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Francisco Costa: Aumento das Reservas Obrigatórias não vai ter impacto na prime rate nem influenciar a disponibilidade do crédito pelos bancos

O Presidente da Comissão Executiva (PCE) do Banco Comercial e de Investimento (BCI), Francisco Costa, afirmou que a instituição que dirige tem um compromisso muito forte com o mercado moçambicano, o qual advém, essencialmente, do facto de o BCI ser o maior banco do mercado financeiro moçambicano, o que se traduz primeiramente em compromisso elevado, com o crédito e o apoio às famílias moçambicanas, aos empresários em nome individual, às micro empresas e, obviamente, com o apoio às Pequenas e Médias Empresas (PME’s), sem descurar as grandes empresas e projectos importantes para Moçambique, que agreguem valor ao País.

Francisco Costa fez estes pronunciamentos quando intervinha na XVIII Conferencia Anual do Sector Privado (CASP), realizado entre 21 e 23 de Junho, em Maputo. O PCE do BCI, participou no painel “Opções de Financiamento para Projectos Industriais e Conexos”, onde disse que “fala-se muito no valor acrescentado dos projectos, e são esses projectos de valor acrescentado que o BCI pretende e quer apoiar”. Disse Costa que o BCI tem se esforçado em “criar condições para que os projectos que são apresentados ao BCI e que careçam de financiamento sobretudo as PME’s, possam ter condições mínimas necessárias para poderem aceder ao financiamento”.

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Explicando, disse ainda que, na sua instituição, tem ocorrido um debate muito construtivo com as áreas comerciais, procurando dialogar com os clientes na perspectiva de construírem em conjunto condições para que o banco possa apoiar as PME’s, pois, conforme acrescentou, o BCI tem a sensibilidade que no início ou no desenvolvimento dos negócios, por vezes, não é fácil para os empresários prosperarem”, o que levou o BCI a “construir uma plataforma cada vez mais frutífera e dialogante” entre os clientes e área comercial, “de forma a dar ímpeto as oportunidades de negócio, porque o BCI quer e precisa de negócio e de apoio em crédito às PME’s, e reiterou que esse é o propósito do BCI”.

Falando sobre os actuais desafios no acesso ao financiamento, no geral, Francisco Costa não contornou a narrativa que domina os debates quando a temática é o acesso ao financiamento, e disse que “ evidentemente que as dificuldades de acesso a crédito com as taxas de juro que temos actualmente são inquestionáveis”, porém deixou ficar que os três principais desafios de ambiente de negócios que os empresários enfrentam, nenhum dos três pretende-se ao acesso ao financiamento, e sustentou estas declarações dizendo que a banca comercial, para além “excesso da liquidez” que existe, também está muito disponível para apoiar projectos porque a sustentabilidade do negócio bancário só advém do apoio a projectos feitos pelas empresas do País.

O PCE do BCI sublinhou ainda que no modelo de negócio sustentável da banca exige financiamento às PME’s, que é o maior tecido empresarial de todos os países e, portanto, que arriscaria em dizer que a banca em geral está disponível e tem liquidez.

Aprofundando sobre os desafios do acesso ao crédito, Francisco Costa disse que, “ uma das grandes dificuldades é a falta de equity, ou seja, capital social por parte dos empresários, e, simultaneamente, a falta de colaterais para suportar o risco de crédito das operações”, contudo o observou que estes desafios vão poder ser razoavelmente mitigada através do projecto de garantia mutuário que se alberga a luz do Pacote de Aceleração Económica (PAE) 15.

Relativamente à liquidez e a questão do segundo aumento reservas obrigatórias em moeda nacional tanto como em moeda estrageira, o PCE do BCI afirmou categoricamente que estas dinâmicas sobre os coeficientes das reservas obrigatórias não terá nenhum impacto na prime rate, porque, segundo considerou, A Associação Moçambicana de Bancos já atingiu os patamar máximo do impacto que o risco de liquidez tem no cálculo da prime rate e, portanto, não terá o impacto do aumento da prime rate do aumento das reservas obrigatórias e, simultaneamente, acrescentou, “que a liquidez que se retirou do mercado não é suficiente para reduzir a capacidade que a banca tem para fazer o crédito ao mercado.

“Eu com alguma tranquilidade, diria que o sistema como um todo não vai ter dificuldades de liquidez para suportar os pedidos de crédito das PME’S e dos empresários em geral”. Disse e esclareceu:

“Não estou a dizer que pontualmente não possam existir bancos que tenham algumas dificuldades, mas o sistema como um todo terá resiliência e capacidade para continuar a fazer apoio financeiro aos pedidos de créditos dos moçambicanos ”.

Recorde-se que no último Comité de Politica Monetária do Banco de Moçambique, de, 31/06, 2023, o órgão tomou a decisão de subir o coeficiente das reservas obrigatórias de passivos em moeda nacional de 28% para 39%, e em moeda estrangeira de 28,5% para 39%, como medida visando absorver liquidez excessiva no sistema bancário, situação que foi considerada como tendo potencial para gerar uma pressão inflacionária.

A medida fez soar alarmes e despoletou um coro de críticas, ao se considerar que as mesmas constituem mais uma tributação a economia e coartam os esforços de recuperação da empresas e da economia no geral.

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