Revista ES Brasil 128

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TECNOLOGIA Rodrigo Dessaune: proteja seus dados

GESTÃO Elas estão no comando

TEST DRIVE SW4 2016: mais ousada, mais forte, mais elegante

ESB PERGUNTA Leonardo Deptulski discute recuperação do Rio Doce

Nº 128 • R$ 10,50 • www.esbrasil.com.br

O GIGANTE PERDIDO ONDE O BRASIL VAI PARAR?

IMPRESSO

ENTREVISTA

JOÃO BOSCO DA SILVA: GOVERNANÇA CORPORATIVA NO TRATO DO MEIO AMBIENTE




SUMÁRIO

CAPA

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Ganhando proporções cada vez mais assustadoras, os desdobramentos da Operação Lava Jato vêm travando batalhas diárias entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, em meio a um cenário de caos em Brasília e de manifestações junto à população.

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Tecnologia

Rodrigo Dessaune, especialista em segurança da informação e diretor-presidente da ISH Tecnologia, fala sobre os desafios enfrentados pelas empresa quanto à proteção a ataques cibernéticos e ao sigilo de seus dados.

16 Entrevista Foto: Helio de Queiroz Filho

A queda no consumo das famílias brasileiras, decorrente da crise econômica, tem trazido grande preocupação entre os micro e pequenos empresários, que representam a maioria expressiva dos negócios formais em nosso país. E os pedidos de falência assustam o segmento... Foto: Pix Fotografia

38 Gestão Elas são mães, esposas, trabalham, estudam e ainda conseguem um tempinho para se cuidar sem deixar a peteca cair. As mulheres mostram que estão cada vez mais no comando e à frente de seu tempo.

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Agenda

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Periscópio

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ES Brasil Pergunta

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O Endereço da História

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Gastronomia

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Essas Mulheres

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Modus Vivendi

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Tira-Gosto

ARTIGOS 14

Crise continuada

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64 Test Drive

Foto: Divulgação

Conheça as novidades da SW4 2016, que já se encontra disponível nas concessionárias Kurumá. O modelo, equipado com um motor 2.8 16V turbodiesel de 177 cv de potência e 45,9 kgfm de torque, veio para mostrar que os utilitários estão ganhando cada vez mais espaço na vida dos brasileiros.

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Arlindo Villaschi

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Ronald

Carvalho

Onde foi parar o velho Brasil?

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Orlando

Caliman

Panorama econômico



EDITORIAL

O

s desdobramentos da Operação Lava Jato se tornaram assunto diário na vida dos brasileiros. Até mesmo aqueles que não se interessavam por política resolveram se posicionar sobre o tema, fazendo com que os nomes, da atual presidente da República, Dilma Rousseff, do seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, e do juiz federal Sérgio Moro estejam nos mais diversos tipos de conversas, nas redes sociais, dentro de um ambiente de trabalho ou até mais mesas de botequim. E todo esse alvoroço, que se intensificou ainda mais desde que Lula foi levado coercitivamente para depor em uma investigação da força-tarefa, desencadeou uma série de acontecimentos no panorama político nacional, travando batalhas entre os Três Poderes e gerando manifestações em diversas regiões do país. Alguns desses atos pediam a saída da presidente e o fim da corrupção, e outros eram a favor do PT. Para se ter ideia da dimensão da revolta coletiva, os protestos do dia 13 de março pró-impeachment levaram mais de 3 milhões de pessoas às ruas, em movimentações populares sem precedentes na história do Brasil. E pelo andar da carruagem, ainda tem muita coisa vindo por aí. Mesmo em meio a tantos episódios negativos neste início de 2016, não podemos deixar de falar de um marco muito importante e alegre para nós: o aniversário de 11 anos da ES Brasil, celebrado neste mês de março. A revista é um projeto que se consolida como publicação de referência no cenário econômico do Estado. E uma palavra que pode resumir toda essa trajetória é gratidão. Gratidão a todos que nos ajudaram a chegar até aqui e ao Senhor de todas as coisas, nosso Pai do Céu. Confira na edição, ainda, matéria especial sobre as mulheres no mercado de trabalho, uma realidade cada vez mais fortalecida e diferenciada. Afinal, basta vermos a crescente presença delas ocupando cargos de lideranças, desempenhando papéis cada vez mais importantes no ambiente corporativo. Trazemos ainda duas entrevistas de altíssima relevância para você, gestor. A primeira delas destaca o especialista em Segurança da Informação e diretor-presidente da ISH Tecnologia, Rodrigo Dessaune, que falou à ES Brasil sobre a essencial proteção digital dentro das empresas, algo que por muitas vezes não é levado a sério e que tem causado prejuízos incalculáveis às milhões de campanhas pelo mundo. Também conversamos com João Bosco Reis da Silva, gerente de Meio Ambiente da ArcelorMittal Tubarão, que ressaltou o peso dentro das organizações da governança corporativa, cujo conceito contempla características como transparência, responsabilidade e efetividade na prestação de contas. No “ES Brasil Pergunta”, voltamos a trazer à tona a questão do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorrida em novembro do ano passado, em um bate-papo com o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce e prefeito de Colatina, Leonardo Deptulski. Fique por dentro do que vem sendo feito para tentar minimizar esse problema e saiba quais são os próximos passos para recuperar o manancial. Não deixe de conferir ainda os principais eventos e fatos que marcaram o mês, assim como as nossas colunas e a opinião qualificada dos articulistas que nos acompanham a cada número. E que estes 11 anos da ES Brasil tenham sido tão proveitosos para vocês, assim como foi para nós. Boa leitura e obrigado pela companhia nestes 11 anos. Mário Fernando Souza, diretor-executivo da Next Editorial e editor-executivo da ES Brasil

ES Brasil é uma publicação mensal da Next Editorial. Seu objetivo é apoiar o desenvolvimento do Estado do Espírito Santo, apresentando conteúdos informativos e segmentados nas diversas vertentes empresariais.

Diretor-Executivo Mário Fernando Souza Diretora de Operações Julicéia Dornelas

EDITORIAL Editor-Executivo Mário Fernando Souza Gerente de Produto Elisângela Egert Apoio Produção Dayanne Lopes Textos Luciene Araújo e Yasmin Vilhena Edição de Arte Fábio Barbosa Colaboraram nesta edição Arlindo Villaschi, Orlando Caliman e Ronald Carvalho Fotografia Jackson Gonçalves, Renato Cabrini, fotos cedidas e arquivos Next Editorial. Capa: Victor Lourenço(Brasília)

PUBLICIDADE Gerente de Publicidade Fernanda Sartório Gerentes de Contas Alex Cota, Beatriz Lopes e Kellen Sodré Apoio Comercial Sâmella Trindade (27) 2123-6520 / www.nexteditorial.com.br

CIRCULAÇÃO Gerente de Circulação Aline Rezende Assinatura (27) 2123-6520 I www.nexteditorial.com.br Serviço de atendimento ao assinante Segunda a sexta, das 9h às 18h Edições anteriores (27) 2123-6520 Contatos com a Redação E-mail: redacao@nexteditorial.com.br Telefax: (27) 2123-6500 Endereço: Avenida Paulino Müller, 795 Jucutuquara – Vitória/ES – CEP 29040-715 ES Brasil nas mídias sociais:

radio.revistaesbrasil.com.br esbrasil @esbrasil revistaesbrasil issuu.com/nxteditorial

OPINIÃO DO LEITOR “Parabéns à revista ES Brasil por estar há 11 anos nos mantendo tão antenados nos principais fatos de nosso Estado e do Brasil. Que venham muitas outras notícias!” Alison Cerutti, jogador brasileiro de vôlei de praia brasileiro 6

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AGENDA ATÉ 17 DE ABRIL

EXPOSIÇÃO “POSTAIS DO ESPÍRITO SANTO ACERVO DO MONSENHOR JAMIL ABIB”

PALESTRA DE LEANDRO KARNAL Fotos: Divulgaçã o

Hoje já desconhecidos por crianças e jovens, os retângulos ilustrados de papelão, enviados pelos Correios sem envelope, eram uma das principais vias de comunicação em todo o mundo. E a exposição de Monsenhor Jamil Abib, considerado um dos maiores colecionadores do mundo, apresenta mais de 300 exemplares de cartões-postais capixabas, que retratam a história do Estado, revelando aspectos dos costumes, da arquitetura e da identidade local. Imperdível. No Palácio Anchieta, com visitação aberta de terça a sexta, das 9 às 17 horas; e sábado, domingo e feriados: das 9h às 16 horas.

13 DE ABRIL

Doutor em História Social pela USP, com pós-doutorados pela Unam (México) pela CNRS (França), o professor de História na Unicamp e autor de diversos livros Leandro Karnal irá ministrar a palestra “O mundo conectado – o impacto das novas mídias nas relações humanas e nos negócios”. A classificação é de 16 anos, mas menores com idade entre 12 e 15 anos poderão ter acesso se acompanhados dos pais ou de um responsável legal.

30 DE ABRIL A 05 DE MAIO

4ª BEAUTY FASHION FAIR Durante quatro dias, a Beauty Fashion reúne os mais renomados profissionais do setor de beleza do Espírito Santo e de outros estados – cabeleireiros, manicures, esteticistas, maquiadores. Mais de 90 expositores e dezenas de novidades estarão no Pavilhão de Carapina.

30 DE ABRIL

STAND UP COMEDY “A DESBOCADA” 20 A 24 DE ABRIL

SANTA TERESA GOURMET A terceira edição do Santa Teresa Gourmet apresenta um superprojeto ao público: o Cozinhas do Brasil. No evento, 13 chefs das cinco regiões do país irão se encontrar no município serrano para trazer um pouco dos pratos típicos de cada local. O festival gastronômico, que é sucesso e referência em turismo, deverá lotar restaurantes e hotéis da cidade em 100% de sua capacidade, assim como em anos anteriores. Um mix de culturas e sabores imperdível. 29 DE ABRIL

ZÉ RAMALHO SE APRESENTA NO ILHA SHOWS Com sua voz inconfundível, o cantor Zé Ramalho promete fazer um show inesquecível no Ilha Shows, em Vitória. O músico nordestino, que há mais de 30 anos arrasta multidões por onde passa, irá apresentar em sua mais nova turnê alguns de seus maiores sucessos, como “Frevo Mulher”, “Avohai”, “Vila do Sossego”, “Chão de Giz”, “Admirável Gado Novo”, “Eternas Ondas”, “Beira-Mar”, “Garoto de Aluguel” e “Banquete de Signos”, além de releituras de Raul Seixas e do hit “Sinônimo”. 8

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Bruna Louise é uma das poucas mulheres do Brasil a se aventurar na onda do stand up comedy. Com rico repertório, a comediante agrada ao grande público feminino, até então, na maioria das vezes, satirizado. Ela traz como tema principal justamente as brincadeiras com os defeitos dos homens, além de enaltecer, claro, as qualidades femininas. Com isso, conseguiu mais de 500 mil inscritos em menos de três meses no seu canal Desbocada, no YouTube. Sua apresentação no Estado será na área de eventos do Shopping Vila Velha. Informações: (27) 4062-9010; WhatsApp (27) 9.9228-8089; ou pelo site www.blueticket.com.br.



A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras” Sérgio Moro, juiz federal, sobre a divulgação das interceptações telefônicas do ex-presidente Lula

Periscópio Desde 2012, a taxa de desemprego brasileira não atingia patamar tão elevado quanto o registrado no quarto trimestre de 2015, que ficou em 9%, totalizando 9,1 milhões de pessoas em busca de trabalho, segundo a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No mesmo período de 2014, o índice era de 6,5%. O indicador, que mapeia o desemprego em cerca de 3.500 municípios, apontou que no trimestre anterior a taxa de desocupação estava em 8,9% e, à época, a população nessa condição havia crescido 7,9%, representando 8,8 milhões de pessoas, ou mais 647 mil ante ao trimestre de março a maio, quando a alta chegou a 29,6% (mais 2 milhões de pessoas, na comparação com igual intervalo de 2014). A média anual ficou em 8,5%.

UNICEF VAI COLABORAR NO COMBATE AO AEDES AEGYPTI NO ESTADO

Foto: Divulgação

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VÔLEI DE PRAIA

DOBRADINHA CAPIXABA NO TOPO DO PÓDIO O dia 20 de março foi marcado por duas importantes conquistas para o esporte capixaba e nacional. As principais duplas do país no vôlei de praia confirmaram o favoritismo e venceram o Open de Vitória, no Espírito Santo, etapa do Circuito Mundial. A torcida que compareceu em peso na arena de Camburi festejou primeiramente a vitória de Larissa e Talita sobre as norte-americanas Walsh e Ross, para em seguida, comemorar o triunfo de Alison e Bruno Schmidt sobre os italianos Nicolai e Lupo. Realizada uma semana após o Grand Slam do Rio, que simulou o torneio olímpico na Praia de Copacabana, a competição na capital do Espírito Santo contou com as principais duplas da atualidade, exceto Evandro/Pedro Solberg e Ágatha/Bárbara Seixas, que optaram por não disputar a etapa. “Foi sensacional, uma pitadinha do que poderá acontecer nas Olimpíadas. A galera jogou junto com a gente e essa torcida fez toda a diferença na virada no primeiro set. A Talita jogou muito hoje, foi o dia dela. Quando uma precisa, a outra ajuda, e o resultado é isto aí: alegria e festa”, celebrou Larissa. TRANSPORTE

ESPÍRITO SANTO GANHA REVENDA DE CAMINHÕES E ÔNIBUS O Espírito Santo ganhou neste mês de março mais um investimento que trará renda e emprego para os capixabas, com a inauguração da concessionária da Iveco. O empreendimento, localizado na Rodovia do Contorno, em Cariacica, tem foco na venda de caminhões, ônibus e utilitários, além de oferecer a prestação de serviços de pós-venda e suporte técnico para veículos da marca. A loja, que faz parte de uma parceria entre a Autoviva e a CNH Industrial, começa a operar com uma estrutura de 10 mil metros quadrados e 70 funcionários. Com os novos negócios, a expectativa é de que o número de colaboradores chegue a 100 nos próximos 12 meses, dobrando em 24 meses. Foto: Divulgação

A reunião do Gabinete de Monitoramento de Combate ao Mosquito, realizada no auditório da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), no dia 18 de março, contou com a presença da representante da Unicef Maria Isabel Abelson. Na ocasião foram discutidas avaliações e estratégias de trabalho para controlar o Aedes aegypti. Maria Isabel colocou a entidade à disposição para contribuir nas ações de conscientização da população, afirmando ainda que essa mesma tarefa vem sendo desenvolvida em 19 municípios capixabas. “Para nós, da Unicef, isso não é só uma questão de saúde pública, mas também de educação, de infraestrutura, e envolve muitos setores da sociedade”, comenta.

Foto: Divulgação

MAIS DE 9 MILHÕES DE BRASILEIROS EM BUSCA DE EMPREGO

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Foto: Divulgação

ÍNDICE

CONFIANÇA DA INDÚSTRIA CAI EM FEVEREIRO O Índice de Confiança da Indústria (ICI), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou 1,5 ponto em fevereiro, ao passar de 76,2 para 74,7, o menor nível desde setembro de 2015. A queda ocorreu em 10 dos 19 principais segmentos da pesquisa e foi determinada principalmente pela redução de 2,8 pontos do Índice de Expectativas (IE), para 72,6, o menor da série histórica. De acordo com Aloisio Campelo Jr., superintendente adjunto para Ciclos Econômicos da FGV/Ibre, o resultado reforça a suspeita de que a alta da industrial nos últimos meses poderia não se sustentar ao longo do primeiro semestre. “A queda do ICI devolve mais da metade da alta acumulada entre o mínimo histórico, ocorrido em agosto, e o mês passado. Além de sinalizações de que a demanda interna continua enfraquecendo, a pesquisa mostra uma piora expressiva das expectativas em relação aos próximos meses”, disse. FISCALIZAÇÃO

ROTATIVO

Foto: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas

NOVOS PARQUÍMETROS COMEÇAM A FUNCIONAR NA REGIÃO DO PARQUE MOSCOSO ANP REGISTRA CERCA DE 7.500 DENÚNCIAS DE ADULTERAÇÃO DE COMBUSTÍVEL A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) recebeu cerca de 7.500 denúncias de adulteração de combustível no ano passado. As principais irregularidades encontradas nas inspeções, segundo superintendente de Fiscalização do Abastecimento do orgão, Carlos Orlando da Silva, foram o percentual de etanol anidro fora dos 27% estabelecidos. Também foi identificado biodiesel com H2O diferente do padrão. E por mais que a participação da sociedade seja extremamente importante para coibir esse tipo de ação, muitas das denúncias não apresentam consistência, o que influencia negativamente na fiscalização. “Quanto maior o número de inconsistência, mais chance de a gente errar. Se as denúncias viessem mais consistentes, maior seria o nosso acerto”, analisou.

O estacionamento rotativo da capital – já presente nos bairros Praia do Canto, Centro, Santa Lúcia e Vila Rubim – passou a contemplar, desde o início do mês de março, a região do Parque Moscoso. As 105 novas vagas estão distribuídas nas ruas Thieres Veloso e Cais de São Francisco, na Avenida República (no trecho entre a Rua Padre José de Anchieta e a Cleto Nunes) e na Avenida Cleto Nunes (do trecho da Avenida República até a General Osório). “São menos carros estacionados e transitando nessas áreas. Por isso, nessas regiões, a maioria dos comerciantes e moradores apoia a presença dos parquímetros”, opina o secretário de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de Vitória, Josivaldo Andrade.

ESCOLAS DA REDE ESTADUAL RECEBEM R$ 11 MILHÕES PARA MELHORIAS A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) vai disponibilizar a primeira parcela do Programa Estadual Dinheiro Direto na Escola (Pedde), no valor de R$ 11,1 milhões, para as 500 unidades de ensino da sua rede pública. Os recursos são destinados a despesas com materiais e reparos, como conserto e substituição de ventiladores, contratação de link de internet, ou compra de materiais pedagógicos. O Programa é um instrumento norteador da execução física e financeira das verbas reservadas a cada colégio, por meio do Conselho de Escola, transferidas de acordo com a classificação tipológica. “O Pedde é uma forma de dar mais autonomia para as escolas, para que assim os alunos da rede estadual tenham acesso e permaneçam em um ambiente com boas condições físicas e com materiais pedagógicos de qualidade”, explica o secretário de Estado da Educação, Haroldo Rocha.

IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES INICIAM ANO EM QUEDA Após vivenciar um ano marcado por incertezas na economia, o comércio exterior capixaba começou 2016 de maneira negativa, apresentando forte queda no mês. De acordo com dados do Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Estado (Sindiex), as exportações e as importações de janeiro registraram em janeiro uma retração de 35% e 33%, respectivamente, se comparadas com o mesmo período do ano passado. “Infelizmente, não podemos esperar números positivos. O país ainda está enfrentando uma forte crise política, e isso afeta a economia e quase todos os setores do mercado. Porém, acredito que os empresários devem continuar trabalhando, investindo e visualizando as oportunidades e resultados a longo prazo”, disse Marcílio Machado, presidente do Sindiex.

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ES BRASIL PERGUNTA

Foto: Divulgação

Leonardo Deptulski Após quatro meses do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), um desastre ambiental sem precedentes no Brasil, os poderes públicos federal e estaduais do Espírito Santo e de Minas Gerais assinaram um acordo com a Samarco, a fim de recuperar a Bacia do Rio Doce. Prefeito de Colatina e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, Leonardo Deptulski fala sobre as ações que vêm sendo adotadas para minimizar os problemas. ESB Qual a situação atual da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (BHRD)? Leonardo Deptulski Esse levantamento está em andamento. O que temos de números é que o volume de rejeitos que se espalhou ao longo da BHRD foi de 32 milhões de metros cúbicos (m³), sendo que uma parte ganhou os 500 km do leito do rio, mas outra continua acumulada acima da barragem de Candonga (MG), onde temos trechos com até 1,5m de altura de lama depositada. A estimativa da ação civil pública apontada pelos técnicos do Ibama e das secretarias estaduais, de aproximadamente R$ 20 bilhões para as ações de recuperação e compensação, teve base em outros desastres ambientais. Mas não existe ainda um levantamento finalizado, dada a complexidade dos cálculos, nessa dimensão de estragos. Por isso, o acordo firmado entre União,

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estados e municípios não aponta limite de investimentos. Os trabalhos para minimizar os impactos do acidente se mostram efetivos? ESB

A Samarco não estava preparada para um acidente dessa proporção. A falta de um plano de contingência para um problema como esse impactou negativamente. Ela foi se organizando, mas isso demorou um tempo que não deveria ocorrer com uma empresa desse porte, que trabalha com tal nível de risco ambiental. É preciso um plano de contingência, um sistema de monitoramento eficiente e equipes capacitadas dar para respostas mais rápidas. Estamos falando do maior acidente ambiental do país, muito grave. LD

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As consequências desse acidente vão mudar a postura das autoridades? ESB

LD Certamente vão provocar profundas mudanças na atividade de mineração quanto ao armazenamento de rejeitos. Será preciso avaliar nos projetos o grau de risco ambiental em caso de vazamento, o quanto é elevado o risco de contaminação, de dano. Somente em Minas Gerais, temos mais de 600 barragens; imagine o tamanho do risco ambiental que isso representa à população e à natureza. ESB Após quatro meses do acidente, que ações foram concretizadas até agora? LD Diversas ações de caráter emergencial, custeadas pela Samarco. Também foram iniciados estudos e monitoramentos que serão base para os 38 programas ambientais e socioeconômicos previstos no acordo. Entre eles: indenização das vítimas; reconstrução das comunidades; retomada das atividades agropecuárias; manejo e contenção dos rejeitos; recuperação de nascentes e áreas de preservação permanente; conservação e recuperação da fauna e flora; melhoria nos sistemas de abastecimento de água; saneamento básico, coleta e tratamento de esgoto.


