Berro Mudança Vol. 02

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2014

DEZEMBRO

O Berro

:: publicação do curso de Jornalismo da Unicap ::

TRABALHO Novo emprego ajuda a mudar de vida INTERCÂMBIO Amadurecimento bem longe de casa

...PARA MUDAR DE VEZ


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editorial

Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar Mudar é, antes de mais nada, um processo que sempre prescinde um referencial. Só percebemos (ou nos convencemos) que mudamos a partir do momento no qual olhamos para a condição anterior. É também um ato de coragem, de inquietação, de desejo. E desde os tempos de Heráclito - que dizia que ninguém tomava banho duas vezes no mesmo rio, pois ambos haviam mudado, o homem e o rio - até a atualidade, com você - que quer mudar desesperadamente de vida, de hábitos, da cor do cabelo todos os dias -, esse assunto está em pauta. Dentro de casa, nos corredores da universidade, na pausa para o cafezinho, no meio do expediente, na mesa de bar. Foi pensando nisso que os 22 alunos do 7o� período (2014.2) do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) encararam o desafio de produzir uma edição "diferente" de O Berro. A partir de uma missão simples e direta (“escrever sobre mudança”), eles partiram em busca das histórias e pontos de vista mais diversos com o intuito de mostrar a pluralidade deste tema. Isso porque “mudar” também funcionou como palavra de ordem para a equipe de edição de O Berro, que apostou num novo formato impresso desde a diagramação (com projeto assinado pela professora Carla Teixeira) até a qualidade do papel e acabamento de impressão. O resultado está estampado nas 16 páginas deste segundo volume da publicação e nas outras 16 do primeiro. Sim, porque a edição também buscou integrar os dois materiais, bem como conteúdo para a internet (capitaneado pelo webdesigner Flávio Santos), que você pode acessar através do link www.unicap.br/oberro/mudanca e conferir outras matérias, vídeos, áudios e galerias de imagem que complementam as edições, além de um conteúdo totalmente exclusivo. Há de tudo um pouco, tanto lá como aqui.

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E, a partir de agora, que o material fale por si só.

Repórteres Alice Mafra Amanda Souza Ana Alessandra Ana Lígia Portilla Artur Portella

Projeto gráfico e diagramação Carla Teixeira

Impressão FASA

:: publicação do curso de Jornalismo da Unicap ::

BOA VIAGEM A evolução do bairro em 100 anos

2014

O Berro

VOLUME 2

Webdesigner Flávio Santos

DEZEMBRO

Professor Orientador Dario Brito

Revisão Fernando Castim

VOLUME1

Coordenador do Curso de Jornalismo Juliano Domingues

Bartolomeu Bittencourt Cristina Maria Felipe Andrade Helga Lira Jéssica de Lima Júlia Teles Lucila Bezerra Mariana Azevedo Marília Melo Millena Araújo Patrícia Gomes Pedro Souza Raíssa Castro Raíssa Martins Thatiany Lucena Thiago Jefferson Ticiana Machado

2014

O Berro é uma publicação do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco

DEZEMBRO

expediente

Boa leitura! Dario Brito

O Berro

:: publicação do curso de Jornalismo da Unicap ::

TRABALHO Novo emprego ajuda a mudar de vida INTERCÂMBIO Amadurecimento bem longe de casa

A ... UM ES DE L U MP IT SI AT

SUPERAÇÃO Encarando a doença com bom humor

...PARA MUDAR DE VEZ


sumário

04

alimentação

06 tecnologia

08

10

capa

comportamento

14

12

educação

mais conteúdo

trabalho

www.unicap.br/oberro/mudanca

Reportagens trazem material complementar na versão online. Participe das enquetes

Vídeos das reportagens

Mais textos para você

Áudio de entrevistas

Galeria de imagens


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Deixei de ser vegetariano

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Foto: carol andrade

:: alimenta ç ã o ::

por Júlia Teles

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Os motivos são muitos e vão desde questões filosóficas e éticas até ambientais. O vegetarianismo surgiu há cerca de cinco milhões de anos e, mesmo pouco adotado, se compararmos com a totalidade da população mundial, é um tema que mais do que nunca vem sendo questionado. No Brasil, país no qual um “churrasquinho” é quase irrecusável, estima-se que 17,5 milhões de pessoas optem por uma dieta livre da carne. É o que diz uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) realizada em 2010. Mas há um fato curioso e cada vez mais comum: enquanto uns decidem mudar os hábitos alimentares abolindo a dieta carnívora de suas vidas, outros optam justamente por abandonar o vegetarianismo. Aos 18 anos, o biólogo Ravi Rocha, 24, decidiu tornar-se vegetariano após assistir a um documentário sobre a situação em alguns abatedouros e os diversos malefícios do consumo da carne. “Eu sempre ouvi muitos comentários sobre como se dava o processo da produção desse tipo de alimento e esse modelo consumista no qual a nossa sociedade está inserido, mas depois de assistir ao filme, não consegui mais comer carne. Aquilo tudo me tocou muito”, revela. Ravi, que antes não simpatizava com legumes e vegetais, contou que

depois que optou pela dieta vegetariana passou a consumir esse tipo de alimento com frequência e até se acostumou com a ideia. “O vegetarianismo abriu minha cabeça e meu paladar para tentar coisas novas. É realmente uma questão de hábito”, conta. Ele, que sempre comeu carne em grande quantidade, movido por motivos culturais e familiares, disse que foi apenas uma questão de tempo até se acostumar e começar a inserir saladas, grãos e frutas nas refeições diárias. Após três anos de vegetarianismo, Ravi passou a questionar-se sobre a escolha de sua dieta e, então, pesquisou sobre o assunto. “Foi quando eu incluí a meditação na minha vida. Comecei a perceber o meu corpo de uma forma diferente, com mais atenção ao que ele estava tentando me dizer”. Segundo o biólogo, o fato de ter passado a ouvir mais seu próprio corpo o fez perceber que estava na hora de voltar a inserir carne na alimentação. “Aprendi a andar de bicicleta recentemente e, desde então, é um dos meus principais meios de locomoção. Comecei a sentir mais fome e a necessidade de uma alimentação que me deixasse satisfeito por mais tempo. Percebi que o meu corpo estava pedindo isso”. Ravi, que até hoje não se acostumou a comer carne com frequência, revela que a volta à vida carnívora ocorreu numa fase de autoconhecimento.

