EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO 22 ANOS | 11
O MIRANTE | 16 Novembro 2009
Sócios Honorários do Clube de Leitores
Baptista-Bastos*
À Redacção de O Mirante, com o grato abraço do camarada mais velho Uma tese que fez escola, por algum tempo, defendia o princípio da «distanciação» em jornalismo. Como se o jornalista nada tivesse a ver com o acontecimento que narrava, como se o jornal nada tivesse a ver com o jornalista, como se o jornalista fosse uma abstracção isenta de sentimentos e de emoções. Contrariei sempre e combati com veemência, às vezes com furor, esta aberração teórica, que conduzia à uniformidade do estilo e a um particular pensamento único. A grandeza de um jornal consiste, entre outras virtudes, na diversidade da escrita, na diferença dos olhares, na variedade das interpretações. E, sobretudo, na capacidade de os seus jornalistas em transmitir emoções, em relatar sentimentos, em captar o que oculta a careta humana, a dor humana, a alegria humana. A sábia
utilização das palavras é um factor determinante. Sem o conhecimento do idioma, sem a posse de um vocabulário que se não cinja aos rudimentos, sem uma relação quase sanguínea com as palavras - nada a fazer. Para escrever, o jornalista tem de ler, ler muito, frequentar os clássicos, quase todos eles grandes jornalistas, como Fialho de Almeida, Ramalho, Camilo e Eça (jornalistas de génio), outros, muitos outros mais. Eles legaram-nos um tesouro valiosíssimo e forneceram-nos visões do mundo e do homem ainda hoje significativas. E estes de que falo, todos eles, tomaram partido, quero dizer: transmitiram as pessoais selecções que dos acontecimentos e dos factos faziam. Tomar partido não é ser parcial: é possuir uma filosofia de vida e um conceito humanista do ser. A objectividade procura-se sempre, mas é inatingível. A independência não existe. Nada nem ninguém, sobretudo os jornalistas, está acima do pulsar da vida. E o jornal, não esqueçamos, é o monstro devorador dos quotidianos. Há muitos anos que sou leitor do « OMirante.» Ele fornece-me indicações preciosas sobre a vida do Ribatejo: vai à rua, fala com as pessoas, edita as pequenas e grandes angústias de quem aqui vive - incidências importantíssimas que os grandes rotativos ignoram com soberba e ostentação. Aliás, devo dizer, sou grande consumidor da Imprensa dita regional. E colaboro, quase desde sempre, no «Jornal do Fundão», de que «o Mirante» é parente próximo. Esta Imprensa das regiões do País constitui a expressão de uma outra liberdade. Uma liberdade estabelecida nos laços sociais que cria e desenvolve. Uma liberdade nascida na «aproximação» e não na «distanciação» com o leitor. E qualquer destes periódicos reactivou e reabilitou as fundas tradições do grande jornalismo português. Um jornalismo fundador de uma literatura, de um estilo, de um modo de observar e de ajudar a raciocinar. Não só nos tempos do fascismo: ainda hoje, a Imprensa «do interior» leva, frequentemente, à construção de novas relações de proximidade, e concilia o respeito mútuo com a dimensão colectiva dos seus objectivos. A «distanciação» afasta leitores, trata-os como desconhecidos, exclui-os da comunidade de afectos, redu-los a números.
José Niza*
Olham para os jornais como se fossem um espelho
julgo saber, o semanário regional com maior tiragem no País. Por detrás destes fenómenos há sempre muito trabalho, imaginação e mais trabalho. E, chegado aqui, coloco em título, um nome, o do Joaquim António Emídio. Tenho dito e escrito que, de forma geral, considero a Imprensa regional um exemplo de isenção e de objectividade. É que não leio em jornais como O MIRANTE, O Ribatejo, o Jornal do Fundão, por exemplo, os excessos, as injustiças e os atentados à dignidade e ao bom-nome das pessoas que hoje se escrevem diariamente em jornais ditos de “referência”. Mas não há nenhum jornal que ao longo de muitos anos e de milhares de exemplares, não cometa erros ou injustiças, muitas vezes em nome do apuramento da verdade ou dos bons costumes. E O MIRANTE, como todos os outros, não está isento disso. É a vida. *Médico, compositor, ex-deputado
Há 22 anos, quando O Mirante começava a dar os primeiros passos, eu era deputado na Assembleia da República. E, como é sabido, políticos, treinadores de futebol, toureiros ou estrelas de telenovela, lêem os jornais de outra maneira. Isto é, olham para os jornais como se fossem um espelho. E gostam de se ver bonitos. Durante muitos anos de política activa – incluindo dois mandatos como presidente da Assembleia Municipal de Santarém – o espelho de O MIRANTE sempre me reflectiu como eu era: nem me fez fretes, nem me julgou na praça pública ou nas primeiras páginas. Acompanhei a sua já longa caminhada, vi-o crescer, conquistar leitores (e toneladas de publicidade!), e transformarse em qualquer coisa maior do que um “jornal de bairro”: é hoje, ao que
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