ESB Enquanto o detalhamento dos valores não é concluído, o que tem sido feito por pescadores, agricultores e povos indígenas que dependem diretamente do rio?

ESB Mas em relação ao meio ambiente, o que já foi feito, além de monitoramento, no Estado? LD Do ponto de vista de reparação do dano ambiental, pouca coisa. A empresa realizou a construção dos diques, próximos à barragem de Fundão, para conter a lama, que desceu no início deste ano com a cheia. Por isso uma das ações emergenciais é a retirada dessa lama que ainda pode ganhar o leito do rio. Antes da cheia, a turbidez estava abaixo de 500 NTUs, e com a cheia ficou acima de 2000 NTUs. ESB Qual o impacto no abastecimento de água? LD A chegada de lama em 2015 interrompeu o abastecimento de água em Colatina, onde o Rio Doce é a única fonte de captação para 122 mil pessoas. Então foi montado um plano de emergência: seis poços perfurados, reservatórios de 10 mil litros instalados nos bairros, caminhõespipas, e houve mutirões de distribuição de galões d’água. Mas mesmo assim tivemos sérios problemas por três semanas. Efetuamos várias modificações nas estações de tratamento de água e passamos a usar um novo produto com capacidade maior de floculação. Com a cheia, a turbidez aumenta e aumenta também a frequência com que precisamos parar as estações de tratamento para limpar os filtros. Como existe esse risco,

Foto: Fred Loureiro/Secom-ES.

LD A empresa assinou um Termo de Compromisso com o Ministério Público do Trabalho e irá pagar, por mês, um salário mínimo, mais 20% a cada dependente e uma cesta básica de R$ 360,00 a cada família que vive da pesca, com pagamento retroativo à data do rompimento da barragem, durante seis meses. A Samarco contratou empresa para o cadastramento dos trabalhadores e dos seus familiares e afirmou que mais de 10 mil pessoas serão visitadas.

Uma das ações emergenciais é a retirada da lama depositada acima da barragem de Candonga, que ainda pode ganhar o leito do rio e intensificar os graves danos ambientais até a foz do Doce, em Linhares

precisamos buscar saídas para não ter essa dependência completa do Doce. E qual o plano B de Colatina? A Samarco está construindo dois sistemas alternativos de captação de água: um no Rio Pancas, para abastecimento da margem Norte da cidade; e outro no Rio Santa Maria do Doce, para atender à margem sul. E há uma negociação de que isso seja realizado também em todos os municípios que dependem da captação do Doce, como Governador Valadares, Conselheiro Pena, Resplendor, entre outros. ESB LD

ESB Como atua o Grupo de Governança para a Crise Ambiental no Rio Doce e quais os resultados positivos já alcançados com esse trabalho?

Precisamos de uma década de muito trabalho e ações intensas para se visualizar um Rio Doce recuperado ainda mais para frente”

LD O grupo reúne 21 instituições, e nós trabalhamos juntos – governos Federal, estaduais e municipais; e comitês – para efetivar a ação civil pública que resultou no acordo e na Fundação que irá administrar os recursos para ações de recuperação da BHRD. Além disso, foi criado o site www.governancapelodoce.com.br para informar a população sobre as ações do grupo. A expectativa é de que as ações de curto prazo já estejam sendo colocadas em prática neste mês de março. ESB Para quando podemos esperar um Rio Doce recuperado? LD O Doce já era muito degradado, na verdade já estava em situação crítica, tanto do ponto de vista da quantidade, quanto da qualidade da água. Esse desastre agravou ainda mais essa situação. E trabalhar com um período inferior a 10 anos é otimismo demais. Precisamos de uma década de muito trabalho e ações intensas para se visualizar um Rio Doce recuperado ainda mais para frente.

Confira a entrevista na íntegra em: www.revistaesbrasil.com.br

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ARLINDO VILLASCHI

ECONOMIA

é professor de economia e Coordenador do Grupo de Pesquisa em Inovação e Desenvolvimento Capixaba/Ufes

CRISE CONTINUADA A IMPORTÂNCIA DO FUNCIONAMENTO DO MERCADO FINANCEIRO

A

ideia de que se deve buscar o equilíbrio em economia contribui para a construção de modelos teóricos elegantes, mas que pouco colaboraram para uma melhor aproximação da realidade. Quando esses métodos são usados para legitimar políticas que privilegiam alguns poucos e prejudicam uma grande maioria, é essencial que seja explicitado o conteúdo ideológico dessa utilização. Reconhecer a importância do funcionamento do mercado financeiro é básico em qualquer debate sobre as relações sociais envolvidas na produção, na circulação e na distribuição de bens, serviços e conhecimentos. Essa relevância é atestada pela história e precisa ser ressaltada nos dias atuais em função dos avanços recentes nas tecnologias da informação e das telecomunicações (TICs). A redução de custos na captação, no tratamento, na transmissão e na recepção de informações, aliada à crescente liberdade de movimentação financeira, resultou em um processo de financeirização mundializada sem precedentes. Como consequência, é também sem precedentes a distância entre a economia e as finanças. Estas, por meio de inúmeros novos produtos criados/ampliados – derivativos, securitização, dentre outros –, estão cada vez mais autônomas com relação a aplicações

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na economia real, no âmbito de empresas, de governos ou de indivíduos. Quando essas aplicações ocorrem, são avaliadas segundo uma lógica de rentabilidade e de tempo de retorno dificilmente compatíveis com as possibilidades de quem investe.

A agenda política brasileira precisa pautar o debate amplo sobre quem deve pagar os custos do necessário ajuste fiscal. É míope repetir por aqui o equívoco de transferir à sociedade o ônus total desse ajuste para que o ‘mercado se acalme’“ Essas incompatibilidades entre o lado real da economia e as exigências de ganhos do setor financeiro gera descompassos permanentes e cada vez mais abrangentes em escala mundial. A ponta do iceberg da crise de 2007 – a impossibilidade de famílias americanas continuarem a alimentar

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a ciranda montada em torno do mercado imobiliário – resultou em instabilidade global em função do contágio entre os diversos segmentos do mercado financeiro. Parcela dos custos dos ajustes necessários a curto prazo foi arcada por governos nacionais. Alguns destes optaram por transferir os ônus dessas adequações à maioria da população. Tudo em nome da estabilidade do mercado financeiro, tomada como indiscutível, legitimada por números friamente calculados por especialistas e incorporados em agendas políticas conservadoras. Os resultados são, por um lado, a crescente rentabilidade do segmento financeiro em escala mundial; por outro, o estado de letargia da economia; e, por outro ainda, a forte deterioração de ganhos sociais. O grau dessa rentabilidade, dessa letargia e dessa deterioração tem variado no tempo e de país para país, mas é evidente que, onde a primeira é privilegiada, o crescimento econômico e a estabilidade social são fortemente prejudicados. A agenda política brasileira precisa pautar o debate amplo sobre quem deve pagar os custos do necessário ajuste fiscal. É míope repetir por aqui o equívoco de transferir à sociedade o ônus total desse ajuste para que o “mercado se acalme”.



ENTREVISTA

LUCIENE ARAÚJO

Fotos: Helio de Queiroz Filho

Quanto maior a transparência, menores os riscos de questionamentos”

GOVERNANÇA CORPORATIVA E SUSTENTABILIDADE GERENTE DE MEIO AMBIENTE DA ARCELORMITTAL, JOÃO BOSCO REIS DA SILVA, FALA SOBRE O DESAFIO DE UM PLANEJAMENTO CORPARTILHADO E MAIS TRANSPARENTE

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Temos um potencial enorme para explorar o transporte aquaviário e não possuímos nenhuma ação estruturada nesse sentido para integrá-lo aos outros modais ao longo da costa capixaba”

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om experiência de 17 anos na área de siderurgia, o engenheiro mecânico João Bosco Reis da Silva assumiu a gerência de Meio Ambiente da ArcelorMittal Tubarão em julho de 2014. Seu currículo inclui, além da graduação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o diploma de MBA em Gestão de Negócios e especializações em Gestão Ambiental e Qualidade e Produtividade, além da atuação no Centro de Coprodutos Aço Brasil, na Rede Clima da Indústria Brasileira e no Conselho Estadual de Meio Ambiente, dos quais é membro. Nesta entrevista, ele fala sobre a importância de novo conceito de governança corporativa em relação às questões ambientais. Como definir governança? Governança corporativa é criar um conjunto eficiente de mecanismos, tanto de incentivos quanto de monitoramento, a fim de assegurar que o comportamento dos administradores esteja sempre alinhado com o melhor interesse da empresa. As principais características da boa governança são: transparência; responsabilidade; orientação por consenso; igualdade e inclusividade; e efetividade na prestação de contas. Os princípios e as práticas também podem ser adotados e beneficiar organizações não empresariais, por meio do alinhamento de interesses em busca de contribuir para o sucesso da organização e para sua longevidade. Como o Decreto nº 3463-R corrobora com esse novo conceito de governança? Esse conceito pode ser plenamente aplicado ao decreto estadual voltado para a qualidade do ar, uma vez que este visa ao melhor interesse da sociedade. A gestão dos estudos nele previstos precisa garantir máxima transparência, independência & responsabilidade técnica, uso de metodologias regulamentadas ou acreditadas e inclusão todas as partes envolvidas de forma assegurar resultados efetivos. Há que se enaltecer que o Decreto 3463-R é um marco na gestão da qualidade do ar no Brasil. Poucos estados da Federação possuem um instrumento de gestão tão avançado. Como avalia os estudos previstos pelo decreto? Os estudos previstos – Inventário de Fontes, Modelo de Dispersão Atmosférica e Modelo Receptor – já possuem regulamentação para sua execução em diversos países, sendo a Agência de Proteção Ambiental Americana referência nesse tema, inclusive para partículas

sedimentáveis. A adoção de metodologias já regulamentadas permitiria maior agilidade e diminuiria as incertezas nesse processo. Entretanto, a sociedade capixaba clama por estudos e modelos que sejam desenvolvidos ou adaptados para realidade da Região Metropolitana da Grande Vitória. Para isso, faz-se necessário que os estudos a serem desenvolvidos aqui passem por uma acreditação da comunidade científica antes de sua aplicação. Há uma confusão entre regulamentação, acreditação e auditoria por diversos atores que atuam no processo. São instrumentos diferentes. Utilizar uma metodologia regulamentada é fazer uso de uma técnica amplamente difundida, discutida, já testada pela comunidade científica e que foi regulamentada através de um processo democrático de debate com todos os atores envolvidos. Novas metodologias fazem parte da evolução da ciência, mas para que tenham segurança da sua aplicabilidade, grau de precisão, elas precisam ser acreditadas por uma instituição isenta e independente. Não basta publicar uma tese de doutorado e achar que ela já é valida e suficiente, principalmente em temas tão delicados e complexos. Faz-se necessário uma discussão ampla junto à comunidade científica nacional e até mesmo internacional. Em que fase estão esses estudos? A informação pública disponibilizada pela Seama/Iema (Secretaria Estadual do Meio Ambiente/Instituto Estadual de Meio Ambiente) é que o Inventário de Fontes está na fase de validação da metodologia proposta pela empresa Ecosoft. Essa acreditação vem sendo feita por especialistas da Ufes; e será realizada ainda uma auditoria a fim de assegurar transparência e legitimidade. Os recursos advirão de uma conversão de uma multa ambiental, da qual a ArcelorMittal Tubarão abdicou do seu direito de defesa, para que o dinheiro seja utilizado no custeio desse serviço. É bom deixar claro que a ArcelorMittal não coordenará ou terá qualquer acesso privilegiado às informações. O termo de referência dessa auditoria foi estabelecido pelo Iema, bem como a escolha da empresa. A ArcelorMittal só fará o repasse dos recursos dentro do termo de conversão assinado. Quanto aos demais estudos, a última informação pública, do final de 2015, é que eles ainda não contam com a definição da metodologia ou de organismo acreditador. Seria importante trazermos instituições internacionais de renome para o processo, por exemplo, a Universidade da Carolina do Norte (Estados Unidos), referência em modelos de dispersão atmosférica.

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ENTREVISTA

As principais características da boa governança são: transparência; responsabilidade; orientação por consenso; igualdade e inclusividade; e efetividade na prestação de contas” Quais as expectativas atuais que não são atendidas por esse modelo de governança? Existem algumas fragilidades no modelo vigente. Duas delas, a ausência de metodologias já regulamentadas ou acreditadas pelo orgão ambiental e a transparência/ publicidade dos estudos, atualmente são limitadas. A gestão

do tempo também configura um fator determinante, uma vez que há um clamor da população por resultados imediatos, e isso que pode comprometer a qualidade dos estudos. Outro fator de risco é frustrar as expectativas das partes interessadas, até pelas próprias limitações científicas, pelo percentual de incertezas ou por promessas de soluções milagrosas. É importante também incluir a prática utilizada pela comunidade científica de “prova de conceito”. Quando se tem uma organização privada propondo uma determinada metodologia inovadora e se quer proteger por outro lado a propriedade intelectual, aplica-se uma prova de conceito para atestar a funcionalidade, a precisão e a aderência desse esquema sugerido. Merece atenção o fato de existir uma tendência de os estudos estarem limitados apenas à região da Grande Vitória. Deve-se lembrar que esse é um decreto estadual, que portanto deveria atingir outros municípios com maior contingente populacional e presença de atividades industriais e extrativistas. O que precisa avançar em termos de transparência e publicidade? É importante envolver todos os interessados já na fase de planejamento dos estudos. Quanto maior a transparência, menores os riscos de questionamentos futuros. Além disso, seria importante incluir auditorias independentes, não previstas no decreto, durante a execução dos estudos, o que aumentaria a credibilidade e, consequentemente, fortaleceria o processo de governança. A Promotoria de Meio Ambiente e Urbanismo de Vitória constituiu em 2014 um grupo técnico com quase a totalidade dos chamados stakeholders e vinha se mostrando o principal fórum de diálogo, contando com a presença desde a Academia, passando pelos órgãos públicos como Iema, Detran (Departamento Estadual de Trânsito), Semmam (Secretaria Municipal de Meio Ambiente), até as associações de classe como Findes (Federação das Indústrias), Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil) e Fetransportes (Federação de Empresas de Transportes), além de empresas. Esse fórum precisa continuar ou ser transformado em um comitê de governança para acompanhamento dos estudos. Os comitês de governança estão funcionando? Não existe nenhum comitê de governança estabelecido. A comissão tripartite prevista no decreto é consultiva e não envolve, por exemplo, o Legislativo e Ministério Público, importantes instituições representantes oficiais da sociedade. Para que os estudos tenham sua máxima legitimidade, seria muito importante a elaboração de dois comitês, um deliberativo e outro executivo, este último voltado a acompanhar o andamento dos trabalhos. Além dos comitês, há outras formas de conversa com as comunidades? Atualmente não há, mas seria salutar para todo o processo que fosse estabelecido um cronograma de reuniões públicas.

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A comissão tripartite prevista no decreto é consultiva e não envolve, por exemplo, o Legislativo e o Ministério Público, importantes instituições representantes oficiais da sociedade” A primeira, para apresentação do Planejamento Estratégico estabelecido, e as demais, como forma de acompanhamento e prestação de contas. O poder público precisa dialogar com as partes interessadas. Por mais que os padrões legais de emissão sejam atendidos, o pó preto tem sido um problema grave para a população. O que é preciso ser feito? Os estudos são necessários para criar a base e a sistemática do planejamento estratégico. Há um ditado em gestão que diz: “Aquilo que não é medido não é gerenciado”. Se não possuímos informações científicas, com fatos e dados, dificilmente atingiremos uma melhoria concreta na qualidade do ar. Agir por populismo não funciona. Nosso país está repleto de maus exemplos e dos estragos da falta de planejamento e de ações políticas populistas. A sociedade já está cansada disso. Logicamente isso não impede que as ações andem em paralelo. Cada setor sabe por onde começar. Há quase 10 anos aguardamos a implementação do Plano de Controle de Poluição Veicular. Essa foi uma das saídas do estudo realizado pela USP (Universidade de São Paulo) em relação ao tema saúde e qualidade do ar na Grande Vitória. Infelizmente o plano não sai do papel. Falta vontade política. As emissões veiculares têm um papel relevante na qualidade do ar; precisamos avançar nesse campo. É bom para todos. Por que a ArcelorMittal não pagou nenhum das multas que recebeu da Prefeitura de Vitória? A ArcelorMittal Tubarão exerceu seu direito de defesa, por entender que o conteúdo dos cinco autos de infração recebidos é improcedente. O parecer técnico emitido pela Semmam para fundamentar as infrações emitidas baseou-se em reclamações de moradores registradas por meio do serviço Fala Vitória 156. A própria Secretaria, após análise das denúncias e em respostas aos munícipes, não relata nenhum fato que vincule a ArcelorMittal Tubarão à violação de norma legal citadas nos autos de infração.

Cabe ressaltar também que a empresa vem atendendo a todas as condicionantes de sua licença de operação. O que destacaria em relação aos problemas ambientais? Como disse, temos uma frota de veículos crescente na região da Grande Vitória, aliada a uma ausência de uma inspeção veicular, que a cada ano é prometida, mas que de fato efetivamente não consegue sair do papel. Normalização nesse sentido já há. Nosso modal de transporte é essencialmente rodoviário. Temos um potencial enorme de explorar o transporte aquaviário e não possuímos nenhuma ação estruturada nesse sentido para integrá-lo aos outros modais ao longo da costa capixaba. Em Helsinque, na Finlândia, há mais barcos do que carros. As marinas são públicas e ao longo dos calçadões da cidade. É curioso isso, pois, eles têm um inverno extremamente rigoroso em que os dias duram menos de seis horas devido à latitude, bem como condições inóspitas de tempo (chuva, frio, neve) e ainda assim exploram a navegação de forma intensiva. Nós temos todas as condições naturais de sol o ano todo, vento abundante, uma costa belíssima, e não exploramos nada disso, nem para o turismo. Somos o Estado com maior número de terminais portuários do Brasil, mas em sua maioria privados, voltados a cargas, e nenhum direcionado ao cidadão.

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Foto: Lula Marques

POLÍTICA

ESTADOS E MUNICÍPIOS PODERÃO TER MAIS RECURSOS COM NOVA LEGISLAÇÃO

CUNHA

CONSELHO DE ÉTICA COLETA PROVAS E PEGA DEPOIMENTOS NO PROCESSO CONTRA EDUARDO CUNHA A etapa de coleta de provas no processo de quebra de decoro parlamentar por parte do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que pode levá-lo à perda do mandato, deverá ser finalizada até 18 de maio, se não houver imprevisto. E a expectativa dos conselheiros é entregar o relatório final até 2 de junho. Cunha é suspeito de manter contas bancárias secretas na Suíça e de ter mentido, no ano passado, sobre a existência delas em depoimento à CPI da Petrobras. Ele nega ser dono de contas no exterior, mas admite ter o usufruto de ativos geridos por trustes estrangeiros. IMPEACHMENT

COMISSÃO DA CÂMARA TEM APENAS UM DEPUTADO DA BANCADA CAPIXABA

O Projeto de Lei do Senado (PLS) 183/2015 permite que estados e municípios usem até 70% do valor de depósito em juízo (dinheiro que fica sob tutela do Judiciário até final do litígio e não pode ser movimentado) como receita para pagar precatórios, dívidas fundadas (superiores a 12 meses) e despesas de capital (não obrigatórias). Essa é uma das principais reivindicações de governadores e prefeitos para amenizar problemas de caixa. Caso passe pela Câmara sem modificações, a matéria, que faz parte da Agenda Brasil, poderá ser sancionada.