RECUSA Episódio durante a adolescência fez Emerson parar de comer carne

Em compensação, o vegetarianismo, segundo ele, abriu seus olhos para novas questões da vida e o paladar em relação a outros sabores. O músico Emerson Sarmento optou pela dieta vegetariana por causa de uma situação vivenciada quando adolescente. “Quando eu tinha 15 anos, me engasguei com um pedaço de carne que me asfixiou por alguns segundos, isso me causou certo pânico de comer carne novamente. A partir daí, em uma pesquisa na internet, vi abatimentos de animais. Comecei, então, a sentir nojo e recusar carne”, revela. Segundo ele, com o passar do tempo, alguns problemas de saúde foram surgindo. “Perdi muito peso e beirei uma anemia. O médico responsável por meus exames alertou a importância da carne no meu organismo. Também

esclareceu que meu corpo já estava habituado às substâncias que esse alimento oferecia para minha imunidade”, contou o músico. Depois da consulta, Emerson voltou a inserir a carne em sua alimentação. Apesar do medo de engasgar novamente, começou comendo peixe e foi retornando ao mundo carnívoro aos poucos. Emerson também revelou que, apesar de degustar pratos vegetarianos vez ou outra, descobriu-se um grande fã da carne. ”A carne está praticamente em todas as minhas refeições. Acredito que superei alguns traumas e passei a enxergar a necessidade desse tipo de dieta em minha fisiologia”.

Conheça as histórias de mudança de dieta das personagens Marcela e Edinalva


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2 0 1 4 fotos: ana alessandra

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COMEÇO DIFÍCIL Camila Perazzo lembra que o paladar teve que se acostumar

DIETA Hayley (esq.) descobriu aos 16 que tinha alergia à lactose e ao glúten

Mudança de cardápio por intolerância

por Ana Alessandra

“Eu sentia muita dor de estômago, desde sempre. Procurava médicos, eles faziam exames de gastrite e não dava nada”, conta a estudante Camila Perazzo, 21. Essa foi sua rotina por cerca de três anos, até que um dos endocrinologistas que visitou suspeitou que seu problema era de intolerância à lactose e confirmou a condição através de exames. Disfunções digestivas como a celíaca (doença autoimune que impede a absorção de nutrientes essenciais a partir dos alimentos com glúten), alergia ao glúten, intolerância ao açúcar, ou alergia à proteína do leite são cada vez mais comuns de serem desenvolvidas na idade adulta. Estima-se que 7% da população mundial seja alérgica ou sensível ao glúten, mas muitos casos ainda não foram diagnosticados, como foi discutido no Congresso Internacional de Doenças Causadas pela Ingestão de Glúten de 2012. Descobrindo cedo ou tarde, a solução para se sentir bem novamente é cortar da dieta produtos que contenham glúten, no caso do celíaco, e lactose, no caso do intolerante ao açúcar do leite. A nutricionista funcional Gorette Albuquerque aponta a importância de levar a nova dieta a sério. “Às vezes não fica só nesse patamar, vão-se formando novos problemas e as pessoas acabam também desenvolvendo outras doenças mais graves, como a obesidade, diabetes, hipertensão. Até o próprio câncer pode estar ligado a isso”, explica. Quando essas doenças são diagnosticadas até a infância, a adaptação pode ser mais fácil. “Foi bem difícil no início, primeiro porque o meu paladar teve que se acostumar com outras coisas, você já está habituado com o sabor forte de sempre e, quando começa a fazer substituições, acha tudo ruim, tudo sem gosto, fica sem saber o que pode comer”, explica Camilla. “Mas, se me dissessem hoje ‘você já

pode voltar a consumir lactose’, eu não voltaria”. A estudante Vanessa Araújo, 26, descobriu que era celíaca há três anos e, desde então, ainda não conseguiu se desligar completamente dos alimentos com glúten. “Eu acho que já me adaptei, porém se eu tiver vontade de comer um biscoito, eu não vou comer a embalagem inteira, mas um, sim, eu como. Então, nas outras refeições eu volto a seguir a dieta”, explica. Existem produtos especialmente produzidos sem lactose e sem glúten que ganham cada vez mais espaço no mercado. Para a estudante americana Hayley Drury, 21, esses alimentos fazem grande diferença, já que aos 16 ela descobriu que tinha alergia a ambas as proteínas. “A minha mãe sempre foi interessada em saúde, então desde que éramos pequenos, nós (os irmãos e ela) comemos muito bem, mas eu sempre tive um estômago muito sensível”, conta Hayley. “Os alimentos glúten e lactose free são bem mais caros, mas eu sempre compro”. Nos Estados Unidos, pode ser um pouco mais fácil encontrar alimentos livres de glúten e lactose, mas por aqui, apesar da popularização, Camilla conta que a rotina de compras mudou em sua casa: “Meus pais fazem no supermercado apenas a feira de frutas e verduras, e também de arroz e feijão que são alimentos que eu posso consumir sem problema, mas as coisas mais específicas temos que comprar em lojinhas saudáveis e fazer uma outra feirinha. É mais caro, muito mais caro. Por exemplo, se antes eu comprava um pacote de bolacha tipo cream cracker por uns R$ 3, hoje eu gasto R$ 20”. Aprenda a fazer um bolo de chocolate sem glúten e sem lactose.

