Revista ES Brasil 165

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MAURÍCIO DUQUE “É NECESSÁRIO O BANDES SER UMA INSTITUIÇÃO SUSTENTÁVEL E EQUILIBRADA E, AO MESMO TEMPO, OFERECER LINHAS DE CRÉDITO QUE AJUDEM NO DESENVOLVIMENTO DO ESTADO”

D Nº 165 • Maio de 2019 • R$ 12,00 • esbrasil.com.br

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NOSSAS CRIANÇAS TERÃO ALGO PRA CUIDAR?

AONDE IR AVENTURE-SE NO PARQUE DO FORNO GRANDE OPERAÇÃO LAVA JATO CINCO ANOS DE COMBATE À CORRUPÇÃO O AMOR ESTÁ NO AR DIA DOS NAMORADOS AQUECE O MERCADO CAPIXABA




O meio ambiente CAPA e as crianças

SUMÁRIO

Foto: Lucas Ninno

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Já parou para pensar que deixar uma torneira aberta por muito tempo, não separar o lixo e outras ações podem contribuir para a degradação da natureza? Em 5 de junho é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, e a ES Brasil conversou com crianças capixabas, moradoras de diversos municípios, para entender como elas percebem o meio ambiente, o mundo de hoje e o futuro. Veja as respostas dessa turma de 7 a 14 anos. São surpreendentes!

ARTIGOS

ENTREVISTA

Maurício Duque

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Uma instituição sustentável e equilibrada, com a capacidade de ofertar aos clientes linhas de crédito que ajudem no desenvolvimento do Estado. Assim é o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes). O novo presidente da instituição, Maurício Cézar Duque, falou com exclusividade à ES Brasil e mostrou quais serão suas marcas de gestão. Confira!

A Lava Jato vai bem, obrigado!

Já são cinco anos da mais importante ação contra a corrupção. A operação colecionou delações premiadas, prisões e até interdições de bens materiais. Você seria capaz de resumir a Lava Jato? ES Brasil traz um levantamento sobre as investigações e os resultados que conquistaram até o momento.

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ESPECIAL

Até o amor é tributado

AONDE IR

Aventure-se

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44 52 Foto: Aline Pagotto

O Parque Estadual do Forno Grande, em Castelo, abriga o segundo ponto mais alto do Espírito Santo e ostenta lindas quedas-d´água e trilhas para quem gosta de contemplar sua riqueza biológica. Leia a matéria especial sobre uma das áreas turísticas mais importantes do município do Sul do Estado. @esbrasil •

L uciano Raizer Uma nova indústria

Comprar um bom livro, entregar um saboroso chocolate ou convidar para um jantar romântico são opções para comemorar o Dia dos Namorados em grande estilo. ES Brasil fez uma análise do mercado sobre a terceira data que mais movimenta a economia brasileira, além de dar dicas para não ser pego de surpresa e errar na hora de presentear o seu amor.

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S érgio Carlos de Souza Recuperação de áreas degradadas

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

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Economia aquartelada

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ATUALIDADE

A rilda Teixeira

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Agenda

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Periscópio

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Família S/A

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Mindset

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Política

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O Endereço da História

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Corecon

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Estilo

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Motores

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Essas Mulheres


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EDITORIAL

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m 5 de junho é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente e, a cada ano, vemos o debate sobre esse assunto se intensificar. Mas na prática estamos muito longe dos cuidados necessários com o planeta. Desperdício de água e de alimentos, agrotóxicos, poluição atmosférica, consumismo excessivo.... Será que quem vai estar no comando do mundo daqui a 30 anos tem consciência do que precisa ser feito? ES Brasil ouviu crianças e adolescentes para saber qual a noção que eles têm sobre o problema e o que esperam do mundo para as próximas décadas.

Há cinco anos teve início um trabalho conjunto do Ministério Público (MPF) e da Polícia Federal que se tornaria a maior operação de combate à corrupção do Brasil. Inúmeros são os elogios e também as críticas que a Lava Jato tem recebido desde então, mas fato é que foi a primeira vez na história deste país que se mexeu tanto nas estruturas de poder, levando empresários e ícones do cenário político à cadeia. Você seria capaz de resumir a força-tarefa? Esta edição traz o panorama e as análises sobre os impactos dessa mobilização que já se desdobrou em 61 fases. Escolher o presente certo para o Dia dos Namorados nem sempre é uma tarefa fácil, especialmente em um cenário em que economizar tem sido quase sempre necessário. Mas os lojistas, para garantir incremento nas vendas, estão dispostos a oferecer descontos e promover sorteios de produtos. Nunca é demais lembrar os cuidados que devemos ter para evitar problemas, especialmente com trocas e garantias. E nosso entrevistado do mês é o novo presidente do Bandes, Maurício Duque. O economista, que assumiu o cargo em abril deste ano, destaca projetos capazes de manter o banco sustentável em seus números e auxiliar no desenvolvimento do Estado. Está reaberta a temporada de manifestações nas ruas? Em apoio a Bolsonaro, à reforma da Previdência e a Sergio Moro; ou em protesto contra o contingenciamento dos recursos da educação, milhares de brasileiros voltaram às ruas. Confira uma análise de nossos cientistas políticos sobre mais este momento de disputa de poder que se desenha no Congresso e se reflete nas massas. A coluna “Aonde Ir” foi a Castelo visitar o Parque Estadual do Forno Grande. Valeu muito a pena! Além de belezas naturais, o passeio garante momentos saudáveis para corpo e alma. E você encontra ainda em ES Brasil fatos que de alguma forma impactaram nosso dia a dia, além de artigos e colunas com conteúdo político, econômico, recreativo e cultural. Boa leitura! Mário Fernando Souza, diretor executivo da Next Editorial e editor executivo da ES Brasil

ES Brasil é uma publicação mensal da Next Editorial. Seu objetivo é apoiar o desenvolvimento do Estado do Espírito Santo, apresentando conteúdos informativos e segmentados nas diversas vertentes empresariais.

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Diretor Executivo Mário Fernando Souza Diretora de Operações Julicéia Dornelas

EDITORIAL Editor executivo: Mário Fernando Souza Coordenadora de Conteúdo: Luciene Araújo Apoio de Produção e de Redação: Bruna Schnerock e Mara Cimero Textos: Aline Pagotto, Fernanda Neves e Letícia Vieira Edição de Arte: Fábio Barbosa, Genison Kobe e Michel Sabarense Fotografia: Renato Cabrini, fotos cedidas e arquivos Next Editorial - Capa: Marcelo dos Santos e Millena Vargas Colaboraram nesta edição: Arilda Teixeira, Luciano Raizer e Sérgio Carlos de Souza

PUBLICIDADE Executivos de Contas: Sandra Costa Operacional de Publicidade: Letícia Oliveira (27) 2123-6506 – publicidade@nxte.com.br

MERCADO LEITOR Operacional de MLE: Fernanda Ramos Assinatura: (27) 2123-6525 Serviço de atendimento ao assinante: Segunda a sexta-feira, das 9h às 18 horas. loja.esbrasil.com.br | Chat

REDAÇÃO Endereço: Avenida Paulino Müller, 795, Jucutuquara, Vitória/ES – CEP 29040-715 Informações e sugestões: (27) 2123-6500 98121-4321 (27) 98147-5951 E-mail: redacao@nxte.com.br

OPINIÃO DO LEITOR “O site da ES Brasil é minha fonte diária de informação, e a revista impressa traz conteúdos especiais com excelente qualidade. Na última edição, a matéria de capa me chamou muito a atenção para uma meta de anos anteriores que acabei deixando e lado: fazer um intercâmbio com foco no desenvolvimento profissional. O direcionamento da reportagem já rendeu diversas pesquisas. Resultado: o aprendizado no exterior voltou para o planejamento de 2020.” Marcelo Zanon, fisioterapeuta

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“Desde que me mudei para a Suíça com minha família, em 2016, passei a receber a revista ES Brasil de uma amiga do Espírito Santo, o que me deixa muito feliz, porque fico antenado ao que está acontecendo no meu Estado, através de análises econômicas e políticas muito bem-feitas. A ES Brasil faz com que eu e minha esposa nos sintamos um pouco mais perto do Brasil, do povo capixaba.” Enrique Mendes, empresário do ramo de entretenimento

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ES BRASIL PERGUNTA ENTREVISTA

FERNANDA NEVES

Precisamos exercitar essa agenda frequentemente com os empresários, seja via associações e federações, seja via conversa direta”

MAURÍCIO DUQUE “ESTAMOS ABRINDO O NOSSO PORTFÓLIO DE PRODUTOS E DE SERVIÇOS PARA OS SEGMENTOS, FEDERAÇÕES E ASSOCIAÇÕES E RECEBENDO DELES E DAS EMPRESAS UM FEEDBACK SOBRE QUAIS SERIAM AS LINHAS DE QUE PRECISARIAM” CONTEÚDO DISPONÍVEL EM AÚDIO

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aurício Cézar Duque assumiu a presidência do Banco de Desenvolvimento do Estado do Espírito Santo (Bandes) no último mês de abril. Com uma carreira sólida, o economista leva sua vasta experiência no poder público como secretário da Fazenda. Foi titular desta pasta na Prefeitura de Vitória na primeira gestão de João Coser (PT), bem como no início do segundo mandado do petista – 2005 a 2010 –, e também chefiou a Fazenda estadual na primeira administração do governo Renato Casagrande (PSB) – 2010 a 2014. Em seu currículo, destaque também para sua atuação como presidente do conselho administrativo do Banestes – 2011 a 2014 8

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– e como professor universitário durante vários anos da mesma área de sua formação. Nesta entrevista concedida com exclusividade à ES Brasil, Duque mostra quais serão suas marcas à frente do Bandes. Qual é missão dada pelo governador Renato Casagrande para sua atuação no Bandes? A de que o Bandes seja uma instituição sustentável. Por ser uma entidade financeira, o banco tem a responsabilidade de dar resultados. Ao mesmo tempo, por ser voltado para o desenvolvimento, precisa ter, ainda, a preocupação de apresentar não apenas o resultado financeiro, mas também o seu objetivo final. É necessário ser uma instituição sustentável e equilibrada, sendo saudável em seus números e, ao mesmo tempo, oferecer linhas de crédito que ajudem no desenvolvimento do Estado. Por vezes, o Bandes deve atuar no crédito, em áreas que outras instituições financeiras não


trabalhariam, porque são importantes para o desenvolvimento do Estado. É esse equilíbrio que precisa ser alcançado. É necessário não perder o foco e manter a credibilidade, que está associada à sustentabilidade e aos resultados positivos. Na ocasião do anúncio da equipe, o governador disse que era necessária uma avaliação dos papéis da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes) e do Bandes para o fomento do desenvolvimento. Como está sendo, na prática, essa avaliação? Nós temos as gestões independentes. A Aderes tem o seu planejamento como instituição, o Bandes também, e ambos estão alinhados ao do Estado. Essa aderência tem de se dar no nível de programas e de ações. É nessa convergência das ações que talvez o governador tenha colocado a avaliação do papel da agência e do Bandes. Não pode haver divergências. Temos de atuar em conjunto ou em complementariedade. Por exemplo, se o Bandes toma a frente de determinada área, a Aderes pode atuar em outra, ainda que sejam os mesmos segmentos ou região. Temos, ainda, de trabalhar em conjunto com os interesses de outras áreas, como os das secretarias de Desenvolvimento; de Ciência e Tecnologia; de Agricultura... Ou seja, temos órgãos, secretarias e empresas públicas voltadas para políticas de desenvolvimento, cada uma com a sua especificidade, mas seguindo o planejamento geral do governo do Estado. Não há necessidade de ter sombreamento entre os agentes, e ainda é necessário existir complementares, cada um com seu papel específico.

a intenção justamente de manter a capacidade de investimento desse público. Vamos reativá-la, mas com algumas modificações, já que o mercado mudou de seis, sete anos para cá e, obviamente, as necessidades de capitação de recursos também. Naquele período, os municípios maiores e mais estruturados já tinham feito operações. Por isso, talvez não haja necessidade de oferta de serviços e de produtos com as mesmas especificidades daquela época. Observando essas características distintas, estamos readequando exigências e objetivos da linha. Uma novidade que já será oferecida pelo Bandes e que não havia no passado é uma linha voltada para investimentos em ações e projetos na área de sustentabilidade. Vai ser uma linha bem abrangente na qual os municípios podem captar recursos para diversos projetos, desde aqueles inovadores na área de energia, para eficiência ou para geração, passando por propostas na área de saneamento e chegando a melhorias da gestão. Como esse interesse está alinhado com um planejamento macro da gestão, será ofertado para os clientes um tratamento diferenciado, com taxas menores que as de um projeto de investimento tradicional dos municípios. Em qual fase está essa atualização das linhas para os municípios? Está em fase final de preparação. Fizemos uma agenda com a Amunes (Associação dos Municípios do Estado do Espírito Santo) para estreitar o diálogo com os prefeitos. A equipe interna do banco já desenhou essa atualização e agora está seguindo o trâmite de

De que modo a experiência do senhor como secretário da Fazenda de Vitória e do Estado pode contribuir para o estreitamento de laços com os municípios? Os municípios têm uma necessidade de investimento que supera sua capacidade de recursos próprios. Faz-se necessário, então, ter ofertas de linhas específicas para que os gestores possam colocar em ação aquele planejamento ou investimento que está previsto em seus projetos, como os de desenvolvimento municipal, de infraestrutura e os outros que possam existir. Nesse sentido, o Bandes pode atuar reativando linhas de crédito com esse interesse. Já atuamos no passado, e o desejo da diretoria é que voltem de forma mais intensa. Qual linha de crédito seria reativada para atingir esse objetivo? Tínhamos, na gestão anterior do governador Casagrande, uma linha com recursos do Proinveste exclusivamente voltada para os municípios. Na época, a linha era um dos braços do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Espírito Santo (Prodes), que tinha

O modus operandi dessas renegociações e da cobrança está passando por uma mudança estrutural” radio.esbrasil.com.br •