SENADO APROVA PROJETO QUE PERMITE TRANSFERÊNCIA DE BILHETE AÉREO ENTRE PASSAGEIROS

Evair de Melo, do PV, é o único deputado federal do Espírito Santo escolhido como titular da comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff, grupo comandado pelo seu colega na câmara Rogério Rosso (PSD-DF). Lelo Coimbra, do PMDB, ocupa a suplência do partido na equipe, composta por 65 parlamentares. Um acordo entre o presidente da Casa, Eduardo Cunha, réu da Operação Lava Jato por decisão do STF, tem agilizado o processo com a realização de sessões diárias. Por isso, o prazo de 45 dias deve ser antecipado. O Senado é quem faz o julgamento efetivamente do impeachment e, instaurado o processo, promove o afastamento da presidente por até 180 dias. DANÇA DAS CADEIRAS

SEIS DEPUTADOS ESTADUAIS OPTARAM POR TROCAR DE PARTIDO Durante a janela partidária, encerrada no dia 18 de março, seis dos 30 deputados estaduais decidiram trocar de legenda: Hudson Leal (que saiu do o PRR e foi para o PTN), Sandro Locutor (do PPS para o Pros), Gildevan Fernandes (do PV para o PMDB), Erick Musso (do PP para o PMDB), Amaro Neto (do PMB para o SD) e Edson Magalhães (do PMDB para o PSD). O PMDB continua sendo o partido com maior representatividade, com seis parlamentares na Assembleia Legislativa, mas PV, PMB e PPS não contam mais com nenhum integrante na Casa. 20

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O projeto do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) – PLS 394/2014 – que torna o bilhete de passagem aérea pessoal e transferível, seguiu direto para a Câmara dos Deputados após ser aprovado no senado. A matéria, que muda o Código Brasileiro de Aeronáutica, confronta a Resolução nº 138/2010 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e defende a mudança “por questões de segurança pública e ao risco de um mercado paralelo de bilhetes aéreos”. Segundo a Anac, 117 milhões de passageiros foram transportados em 2014; no Espírito Santo, foram 1.663.765.



POLÍTICA

LUCIENE ARAÚJO

CORRUPÇÃO, LAVA-JATO, DELAÇÕES, MANIFESTAÇÕES, IMPEACHMENT, RECESSÃO ECONÔMICA. EM MEIO A UM CENÁRIO QUE EXIGE TOTAL INTEGRAÇÃO DE FORÇAS PARA MUDAR OS RUMOS DO PAÍS, EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO PIORAM A SITUAÇÃO SE DEGLADIANDO EM CONFLITOS DIÁRIOS. O VAI ACONTECER COM O NOSSO BRASIL?

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o país do futebol, a paixão que envolve clássicos como Flamengo x Vasco ou Corinthians x Palmeiras é facilmente utilizada como tolo argumento para confusões premeditadas e brigas entre torcidas organizadas. No país da Lava Jato, a rivalidade dos “torcedores” de Dilma x impeachment também. Pode até ser que religião e futebol não se discutem, mas a política há muito tempo não ocupava tamanho espaço nas mais diversas rodas, polêmicas e discórdias. São questões econômicas complexas, acompanhadas de defesas e ataques exacerbados que não seguem uma lógica única e de partidos ávidos pela temporada de ofertas iniciada em Brasília. Onde o Brasil vai parar? Eis a pergunta que hoje ninguém se arrisca a responder com precisão. Mas para entender os cenários nacionais que poderão se desenhar, a ES Brasil traçou uma linha do tempo, ouviu membros da bancada capixaba no Legislativo federal e especialistas em Direito Constitucional, economia e política. Também fomos às ruas para saber o que pensa a população diante de tantos acontecimentos. 22

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OS FATOS Em 17 de dezembro, véspera do início do recesso parlamentar, o Supremo Tribunal Federal (STF) mudou os rumos do processo de impeachment da Presidente da República, Dilma Rousseff (PT), aberto semanas antes na Câmara. Esta última Casa, aliás, terá autonomia sobre o Senado, conforme definiu a Corte máxima do Judiciário, que autorizou ainda o voto secreto na Comissão Especial e descartou defesa prévia da mandatária. Naquela mesma data, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao STF o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, sob a acusação de uso do cargo em benefício próprio. O verão chegou, foi dada a largada à temporada de festas, e o Brasil parou. Após dois meses e meio de recesso, a intensidade dos fatos em Brasília não apenas foi retomada, como também ganhou proporções assustadoras. Em meio ao caos no panorama político, com um Governo sem habilidade alguma de articulação, fragilizado a cada

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O GIGANTE PERDIDO


Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

13 de maio: 120 mil pessoas tomaram as ruas de Vitória e Vila Velha, a terceira maior concentração do país Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Os grupos pró (alto) e contra impeachment adotam estratégias diárias para garantir a vitória no plenário

revelação, e uma oposição sedenta de poder, mas com o nome de seu principal representante (Aécio Neves, senador e presidente do PSDB) também envolvido em sérias denúncias de corrupção, Executivo, Legislativo e Judiciário travam batalhas diárias, especialmente após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), antecessor de Dilma no Planalto, ter sido levado coercitivamente para depor em investigação da Operação Lava Jato. Na avaliação de Diego Werneck, doutor em Direito Constitucional e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Rio de Janeiro, a dificuldade atual de se separar o jurídico do político tem sido prejudicial à nação. “O problema é que tem muitas coisas acontecendo, sem que fiquem claras quais as respostas e quais as soluções jurídicas aceitáveis. A nomeação do Lula, por exemplo. É de fato muito criticável o time da decisão de nomear o ex-presidente no momento em que o processo estava passando de São Paulo para o Moro (Sérgio Moro, juiz federal de primeira instância, lotado em Curitiba, Paraná, que conduz os trabalhos da Lava Jato). Então isso sem dúvida tem de ser objeto de crítica política, de análise. Mas as pessoas procuram uma solução jurídica de curto prazo. E a batalha política é transmitida diretamente para o Judiciário. Em alguns momentos, você vê representantes da Justiça cedendo à tentação de buscar resolver o problema de imediato, como as liminares do juiz Itagiba Catta Preta e do ministro do STF Gilmar Mendes (as decisões impediam Lula de assumir a chefia da Casa Civil)”, defende Werneck.

Tais medidas são classificadas pelo professor como equivocadas. “Isso são juízes que não conseguiram manter de forma satisfatória a separação que deve existir entre as esferas política e jurídica. O que não quer dizer que a decisão sobre esses temas não possa ser influenciada por variáveis políticas, ainda mais em se tratando do Supremo”, argumenta. Para ele, neste momento de crise, o papel do Direito é operar no seu próprio tempo. “O Direito, se for mais cauteloso, mais ponderado, mais devagar mesmo que a Política, todo mundo tem a ganhar, porque a legitimidade da decisão final fica protegida. Essas últimas semanas têm sido uma espécie de cabo de guerra de diferentes forças políticas tentando puxar regras jurídicas para a direção que as convêm, e com o Judiciário minando sua imagem de imparcialidade”, destaca o jurista. Quanto ao impeachment, Werneck enfatiza se tratar de um processo com componentes jurídico e político muito fortes. “Até porque, se não fosse isso, quem julgaria seria o Supremo, e não o Congresso”, conclui. Desde o início deste ano, há uma escalada de fatos negativos para Dilma Rousseff e o PT. O ex-presidente Lula teve a prisão preventiva pedida pela Promotoria paulista – e recusada na Suprema Corte; os protestos de 13 de março levaram multidões às ruas, em movimentações populares sem precedentes na história do Brasil; o PMDB, partido comandado pelo vice-presidente Michel Temer e dono da maior bancada no Congresso, desembarcou oficialmente do Executivo, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), tem feito o possível (e conseguido) para acelerar o trâmite do impeachment e ainda permanecer no cargo. Para se ter uma ideia, a tentativa de cassar Cunha por meio de um processo no Conselho de Ética na Casa em que ocupa o posto máximo começou em 13 de outubro, 50 dias antes de ele aceitar o pedido de afastamento de Dilma, em 2 de dezembro. Mas a petista pode cair antes do peemedebista.

“Essas últimas semanas têm sido uma espécie de cabo de guerra de diferentes forças políticas tentando puxar regras jurídicas para a direção que as convêm, e com o Judiciário minando sua imagem de imparcialidade” Diego Werneck, doutor em Direito Constitucional e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) www.esbrasil.com.br

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13 DE MARÇO Os muitos boatos de reações violentas de grupos pró-governo durante as mobilizações marcadas para aquele histórico domingo não se concretizaram. Mais de 3,3 milhões de pessoas foram às ruas em pelo menos 250 cidades, e o evento na capital capixaba foi um dos maiores do país, com adesão superior a 120 mil pessoas, segundo a Polícia Militar (PM). A Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu mais de 1,4 milhão de manifestantes, e no Rio de Janeiro, o ato superou o contingente de 1 milhão de descontentes com o Governo. Bandeiras do Brasil, cartazes e faixas tomaram as ruas pedindo o fim da corrupção, o impeachment de Dilma e a prisão de Lula. E o juiz federal Sérgio Moro, da Lava Jato, já em sua 27ª fase, ganhou o maior destaque. “Ele representa tudo o que o povo brasileiro precisa e quer: passar a limpo o Brasil, lavar essa corrupção. A crise política está destruindo a economia. E essa grande concentração de pessoas é um grito de que tem jeito sim”, declarou a empresária Valdete Ferreira, 50 anos, que carregava uma das faixas em apoio ao magistrado. Gente de todas as idades participou. Aos 98 anos, dona Maria da Penha de Castro Pereira foi à manifestação pela primeira vez: “Precisa mudar né, ninguém aguenta mais, a gente precisa dar um jeito neste país. O Brasil não merece isso não”, desabafou. Na avaliação do deputado federal Max Filho (PSDB/ES), a dimensão dos protestos contra o Governo ecoou de forma significativa no cenário político. “Acredito que a pressão das ruas nos parlamentares irá surtir efeito e que o impeachment da Dilma será aprovado. Estima-se que até o dia 15 de abril chegue ao plenário da Câmara para ser votado.” Mas, em meio à luta pelo fim da corrupção, havia ainda pedidos de intervenção militar e propaganda eleitoral já para o pleito presidencial de 2018. GRAMPOS Os prejuízos ao Governo não pararam por aí. A delação premiada do senador Delcídio do Amaral (ex-PT e ex-líder do governo no 24

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Foto: Divulgação

“Sob a lógica do ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’, as ações coercitivas continuam acontecendo, sobretudo envolvendo o PT” Telma Mara Bittencourt Basseti, professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e doutora em Geografia pela USP

ANÁLISE POLÍTICA Fernando Schüler

Doutor em Filosofia e pós-doutor em Ciências Políticas. Titular do Insper (instituição de ensino superior de São Paulo)

Como avalia este momento político? É o fim do ciclo do PT à frente do Governo. Temos historicamente no Congresso um presidencialismo de coalizão, e o Executivo atual não foi capaz de cumprir com sua primeira responsabilidade, que é segurar a governabilidade, manter a maioria necessária para implantar uma agenda. Essa é a maior representação do fim de uma era política.

Que fatores levaram a esse cenário? Primeiro, a falência do modelo econômico proposto, especialmente após a crise de 2008. O padrão de estabilidade econômica do Plano Real foi mantido no primeiro mandato do presidente Lula. Mas a partir do momento que o PT propôs a nova matriz econômica, deu-se uma perda gradativa de controle sobre gasto público, de padrões de confiança interno e no exterior. O outro grande erro do PT foi apostar num processo contínuo de corrupção, numa relação promíscua com sua própria base no Congresso.

Qual a responsabilidade da presidente Dilma nesse insucesso? A atual crise é a soma desses dois erros, temperada com a inabilidade política da presidente Dilma. Nosso presidencialismo é quase imperial. Dada a centralização política própria do sistema, há uma profunda dependência com algumas virtudes do chefe do Estado, sua capacidade de negociar, de fazer autocrítica. E uma das coisas que mais impressionam na atual crise é esse sistemático processo de negação dos fatos, que produz um afastamento cada vez maior dos atores políticos, da imprensa e, principalmente, da sociedade.

O impeachment é irreversível? A probabilidade gira em torno de, pelo menos, 80%. É um momento muito preocupante da vida republicana, à medida que o Governo está distribuindo nacos da máquina pública, cargos em estatais, em agências reguladoras, posições de comando que exigem capacidade técnica. E isso é uma contradição sem tamanho para um partido como o PT, que sempre defendeu, ao menos em tese, a profissionalização do setor público. E essa aposta na fisiologia é a última cartada que o Governo tem à mão. Mas é ineficiente, porque o Governo na verdade acena com cheque sem fundo.

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Foto: Marcelo Pereira

ANÁLISE EM DIREITO CONSTITUCIONAL Modesto Carvalhosa

Doutor em Direito Constitucional, autor de “O Livro Negro da Corrupção”

O que leva a Lava Jato a tantos resultados? São quatro fatores: primeiro, o trabalho realizado por pessoas altamente qualificadas; segundo, o mensalão abriu caminho para o julgamento de políticos corruptos; terceiro, a integração internacional no combate à corrupção; e quarto, a regulamentação da delação premiada. Essa somatória de fatores foi essencial para a Lava Jato se tornar instrumento efetivo de combate à corrupção.

Depois da Java Jato, o medo de punição será maior? Existe uma coisa em economia que se chama custo x benefício. Antigamente, ao exercitar a corrupção, você tinha o efeito marginal do custo zero e o efeito marginal do benefício exponencial. A coisa se inverteu, o custo ficou imensamente maior que o benefício, e esse é o resultado mais importante da Operação Lava Jato. Temos um Brasil antes e outro depois do mensalão e da Lava Jato.

Esse impeachment é golpe? O senhor é a favor dele? Isso é um argumento retórico que não tem fundamento algum. A Constituição está sendo rigorosamente cumprida, e não tem golpe nenhum. Essas acusações contra a Lava Jato e contra o Congresso são condutas marginais à Constituição, às leis existentes. Avalio que o impeachment é inevitável e que haverá a posse do vice-presidente, provisoriamente, durante 180 dias, na hora que for aberto o processo. Caso haja impedimento da chapa que o elegeu, por meio do processo no TSE, e ele perca o mandato, o substituto legal é o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O cenário é de um desastre nacional inacreditável. Só espero que tenhamos um Governo de transição tão bom quanto o do Itamar Franco (vice de Fernando Collor, presidente que sofreu impeachment em 1992. Itamar então assumiu o Executivo).

Existe alguma vantagem nesse cenário? Temos hoje um civismo enorme; quase a totalidade da população engajada a favor ou contra. Portanto, temos uma preocupação política fundamental para o fortalecimento da democracia. E esse é o grande lucro dessa crise toda.

“Acredito que a pressão das ruas nos parlamentares irá surtir efeito e que o impeachment da Dilma será aprovado. Estima-se que até o dia 15 de abril chegue ao plenário da Câmara para ser votado” Max Filho, deputado federal (PSDB/ES) Senado) foi homologada, acusando Dilma e Lula de tentar interferir na Lava Jato, e o ministro de Educação, Aloizio Mercadante, de procurar “comprar” seu silêncio. Embora o STF tenha decidido que a delação de Delcídio não fará parte do processo o de impeachment, o argumento do PT de que não estava havendo interferência nas investigações caiu de vez por terra. Mas nada parece ter causado maior estrago que a divulgação das interceptações telefônicas que revelam conversas de Lula com Dilma. Segundo os investigadores, o diálogo demonstra que ela teria agido para evitar a prisão do ex-presidente ao nomeá-lo ministro da Casa Civil. E o Brasil reagiu novamente diante dessa nomeação. Mas dessa vez, o apoio ao Executivo se mostrou mais aguerrido, embora em número muito menor, e engrossou o coro do “não vai ter golpe”. Após a posse, o Exército precisou intervir para evitar que o Palácio do Planalto não fosse invadido, durante confronto entre grupos pró e contra Governo. “Essa nomeação é um absurdo. O PT não tem projeto de país, tem projeto pessoal de poder. Olhem o montante de dinheiro enviado para obra em outros países, via BNDES, enquanto a infraestrutura do Brasil está deteriorada, obsoleta, fazendo com que perca competitividade. E a educação? Aumentam número de vagas e acham que isso é avanço na qualidade de ensino? Estão debochando do povo brasileiro. Não há a mínima condição de esses corruptos continuarem no poder”, enfatizou Affonso Vasconcellos, gestor de Marketing e Design. A jornalista Andrea Margon critica o que chama de moralização seletiva. “Não compactuo com essa gestão, mas não aguento ver gente que sonega imposto, burla o Fisco ou engana o povo levantando bandeira contra corrupção. O dono do posto na esquina da minha casa foi autuado pelo Ipem (Instituto de Pesos e Medidas) porque estava adulterando álcool. E aí vejo esse cara de pau na manifestação? Muitos dos que gritam fora Dilma, fora PT, são Alcapones do século 21. E na classe política, Eduardo Cunha com não sei quantos processos, cheio de denúncias na Lava Jato; Aécio Neves ficha imunda, Renan Calheiros (presidente do senado, PSDB) é brincadeira. E nada acontece. Pedaladas não são mesmo corretas, mas todos deram. E os que deram se julgam no direito agora de pedir impeachment? E a indústria gritando por moralidade, como se os grandes empresários não bancassem a corrupção. Esse discurso de que tudo será resolvido com a saída de Dilma, essa moralização seletiva, muito me assusta”, reclamou. www.esbrasil.com.br

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Foto: Élcio Paraíso/Bendita

“A base do Governo está se dissolvendo. Não há a mínima condição de apoiar esse circo” Evair de Melo (PV/ES), deputado federal, titular da Comissão Especial do Impeachment 31 DE MARÇO As ruas de todas as capitais brasileiras foram tomadas na noite de 31 de março por manifestações contra o impedimento de Dilma. Em Vitória, a multidão se reuniu em frente à Assembleia Legislativa. Os organizadores falaram entre 5 mil e 7 mil pessoas no ato. Todos os estados e o Distrito Federal registraram mobilizações desfavoráveis ao impeachment, totalizando 824 mil participantes, conforme as lideranças, e 159 mil, de acordo com a PM. Professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Telma Mara Bittencourt Basseti, também doutora em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP), avalia que a história do Brasil está assentada em uma estrutura de desigualdade e conservadorismo. “Sob a lógica do ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’, as ações coercitivas continuam acontecendo, sobretudo envolvendo o PT. Sob a o discurso de acabar com a corrupção, a história vai se repetindo. Isso porque mais uma vez são recuperadas as fábricas de heróis, bem como os chamados ‘bois de piranha’”, analisa. Em sua avaliação, a facilidade de comunicação e, portanto, de articulação, tem permitido que intelectuais e uma minoria politizada surgida pós-ditadura comandem o movimento de resistência diante do que consideram golpe, uma vez que “a lei não está sendo aplicada segundo sua filosofia e função originais. Nesse sentindo, estava certo quem disse (a Constituição) que o vazamento das gravações da presidenta poderia colocar em risco a segurança nacional”, argumenta a doutora. 26

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ANÁLISE ECONÔMICA Mauro Rochlin

Economista e professor doutor das MBAs da FGV Rio

Quais os desdobramentos dessa guerra política para a economia? Aqueles referentes à inércia do Governo. Esse confronto político faz com que o Congresso não vote medidas importantes, principalmente o ajuste fiscal, e fica mais difícil enxergar uma retomada do crescimento.

Quanto isso custa ao Brasil? A gente não consegue colocar na ponta do lápis. O Governo está com contas tremendamente desiquilibradas, financiando-se por meio do endividamento, que cresce fortemente. E se continuar assim, aponta para dois cenários que seriam desastrosos: o primeiro, menos provável, é o de calote; e o segundo é de hiperinflação. São dois fatores que implicam risco para quem detém os títulos da dívida, e também representam uma ameaça ao setor privado, que parou de investir.

A mudança de Governo é necessária? O Governo hoje não consegue manter uma base parlamentar às medidas necessárias. Então, esse é o ponto central da questão a ser resolvida.

O que esperar para os próximos seis meses? Isso depende muito do cenário político que irá se configurar. Se houver impeachment, e o Temer assumir e conseguir de fato unir a sua base aliada e aprovar no Congresso as medidas necessárias, mostrar ao setor privado que o Governo não é intervencionista, que respeita as regras do jogo, ele vai inspirar segurança jurídica aos agentes econômicos, vai ajudar muito a se pensar na retomada da economia.

Para quando podemos esperar essa retomada de crescimento? Este biênio 2015/2016 vai significar mais ou menos uma retração de 8% do PIB. Já seria um grande passo qualquer crescimento no último trimestre do ano em relação ao trimestre anterior, mas não sei se será possível, pois a economia está em queda livre.

Que medidas seriam prioritárias? A primeira delas é o ajuste fiscal, e não adianta inventar mais um imposto como a CPMF. O erro estrutural reside principalmente na Previdência, que apresenta um déficit estimado para este ano de R$ 130 bilhões. O modelo não se sustenta. O problema é que os políticos sempre trabalham com opinião pública, o que dificulta essa mudança, bastante polêmica, mas necessária, especialmente diante de uma população cada vez mais idosa. E para isso o Governo vai precisar de muita transparência, mostrar que no final das contas esse déficit é pago por todo mundo. Não existe almoço grátis. O Governo precisa também estruturar as políticas de concessão, principalmente no setor de infraestrutura, com regras pró-mercado; não adianta fazer super-regulação. Por exemplo, a lei para exploração do pré-sal estabelece que 65% das compras feitas para a exploração sejam de conteúdo nacional. Uma medida que aparentemente sugere um estímulo à indústria brasileira, mas que para as petroleiras é prejudicial, porque o setor nacional não é capaz de atender exigências de qualidade e prazo. Também não adianta usar o BNDES para privilegiar meia dúzia de grandes empresas; é preciso adotar políticas mais horizontais. E a terceira é o Governo de fato dar autonomia ao Banco Central para fazer a política monetária necessária para manter sempre a inflação na meta. A interferência política na gestão da taxa Selic está sendo muito forte.

