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Índice
editorial de abertura
a importância da boa relação Peter Drucker, reconhecido como o pai da administração moderna, dizia que “a melhor forma de prever o futuro é criá-lo” e que “o plano de longo prazo não lida com decisões futuras, mas com o futuro das decisões presentes”. As incertezas trazidas pelo momento por que a sociedade passa, em meio a uma pandemia nunca vivida por nossas gerações vivas, é um convite para fazermos uma reflexão sobre como chegamos até aqui, mas, acima de tudo, como seguiremos rumo ao futuro. O setor sucroenergético brasileiro chegou com muita força em 2021, reforçando a liderança mundial na produção e na exportação de açúcar, sendo parte do maior programa de transição energética do planeta já realizado, com forte presença do etanol, supridor de oferta importante de energia elétrica para o País, e, além disso, possuindo um potencial tremendo na oferta de biogás. Tudo isso utilizando da maior vantagem comparativa do Brasil, a sua vocação e a competitividade agrícola. Esse é o trabalho dos valorosos produtores brasileiros que, mesmo com todos os altos e baixos dos últimos anos, continuam resilientes e firmes para serem cada dia mais produtivos, inovadores e competitivos. A gestão empresarial é complexa e demanda vários tipos de habilidades e tempo em diversas áreas, como a de recursos humanos, operacional, financeira, comercial, marketing. Além do trato e cuidado com o relacionamento junto aos diversos stakeholders ligados ao ecossistema produtivo. Essa interface tem se mostrado extremamente importante, com a finalidade de criar um ambiente mais amigável e que dê suporte ao desenvolvimento e ao crescimento dos empreendimentos, rumo a um futuro mais sustentável e seguro. É nesse contexto que as associações e os sindicatos têm mostrado a importância do seu papel de articulação no trabalho institucional e/ou político bem-feito, em prol dos interesses do setor sucroenergético, em nível local, regional e nacional. Essas entidades são, hoje, profissionalizadas e possuem um histórico fantástico de conquistas que ajudaram o setor a chegar a 2021 mais forte e competitivo. Foram decisões surgidas no âmbito dessas diversas associações, com participação dos empresários, e articuladas
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com o centro de decisão, que propiciaram que o País, por exemplo, seja o único do mundo onde um motorista pode chegar a um posto de combustível e abastecer o seu veículo exclusivamente com biocombustível. Desde o Proálcool, criado para que o País fizesse frente à crise internacional do petróleo nos anos de 1970, até mais recentemente, com a criação do RenovaBio, foi o trabalho institucional articulado pelas associações/sindicatos com outras esferas, como a academia e outros segmentos econômicos, que possibilitou a criação de políticas tão importantes para o setor, com benefício para toda a sociedade. Também não podemos deixar de citar o grande trabalho realizado ao longo dos últimos 30 anos de abertura de mercado ao açúcar brasileiro, atualmente exportado para as várias partes do mundo. O Brasil é um país com regime democrático e, apesar de alguns não entenderem bem a importância da política na vida social, essa ou a melhor decisão política sempre terá um papel determinante na construção do futuro. Nesse momento, em que a política se mostra tão diversa e mutante, as associações são fundamentais para aglutinar as necessidades de seus associados, formar uma base de conhecimento sobre as demandas e articular os pleitos, seja no Executivo, no Legislativo ou no Judiciário, bem como numa atuação consistente junto à opinião pública. Apesar de ser também legítima, a atuação individual é mais difícil e arriscada e pode encontrar muitas resistências no trato na esfera institucional/política. Um bom exemplo dessa ação institucional efetiva da associação dos produtores sucroenergéticos de Minas Gerais, relativamente recente, foi o trabalho junto ao Legislativo e ao Executivo que levou à redução da alíquota de ICMS do etanol hidratado, gerando competitividade e criando um mercado que antes não existia. Da mesma forma, podemos citar outros estados, como São Paulo, que foi pioneiro na diferenciação de alíquotas de ICMS. Os estados do Centro-Oeste, com suas políticas de atração de investimentos e incentivos ao consumo doméstico, alguns estados do Nordeste, com excelentes regimes tributários, contribuíram para estancar o fechamento de unidades produtoras e propiciaram novas oportunidades produtivas para a região.