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Índice
as tendências do mercado de etanol Com essa perspectiva, estamos estimando nova redução na oferta total de etanol de cana-de-açúcar, de 27,7 mi/m³ para 25,2 mi/ m³; por outro lado, a produção de etanol de milho crescerá mais 30% em relação a essa safra, alcançando 3,3 M. Resumindo, a região Centro-Sul deverá produzir, na safra que se aproxima, 28.4 M/m³ de etanol, uma redução de 6,5% em relação ao que produzimos e ofertamos em 2020/2021. Com a população sendo vacinada ao longo do ano, espera-se a recuperação de vendas de combustíveis do ciclo Otto, com vendas crescentes, voltando ao volume pré-pandêmico. Com a tributação de 20% sobre o etanol importado, os preços projetados no mercado futuro americano e a manutenção do câmbio atual, qualquer arbitragem estará fechada, razão por que não acreditamos na entrada de volumes expressivos de etanol importado. Com essa previsão, é necessário que a produção de etanol anidro seja priorizada pelas usinas brasileiras, para garantir o suprimento do mercado carburante, cuja mistura de 27% na gasolina precisa ser mantida. Com a limitação de produção da safra do Norte e Nordeste, diante de um mercado crescente de combustíveis, estamos prevendo a necessidade de transferência de volume superior a 2 milhões de m³ da região Centro-Sul. E qual será a precificação do etanol? Os indicadores que temos para o ciclo que iniciará em abril de 2021 são bastante favoráveis para o setor sucroenergético, vejamos: • Pelo lado agrícola, teremos redução de oferta total de cana e ATR; • Na indústria, forte mix na produção de açúcar, com elevado volume de exportação já comprometido; • Comércio exterior com arbitragem fechada para importações de etanol, especialmente ao Norte e Nordeste; • Necessidade de expressivo volume de transferência do Centro-Sul para o Norte e Nordeste do País; • Demanda de combustíveis em recuperação, especialmente após a população ter sido vacinada; • Maior demanda de automóveis novos; • Projeção do barril de petróleo acima de US$ 55, e com câmbio oscilando entre R$ 5,00 a R$ 5,30.
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Opiniões
Na safra que se encerra, tivemos um preço médio no estado de São Paulo, medido pela Cepea/Esalq, de R$ 1,90 lt no hidratado e R$ 2,15 lt no anidro, mesmo com o cenário de retração de demanda e com preços do petróleo ruim no auge da pandemia. Podemos concluir que o preço de etanol dessa safra será superior e bastante remunerador aos produtores e fornecedores de cana. Alguns produtores me perguntam o que poderia frustrar essas expectativas. Nosso maior risco, por quaisquer circunstâncias, seria o barateamento da gasolina nos postos. Num exercício de imaginação, passo abaixo algumas das ações isoladas ou combinadas que podem vir a prejudicar a precificação do etanol: • O agravamento da pandemia, seja pela ineficiência da vacina ou pela nova “cepa” de contágios, provocando lockdown com nova retração de demanda do ciclo Otto; • Como consequência, queda brusca do preço do petróleo ou desacordos de produção entre os principais produtores; • Forte valorização do real, permitindo arbitragem de etanol importado; • Mudança tributária que reduza o preço da gasolina no Brasil; • Interferência do Governo nos preços da Petrobras, sem equalizar em relação ao PPI (preço paridade internacional). Finalizando, lembramos de mais duas medidas que devem ocorrer durante o andamento da próxima safra: 1. A privatização de algumas refinarias pela Petrobras e a resolução da ANP, que permitirá a venda direta de etanol pelas usinas produtoras. 2. A privatização da refinaria deve dar maior previsibilidade aos preços dos derivados fósseis, pois consideramos que a empresa estará sempre alinhando seu preço em relação ao mercado internacional (PPI). Portanto uma medida positiva que sempre defendemos. 3. Com relação à venda direta (distribuidora vinculada), projetamos adesão pontual de algumas usinas e, desde que o regime tributário seja o mesmo das atuais distribuidoras, o impacto final no preço ao consumidor será pequeno. Mas certamente vamos ter que esperar e conferir, mantemos, entretanto, uma visão bastante otimista para o setor. n