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Foto: Divulgação

IMPEACHMENT No momento mais frágil do Governo petista diante o Congresso, Eduardo Cunha recebeu autorização para dar prosseguimento à análise do pedido de impeachment na Câmara, aceito pelo presidente da Casa em dezembro de 2015. E foi aberta a temporada de ofertas em Brasília. Ao contrário do que imagina Michel Temer, de que após a saída do PMDB, outros partidos deixariam a base aliada, as demais legendas não se intimidam em demonstrar que buscam benefícios na crise. O Palácio do Planalto tem 600 cargos para oferecer aos parlamentares, que somam um orçamento de R$ 100 bilhões. Mesmo fora do Executivo, o PMDB mantém ministros em seus cargos sob a alegação de que poderão assim garantir alguns votos contra o impedimento. Na Comissão Especial de Impeachment (CEI), composta por 65 membros titulares, PT e PMDB são as siglas com o maior número de integrantes, oito; seguidos do PSDB, principal partido de oposição, com seis componentes. Os advogados Hélio Bicudo (um dos fundadores do PT), Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal acusam a presidente de crimes de responsabilidade fiscal no mandato passado, com as chamadas “pedaladas fiscais”, e no atual, com a continuidade das manobras e a assinatura de decretos de abertura de crédito sem permissão do Congresso, além de ato contra a probidade na administração por omissão no caso de corrupção. Uma acusação inverídica para o deputado petista Helder Salomão, da bancada capixaba. “As ditas pedaladas, que foram praticadas por outros presidentes, não configuram crime de responsabilidade. Por isso, a nossa conclusão: impeachment sem provas é golpe”, reafirmou o parlamentar, que criticou a postura do PMDB. “A decisão de desembarcar do Governo foi oportunista. Uma aliança que durava 13 anos não poderia ser rompida numa reunião que durou três minutos. Isso mostra que uma parcela desse partido aderiu ao golpe. Precisamos ter responsabilidade neste momento de crises econômica e política e trabalhar firme, no Congresso, para construir uma agenda mínima de consenso que coloque o Brasil novamente no caminho do desenvolvimento. Paralelo a isso, devemos trabalhar para que todas as denúncias sejam investigadas sem seletividade e para que todos

“A saída do PMDB foi oportunista. Uma aliança que durava 13 anos não poderia ser rompida numa reunião que durou três minutos” Helder Salomão (PT/ES), deputado federal

Foto: Fellipe Sampaio/ SCO/STF

Gilmar Mendes diz que indicação de Lula para ministério pode ser enquadrado em crime penal

os culpados paguem pelos seus crimes, independente de partido, doa a quem doer”, defendeu Salomão. Titular da comissão, o deputado capixaba Evair de Melo (PV) garante que a maioria dos parlamentares vai votar a favor do afastamento da petista. “A base do Governo está se dissolvendo. Não há a mínima condição de apoiar esse circo. A maioria dos deputados do PMDB, do PSD e do PP, por exemplo, já integra a oposição ao Governo”, assegurou ele, acrescentando que o apoio a Dilma “deve sofrer baixas a cada dia”. Outro voto declarado ao impeachment vem do deputado Sérgio Vidigal (PDT). “O Brasil deu duas oportunidades a Dilma. Agora é hora de ela dar uma oportunidade ao país de retomar o crescimento. Ter nomeado o Lula para a Casa Civil legitimou o impeachment ainda mais. Ela mostrou que eles mantêm um projeto de poder, e não de Estado”, declarou. Vidigal falou ainda sobre outras questões que “precisam ser resolvidas”. “Não podemos deixar de citar que o processo de impeachment da presidente foi encaminhado por um réu da Lava Jato. A sociedade precisar se manter atenta a isso”, complementou. Se o Senado aprovar a abertura do processo, Dilma Rousseff é obrigada a deixar temporariamente suas funções por até 180 dias, até a conclusão do processo. Caso seja considerada inocente, volta ao cargo. Uma vez apontada como culpada, ela é afastada definitivamente e fica impedida de se candidatar a cargos políticos por oito anos. Nesta última hipótese, assumirá a presidência, interinamente, o vice, Michel Temer. Mas o ministro do STF Marco Aurélio Mello determinou que Cunha, na Câmara, também dê continuidade ao processo de abertura de impeachment contra Temer, protocolado pelo advogado mineiro Mariel Márley Marra, sob a justificativa de que o vicepresidente da República cometeu crime de responsabilidade ao assinar decretos que autorizam a abertura de crédito suplementar sem o aval do Congresso. O requerimento havia sido arquivado pelo presidente da Casa. Caso Temer seja afastado em consequência de processo em andamento no TSE, sob acusação de ilegalidade da chapa que venceu as eleições, será convocado um novo pleito. Se o afastamento dos dois ocorrer na segunda metade do mandato, o sucessor é escolhido pelo Poder Legislativo. Enquanto isso, só nos resta esperar. Fatos ocorridos até o fechamento desta edição, em 06/04/2016

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PESQUISA

Foto: Lula Marques/ Agência PT

PIB DO BRASIL DEVE VOLTAR A NÍVEIS PRÉ-RECESSÃO SÓ EM 2019

A forte contração econômica do país deve acabar no fim deste ano, mas a o PIB não conseguirá voltar ao nível pré-recessão antes de 2019. Pelo menos é o que aponta uma pesquisa da Reuters divulgada no final de fevereiro. De acordo com o levantamento, o desemprego vai continuar alto nos próximos anos e a escalada da dívida exigirá da presidente Dilma Rousseff e de seus sucessores ainda mais austeridade para equilibrar as contas públicas. O superávit primário necessário para estabilizar a dívida brasileira já aumentou para 2,8% do PIB – segundo a mediana das projeções de economistas na pesquisa – sobre 2% nas finanças do Governo no ano passado. Atualmente, em 12 meses, o país tem déficit primário de 1,75%. Foto: Divulgação

RECEITA FEDERAL

ALERTA PARA NOVAS FRAUDES ENVOLVENDO TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA

A Receita Federal alerta os contribuintes para uma nova fraude envolvendo títulos da dívida pública externa e interna brasileira emitidos no início do século XX. Desta vez, a falsa promessa é que os tributos federais serão extintos por meio de compensação com supostos “créditos” que estariam em poder dos ofertantes do golpe e alocados junto ao Ministério da Fazenda. Na irregularidade, seria feito um suposto pagamento “via Tesouro Nacional” a ser disponibilizado na conta-corrente fiscal do cliente. Os fraudadores também orientam os contribuintes a retificar as declarações já apresentadas do Fisco. A nomenclatura que vem sendo usada é de “Ativos Financeiros do Tesouro Nacional”. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

CONCURSO PARA APLICATIVOS DE COMBATE À CORRUPÇÃO É LANÇADO O Ministério da Justiça lançou no dia 29 de fevereiro um edital de concurso para a criação de aplicativos que contribuam para o enfrentamento da corrupção. A ideia é que sejam desenvolvidos softwares para dispositivos móveis (notebooks e smartphones) que ampliem a transparência da gestão governamental e a participação popular no acompanhamento e na fiscalização da execução de políticas públicas. O concurso é voltado para programadores, desenvolvedores, projetistas, designers e pesquisadores que queiram contribuir com conhecimentos no combate à prática ilícita. As inscrições vão até o dia 14 de abril e podem ser feitas pela internet, no site http://justica.gov.br. 28

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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

GESTÃO

SENADO

LEI DE RESPONSABILIDADE DAS ESTATAIS É APROVADA O Senado aprovou, no dia 16 de março, o projeto conhecido como Lei de Responsabilidade das Estatais, que estabelece um estatuto jurídico a empresas públicas e de economias mistas e define regras para sua atuação. A matéria, que precisa ser votada na Câmara dos Deputados para depois ser encaminhada à sanção presidencial, abrange todas organizações que explorem a atividade econômica da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal, incluindo as que operam serviços sujeitos a regime de monopólio da União. O texto determina que as estatais deverão adotar práticas de governança e controles proporcionais à relevância, à materialidade e aos riscos do negócio.

SEBRAE

PEQUENOS NEGÓCIOS TERÃO ORIENTAÇÃO PARA PROTEGER PATENTES O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e o Sebrae firmaram um Acordo de Cooperação Técnica, válido por três anos, que busca ampliar o acesso à proteção de patentes e ao registro de marcas e de indicações geográficas. As salientações de patentes entre microempreendedores individuais (MEIs) e micro e pequenas empresas representaram 11% do total dos requerimentos depositados por residentes no Brasil em 2015, um crescimento de 8,7% em relação ao ano anterior. O objetivo geral do convênio é tornar os pequenos negócios mais competitivos e inovadores, estimulando o desenvolvimento de tecnologias e o uso das informações tecnológicas contidas em patentes.



TECNOLOGIA

POLO DE INOVAÇÃO PODE SE TORNAR CENTRO DE EXCELÊNCIA NACIONAL

A

pesar de ter sido inaugurado recentemente, o Polo de Inovação Vitória, do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), já está desenvolvendo seis projetos de pesquisa aplicada, dentre eles um que busca melhoria na qualidade do aço. O trabalho dos pesquisadores e dos alunos recebeu elogios da comissão técnica da Empresa Brasileira de Pesquisa em Inovação Industrial (Embrapii), que credenciou a unidade em outubro de 2015. “Estamos muito bem impressionados com a unidade aqui do Ifes, bem equipada, com profissionais muito qualificados, com experiência comprovada”, avaliou o diretor-presidente da Embrapii, Jorge Almeida Guimarães, durante visita realizada para apresentação do diagnóstico da maturidade dos processos e dos insumos da estrutura, a partir do resultado da consultoria executada em 2015. O dirigente destacou ainda que a atuação do polo de inovação no Espírito Santo está em uma área muito específica, o que favorece a atração de novos projetos. “Nas outras cinco unidades em funcionamento, temos pouca gente qualificada na área de metalurgia e materiais. Aqui estão seguramente explorando um nicho muito apropriado, com arranjos produtivos locais com forte ênfase nesse setor. E quando a empresa olha que é parceria com a Embrapii, isso é mais um fator muito positivo, porque há a certeza de que o risco e o custo serão diminuídos. Certamente muitos outros projetos virão”, afirma Guimarães. O segmento de siderurgia e materiais é fundamental no PIB (Produto Interno Bruto) capixaba e nacional, e o desenvolvimento de pesquisas de ponta, na análise do professor, deve fortalecer de forma significativa a importância do Espírito Santo na economia 30

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do país. “Essas pesquisas irão agregar muito mais valor ao produto. Em vez de a Vale, por exemplo, exportar aquela montoeira de minério ferro, vai poder desenvolver produtos nobres. O Instituto do Aço, que abriga todas as grandes siderúrgicas, certamente irá se interessar pelo polo do Ifes quanto souber da qualidade existente por aqui. Sinceramente, acho que o Polo Vitória pode se tornar um centro de excelência nacional e atrair até empresas estrangeiras”, aposta Guimarães. Ele citou o exemplo do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), mais renomado centro de pesquisa do país nessa área, instalado na cidade mineira de Santa Rita do Sapucaí, com pouco mais de 41 mil habitantes, segundo dados do IBGE de 2015. “O Inatel foi fundado em 1965, pela esposa de um diplomata que foi morar no Japão e ficou por lá durante cinco anos observando como os gestores estavam atuando para se recuperar da guerra. Ao voltar, ela criou uma escola técnica dentro do padrão japonês e entregou aos jesuítas. Hoje o Inatel é quem mais fornece estudantes e depois engenheiros para o ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica)”, detalhou. O diretor-presidente falou ainda sobre os impactos sociais e econômicos que os polos de pesquisas representam para as cidades. “Temos um polo de inovação tecnológica com proposta de produzir tecnologia de ponta para a indústria automotiva, na cidade de Formiga, interior de Minas Gerais, com pouco mais de 58 mil habitantes. Pense no impacto dessas pesquisas na cidade”, enfatizou. Em Formiga, a empresa já prospectada é o Grupo Fiat-Chrysler Automobiles, em um investimento de R$ 9 milhões, sendo R$ 3 milhões do Instituto Federal de Minas Gerais, R$ 3 milhões da Fiat e R$ 3 milhões da Embrapii.


Já existem seis projetos em desenvolvimento no Polo de Inovação

A unidade do Ifes desenvolve pesquisas na área de Siderurgia e Materiais

Jorge Almeida falou ainda sobre a importância de se garantir uma participação cada vez maior dos estudantes nessas pesquisas. “Quanto mais estudantes participarem das pesquisas, mais benefícios para o instituto, para o estado e para o país. Todos ganham, e esse envolvimento crescente é fundamental para criar um nível mais aprimorado de conhecimento”, afirmou. Mas o especialista fez um alerta: “Não há nenhum país que tenha desenvolvido ciência, tecnologia e inovação de alta competência

“O Polo Vitória pode se tornar um centro de excelência nacional e atrair até empresas estrangeiras” Jorge Almeida Guimarães, diretor-presidente da Embrapii

sem ter resolvido inicialmente a qualidade educacional país em todos os níveis, entre eles a educação básica, que para nós aqui no Brasil é um grande desafio”, observou Guimarães. Segundo ele, o Brasil está num ponto intermediário, mas não tem ainda investimento na proporção adequada do PIB em ciência tecnologia e inovação, como também não possui ainda o número de cientista e engenheiros, comparado com os demais países, que garantem o desenvolvimento mais rápido.

VITÓRIA No Polo de Inovação Vitória, do Ifes, por meio de uma parceria firmada com o Centro de Pesquisas da ArcelorMittal para a América do Sul, com foco na inovação de processos e produtos relacionados à metalurgia e materiais, os seis primeiros projetos terão investimento total de R$ 423 mil, distribuídos entre as verbas financeiras não reembolsáveis aportados pela e pela empresa e os recursos econômicos na forma de utilização da infraestrutura de pessoal e laboratórios do Instituto. Os projetos são voltados à identificação de melhorias nos processos e nos produtos da indústria do aço que permitam uma evolução na competitividade. Os pesquisadores têm como foco o desenvolvimento de inovações que possam gerar redução de custos e elevação da qualidade, assim como a melhoria de aspectos relacionados a segurança do trabalho, controle ambiental, preservação de recursos como água e energia, entre outros. O diretor-geral do Polo, Marcelo Lucas Ferreira Machado, frisou os fatores que levaram ao credenciamento do Ifes. “O Brasil tem 25 institutos federais, sete foram selecionados para que os gestores da Embrapii conferissem in loco a capacidade de desenvolver as pesquisas. Somente cinco foram credenciados, e nós conseguimos porque viram aqui que tínhamos essa competência na área de metalurgia e materiais, já havia um grupo produzindo muito junto às empresas locais”, explicou. Ela reforça que a oportunidade de realizar projetos em parceria com a companhia traz vantagens para ambos. “Amplia o reconhecimento da pesquisa teórica já desenvolvida no instituto para a pesquisa aplicada, dá visibilidade e credibilidade ao trabalho dos pesquisadores. Mas também é bastante vantajoso para as empresas. Na área de siderurgia, estamos trabalhando na melhoria de qualidade do aço; e na área de mineração, para aprimorar www.esbrasil.com.br

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“O sucesso desses seis primeiros projetos será a pedra fundamental para a construção da credibilidade de nosso polo junto à comunidade científica nacional” - Marcelo Lucas Ferreira Machado, diretor geral do Polo Vitória

a resistência das pelotas, gerar menos poeira. Todas essas experiências são em pequenas escalas. Realizar esses estudos em grande escala nos fornos das empresas seria inviável, porque uma tentativa errada significaria milhares de toneladas de produtos jogadas fora”, explicou Machado. Dentro da meta do acordo assinado, está a formação de novos pesquisadores, por meio da integração de alunos às equipes de desenvolvimento. “Hoje temos 13 pesquisadores professores doutores, um aluno de pós-doutorado, três de mestrado, quatro de graduação e três de curso técnico, que são bolsistas. E vamos trazer mais. A ideia é manter três alunos em cada projeto, e não necessariamente do Ifes, podem ser da Ufes e de universidades particulares”, garantiu.

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O diretor finalizou falando sobre o desafio de fechar novas parcerias. “O sucesso desses seis primeiros projetos será a pedra fundamental para a construção da credibilidade de nosso polo junto à comunidade científica nacional. Mas já estamos levando nosso portifólio, mostrando nossa capacidade estrutural e a qualificação de nossos pesquisadores para o mercado, a fim de captar novos projetos. Esse é o desafio atual”, contou Machado, que já negocia uma provável parceria com empresas do Sul da Bahia.

ESB Debate – Inovação: o segredo para o verdadeiro desenvolvimento do País A segunda edição do ciclo de encontros do ES Brasil Debate em 2016 irá abordar o tema “Inovação - o segredo para o verdadeiro desenvolvimento do país”, pauta que tomou lugar nas discussões de empresas de qualquer porte ou natureza. Protagonistas dos setores de inovação, tecnologia e ciência serão os debatedores do evento, que discutirá os principais gargalos enfrentados pelas esferas pública e privada, além de apresentar modelos que proporcionaram melhoria substancial no desenvolvimento das cidades. Data: 24 de maio Local: Hotel Bristol Century Plaza, Praia de Camburi, Vitória. Horário: 19h30 www.revistaesbrasil.com.br/esbrasildebate



FATOS

Foto: Divulgação

SISTEMA FINDES INTENSIFICA INVESTIMENTOS NO ESTADO EM 2016

O

mês de março foi marcado por diversos investimentos feitos pelo Sistema Findes no interior do Estado, como a nova unidade do Sesi Saúde de Colatina e a primeira Unidade Móvel Frigorífica do país, inauguradas no dia 3 de março, pelo presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo, Marcos Guerra, que esteve acompanhado do governador Paulo Hartung e do vice-presidente institucional em Colatina e Região, Manoel Giacomin. As duas estruturas entregas, que totalizam um investimento de R$ 4 milhões, representam um avanço importante no desenvolvimento da indústria local. “Desde o início de nossa gestão, temos trabalhado a interiorização e a educação como pilares centrais de nossas ações. Ouvimos muito as lideranças industriais da região e percebemos a necessidade de ampliar o acesso à saúde para os trabalhadores”, observa o presidente. Com foco especial em medicina e segurança do trabalho e com capacidade para realizar até 50 mil atendimentos por ano, de diversas especialidades, o Sesi Saúde Colatina conta com clínico geral, dermatologista, cardiologista, oftalmologista,

otorrinolaringologista, ortopedista, além de consultórios de fonoaudiologia, psicologia, nutrição e odontologia. No espaço serão realizados exames de audiometria, espirometria, acuidade visual, eletrocardiograma, radiologia e análises clínicas. Haverá atendimento a trabalhadores e moradores dos municípios que integram a Diretoria da Findes em Colatina e Região. Resultado de um investimento de R$ 2,5 milhões, a Unidade Móvel Frigorífica abriga um minifrigorífico que servirá como laboratório completo para a prática dos alunos

UNIDADE MÓVEL FRIGORÍFICA Uma espécie de mini-frigorífico que servirá como laboratório para os alunos interessados em ingressar nesse mercado de trabalho. Os cursos são voltados para indústrias alimentícias que trabalham com cortes de aves, bovinos, suínos, caprinos e ovinos, e terão capacidade para 12 alunos por turno, com uma carga horária de 20 a 260 horas. 34

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Com capacidade para realizar até 50 mil atendimentos por ano, o Sesi Saúde irá beneficiar trabalhadores e moradores dos municípios que integram a Diretoria da Findes em Colatina e Região

SESI SAÚDE COLATINA apacidade: Até 50 mil atendimentos C por ano. specialidades: Clínico geral, E dermatologista, cardiologista, oftalmologista, otorrinolaringologista, ortopedista, além de consultórios de fonoaudiologia, psicologia, nutrição e odontologia tendimento: Trabalhadores e moradores A dos municípios que integram a Diretoria da Findes em Colatina e Região.

interessados em ingressar nesse mercado de trabalho. Serão oferecidos cursos para as indústrias alimentícias que atuam com cortes de aves, bovinos, suínos, caprinos e ovinos, com capacidade para atendimento de 12 alunos por turno. Os programas terão como foco a formação inicial, o aperfeiçoamento e a qualificação profissional, com carga horária de 20h a 260h. Além dos cursos específicos para o setor, como Fabricação de Embutidos e Cortes Especiais para Bovinos, também estão disponíveis os chamados cursos transversais, como Boas Práticas de Fabricação (BPF), Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), Afiador de facas, entre outros. Também foi inaugurado no mês de março o Centro Integrado Sesi/Senai de Anchieta, que irá atender doze mil alunos por ano. Com investimentos de R$ 16,8 milhões em obras e equipamentos, a unidade é a primeira a receber um modelo diferenciado de construção, que favorece a sustentabilidade e a ecoeficiência. O espaço conta com 13 salas de aulas e 14 laboratórios, que irão atender à demanda por mão de obra qualificada para os segmentos industriais de Metalmecânica, Construção Civil, Eletroeletrônica, Informática, Meio Ambiente e Segurança do Trabalho.



