A educação popular em pauta: diálogos (im)pertinentes - terceiro ciclo

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A EDUCAÇÃO POPULAR EM PAUTA DIÁLOGOS (IM)PERTINENTES: TERCEIRO CICLO

Sistematização das atividades Julho de 2020


A EDUCAÇÃO POPULAR EM PAUTA Quem somos? O Observatório de Educação Popular e Movimentos Sociais na América Latina (OBEPAL) é um grupo de pesquisa com interface na extensão da Universidade Federal do Espírito Santo. O OBEPAL possui vinculação com a PROEX a partir das atividades extensionistas que desenvolve desde 2018 e com a PRPPG através dos projetos de iniciação científica desenvolvidos ao longo dos últimos 2 anos. Apresentação das atividades em tempos de Pandemia O terceiro ciclo do projeto "Educação Popular em pauta" foi realizado pelo OBEPAL durante o mês de julho/2020. O objetivo foi dar continuidade, em tempos de pandemia do novo coronavírus (COVID-19), à ação extensionista - diálogos (im)pertinentes - contando com a participação de convidados/as de diferentes áreas do conhecimento. Os encontros deram primazia para a beleza e a potência dos diálogos e afetos em tempos de incertezas. Organização: os encontros aconteceram uma vez na semana as terças - e tinham como recursos didático-pedagógicos a utilização de vídeos, textos, imagens e outros. Ao todo, foram 04 encontros neste terceiro ciclo, perfazendo uma carga horária total de 12h de encontros online + 20h de preparação para os encontros.

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NOSSOS/AS CONVIDADOS/AS E PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

Maria Ciavatta

José Carlos Freire

Arlete Pinheiro Schubert

Perla Alvarez

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SUMÁRIO A centralidade de trabalho-educação e a fotografia como fonte de pesquisa social ......... 5 .

Cultura popular, música caipira e educação ... 9 Educação popular e movimentos indígenas . 13 La educación popular en Paraguay: la experiência del IALA - Guarani ............................. 17 Agradecimentos .......................................................... 22 OBEPAL/Realização ................................................. 23 Referências .................................................................... 24

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Sebastião Salgado

Noilton Pereira

Imagem apresentada pela convidada (1925)

A CENTRALIDADE DE TRABALHOEDUCAÇÃO E A FOTOGRAFIA COMO FONTE DE PESQUISA SOCIAL

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A CENTRALIDADE DE TRABALHO-EDUCAÇÃO E A FOTOGRAFIA COMO FONTE DE PESQUISA SOCIAL COM MARIA CIAVATTA Nossa Convidada Maria Ciavatta é formada em Filosofia e Letras pela PUC do Rio de Janeiro, Doutora em Educação e Pós-doutora em Sociologia do Trabalho. Atualmente é professora titular de Trabalho e Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF) Niterói, coordenadora do Grupo THESE (Projetos Integrados de Pesquisa em Trabalho, História, Educação e Saúde) e fundadora e integrante do NEDDATE (Núcleo de Imagem apresentada pela convidada (1914)

Estudos, Documentação e Dados sobre Trabalho e Educação). Nosso encontro Neste dia (07/07) tivemos 61 participantes, divididas/os entre componentes do OBEPAL e participantes externas/os de várias áreas e grupos. Nossos diálogos (im)pertinentes

Imagem apresentada pela convidada (1917)

Maria Ciavatta se aproximou do tema da fotografia em 1986, quando constatou com a realização de uma pesquisa que fazia à época que elas afloram, naturalmente, lembranças nas pessoas. Sua inserção definitiva nestes estudos se deu em seu pós-doutorado, realizado na Itália. Ali, a Confederação Geral dos

Imagem apresentada pela convidada (1914)

Trabalhadores Italianos comemorava 103 anos da criação do Sindicato dos Trabalhadores no país e, por isso, organizaram o arquivo da Confederazione Italiana del Lavoratori (CIDL), centro de referência principal de estudos/biblioteca da convidada: repleto de fotografias muito antigas, Ciavatta percebeu que poucas pessoas ainda podiam contar as histórias nelas guardadas.

