaros Vermelhos”, que, praticamente, era o primeiro grupo na linha guitarra-baixo-bateria-sax e “crooner” (cantor). Tocaram uma música do Renato e seus Blue Caps, “O Meu Primeiro amor”. Em seguida, o nome mudou para “Filtsons”, que foi formado por: bateria – Lauri e depois João Preto; guitarra-base – José Carlos Tambelli; guitarra–solo e vocal – Maurício; baixo – Isaac e depois Fia; órgão – Tato; pistons – Zé Paulo; e sax – Bigorna. Cabe destacar aqui a presença do senhor Ciro Tambelli, empresário que muito investiu em equipamentos e os colocava em muitos bailes e shows por todo o interior. Nesta proposta musical dos Filtsons, surge a época de uma banda em cada bairro. Eu mesmo, em 1965, numa brinca-
José Roberto Bertrami
deira de casa na rua Santa Cruz, juntei-me aos amigos Jarbas e Didi, e surgem “Os Leopardos em Brasa”, cantando em uma festa de aniversário a música “O Muro de Berlim”, dos The Jordans. O mundo vive o nascimento dos The Beatles, The Rolling Stones, e a Maria Eugênia nos batiza de “The Jhonnies”, que teve, em sua primeira fase: José Erasmo Peixoto, Cacá Vasconcelos, Paulo Xocaira, Tatit, Toninho Bonga. A partir de 1970, ficaram na banda: Zé Emílio – teclado; Dirceu – baixo; Burt – guitarra; Didi – bateria; e na voz, Voss. Na época, era uma banda de vanguarda, tocando muito rock’n’roll, Mutantes e sons internacionais. Na rua 15 de Novembro, em pleno domingo, às 9h, eu estava indo para a missa dos jovens quando ouvi um som “chapado” para a época: “Era um garoto que, como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones”. Ali nascia, na casa do Cassiano, “Os Pinguins”: Cassiano – bateria; Geraldo Corinthinha – guitarra-base; José Carlos Mariano – guitarra-solo; José Francisco – baixo (que, inclusive, fabricou o seu, copiando o Hofner do Paul McCartney); Simeãozinho – órgão; e Celsinho – vocal. Na rua 13 de Maio, na casa do doutor Aniz e dona Modesta, o som