FATOS

L

ava Jato, Zelotes, delações premiadas bombásticas, denúncias contra presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, ex-presidente da República podendo sentar também no banco dos réus, Governo sem sustentação parlamentar, Congresso praticamente paralisado. A cada dia, uma nova surpresa e mais desentendimento no cenário político, o que agrava a crise econômica do país. Economia desaquecida, PIB negativo, inflação em alta, desemprego recorde, estancamento financeiro e produtivo da Petrobras, que até pouco tempo era o maior conglomerado brasileiro. Isso sem contar o vírus da zika. A somatória de todos esses fatores, embora ainda com desfecho incerto, já registra graves prejuízos ao setor produtivo, comprometendo o planejamento

“Caso o empresário se sinta acuado, e com grave risco para seu negócio, poderá se valer da previsão legal para buscar a tutela do Poder Judiciário visando à proteção de sua empresa” - Sérgio Carlos de Souza, advogado e sócio da Carlos de Souza Advogados

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das empresas e obrigando muitas delas a rever estratégias e compromissos. E nesse contexto, a renegociação de contrato se mostra como importante ferramenta administrativa. Diferentemente da crise de 2008, que teve origem no setor financeiro mundial e na oferta de crédito, a atual, brasileira, “está arrastando tudo e todos, já que na ponta o reflexo mais doloroso é da classe assalariadas especialmente dos que vêm perdendo os seus empregos ou daqueles que, mesmo empregados, têm visto, por óbvio, corroído o seu poder de compra, ante aos tentáculos inflacionários, nem sempre albergados pelas negociações coletivas”, avalia o advogado Sérgio Carlos de Souza. Segundo ele, na atual conjuntura do país há, principalmente, dois casos em que a renegociação de contrato se mostra viável como importante ferramenta de solução: às empresas que dependem de crédito para concluir projetos e investimentos; e as que firmaram compromissos no rumo de uma demanda que, por causa da crise política e econômica brasileira, pode ser fortemente reprimida. Um exemplo do primeiro caso, explica ele, é uma companhia que deu início a um plano de expansão calcado na obtenção de crédito e, antes de concluí-lo, tal financiamento desaparece em decorrência da crise. “Uma situação imprevisível e extraordinária. A empresa, portanto, não somente fica impedida de concluir o seu projeto, como também não começa a produzir (e a faturar) no prazo previsto, o que lhe dificulta – ou impede – pagar os empréstimos já contraídos”, detalha o especialista no tema. O segundo cenário seria das organizações que obtiveram empréstimos – capital

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de giro, CDC, leasing etc – firmados numa rota de demanda que – também por essa situação imprevisível e extraordinária – vem a cair de forma violenta, esvaindo completamente a capacidade da empresa de cumprir os seus compromissos. “Tanto em um caso como em outro, ou em situações semelhantes, é possível buscar a renegociação de contratos firmados, se a empresa concluir pela impossibilidade de cumpri-los”, garante o sócio-proprietário do escritório Carlos de Souza Advogados, que este mês completou 25 anos de mercado. Inicialmente é aconselhável buscar uma renegociação amigável com o credor, seja uma instituição financeira ou seja um fornecedor. Caso não haja êxito, é possível ir a juízo. “O Código Civil em vigor, particularmente os artigos 478 a 480, dão margem a esse tipo de discussão, permitindo que a obrigação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis”, garante. Já há casos ocorridos nos últimos meses, em que juízes têm dado decisões para que a obrigação contratual seja modificada, em favor do devedor, em virtude da imperativa mudança na situação da tomadora de recursos, por conta da crise nacional. “Caso o empresário se sinta acuado, e com grave risco para seu negócio, poderá se valer da previsão legal para buscar a tutela do Poder Judiciário visando à proteção de sua empresa por meio de um pedido de revisão do contrato ou suspensão temporária de seu cumprimento”, finaliza Sérgio Carlos de Souza, sócio de Carlos de Souza Advogados, integrante do Setor Empresarial.

Foto: Marcos Santos/usp imagens

A RENEGOCIAÇÃO DE CONTRATOS FRENTE À CRISE FINANCEIRA



GESTÃO

YASMIN VILHENA

ELAS ESTÃO NO COMANDO INDEPENDENTES, SONHADORAS E DETERMINADAS. ESSE É O PERFIL DE MUITAS MULHERES QUE BUSCAM CADA VEZ MAIS O SEU ESPAÇO NO MUNDO

O

dia possui apenas 24 horas, mas teria muito mais se dependesse das mulheres. Até porque são tantas as funções desempenhadas nessa correria que fica difícil dar conta de tudo. Trabalho, filhos, marido, estudos, casa e até mesmo academia para algumas privilegiadas, quando conseguem arrumar um tempinho para se exercitar. O que não faltam são atividades corriqueiras para tornar uma simples semana em uma grande maratona, que para ser vencida precisa de muito “combustível” na missão de matar um leão por dia. Mas disposição elas têm, afinal, estamos falando de desbravadoras que conquistam cada vez mais o seu espaço no mundo, rompendo barreiras e chegando a lugares até então inimagináveis, principalmente quando o assunto é o mercado profissional. Basta vermos os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho, que em 2004 registravam 12,5 milhões de trabalhadoras com carteira assinada, um número que quase dobrou em 2014, quando chegou a 21,4 milhões, 43,25% do total. De acordo com o levantamento, o desempenho feminino está concentrado em alguns segmentos, como o de serviços, comércio e indústria. No Estado, por exemplo, sua presença no setor industrial

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é bastante expressiva, com a participação de 46.547 mulheres, que juntas, respondem por 22,3% da força de trabalho dessa atividade, segundo aponta o Instituto de Desenvolvimento Industrial do Espírito Santo (Ideies). Outro campo que se destaca no país é o da administração pública, onde elas são a maioria, ocupando 5,5 milhões dos 9,5 milhões das vagas. E toda essa inserção ao longo dos anos vem sendo percebida, em especial, a partir da década de 1970, quando as mulheres entraram com bastante força na vida profissional. Índices dos Censos Demográficos calculam que, em 1970, apenas 18,5% das mulheres eram economicamente ativas. Em 2010, esse patamar foi de quase 50%. “Nos últimos 30 anos, o que chama atenção é a persistência desse crescimento. As mulheres representam um papel muito mais relevante do que o dos homens no aumento da população economicamente ativa, embora a história feminina no mercado de trabalho ainda esteja sendo construída baseando-se em dois pontos muito significativos: a queda da taxa de fecundidade e o avanço de instrução”, revela Etienne de Castro Tottola, analista comportamental e coach da Agha RH.


Se antes, em 2004, a taxa de fecundação brasileira era de 2,14 filhos por mulher, em 2014 esse Responsável por número passou para 1,74, apreorganizar eventos importantes como sentando uma redução de 18,6%, a Cachoeiro e a segundo a Síntese de Indicadores Vitória Stone Fair, Sociais (SIS) de 2015 do Instituto Cecília Milaneze Brasileiro de Geografia e Estatística, é considerada o IBGE. Outro fator que influencia uma das grandes de maneira significativa a entrada mulheres empreendedoras delas no mercado de trabalho, do Estado de acordo com o levantamento, é a jornada dedicada aos afazeres domésticos, que caiu de 22,3 para 21,2 horas semanais. “A análise da situação da presença feminina no mundo do trabalho passa por uma revisão das próprias funções sociais da mulher. Ela assumiu novo papel com a mudança da estrutura familiar e com a decisão de adiar os planos da maternidade, inclusive diminuindo o número de filhos. Isso faz com que tenha mais possibilidade de conciliar a vida pessoal e profissional”, acrescenta Etienne. DIFERENCIAIS FEMININOS Comunicação expressiva

Intuição aguçada

Flexibilidade

Persistência diante das dificuldades

Maior resistência física e psicológica

E mesmo ganhando mais visibilidade nas últimas décadas no que diz respeito à vida profissional, a jornalista Juliana Albanez, que também é coach e palestrante nas áreas de Motivação e Liderança Feminina, acredita que a determinação para uma independência financeira sempre esteve presente nessa luta. “A mulher sempre foi uma grande lutadora, e essa virtude sempre nos colocou em evidência quando o assunto era força de trabalho. Basta nos lembrarmos de nossas avós e bisavós, que tinham diversas funções fora e dentro de casa. Eram camponesas, costureiras, quitandeiras, lavadeiras e ainda tinham filhos, marido e uma casa sob sua responsabilidade. A mulher sempre foi uma sobrevivente, trabalhou em situações precárias e bem adversas. O que mudou nos últimos tempos foi que hoje ela escolhe que carreira quer seguir”, analisa.

Facilidade de lidar com várias coisas ao mesmo tempo

Habilidade de influenciar e engajar pessoas

Cautela na tomada de decisões

Rapidez no gerenciamento de conflitos Visão do todo

Fonte: Etienne de Castro Tottola, analista comportamental e coach da Agha RH

ROTINA QUE COMEÇA CEDO “Acordo todos os dias às 4h50; às 5h30 estou na academia; às 7h quase sempre tomo café com meu marido; e às 8h já estou na empresa. Durante as 10 horas de trabalho dedico-me 100%, e às 19h finalmente chego em casa. Eu me desafio sempre a chegar com alegria, com leveza e com uma energia boa para curtir a minha família, deixando preocupações profissionais registradas no bloco de notas, para eu retomar no dia seguinte no caminho para o trabalho.” É com esse pensamento e (por que não dizer?) disposição que Paula Tommasi, diretora Comercial & de Marketing da Viação Águia Branca, começa seu dia. Com uma vida bastante agitada, ela exerce funções de liderança em seu trabalho para alinhar e engajar mais de 1.500 profissionais de vendas, entre próprios e terceiros. Algo que até então pode ser considerado um grande desafio para muitas, mas que para a executiva já se tornou parte da rotina. “Sinto-me diariamente desafiada a criar um ambiente e condições de trabalho que permitam a inovação e o sucesso, capacitando e fortalecendo a equipe para resolver problemas www.esbrasil.com.br

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ALGUMAS DAS MULHERES QUE FIZERAM HISTÓRIA AO LONGO DOS SÉCULOS

Chiquinha Gonzaga (1847-1935): compositora, pianista e maestrina, é responsável por mais de duas mil canções populares. Foi a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil e participou ativamente da campanha abolicionista.

arie Curie (1867-1934): M Física e química polonesa, lutou contra o preconceito e se tornou uma cientista bastante reconhecida. Foi a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel e a primeira pessoa a ganhar dois, em áreas diferentes.

“As mulheres representam um papel muito mais relevante do que o dos homens no crescimento da população economicamente ativa, embora a história feminina no mercado de trabalho ainda esteja sendo construída” – Etienne de Castro Tottola, analista comportamental e coach da Agha RH

nita Garibaldi (1821-1849): A foi companheira do revolucionário Giuseppe Garibaldi, com quem lutou lado a lado pela busca dos ideais democráticos e liberais. Aprendeu a lutar com espadas e usar armas de fogo, convertendo-se em uma guerreira que o acompanharia em todos os combates.

va Perón (1919-1952): E a ex-primeira dama da Argentina, criou o Partido Peronista Feminino, dando direito ao voto para as mulheres argentinas em 1947. Também construiu hospitais, escolas, lares para mães solteiras e asilos para idosos.

Margaret Thatcher (1925-2013): tornou-se em 1979 a primeira mulher a dirigir uma democracia moderna, ao ser eleita como primeira-ministra do Reino Unido.

complexos e promovendo uma comunicação clara que flua em todos os sentidos”, complementa. Quem também desempenha um papel importante em um meio que por muitos anos foi voltado para o perfil masculino é a diretora-executiva da Vitória Motors Mercedes-Benz, Patrícia Asseff, que não abre mão de certos hábitos de sua vida pessoal, considerados por ela como importantes para que se tenha qualidade no ambiente profissional. 40

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“Hoje, eu consigo achar um equilíbrio. Exercito-me todos os dias, exceto na quarta-feira, quando tenho uma manicure sempre às 6h30. Às quartas à noite também tenho culto na igreja em que frequento do qual não abro mão. O que gosto de fazer é me relacionar. Gosto de ter pessoas na minha casa. É isso é que me sustenta além da minha relação com Deus, que é quem nos dá força. Todos os dias eu busco sempre ter um momento com Deus e com meu marido antes de sair de casa. É um momento que me renova”, afirma. Por sempre ter trabalhado perto de casa, Patrícia também conseguiu participar bastante da vida de seus filhos, seja almoçando em sua residência ou seja levando e buscando as crianças na escola. “Acaba sendo um tempo precioso com a família”, pontua. Responsável por organizar diversos eventos no Estado, como a Cachoeiro e a Vitória Stone Fair, Cecília Milanez, diretora da Milanez & Milaneze, faz parte do seleto grupo de empreendedoras no cenário capixaba. E uma parcela de seu sucesso como empresária deve muito ao apoio do marido, Ilson Milaneze, que sempre esteve ao seu lado para que crescessem juntos na empresa. “A questão é saber conciliar a vida profissional com a pessoal, preservando a estrutura da família, mas é claro que isso também depende muito do marido que a gente tem. Esse negócio de os homens dizerem que não pode fazer isso ou aquilo atrapalha bastante, pode até influenciar no crescimento profissional. Ele é reconhecido como diretor da Milanez & Milaneze, assim como eu também sou, ou seja, conseguiu mostrar tanto o papel dele quanto o meu. É preciso ter parceria e cumplicidade, ainda mais quando os dois trabalham juntos”, orienta Cecília.

“A mulher sempre foi uma sobrevivente, trabalhou em situações precárias e bem adversas. O que mudou nos últimos tempos foi que hoje ela escolhe que carreira quer seguir” Juliana Albanez, jornalista, coach e palestrante nas áreas de Motivação e Liderança Feminina


CARACTERÍSTICAS QUE FAZEM A DIFERENÇA Além de saber conciliar todos os momentos do dia a dia, as mulheres vêm se destacando bastante por conta de características que as tornam únicas, como a flexibilidade e a habilidade de engajar pessoas. “Nós, mulheres, temos muitos ingredientes que são fundamentais para quem quer ter sucesso no mercado de trabalho. Somos mais colaborativas e participativas, e o mundo vem pedindo isso. Acabou aquela postura sisuda, que ficava atrás da mesa, mandando e desmandando aos gritos nas empresas. Essa presença mais democrática é fundamental para determinar o sucesso no mercado, e aí já temos um ponto à frente”, comenta a coach Juliana Albanez. Qualidades como a multifuncionalidade também são muito importantes na vida corporativa, afinal, aqueles que sabem desempenhar vários tipos de funções tendem a se destacar mais no mercado de trabalho, conforme aponta a analista comportamental Etienne de Castro Tottola. “A multifuncionalidade das mulheres, que em alguns casos era colocada como forma de discriminação ou chacota, ‘esquenta a barriga no fogão e esfria no tanque’, demonstra como são capazes de se adaptarem rapidamente às variantes e às necessidades de suas ocupações. Conseguem realizar várias tarefas ao mesmo tempo e de administrá-las de forma coerente”, explica. Tal como os homens, as mulheres têm qualidades e características favoráveis para se tornar líderes e são tão eficientes quanto eles para assumir postos estratégicos e de grande responsabilidade em uma

Diretora-executiva da Vitória Motors Mercedes-Benz, Patrícia Asseff é um exemplo de liderança no mercado automotivo

“Sinto-me diariamente desafiada a criar um ambiente e condições de trabalho que permitam a inovação e o sucesso, capacitando e fortalecendo a equipe para resolver problemas complexos e promovendo uma comunicação clara que flua em todos os sentidos” – Paula Tommasi, diretora Comercial & de Marketing da Viação Águia Branca

corporação. Segundo dados mais recentes da Pesquisa Salarial e de Benefícios da Catho, houve um crescimento do público feminino em cargos executivos. Em 2009, 23% desses postos eram preenchidos por elas, enquanto que em 2015 o número passou para 27,8%. Mas e os homens, como assimilam esse avanço do sexo oposto? Será que vez ou outra pode acontecer de ter aquele preconceito chato? Na vida de Paula Tommasi, não. De acordo com ela, a receptividade masculina em seu trabalho é muito boa. “Vez ou outra, em reuniões difíceis, escuto que trago leveza à discussão e com minha presença feminina torno o ambiente mais agradável”, afirma. As dúvidas que pairariam em boa parte das mulheres, caso viessem a ocupar uma função importante no mercado automotivo, não fazem parte do cotidiano de Patrícia Asseff, que justifica o seu sucesso profissional a duas palavras: ética e metamorfose. “Para mim, é tão natural que eu nem penso nisso. Ao longo do tempo, percebi que uma coisa é fundamental, a ética. Outra palavra que me retrata muito é a metamorfose, pois estou sempre me renovando para alcançar os objetivos e encarar os desafios diários”, observa. Seja pela facilidade para se reinventar, seja pela postura diante de desafios ou seja pela persistência frente às dificuldades, uma coisa é certa: elas estão com tudo e prometem ir ainda mais longe. “O Brasil é um país de mulheres poderosas. Um país com tantas realidades, adversidades, instabilidades e nós, mulheres, somos o pilar, o ponto de equilíbrio de um lar. Temos muito o que comemorar, nossas conquistas e tudo que conseguimos com muita luta. Nem nossas avós, nos melhores sonhos, poderiam imaginar que chegaríamos tão longe. Podemos ser mulheres, líderes, executivas, profissionais liberais, donas de casa e femininas sem vergonha de nossa essência. Não temos que ser perfeitas em tudo, temos que ser plenas e viver cada papel com intensidade. Quando olhamos por esse prisma, nos libertamos do mito da perfeição”, afirma.

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FATOS

Foto: Divulgação

Em 2015, as cooperativas capixabas geraram mais de R$ 170 milhões aos cofres públicos

OS NÚMEROS POSITIVOS DO COOPERATIVISMO CAPIXABA

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Sistema OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras – representa hoje mais de 6,8 mil empresas com perfil em todo o país, divididas em 13 ramos de atuação, com mais de 11,5 milhões de associados e 340 mil empregos diretos. O Sudeste é a região que concentra a maior quantidade de sociedades cooperativas (2.357), sendo que 134 delas estão localizadas no Espírito Santo. Desse número, 79% pertencem a quatro setores: agropecuário (33), de crédito (28),

“O maior desafio para os próximos anos é crescer, mas não em número de cooperativas e sim de cooperados e, principalmente, de valor agregado” - Esthério Colnago, presidente OCB-ES 42

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de transportes (27) e de saúde (17). No Espírito Santo ainda temos aquelas distribuídas nos ramos educacional, de consumo, de produção, de trabalho e habitacional. Ao todo, são 238.786 organizações e mais 7.829 funcionários. Em geral, as cooperativas capixabas tiveram um faturamento total de R$ 4,1 bilhões em 2014, sendo que os segmentos agropecuário e de saúde se destacaram, com R$ 1,571 bilhão e R$ 1,493 bilhão, respectivamente, detalha Esthério Sebastião Colnago, presidente do Sistema OCB-Sescoop/ES. Os impostos arrecadados por elas tiveram uma evolução de 8% em 2014, comparando com o ano anterior, gerando aos cofres públicos – federal, estadual e municipais – mais de R$ 170 milhões. Além disso, a distribuição foi de mais de R$ 251 milhões de sobras aos cooperados. O projeto “Cooperar para Reflorestar”, que está promovendo o engajamento das mulheres em programas sustentáveis, e a instalação dos comitês gestores da Pimentado-Reino e do Cacau Sustentável estão entre as conquistas de 2015. “Foram grandes os avanços também com a Secretaria de Educação. As cooperativas de transporte conseguiram vitórias, como a implantação de um sistema de controle de frota, novos

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parâmetros para a definição dos valores de quilômetros rodados, e a garantia de que os contratos poderão ter validade de cinco anos. As novas licitações levarão em consideração o tipo de via, o que irá contribuir de maneira relevante para uma melhor distribuição e mais justiça no transporte”, explica o presidente. A OCB/ES participa também do GTFaz – Grupo de Trabalho da Secretaria de Estado da Fazenda do Espírito Santo. “No grupo é possível levar as demandas relativas à complexa legislação do ICMS, para propor melhorias no regulamento a todos os setores do cooperativismo capixaba como laticínios, fruticultura, cafeicultura, transportes, heveicultura, avicultura, olericultura, aquicultura, consumo, produção e outros”, esclarece Colnago. Quanto aos desafios, o presidente afirma que o maior deles é crescer, mas não em número de cooperativas e “sim de cooperados e, principalmente, de valor agregado”. Segundo ele, é preciso industrializar, oferecer mais e melhor, para não haja necessidade de o consumidor buscar produtos e serviços fora da empresa. “Também precisamos avançar na gestão e no auxílio à comunidade. A expectativa é exatamente esta: crescer, avançar, melhorar a gestão, industrializar e agregar valor”, finaliza.