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Estamos abrindo o nosso portfólio de produtos e de serviços para os segmentos, federações e associações e recebendo deles e das empresas um feedback sobre quais seriam as linhas de que precisariam”

análises e de aprovações de orçamentos para cada produto. A dúvida que fica é se cada município desejoso de financiamento consegue tramitar seus projetos nos órgãos necessários a ponto de estar totalmente apto à liberação do crédito. Se as equipes municipais conseguirem tramitar tudo ainda este ano, vamos estar prontos para a liberação dos recursos. Porém, se identificarmos q u e o s p roj e t o s chegarão aqui ao

banco no ano que vem, vamos segurar um pouco o aporte de recursos e disponibilizar somente para os que já atenderam aos pré-requisitos básicos e específicos de seus interesses. Por isso a necessidade imperiosa de mantermos um diálogo constante com as entidades representativas e com os próprios municípios. Nas próximas semanas, vamos definir com os municípios e o governo os projetos em estágio mais avançado. Alguns estão até finalizados, aguardando a liberação da linha de crédito para prosseguir. Uma das metas anunciadas pelo Bandes é diversificar e ampliar os produtos e serviços para empreendedores e empresários. O que já está sendo feito nesse sentido? Estamos realizando uma série de visitas a diversos segmentos empresariais com objetivo de mostrar o Bandes. Estamos abrindo o nosso portfólio de produtos e de serviços para os segmentos, federações e associações e recebendo deles e das empresas um feedback sobre quais seriam as linhas de que precisariam. É um diálogo aberto mesmo. Recentemente fizemos uma reunião longa de diretoria sobre esse retorno que já tivemos. Por exemplo, para uma linha que identificamos ter uma demanda menor este ano, podemos reduzir o orçamento e passar para outra que provavelmente vai ter uma procura maior. Só dá para identificar esse tipo de oscilação se mantivermos a conversa bem estreita com os segmentos empresariais. O Bandes, então, estará mais flexível às necessidades dos empresários? Sim. Não adianta oferecermos um produto que não tenha aderência do outro lado. Se o empresário não viu esse produto como interessante, para o banco ele também não vai ser interessante. Temos de evitar ao máximo subutilizar uma linha de crédito ou mesmo insistir em outra que não está dando certo do ponto de vista de retorno ao banco e à sociedade. Ela acaba ficando parada, situação que está totalmente fora do compromisso com o desenvolvimento. Todas as linhas precisam refletir esse compromisso. Por isso precisamos exercitar essa agenda frequentemente com os empresários, seja via associações e federações, seja via conversa direta. Nesta nova gestão, como ficarão os programas setoriais e os regionais? Todas as linhas estão passando por uma revisão, independentemente se o programa do qual ela faça parte seja setorial ou regional. Há setores que são contemplados por certas linhas que atendem à determinada região. A grosso modo, o Bandes repassa o Fundo do Nordeste, que obviamente hoje só pode ser aplicado nos municípios da Sudene. De outra forma, também trabalhamos com recursos do Fundes (Fundo de Desenvolvimento do Espírito Santo), que são prioritariamente para utilização na região da Grande Vitória. Ainda operamos com recursos do Fundepar (Fundo de Desenvolvimento e Participações do Espírito Santo) para utilização no Fundesul, destinados ao sul capixaba. Esses são os programas regionais. O que nós estamos discutindo é

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Temos de evitar ao máximo subutilizar uma linha de crédito ou mesmo insistir em outra que não está dando certo do ponto de vista de retorno ao banco e à sociedade” que um produto ou serviço não precisa necessariamente estar tão amarrado dentro de programas regionais ou setoriais ou de linhas específicas. É necessário que haja uma flexibilização maior em todos os programas e linhas para atender à demanda dos empresários. Quando temos recursos carimbados, a mobilidade destes não é possível. Por isso, estamos trabalhando para dar maior flexibilidade possível ao recurso soberano do Bandes. Não temos interesse em alimentar ou ser rígidos demais com empréstimos ou com as linhas só porque o município está em uma determinada região, participa de um determinado segmento ou tem um nível de faturamento estabelecido. O programa de microcrédito produtivo do governo do Espírito Santo, o Nossocrédito, coordenado pelo Bandes, está alcançando os objetivos determinados? Pode haver alguma alteração? Se nós formos olhar o que a equipe coloca como meta, sim. Não temos uma mensuração muito detalhada lá na ponta. O que nós medimos são as metas que colocamos para as equipes. Temos uma expectativa de liberação de recursos, de atendimentos a um número de empresas e, com isso, uma expectativa com o número de empregos gerados. Porém, não tenho como afirmar qualitativamente se o crédito traz o resultado que poderia. O Nossocrédito é também uma forma de o Bandes atuar na diversificação de públicos? Também. Como é fruto de uma parceria Bandes-Banestes, a vocação dele é mais para o desenvolvimento e o apoio ao empreendedorismo do que para a diversificação dos recursos do Bandes. Definimos uma política, fazemos a qualificação das pessoas que oferecem o Nossocrédito, mas os recursos primários são do Banestes. É um programa importante, porque dá oportunidades ao micro e pequeno empreendedor e ao empreendedor individual, além da rede de empresas que estão localizadas nas periferias e no interior do Estado e das pessoas que estão iniciando o seu negócio. Como ficará a participação do Bandes na modalidade de Fundo de Investimento em Participações (FIPs)? O Bandes começou com essa estratégia em 2013/2014, com o presidente Guilherme Henrique Pereira, e foi feito um aprofundamento com o presidente Luiz Paulo Vellozo Lucas. Hoje participamos do Criatec e do Primatec. Cada fundo desse tem uma característica de investidores e um “tamanho de cheque”. Há fundos que têm mais ou menos investidores, e o Bandes é um deles, porém cada FIP possui uma gestora específica, uma tese de investimentos e a

lista de quais setores investirá. A participação do Bandes em FIPs amplia as modalidades de atuação para o apoio às empresas, sejam startups, sejam organizações estabelecidas e com potencial identificado pelas gestoras. Nesse contexto, o Bandes deve investir mais nesse tipo de operação, principalmente atuando nos fundos chamados de “anjo”, que têm uma característica de impulsionar uma pequena empresa com produtos inovadores a estabelecer-se no mercado. Estamos aguardando a aprovação do fundo soberano do banco por parte da Assembleia Legislativa para podermos prosseguir com esse debate. A aprovação também permitirá que invistamos em fundos private equity, que são para projetos de empresas mais estabelecidas e que já têm faturamentos mais robustos. Como o Bandes está lidando com os tomadores de crédito que precisam renegociar suas dívidas? É um processo que vai ser acelerado. O Bandes tem um número grande de operações e, consequentemente, uma grande necessidade de renegociação, até pelo perfil que a economia local apresentou nos últimos anos, com a crise de abastecimento de água, por exemplo. Já provamos algumas medidas internas para dar celeridade e ampliar esse processo. Com isso, o modus operandi dessas renegociações e da cobrança está passando por uma mudança estrutural. Uma das alterações que já está em fase de finalização é a terceirização da cobrança. Sugiro a quem está com qualquer tipo de inconformidade das suas operações com o Bandes que procure a instituição o quanto antes. radio.esbrasil.com.br •

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Foto: Aqui Notícias

AGENDA

19 A 23 DE JUNHO Foto: HelioFilho

FESTIVAL DE INVERNO DE GUAÇUÍ

5 E 6 DE JULHO

A região do Caparaó capixaba receberá um dos eventos mais aguardados na estação mais fria do ano. A terceira edição do Festival de Inverno de Guaçuí vai ocorrer entre 19 e 23 de junho, no Parque de Exposições do município. Entre as atrações nacionais estão confirmados Wilson Sideral, Frejat, Paula Toller e Emmerson Nogueira. Rock, pop, jazz, samba, chorinho e outros ritmos embalarão o público. Os ingressos podem ser adquiridos no site Ticket Green (www.ticketgreen.com.br) e nas lojas Jaklayne Joias (Grande Vitória) e Rosa Vermelha (Guaçuí e Alegre).

BOTECÃO 2019

Foto: Gunar Hohl

O Botecão será realizado nos dias 5 e 6 de julho, na Área Verde do Álvares Cabral, em Bento Ferreira, Vitória, e reunirá todos os estabelecimentos participantes do Festival Roda de Boteco, que começou em 31 de maio e seguirá até 30 de junho. Por lá, estarão os petiscos concorrentes, cerveja gelada e atrações renomadas do samba nacional, além da premiação dos melhores bares, botecos, garçons e caipirinhas. Na sexta-feira (5), quem anima a festa são a Turma do Pagode e o cantor Mumuzinho. No sábado (6) é a vez de conhecer os campeões e dançar ao som da rainha do samba, Alcione (foto). Os ingressos já estão à venda no site www.blueticket.com.br. O ingresso solidário custa R$ 45 mais 1 kg de alimento não perecível, que deve ser entregue no dia do evento. Os produtos arrecadados serão doados a três instituições de caridade.

13 DE JULHO

BEATLES PARA CRIANÇAS 29 DE JUNHO

HERMANOTEU NA TERRA DE GODAH Reverenciado pelo público, o espetáculo “Hermanoteu na Terra de Godah” será apresentado no dia 29 de junho, às 19 e às 21 horas, no Teatro Universitário da Ufes, em Goiabeiras. Na peça, os seis atores da Cia. Os Melhores do Mundo se revezam em dezenas de personagens e aprimoram uma de suas principais características: improvisar sobre fatos da atualidade, aproximando o passado do presente pela comodidade. No palco, Hermanoteu, típico hebreu do ano zero – camarada, bom pastor e obediente –, recebe uma missão divina: guiar seu povo à Terra de Godah em meio a muitas situações divertidas. Os ingressos estão à venda na bilheteria do teatro (das 15h às 20h) ou no site tudus.com.br. Foto: Divulgação

30 DE JUNHO

CORRIDA DOS BOMBEIROS BANESTES A única corrida de rua em Vitória na qual os participantes fazem percurso de ida e volta na Terceira Ponte já tem data para ser realizada. Com novo nome, a Corrida dos Bombeiros Banestes será no dia 30 de junho e contará com um trajeto total de 10,5 km. Os interessados em participar devem ficar atentos: as inscrições já estão no segundo lote e custam R$ 80 até 4 de junho. Dos dias 5 a 15, vigorará o período do terceiro lote, com preço de R$ 90. Já o kit contendo uma camisa com número de identificação do corredor será entregue nos dias 28 e 29 do mesmo mês, das 9h às 16h, na sede da corporação. Informações e inscrições pelo site www.ticketrun.com.br. 12

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No Dia Mundial do Rock, o “Beatles para Crianças” apresentará as canções do quarteto de Liverpool de forma divertida e lúdica. Desenvolvido pelos educadores Fabio Freire e Gabriel Manetti, o projeto promete levar muita diversão aos pequenos e aos adultos no dia 13 de julho, a partir das 17 horas, no Espaço Patrick Ribeiro, no Aeroporto de Vitória. São 15 músicas do grupo britânico, além das histórias contadas nos palcos e um verdadeiro manual de rock para a criançada, mantendo os arranjos originais sempre com a intenção de levar um som de qualidade à toda a família. Os ingressos estão sendo vendidos nas lojas Metal Nobre, no site www. eventbrite.com.br e na bilheteria do evento. Foto: Andreia Machado

24 DE JULHO

REI LEÃO NO SESC GLÓRIA A jornada do leão Simba até a fase adulta e a aceitação de seu destino será apresentada no dia 14 de julho, às 17 horas, no Centro Cultural Sesc Glória, no Centro de Vitória. Na peça, que traz o mesmo roteiro do clássico da Disney, Simba nasce como um príncipe, filho do poderoso rei Mufasa e da rainha Sarabi. Com o suricato Timão e o javali Pumba, passará por várias situações desde o exílio, até enfrentar o tio perverso Scar. Os ingressos estão sendo vendidos na bilheteria do Sesc Glória. O valor ainda não foi divulgado.


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Foto: Cannes

Foto: Eric Hood

Escrevo meus roteiros ouvindo música brasileira. Antes mesmo que Caetano Veloso e Paula Lavigne tivessem me apresentado o país, eu já carregava em mim uma sensação de paixão pela vida que se materializou quando vi as paisagens do Brasil.” Pedro Almodóvar, cineasta, declarando seu amor pelo Brasil em coletiva no Festival de Cannes

APOSENTADORIA

BRASILEIROS AINDA DEPENDEM DO INSS

Foto: Ceasa

Uma pesquisa recente mostra que 81% da população do país são exclusivamente dependentes da seguridade social do governo federal. A porcentagem elevada só corrobora outro dado preocupante do brasileiro. A pesquisa da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) mostrou 84% dos entrevistados enfrentam dificuldades para lidar com o dinheiro, sofrem prejuízos ou não entendem de finanças.

REFORMA

Foto: Marcello Casal Jr.

OBRA VAI MELHORAR COMÉRCIO HORTIFRUTIGRANJEIRO A Ceasa – Centrais de Abastecimento do Espírito Santo –, localizada em Cariacica, passará por uma ampla reforma. A obra terá custo total de R$ 2,1 milhões e conta com recursos federais de emenda parlamentar e R$ 819 mil de contrapartida do Estado. O montante será utilizado para pavimentação e drenagem do terreno, construção de um galpão para os carregadores e reforma geral da estrutura, com melhorias das redes elétrica, hidráulica e hidrossanitária.

DOENÇA CARDIOVASCULAR

ADOLESCENTES COM SOBREPESO TÊM RISCO ELEVADO

RECEITA FEDERAL

Mais uma hipótese científica foi derrubada. Pesquisa apontou que adolescentes com sobrepeso apresentam o mesmo risco de doença cardiovascular que jovens obesos. Até então o sobrepeso na adolescência não era considerado um fator de risco tão importante. O estudo protagonizado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) foi desenvolvido com 40 adolescentes com idades entre 10 e 17 anos e comparou resultados de testes cardíacos entre grupos de obesos e com excesso de peso. 14

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AUMENTA TETO DOS PARCELAMENTOS DE DÍVIDAS Os contribuintes que devem até R$ 5 milhões podem parcelar os débitos com a Receita Federal. O limite anterior, de R$ 1 milhão, não era reajustado desde 2013. O parcelamento ordinário permite que as dívidas com o Fisco sejam renegociadas em até 60 mensalidades (cinco anos). No entanto, diferentemente dos parcelamentos especiais, também chamados de Refis, não há desconto nas multas e nos juros. O valor da prestação mínima para pessoa física é de R$ 200 e para pessoa jurídica, de R$ 500.

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IDOSOS

NOVA MODALIDADE DE HIPOTECA ESTÁ CHEGANDO

Foto: Istock.com

Já comum em outras nações, a hipoteca reversa é uma nova modalidade que o mercado financeiro poderá oferecer em breve. Um idoso com imóvel próprio pode hipotecar sua residência em troca de um “salário mensal” até o fim da vida. Quando ele falecer, a família pode optar por quitar a dívida ou entregar o objeto de contrato para leilão. No momento, o projeto tramita no Congresso Nacional.

Foto: Shutterstock.com

GATO POR LEBRE

CUIDADO AO NEGOCIAR SUA DÍVIDA

Foto: Divulgação

O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) faz um alerta para os consumidores em inadimplência: empresas de baixa confiabilidade usam como tática a promessa de “limpar o nome” sem que a dívida seja paga. Cuidado! Após levantamento feito com clientes que utilizaram os serviços, 43% não tiveram as expectativas atendidas, entre os quais 21% acabaram pagando mais caro do que se tivessem tratado a questão diretamente com o credor.

PETRÓLEO

ES RECEBE PRIMEIRA PARCELA DE ACORDO O Espírito Santo recebeu, no mês de maio, o pagamento da primeira parcela de Participação Especial (PE). O depósito é fruto do acordo de unificação do Parque das Baleias, firmado com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e a Petrobras. Ao todo, R$ 355 milhões foram enviados aos cofres públicos capixabas. Trimestralmente o Estado receberá uma nova parcela até completar o total de 42 meses. O depósito aquece a movimentação para aprovação do Projeto de Lei Complementar (PCL) 20/2019, responsável pela criação do Fundo Soberano do Espírito Santo (Funses). A nova legislação determina que esses recursos terão como destino a promoção do desenvolvimento local e a geração de uma poupança para momentos de contingências fiscais.