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:: tecnolog i a ::

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Revolução nos hábitos de leitura por Thiago Jefferson

será nos próximos anos. Se são boas ou não, essa é uma outra questão. A Internet permite maior circulação de textos e de informações e isso é relevante porque igualmente há leitores para todos os textos desse ciberespaço. A pedagoga Ana Toscana, mesmo sendo adepta da leitura por meio físico, seu jeito favorito de ler, reconhece que a Internet atrai sempre novos leitores pela sua facilidade ao acesso. “Além desse ponto positivo, a Internet oferece maior apoio na busca de material para pesquisas e notícias atualizadas sobre o assunto procurado. Os meios de comunicação oferecem vários tipos de leitura que agradam a todos os tipos de público, até os menos interessados”, explica. Um exemplo desse raciocínio provavelmente é a universitária Aline Daniele, que lembra que, com o advento da evolução de antigos meios de comunicação e o surgimento de novos como a Internet, seu hábito de leitura foi “incrementado”, pois o acesso aos livros, matérias da imprensa e outras publicações

ficaram mais fáceis em qualquer lugar, seja em um computador, netbook ou smartphone, tornando a sua leitura mais eficaz. “Me adaptei bem tanto a livros digitalizados como livros físicos. Muitas vezes iniciando uma leitura pelo livro em casa e em lugares como faculdade ou trabalho, em momentos de intervalo dou continuidade à leitura pelo livro digital, mas claro que não dispenso o prazer de segurar um livro”. Porém há outro fator a se levar em consideração. Além da mudança de suporte e acesso às informações, há que se pensar em outra variável: há tipos e tipos de texto que, certamente, influenciam no hábito de leitura. Nas universidades, por exemplo, há pessoas redescobrindo o prazer por outro tipo de texto: o mais técnico. Logo, o gosto pode surgir nesse novo universo que é marcado por grandes

quantidades de leitura. “Temos que perceber que a leitura na Universidade é diferente daquela feita na escola por razões óbvias. Na minha disciplina, os alunos se lançam em leituras diversas com objetivos também diversos e exploram o que de melhor há nos textos para serem levados para a sala de aula, quer sejam textos de cunho mais informativo ou textos literários”, explica a professora Aliete. Em sua disciplina Informática e Linguagem, os textos são sempre acessados on-line e os alunos sempre dão o retorno de algum modo, seja ele em comentário (digital) ou fichamento (analógico). Exemplos simples como esse comprovam que a Internet nunca vai prejudicar a leitura e os bons leitores. Vai, sim, agregar, ajudar, compartilhar, dar novas possibilidades. foto: thiago jefferson

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A leitura é essencial pra o aprendizado. É através dela que formamos nosso vocabulário, obtemos mais conhecimento e começamos a interpretar melhor os acontecimentos, dentre outros ganhos. O hábito da leitura deve ser incentivado desde a infância e hoje se sabe que quem o possui não tem dificuldade na hora da escrita e da interpretação. Aliado a todas essas verdades, um fato histórico: em plena Guerra Fria, ocorreu uma “revolução silenciosa” que, décadas depois, modificaria essa ação de ler, sobretudo no que diz respeito ao armazenamento dos dados e ao suporte de leitura nesse período surgiu uma das ferramentas mais importantes para os dias atuais, a Internet. Tivemos que esperar a década de 90 para que esse novo elemento pudesse ser acessado a partir dos computadores domésticos. Digitalização de texto, imagem e som, criação de redes sociais e outras ferramentas e serviços depois, estamos nesse cenário. Na atualidade, não conseguimos imaginar um mundo sem a Internet. “A Internet promove, sim, formas de leitura/escrita diferentes, porém ela não promoveu a ‘desleitura’. Já se fala há muito tempo que as pessoas leem pouco, mas há razões diferentes para isso em todos os períodos na nossa História: acesso, interesse etc”, explica a professora universitária Aliete Gomes. O fato é que, atualmente, a Internet promove formas de leitura deste tempo e neste suporte, assim como foi no passado recente e como

PRAZER DE LER Nas universidades ocorre a redescoberta dos textos mais técnicos


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“Sinto falta do tempo em que marcar um encontro para conversar pessoalmente era através de uma ligação telefônica”. É assim que a estudante Fabíola Nascimento, 23, declara ter saudades da época na qual, segundo ela, convivia mais com os amigos, quando as redes sociais ainda não estavam popularizadas. O fato é que o nosso tempo está cada vez mais tomado pelas máquinas: um estudo realizado pela Millward Brown, em março de 2014, apontou que os brasileiros passam cerca de 149 minutos por dia em seus smartphones e, em média, 113 minutos na TV. Diante disso, é possível observar que o aparato eletrônico se tornou a primeira “tela” de consumo no Brasil. No início dos anos 2000, as redes sociais começaram a fazer parte da realidade de apenas uma pequena parcela da população brasileira que tinha acesso aos computadores com internet, um benefício para a minoria. Naquela época, a população atuante no mercado da informação nem imaginava que plataformas como Windows Live Messenger, Skype e Facebook se tornariam tão presentes na vida da população através de aplicativos móveis. Os smartphones vêm-se tornando um “amigo cada vez mais fiel” da população nos últimos anos. Um levantamento realizado em abril do ano passado pela Mobile Marketing Association (MMA) revelou que 33% dos brasileiros usam smartphone como principal forma de acessar a web. Infelizmente, a pesquisa também apontou que os momentos em que as pessoas mais utilizam o celular são no trânsito, 52%, antes de dormir, 48%, e logo após acordar, 42%. Outra pesquisa produzida pela Opinion Box, em parceria com a Mobile Time, também divulgada em abril, mostra que boa parte do tempo gasto é dedicado aos aplicativos. Entre os mais utilizados pelos brasileiros estão o Whatsapp, com 63%, o Facebook, com 60,5%, e o Instagram, com 23,5%. Os avanços tecnológicos que envolvem as redes sociais diminuíram a distância entre as pessoas, mas ao mesmo tempo parecem limitar o círculo social. “O que mais me incomoda, por exemplo, é estar em um bar com os amigos e eles pararem de conversar para ficar no WhatsApp”, conta a estudante Mayara Barros, 21. Segundo o professor do curso de Jogos Digitais da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) Anthony Lins, o alto desempenho conseguido pelos