FATOS

Foto: Mauricio Kaye

Depois de conquistar muitas medalhas para o Brasil, os atletas Emanuel e Maurren Maggi resolveram encerrar suas carreiras para se dedicar a outros projetos

CAMPEÕES OLÍMPICOS ANUNCIAM APOSENTADORIA

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ono de três medalhas olímpicas e 10 títulos do Circuito Mundial de Vôlei de Praia, Emanuel anunciou sua aposentadoria no início do mês de março, após 25 anos de carreira. Assim como o jogador, quem também resolveu encerrar a trajetória de atleta foi a campeã olímpica no salto em distância em Pequim 2008, Maurren Maggi, que a partir de agora será comentarista. Ambos se despediram em eventos realizados no Rio de Janeiro, o Grand Slam e a primeira edição do Super Salto no Brasil. Participante de cinco edições dos Jogos Olímpicos, Emanuel começou sua história no maior evento esportivo do planeta junto com a própria modalidade, que passou a fazer parte da programação do das Olimpíadas a partir de 1996. A partir daí foram só alegrias, conquistadas com as medalhas de ouro em Atenas (2004), bronze em Pequim (2008) e prata em Londres (2012). O ex-jogador, que entrou para o Guinness Book de 2014, com 149 títulos no vôlei de praia à época, também possui outras conquistas importantes como a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos 44

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de 2007 e 2011, e a de bronze nos Jogos Sul-Americanos 2014. “A minha carreira foi uma missão completa, difícil de ser realizada, mas realizada com sucesso. Nesses 25 anos, posso dizer que tive momentos nobres com todos os meus parceiros, que me ajudaram a ser campeão junto com eles. Consegui os maiores títulos de vôlei de praia e agora, no final, tive mais um orgulho: de ver que as pessoas foram tocadas com meu trabalho, pois recebi várias mensagens positivas e de apoio. É uma constatação de que fui muito bem naquilo que me propus, que era representar o Brasil da melhor forma possível, ser o melhor atleta, em algum momento e ter uma carreira de exemplo. Eu consegui tudo isso”, ressaltou o ex-jogador. Em relação ao futuro, Emanuel afirma que pretende se envolver com o esporte de outra forma. “Não me vejo mais trabalhando dentro da quadra perto dos atletas, mas sim na parte da estrutura. Tenho feito alguns cursos de gestão para que eu possa ajudar o esporte de uma outra maneira, até porque sou representante dos atletas

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tanto na CBV (Confederação Brasileira de Voleibol) quanto no COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e na Comissão Nacional de Atletas do Ministério do Esporte. Esta é minha missão agora: tentar entender mais a política do esporte e fazer da minha experiência um ajuste de evolução do esporte, tanto do vôlei de praia como de outros”, complementou. Após seu salto de despedida, a agora ex-atleta Maurren Maggi fez um agradecimento especial ao treinador Nélio Moura. “Estou encarando tudo como uma festa, um momento único em minha vida”, disse a saltadora. Além do ouro olímpico, Maurren tem duas medalhas em Mundiais indoor: prata em Valência 2008 e bronze em Birmingham 2003. Na antiga Copa do Mundo, ela ficou em segundo lugar em Madri 2002 e ganhou o IAAF Grand Prix na mesma temporada. Também é tricampeã dos Jogos Pan-Americanos: Winnipeg 1999, Rio de Janeiro 2007 e Guadalajara 2011. Foi campeã da Universíade de Pequim, em 2001, e no mesmo ano ganhou os Jogos da Amizade, em Brisbane.



RONALD Z. CARVALHO

MARKETING

é professor convidado da Fundação Dom Cabral, palestrante e colaborador nacional

ONDE FOI PARAR O VELHO BRASIL? NUNCA DANTES NESTE PAÍS FOMOS TÃO POBRES E TÃO SEM FUTURO

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m grande amigo postou nas redes um vídeo liderado por Sargentelli no qual estão dezenas de artistas, entre eles Martinho da Vila, Jair Rodrigues, João Nogueira, Alcione, Elza Soares, Clara Nunes e Beth Carvalho. Os créditos informavam que eles eram acompanhados pela orquestra da Rede Globo... Um verdadeiro show de samba e som brasileiro. Agora, sem saudosismo. Onde existe um apresentador hoje que honre e prestigie, como o velho e saudoso Oswaldo Sargentelli, nosso samba e MPB? Onde há substitutos para aqueles gênios mencionados e tantos outros? A Globo nem conta mais com orquestra... Nem programas musicais ao vivo daquele tipo. Musical hoje têm “Amor e Sexo”, “Altas Horas” e os (que Deus me perdoe) especiais. Pobre lembrança daquele antigo programa, aquele sim especial... O talento, a tradição e a genialidade da música brasileira, uma das poucas coisas que restaram no mundo da imagem internacional de nosso país, foram aos poucos murchando e hoje estão quase esquecidas. Mesmo em Paris ou em Tóquio, onde até nos elevadores a música brasileira era tocada, hoje são rock’n’roll e Adelle.

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O jornal norte-americano “ The Washington Post” chama o carnaval brasileiro de “bacanal” e diz ser difícil acreditar que um país em profunda recessão possa sair à rua para cantar e dançar. O semanário francês Charlie Hebdo mostra

O país do futuro é cada vez mais o país de um passado que não volta mais. Que bate recordes de recessão e desemprego, sujeira e doença, crime e corrupção“ um ex-presidente nosso com a mão no traseiro da imagem da Justiça, dizendo: “O Supremo brasileiro é uma m...”. Pode ver. A publicação inglesa “The Economist” enche suas capas de ataques veementes ao Brasil. Estamos morrendo. Como disse o saudoso Paulo Francis, será que o Brasil acabou e não percebemos?

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Repito, não é saudosismo, é decadência mesmo. Perdemos o pouco que tínhamos de orgulho nacional e admiração mundial por nossa alegria e nossa música. O “sertanejo universitário” substituiu a bossa nova de Jobim e Elis. Os líderes nacionais mal lembram os homens do passado, com todos os seus defeitos. Os mais de 35 partidos políticos, sem nenhum conteúdo ou cara, substituem os gloriosos UDN, PTB, PSD, PC, PDC. Os programas eleitorais gratuitos são mais ridículos que as atrações humorísticas, que nem lembram os velhos geniais de Chico Anysio. O Jô Soares acabou... O país do futuro é cada vez mais o país de um passado que não volta mais. Que bate recordes de recessão e desemprego, sujeira e doença, crime e corrupção. Crack, assaltos, hospitais em escombros, estradas esburacadas, portos e aeroportos abandonados. Lembra que a previsão era que estivéssemos agora entre os quatro maiores países do mundo? Pois é, estamos despencando para baixo dos 10. Os índices das empresas de avaliação de risco nos seus processos de julgamento de confiabilidade ao investidor nos colocam como indignos de receber novos investimentos.



FATOS

Fotos: Jose Alberto Jr

A empresa exporta 1.500 toneladas de carne por mês, o que representa 50% da produção

CARNE CAPIXABA CONQUISTA NOVOS MERCADOS INTERNACIONAIS

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CORTES ESPECIAIS Criado em 1968, o Frisa conquistou os primeiros mercados na Europa, ao final dos anos 70. Os principais parceiros hoje são Oriente Médio e Ásia. E nessas regiões, judeus e muçulmanos só consomem carnes que passam por rituais. Por isso, o frigorífico precisa atender a essas normas. Segundo o Alcorão, livro sagrado do islã, para que o alimento seja considerado halal (permitido para consumo), é preciso minimizar ao máximo o sofrimento do animal, e a frase “Em nome de Alá, o mais bondoso,

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EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS

2014

US$ 5,9

1,39t

Quantidade em toneladas - (milhão) Faturamento - (bilhões)

US$ 7,2

A retração está ligada também à queda na produção brasileira e, segundo Marcelo, o resultado positivo de empresa se deu em consequência da segurança do importador quanto à qualidade da mercadoria. A companhia, que obteve um aumento no volume exportado entre 2010 e 2015 na casa de 40% e tem como principais compradores Israel, Rússia, Chile, Argélia, e Itália, conquistou a China e a Arábia Saudita como novos mercados. As conversações com os Estados Unidos também estão em andamento. “As negociações políticas já foram concluídas, no acordo assinado entre os presidentes Dilma Rousseff, do Brasil, e Barack Obama, dos EUA. Não podemos prever quando iremos iniciar das exportações, mas tudo aponta para que seja ainda este ano”, revelou o gerente.

1,56t

N

a contramão do cenário nacional, que no ano passado exportou 170 mil toneladas a menos de carne, em relação a 2014, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), empresas capixabas do setor têm alcançado resultados bastante positivos. Entre elas está o Frigorífico Rio Doce (Frisa), com sede em Colatina, que se destacou ao aumentar seu volume de exportações em 11% nesse período, registrando uma média de 1.500 toneladas por mês vendidas a outros países, o que representa 50% do montante produzido. Em 2015, os embarques brasileiros de carne bovina ao exterior fecharam o ano com faturamento de US$ 5,9 bilhões. De janeiro a dezembro, foram mais de 1,39 milhão de toneladas. Os números parecem otimistas, mas o resultado é inferior ao do mesmo período de 2014, quando a exportação chegou ao recorde histórico de US$ 7,2 bilhões e 1,56 milhão de toneladas. “O que aconteceu no ano passado é que grandes mercados de consumo da carne brasileira, como Rússia, Venezuela e Irã, com a desvalorização do petróleo, tiveram queda brusca de receita e passaram a importar menos o produto”, explica Marcelo Colonezi, gerente de Exportação do Frisa, que fornece carne bovina para cerca de 20 países.

2015

Fonte: Abiec

o mais Misericordioso” deve ser dita antes do abate. Inspetores mulçumanos são os responsáveis pela verificação dos procedimentos determinados pela Sharia (conjunto de leis). Para o mercado judaico, é necessário seguir o Kosher, alimentos preparados segundo as leis dessa cultura. A Torá, texto central do judaísmo, determina que bovinos e frangos sejam abatidos, por um rabino, o shochet, após a oração, Beracha, em um ritual chamado shechita. A morte deve ser instantânea e sem dor, com o uso de uma faca especial e bem afiada, a chalaf, que provoca a degola do animal ainda vivo e sem atordoamento. Todo o processo, inclusive a salga, é feito no próprio frigorífico sob a supervisão de um rabino.



FATOS Projeto “Patrulha da Família”, lançado pelo Governo do Estado, busca diminuir ainda mais os índices de violência contra a mulher

Foto: Divulgação

NOVA FERRAMENTA DE PROTEÇÃO ÀS MULHERES

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Governo do Estado lançou, no dia 8 de março, um projeto que irá beneficiar mulheres vítimas de violência doméstica nos municípios de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica. A iniciativa, denominada “Patrulha da Família”, faz parte de uma ampliação de ações já desenvolvidas pelas polícias Militar e Civil, com os projetos “Visitas Tranquilizadoras às Mulheres Vítimas de Violência” e “Homem que é Homem”. O trabalho em conjunto que já resultou na diminuição dos homicídios contra a população feminina no primeiro bimestre

de 2016, com redução de 68% em relação ao mesmo período do ano passado. “Estamos implementando esse importante programa, que irá beneficiar, de imediato, metade da população do Espírito Santo. Essa é mais uma iniciativa do Governo do Estado para expandir na sociedade a cultura da paz e combate à violência”, afirmou o governador Paulo Hartung, durante o lançamento do programa, no Palácio Anchieta. A ação busca fortalecer e ampliar o projeto “Visitas Tranquilizadoras...”, realizado por militares atuantes do Patrulha da Comunidade,

que ocorrerá em 130 bairros da Grande Vitória, além de mais 10 cidades do interior. A iniciativa, que vai atender aos demais locais da região metropolitana não contemplados pelas visitas tranquilizadoras, pretende dar maior segurança e acolhimento a essas mulheres. “Com isso, aumentaremos a segurança das mulheres que denunciam situações de violência doméstica e familiar, contribuindo para a garantia do cumprimento às medidas protetivas de urgência”, revelou o comandante geral da PMES, coronel Marcos Antônio Souza do Nascimento.

NOVA DIRETORIA DO SINDUSCON-ES É EMPOSSADA Foi realizada no dia 29 de março, no Centro de Convenções de Vitória, a solenidade de posse da nova diretoria do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscon-ES), eleita para o triênio 2016/2019. O evento contou com a presença de diversas autoridades, como o governador Paulo Hartung; o vice-governador César Colnago; o prefeito de Vitória, Luciano Rezende; além de secretários de Estado, parlamentares e demais convidados. Ao assumir a presidência do sindicato, Paulo Alexandre Baraona destacou a necessidade da união entre os setores produtivo e público, ressaltando a importância de um maior engajamento de todos na luta por um Espírito Santo melhor. 50

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“É necessário que dentro dos estados e dos municípios haja um diálogo permanente sobre as dificuldades hoje existentes entre os Três Poderes – Legislativo, Executivo e Judiciário – e o setor produtivo, com o intuito de modernizar a gestão, criar regras mais claras, mudar alguns conceitos e, especialmente, ter um diálogo que seja esclarecedor e resolutivo, de forma a propiciar investimentos, dar celeridade aos projetos, destravar a agenda e atrair capital privado”, disse o presidente. Em sua fala de despedida, o ex-presidente do Sinduscon-ES Aristóteles Passos Costa

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Neto falou sobre a formação de lideranças sindicais jovens na condução do futuro da entidade e sobre a consolidação das parcerias com os diferentes poderes e setores da sociedade. O governador Paulo Hartung também aproveitou a ocasião para deixar uma mensagem de otimismo sobre o atual momento político e econômico do Brasil, incentivando todos a levantar a cabeça e olhar para a frente, sem radicalismo, sem paixões e com racionalidade.



Quem são as personalidades que deram nome às ruas e às avenidas do Estado e qual a importância delas para o desenvolvimento capixaba? Para responder a essas e outras perguntas, a coluna “O Endereço da História” presta uma homenagem às pessoas que tanto contribuíram para o Espírito Santo. Confira.

HENRIQUE DA SILVA COUTINHO, UM POLÍTICO DA VELHA GUARDA

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José Eugênio Vieira é pesquisador com diversos livros publicados sobre a História do Espírito Santo e atualmente ocupa a Superintendência do Sebrae

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Brasil vivia uma fase de turbulência política com a queda da monarquia e a implantação da República, e o Espírito Santo não estava alheio ao movimento que sacudiu o país. Liberais e conservadores disputavam o poder, propiciando o surgimento de figuras que iriam marcar a história política do nosso Estado. Henrique Coutinho, que nascera de uma família de homens do campo com forte atuação na política, diferentemente de seus irmãos Emiliano e Antero Coutinho, ambos do Partido Conservador, deputados provinciais no período imperial, tornou-se atuante membro do Partido Republicano. Aliando-se à facção liderada por Muniz Freire, participou da criação do Partido Republicano Construtor e foi escolhido um dos três integrantes do diretório central da agremiação. No “olho do furacão” político, foi escolhido deputado estadual na campanha eleitoral para o Congresso Constituinte nacional. Uma sucessão de episódios levou

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nosso personagem ao Governo interino do Estado. Afonso Cláudio se afastara do cargo por motivos de saúde, e Constante Sodré, que o substituíra, renunciou à cadeira de chefe do Executivo, abrindo espaço para a indicação de Coutinho, o terceiro vice-governador. Efetivado pelo marechal Deodoro da Fonseca, que destituíra a monarquia em 1891, foi pouco depois demitido por esse mesmo militar, em represália ao seu partido, que votara em Prudente de Moraes. O partido político ao qual era filiado Henrique Coutinho voltou ao poder quando Floriano Peixoto, outro marechal, em contragolpe assumiu a Presidência da nova República. Coutinho foi eleito deputado à Assembleia Constituinte Estadual, em 1892, da qual foi presidente. Nova crise política foi deflagrada em 1896, quando da eleição de Graciano Neves para governador. Muniz Freire, líder do partido conservador, viajara para a França em missão oficial, deixando campo propício para que Henrique Coutinho se candidatasse ao Senado, em 1897, contrariando a indicação da legenda.


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Foi depois desse entrevero político que nosso personagem se elegeu governador do Estado. Corria o ano de 1904. A crise do café arruinara a economia capixaba. Iniciativa da administração estadual, foi aberto um novo núcleo de colonização de imigrantes europeus, construídas escolas no interior do Estado, começado o trabalho de urbanização da capital, Vitória, e a instalação de iluminação elétrica em frente ao Palácio do Governo. Pouco ou nada mais se pôde fazer. Houve o rompimento político de Henrique Coutinho com Muniz Freire, e uma proposta de impeachment – expressão que nestes tumultuados novos tempos volta às manchetes dos jornais e balança o Congresso Nacional – chegou a ser aprovada pela Assembleia do Estado, sendo mais tarde arquivada com a recuperação pelo governador da maioria na Casa. Henrique Coutinho, no entanto, não foi apenas a “raposa” que revolucionou o marketing político de sua época. Foi funcionário público, agropecuarista e coletor federal no Estado do Rio de Janeiro. Em1906,decidiuvenderaEstrada de Ferro Sul do Espírito Santo, Henrique Coutinho inconcluída. Jerônimo Monteiro

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foi o negociador, em nomedo Governo, com a Leopoldina Railway, e o resultado da venda foi revertido para pagamento de uma dívida com o Banco do Brasil. A carreira política de Coutinho foi encerrada quando Jerônimo Monteiro era governador e o nomeara presidente da Comissão do Espírito Santo na Exposição Nacional de 1908, indicação como tributo ao grande nome da política do seu tempo. Henrique Coutinho foi também homenageado pelos capixabas, que veem nele figura exponencial no aprimoramento dos nossos costumes políticos. É nome de importante via pública no centro da cidade de Vitória. Faleceu no Rio e Janeiro no dia 14 de junho de 1915. Mais fotos e vídeos na galeria do site: www.esbrasil.com.br/oenderecodahistoria

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Fotos: Divulgação

PANORÂMICAS

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ENCONTRO

EVENTO “ELAS NAS PROFISSÕES” PRESTIGIA AS MULHERES Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, o Corecon – ES convidou a chefe de Polícia Civil, Gracimeri Gaviorno, e a desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Ana Paula Tauceda Branco, para uma roda de conversa sobre o tema “Como gerenciar a vida profissional e a vida pessoal de forma eficiente”. O encerramento do encontro, marcado por lições valiosas, foi com a irreverente Leila Navarro, conhecida por ser uma das melhores palestrantes motivacionais do país. O evento foi um sucesso e contou com a participação dos conselhos de Contabilidade, Administração, Engenharia, Química, Fisioterapia, e Corretores de Imóveis e da Ordem dos Advogados do Brasil.

AUTORIDADES PRESTIGIAM POSSE DE CONSELHEIROS A nova diretoria do Corecon-ES tomou posse no dia 24 de fevereiro, em uma solenidade que contou com a participação de profissionais do setor, estudantes e autoridades, como o governador Paulo Hartung, a secretária de Estado da Fazenda, Ana Paula Vescovi, e o presidente do Bandes, Luiz Paulo Vellozo Lucas. Na ocasião, o conselho também promoveu o painel “Tendências econômicas e oportunidades de negócios para empresas”. Em seu discurso, Hartung parabenizou a entidade pela iniciativa de realizar o debate. “Temos de valorizar eventos assim. Precisamos debater mais, não podemos tratar os assuntos apenas superficialmente”, afirmou.

COMEMORAÇÃO

CÂMARA DE VITÓRIA CRIA O DIA MUNICIPAL DO ECONOMISTA O Dia do Economista passará a ser celebrado oficialmente na capital capixaba em 13 de agosto. A Câmara Municipal de Vitória aprovou o projeto legislativo de autoria da vereadora Neuzinha de Oliveira. Nessa data, em 1951, o então presidente Getúlio Vargas sancionou a Lei 144, que criou a profissão. Para o presidente do Corecon-ES, Eduardo Araújo, a inclusão do dia comemorativo é um avanço para a valorização de quem trabalha nessa área. Ele espera que outros municípios tenham a mesma iniciativa. RETIFICAÇÃO

CORECON CONSEGUE RETIFICAÇÃO DE EDITAL DE MAIS UM CONCURSO O Conselho Regional de Economia (Corecon-ES) conseguiu a retificação do edital de um concurso público da Prefeitura de Conceição do Castelo para preenchimento de vaga de auditor público interno. A entidade solicitou na Justiça a inclusão da formação de economista na qualificação para o cargo. O pedido foi acatado pela comissão do processo seletivo, que definirá agora um novo período de inscrições e uma outra data para a prova. O setor de fiscalização do Corecon tem atuado de forma incisiva para garantir a possibilidade de participação dos profissionais da área nas seleções. Recentemente, outros três municípios tiveram de alterar editais após interferência do Conselho: Colatina, Ibatiba e Santa Maria de Jetibá. 54

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PAULO FEIJÓ FALA DE RESPONSABILIDADE FISCAL Economistas e contadores aproveitaram o ano eleitoral para promover um debate técnico sobre finanças públicas e responsabilidade fiscal. O convidado para coordená-lo foi o contador Paulo Feijó, especialista no assunto. Durante o encontro, ocorrido no auditório da Faesa, no dia 9 de março, ele falou sobre a importância do setor público trabalhar metas fiscais. Participaram ainda o contador Bruno Pires Dias, a professora Janyluce Rezende Gama e o economista Luiz Eduardo Dalfior, entre outros. A programação foi uma realização do Corecon-ES, do Conselho Regional de Contabilidade e da Associação dos Consultores do Tesouro Estadual.