MIGRAÇÃO

TRANSAÇÕES BANCÁRIAS VIA APLICATIVOS EM ALTA A utilização dos dispositivos móveis na relação entre prestadores de serviço e clientes é um caminho sem volta da sociedade. E o mais recente levantamento feito pela Federação Nacional dos Bancos aponta essa realidade também no mercado financeiro. O número de transações bancárias feitas por meio de aplicativos cresceu 24% em 2018 em comparação ao ano anterior. Já o tradicional atendimento que levava pessoas a agência também passa por alteração. A comunicação entre cliente e banco por web-chat teve crescimento de 364%.

COMÉRCIO EXTERIOR

ARGENTINA PUXA QUEDA

BALANÇO

BANESTES COMEMORA LUCRO RECORDE

Foto: 3dmitry

O Banestes obteve um lucro líquido recorde de R$ 63 milhões no primeiro trimestre de 2019, uma marca 171,2% superior à registrada no mesmo período de 2018. O resultado foi puxado por ganhos com venda de ativos (R$ 27 milhões), redução do custo com risco de crédito (R$ 20 milhões), elevação de receitas com crédito (+5,3%) e com serviços (+10,2%) e controle dos custos operacionais.

Foto: Adrian Naelk

A piora na balança comercial com a vizinha Argentina foi o principal responsável pela queda do saldo positivo do comércio exterior brasileiro no primeiro quadrimestre deste ano. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a perda é de US$ 3,1 bilhões na comparação com mesmo período do ano passado. Também foi registrado recuo nas transações com a União Europeia (-US$ 1,4 bilhão) e com a China (-US$ 900 milhões). Por outro lado, houve ganhos nas operações com os Estados Unidos (US$ 500 milhões) e com o Oriente Médio (US$ 900 milhões).

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ARILDA TEIXEIRA

ECONOMIA

é economista e professora da Fucape

ECONOMIA AQUARTELADA AO FIM DAS CONTAS, HÁ RUÍDOS DE MAIS E RESULTADOS DE MENOS. ENQUANTO ISSO, O CENÁRIO PERMANECE TRAVADO. SÃO NECESSÁRIAS MUDANÇAS ESTRUTURAIS

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s atitudes de Bolsonaro mostram que ele não entendeu que presidente não é Deus; capitão não é presidente; economia não é quartel. Por isso personifica seu governo, adota protocolos militares no relacionamento com seus ministros generais e trata a economia como a despensa do quartel – que conta com um habilidoso e disciplinado tenente para gerenciar o fluxo de suprimento. Esses erros de interpretação explicam os absurdos que se têm visto na cúpula do Poder Executivo federal: ministros desmentem o presidente ou aplicam seus mandos e desmandos com demissões. Ao fim das contas, há ruídos de mais e resultados de menos. Enquanto isso, a economia brasileira permanece travada. E para destravá-la serão necessárias mudanças estruturais, que precisam do empenho e liderança do chefe de Estado para propô-las, negociá-las e defendê-las no parlamento como um projeto de país. É o que cabe a um estadista – o que o capitão-presidente não é. Ele não controla seus ministérios – é pública a confusão no MEC, no Itamaraty, entre outros órgãos. Mesmo sendo o “postoipiranga”, o Ministério da Economia mais apaga fogo do que avança em reformas. Essa é uma situação que preocupa, porque, além da agenda de reformas internas, há uma outra, externa, também desafiadora: 16

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baixo crescimento dos países desenvolvidos e, consequentemente, queda no volume de comércio das nações em desenvolvimento. No entanto, as diretrizes de política externa apontadas pelo chefe do Itamaraty parecem subestimar o impacto desse panorama para a economia brasileira. Como o protecionismo tem ganhado apoios após o fracasso do multilateralismo em melhorar as condições socioeconômicas dos países, as transações internacionais

Mesmo sendo o ‘postoipiranga’, o Ministério da Economia mais apaga fogo do que avança em reformas”

enfrentarão uma era de obstáculos, que vão impor desafios à inserção externa: convencer os nacionalistas/protecionistas de que a complementariedade da oferta doméstica com importação é também uma forma de ser nacionalista, porque é um meio de garantir acesso aos bens e serviços de que precisam. Tarefa hercúlea, porque inserção externa, além de canal para acesso a bens e serviços, é, principalmente,

passaporte para galgar poder político nas negociações internacionais. China e Rússia – aspirantes a potências hegemônicas – não baixarão a guarda para EUA e União Europeia (EU) e manterão o flerte com Irã e Turquia, para resguardarem poder de ameaça sobre o país norte-americano e o bloco do Velho Continente. Será um embate entre economias das democracias ocidentais e as das autocracias asiáticas e euroasiáticas, através de protecionismo, para alcançar poder geopolítico. A saída do Reino Unido do Mercado Comum Europeu (Brexit) agrava o impasse internacional. Suas consequências são difíceis de dimensionar, devido à multiplicidade de resultados possíveis, mas, se a retirada for efetivada, certamente acirrará o protecionismo. São situações complexas, que exigirão habilidades diplomáticas para negociar os canais de acesso à cadeia produtiva mundial que estarão sob disputas geopolíticas e eficiência alocativa para alcançar a competitividade necessária para inserção naqueles mercados. Assim sendo, crescimento econômico com competitividade, associado a neutralidade e habilidade diplomática para negociar, é o elemento-chave para assegurar a participação do Brasil no mercado mundial. Uma possibilidade distante para uma economia aquartelada.


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O MEIO AMBIENTE ESPECIAL

LETICIA VIEIRA

SOB O OLHAR DO “FUTURO” DO PLANETA

CRIANÇAS E ADOLESCENTES ESPERAM PESSOAS MAIS CONSCIENTES SOBRE OS CUIDADOS COM A TERRA, MAS TEMEM O MUNDO QUE VIRÁ 18 18

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CONTEÚDO DISPONÍVEL EM ÁUDIO

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Foto: Divulgação

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oi em Estocolmo, em 5 de junho de 1972, a primeira das Conferências das Nações Unidas que discutiu o meio ambiente e as medidas para salvá-lo. Por isso a data foi escolhida como Dia Mundial do Meio Ambiente. Desde então, o debate se mantém por uma razão simples: necessidade de sobrevivência. Quanto mais cedo o tema for abordado, principalmente com crianças e adolescentes, maiores as chances de consciência pela preservação. O instituto de pesquisas Market Analysis promoveu em conjunto com a rede WIN Américas de Pesquisa um estudo regional sobre crenças e comportamentos de crianças, de 3 a 13 anos, a partir das observações das mães quanto a hábitos e comportamento dos filhos. Foram entrevistadas 4.929 mulheres em oito países – Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Equador, Estados Unidos, México e Peru. O objetivo foi entender a agenda emergente que rodeia os mais jovens com relação a percepções, atitudes e práticas de proteção à natureza. Da perspectiva materna, a infância se mostra visivelmente tocada com essa realidade: sete de cada 10 crianças estão interessadas em defender o meio ambiente. Além disso, quanto mais próximas da adolescência, maior é a expressão dessa preocupação. Tal cenário também é observado no Brasil, que acompanha a tendência regional. De modo geral, conclui-se que as mães reconhecem a entrada da pauta ambiental na infância, sendo expressa de maneira frequente e intensa e passando a fazer parte do cotidiano e das considerações da nova geração. Essa sensibilidade, se desenvolvida precocemente na

vida, forma um público interessado e conectado com o assunto no futuro, garantindo terreno para a difusão e mobilização de notícias e ações. Entretanto, há muito espaço ainda para a conversão da preocupação genérica em ação prática apropriada. Falta tornar a aflição infantil em compartilhamento efetivo de responsabilidades no dia a dia, uma vez que apenas uma minoria das crianças exerce esse protagonismo em casa. De fato não se nasce com percepção formada sobre o mundo e o meio ambiente, nem sequer sobre si mesmo, aponta Ana Amélia Piske, psicoterapeuta especialista em Análise do Comportamento. O modo como meninos e meninas enxergam o meio ambiente e sobre ele atuam é fruto do que aprendem com familiares, amigos, educadores e meios de comunicação, além dos exemplos de interação com a natureza. Para que um aprendizado se solidifique, é fundamental ser contínuo e estar presente no maior número possível de círculos sociais, destaca Ana. Os pais são grandes responsáveis pela manutenção de qualquer aprendizado, por exercerem a importantíssima função de “espelhos”. Sem bons modelos, e de forma difusa, a criança pode, por exemplo, jogar o lixo no lugar certo na escola, onde tal comportamento é estimulado, e não fazer o mesmo em casa ou na rua. “A infância é uma fase particularmente privilegiada ao aprendizado. Discussões e bate-papos são ótimas maneiras de fomentá-lo. Ensinar as crianças sobre a importância do meio ambiente e os cuidados necessários para sua manutenção é essencial ao desenvolvimento da responsabilidade e coletividade, uma vez que a preservação é prática de todos (ou pelo menos deveria ser), e em benefício do todo”, afirma a psicoterapeuta.

IAGO SONEGHETE, 14 ANOS O que é meio ambiente? O meio ambiente é onde a gente vive. Tudo que envolve nosso planeta. É o ambiente inteiro (risos). O que você pode fazer para cuidar do meio ambiente? Acredito que o principal é conscientizar as pessoas. Por exemplo, economizar água, energia, não desperdiçar comprando coisa que não é necessária e não jogar lixo onde não se deve, né. Lixo na rua, no mar ou no rio é surreal. Eu acho que as ações devem ser mudadas no básico. Como você imagina o mundo daqui a 30 anos? Imagino um mundo mais evoluído em tecnologia, mas muito mais poluído, principalmente nas grandes cidades. Acho que a poluição vai tomar tudo, porque infelizmente as pessoas não se conscientizam. Mas eu espero que nada disso aconteça, que as pessoas comecem a prestar mais atenção e a cuidar melhor do meio ambiente.

SAMUEL MIRANDA, 12 ANOS O que é meio ambiente? O meio ambiente é tudo à nossa volta: biodiversidade, físico, químico, organismos... O que você pode fazer para cuidar do meio ambiente? Evitar o uso de gases poluentes, não jogar lixo em ruas e rios, assim preservando tanto a vida aquática quanto a vida terrestre. A maioria das pessoas cuida do meio ambiente da forma correta? Não são todas as pessoas que cuidam do meio ambiente da forma correta. Poderia ser melhor o cuidado. Muita gente não preserva o que tem, mas essas pessoas sofrerão muito no futuro se continuarem fazendo isso. Como você imagina o mundo daqui a 30 anos? Nós poluímos muito o que nós temos, por isso eu imagino um mundo daqui 30 anos horrível. Muitas espécies de peixes que estarão em extinção e, assim, não existirá nada direito pra nós. radio.esbrasil.com.br •

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O QUE PENSA A GURIZADA NO ES A ES Brasil conversou com crianças e adolescentes capixabas de 7 a 14 anos, de diversos municípios, para entender como percebem o meio ambiente, a realidade de hoje e o futuro. As respostas são claras, mas preocupam: eles querem um mundo melhor, mas desconfiam da eficácia das ações atuais para a garantia desse amanhã mais positivo. Alice Caliman Moreira, 9 anos, espera que o futuro, daqui a 30 anos, seja lindo, mas acredita que isso não vai acontecer, se as pessoas continuarem a agir do modo de hoje. Carolina Machado, 12, tem a mesma opinião: “Se as pessoas cuidarem do planeta, eu imagino um planeta bem bonito e cheio de flores, mas, se continuarem assim, imagino um planeta todo desmatado e triste”, afirma. Para Bruno Machado Sesana, 14, o mundo estará mais escuro por conta da poluição. Samuel Miranda, 12, também não está muito otimista. “Não são todas as pessoas que cuidam do meio ambiente da forma correta. Poderia ser melhor o cuidado, né?! Muita gente não preserva o que tem, mas essas pessoas sofrerão muito no futuro se continuarem fazendo isso”, comentou. E completa: “Imagino um mundo daqui 30

BRUNO MACHADO SESANA, 14 ANOS O que é meio ambiente? O meio ambiente é a natureza, a fauna e a flora do Planeta Terra. O que você pode fazer para cuidar do meio ambiente? Não jogar lixo na rua e economizar água.

PRÁTICAS ATRAVÉS DAS QUAIS AS CRIANÇAS PROTEGEM O MEIO AMBIENTE (EM %)

A maioria das pessoas cuida do meio ambiente da forma correta? Não mesmo.

Total na América Não jogar lixo na rua

88

Desligar as luzes não usadas em casa

73

Evitar uso desnecessário de água

68

Usar papel apenas quando necessário

55

Separar ou classificar lixo para reciclagem

49

Usar bicicleta/caminhar/compartilhar viagem até a escola

44

Evitar uso de copos/canudos plásticos

42

Comprar produtos feitos com materiais reciclados

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Como você imagina o mundo daqui a 30 anos? Um mundo escuro por causa da poluição nas nuvens.

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Quais práticas de proteção ao meio ambiente seu (sua)filho(a) CAN EUA MÉX EQU PER realiza com maior frequência?

CHI ARG BRA

Não jogar lixo nas ruas Desligar luzes não usadas em casa Evitar uso desnecessário de água corrente Usar papel apenas quando necessário Separar ou classificar lixo para reciclagem Usar bicicleta/caminhar até a escola/casa de amigos/locais de atividades ou usar caronas ou compartilhamento de carro com outras crianças Evitar usar copos/canudos de plástico Comprar produtos feitos de materiais reciclados

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93

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O que é meio ambiente? É a terra, a natureza, a água, as árvores.

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O que você pode fazer para cuidar do meio ambiente? Não desperdiçar água, jogar lixo no lixo.

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Fonte: WIN 2019. Base: 4929 – mães de crianças entre 3 e 13 anos

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ALICE CALIMAN MOREIRA, 9 ANOS

A maioria das pessoas cuida do meio ambiente da forma correta? Não, porque eles jogam lixo na praia e ficam gastando água muito tempo. Como você imagina o mundo daqui a 30 anos? Lindo, bonito, cuidado, mas acho que as pessoas não vão fazer.


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GRAU DE PREOCUPAÇÃO DAS CRIANÇAS COM O MEIO AMBIENTE (EM %) Total na América Preocupado/a Não preocupado/a

Pensando sobre o meio ambiente, o quanto você acha que seu filho(a) está preocupado(a) com a proteção do meio ambiente?

30 77

66 70

34

23

Crianças de 3 a 9 anos de idade

Crianças de 10 a 13 anos de idade

CAROLINA MACHADO CALMON, 12 ANOS O que é meio ambiente? A casa dos animais e onde o ser humano pega as matérias-primas. O que você pode fazer para cuidar do meio ambiente? Não jogar lixos nas ruas, não desmatar, etc. A maioria das pessoas cuida do meio ambiente da forma correta? Com certeza não. Ao invés de reflorestar, eles estão desmatando. Como você imagina o mundo daqui a 30 anos? Se as pessoas cuidarem do planeta, eu imagino um planeta bem bonito e cheio de flores, mas, se continuar assim, eu imagino um planeta todo desmatado e triste.

anos horrível. Muitas espécies de peixes que estarão em extinção, e assim, não existirá nada direito pra nós.” Na opinião de Iago Soneghete, 14, “infelizmente as pessoas não se conscientizam sobre os problemas que a poluição e o desperdício de água podem causar”. Mas ele espera que isso não aconteça e torce para “que as pessoas comecem a prestar mais atenção e a cuidar melhor do meio ambiente”. A educação ambiental é um processo permanente, dia após dia, avalia a mestre em Psicologia e Terapeuta Comportamental Yara Alves Costa Justino. “O que a escola faz é dar algum direcionamento a respeito do meio ambiente e das esferas que o constituem. Ela conceitua isso. Mas a educação ambiental é todos os dias, é ensinando a criança sobre a água que ela usa para escovar os dentes, sobre a embalagem do biscoito que ela come e demora anos para se decompor, sobre a reciclagem, sobre optar por materiais biodegradáveis... Existem tantas formas de olhar e zelar pela natureza, mas elas são bem pouco exploradas pelos adultos. Até por falta de conhecimento. Temos dado modelos muito ruins para as nossas crianças e jovens”, destaca a especialista. No entanto, ela acha que é necessário manter uma visão otimista: “Já vejo algumas empresas, por exemplo, incentivando o descarte de embalagens de produtos conscientes (na loja, para reutilização) e em troca, entregar um brinde, coisas do tipo. Ainda precisamos avançar muito, mas é um começo”.