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Quem não muda não se comunica por Thathiany Lucena

Foto: flickr creative commons

AMIGO FIEL Os smartphones vêm se tornando cada dia mais indispensáveis

7 processadores de nova geração, aliado ao aumento da capacidade de armazenamento em memória tornaram os dispositivos móveis mais robustos para processar a quantidade de dados que trafega nessas redes. “Além disso, podemos pensar que a melhoria na qualidade da comunicação de dados, com conexões 3G e 4G e o aumento de números de pontos de redes wi-fi facilitaram o acesso e incrementaram, significativamente, o tráfego nas redes sociais”, comenta. A facilidade no acesso à internet caracterizou os brasileiros entre os que mais usam as redes sociais via smartphone, foi o que mostrou pesquisa feita pela empresa Tyntec, ainda em agosto de 2013, com pessoas entre 18 e 55 anos do Brasil, Estados Unidos, Rússia e Reino Unido. O estudo apontou que os consumidores brasileiros são os que mais usam o smartphone para acessar seus perfis sociais, com 55% dos internautas ativos através do aparelho.

Vídeo com blogueiro de cinema Diego Domingos Redes sociais como ferramenta de marketing A importância do trabalho do analista de mídias sociais


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Foto: amanda souza

Gravei a mudança na minha carne

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ETERNIDADE Gessyka traduziu para sempre o vínculo de fé e amor à família


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por Amanda Souza Depois de ter um aborto espontâneo e perder o filho aos 18 anos, a estudante Emanuella Casado, 25, entrou em depressão e decidiu passar uns tempos longe da cidade onde mora, o Recife. Ela terminou o relacionamento que tinha na época e foi viver em São Paulo por dois meses. Durante a viagem, tatuou um “V”, em homenagem ao filho perdido, que se chamaria Vicent ou Valentina. “Senti a necessidade de eternizar o meu filho”, explica, assim como as demais pessoas que transformam a arte da tatuagem num canal para contar as suas histórias. Dois anos após o acontecimento, a depressão se agravou. “Passei a fazer terapia todos os dias e encontros em grupo duas vezes por semana. Na época, tatuei um heartagram, que significa ‘dualidade’, e tinha muito a ver com o momento que eu estava passando. Amor e ódio, morte e vida, meus sentimentos eram muito confusos”. Com as sessões, a estudante foi melhorando. Quando recebeu alta e parou de tomar antidepressivo, ela tatuou a frase stay strong, para se lembrar de que, mesmo sem a ajuda dos medicamentos, ela precisava ser forte. Atualmente, Emanuella tem 25 anos, está casada há oito meses e pensa em ter filhos em breve. Algumas pessoas se tatuam apenas pela questão estética, mas, para pessoas como Emanuella, a tatuagem faz parte do ritual de mudança e amadurecimento pessoal. Seja por um acontecimento que marcou demais ou como lembrete de uma fase da vida que foi superada, é possível encontrar os mais diferentes desenhos e significados que motivaram a modificação corporal. A jornalista Lucy Cruz, 24, tem, na costela, a tatuagem de uma borboleta e uma estrela que tem um significado muito forte na sua vida. Depois de um relacionamento problemático, que durou dois anos, decidiu fazer os símbolos como lembretes de liberdade e luz interior. “Amei muito a minha ex-esposa, mas ela não respeitava o meu espaço e terminamos de uma maneira muito chata. Por isso, decidi tatuar a estrela e a borboleta, porque, para mim, isso significava a minha nova fase e me alertava que não posso me deixar abater por nenhum problema dessa vida. Quando olho para as tatuagens, lembro que já superei essa fase da minha vida e, mesmo tendo sido uma situação dolorosa, foi importante para o meu amadurecimento”, conta. Há 13 anos no ramo, o tatuador Bruno Leonardo, do estúdio Bruno Tattoo, já escutou diversas histórias sobre os desenhos que tatuou. “Faço muitas tatuagens por dia e escutar fatos que fizeram parte da vida das pessoas que tatuo me estimula a fazer um trabalho ainda melhor, porque como tatuador, como alguém que está tatuando o corpo da pessoa, eu também tenho participação, mesmo que pouca, naquela história, no desfecho dela”, explica. A ligação da maquiadora Gessyka Cavalcanti, 22, com a religião foi muito marcante. Influenciada pelos pais desde nova, ela frequentava a Igreja Católica e, com isso, criou um vínculo de fé e um compromisso que mantém até hoje. No ano passado, depois de participar do Encontro de Jovens com Cristo (EJC), quis traduzir o amor que sente por Deus e por sua família em um único desenho. “Senti uma conexão especial com Deus há um ano e queria marcar isso de alguma forma. Ela me representa e também a minha família e Deus”, esclarece. A mudança sempre esteve presente na vida da estudante Raiane da Silva, 22. Junto à família, a recifense mudou-se várias vezes de cidade. As memórias das viagens a fazem lembrar de momentos muito importantes da sua vida e, como parte de sua história, ela resolveu tatuar um pássaro em homenagem aos pais e aos irmãos. “O pássaro carrega consigo a importância de todas as nossas viagens juntos e também representa o meu porto seguro, que é a minha família, o que há de mais importante para mim. Não importa por onde eu voe, sempre poderei voltar para eles”. De acordo com o tatuador João Bosco, do estúdio Júnior Piercing, o símbolo do infinito, borboletas, âncoras e pássaros alguns são alguns dos desenhos mais procurados, porém não existe uma regra: as tattoos mudam de significado de acordo com as expectativas da pessoa que será tatuada. “Esses desenhos têm a ver com liberdade, transformação e porto seguro. Mas, muitas vezes, as pessoas chegam aqui com desenhos que elas mesmas fizeram ou alguém desenhou especialmente para elas, para que a tatuagem se torne ainda mais única”, conclui.