CORECON-ES PARTICIPA DA SEMANA DE RECEPÇÃO AOS CALOUROS Os alunos do curso de Economia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) tiveram a oportunidade de aprender um pouco sobre a profissão com a vice-presidente do Corecon-ES, Danielle Nascimento. Ela participou da Semana de Recepção aos Calouros, no início de março, organizada pelo Departamento de Economia da instituição de ensino. “Falei sobre a minha experiência e propus um desafio para eles na graduação: tratar a faculdade como a primeira fase da vida profissional, e não como uma extensão da vida escolar”, contou.



TECNOLOGIA

YASMIN VILHENA

SEUS DADOS MAIS SEGUROS ESPECIALISTA EM SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO E DIRETOR-PRESIDENTE DA ISH TECNOLOGIA, RODRIGO DESSAUNE DESTACA A IMPORTÂNCIA DA PROTEÇÃO DE DADOS DIGITAIS PARA MANTER A CONFIDENCIALIDADE E A INTEGRIDADE DAS EMPRESAS

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ada vez mais importante dentro das organizações, a segurança da informação vem ganhando destaque no meio empresarial, que constantemente sofre com ataques cibernéticos executados por hackers do Brasil e do mundo. Afinal, trata-se da proteção de um ativo vital para as companhias, não somente pelo seu potencial na tomada de decisões estratégicas, como também pelo valor do conteúdo no mercado negro, caso haja algum vazamento feito por meio de uma 56

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espionagem corporativa, causando incômodos que podem até levar a uma crise. No que consiste a segurança da informação e qual sua importância para o universo empresarial? Consiste na proteção de todos os ativos informacionais das empresas. Podem ser arquivos de texto, planilhas eletrônicas, informações de banco de dados, imagens, vídeos, extratos bancários, ou seja, qualquer tipo de informação ou dado

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que esteja armazenado de modo digital em uma organização. Tudo está sendo convergido para o formato digital, fazendo com que outros suportes sejam deixados de lado. Estamos passando por uma transição na história. Qual a forma mais eficiente de se mapear esses riscos? Existem, hoje, vários pontos de insegurança, e todos esses riscos têm que ser mapeados para que sejam mitigados.


A melhor maneira para avaliar isso tudo é com uma pesquisa. Comprovadamente, 80% dos riscos ou dos problemas acontecem por meio das pessoas, seja abrindo um e-mail que não deveria ter sido aberto ou seja até mesmo fornecendo uma informação que não poderia ser dada por telefone. Outro ponto que influencia negativamente é quando um sistema de um computador, telefone ou tablet está desatualizado, algo que as pessoas não dão muita importância. Qual a avaliação do senhor sobre o Marco Civil da Internet? Ainda falta muito para melhorar? Apesar de acreditar que essa era uma lei necessária, vejo que existem alguns excessos, como a prisão do vice-presidente do Facebook na América Latina, Diego Dzodan, que se recusou a fornecer certas informações do WhatsApp. Mas por ser uma lei, é óbvio que ela precisa ser seguida, mesmo tendo vertentes boas e ruins. O lado bom é que você não pode bloquear o acesso à informação de uma rede, pois é preciso ter sempre o registro de quem a acessou em um determinado momento. O ruim é que mesmo uma pequena empresa como um restaurante, que provê acesso para os seus clientes, tem que guardar por um ano essas informações. Ou seja, exige um investimento muito alto em tecnologia para que isso possa ser armazenado pelo período que a lei determina.

acredito que o Marco Civil tem a tendência de não funcionar em países estrangeiros, a não ser em relação a empresas grandes como Facebook, que têm interesses comerciais no Brasil e que por conta disso vão querer se adaptar para fazer negócios aqui.

Comprovadamente, 80% dos riscos ou dos problemas acontecem por meio das pessoas, seja abrindo um e-mail que não deveria ter sido aberto ou seja até mesmo fornecendo uma informação que não deveria ser dada por telefone”

O senhor acredita ser possível achar um equilíbrio entre o direito à privacidade e às investigações criminais? No caso de uma ordem judicial, a empresa vai ter que fornecer as informações que a Justiça está solicitando, afinal, ordem de juiz não se descumpre. Se houver uma determinação judicial, não tem jeito. O importante, acima de tudo, é que o empresário invista o máximo possível para ter a privacidade de suas informações, com o treinamento de seus funcionários e o investimento em sistemas para que não sejam permitidos invasão por hackers, vazamentos internos e espionagem industrial, por exemplo. Existem ferramentas muito boas para se proteger disso tudo, estando o mais blindado possível. Que tipos de mudanças as novas regulamentações trouxeram para o trabalho das equipes de segurança da informação? As mudanças fizeram com que fosse criada uma conscientização dentro das empresas. Essas organizações, se não estiverem ajustadas ao Marco Civil,

Empresas de comunicação que operam no país devem obedecer ao Marco Civil da Internet, diferentemente das companhias que possuem representação no exterior, onde o cumprimento a determinações judiciais passa por acordos de cooperação internacional. Qual a sua opinião sobre essa brecha, em específico? É muito difícil obrigar uma empresa de fora do Brasil a seguir uma determinação do nosso país. No caso da prisão do vice-presidente do Facebook, isso deve ter ocorrido pelo fato de a empresa ter um escritório aqui. Agora, imagine uma empresa da Dinamarca que cria um site. Quem vai proibir alguém do Brasil de acessar a informação desse site? Se todo país tiver uma legislação diferente a ser seguida por quem é de fora, isso tiraria toda a dinamicidade da internet. Por isso eu www.esbrasil.com.br

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Se todo país tiver uma legislação diferente a ser seguida por quem é de fora, isso tiraria toda a dinamicidade da internet” acabam tendo penalidades claras; então a própria área jurídica fica alerta em relação a isso. Com esse rigor, tem aumentado a procura por soluções de segurança específicas que estejam adequadas à legislação. Empresas do setor financeiro, por exemplo, precisam seguir diretrizes do acordo de Basileia e do Banco Central. Como nós temos algumas empresas desse segmento conosco, constantemente passamos por auditorias para averiguar se estamos de acordo com o Marco Civil. Mesmo que tenham ocorrido grandes inovações, a situação da segurança corporativa é ainda mais crítica do que a pessoal, por exemplo, já que o vazamento de certas informações pode decretar a falência da organização em certos casos. Quais os principais erros que são cometidos pelas empresas nesse sentido? O assunto deve ser levado a sério pela alta direção da empresa, um tratamento semelhante ao que é dispensado a outras áreas, como a jurídica e de recursos humanos. A meu ver, um dos principais erros cometidos pelas empresas é a não atualização dos softwares, pelo fato de demorarem muito em certos casos. O que as pessoas precisam entender é que, se saiu uma atualização, isso foi feito por uma questão de segurança. Foi descoberta uma vulnerabilidade para ter uma vantagem, o que fez com que o fabricante disponibilizasse essa atualização o mais rápido possível para que seja executada essa correção, pois a comunidade hacker está ciente disso. Outro ponto que merece atenção são os sistemas de Ransomware, que sequestram os dados do computador e do celular e pedem um resgate. Eles encriptam o sistema e mandam uma mensagem falando: deposite “xis” mil bitcoins nessa conta para liberarmos. Aí complica de vez.

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Por mais que as pessoas tenham ciência da importância da segurança digital, profissionais do ramo ainda encontram certa resistência na aplicação dos controles? Os empresários veem como um custo, e não como um investimento. O bem físico é sempre bem protegido, enquanto que o patrimônio intangível às vezes é deixado de lado, sendo que ele é muito importante, pois contém informações, projetos, bases de clientes, histórico de compra e venda, dentre outros aspectos. A segurança da informação não é um sistema de TI, e sim um sistema de proteção da empresa que precisa ser visto como tal. O uso de dispositivos pessoais dentro do ambiente de trabalho influencia para que a segurança digital fique fragilizada? Caso isso ocorra, é importante que seja feito um treinamento junto aos funcionários? Se o usuário for treinado, a situação não fica tão insegura assim. Lembrando que determinadas áreas precisam ter acesso às redes sociais, por exemplo o marketing e as partes financeira e técnica. Cortar a internet como um todo é impossível hoje em dia. O que tem que bloquear é o mau uso daqueles que a acessam. Tem que ser uma educação contínua, porque senão o próprio funcionário acaba sendo uma fonte de

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insegurança dentro da empresa, por meio da engenharia social. Alguém pode ligar e falar que é do suporte da empresa e que está fazendo uma checagem que precisa de login e senha. Cerca de 70% das pessoas caem em casos como esse. Os ataques que são vistos atualmente fazem parte de gangues cibernéticas de outros países ou podemos afirma r que o número de invasores brasileiros aumentou? Aumentou bastante. O Brasil está entre os cinco maiores países que fazem ataques cibernéticos, assim como os Estados Unidos, a Rússia, a China e a Coreia do Norte. Em certos aspectos, o Brasil está até na frente, como no caso do internet banking. Por isso temos muito phishing de hackers que tentam pegar senhas de banco por e-mail. Para finalizar a entrevista, qual a dica que o senhor gostaria de dar aos nossos leitores para que eles não tenham problemas relacionados à privacidade digital? Procurem sempre manter seus sistemas atualizados, pois é muito mais barato se prevenir com questões relacionadas à segurança da informação do que ter que se recuperar de um incidente. Imagine estar no meio de uma crise de segurança e ter que fazer o seu sistema voltar a funcionar. É bem mais complicado...



INFORME PUBLICITÁRIO

UM SONHO REALIZADO Condôminos e equipe Galwan comemoram a entrega do Robson Setubal Residencial

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escontração, alegria e encantamento. Esse foi o clima da entrega do Robson Setubal Residencial, construído pela Galwan na orla de Itapoã, em Vila Velha. Os condôminos e suas famílias foram recebidos por diretores, corretores e equipe da Galwan para um coquetel, no salão de festas do empreendimento; o clima era de comemoração. Os futuros moradores foram unânimes ao elogiar o principal diferencial do projeto edificado: sua localização. “Era um sonho antigo nosso morar nesta região da Curva dos Pescadores e, assim que vimos o tapume da obra com o nome da Galwan, já fomos atrás da empresa para adquirir nossa unidade”, destacou o casal Arnaldo e Rita de Cássia Zukui, que também enalteceu o trabalho da construtora. Os condôminos Maria Virgínia e Renato Casagrande também ressaltaram a localização do empreendimento. “Escolhemos o Robson Setubal pela localização ímpar e também pela confiança na Galwan, que é uma empresa reconhecida em Vila Velha e no Espírito Santo.

QUEM FOI ROBSON SETUBAL? Robson Setubal nasceu e viveu na região de Itapoã, onde costumava pescar à beira-mar. Passou o amor pelo local aos filhos e aos netos, que cresceram frequentando a praia. Com este empreendimento, a Galwan homenageia Robson Setubal e o seu filho Romário, gerente comercial da Galwan Imobiliária.

José Luís Galvêas, abrindo o evento, e depois com os condôminos Renato e Maria Virgínia Casagrande, e com Gilberto Toscano, José Silva e Elizabeth Lordes

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RESIDENCIAL ROBSON SETUBAL •E ndereço: Av. Antonio Gil Veloso, Itapoã, Vila Velha. •A partamentos: 3 ou 4 quartos, até 3 vagas de garagem, até 2 suítes. •L azer: c ompleto com fitness, churrasqueira, brinquedoteca, piscina adulto, piscina infantil e sauna. Toda a área comum entregue mobiliada e decorada. •C onstrução: Galwan S/A. • I nformações e vendas: (27) 3200-4004.

O resultado da confiança que depositamos está aqui: uma obra bem-feita e entregue dentro do prazo”, disse Casagrande. Após receber os condôminos e ouvir elogios ao empreendimento, o diretor-presidente da Galwan, José Luís Galvêas, frisou a alegria ao ver a felicidade dos futuros moradores. “Receber esses elogios espontâneos sobre a transparência e a credibilidade da empresa, a forma como administramos e conduzimos a obra, é isso o que vale mais a pena no nosso trabalho”, celebrou.

CRÔNICA

HOMENAGEM AO REI Cachoeiro de Itapemirim estará em festa, no dia 19 de abril. O rei Roberto Carlos vai comemorar lá, sua terra natal, seus 75 anos de vida. Eu até posso imaginar o que ele se perguntará nesse dia, diante do espelho: “E aí, bicho, onde está o ‘senhor setentão’ que eu não vejo? O que enxergo no espelho é o reflexo de uma pessoa ainda jovem, bem disposta, cheia de charme e com muita vontade de viver, cantar e encantar”. Alguém discorda? Todo ano, no dia do programa de Roberto Carlos, na Globo, meu filho (Ricardo) desde cedo cria um clima especial em torno do acontecimento: já à tarde ele me liga, dizendo que a “minha cerveja já está quase no ponto”. Nunca tomo cerveja, mas nesse dia ela se torna obrigatória e já faz parte do ritual. Vamos combinar: quem nunca sofreu, chorou, sorriu, amou, se emocionou ouvindo, na voz do Rei, “Café da Manhã”, “Amada, Amante”, “Como Vai Você?”, “Emoções” e tantas outras, em alguma época da vida? Que atire a primeira pedra... Temos um grande amigo, Dr. Ronaldo Loureiro, que escreveu um lindo texto, aproveitando algumas músicas do Rei. Ele também é de Cachoeiro de Itapemirim e é grande fã do Roberto Carlos. Eis o texto do Dr. Ronaldo: EU E O REI ROBERTO CARLOS Tenho uma afinidade muito grande com o Rei Roberto Carlos! Morei no “Meu pequeno Cachoeiro”, fui “ao Rio de Janeiro pre voltar e não voltei” logo, (como pensei). Queria ver “Além do Horizonte”! Andei pelas “curvas da estrada de Santos”, tive “emoções”, “tristes momentos” e “chorei sentado à beira do caminho“!

Além do endereço privilegiado, em uma área bucólica e calma da orla de Itapoã, o Robson Setubal Residencial conta com estrutura completa, apartamentos amplos de até 129 metros quadrados, até duas suítes e até três vagas de garagem. Todo o espaço de lazer foi entregue equipado e decorado, com duas piscinas, área fitness, sauna, salão de festas, brinquedoteca e churrasqueira.

Zéa Galvêas Terra - Cronista zeagalveasterra@gmail.com Não aguentei “tanta solidão” e cheguei a dizer: “Quero que vá tudo pro inferno!” Foram muitos os “detalhes”! Pensei: “O que é que eu faço? ” Rezei “O Terço”, pedi ajuda a “Nossa Senhora” e a “Jesus Cristo“! Veio então em meu auxílio a “Luz Divina”! E “como as ondas voltam para o mar“, resolvi: “eu voltei pra ficar, porque aqui é meu lugar”! A vida para mim correu a “120... 150... 200 km por hora” e já se passaram mais de cinquenta anos. Nesse caminhar existiram “coisas que não se esquece”, boas e más, e não posso deixar de dizer “obrigado, Senhor, pelo perdão”! “Hoje é domingo” e “eu me vi tão só”! Ah, “ se eu pudesse voltar no tempo” e “ser novamente um menino”! Lembrei então de me olhar no espelho e ao “ver estes cabelos brancos” “este olhar cansado”, quase não me reconheci, mas não tive dúvidas de que “esse cara sou eu”! Ronaldo Loureiro 22/05/2014 (elaborado com a ajuda de trechos de letras de músicas cantadas pelo Rei Roberto Carlos) Eis aí uma pequena homenagem nossa ao Rei. Parabéns, Roberto Carlos, pelo seu aniversário e que você possa cantar e nos encantar ainda por muitos anos.

www.galwan.com.br | 27 3200-4004 www.esbrasil.com.br

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ORLANDO CALIMAN

ECONOMIA

é economista e sócio-diretor do Instituto Futura

PANORAMA ECONÔMICO DIFICILMENTE A ECONOMIA DESENVOLVERÁ UMA REAÇÃO AUTÔNOMA EM RELAÇÃO À POLÍTICA

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m algum momento no futuro, a economia brasileira encontrará o seu caminho de volta ao crescimento, como normalmente tem acontecido com todas as crises desta natureza. Em outras palavras, cedo ou tarde, começarão a surgir sinais de reação à força inercial da queda continuada do nível de atividade geral. A grande questão, no entanto, reside na dificuldade de se prever esse momento. Infelizmente o panorama mostra-se ainda muito opaco em termos de horizonte de visão no curto e também no médio prazo. Por enquanto, ainda nos deparamos com um quantitativo infindável de indicadores não muito animadores. Ao contrário, jogam ainda mais lenha na fogueira das expectativas negativas. O anúncio do desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) do ano passado, desdobrado nos seus grandes componentes, eleva as preocupações em relação a 2016. Mais do que a queda de 3,8%, chamam atenção a intensidade e a velocidade da retração de alguns componentes da demanda agregada no segundo semestre, como investimentos produtivos e consumo das famílias. Esses dois indicadores apresentaram recuo de 14% e 4%, respectivamente. Investimentos e consumo das famílias representam aproximadamente 80% do total da demanda agregada. Daí a

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importância desses dois elementos na dinâmica econômica geral. De um lado, menos investimentos significa menos crescimento no futuro; de outro, menos demanda por produtos e serviços por parte das famí-

Olhando para a frente, mantendo o horizonte com desfecho no final do ano, não há como discordarmos do sentimento geral do mercado, que também é assumido pelo lado do Governo, de que este ano tem tudo para repetir a verdadeira ‘tragédia’ vivida em 2015“ lias sinaliza para o mercado níveis menores de produção. As empresas serão mais cautelosas nas suas decisões de operações e, consequentemente, de empregar mais pessoas, como foram no ano passado as companhias que integram a indústria de transformação, demitindo profissionais e reduzindo a produção.

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O primeiro trimestre de 2016 já vem contaminado pelo desastroso desempenho observado no ano anterior, mas, mais ainda pelo que aconteceu no seu último trimestre, quando o PIB apresentou um tombo de 5,9%. Vamos ter aí um efeito que especialistas chamam de carry-over, que nada mais é do que o carregamento automático da força inercial da queda observada no período imediatamente anterior. Isso nos permite deduzir que também teremos um péssimo fechamento do primeiro trimestre de 2016. Os principais indicadores econômicos de janeiro e fevereiro já apontam para esse cenário. Olhando para a frente, mantendo o horizonte com desfecho no final do ano, não há como discordarmos do sentimento geral do mercado, que também é assumido pelo lado do Governo, de que 2016 tem tudo para repetir a verdadeira “tragédia” vivida em 2015. E isso é tão mais verdade quanto mais complicado e turvo se tornar o ambiente político, que, como indicam as circunstâncias até o presente, não podemos, infelizmente, vislumbrar horizontes mais amenos. Mas, mesmo assim, não devemos abdicar da perspectiva de que em alguma fase poderemos vislumbrar um fio de esperança que possa operar um processo de reversão do estado de expectativas atual.



Fotos: Divulgação

TEST DRIVE

SW4 2016

Design inovador que impressiona

SW4 2016

A

nova geração da SW4 2016 já desembarcou na concessionária Kurumá, representante exclusiva da Toyota e da Lexus no Estado. O modelo, que fechou o ano passado como o SUV mais vendido da categoria, com 31,48% de market share, vem com motorização igual à da Nova Hilux 2016, da mesma marca, exibe identidade visual distinta e características singulares que com certeza vão cair no gosto do público. Apresentando um motor 2.8 16V turbodiesel de 177 cv de potência e 45,9 kgfm de torque, o carro também se destaca na versão a gasolina, ganhando força com um V6 4.0, com 238 cv e 38,3 kgfm de torque. As opções contam ainda com tração 4x4 e câmbio automático de seis velocidades com transmissão superinteligente e controlada eletronicamente. Outros atrativos ficam por conta do paddle shift, que possibilita a troca de marchas manualmente, por meio de borboletas no volante; e do Eco Mode, que reduz o consumo de combustível analisando a aceleração e o funcionamento do ar-condicionado. Acionada anteriormente por uma alavanca, a tração, a partir de agora, ganha o botão seletor eletrônico, proporcionando uma maior facilidade nas trocas. Também foi acoplado um sistema de bloqueio do diferencial traseiro, utilizado para situações em que as duas rodas estão em condições diferentes, como no caso de atolamento. Foi inserido ainda como item de série o controle eletrônico de estabilidade, que aciona os freios de forma individual, auxiliando a correção da trajetória em situações de aquaplanagem. A Nova SW4 2016 apresenta mudanças interessantes em seu design, a exemplo do conjunto de faróis e da grade que formam o “keen-look” (olhar afiado). Com um tom mais sofisticado e moderno, o veículo tem rodas de liga leve aro 18, com maçanetas cromadas e com tecnologia Smart Entry. A esportividade também não foi deixada de lado, podendo ser vista nas lanternas traseiras, que possuem filetes aerodinâmicos e luzes de LED. A sensação de espaço descreve muito bem o interior, que passou por mudanças significativas, ficando com um aspecto ainda

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Motorização: Diesel 2.8l, com 177 cavalos de potência Transmissão: Modo automático de seis velocidades, com paddle shift ou transmissão automática sequencial Direção: H idráulica, com três modos de direção: Normal, Eco e Power Pneus e rodas: Rodas de alumínio de aro 18, com raios polidos e fundo grafite. Pneus 265/60 R18 Dimensões: • Comprimento: 4.795 mm • Largura: 1.855 mm • Altura: 1.835 mm Capacidade: • Carga: 590 kg • Tanque: 80 litros

mais largo e sofisticado. O automóvel vem ainda com o botão Start Stop; porta-luvas climatizado com duplo compartimento; central multimídia com tela de sete polegadas sensível ao toque; ar-condicionado digital com controle de temperatura, direcionamento e ventilação; painel com acabamento em madeira escura; sensor de estacionamento com câmera de ré; bancos revestidos em couro e sete air bags. “Em novembro tivemos o lançamento da Hilux, que foi um sucesso, e ainda hoje os clientes estão redescobrindo a picape. Agora, a SW4 vem reforçar o que o mercado apontou no último ano: os utilitários estão ganhando cada vez mais espaço na vida dos brasileiros. A montadora não apenas ouviu o cliente e fez um carro com itens que já eram desejados, como foi além para surpreender até os mais exigentes”, destaca o diretor comercial da Kurumá, Cláudio Kroeff.