“Existem tantas formas de olhar e zelar pela natureza, mas são pouco exploradas, até por falta de conhecimento. Temos dado modelos muito ruins às nossas crianças e jovens” Yara Alves Costa Justino, mestre em Psicologia e terapeuta comportamental

Total 3a9 10 a 13

69 63

EUA

Total 3a9 10 a 13

60 56 66

México

Total 3a9 10 a 13

70 63 77

Equador

Total 3a9 10 a 13

Canadá

Peru

80

40 44 34

65 58 75

30 37 23 35 42 25 34 45

66

Total 3a9 10 a 13

31 37 20

55 82

18

84 83 85

16 17 15

Chile

Total 3a9 10 a 13

Argentina

Total 3a9 10 a 13

73 73 73

Brasil

Total 3a9 10 a 13

70 65

27 27 27

78

30 35 22

Fonte: WIN 2019. Base: 4929 – mães de crianças entre 3 e 13 anos

As respostas das crianças mostram que elas tomam as medidas básicas de proteção à natureza: não jogam lixo no chão, fecham a torneira para economizar água e não ficam mais muito tempo no banho. Mas não há uma percepção real sobre desmatamento e ações mais profundas e estruturadas. No entanto, a terapeuta reforça que precisamos pensar nos mais novos como projetos. “Se educamos agora para a consciência em relação a esse ambiente, no futuro podemos esperar por um lugar melhor para se viver, com um ecossistema mais equilibrado.” A pergunta é: como fazer a próxima geração compreender a importância do meio ambiente? Enquanto as crianças aprendem valores em casa, como educação e respeito ao próximo, a escola deve criar ações paralelas que intensifiquem a noção de preservação. Mas só isso não basta. Num país diverso como o Brasil, quanto mais jovem começarmos a adotar atitudes sustentáveis, mais orgânicas estas serão.

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SÉRGIO CARLOS DE SOUZA

DIREITO

é advogado especializado em Direito Empresarial, autor dos livros “101 Respostas Sobre Direito Ambiental” e “Guia Jurídico do Marketing Multinível”

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS É PRECISO HAVER EFETIVIDADE NA IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS PARA RECUPERAÇÃO OU RESTAURAÇÃO DE ÁREAS VIOLADAS

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urante muito tempo, o desenvolvimento econômico esteve divorciado da preocupação com o meio ambiente. A quase qualquer custo, eram feitas indústrias, estradas, bairros inteiros e mais uma grande diversidade de empreendimentos, sem que houvesse um planejamento dos reais impactos ambientais e a eliminação (ou, ao menos, a mitigação) de danos ambientais consideráveis. A sociedade já deixou de aceitar essa postura errada, tornando a qualidade ambiental efetiva um princípio indissociável da vida em si. A avaliação do nível de qualidade ambiental está sujeita a interpretações subjetivas e interesses particulares. Contudo, a sociedade não pode estar submetida a interpretações que fujam da razoabilidade e do equilíbrio. Meio ambiente com respeitável nível de qualidade abarca gerações presentes e futuras. Como resultado dessa consciência, foi editada no ano 2000 a Lei nº 9.985, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). A lei conceituou como unidade de conservação o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes e objetivos de conservação, ao qual se aplicam garantias adequadas 22

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de proteção. Criadas por atos do poder público, as unidades de conservação são compostas, principalmente, por estações ecológicas, reservas biológicas, parques nacionais, monumentos naturais e refúgios de vida silvestre. Não é raro, infelizmente, que ocorram atos atentatórios à inviolabilidade dessas áreas. Desmatamentos, queimadas,

Não podem, contudo, as autoridades ambientais querer exigir, cumulativamente, a recuperação da área degradada e uma indenização adicional, conhecida como compensação ambiental” construções não autorizadas, plantações clandestinas e outros atos trazem degradação normativamente. Quando essas ações acontecem, devem ser aplicadas as disposições contidas na própria Lei nº 9.985: recuperação, visando à restituição de um ecossistema

ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original; ou restauração, que impõe a restituição o mais próximo possível da sua condição original. O grande problema é quando a recuperação se torna impossível ou de pequeno impacto, considerando o que compunha a área prejudicada. Não podem, contudo, as autoridades ambientais querer exigir, cumulativamente, a recuperação da área degradada e uma indenização adicional, conhecida como compensação ambiental. Os tribunais brasileiros já assentaram entendimento de que a cumulação de recuperação de área degradada e indenização é indevida e abusiva, com destaque para um trecho de recente julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF): “Tendo o réu sido condenado a recuperar a área degradada, apenas no caso da impossibilidade da recuperação é que deve ser imposta a compensação pecuniária. Há de se levar em conta que após a prevenção, a efetiva recuperação do meio ambiente degradado é o bem jurídico a ser tutelado, e somente nos casos em que referida recuperação não seja possível é que se deve optar pela compensação ambiental” (Agravo 1.117.370, relator ministro Edson Fachin, julgado em 29/03/2019).



A energia fotovoltaica está presente em todos os empreendimentos que a Galwan está construindo. Na foto, o Edifício Juan Fernandes, no Barro Vermelho, o primeiro a ser entregue com a tecnologia

“CHEGOU A HORA DA VIRADA”

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ngenheiro e fundador da Galwan, José Luís Galvêas Loureiro acompanha a construção civil e o mercado imobiliário há mais de 40 anos, o período que pôde ver os altos e baixos do setor. Em relação ao cenário atual, ele afirma: chegou a hora da virada. Nesta entrevista, Galvêas fala da retomada do mercado imobiliário e do aprendizado que a crise trouxe à Galwan e diz acreditar que em menos de um ano os imóveis vão ter uma valorização muito alta. Como a Galwan vê o mercado imobiliário hoje no Espírito Santo? O pior já passou? Galvêas – Com certeza! Chegou a hora da virada. Em São Paulo, o mercado já se recuperou. Aqui demora um pouco mais, mas está acontecendo. Já vemos uma variação grande no preço do metro quadrado no mercado de alto padrão da Grande Vitória. Há imóveis que foram vendidos a R$ 15 mil o metro quadrado e outros, a menos de R$ 7 mil, o que ilustra o ponto de inflexão entre o momento anterior e o ponto seguinte e demonstra que o mercado está começando a retomar os preços

Quando o senhor acredita que haverá uma efetiva retomada da construção civil? O momento de comprar é agora? Se a construção civil crescer 100%, ainda estará na metade do que já esteve, é uma questão matemática. A expectativa é boa, mas para chegar aonde já estivemos é preciso de tempo e outros fatores. O momento de comprar é agora, pois o preço está achatado e vai subir quando os investidores entrarem. Se comprar, alugar e fizer um planejamento de venda para daqui a um ou dois anos, tem uma possibilidade grande de fazer um excelente negócio. O mercado está começando a se movimentar com lançamentos, mas esses imóveis só ficam prontos daqui a três ou quatro anos. O que é preciso para que o investidor volte? Ele tem que enxergar uma melhora no Brasil. Se realmente as medidas forem tomadas e forem no sentido de diminuição do déficit público, o mercado imobiliário vai crescer exponencialmente, pois hoje, mesmo com crédito e juros baixos, as pessoas não estão se sentindo seguras para se endividar. Independentemente da volta do investidor, a tendência dos imóveis é de valorização? Sim. Acredito que em menos de um ano os imóveis terão uma valorização muito grande. O estoque acabou, e a demanda deve começar a pressionar os preços. Temos também um cenário de juro baixo, inflação baixa e dólar alto. O juro baixo facilita o crédito, e o dólar alto atrai os brasileiros que vivem no exterior. Eles aquecem o mercado comprando imóveis no Brasil.

José Luís Galvêas Loureiro está otimista com a retomada do mercado

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O estoque acabou, os imóveis demoram a ser construídos, e a demanda deve começar a pressionar os preços”


Quando penso em um prédio, penso no que eu gostaria de ter tido quando criança. A Galwan já é conhecida como a construtora das crianças” O mercado imobiliário foi muito impactado pela recente crise financeira. O que a Galwan aprendeu com essa crise? Aprendeu muito. Você não tem de fazer o que o mercado pede. Tem de fazer aquilo que sua condição lhe possibilita sem que falte qualidade. O crescimento deve ser gradativo. Nós trabalhamos 30 anos dentro de uma normalidade de mercado e, de repente, vieram 20 empresas grandes de outros estados. Isso não foi bom nem para quem veio, nem para quem estava aqui, nem para o público. O cliente também aprendeu com a crise? Essa crise ensinou que, de maneira geral, as melhores empresas para comprar são as locais. O que funciona em São Paulo pode não funcionar bem aqui. Vitória tem maresia, poeira de minério, umidade alta, sol forte. O revestimento de nossos prédios não pode ser o mesmo usado em cidades como Belo Horizonte, São Paulo, Brasília. Além disso, as construtoras locais têm uma maior proximidade com o cliente, entendem melhor a cultura do lugar. O senhor já foi diretor do Sinduscon-ES, é engenheiro e empresário da construção civil há mais de 30 anos. O que mudou no setor nesse tempo? Muita coisa mudou, mas eu destaco que piorou muito a segurança jurídica. Antigamente, quando um projeto era aprovado, havia segurança de seguir em frente. Hoje muita coisa vem a posteriori. Acredito que as autoridades estão começando a se sensibilizar para as necessidades do setor produtivo, pois é ele que gera emprego e moradia e movimenta a economia. A Galwan experimentou um grande crescimento antes da crise, construindo no Rio e chegando também a Miami. Vocês pensam em dar continuidade a essa expansão ou pretendem focar mais o mercado regional? O foco hoje é regional. Mas estamos prontos para atuar em outras praças, atentos à cultura e aspectos locais, se na nossa análise essa expansão se mostrar interessante e nos mantiver fiéis à questão do mínimo risco e máximo atendimento ao cliente. Estamos sempre buscando investimentos que geram rentabilidade para os parceiros. Na Grande Vitória, quais são os planos da Galwan? Onde pretendem construir? Em Bento Ferreira, Jardim Camburi, Itaparica, Praia da Costa e demais regiões nobres da Grande Vitória. Vamos construir residenciais com muito lazer para as crianças. Quando penso em um prédio, penso no que eu gostaria de ter tido quando criança. A Galwan já é conhecida como a construtora das crianças. Prédio corporativo, no momento, só se for direcionado para investidores ou por encomenda.

Varanda do London Ville, em Itaparica: clientes da Galwan buscam localização privilegiada

Construtora é conhecida por seus empreendimentos com áreas de lazer diversificadas, como a do Solar Mata da Praia, que está em obras

E fora da Grande Vitória? A Galwan constrói condomínio fechado. Se tiver um grupo interessado nós avaliamos, como fizemos em Cachoeiro. O grupo já tinha o terreno e buscava uma construtora no modelo que trabalhamos, que é o condomínio fechado a preço de custo. Depois fizemos outros empreendimentos na cidade, sempre no mesmo formato. A Galwan é uma prestadora de serviços. Estamos abertos à possibilidade de construir em qualquer lugar. A Galwan se diferenciou por trabalhar no sistema de obras por administração, ou “condomínio fechado”. Qual a vantagem desse sistema e por que poucas construtoras trabalham assim? Nesse formato, a construtora não é a dona da obra, é uma prestadora de serviços para aquele grupo que ela incentivou que fosse estruturado. A remuneração é limitada à taxa de administração. Muitas construtoras oferecem outras vantagens, não gostam de trabalhar assim, mas para nós é uma paixão. É um modelo que eu considero mais justo e vantajoso para todos que participam: condôminos, construtora e fornecedores. Isso explica o fato de termos um cliente que já participou 40 vezes. Quais são as inovações que a Galwan está implantando em seus empreendimentos? Estamos antenados àquilo que podemos fazer em termos de sustentabilidade e novas tecnologias. Hoje, as placas solares estão em todos os empreendimentos que estamos construindo. É um excelente custo-benefício, por economizar na conta de energia da área comum. Quem é o cliente da Galwan? O que mudou no perfil do cliente nesses 30 anos? São pessoas que buscam localização, obra de qualidade e uma boa área de lazer e que pesquisam muito antes de comprar, surpreendendo-se com as condições e o custo. Nossos primeiros clientes foram 10 amigos. Depois, vieram os amigos dos amigos. Quando passamos a construir em Vitória, os clientes já nos conheciam pelo boca a boca. Investimos em marketing e comunicação principalmente para divulgar as vantagens do nosso sistema de condomínio fechado. Hoje, nossos clientes são os amigos e os amigos a serem conquistados. Investir em imóveis continua sendo uma boa opção de renda? Hoje, para mim, é a opção número 1. Os investidores sabem que é importante diversificar, e o investimento em imóvel dá uma garantia real sobre o valor aplicado. Além da possibilidade de uma renda mensal com aluguel, o imóvel também pode ser negociado com um bom lucro, se a venda for realizada no momento certo.

www.galwan.com.br | 27 3200-4004 radio.esbrasil.com.br •

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ATUALIDADE

Junto há três anos, o casal Joice Yanaguizawa e Aerton Rosa busca inovar na hora de presentear

O DIA DOS NAMORADOS É APENAS UMA DATA COMERCIAL? PRESENTEAR O SEU AMOR NEM SEMPRE É TAREFA FÁCIL, AINDA MAIS QUANDO É PRECISO “MEXER” NO BOLSO

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lores, joias, jantares, cestas de café da manhã. Nada melhor do que uma época comemorativa para presentear quem a gente gosta, não é? Se estiver brigado com seu parceiro, essa é a chance de se reconciliar; se quiser fazer aquele pedido de casamento, também é o momento ideal. O Dia dos Namorados é, de fato, uma data significativa no calendário e começou a “pegar” no Brasil em 1948, quando algumas regiões passaram a aderir às celebrações. Atualmente, é considerada a terceira melhor para o comércio no país, ficando atrás apenas do Natal e do Dia das Mães. Mas, no momento em que o país se encontra, qual seria a opção mais apropriada de presente? De acordo com a economista Isabel Berlink, em cenário de crise financeira nacional, essas ocasiões especiais movimentam intensamente os negócios. “As empresas que usarem as estratégias mais criativas sairão à frente. Quanto aos consumidores, o ideal é procurar otimizar os recursos em presentes úteis. É importante fazer pesquisas e garantir que está acertando na lembrança”, ensina. A criatividade, muito importante nessas horas, se torna aliada do bolso. “Uma boa sugestão de presente seriam cursos de capacitação, pois a 4ª Revolução Industrial já está requisitando novas habilidades. Mas como o Dia dos Namorados trata de sentimentos, geralmente o parceiro quer agradar, não se importando com o valor. Nesse período,

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Hinglyd Fonseca, proprietária da Açúcar Moreno, aposta em promoções para atrair ainda mais consumidores no Dia dos Namorados

é preciso ter cuidado para não furar o orçamento e desestruturar as finanças”, avalia Isabel. O casal Joice Yanaguizawa e Aerton Rosa sempre busca inovar. Neste ano, a meta é economizar, já que está construindo a nova casa. “Não pensei ainda no valor, mas não vou deixar de presenteá-lo. Também penso em fazer um jantar para comemorar nosso terceiro Dia dos Namorados. Afinal, é uma data especial”, relata Joice.


