2. Estado e políticas públicas A SAVOIR
lugar, nas grandes aglomerações de população. Deve-se acrescentar a esses fenômenos, a partir de 11 de setembro de 2001, a luta (a guerra) antiterrorista, promulgada e liderada pelo governo dos Estados Unidos. Essa luta tem provocado uma militarização tanto do discurso político quanto da política em geral no âmbito internacional e nacional. Contudo, apesar dessas novas ameaças de carácter “interméstico” [ 106 ], o sentimento de insegurança dos cidadãos latino-americanos provém mais das preocupações da vida diária que do medo de um acontecimento mundial ou de um ataque a partir do exterior. Podemos então nos perguntar: esse sentimento coincide com a realidade?
O que nos dizem as estatísticas sobre a violência na América Latina As cifras sobre o aumento da violência, do crime organizado e não organizado e, portanto, da deterioração da segurança pública são alarmantes e significam, como o BID o denominou em um relatório de 2000 sobre o tema, um “assalto ao desenvolvimento“ (Londonio et al. Eds. 2000): • Com 16 assassinatos por ano por cem mil habitantes, a América Latina é, depois da África subsaariana, a região com o mais alto índice de assassinatos (Imbusch et al. 2011:97). Em nível mundial, Honduras ocupa o primeiro lugar, com 82 assassinatos por cem mil habitantes (UNODC 2012). • Entre os 14 Estados com mais mortes violentas por ano aparecem seis países da América Ibérica, segundo um informe da Secretaria da Declaração de Genebra sobre Violência Armada e Desenvolvimento [ 107 ], uma iniciativa diplomática criada em 2006 por instâncias do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). • Se for levada em conta a população total, em El Salvador, entre 2004 e 2009, morreram mais pessoas de forma violenta do que no Iraque. • Dos participantes em atos criminosos, 80% são jovens. Costumam agir em gangues e começam a cometer seus delitos de forma cada vez mais precoce. • Existe uma estreita relação entre o crime comum e o crime organizado, sobretudo com relação ao narcotráfico, roubo de veículos, tráfico de armas de fogo, [106] Entende-se por "interméstico" um problema externo ou uma decisão na área da política externa que tem o potencial de alterar o equilíbrio político ou econômico interno e de afetar interesses particulares no interior da sociedade de um país. [107] Secretaria da Declaração de Genebra sobre Violência Armada e Desenvolvimento: http://www.infolatam.com/go.php?http://www.genevadeclaration.org/
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© AFD / Os desafios do desenvolvimento na América Latina / Março 2014