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A convidada compartilhou conosco a dificuldade de encontrar arquivos fotográficos que servem para pesquisa histórica, relatando que são instituições preciosas e que lutam para se manter. Disse ainda que o Brasil é um país em que a memória não é cultivada e, o que ainda se conserva, é resultado de muito esforço. Sobre a categoria trabalho, diz que pensá-la na atualidade é primeiro pensar nos jovens que ocupam cada vez mais postos precarizados e com total ausência de direitos, como os entregadores/as de aplicativos. Já sobre a educação, Ciavatta aponta as diversas desigualdades presentes na realidade escolar brasileira, demarcando as problemáticas de retorno às aulas neste cenário de pandemia. O diálogo se deu em torno de questões como: a medida de produção social do espaço urbano pensada no começo do século XX, a qual se estrutura com uma gestão militarizada que criminaliza a pobreza e promove o encarceramento em massa da população negra; a necessidade de pensar as fotos das revoluções - vitoriosas ou não como um tema fundamental para os/as latinoamericanos/as; o lugar da educação popular para pensar quais outros elementos tem na fotografia além da fonte histórica; entre outras. Este encontro foi muito potente e marcante para todas/os que estiveram presentes. A diferença geracional marcou diversos momentos e mostrou como é essencial e importante a troca de experiências e conhecimentos para a produção de um novo ver-viver a vida cotidiana.

"Quando eu vou na cidade tenho a impressão que estou no paraíso. Acho sublime ver aquelas mulheres e crianças tão bem vestidas. Tão diferentes da favela. As casas com seus vasos de flores e cores variadas. Aquelas paisagens há de encantar os olhos dos visitantes de São Paulo, que ignoram que a cidade mais afamada da América do Sul está enferma. Com suas úlceras. As favelas" Carolina Maria de Jesus - Quarto de despejo

pALAVRAS CHAVE do encontro : Fotografia Memória Trabalho 7


Cidadão Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar Foi um tempo de aflição Era quatro condução Duas pra ir, duas pra voltar Hoje depois dele pronto Olho pra cima e fico tonto Mas me vem um cidadão E me diz, desconfiado Tu tá aí admirado Ou tá querendo roubar? Meu domingo tá perdido Vou pra casa entristecido Dá vontade de beber E pra aumentar o meu tédio Eu nem posso olhar pro prédio Que eu ajudei a fazer Tá vendo aquele colégio, moço? Eu também trabalhei lá Lá eu quase me arrebento Fiz a massa, pus cimento Ajudei a rebocar Minha filha inocente Vem pra mim toda contente Pai, vou me matricular Mas me diz um cidadão Criança de pé no chão Aqui não pode estudar

Essa dor doeu mais forte Por que é que eu deixei o norte? Eu me pus a me dizerLá a seca castigava Mas o pouco que eu plantava Tinha direito a comer Tá vendo aquela igreja, moço? Onde o padre diz amém Pus o sino e o badalo Enchi minha mão de calo Lá eu trabalhei também Lá foi que valeu a pena Tem quermesse, tem novena E o padre me deixa entrar Foi lá que Cristo me disse Rapaz deixe de tolice Não se deixe amedrontar Fui eu quem criou a terra Enchi o rio, fiz a serra Não deixei nada faltar Hoje o homem criou asa E na maioria das casas Eu também não posso entrar Fui eu quem criou a terra Enchi o rio, fiz a serra Não deixei nada faltar Hoje o homem criou asas E na maioria das casas Eu também não posso entrar

Zé Ramalho

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Cena do filme "Marvada Carne"

@leonardopradofoto

Acervo pessoal Inezita Barroso

CULTURA POPULAR, MÚSICA CAIPIRA E EDUCAÇÃO

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CULTURA POPULAR, MÚSICA CAIPIRA E EDUCAÇÃO COM JOSÉ CARLOS FREIRE Nosso convidado