O tatuador Jaymesson Araújo, do estúdio Art Family, conta a história da sua primeira tatuagem, a que o proporcionou mudanças de vida e o influenciou a seguir no ramo da tatuagem. A história do casal Renato Alexandrino e Shirley Oliveira, que escolheram a tatuagem como símbolo do próprio casamento. A maquiadora Gessyka Cavalcanti conta, em detalhes, qual a sua ligação com a religião e porque a tatuagem que ela fez representa o seu lado espiritual.

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:: compor t a m e n t o ::

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por Helga Lira

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Visando ao esclarecimento dos diversos jovens do país em assuntos como a banalização dos relacionamentos e um número maior de gravidezes indesejáveis na adolescência, o movimento Eu Escolhi Esperar nasceu no ano de 2011, em Vitória, no Espírito Santo, e chegou ao Recife, no ano seguinte, trazendo uma nova realidade para relacionamentos afetivos dos jovens da cidade. Para o estudante Rafael Tiago, 22, o Eu Escolhi Esperar é bem mais do que um movimento, trata-se do aprofundamento dos ensinamentos pregados pelo evangelho. “O Escolhi Esperar é um movimento de extrema importância não só para jovens como para adultos. Existem pessoas que acham que o esperar só trata da área sentimental, mas não é somente isso: o esperar trata de todas as áreas de nossas vidas, principalmente de qual é a vontade de Deus para cada um de nós”, comenta. Segundo os organizadores, o movimento trata de uma campanha cristã que difere de muitos casos espalhados pelo Brasil e o mundo, principalmente na abordagem dos temas relacionados ao sexo. A partir dessa visão, a organização busca aprofundar e incentivar os valores ensinados pela religião evangélica, focando os esforços em duas áreas específicas: sexualidade e vida sentimental. A intenção, após essa abordagem, seria “encorajar, fortalecer e orientar adolescentes, jovens e pais sobre a necessidade de viver uma vida sexualmente pura e emocionalmente saudável”. Além do acompanhamento e incentivo aos jovens que decidiram adequar-se a tal pensamento, os organizadores têm a intenção de conseguir diminuir o que chamam de “banalização dos padrões sociais estabelecidos para os relacionamentos, que estão produzindo”, assim como diz o objetivo principal da campanha, “uma geração de pessoas emocionalmente desajustadas, complicadas e cada vez mais egoístas”. Segundo a organização, as pessoas são estimuladas a viverem suas experiências sentimentais cada vez mais precocemente. Para a assistente social Andrea Bezerra, 34, o movimento tem um peso positivo diante da sociedade em geral. “Por mais que haja esclarecimento e difusão de informações, é

possível observar uma enorme quantidade de mães com menos de 15 anos, o que faz com que, de certa forma, percam parte sua juventude e não aproveitem o momento certo para a maternidade. O Eu Escolhi Esperar, assim como outras iniciativas dessa natureza, mostra que, independente de religião, os jovens podem buscar adequar-se à vida que escolheram e isso traz inúmeros pontos positivos em relação à saúde pública”, pontua. A maioria dos jovens do Recife aderiru ao movimento e o descobriu através do Facebook. O perfil mostra as diversas cidades do país por onde as ações passam. “Conheci o Eu Escolhi Esperar através das redes sociais. Embora muitas pessoas o tratem com preconceito, a campanha não trabalha com a ideia de que existe um príncipe, mas, sim, de não fazer escolhas baseadas em emoções, uma vez que Deus nos deu discernimento para tomarmos decisões com bases sólidas. Trata-se de não olhar apenas para si, mas olhar o outro através dos pensamentos propostos por Deus”, argumenta a estudante Ana Lages, 24. Hoje, com pouco mais de três anos, o movimento tem mais de 2,5 milhões de curtidas nas redes sociais e trouxe, ao atingir tamanho público, uma mudança para a vida de quem acredita nesse ideal. É possível perceber que, após sua criação, muitos jovens aderiram ao movimento porque buscavam uma solução e uma tranquilidade conforme os seus relacionamentos afetivos. “Hoje, com 21 anos, percebo que estou no caminho certo. Procuro sempre entender que esperar, no sentido real da palavra, é escolher e conseguir ter, futuramente, relações positivas e mais duradouras”, afirma Patrícia Monteiro.

Conheça quem criou o movimento e mais exemplos de pessoas que aderiram a ideia para a vida.