SUCESSO COMERCIAL Segundo pesquisa realizada pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) em parceria com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), a carga tributária que incide sobre os produtos para o Dia dos Namorados é alta e eleva o preço final. Por exemplo, na compra de um livro, esse peso chega a 15,52%. Os comerciantes, contudo, estão otimistas. A gerente de Marketing das Óticas Paris, Ana Luiza Nogueira da Gama de Azevedo, conta que a posse do novo governo tem dado ânimo e segurança à população para o consumo. “Acreditamos que o resultado das vendas deste ano será melhor do que o de 2018, com uma estimativa de crescimento em 15%”, afirma. Os presentes são variados em modelos e valores. “Normalmente, os clientes não ousam muito no estilo para serem mais assertivos. Preferem modelos e cores mais clássicas, como marrom e preto. Neste ano, vamos inovar e fugir da tradicional promoção de ‘50% no segundo’. Teremos descontos de 20% a 40% nas peças. Está imperdível!”, assegura Ana Luiza.

COMO SURGIU O DIA DOS NAMORADOS? Explicações históricas dizem que o Dia dos Namorados tem suas origens em uma festa romana, a Lupercália, realizada para homenagear o deus Lupercus, invocado para proteger o povo dos ataques de lobos. Nessa comemoração, em 15 de fevereiro, os rapazes colocavam os nomes das moças em frascos e escolhiam os papéis. O nome retirado seria o da futura amada. No Brasil, a ideia surgiu por meio do publicitário João Doria, pai do governador de São Paulo, João Doria Jr. À época ele era dono da agência Standart Propaganda e foi contratado por uma loja com o objetivo de melhorar o resultado das vendas em junho, que sempre eram muito fracas. O dia 12 foi escolhido por ser véspera da celebração de Santo Antônio, que já era famoso no país por ser o santo casamenteiro. Fonte: BBC e G1

E qual namorada não deseja ficar bonita nessa data? Proprietária da Açúcar Moreno, Hinglyd Fonseca também aposta nas ofertas para atrair ainda mais a clientela. “Lançamos descontos nas compras à vista. Quem comprar acima de R$ 250 concorrerá a um vale-presente no valor de R$ 500”, informa. A procura pelos produtos ainda é tímida em Cachoeiro de Itapemirim. O público deve deixar as aquisições para mais próximo da data. A comerciante Dilze Sechin dá a dica: vale apostar em porta-retratos com fotos de momentos especiais e em peças que lembrem o amor do casal. Já Valéria Oakes, também lojista, explica que foi só passar o Dia das Mães que já começou a reforçar com seus clientes a chegada do Dia dos Namorados. “Temos sempre que lembrar ao consumidor o quanto é especial a escolha do presente para esse dia que nós todos – homens e mulheres – esperamos muito.” E-COMMERCE Os “comprometidos” devem aumentar a procura por presentes no e-commerce este ano: ao todo, as compras on-line devem movimentar R$ 2,3 bilhões, alta nominal de 8% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a análise da Compre&Confie, empresa de inteligência de mercado. “A expectativa para o comércio eletrônico continua positiva. A possibilidade de economizar impulsionará um forte crescimento nas vendas deste ano, apesar de a queda do valor médio gasto nos presentes mostrar certa cautela do consumidor neste momento de recuperação da economia”, explica o diretor executivo da companhia, André Dias. A projeção, que considera o período de 28 de maio a 11 de junho, indica que o incremento está relacionado ao volume de pedidos nesses dias. A organização prevê que, ao todo, devem ser feitos 6 milhões de compras on-line, representando uma expansão de 17% em comparação a 2018. Apesar desse crescimento, o tíquete médio deverá ser de R$ 389,17, valor 7,5% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado.

DICAS PARA NÃO ERRAR NA COMPRA Em caso de compra de eletroeletrônico, verifique se existe no Estado assistência técnica dos produtos. O prazo para reclamação de problemas é de 30 dias (produtos não duráveis) ou de 90 dias (bens duráveis). Na hora da compra, exija o teste para saber como é o funcionamento. Exija por escrito o prazo para a entrega dos produtos e montagem. Há pessoas que optam pelo valepresente. Defina com o lojista e anote na nota fiscal a forma efetiva da aquisição do produto. É comum presentear com flores, cestas de pães, frutas, entre outras opções. Verifique se todos os itens estão dentro do prazo de validade. Fonte: Procon-ES

ATENÇÃO NA HORA DE COMPRAR! Ao decidir como irá presentear o seu amor, é importante ficar atento às condições de troca e aos demais direitos e deveres que envolvem aquela compra, alerta a diretora-presidente do Procon-ES, Lana Lages. “O consumidor poderá se sentir lesado quando tiver os seus direitos desrespeitados, quando não for bem informado sobre a política de troca da loja, sobre as formas de pagamento aceitas pelo estabelecimento, quando uma oferta for descumprida, quando não receber a nota fiscal de compra”, enumera No ranking das aquisições que mais são alvos de queixas, os aparelhos de telefone celular lideram. Em seguida vêm móveis e eletrodomésticos. “Ficando atento às condições de vendas e tendo seus direitos desrespeitados, o consumidor poderá buscar os órgãos competentes para orientá-lo”, finaliza a diretora. radio.esbrasil.com.br •

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ATUALIDADE

O evento, realizado no Centro de Convenções de Vitória, movimentou R$ 3 milhões em negócios, alavancando a economia capixaba

VINHO E NEGÓCIOS, UMA BOA COMBINAÇÃO

Empresários têm investido cada vez mais em serviços para tornar o mercado nupcial ainda mais atraente

O Noivas ES 2019 reuniu os mais conceituados representantes do segmento como lojas de vestidos de noivas, fotógrafos, decoradores, entre outros profissionais

O MERCADO NUPCIAL ESTÁ DE VENTO EM POPA!

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ida de casais às igrejas declarando o famoso: “sim” não para. Isso garante a sobrevivência do mercado nupcial à crise econômica no país e ainda movimenta a economia capixaba. Empresários têm investido cada vez mais em serviços para tornar o casamento um momento único na vida dos noivos. O evento Noivas do ES 2019, realizado nos dias 29 e 30 de maio, no Centro de Convenções de Vitória, em Santa Lúcia, reuniu aproximadamente 60 fornecedores para atender aos casais. Em sua 15ª edição, o evento liderado pelas irmãs e empresárias Flávia Firmino e Joelma Peterle, juntou os mais conceituados representantes da área, como lojas de vestidos de noivas, noivos, fotógrafos, doceiros, decoradores, entre outros profissionais. “Além de darmos espaço para diversas empresas que já estão na área, também damos oportunidades para quem está começando a mostrar seu trabalho. Montamos uma grande festa, com apresentação das orquestras, degustação de bolos, doces e bebidas, além de desfiles que são concorridíssimos”, contou Joelma. DADOS Os brasileiros desembolsaram R$ 17 bilhões com eventos sociais, de acordo com dados mais recentes da Associação Brasileira de eventos (Abrafesta), divulgados em 2017, no site da Revista Exame. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas e Eventos (ABEOC), o segmento cresce, em média, 14% ao ano. Assim, a quantidade de casamentos passa de um milhão ao ano, e os gastos com cerimônia aumentam por volta de 10,4%. Além disso, entre 2013 e 2017, o crescimento foi de 25%. Só na cidade de São Paulo, 74 mil casamentos movimentaram 1,4 bilhão de reais no ano.

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Nada como saborear um bom vinho e ainda fazer bons negócios, não é? Os amantes da bebida tiveram a chance de participar do “Vitória Expovinhos 2019 – Salão Internacional do Vinho”, realizado nos dias 22 e 23 de maio, no Centro de Convenções de Vitória, em Santa Lúcia, e conhecer as novidades do mercado. O evento contou com a participação de 62 expositores e mais de 2.500 pessoas passaram pelo local e degustaram os 1.200 rótulos de todos os locais do Brasil. Com o objetivo de formar o mercado consumidor, o Vitória Expovinhos também movimentou R$ 3 milhões em negócios, o que representa o aquecimento da economia capixaba, projetando o Espírito Santo à crescente exigência de um público cada vez mais informado. Segundo o presidente da Fecomércio, José Lino Sepulcri, “o evento proporciona aos empresários e empreendedores com foco neste mercado o networking e prospecção de negócios, e aos apreciadores do vinho de qualidade, oportunidade de conhecer e degustar a mais clássica das bebidas”.

Cursos Cerca de 151 profissionais, que lidam diariamente com o vinho, foram capacitados por meio de cursos básicos e avançados sobre serviço com o vinho, ministrados por palestrantes de renome nacional. Realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES) e organização da Rota Eventos, os cursos ofertados influenciam diretamente no comércio, serviços e turismo da sociedade capixaba.

Profissionais, que lidam diariamente com o vinho, foram capacitados por meio de cursos básicos e avançados que são ofertados desde 2008


ADRIANO SALVI

ECONOMIA

é conselheiro de administração certificado pelo IBGC, professor convidado da Fundação Dom Cabral e sócio da Vix Partners Consultoria e Participações

A LONGEVIDADE DE UM NEGÓCIO DE FAMÍLIA EMPRESAS FAMILIARES REPRESENTAM 90% DOS EMPREENDIMENTOS BRASILEIROS E GERAM, SEGUNDO DADOS DO IBGE, 65% DO PIB NACIONAL

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o entanto, o índice de mortalidade dessas empresas com o passar das gerações é bastante alto. Apenas 30% sobrevivem à transição para a segunda geração e não mais do que 4% passam da terceira geração. Toda empresa familiar é um sistema complexo formado pela co-existência de três dimensões: família, propriedade e gestão, cada uma com interesses próprios. Quando perguntamos às famílias o que mede o seu sucesso, as respostas mais frequentes são a união, o amor e o bem-estar dos seus membros. No aspecto da propriedade, as métricas mais lembradas são a distribuição de dividendos e o retorno sobre o investimento. Já a gestão busca a melhoria contínua de performance da empresa. Quando esses interesses colidem, gera-se tensão na empresa que, se não for tratada corretamente e a tempo, acabará comprometendo a sua sobrevivência no longo prazo. É preciso harmonizar esses interesses tão conflitantes e fazer desse alinhamento um motor de crescimento do negócio ao longo das gerações da família. A tarefa não é simples e passa pelo êxito com que a família empresária abordará cinco pilares essenciais: a coesão familiar, a governança familiar, o desenvolvimento de familiares preparados e contributivos, a governança corporativa e a gestão eficaz. A coesão familiar trata da união da família em torno dos valores e objetivos da organização familiar. O diálogo é o instrumento

para alinhar expectativas e trabalhar os pontos de desconforto, visando ao fortalecimento dos laços afetivos e à aposta efetiva no negócio. O segundo pilar – a governança familiar – destina-se a manter saudáveis os vínculos entre os membros da família e entre esta e o negócio. É recomendável a implementação de um protocolo familiar, que permite a

O diálogo é o instrumento para alinhar expectativas e trabalhar os pontos de desconforto, visando ao fortalecimento dos laços afetivos e à aposta efetiva no negócio” antecipação e planejamento de diversas situações que certamente surgirão em algum momento dessa relação. Pode-se também estruturar um Conselho de Família, destinado a promover o diálogo e decisões sobre as expectativas e condutas dos familiares, zelar pelas histórias e valores familiares, incentivar a integração e a união familiar, definir os limites entre os interesses da família e da empresa, apoiar o desenvolvimento e educação dos membros da

família e estabelecer as diretrizes para a proteção patrimonial. O desenvolvimento de familiares preparados e contributivos forma o terceiro pilar. Os familiares precisam desenvolver a identificação com o negócio e as competências técnicas e comportamentais necessárias para se responsabilizarem pelo futuro da empresa, na gestão ou como acionistas. O quarto pilar é o da governança corporativa, que tem como propósito estabelecer limites formais entre a gestão dos negócios e a família. Uma boa prática é a instituição de um conselho consultivo, que auxiliará na formulação de diretrizes estratégicas, assistirá a diretoria na sua execução e poderá, ainda, apoiar o processo de sucessão, que é um tema altamente sensível em famílias empresárias e que precisa ser abordado com planejamento e profissionalismo. O quinto pilar – a gestão eficaz – trata da adoção das melhores práticas de gestão que levem à geração de resultados positivos continuamente e no longo prazo. Também é fundamental ter um time altamente competente, que atenda as demandas do negócio e que seja alinhado com os propósitos, valores e objetivos da família empresaria. O sucesso e a longevidade da empresa familiar não vêm com manual de instruções. Dar conta de todos esses desafios só é possível quando a família se profissionaliza e se transforma em verdadeira família empresária.