Logo Rádio Zói d'Água

José Freire, carinhosamente chamado de Zé, é formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Filosofia Política pela Faculdade São Bento e Doutorando no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atualmente atua como professor na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), vinculado ao Departamento de Ciências Humanas e Sociais, Campus de Teófilo Otoni (MG). Nosso encontro Neste dia (14/07) tivemos 26 participantes, divididas/os entre as/os componentes do OBEPAL (UFES) e convidadas/os externas/os. Nossos diálogos (im)pertinentes

Noilton Pereira

@leonardopradofoto

Este encontro foi mediado pela beleza nas músicas, poesias e no cuidado recíproco entre Zé e o OBEPAL. O convidado trouxe três pontos principais para nosso diálogo: 1) a música caipira, descrita como um fenômeno social e cultural localizado no tempo e no espaço; 2) a figura do sujeito caipira, que pode ser afirmada como definição do que é o trabalhador rural ou os trabalhadores em geral; 3) a cultura popular, que se define como o que integra as dimensões e expressões de um povo no seu tempo. Diante disso, pode-se observar que nosso país - forjado pela oralidade - é constituído historicamente contra o popular, pois sua cultura é negada pelas elites.

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A música caipira, apesar de surgir em um contexto violento de invasão e exploração colonial, também conta história de homens e mulheres trabalhadores/as, que os livros de história não nos contam: a cultura popular é, dessa forma, ato político de resistência. Zé é criador da Rádio Zói d'Água - com episódios disponíveis no YouTube -, um projeto que nasceu em tempos pandêmicos e foi pensado como uma “brincadeira séria”, tendo como objetivo levar alegria às/aos ouvintes em tempos tão duros,. O convidado fala sobre relação rádio-música caipira-radiodifusãoRádio Zói d’Água e diz que elas se conectam com o tema da educação em um horizonte simbólico, através do método de aprendizado, da vivência como experiência nativa, da analogia enquanto reconhecimento de si naquilo que se ouve na rádio e integração, no sentido de que a cultura popular não pode vir como um adereço, como mero preenchimento de lacunas. Nesse sentido, a tradição oral e popular exige uma intensa revisão dos nossos currículos, sendo pensada através de sua fecundidade em si mesma, como parte integrante e não como uma “ilustração”. A questão é: pensar a música caipira e local como integrante da formação da escola, relação escola-comunidade. Nosso encontro com Zé nos presenteou com a certeza de que a história pulsa no popular e, para nós, espaços como este são fundamentais para que possamos ter um olhar atento e cuidadoso com a cultura popular dos nossos territórios.

É de sonho e de pó O destino de um só Feito eu perdido em pensamentos Sobre o meu cavalo É de laço e de nó De gibeira o giló Dessa vida, cumprida a sol Sou caipira, Pirapora Nossa Senhora de Aparecida Ilumina a mina escura e funda O trem da minha vida O meu pai foi peão Minha mãe solidão Meus irmãos Perderam-se na vida A custas de aventuras Descasei, joguei Investi, desisti Se há sorte Eu não sei Nunca vi Me disseram porém Que eu viesse aqui Prá pedir de romaria e prece Paz nos desaventos Como eu não sei rezar Só queria mostrar Meu olhar, meu olhar, Meu olhar... Romaria - Renato Teixeira

pALAVRAS-CHAVE do encontro : Cultura Popular Campo Música caipira 11


Tocando em frente Ando devagar Porque já tive pressa E levo esse sorriso Porque já chorei demais

É preciso amor Pra poder pulsar É preciso paz pra poder sorrir É preciso a chuva para florir

Hoje me sinto mais forte Mais feliz, quem sabe Só levo a certeza De que muito pouco sei Ou nada sei

Todo mundo ama um dia Todo mundo chora Um dia a gente chega E no outro vai embora