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Pé no mundo para se encontrar por Millena Araújo

fotos: acervo pessoal de raphaela barbosa

“É preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós”. Essa frase do escritor português José Saramago traduz o sentimento de mudança e determinação de muitos, em especial da intercambista Raphaela Barbosa, 23, que trabalhou durante dois anos como vendedora em um shopping na Zona Sul do Recife para realizar o sonho de conhecer o mundo. Concretizar esse desejo exigiu mudança e coragem, já que a pernambucana “deixou para trás” família, amigos, cultura e cidade natal. Tudo começou quando, ainda menina, ela escrevia em seu diário uma lista de “um dia farei”. Entre os projetos, desejou viajar, desbravar o mundo. Para conseguir o dinheiro, Raphaela trabalhava seis dias por semana no Shopping Center Recife. E ainda fazia hora extra no tempo livre. A pernambucana tentava conciliar a rotina de trabalho com estudos. Cursou moda, letras e tentou duas vezes concluir marketing, mas não conseguia agregar uma graduação ao seu cotidiano. Sua meta de conhecer o mundo parecia distante. Enquanto morava no Recife, não conheceu nenhum país e foram poucos os Estados brasileiros visitados por ela. “Fui apenas a São Paulo e Alagoas. No Brasil, a vida é muito dura”, conta. Após juntar o dinheiro, a recifense entrou em contato com uma agência de intercâmbio e escolheu como destino a Holanda por ter o pacote de investimento mais barato comparado à América e outros países da Europa e por se identificar com o país. Em novembro de 2013, Raphaela embarcou pelo programa Au Pair, morou em casa de família, na cidade de Haia, próximo a capital Amsterdam. Em sua primeira experiência sozinha na cidade, ela se perdeu e pensou em desistir. “E, para piorar, não entendia holandês. E meu inglês não era bom o suficiente. Me senti frustrada, mas não queria desistir do meu sonho”, conta. Na mesma lista de “um dia farei”, havia vários lugares que almejava conhecer. Um mundo que até então existia apenas na própria imaginação e força de vontade. Em aproximadamente uma semana, aconteceu a adaptação na Europa. Embora muitos pensem o contrário, durante esse período,

ela relata que trabalhou bastante para conseguir conhecer outros países. “Para falar a verdade, europeu também trabalha, mas a diferença é que aqui tudo funciona. Não passei um ano e meio contando tulipas e conhecendo o mundo, mas continuei porque é meu sonho”, diz. Durante o período em terras holandesas, Raphaela fez amizades com outras brasileiras intercambistas e com elas visitou Paris, Milão, Londres, Gottigen, Hannover, Kassel, Hann Müden, Ellershausen e Zurique. “Amei conhecer esses lugares. Recentemente realizei o sonho de ir à Grécia”. Sobre a experiência no intercâmbio, a pernambucana assume que a parte mais difícil é conhecer e despedir-se rapidamente das pessoas. “Fiquei apegada ao menino que cuidava em Haia”. Porém, ressalta outra peculiaridade do programa. “Intercâmbio é muita liberdade. Saia todo final de semana sem dar satisfação. No Recife, não dava para fazer isso”, afirma. Depois de passar um ano e meio na Holanda, a recifense decidiu estudar francês na Bélgica, voltou ao Brasil para visitar parentes, conseguiu o visto e viajou em julho deste ano para Soumagne, distrito de Liège. “Quero continuar conhecendo o mundo. Pra mim, a única parte negativa é a saudade da família e dos amigos, mas não existem pontos negativos quando saímos em busca de nós mesmos”, finaliza.

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PÉ NO MUNDO Há pouco, Raphaela (no alto) realizou o sonho de ir à Grécia, enquanto Angélica (acima) largou tudo para morar em Zurique (acompanhe essa história na versão online)


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foto: Alice Mafra

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ESPORTE OUTDOOR "Escritório" de Amanda e Juliana está em locais como a Praia de Boa Viagem

Trocar de emprego e também de vida por Alice Mafra

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Entrevista com Isabel Noblat, do Sebrae-PE. Empreendedores individuais que não deram certo.

Ser autossuficiente é algo que está diretamente ligado ao ser humano, isso desde os primórdios. Com o passar dos milênios, essa característica foi ganhando formas e modelos variados. Atualmente, ela vem sendo associada a um esquema de trabalho patrão/empregado. Há quem tente levar isso ao pé da letra e comece a trabalhar para si a fim de mudar sua situação. Segundo um estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae/SP) de 2013, existe no Brasil uma média de 6,4 milhões de estabelecimentos comerciais, sendo 99% deles Micro e Pequenas Empresas (MPEs) que se caracterizam por uma renda anual de até R$ 60 mil. Ainda nessa pesquisa, o Sebrae analisou o perfil dos micro e pequenos empresários e concluiu que 55% deles são

pessoas que abriram mão dos seus empregos para começar uma nova vida. Ainda há quem se engane pensando que viver como micro e pequeno empreendedor é fácil, e que trabalhar para si não requer muito esforço. Foi isso o que aconteceu com o exmotorista e atual doceiro Jorge Almeida. “Eu trabalhava de segunda a sábado e atualmente trabalho de segunda a segunda, sem folga ou descanso. Sou meu chefe e me cobro demais”, explica. Jorge foi motorista particular de uma empresa do Recife durante dez anos, quando, em 2011, resolveu largar tudo e se dedicar aos seus doces finos. “Eu abri mão de uma rotina para trabalhar para mim e eu não me arrependo. Meu lucro hoje chega a ser cinco vezes maior comparado com meu antigo salário”, conta. Jorge é filho de uma

boleira e um cozinheiro e desde muito pequeno aprendeu a cozinhar. “Minha mãe fazia questão que eu aprendesse tudo, ela sabia que o futuro era uma caixa de surpresa”, lembra. Ele começou em casa, ainda irregularmente e hoje já tem a documentação trabalhista em dia, além de um funcionário. “Já me regularizei com o Sebrae e tenho todos os meus direitos garantidos e essa foi a coisa mais certa que eu fiz”, afirma. As sócias Amanda Lins e Juliana Mafra estão nesse processo de regularização. Elas pretendem montar juntas uma assessoria esportiva que consiste em explorar os espaços públicos e privados – como as casas dos alunos - para a prática de esportes, no caso delas, corrida, ciclismo e natação, com a orientação de um profissional e o custo mais baixo. Juliana já era personal trainer e professora de várias academias do Recife antes de ter a ideia de montar a assessoria esportiva. “Meus alunos sempre pediam aulas diferentes e a maneira que eu encontrei foi montando esse projeto”, explica. As aulas são ministradas no Parque da Jaqueira, na Praia de Boa Viagem e, em alguns casos, nas casas de alunos. “Essa mudança de cenário da academia para a natureza dá um gás totalmente novo aos meus alunos”, completa. Amanda, que é formada em administração e trabalhou em algumas empresas do Recife, é quem está correndo atrás da papelada necessária. “Já registramos a marca, agora estamos no processo de assistir às palestras que o Sebrae oferece e, em breve, entraremos na orientação individual”, relata. “É um processo longo, mas que gera muitos benefícios e vale ir até o fim”, completa.