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ESESBRASIL BRASILPERGUNTA PERGUNTA

GERALDO LUZIA JR, JUNINHO Prefeito de Cariacica explica como será o projeto-piloto de segurança pública do Governo federal

Cariacica foi um dos municípios escolhidos pelo Governo Federal para integrar um projeto-piloto de segurança pública. Junto com Ananindeua (PA), Goiânia (GO), Paulista (PE) e São José dos Pinhais (PR), as tropas da Força Nacional estarão presentes em alguns bairros de forma ostensiva, mas a atuação será no território municipal com um todo, inclusive com expansão para as cidades do entorno. Em entrevista concedida com exclusividade para ES Brasil, o prefeito de Cariacica Geraldo Luzia de Oliveira Junior, o Juninho, explica como a administração municipal está se movimentando para o pleno sucesso dessa ação. ESB Como a prefeitura recebeu a notícia que o município de Cariacica participaria do projeto-piloto do governo federal? Juninho Recebemos de forma positiva, até porque desejávamos que o programa chegasse aqui. Mas tudo foi concretizado de forma bem rápida. No fim de março,

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recebemos um e-mail do Ministério da Justiça informando que Cariacica havia sido a cidade escolhida. Sabíamos da intenção do Governo Federal em colocar em prática uma ação de combate à criminalidade e que equipes estavam visitando os Estados a fim de escolher uma cidade por região. Também era de nosso conhecimento que

o programa estadual de segurança pública, o Estado Presente, apresentava uma metodologia muito bem vista pelos órgãos de segurança do Planalto. A partir dessas informações preliminares, começamos a expressar o desejo de, caso um município do Estado pudesse ser escolhido, que fosse Cariacica. Antes de sermos comunicados oficialmente, já havíamos feito contato com o Lelo Coimbra, que está no Ministério da Cidadania, e com a bancada capixaba no Congresso Nacional, principalmente por intermédio da senadora Rose de Freitas (Pode) e do deputado Da Vitória (PPS), o coordenador da bancada, sinalizando que para Cariacica seria muito importante receber o projeto. ESB O que foi feito após serem informados da decisão federal? Juninho Após o comunicado oficial, tivemos quatro dias para informar ao Ministério da Justiça os dois nomes que


fariam a composição da equipe, representando o município de Cariacica. Como é um projeto que faz interface com diversas secretarias municipais, indicamos o vice-prefeito Nilton Basílio Teixeira (PSDB) e o agente de trânsito Neidimar Machado Serrano, já que era uma exigência do Ministério que houvesse um servidor efetivo do município da área de segurança. Pelo Estado, houve a indicação do subsecretário de Integração Institucional, Guilherme Pacífico, e do representante do Corpo de Bombeiros, que nesse caso foi o comandante aqui do batalhão de Cariacica, o tenente coronel Márcio Nascimento Rodrigues. Ainda faltam as indicações dos representantes das Polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária Federal. ESB Diferente dos outros municípios que participam dessa experiência piloto, o senhor já apresentou alguns projetos ao Ministério da Justiça como a criação da Guarda Municipal e a ampliação do videomonitoramento. Como foi a recepção dessa pauta? Juninho Historicamente, a segurança pública é uma das obrigações do Estado, mas não podemos esperar que ele resolva tudo sozinho. Por não saber como seria o projeto, fizemos um esforço para apresentar as pautas que já identificamos sendo prioritárias. Fizemos o termo de referência para criação da Guarda Municipal, até porque era um compromisso meu de campanha com meu município. Outro ponto estratégico é a ampliação do videomonitoramento. Quando cheguei na administração só havia 19 câmaras. Hoje temos 115. Mas não é só a questão de ampliar a vigilância, mas de transformar o sistema em uma plataforma inteligente. Temos que utilizar a tecnologia para o bem da cidade. Não é só ver a imagem, é fazer o reconhecimento de face, a identificação digital de placas, o monitoramento de entrada e saída dos estudantes para aviso aos pais, seja por cartões ou chip, acompanhamento das conduções contratadas para transportar estudantes e doentes, entre outras possibilidades que o uso da tecnologia

Prioritariamente 16 bairros receberão ações do projeto, porém todo o município e as cidades visitas serão afetadas positivamente pelos trabalhos

“Todo esse processo está sendo feito com muito respeito e parceria com os agentes locais, como a polícia militar” pode trazer para gestão pública. Então, nós já tínhamos esse debate bem avançado. A questão da iluminação, que eu também apresentei ao ministro Moro, é fundamental para questão da segurança. Coincidentemente, no dia em que eu fui a Brasília, eu havia mandado uma comitiva da prefeitura conhecer a experiência de iluminação inteligente de uma cidade da região metropolitana de Recife. Lá foi trocado todo parque por lâmpadas de LED em cerca de 10 meses. O “pulo do gato” nessa questão é que luminárias também se comunicam com a plataforma de gestão inteligente. Por isso, identificado essas áreas de atuação, eu achei pertinente apresentar ao ministro Moro.

Com recursos próprios, o município teria orçamento para implantação desses projetos apresentados? Juninho Para colocar em prática, não. Seria necessária a obtenção de convênios de repasse. O projeto-piloto deve encurtar essa nossa jornada. E nossa iniciativa foi bem acolhida pelo General Guilherme Theophilo [secretário nacional de Segurança Pública] e pelo próximo ministro Moro, porque eles sabem que essas ferramentas são de extrema importância para que o projeto-piloto possa avançar. ESB

ESB As medidas apresentadas podem ser incluídos no projeto-piloto? Juninho É um debate a ser feito. Ainda estamos seguindo o planejamento inicial do projeto. Essa situação deve seguir até 28 de junho. Depois, será iniciada a fase operacional com a presença da Força Nacional

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ES BRASIL PERGUNTA

“Integrar nossos recursos aos que chegarão é saudável e será uma das razões para que o projeto seja exitoso”

junto com nossas polícias e Corpo de Bombeiros. A partir da primeira semana de julho, nós já teremos a presença física dos profissionais alocados para o projeto. Seguindo o calendário, o primeiro diagnóstico dos resultados deve estar concluído em novembro. Após análise do Governo Federal, nós vamos identificar aquilo que precisa ser modificado, seguido ou que deve ganhar robustez até para poder planejar no escalonamento para outras cidades. Tudo está em fase inicial e aos poucos vamos saber como ficará a pauta local. ESB Em que momento as ações de aspecto sociais devem entrar em pauta? Juninho Nesse primeiro momento, o objetivo exclusivo é diminuir o índice de criminalidade. As equipes de trabalho já estão em posse de vários diagnósticos locais. Além disso, estamos viabilizando a documentação para que lá de Brasília eles tenham acesso às nossas câmaras de videomonitoramento. A medida que eles forem chegando aos bairros com as polícias e com a inteligência, eles orientação quais programas chamados de sociais deverão ser postos em prática, seja de saúde, de esporte, de educação, habitacional.

Então, nesse primeiro momento não haverá um corpo técnico dessa parte social? Juninho Nesse primeiro momento, não. Mas internamente a discussão já começou e os diagnósticos já estão colocados nas reuniões. Até porque é preciso analisar a situação de cada local atingido pelo projeto. ESB

ESB A força atuará nos mesmos 16 bairros em que o programa Estado Presente está? Juninho Os 16 bairros serão os focais, mas os outros serão impactados assim como

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os municípios vizinhos. Se analisarmos os limites de Cariacica, nós estamos em contato direto com Vila Velha, Serra, Viana, Santa Leopoldina e Domingos Martins. Só com Vitória que o limite é mais delimitado, por conta da baia que nos divide. Então, como trabalhar em Cariacica sem que os municípios ao redor não recebam atenção? A possibilidade de fuga dos criminosos para outras áreas é um perigo real. Para isso, a atuação das forças locais na identificação dos espaços é tão importante? Juninho Não diria importante, mas, sim, fundamental. Todo esse processo está sendo feito com muito respeito e parceria com os agentes locais, como a polícia militar. Isso é um fator de grande esperança para que o processo obterá sucesso. Não adianta nada a vinda de um corpo qualificado externo se não fosse utilizada a força local. É nosso pessoal que conhece ESB

a realidade, as características e que está no dia a dia das nossas ruas. Imagine a Força Nacional chegar aqui e ficar batendo a cabeça em um local totalmente desconhecido de quase a totalidade das pessoas que aqui estarão? Até porque nosso pessoal é totalmente qualificado para participar do projeto-piloto. Pode não estar dando conta, mas isso é devido a vários motivos como a falta de efetivo e equipamentos adequados. Por isso, integrar nossos recursos aos que chegarão é saudável e será uma das razões para que o projeto seja exitoso. E em que estágio está o programa no momento? Juninho Nas definições logísticas. Eles nos pediram diagnósticos de equipamentos públicos de segurança como batalhões em que eles podem usar como base, além de um levantamento de hotéis, pousadas e casas para aluguel de temporada. O interesse deles é ficar no próprio município de Cariacica. ESB



VALÉRIA NOVAS

ECONOMIA

é especialista nas áreas de inteligência de negócios e relacionamento/liderança (CRM, DBM, BI e CX), com 20 anos de experiência no mercado. Foi responsável pelo desenvolvimento das áreas de inteligência em grandes empresas como Sodexo, Telefonica e Walmart

O PROTAGONISMO DA GESTÃO DE PESSOAS NA ERA DIGITAL A ERA DIGITAL SURGE PARA ACELERAR OS PROCESSOS AJUDANDO AS PESSOAS A DESENVOLVER AS SUAS EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS E HABILIDADES MENTAIS

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tempo em que o foco das empresas estava em crescer a produtividade e reduzir os custos olhando basicamente para tecnologia e automação de seus processos internos passou, hoje tudo é automatizado, porém vivemos um momento no qual tudo pode ser copiado com facilidade e rapidez e isso afeta definitivamente a vantagem competitiva e traz para o protagonismo “o como fazer” e não mais “o que fazer”. Na era digital, a tecnologia permite cada vez mais a agilização e automação de processos, apesar disso ter exigido maior capacitação dos profissionais, sabemos que as competências técnicas são facilmente alcançadas, isso coloca em destaque os chamados soft skills, ou seja, as habilidades mentais, emocionais e sociais que as pessoas desenvolvem ao longo de suas experiências. Essas competências comportamentais norteiam as atitudes através das quais as pessoas viabilizam suas entregas e agregam valor para a companhia, levando em consideração a forma como acontece as relações interpessoais, criatividade, colaboratividade, inteligência emocional, processo de tomada de decisão, flexibilidade, riscos e até a forma como administram os erros, ou seja, “o como fazer” é o grande diferencial, justamente porque estamos falando de questões particulares geradas pelo aprendizado individual, portanto, mais difíceis de serem reproduzidas pela concorrência. Nunca foi tão importante fazer uso absoluto das potencialidades humanas como diferencial no mercado, a empresa que consegue

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entender isso e, fazer uma boa gestão de pessoas, além de canalizar, direcionar e evoluir as características pessoais e valores de seus profissionais, desenvolve uma forma única de experiência para o mercado, elas sairão na frente nessa corrida tão acirrada dos negócios, no entanto, por que a gestão de pessoas é um tema tão desafiador? Segundo Bergamini e Tassinari, muitos são os executivos que têm dificuldade com problemas humanos no ambiente de trabalho. Normalmente admitem que os problemas técnicos são fáceis de ser solu-

O ponto de partida é compreender a cultura da empresa, conhecer a essência e trabalhar com pessoas alinhadas com ela e que tenham o DNA que levará a companhia a realizar seu propósito.” cionados, mas que dificilmente deixam um dia de trabalho com a certeza de que resolveram todos os problemas relacionados às pessoas, esse é o fator de maior preocupação. Existem diversas questões que podem ser individuais ou organizacionais que afetam significativamente o desenvolvimento

e a potencialização de conflitos entre as pessoas no ambiente corporativo, tornando o ambiente negativo do ponto de vista emocional e prejudicando a produtividade. Ao passo que os aspectos comportamentais estão em evidência, as empresas precisam propiciar um ambiente que permita a expressão autêntica dessas competências e com isso atinjam o máximo potencial através das pessoas. Quando as empresas não investem esforços para minimizar fatores geradores de conflitos e não conseguem garantir a sinergia no time de profissionais, entendendo e gerindo as diferenças e aspirações individuais, a maioria das pessoas é afetada, ficam desmotivadas, perdem auto-estima, deixam de evoluir e consequentemente impactam os resultados. O ponto de partida é compreender a cultura da empresa, conhecer a essência e trabalhar com pessoas alinhadas com ela e que tenham o DNA que levará a companhia a realizar seu propósito. Somente a criação de times sinérgicos do ponto de vista das competências comportamentais garantem alta performance. Saber que na era digital a tecnologia é o meio de atingir eficiência, mas que o grande diferencial competitivo está em construir uma estratégia que dá protagonismo para as pessoas, permitirá criar e evoluir times coesos, com a potencialização das forças individuais trabalhadas de maneira colaborativa e complementar, essa é a melhor receita para contornar os desafios competitivos e ter um negócio bem-sucedido.


CIÊNCIA E INOVAÇÃO

Foto: utkamandarinka Foto: Helio Filho/Secom-ES

APLICATIVO

ÔNIBUSGV É APOSTA DO TRANSCOL

Foto:Águia Branca

O aplicativo Ônibus GV, uma plataforma de informação para quem utiliza o serviço do Sistema Transcol e o sistema de transporte municipal de Vitória, foi lançado pelo governo do Espírito Santo, no dia 16 de maio. De acordo com o governador Renato Casagrande, o app informa a previsão de horário que os veículos passarão nos pontos, permite que o usuário acesse a rede wi-fi durante a viagem, além de funcionar como uma plataforma de entretenimento, a primeira do tipo em ônibus urbano no país.

TRANSPORTE

PASSAGEM DIGITAL AO SEU ALCANCE As passagens de ônibus da Viação Águia Branca passaram a ser disponibilizadas de forma digital. Os passageiros dos Estados de Alagoas, Pernambuco e Sergipe foram os primeiros a retirá-las no guichê quando compram no site, app ou televendas da empresa. Os bilhetes são validados pelo motorista por meio de leitura do cartão de embarque com um QR Code e podem ser apresentados no celular ou, ainda, impressos na casa do cliente, totem de autoatendimento ou em uma das agências, se o cliente preferir. Em breve, o serviço também estará disponível para clientes do Espírito Santo.

CIÊNCIA

NOVOS MOUSES NO FUTURO Pesquisadores da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, e da Universidade de Bath, no Reino Unido, apresentaram a proposta de um software que permitirá ao usuário substituir o movimento do mouse pelo dos olhos. Segundo a revista científica ACM ComputerHuman Interaction (Tochi), a tecnologia ReType tem o objetivo de otimizar o trabalho do dia a dia, mas ainda está em fase de testes com profissionais de programação. Até o momento, 21 de 28 participantes acharam mais prático usar o olhar para mover a seta em mais de 80% do tempo. Foto: PMC

MEIO AMBIENTE

CASCA DE PALMITO É comum observar pontos de descarte incorreto das cascas de palmito nas cidades capixabas. Para ajudar o processo, a compostagem é a melhor solução, disse Osmar Paulino, gestor da Organobom, empresa localizada na Marca Ambiental. O processo envolve transformações extremamente complexas de natureza bioquímica, promovidas por milhões de microorganismos do solo que têm na matéria orgânica in natura sua fonte de energia, nutrientes minerais e carbono. “Com os métodos corretos de trituração é possível transformá-lo em um riquíssimo adubo para o produtor rural do Espírito Santo, da pecuária à fruticultura, por exemplo.”, afirmou Paulino. Foto: Divulgação

TECNOLOGIA

OLHO DO DONO! A startup capixaba Olho do Dono recebeu o título de melhor do país, conforme a segunda edição do 100 Startup to Whatch. O sistema concorreu com mais 12 mil inscritas registradas na Associação Brasileira de Startups (ABS). Desenvolvida por um grupo de amigos que cursou Ciência da Computação na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), uma câmera 3D é posicionada em algum caminho estratégico em que os bois costumam andar no dia a dia. O equipamento identifica o peso à medida que os animais passam e, a partir dos dados, a plataforma faz recomendações de otimização do negócio, como, por exemplo, qual gado está pronto para venda e qual precisa de mais cuidados. radio.esbrasil.com.br •

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Visite o blog Família S/A em www.esbrasil.com.br Lá você encontra as mais importantes questões que envolvem a gestão de empresas familiares. familiasa@nxte.com.br

Conteúdo Especial - Parceria do Editor

PROFISSIONALIZAÇÃO

O PAPEL DO CONSELHO DE FAMÍLIA

COMO ADMINISTRAR FAMÍLIA E PROPRIEDADE? Já falamos nesta coluna, em diversas oportunidades, que a empresa familiar é um conjunto de três sistemas – família, propriedade e gestão. O choque entre as particularidades de cada sistema, com seus interesses próprios, pode levar a empresa a enfrentar conflitos difíceis de lidar. Porém, a boa administração desses interesses é capaz de representar uma grande força motriz do crescimento do negócio. Consideremos os sistemas da família e da propriedade. Racionalmente falando, um sócio espera que o negócio produza um retorno que lhe seja atraente em função do risco do investimento e em comparação com outras aplicações financeiras disponíveis. Assim, se essa empresa não lhe dá o retorno esperado, é necessário que ele implemente os ajustes cabíveis, seja na estratégia, seja na operação, para que a atividade atinja patamares de lucratividade compatíveis com a necessidade desse sócio. Alternativamente, ele pode cogitar em se desfazer da empresa, aplicando seu dinheiro em outro investimento mais rentável. Numa empresa familiar, se considerarmos o prisma da família, a lógica é bem diferente, pois o que está em jogo não é somente a relação risco x retorno do ativo,

mas também todo o conjunto de sentimentos envolvidos no negócio, a história do fundador e até mesmo da família. Como compatibilizar essas visões aparentemente tão contraditórias? É preciso buscar a profissionalização dos familiares, de modo que eles tenham condições de compreender que retornos são necessários para que a família se mantenha e se perpetue, identificando se a empresa está ou não proporcionando esses retornos esperados; se os riscos estão adequados aos limites da família; se há possibilidade e de que forma melhorar o retorno do negócio; ou se, por razões de mercado, da própria empresa ou da família, não será possível continuar obtendo os retornos almejados e, portanto, os familiares devem cogitar da venda do negócio. Ferramentas como plano de negócios, objetivos, métricas e metas são muito úteis para manter o alinhamento entre as necessidades da família e as possibilidades do negócio. E, acima de tudo, o correto preparo e desenvolvimento dos membros da família para serem sócios, independentemente de trabalharem ou não na empresa, é fundamental para que a família se transforme em verdadeira família empresária.