Conhecer as manhas E as manhãs O sabor das massas E das maçãs É preciso amor Pra poder pulsar É preciso paz pra poder sorrir É preciso a chuva para florir Penso que cumprir a vida Seja simplesmente Compreender a marcha E ir tocando em frente

Cada um de nós compõe a sua história Cada ser em si Carrega o dom de ser capaz E ser feliz Conhecer as manhas E as manhãs O sabor das massas E das maçãs É preciso amor Pra poder pulsar É preciso paz pra poder sorrir É preciso a chuva para florir Ando devagar Porque já tive pressa E levo esse sorriso Porque já chorei demais

Como um velho boiadeiro Levando a boiada Eu vou tocando os dias Pela longa estrada, eu vou Estrada eu sou Cada um de nós compõe a sua história Cada ser em si Conhecer as manhas Carrega o dom de ser capaz E as manhãs E ser feliz O sabor das massas E das maçãs

Almir Sater

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Sebastião Salgado

@nahayannasorgon

@leonardopradofoto

EDUCAÇÃO POPULAR E MOVIMENTOS INDÍGENAS

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EDUCAÇÃO POPULAR E MOVIMENTOS INDÍGENAS COM ARLETE PINHEIRO SCHUBERT Nossa convidada Arlete Pinheiro Schubert é formada em História e possui especialização em Filosofia da Religião pela UFES e em Diversidade e Cultura dos Povos Indígenas pela Faculdade EST-RS. É também Mestre em Educação também pela UFES e, atualmente, é doutoranda no Programa de Educação da UFES, com participação ativa no grupo de pesquisa Culturas, Parceria e Educação do Campo.

@nahayannasorgon

Nosso encontro Neste dia (21/07) tivemos 30 participantes, divididas/os entre as/os componentes do OBEPAL (UFES) e participantes externas/os. Nossos diálogos (im)pertinentes Arlete levanta o debate sobre a necessidade de resgatar a identidade indígena através da

@leonardopradofoto

@leonardopradofoto

beleza de sua cultura e história, e não por meio de estereótipos preconceituosos. Para isso, aponta a importância do resgate da memória, que foi roubada deste povo, Outro tema trazido pela convidada diz respeito à história do movimento indígena, datado da década de 70, momento de efervescência da luta popular. Neste mesmo período é criada a organização "Povos das Florestas", uma articulação entre os movimentos indígenas e seringueiros. Também dialogamos sobre a reivindicação por uma educação própria, que não anule as particularidades culturais e sociais das/os estudantes e sobre a relação respeitosa e cuidadosa que este povo tem com a natureza e a realidade do consumo consciente, extraindo da terra apenas o necessário para viver.

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Contamos ainda com a participação especial de Renato, indígena tupiniquim, liderança da APOINME (Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo) para contribuir no debate. Ele nos conta que, no período da pandemia da COVID-19, diversas lideranças indígenas perderam sua vida e os povos pelo Brasil enfrentam muitas dificuldades. Ressalta que o governo atual, o qual já se mostrou anti-indígena, dificulta muito a resistência, mas os anteriores também deixaram a desejar. Renato afirma que é necessário pensarmos a luta unificada, principalmente no pós pandemia, pois é apenas coletivamente que conseguiremos resistir a realidade cada dia mais dura. O diálogo se deu em torno de questões como: os caminhos para se pensar o cuidado coletivo, utilizando de exemplo as experiências do povos originários e a importância da organização coletiva para a luta em prol da construção de uma nova sociedade. Refletimos o fato das lutas na América Latina possuírem tanto em comum, mas serem tão desconhecidas. O sentir, pensar e viver latinoamericano é anterior à invasão, que é muito presente, porém, ainda não o reivindicamos. Outro tema levantado diz respeito às correntes teóricas e a experiência vivida na prática. Dessa forma, nossa pergunta foi: estaria o marxismo muito distante do indigenismo? Chegamos a conclusão de que é necessário um embate fraterno e com muita escuta, colocando em movimento — através da formação — nossas dúvidas e inquietações.