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Foto: Felipe bueno

Aposentadoria. Talvez essa seja a última fase da vida em que há uma mudança drástica no cotidiano do indivíduo. Mudança exatamente para deixar de haver mudanças: estacionar. Depois de cumprir o tempo necessário de serviço, o trabalhador tem direito de interromper a carreira para aproveitar o tempo da maneira que quiser. Mas nem todos encaram a nova fase da mesma forma. Sem nenhuma ocupação, a depressão e o desânimo são obstáculos a serem driblados, assim como a nova realidade financeira. Enquanto uns aguardam ansiosamente a folga, outros preferem adiá-la cada vez mais. No Censo 2010 - último realizado no Brasil -, a população acima de 65 anos alcançou um número superior a 14 milhões de indivíduos, representando 7,4% da população nacional. Essa faixa etária tem crescido de acordo com o aumento da expectativa de vida do brasileiro e é nela que a maioria dos trabalhadores ganha o direito à aposentadoria. Atualmente, é possível se aposentar de acordo com a idade ou com o tempo de contribuição: as mulheres com trabalho urbano podem deixar os serviços aos 60 anos ou após trabalhar durante 30 anos; os homens, aos 65 ou quando somados 35 anos de contribuição. Para os trabalhadores rurais, o número é inferior: 55 anos para as mulheres e 60 para os homens. Mas deixar o emprego de lado o mais cedo possível não é regra. Nelita Pessoa, 79, e exfuncionária pública, é uma das que preferiram aposentarse na idade mínima. “É um alívio poder viver sem se preocupar com horário, tempo de férias, de serviço e essas coisas. De acordo com o que a saúde permite,

apoSenTadoRIa Deixar o emprego de lado o mais cedo possível não é a regra

Quando o fim pode ser o recomeço

a gente é livre para fazer o que quiser”, argumenta. Contudo, a pressa que ela teve pode ser prejudicial em alguns casos. Um estudo publicado em 2005 pelo British Medical Journal aponta que profissionais que se aposentam cedo têm uma expectativa de vida notavelmente menor que os demais. A pesquisa foi realizada com 3,5 mil trabalhadores aposentados aos 55, 60 e 65 anos, entre 1973 e 2003. O resultado apontou que a mortalidade mais alta se dá pela inatividade logo após a aposentadoria. “Depois de parar de trabalhar, manter-se física e mentalmente ativo pode ser vital para o idoso ter uma vida satisfatória”, afirma o reumatologista aposentado Geraldo Freitas. Pensando nisso, há quem adie o máximo possível o fim do tempo de serviço. O professor alemão radicado no Recife Helmut Gress

preferiu se aposentar “tarde” (aos 72 anos) e não deixar a vida ativa de vez: não quis dar chance à depressão. “Já fui padre - mas deixei o exercício -, professor e, mesmo depois de me aposentar, participei de projetos sociais no interior. Trabalhar gera autoestima, interação social e é um exercício físico e mental. Deixar tudo isso de uma vez pode ser perigoso e fazer com que não seja essa maravilha toda”, comentou, hoje aos 93. É consenso que o descanso depois de uma vida de trabalho é esperado e merecido. Porém, aqueles que contribuíram durante tantos anos merecem ter um tempo para gozar de seus privilégios - e é necessário se cuidar. Seja trabalhando com o que gosta ou com outras atividades, é preciso se manter ativo para espantar o envelhecimento precoce.

por Felipe Bueno

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Viajar pode representar (ou causar) mudanças na vida de uma pessoa. Para algumas, além disso, uma viagem, em meio ao período de graduação, por exemplo, é capaz de provocar um crescimento grandioso na sua vida acadêmica. É o que pensa o professor de inglês Marcos Ribeiro, também dono da empresa de intercâmbio Cultura e Cia, que afirma ter acompanhado diversos casos de “transformação” nesse sentido. “Já vi gente de todas as idades viajar. Pessoas que ainda estão no colégio, e outras já graduadas ou prestes a se formar. E esse fator da mudança é o que a maioria busca. E realmente mudam, não é da boca pra fora”, explica. “E especificamente para aqueles que realizam essas viagens durante a faculdade, o universo de possibilidades que se abre é grande. Livros, professores, teorias, muitas das coisas que eu como professor de inglês mal entendo, mas que sei que são importantes e fazem a diferença para esses alunos”, completa.