RANKING AUTOMOTIVO TOYOTA COROLLA MAIS UMA VEZ NA FRENTE Foto: Divulgação

CAPTIVA 2016 FICA R$ 11.400 MAIS BARATA Com um preço sugerido de R$ 103.990, a linha 2016 da Captiva reduziu o seu valor em R$ 11.400 em comparação com a versão 2015. A “promoção” da Chevrolet pode ser justificada pelos baixos números de vendas do veículo, que no ano passado foi apenas o 34° SUV mais comercializado no país, com 1.217 unidades emplacadas, atrás de modelos que não são exatamente sucesso de saídas, como Fiat Freemont, Suzuki Grand Vitara, Lifan X60 e a companheira de marca – e bem mais cara – Chevrolet Trailblazer. Sem mudanças expressivas desde sua chegada, em 2008, a linha 2016 se diferencia pelos apliques plásticos espalhados pela carroceria e pelo novo acabamento interno. O SUV continua sendo oferecido em versão única, apenas com o motor 2.4 Ecotec de injeção direta de combustível e transmissão automática de seis velocidades, entregando 184 cv.

A coluna Test Drive publica a cada mês o número de emplacamentos feitos em todo o Estado, levando em consideração apenas automóveis e comerciais leves com valor de mercado acima de R$ 50 mil, que no mês de fevereiro, apresentaram uma variação negativa em relação ao mesmo período do ano passado, de 18,09% e 35,40%, respectivamente. Para chegar ao número total de cada modelo, foram somadas todas as versões disponíveis. Confira a lista referente ao mês de fevereiro, que colocou o Toyota Corolla mais uma vez em primeiro lugar.

Pos.

Fabricante/ Veículo

Emplacamentos

A partir de (R$)

Toyota Corolla

175

69.690

Toyota Hilux

113

104.750

Honda HR-V

83

73.700

Jeep Renegade

70

68.990

Ford Ecosport

39

65.900

Honda Fit

32

52.700

Honda City

26

55.300

VW Amarok

24

63.590

Honda Civic

21

73.000

10º

Renault Duster

17

65.500

Fonte: Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Espírito Santo (Sincodives)

NÚMERO DO MÊS Foi o número de emplacamentos de veículos comerciais leves realizados em todo o Estado no mês de fevereiro, de acordo com dados do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Espírito Santo (Sincodives).

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MERCEDES-BENZ ABRE NOVA SEDE DA VITÓRIA DIESEL Os clientes do segmento de caminhões, vans e ônibus da Mercedes-Benz têm mais uma opção de concessionária exclusiva da marca, que inaugurou a nova Vitória Diesel de Cachoeiro de Itapemirim. Localizada na BR 101, em uma área construída de 5 mil m² e espaço total de 38 mil m², a nova unidade possui agora o dobro da estrutura anterior, garantindo mais conforto e comodidade para os seus clientes. “Com a criação desta loja, teremos mais força e presença para atender tanto os antigos clientes da marca como os novos trazidos pelos recentes lançamentos, principalmente. Esta concessionária vai colaborar para o nosso crescimento dentro desse importante mercado. A nova Vitória Diesel seguirá a visão da MercedesBenz, garantindo ao seu público excelência na compra e na manutenção”, afirma Marcelo Tinti, diretor comercial. www.esbrasil.com.br

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Foto: Divulgação

GASTRONOMIA

VANDERLEI MARTINS

HOT DOG AMERICANO CHEGA AO SHOPPING VITÓRIA Foi inaugurada recentemente no Shopping Vitória a American Hot Dog, lanchonete especializada no preparo do famoso pão com salsicha. A casa se destaca por seus molhos e queijos especiais, além de uma cebola vitrificada conservada no azeite com temperos diferenciados que dão um sabor único. Um bom exemplo que leva a iguaria é o American Hot Dog, que também vem com salsichão, molho cheddar, carne moída temperada (levemente picante), ketchup e mostarda. Há ainda o German Hot Dog, sanduíche composto por duas linguiças mistas defumadas, molho cheddar e bacon triturado. Aqueles que buscam queijos mais nobres no cachorro-quente não podem deixar de experimentar o delicioso Italian Hot Dog, servido com lascas de grana padano e molho de tomate pelati.

VINHO PORTUGUÊS TINTO LUSITANO SEL. 750 ML Recém-chegada ao Brasil, esta joia da região do Alentejo, ao sul de Portugal, é produzida pelo nosso amigo Duarte Leal da Costa. É moderna, com boa fruta madura nos aromas e muito agradável na boca, pois possui boa acidez. Traduz um pouco da nova viticultura portuguesa, de vinhos prontos para serem bebidos. Harmoniza muito bem com nosso churrasco, carnes com boa gordura ou molhos mais densos.

VINHO PORTUGUÊS TINTO DÃO RESERVA ALIANÇA 750 ML Foto: Divulgação

MENU ES BRASIL ALFONSO SILVA

presidente do ES Convention & Visitors Bureau

Foto: Divulgação

“Apesar de ser mato-grossense, o meu prato preferido é a moqueca capixaba, e no meu entendimento, o melhor local para degustá-la e saboreá-la é o restaurante São Pedro. Lá me sinto em casa comendo um verdadeiro prato feito especialmente para cada cliente. Os jardins e, principalmente, a simplicidade do local me chamam muito atenção e provam que nem sempre os lugares luxuosos servem a melhor comida. A moqueca do São Pedro possui um sabor diferente, parece até feita pela minha mãe: tem carinho, amor e um sabor inigualável.”

Quando falamos desta conhecida região portuguesa de grandes vinhos, o Dão, já pensamos logo na elegância e na classe, pois são assim os seus vinhos, e este não foge à regra. De boa acidez e uma delicadeza nos aromas, a bebida possui um paladar muito interessante e raro de encontrar. Faz belas harmonizações com queijos de ovelha, bons embutidos e pratos à base de cordeiro e carne suína.

VINHO FRANCÊS TINTO CHATEU SAINT JEAN COTE DU RHONE VILLAGE 750 ML A região do Rhone, na França, é a terra de grandes vinhos, como este Chateau St Jean, cujo pilar é a uva Syrah, que lhe empresta muita fruta madura e especiarias no aroma. Com um corpo muito elegante e fino, deve ser apreciado com um bom assado de cordeiro, carnes bovinas com molho roti e também massas com molhos à base de carne.

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ESTILO CAUBY PEIXOTO E ANGELA MARIA EM VILA VELHA

Foto: Divulgação

INTERCÂMBIO GIRAMUNDO FOMENTA A ARTE MURAL A 2ª edição do Intercâmbio Cultural Giramundo – Intervenção Urbana, uma parceria do Consulado Geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro com a Prefeitura de Vitória, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Semc) e do projeto “A Arte é Nossa”, realizou entre os dias 14 e 21 de março o programa “Engajamento Comunitário Através das Artes em Murais”. O evento, que busca promover a arte como plataforma de inserção e empoderamento social, aproximando as questões regionais do processo criativo do muralismo, contou com palestras intervenções e workshops, como na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Maria Leonor Pereira da Silva, no bairro Santa Lúcia. Na ocasião, 20 alunos puderam conhecer um pouco mais as técnicas do muralismo/grafite, bem como fazer um trabalho no muro do colégio, supervisionado pelos artistas Dave Loewenstein e Karen Valentin. O intercâmbio também ocorrerá nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo.

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OBRAS DE LEVINO FANZERES SÃO DESTAQUE EM LEILÃO DE ARTES Considerado um dos grandes talentos das artes plásticas do Estado, o pintor Levino Fanzeres será o grande homenageado do Leilão de Abril do Empório das Artes, que acontecerá de 7 a 12 de abril, no Cerimonial Lago de Garda, em Jardim Camburi, Vitória. O evento, que realiza sua primeira edição do ano, apresenta um acervo de 200 peças, entre elas sete telas, um álbum de família, um porta-retrato de época em vidro bombê e um negativo original em vidro, acompanhado de reprodução do cachoeirense, que viveu em Paris no início do século XX, onde conheceu Picasso. Além da série especial de Fanzeres, também destacam-se as obras de Homero Massena, que era natural de Barbacena (MG), mas veio para o Espírito Santo com seis meses de vida e adotou Vila Velha como sua cidade de coração.

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EXPOSIÇÃO E LIVRO ABORDAM A QUESTÃO CARCERÁRIA Com o objetivo de jogar luz sobre a realidade invisível do sistema prisional brasileiro, a especialista em Direito Público e mestre em Política Social Bruna Bolonha de Menezes lançou, no dia 8 de março, na Casa Porto das Artes Plásticas, o livro e a exposição fotográfica “Artificialidade”. O trabalho apresentado é resultado de uma visita ao presídio de Xuri, em Vila Velha. “A ideia do projeto surgiu das minhas experiências profissionais e acadêmicas, nas quais pude perceber a violência do sistema prisional e as consequências do encarceramento, levadas pelos internos por toda a vida, considerando que a privação de liberdade, por si só, resulta na despersonalização e na artificialização dos sujeitos aprisionados”, afirma. A mostra segue até 16 de abril. revistaesbrasil

A área de eventos do Shopping Vila Velha receberá um show emocionante no dia 14 de abril, com a apresentação de Cauby Peixoto e Angela Maria. Os artistas, que se conheceram na década de 1960, além de formarem uma das parcerias musicais mais conhecidas do país, também nutrem uma amizade muito grande. O primeiro disco da dupla veio em 1982, com o ‘‘Angela & Cauby”; já o segundo foi lançado em um show no Imperator, no Rio de Janeiro, que serviu como base para um CD ao vivo, um dos discos mais vendidos dos artistas. A terceira empreitada em álbuns chegou às lojas no último mês de dezembro, com “Reencontro”, que traz canções conhecidas da música brasileira, mas que não foram registradas por eles, sobretudo em dueto. Além das faixas do novo trabalho, o show no shopping também trará os grandes sucessos dos cantores, como “Bastidores”, “Vida da Bailarina”, “Babalú” e “Conceição”.

FESTA DA PENHA MOVIMENTA O TURISMO CAPIXABA A maior festa religiosa do Espírito Santo, que por sinal também é a terceira do Brasil, movimentou o município de Vila Velha durante os nove dias de evento, entre 27 de março e 4 de abril. Com o tema “Maria, Mãe e Porta da Misericórdia”, a Festa da Penha contou com uma programação variada, com muitas orações e missas, além das já conhecidas romarias, como as dos Homens - a mais tradicional, que acontece há 55 anos, inicialmente criada para estimular a participação masculina na procissão e a maior do Brasil. Outros destaques ficaram por conta das romarias das Mulheres, dos Motociclistas, dos Cavaleiros, dos Ciclistas, das Pessoas com Deficiência e dos Militares. O show de encerramento foi feito pelo Padre Juarez Castro, logo após o final da missa, no dia 4 de abril.



essas MULHERES

ANDREA MONTEIRO

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E

sta é uma coluna dedicada às mulheres. Essas que são filhas, mães, esposas e ainda dão conta de suas tarefas profissionais com charme, competência e uma sensibilidade que só elas têm!

VOCÊ JÁ OUVIU FALAR DOS “COLETIVOS FEMINISTAS”?

OLHA A ECONOMIA CRIATIVA FAZENDO A DIFERENÇA Na contramão da crise nacional, a economia criativa ganha cada vez mais adeptos e promete ser o grande diferencial nos negócios em 2016. Diferentemente de uma atividade tradicional, que tem como premissa normalmente o uso de matérias-primas não renováveis, ela trabalha com recursos que não se esgotam; ao contrário, se multiplicam e se renovam, e não são concorrentes entre si. Afinal, o que é isso? É mais um modismo ou é mesmo uma alternativa para todos, principalmente, para nós, mulheres, mais abertas ao novo e às tentativas? Baseada no conhecimento, na criatividade e na cultura, a economia criativa produz bens tangíveis e intangíveis, intelectuais e artísticos, com conteúdo criativo e valor econômico. E, como sabemos, a criatividade é um recurso elástico e ilimitado, porque depende do talento e da capacidade intelectual de cada um. E do propósito de fazer diferente. Na prática, alguns campos que mais se beneficiam dessa modalidade são: arquitetura, cinema e fotografia, cultura popular, moda, design, turismo, artesanato, propaganda, artes cênicas, pesquisa e desenvolvimento, software, audiovisual, videogames, jogos eletrônicos, música e editorial. Quem se dedicar a essas atividades talvez seja mais bem-sucedido no mercado atual do que os que estão ligados à administração ou à ciência. Então, que tal aderir e embarcar num novo mundo de experiências e conhecimento? O Sebrae é uma boa fonte de pesquisa, meninas!

Não, os movimentos de defesa das mulheres não pararam no tempo. Elas se reúnem e se agrupam de acordo com as suas bandeiras, com a necessidade de se expressar, de defender seus ideais e para manifestar seus incômodos. No Brasil, um país de dimensões tão grandes (e de diferenças também), os coletivos femininos ganham cada vez mais terreno e surgem para dar visibilidade a causas e a espaços de protagonismo. Os palcos para a mobilização são diversos: seja na internet, pela facilidade de engajamento (grupos e páginas de redes sociais, por exemplo); seja em ambientes físicos escolhidos para este fim; ou seja nos pátios de universidades ou escolas. Esse cenário tem uma explicação lógica e muito plausível: viver em uma sociedade com resquícios de educação patriarcal no qual, na prática, os direitos ainda não são iguais, como rege a teoria, exige uma válvula de escape. Requer da mulher um posicionamento e uma forma de expressão. Saúde, política, arte, sexualidade, maternidade, trabalho, espiritualidade, comportamento, relacionamento... Os assuntos são variados, mas o objetivo é único: é por meio desses espaços coletivos que as mulheres podem se reunir, trocar e criar laços. É através dessa união que a sua voz ganhará um timbre mais alto. É daí que virá o empoderamento feminino, a consciência do que somos de verdade, de como vivemos e de como queremos esse viver. Provavelmente, você já faz parte de um desses grupos, ainda que não rotulado como coletivo. Mas, se ainda não encontrou a sua trupe, ou deseja conhecer mais sobre esse movimento tão bacana, uma dica é o site MAMU – Mapa de Coletivos de Mulheres (mamu. net.br), uma reunião de mais de 80 coletivos femininos, de todo o Brasil, dos mais diferentes temas e causas. #VaiLá

#DIAINTERNACIONALDAMULHER “Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.” Cora Coralina

Para mais informações sobre a coluna acesse o site www.esbrasil.com.br/essasmulheres 70

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IVO NOGUEIRA DIAS

TEMPO DE REFLEXÕES E ATITUDES

A

mudança está em você, em suas atitudes, em suas reflexões sobre todos os acontecimentos que a cada dia se apresentam na vida. Atitude, essa é a palavra mágica, ou melhor, essa é a única forma de poder reagir em face aos acontecimentos e fazer a diferença. O contrário é ficar olhando, comentando, e do alto do imobilismo deixar a vida acontecer. Portanto, mais do que nunca, agir e reagir são as palavras de ordem para uma vida plena. Crise A crise é a melhor bênção que pode ocorrer com pessoas e empresas, pois traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. Nas crises é que surgem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise supera a si mesmo sem ficar superado. Quem atribui a ela seus fracassos e suas penúrias violenta seu próprio talento e respeita mais os problemas do que as soluções. A verdadeira crise é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar saídas e soluções fáceis. Sem crise, não há desafios. Sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise, não há mérito. É nela que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhe duro. Acabe de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la. “Não pretendemos que as coisas mudem se sempre fazemos o mesmo”. Albert Einstein Crise não é motivo de desespero “O Brasil nunca é tão bom quanto poderia ser, mas também não é tão ruim quanto falam. Podemos não estar no melhor momento, mas as maiores operações que tivemos foram em épocas de crise. O mercado e os empreendedores do Brasil são muito bons; então é melhor olhar para frente, ver como aproveitar qualquer dificuldade e o que é possível fazer a mais.” Jorge Paulo Lemann. Atitude Crise é a melhor bênção que pode advir a pessoas e países, porque traz como consequência o progresso, a criatividade 72

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que nasce da angustia, e um “novo dia” que chega do ventre da tempestade. É na crise que surgem as invenções, as descobertas, as reflexões e as grandes estratégias de marketing. Quem supera a crise supera a si mesmo sem ficar superado, e quem pendura no gancho da crise seus fracassos e lamúrias violenta o seu próprio talento, dedicando mais respeito a problemas que a soluções. A crise é uma farsa da incompetência, pois o problema de países e de pessoas é a falta do autogerenciamento. Sem crise ninguém tem méritos. É só na crise que você mostra a sua capacidade. Por isso, falar de crise é promovê-la, calar na crise é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhe duro. Desinflacione a crise você mesmo e acabe de uma vez com a única crise ameaçadora, que é o da tragédia de não saber por onde começar. Sonhe grande “Sempre vendi o sonho muito maior do que o tamanho da empresa; é claro que se você vende um sonho que não chega nem perto da realidade, a turma não acredita. Se você vende o sonho que é difícil, mas que é atingível, melhor. Assim, você vai aumentando de sonho em sonho, engajando todo mundo, conforme a empresa cresce. Nós gostamos de metas anuais ‘esticadas’. Tem que ser esticada, mas não impossível.” Jorge Paulo Lemann “Caminhante, não há caminho, o caminho faz-se ao caminhar.”



LUIZ FERNANDO LEITÃO tiragosto@revistaesbrasil.com.br

PRATOS DO DIA Scary Monster David Bowie

A Alma do Negócio Alberto Villas

AS DEZ

MOQUEQUINHAS • As lojas continuam fechando • O Manguinhos Blues & Jazz Festival lotou • Avisa lá que o outono chegou • Tem Restaurante Week chegando • As negociações para 2016 estão a mil • Enquanto isso, o país continua parado!!!

Foto: Thinkstpck

Os Machões Dançaram Xico Sá

Adequar o horário de serviço ao relógio biológico de cada indivíduo pode aumentar consideravelmente a produtividade, aponta um estudo preparado por Cristopher Barnes, professor da Foster School of Business. O alinhamento das jornadas de trabalho aos padrões naturais de sono resulta em maior qualidade e inovação, pois os profissionais estão mais concentrados, menos estressados e relativamente mais saudáveis. Já funcionários cansados tendem a cometer erros mais graves e a sofrer acidentes de trabalho. Muitas empresas começam seu expediente às 8 ou às 9 horas da manhã, o que iria contra o relógio biológico dos empregados. Segundo a pesquisa, isso causa um fenômeno conhecido como jetlag social – nossos organismos estão sempre no fuso horário errado. O professor estima mais de 70% das pessoas acordam antes do que deveriam se o objetivo era estarem descansadas e produtivas. Fonte: BBC

SEM WHATS

CARDÁPIO DE ASSUNTOS • As ruas • Obama em Cuba • Os grampos • O Supremo

Cansado de despedir funcionárias que trocavam clientes por um bate-papo no mais famoso aplicativo de mensagens instantâneas, o empresário Gilmar Gomes, de Uberlândia (MG), fez um anúncio com a seguinte frase: “Precisa-se de vendedora com experiência (Obs: sem WhatsApp)”. A ideia surgiu depois que 12 candidatas foram dispensadas em 15 dias pelo uso excessivo e sem controle do app. Gomes diz que trabalha há 15 anos no mercado de vendas e tem encontrado dificuldades para arrumar boas empregadas. “Antes de colar o papel na porta da loja, recebia quase 20 currículos por dia. Após o cartaz, em cinco dias não recebi nem 10. As pessoas passam aqui e fotografavam o anúncio, mas pedir emprego que é bom, nada”, afirmou. Fonte: G1

• O sítio

DICA DO CHEF

• O impeachment

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“Fim de semana na Vila de Itaúnas fora de temporada”. André Soares, empresário

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A SAIDEIRA! Se tudo der errado, Dona Marisa pode dar aulas de etiqueta.




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