Adriano Salvi Conselheiro de administração certificado pelo IBGC, professor convidado da Fundação Dom Cabral e sócio da Vix Partners Consultoria e Participações

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O Conselho de Família tem um papel muito importante na tarefa de profissionalizar a família empresária. Além de manter a coesão dos seus membros, cabe a esse órgão promover a discussão sobre o futuro da família e formular programas de desenvolvimento pessoal e profissional destinados a apoiar a continuidade do negócio familiar.

SUCESSÃO PATRIMONIAL

EVITANDO PERDAS E CONFLITOS Tão importante quanto a sucessão na gestão, planejar a sucessão patrimonial, ou seja, do controle acionário da empresa, é fundamental. Um bom processo sucessório evita que o falecimento de um familiar traga instabilidade econômica e perdas patrimoniais, propicia economia de impostos e afasta conflitos de interesses.

MANTER OU VENDER?

UMA REFLEXÃO IMPORTANTE Quando se evolui do modelo de empresa para uma visão baseada na família empresária, o negócio passa a ser visto como um elemento a serviço do crescimento e perpetuação da riqueza familiar. Isso permite um amadurecimento da família para discutir, sem tabus, a manutenção, a reinvenção e até a venda da empresa.

Danielle Quintanilha Merhi Psicanalista, especialista em empresas familiares, professora convidada da Fundação Dom Cabral e sócia da Vix Partners Consultoria e Participações



POLÍTICA

ELAN COSTA

CINCO ANOS DE COMBATE À CORRUPÇÃO FORÇA-TAREFA INVESTIGOU CINCO EX-PRESIDENTES, INDICIOU 426 PESSOAS, CONDENOU 242 E APUROU ATIVIDADES DE 18 EMPRESAS E 14 PARTIDOS

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PRINCIPAIS EXECUTIVOS LEVADOS À PRISÃO

CONTEÚDO DISPONÍVEL EM ÁUDIO

MARCELO ODEBRECHT ex-presidente da Odebrecht

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JOESLEY BATISTA sócio do grupo J&F

WESLEY BATISTA sócio do grupo J&F

DALTON DOS SANTOS AVANCINI ex-presidente da Camargo Corrêa

LÉO PINHEIRO ex-presidente da OAS

ILDEFONSO COLARES FILHO ex-presidente da Queiroz Galvão

EIKE BATISTA fundador do grupo EBX

OTÁVIO AZEVEDO ex-presidente da Andrade Gutierrez e do Conselho de Administração da Oi

RICARDO PESSOA dono da UTC Engenharia

DARIO DE QUEIROZ GALVÃO FILHO ex-presidente do grupo Galvão Engenharia Fonte: MPF e STF

Foto: Mario Roberto Duran Ortiz

Operação Lava Jato completou cinco anos. Muitas foram as descobertas, as “bombas” que vieram à tona e também as críticas. Você seria capaz de resumir o que as investigações alcançaram nesse período? A força-tarefa, que atua em três estados – Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro – e no Distrito Federal, concluiu mais de 60 fases, resultando em 91 acusações contra 426 pessoas. Destas, 63 foram acusadas de improbidade administrativa envolvendo 18 empresas e três partidos políticos: PP, MDB e PSB. A Justiça recuperou R$ 12 bilhões, sendo R$ 2,5 bilhões já devolvidos à Petrobras, e emitiu 50 sentenças por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, crime contra a ordem econômica, fraude à licitação, evasão de divisas, tráfico internacional de drogas, organização criminosa, embaraço à investigação e falsidade ideológica. Foram 242 condenações contra 155 pessoas; mais de 180 fecharam acordo de delação premiada, conforme dados do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná. As denúncias recaíram sobre mais de 100 políticos, de 14 siglas diferentes, incluindo os ex-presidentes da República Michel Temer, Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Collor e José Sarney. Também entraram nessa lista ministros de Estado e políticos do alto escalão, como o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, um dos principais articuladores do impeachment de Dilma. Em março de 2014, a Justiça Federal expediu os primeiros 81 mandados de busca e apreensão. Logo em seguida, foram decretadas 19 conduções coercitivas e a prisão de 28 investigados. Nessa relação estavam o doleiro Alberto Youssef, o empresário Enivaldo Quadrado, proprietário da corretora Bônus-Banval, e outros 14 suspeitos por lavagem de dinheiro e corrupção, crimes ligados ao rombo de mais de R$ 6 bilhões na Petrobras. Executivos e empresários das principais empreiteiras do país também estiveram na mira. Entre os mais de 30 nomes, chegaram a ser presos Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht; os irmãos Joesley e Wesley Batista, sócios do grupo J&F; Dalton dos Santos Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa; Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS; Ildefonso Colares Filho, ex-presidente da Queiroz Galvão; Eike Batista, fundador do grupo EBX; Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez e do Conselho de Administração da Oi; Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia; e Dario de Queiroz Galvão Filho, ex-presidente do grupo Galvão Engenharia. Youssef e Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimentos da Petrobras entre 2002 e 2012, passaram a ser peças-chave na operação. Costa, preso três dias após Youssef, foi solto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas acabou sendo mandado de volta para atrás das grades três semanas depois, quando a Justiça reconheceu que ele poderia fugir por causa de US$ 23 milhões que mantinha em um banco na Suíça. Em agosto de 2014, o ex-dirigente da petrolífera assinou acordo de delação premiada e, no mês seguinte, foi a vez de Youssef fechar tal pacto com o MPF. “A Lava Jato ajudou a mudar o panorama da política brasileira nos últimos cinco anos. As investigações atingiram boa parte do establishment político e, no limite, contribuíram para a renovação assistida nas eleições de 2018. Agora, seu destino é

POSTO DA TORRE, BRASÍLIA Neste estabelecimento está localizado o serviço de lava a jato inicialmente investigado pela Polícia Federal, que deu codinome à operação. A força-tarefa que reúne uma série de apurações em conduzidas pela PF, descobriu um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais em propina.

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Por mais de uma vez, os brasileiros foram às ruas apoiar a Lava Jato

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

incerto. Teria interesse o governo Bolsonaro em manter o ímpeto da operação?”, questiona o cientista político André Pereira César, da Hold Assessoria Legislativa. EFEITOS Em 1992, foi deflagrada a operação Mani Pulite (Mãos Limpas), na Itália, que se consolidou como a maior em toda a Europa ao desvendar um esquema de corrupção envolvendo empresários, autoridades do poder público e mafiosos.

Fonte: MPF

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“Acredito que já avançamos e que continuaremos avançando rumo ao país dos nossos sonhos e, se não for, que seja para os nossos filhos ou netos” Helder Tabosa, consultor político

A estatal petrolífera ENI também ocupava posição de destaque nas investigações do escândalo que transformou as estruturas políticas italianas. Das mais 6 mil pessoas investigadas, 30% delas foram condenadas; algumas cometeram suicídio. A Mani Pulite também tem seus críticos e até hoje é objeto de estudos sobre os efeitos da corrupção nas democracias contemporâneas, bem como sobre os limites e possibilidades da ação judiciária.


UM RAIO-X DA LAVA JATO *Os dados aqui apresentados são referentes ao desenvolvimento da operação em Curitiba/PR

1.196 mandados de busca e apreensão 155 condenações 227 conduções coercitivas R$ 2,5 bilhões devolvidos à Petrobras 6 prisões em flagrante 548 pedidos de cooperação internacional 183 acordos de delação premiada 11 acordos de leniência 1 TAC – Termo de Ajustamento de Conduta

90 acusações criminais contra 421 pessoas pelos crimes

de corrupção, crimes contra o sistema financeiro internacional, tráfico transnacional de drogas, formação de organização criminosa e lavagem de ativos

10 acusações de improbidade administrativa contra 63 pessoas físicas, 18 empresas e 3 partidos políticos R$ 3,2 bilhões de bens bloqueados R$ 44,4 bilhões são alvos de ressarcimento pedidos pelo MPF

Fonte: MPF e STF – **Fonte: MPF em Curitiba Foto: Lula Marques

A Lava Jato guarda similaridades com o caso do país europeu e, do mesmo modo, se transformou em um “divisor de águas”. Na avaliação do consultor político Helder Tabosa, ainda há muito por fazer, como reconstruir a credibilidade do Judiciário brasileiro. “Ninguém, em sã consciência, consegue admitir que o presidente da República continue indicando ministros do Supremo, e governadores, indicando conselheiros dos Tribunais de Contas nos estados, quando o princípio fundamental da Justiça é exatamente a isenção. As relações promíscuas entre Executivo e Legislativo precisam ser repensadas”, comentou. Tabosa frisou que prefere ser otimista. “Acredito que já avançamos e que continuaremos avançando rumo ao país dos nossos sonhos e, se não for, que seja para os nossos filhos ou netos”, finalizou. OS EX-PRESIDENTES Menos de dois anos após o impeachment de Dilma Rousseff (PT) por crimes contábeis, a Justiça condenou, por corrupção e lavagem de dinheiro, seu antecessor, o também petista Luiz Inácio Lula da Silva, primeiro ex-presidente do Brasil a ser preso por crime comum. Antes dele, outros seis ex-chefes do Executivo nacional haviam parado atrás das grades, mas por motivos políticos. O atual ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro, que à época atuava como juiz da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba e comandava o julgamento em primeira instância dos crimes identificados na Lava Jato, havia expedido mandado de prisão devido à condenação em segunda instância

a 12 anos e um mês por corrupção e lavagem de dinheiro. Em fevereiro deste ano, houve nova condenação, a 12 anos e 11 meses, desta vez por receber propinas da OAS e Odebrecht, através da reforma do sítio em Atibaia. No dia 8 de maio, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) publicou a decisão unânime dos ministros da Corte de diminuir para oito anos, 10 meses e 20 dias a pena de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Também foram baixadas as penas de multa: de R$ 1,2 milhão para R$ 181 mil e de R$ 29 milhões para R$ 2,4 milhões (valor do apartamento). Já Fernando Collor (PTC), hoje senador, é acusado de receber R$ 30 milhões em propinas para beneficiar empresas em uma subsidiária da Petrobras. E José Sarney (DEM), acusado de ter recebido “gratificação” de contratos superfaturados da Petrobras e de subsidiárias da estatal, foi denunciado duas vezes pela ProcuradoriaGeral da República, mas ainda não foi julgado. Corrupção, envolvimento em organização criminosa e obstrução da justiça são as denúncias impostas pelo MPF contra Michel Temer (MDB). Dentre seus

“A Lava Jato ajudou a mudar o panorama da política brasileira... As investigações contribuíram para a renovação assistida nas eleições de 2018” André Pereira César, cientista político

Em um ano e meio à frente da Operação Lava Jato, o juiz Sérgio Moro prendeu mais poderosos do que toda a Justiça brasileira em uma década

aliados, o ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima foi preso por esconder R$ 51 milhões em um apartamento (bunker), em Salvador (BA). Sarney, o ex-presidente do Senado Renan Calheiros e o ex-ministro Romero Juca, líder do governo Temer naquela Casa, também tiveram pedido de prisão decretados, mas foram salvos pelo Supremo. A prisão de Temer ocorreu em 21 de março deste ano, durante a Operação Radioatividade, que apurou crimes de formação de cartel e prévio ajustamento de licitações e pagamento de propina a empregados da Eletronuclear. Além da detenção do ex-presidente, o juiz federal da 7ª Vara Federal do Rio, Marcelo Bretas, decretou o encarceramento de Moreira Franco, ex-ministro de Minas e Energia; João Batista Filho, o coronel Lima, apontado como operador financeiro do grupo; Maria Rita

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POLÍTICOS INVESTIGADOS PELO STF POR PARTIDO

Fratezi, esposa do militar; Carlos Alberto Costa, sócio da Engevix; e Othon Luiz Pinheiro, ex-presidente da Eletronuclear. “Michel Temer é o líder de uma organização criminosa, que ocupou durante ao menos quase duas décadas muitos dos cargos mais importantes da República, e se valeu de tal poder político para transformar os mais diversos braços do Estado brasileiro em uma máquina de arrecadação de propinas”, apontam as investigações. A prisão durou apenas quatro dias. A denúncia contra Temer, o coronel Lima e mais 10 envolvidos inclui crime de corrupção ativa e passiva e peculato, tendo sido desviados ao menos R$ 11 milhões das obras da usina nuclear de Angra 3, por meio de um contrato entre a Eletronuclear e a Engevix. Entre os citados estão o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, e suas filhas Ana Cristina da Silva Toniolo e Ana Luiza Barbosa da Silva Bolognani, acusados de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Os três mantinham contas na Suíça, onde escondiam cerca de 15 milhões de francos suíços, o equivalente a R$ 60 milhões. As apurações indicam, ainda, pagamento de R$ 1,1 milhão em propina envolvendo Temer, Moreira e mais seis pessoas. O recurso teria vindo de um contrato de publicidade entre a empresa Alumi e o aeroporto de Brasília. Em 9 de maio, Temer voltou para a cadeia, na sede da Polícia Federal de São Paulo. E dessa vez durou cinco dias o tempo de privação de liberdade. Coube à Sexta Turma do STJ a decisão liminar (provisória) para soltar Temer e Lima. Mesmo com esse resultado, os dois habeas corpus terão de ser discutidos pelo colegiado em outra oportunidade, de forma definitiva. 42 42

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Dos cinco partidos com o maior número de políticos investigados pelo STF, dois são de direita; um, de esquerda; e dois, do centro.