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por Artur Portela

foto: lucas linares

foto: artur portela

O intercâmbio me transformou

1 4 META ATÉ 2015 O CsF deve mandar 101 mil estudantes universitários ao exterior

Hoje, no Brasil, estudantes em período de graduação que cursam as áreas de Ciências Exatas, da Natureza, Saúde e Tecnologia, em geral, têm a oportunidade de explorar outras formas de aprendizado no exterior, tudo pago pelo Governo Federal. O Ciências sem Fronteiras (CsF) tem como meta mandar, até 2015, 101 mil estudantes em período de graduação, pós-graduação, doutorado e pós-doutorado para diversos países do mundo. A ideia principal é proporcionar aos estudantes o aprofundamento em seus cursos, assim como deixá-los em constante contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação. Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram fixar-se no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros. O projeto, que começou em 2011, já enviou mais de 54 mil estudantes – das 64 mil vagas disponíveis – na modalidade “graduação sanduíche”. Para Luís Eduardo, recifense de 22 anos e estudante de engenharia química da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o período de um ano que ele vai concluir em Dublin, na Irlanda, será de muito aprendizado. Atualmente, ele está estudando no Cork Institute of Technology e, do pouco que já aprendeu, notou uma grande mudança no que se refere ao seu curso. “Cheguei aqui no início de setembro e

minhas aulas começaram em seguida. Sem exagero, mas a diferença na forma de passar o conteúdo e a maneira inovadora com que o pessoal daqui consegue transmitir todo o conhecimento, as inovações e tudo mais, é absurda. Um bom exemplo, é a cadeira de Cálculo de Faltas, que no Brasil está entre as mais difíceis e aqui ela me foi passada com uma facilidade tremenda. Acho que a partir daqui meu curso vai tomar rumos diferentes”. A oportunidade se estende a todas as classes sociais. Um grande exemplo é o de Admilson Nunes, 19, que estudou a vida inteira em escolas públicas, ingressou na Universidade de Pernambuco (UPE) e agora está quase completando o período de um ano e meio que ficou na Califórnia, Estados Unidos. “Nunca imaginei que sairia da Mustardinha e entraria numa universidade maior do que meu próprio bairro. Transformação no curso e na vida”. O Ciências sem Fronteiras já proporcionou novas experiências para diversos estudantes de ensino superior. A estimativa é que o projeto – que termina em 2015 – seja prorrogado. Conheça a história de Flávia, outra intercambista pelo CsF. E também a defesa pela mudança no programa


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Mudar para conseguir estudar

fotos: Ana Lígia

por Ana Lígia

PERSEVERANÇA Hoje doutora em educação, Bernardina Santos deixou a casa dos pais aos 11 anos

O depoimento da mãe de Bernardina sobre a trajetória de sua filha Histórias da nova geração de moradores de Xucuru que estudam fora do país A versão de quem não teve a mesma sorte de Bernardina e não conseguiu sair de Xucuru

A 205 km do Recife se encontra Xucuru, distrito de Belo Jardim, que possui cerca de 5,6 mil habitantes e é conhecido por seu difícil acesso, graças à deficiência das estradas. Mas o que as belas serras do lugar escondem, além de sua admirável mata, são as histórias do povo que conseguiu driblar cada curva do caminho escasso, em busca de boas escolas. Lá não é difícil encontrar casos de pessoas que, desde o século passado, não medem esforços para estudar e acabam deixando esse lugar intocado, operando uma mudança radical em suas vidas. São Manoel da Paciência é conhecido como o padroeiro de Xucuru. Junto a esse adjetivo, “perseverança” também deveria ser usado para descrever os alunos que lutam todos os dias para conseguir estudar, já que o distrito possui uma única e limitada escola de Ensino Fundamental. A trajetória da xucuruense Bernardina Santos, hoje doutora em educação, serve de inspiração para muitos alunos, que hoje vivem uma adaptação melhorada da sua própria história iniciada em 1977. Com apenas 11 anos, Bernardina saiu da casa de seus pais, em Xucuru, para estudar em Belo Jardim. O grupo escolar Manoel Soares era a única escola do distrito e só ia até a 4a série (hoje 5o ano). “Era comum muitas séries convivendo ao mesmo tempo em uma única sala de aula, administrada por uma só professora e a maioria era leiga”, lembra. Depois de ter sido vetada a repetir, pela terceira vez, a 4ª série, de 1974 a 1976, sua mãe teve a ideia de mandá-la morar em Belo Jardim, com uma prima que tinha acabado de conhecer. Viver na casa de Dona Helena foi uma das mais drásticas mudanças na vida de Bernardina. “Quando minha mãe descobriu a existência dessa prima, viu uma chance imensa de me colocar para morar com ela. Era uma família bem diferente da minha, foi uma adaptação marcada por sofrimento, eu me sentia muito rejeitada. Sentia uma alegria imensa quando chegava a sexta-feira e eu voltava para minha casa”, relata. Os alunos que moram em Xucuru e estudam em Belo Jardim contam hoje com o apoio da prefeitura, que disponibiliza lotações para levar os estudantes. Bernardina não teve a mesma sorte. Por incontáveis vezes, na época de enchentes, precisou atravessar rios a pé. “A topografia do lugar é muito diferente, há muitas serras e pedras, isso dificultava o deslocamento. Nessas épocas era impossível o trânsito de carros”, conta. Por algumas vezes, devido à difícil adaptação, Bernardina pensou em voltar a morar em Xucuru. “Todos os finais de semana eu viajava para casa da minha mãe e ela sempre repetia: ‘Fique por lá, aqui não tem futuro pra você, veja as meninas da sua idade, elas carregam água na cabeça, perdem os dentes muito cedo e acabam casando com esses bêbados’”. Essa espécie de praga era o “empurrão” de volta à cidade. Bernardina fez jus ao padroeiro de Xucuru e com paciência venceu todas as dificuldades -colocadas em seu caminho (ver box online). Decidir e aceitar uma modificação tão grande e drástica, quando ainda se é uma criança, não foi fácil. Mas foram o apoio do pai, acolhimento da família e sua coragem de mudar que a fizeram trocar a proteção de sua casa por uma difícil jornada em busca de um futuro melhor na escola.

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foto: ana alessandra

foto: Felipe Bueno

foto: Acervo pessoal lucas linares

foto: Alice Mafra

foto: flávia albuquerque

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Foto: júlia teles

Foto: júlia teles


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