Que faço com a minha cara de índia? e meus cabelos e minhas rugas e minha história e meus segredos? [...] Brasil, o que faço com a minha cara de índia? não sou violência ou estupro eu sou história eu sou cunhã barriga brasileira ventre sagrado povo brasileiro ventre que gerou o povo brasileiro hoje está só ... a barriga da mãe fecunda e os cânticos que outrora cantavam hoje são gritos de guerra contra o massacre imundo Brasil - Eliane Potiguara

pALAVRAS-CHAVE do encontro : Ancestralidade História Resistência 15


Território Ancestral Alô, mãe Você sente minha falta? Porque eu também sinto falta de mim Alô, mãe Canta que o corpo transpassa O tempo e nos faz resistir Deixei meu cocar no quadro Retrato falado, escrevo: "Tá aqui" Num apagamento histórico Me perguntam como é que eu cheguei aqui A verdade é que eu sempre estive(Nos reduzem a índios, mitos, fantasias) A verdade é que eu sempre estive(E depois dizem que somos todos iguais) Vou te contar uma história real:Um a um morrendo desde os navios de Cabral Nós temos nomes, não somos números Nós temos nomes, não somos números

Pra me manter viva, preciso resistir Dizem que não sou de verdade Que eu não deveria nem estar aqui O lugar aonde eu vivo Me apague, me incrimina Me cala e me torna invisível A arma de fogo superou a minha flecha Minha nudez se tornou escandalização Minha língua mantida no anonimato Kaê na mata, Aline na urbanização Mesmo vivendo na cidade Nos unimos por um ideal Na busca pelo direito Território ancestral Vou te contar uma história real Pindorama (território, território ancestral) Brasil, Demarcação já no território ancestral. Kaê Guajajara

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Cena do documentรกrio "Escuelitas Campesinas. Ligas Agrarias Rembiapokue"

Cena do documentรกrio "Escuelitas Campesinas. Ligas Agrarias Rembiapokue"

Cena do documentรกrio "Escuelitas Campesinas. Ligas Agrarias Rembiapokue"

LA EDUCACIร N POPULAR EN PARAGUAY LA EXPERIENCIA DEL IALA - GUARANI

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LA EDUCACIÓN POPULAR EN PARAGUAY LA EXPERIENCIA DEL IALA - GUARANI COM PERLA ALVAREZ Nosso convidado Perla é dirigente camponesa e uma das referências da Coordinadora Latinoamericana de Organizaciones del Campo (CLOC- la Vía Campesina) e da Organización de Mujeres Campesinas e Indígenas (CONAMURI). Nosso encontro

Cena do documentário "Escuelitas Campesinas. Ligas Agrarias Rembiapokue"

Neste dia (28/07) tivemos 17 participantes, divididas/os entre as/os componentes do OBEPAL (UFES), Saberes em Movimento (UNILA) e participantes externas/os. Nossos diálogos (im)pertinentes

Cena do documentário "Escuelitas Campesinas. Ligas Agrarias Rembiapokue"

Cena do documentário "Escuelitas Campesinas. Ligas Agrarias Rembiapokue"

Perla traz as experiências das ligas campesinas, criadas através das comunidades de base, como um dos mecanismos de resistência do período da Ditadura Civil-Militar Paraguaia (1954-1989). Este período marca a forma de ser do país até hoje, principalmente no que tange à educação, visto que uma das maneiras de obter controle social era submeter a sociedade à ignorância. Assim, o objetivo das ligas era buscar um novo formato de educação, que se vinculasse com a vivência no campo. A convidada ressaltou que o país possui um sistema pensado para expulsar as pessoas do campo e de seus territórios e, como contraponto, as escuelitas campesinas fazem o movimento de reconhecer o campesino e sua identidade, entendendo que os sujeitos possuem uma história-memória e podem ser protagonistas do presente-futuro. Devido ao seu êxito, as escuelitas foram e ainda são fortemente perseguidas. Perla também apresenta o Instituito Agroecológico da América Latina (IALA), que surge pela Via Cam-

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-pesina para impulsionar a agroecologia na América Latina, confrontando a expansão do capital campo e liderando lutas em defesa de uma produção campesina/indígena. A IALA recupera as ideias e experiências dos movimentos campesinos de construção coletiva de alfabetização. Perla afirma ser uma experiência dolorosa, mas também amorosa. No Brasil, a IALA está sendo liderada pelo MST, tendo como papel contribuir para construir uma formação educacional crítica. Com isso, ela aponta a educação popular como forma de experiência de resistência dos saberes populares. O diálogo se deu em torno de questões como: a relação do Paraguai com o Brasil, considerando as memórias da Guerra do Paraguai e as relações estabelecidas entre os países; a necessidade de compreender que a organização popular forte é a base para impulsionar os processos da educação popular, por isso não podem estar dissociadas entre si; o fato de que a produção hegemônica se consolida em relações também hegemônicas, como é o caso da educação formal; as poucas experiências da educação popular na universidade; a beleza enquanto algo ligado a diversidade e não é só sobre aquilo que se vê, mas também sobre aquilo que se sente; O guarani como língua materna repleta de beleza e que não está necessariamente ligado ao povo indígena como no Brasil; entre outras. Este foi um encontro muito potente para todas/os presentes, onde os princípios da educação popular foram materializados no cuidado e na troca promovida por nossa convidada.

No puedes comprar al sol No puedes comprar la lluvia Vamos caminando Vamos dibujando el camino No puedes comprar mi vida Mi tierra no se vende Trabajo bruto pero con orgullo Aquí se comparte, lo mío es tuyo Este pueblo no se ahoga con marullos Y si se derrumba yo lo reconstruyo Tampoco pestañeo cuando te miro Para que recuerdes mi apellido La operación cóndor invadiendo mi nido Perdono pero nunca olvido, oye Aquí se respira lucha (Vamos caminando) Yo canto porque se escucha (vamos caminando) Aquí estamos de pie Que viva la América No puedes comprar mi vida Latinoamerica - Calle 13

pALAVRAS-CHAVE do encontro : Ligas Campesinas Guarani Brechas 19


Conciencia del pueblo Podrán deshojar un libro y hasta quemarlo, pero no podrán ni siquiera herir a la cultura. Podrán derribar un árbol y hacerlo astillas, pero no podrán borrar la montaña del horizonte. Podrán tronchar una, dos, cien y mil rosas,-como dijo alguien- pero no detendrán la primavera. Podrán matar innumerables hombres y desaparecerlos, pero no podrán nunca aniquilar al pueblo. Podrán violar a las mujeres y condenarlas sirvientas, pero no podrán evitar que las madres paran combatientes. Podrán balear a estudiantes, obreros y campesinos, pero no podrán nunca contra las ideas esperanzadas. Podrán asesinar los cuerpos y hasta incinerarlos, pero no podrán contra la pasión libertaria de los caídos. Podrán silenciar las radios, diarios, voces y cantos, pero no podrán jamás acallar la conciencia del pueblo. Gilberto Ramírez Santacruz

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21 @nahayannasorgon_


AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos/as aqueles/as que construiram conosco esse movimento de resgate da beleza em tempos de pandemia. Em especial aos/as nossos/as convidados/as e participantes especiais - Maria Ciavatta, José Carlos Freire, Arlete Schubert e Perla Alvarez. Agradecemos também às entidades, movimentos e grupos que estiveram presentes em nossos encontros, bem como aqueles/as que se disponibilizaram para estar com a gente. Por último, mas não menos importante, agradecemos a Leonardo do Prado (@leonardopradofoto), Nahayanna Sorgon (@nahayannasorgon_) por abrilhantar nosso trabalho com suas maravilhosas fotografias. Que sigamos dialogando (im)pertinentemente!

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OBEPAL Dra. Roberta Sperandio Traspadini (UNILA, Coordenação do OBEPAL) Dra. Adelia Maria Miglievich Ribeiro (UFES, Co-coordenação do OBEPAL) Alexia Cristina Clotilde de Souza (UFES) Ana Carolina Costa Andrade (UFES) Elizio Spadetto Borini (UFES) Geovana Moreira Paraizo (UFES) Isabela Teixeira Traspadini (UFES) Julia Nascimento Barbosa (UFES) Karen C. dos Santos Dias (UFES) Livia Costa Araújo (SEME) Mariane Luzia Folador Domicini Berger (SEDU) Micaela Moreira Silva (UFES) Natália Moura Ribeiro (UFES) Stella Montiel da Silva (UNILA) Yasmin Boni Rodrighes (UFES)

REALIZAÇÃO Ana Carolina Costa Andrade (UFES) Dra. Roberta Sperandio Traspadini (UNILA, Coordenação do OBEPAL) Julia Nascimento Barbosa (UFES) Micaela Moreira Silva (UFES) Yasmin Boni Rodrighes (UFES) CONTATO E-MAIL: OBEPALEDUCAÇÃOPOPULAR@GMAIL.COM INSTAGRAM: OBEPAL.ES

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REFERÊNCIAS Antídotos 1: Covid e educação (jogo de esconde esconde). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=igj6ZZYVNBY&feature=youtu.be> CALLE 13. Latinoamérica. v=DkFJE8ZdeG8>

Disponível

em:

<ttps://www.youtube.com/watch?

CIAVATTA, Maria. O rio dos trabalhadores: A educação do olhar e a fotografia como fonte histórica. In: Trabalho necessário. Rio de Janeiro, v.18, Nº 35, jan/abr 2020. Escuelitas Campesinas Ligas Agrarias Rembiapokue. Disponível <http://www.baseis.org.py/publicaciones/escuelitas-campesinas-parte-01/>

em:

FOERSTE, Erineu; SCHUBERT, Arlete M. Pinheiro. Lutas territoriais Tupinikim: Memória e reelaborações culturais e identitárias. In: 3º Congresso Internacional Povos Indígenas da América Latina: Trajetórias, narrativas e epistemologias plurais, desafios comuns. 3 a 5 de julho de 2019, Brasília - DF. GUAJAJARA, Kaê. Território Ancestral. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch? v=szzDJahvUS8> INSTITUTO AGROECOLÓGICO LATINOAMERICANO GUARANÍ. Agroecología: Diálogo de Saberes en el encuentro de Culturas. Asunción: IALA GUARANÍ, 2014. JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10 ed. São Paulo: Ática, 2014. (p. 85); O rio dos trabalhadores. v=CuDooAdduoA>

Disponível

em:

<https://www.youtube.com/watch?

POTIGUARA, Eliane. Brasil. In:______. Metade Cara Metade Máscara. São Paulo: Global, 2004. Rádio Zói D’água. Disponível <https://www.youtube.com/channel/UCvQBccCRN9PD60lc2lNQjsw/videos> RAMALHO, Zé. v=RFtw0_qNl54>

Cidadão.

Disponível

em:

em:

<https://www.youtube.com/watch?

SANTACRUZ, Gilberto Ramirez. Conciencia del pueblo. In:______. Poemas y Canciones de Amor y Libertad. Disponível em: <https://biblioteca.org.ar/libros/300392.pdf>

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REFERÊNCIAS SATER, Almir. Tocando em frente. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch? v=SWtjTkixv5M> Sonhos para adiar o fim do mundo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch? v=95tOtpk4Bnw&feature=youtu.be> TEIXEIRA, Renato. v=aup_ZeTHtcI>

Romaria.

Disponível

em:

<https://www.youtube.com/watch?

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