Foto: Acervo Blasting

Temer tentou ligar para Moreira Franco horas antes de os dois serem presos pela primeira vez, no dia 21 de março

Foram alvos da Lava Jato políticos do PTC, PSB, SD, PR, PPS, PP, DEM, PC do B, PRB, PTB e PSD, além do PT, PMDB e PSDB. A operação chegou a atingir os mais influentes do PSDB, como Aécio Neves (MG), José Serra (SP) e Geraldo Alckmin (SP). Este último é apontado por três delatores de receber dinheiro de caixa dois da Odebrecht nas eleições de 2010 e 2014, quando foi candidato à Presidência da República. A empresa também teria pagado R$ 23 milhões em propina a Serra, no exterior. Já Aécio, ex-senador e hoje deputado, conseguiu escapar, no Supremo, de um pedido de prisão formulado contra ele pelo então procurador-geral, Rodrigo Janot, após ser flagrado solicitando R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos proprietários da JBS. NOVOS CASOS Os processos, que antes eram conduzidos na 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba por Moro, passaram temporariamente à juíza Grabiela Hardt, responsável pela segunda condenação de Lula. A magistrada permaneceu no cargo até a chegada do colega Luiz Antônio Bonat, hoje condutor dos processos. Moro deixou o posto no fim de 2018, após aceitar o convite do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para chefiar o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Recentemente, Marcelo Odebrecht classificou o atual presidente do STF, ministro Dias Toffolli, como “amigo do amigo do meu pai”. Usou o termo em um e-mail, entregue à Polícia Federal, ao se referir a Toffolli quando este ocupava o cargo de Advogado-Geral da União (AGU), no governo Lula. Na mensagem, o empreiteiro perguntava aos empresários Adriano Maia e Irineu Meireles: “Afinal, vocês fecharam com o amigo do amigo de meu pai?”.

Esquerda

Centro

Direita

PT - 32

PMDB - 32 PSDB - 26

PP - 35 PR - 19

Partidos com mais ações de improbidade administrativa pelo MPF de Curitiba

PP

MDB

PSB

Investigados x % de acusados criminalmente por bancada PARTIDO PP PT PMDB (MDB) PSDB PR PSD DEM PSB PDT PTB SD PRB PSC PPS PSdoB PODE PSL PTdoB PTC REDE

INVESTIGADOS

ACUSADOS

35 32

55% 48%

32

38%

26 19 17 15 11 10 8 6 6 4 4 4 3 2 2 1 1

46% 44% 40% 45% 26% 48% 42% 43% 25% 36% 36% 18% 100% 50% 100% 20%

Fonte: elaborado a partir dos dados de registro de estabelecimento do Mapa (2017 e 2018)

Outro caso emblemático nesse período foi o suicídio do ex-presidente do Peru Alan García. A polícia chegou à casa dele, em Lima, às 6h25, e, ao ser avisado da prisão, García pediu para falar com seus advogados, mas se dirigiu ao quarto e deu um tiro na cabeça. Foi socorrido pelos agentes, mas faleceu. Ele era investigado por recebimento de propina da Odebrecht e tivera pedido de detenção temporária por 10 dias.


ATUALIDADE Foto: Fernanda Carolina

A Terceira Ponte foi palco mais um vez de apoiadores do governo federal

E O POVO FOI ÀS RUAS MAIS UMA VEZ!

A

população voltou às ruas, desta vez para apoiar o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSB). No dia 26 de maio, milhares de manifestantes se concentraram na Praia da Costa, em Vila Velha, e atravessaram a Terceira Ponte para encontrar outro grupo que já estava na Praça do Papa, em Vitória. Na pauta do ato estavam a defesa da reforma da Previdência proposta pela equipe econômica e o pacote anticrime apresentado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. A organização garante que 50 mil pessoas participaram do evento, enquanto a Polícia Militar estima a presença de 35 mil. Em vários momentos, o Hino Nacional foi cantado pelo público; também houve gritos de palavras de ordem. A maioria vestia roupas nas cores verde e amarelo, mas também havia um número significativo de camisas com o rosto do presidente estampado. Consultor em marketing político e diretor executivo da República Marketing Político, Darlan Campos avalia que as manifestações formam mais um capítulo da queda de braço entre o Congresso e Bolsonaro. “O resultado é positivo para o bolsonarismo. O número de cidades e participantes foi menor do que os das manifestações do dia 15, entretanto o governo sai fortalecido, demonstrando capacidade de organização e mobilização”, afirmou. Darlan acredita que esta é a primeira de outras manifestações que devem ocorrer. “O presidencialismo plebiscitário é caracterizado por mecanismos diretos de conexão entre eleitor e presidente na tentativa de não levar em consideração as instituições partidárias, com o

Em contraponto, opositores tomaram as ruas de Vitória em protesto contra o contingenciamento na verba da educação

objetivo de pressionar os partidos e seus líderes a votar de acordo com o presidente. Os eventos do dia 26 são um desdobramento dessa estratégia plebiscitária. Veremos novas manifestações, no futuro, pró e contra o governo”, destacou. OUTROS ESTADOS Ao menos 156 cidades em 26 estados e no Distrito Federal registraram os atos no mesmo dia. Os grupos também levaram bandeiras do Brasil e faixas com frases de apoio a propostas apresentadas pelo governo de Bolsonaro. Os protestos apoiavam ainda a redução de 29 para 22 no número de ministérios. No Rio de Janeiro, manifestantes pediam o fechamento do Congresso, o que é ilegal, inconstitucional e antidemocrático. Para o cientista político César Pereira, as passeatas “não foram nem um retumbante fracasso nem um sucesso absoluto”. “Na pauta do Congresso, há medidas provisórias que podem ou não perder a eficácia, a depender da vontade política, em especial a MP 870, que trata da reforma ministerial – e em particular o Coaf –, a reforma da Previdência e a reforma tributária. No Supremo Tribunal Federal (STF), a retomada do julgamento de ações sobre a criminalização da homofobia, assunto bastante caro para grande parte do eleitorado do presidente Bolsonaro. Resta agora aguardar a poeira baixar para se avaliar com precisão o alcance das manifestações e quais os seus efeitos práticos. De todo modo, em meio a notícias negativas, Bolsonaro pode comemorar uma pequena vitória”, analisa. PRESIDENTE FALA Por meio das mídias sociais, Bolsonaro disse que as manifestações são sinônimo de amadurecimento da democracia e que os atos “traduzem a esperança e a confiança do povo”. “Acredito que o Brasil caminha cada vez mais para o amadurecimento de sua democracia, com representantes sensíveis aos anseios da sociedade”, postou. Ele reforçou que os brasileiros foram pacificamente às ruas para cobrar melhorias no país. “Sinal de que a sociedade não perdeu as esperanças de que nós, políticos, escutemos sua voz. Não podemos ignorar isso. É hora de retribuirmos esse sentimento. Estamos todos no mesmo barco e juntos podemos mudar o Brasil!”, ressaltou. radio.esbrasil.com.br •

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Leonardo Carrareto

“Acima de tudo, tente algo.” Franklin D. Roosevelt

#IDEIAS Não se apaixone pela primeira ideia. Apaixone-se pelo problema. Um erro comum (e até certo ponto compreensível) é seguirmos com projetos e ideias à medida que eles aparecem e ignorarmos os problemas que queremos resolver. Einstein já dizia: “Se eu tivesse uma hora para salvar o mundo, passaria 59 minutos definindo o problema e um minuto procurando soluções”.

Uma das práticas que mais chamam atenção quando as pessoas visitam o Vale do Silício é o give back, ou seja, o hábito de retornar ao ecossistema tudo que você já recebeu dele. Além de demonstrar gratidão, isso cria uma cadeia de benfeitorias coletivas em escala. Pode ser uma mentoria, uma conexão com alguém, uma informação. Que tal colocar essa prática no seu dia a dia? Uma ação como esta tem efeitos estrondosos, muito maiores do que algumas políticas econômicas. @esbrasil •

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#EMPRESASHUMANIZADAS “Empresas humanizadas”. Já ouviu esse termo? E “empresas que curam”? Ambos foram cunhados por Raj Sisodia e Michael Gelb e são relacionados à medida que propõe a adoção de relações mais sadias e de longo prazo nas empresas, focadas no bem-estar e na continuidade da vida. As organizações que pensam assim devem estar alinhadas aos quatro princípios básicos do capitalismo consciente: 1) propósito maior; 2) orientação para stakeholders; 3) liderança consciente; 4) cultura consciente. Vitória sai na frente e ganha o primeiro movimento para reunir e buscar a transformação dos ambientes de trabalho e torná-los mais humanos. Quer saber mais? Siga o Instagram @humanizadas.es e acompanhe as atividades.

#BIGDATA Dados são o novo petróleo. Você precisa extraí-los, refiná-los e utilizá-los para gerar energia em seu negócio. Se a metáfora não é suficiente para entender a importância dessas informações, saiba que, para cada dólar investido em análise e inteligência de dados, o retorno é de 10 dólares. Mas por onde começar? Um bom ponto de partida é conscientizar a empresa que aqueles registros do CRM, ou o preenchimento correto de um dado de formulário do sistema, podem fazer a diferença (para bem ou para mal) em análises futuras. E mais: a não consciência disso consegue levar a empresa a estratégias erradas. Basta lembrar que um grau erroneamente alterado na direção é capaz de conduzi-la, no longo prazo, para um lugar bem distante do seu objetivo.

#ALAVANCAGEM

#GIVEBACK

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Especialista em Inovação e Futurismo e fundador da WIS Educação, escola de inovação. Busca acelerar o desenvolvimento dos mercados no mindset exponencial e da inovação disruptiva.

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Alavancagem. Os tempos dinâmicos pedem essa prática incrível. E como você pode aplicá-la na sua atividade? Quais recursos, dados, conhecimento e conexão de sua empresa que podem ser úteis ao outro? Como é possível intercambiar com esse outro o mesmo ativo que gere valor para o seu negócio? Em um primeiro momento, isso é uma ação, mas em pouco tempo, com os resultados, incorpora-se ao mindset. Assim, a cultura de alavancagem permite, de forma leve, a construção compartilhada e ágil de novos negócios, de recursos e de investimentos.



POLÍTICA TURISMO

Foto: Lucas Calazans/PMC

ORGULHO

ALUNA VENCE COMPETIÇÃO DE TEXTO PARA CARTA A rede municipal de educação de Cariacica vibrou com a conquista do segundo lugar geral no Concurso Internacional de Redação de Cartas. O feito foi da estudante Lívia Purcino, Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Manoel Mello Sobrinho, localizada no bairro Vila Palestina. O tema escolhido pela aluna do 9º ano mostra que consciência social não é coisa só de adultos. “Escolhi falar no meu texto sobre o empoderamento feminino, sobre a luta das mulheres para conquistar direitos básicos, como o do voto. Falei de todas as mulheres como super-heroínas que buscam conquistar seus direitos todos os dias”, explicou. De início, Lívia não pretendia participar. O incentivo foi da professora de Língua Portuguesa Ana Paula Gomes de Carvalho. “Insisti porque percebi que ela escrevia e argumentava bem. Orientei para que ela e os demais alunos participassem. O resultado é satisfatório e traz esperança para os estudantes de escola pública, uma vez que disputamos com colégios particulares. Sem dúvida, desperta novas expectativas e novos horizontes nessas crianças, e elas passam a acreditar que têm potencial e podem chegar aonde querem”, explicou a professora. Os Correios são os responsáveis brasileiros pela competição. Mais de 160 unidades de ensino capixabas disputaram a seletiva.

SHOPPING CONTA COM CENTRO DE ATENDIMENTO O município de Vila Velha conta com mais um Centro de Atendimento ao Turista (CAT), agora no Boulevard Shopping, que fica no cruzamento das rodovias do Sol e Darly Santos. Além de ser um local para orientar aqueles que visitam a cidade, a unidade apresenta com uma loja colaborativa com produtos de artesãos da cidade. O espaço funciona das 10h às 22h, durante todos os dias da semana, incluindo sábados, domingos e feriados. Lá também há um ponto fixo da Associação Brasileira dos Amigos dos Passos de Anchieta (Abapa).

Foto: BSVV

Foto: Marcia Leal

TECNOLOGIA

VIRADÃO

APLICATIVO PARA INCENTIVAR O ESPORTE A Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim recorre às estratégias da sociedade conectada para incentivar seus moradores a aderir à prática esportiva e a promover ações para melhorar a qualidade de vida. Estamos falando do aplicativo para smarthphone “Nosso Esporte Cachoeiro”. Nele os usuários podem acessar informações sobre atividades em quadras e ginásios do município, núcleos e grupos esportivos, calendário dos eventos, modalidades, academias ao ar livre e notícias e, ainda, receber dicas de esportes de aventura e de locais apropriados para a prática de cada um. Foto: PMCI

TRÂNSITO

SUCESSO NO TESTE PARA ESTACIONAMENTO ROTATIVO A empresa classificada na licitação do serviço de estacionamento rotativo de Cachoeiro de Itapemirim foi aprovada nos testes de verificação. A prova de conceito, como é chamado o processo de avaliação do sistema proposto, foi realizada no estacionamento do pavilhão de eventos da Ilha da Luz. Com a liberação, foi aberto o prazo para apresentação de recursos pelas empresas participantes do certame. Em caso de ausência ou de indeferimento dos recursos, o resultado será homologado e a vencedora será convocada para a assinatura do contrato de concessão. O sistema deve começar a operar nos próximos meses. De acordo com o termo de referência do edital, o serviço de estacionamento rotativo deverá ser prestado mediante o uso de parquímetros multivagas on-line, sensores de ocupação de vagas, equipamentos emissores de tíquetes eletrônicos de estacionamento e, ainda, inserção de créditos via telefone celular, por meio de sistema informatizado. 46

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INSCRIÇÕES ABERTAS PARA PROPOSTAS ARTÍSTICAS A Prefeitura de Vitória já está preparando a quarta edição da Virada Cultural. O evento, que reúne manifestações artísticas nas ruas e equipamentos públicos do Centro Histórico, ocorrerá nos dias 28 e 29 de setembro. E, para garantir a pluralidade e riqueza das atrações, a Secretaria de Cultura (Semc) lançou edital de seleção de proposta de atividade artística e para composição da programação. As inscrições seguem até dia 5 de julho. Mas atenção: somente poderão receber os recursos os proponentes domiciliados no município de Vitória. Serão contemplados 49 projetos de atividades artísticas divididas em 21 categorias. Foto: Leonardo Silveira


HORTA COMUNITÁRIA

LEGUMES E ERVAS MEDICINAIS FRESQUINHOS

NOVA LEGISLAÇÃO SIMPLIFICA VIDA DOS EMPRESÁRIOS

Foto: Prefeitura de Viana

O município da Serra dá mais um passo na desburocratização de investimentos na área comercial. Isso porque o alvará sanitário passará a vigorar por três anos. Já a validade para o licenciamento simplificado para empresas consideradas de baixo risco, como supermercados, hotéis, restaurantes e salões de beleza, será de até 40 dias. Essas alterações também visam a dar mais celeridade ao processo de licenciamento. O decreto com as novas regras, que serão adotadas a partir de julho, trata, ainda, das notificações desses estabelecimentos, aperfeiçoando os instrumentos de controle e de fiscalização. Dessa forma, serão liberados três tipos de licenciamento, dependendo da atividade exercida: o alvará sanitário, a autorização sanitária e o assentimento sanitário. A prefeitura ressaltou que a alteração na validade do alvará sanitário não exime os empresários de suas responsabilidades. As licenças podem ser canceladas, suspensas ou cassadas, se houver irregularidades.

Foto: Andressa Roncon

Foto: Divulgação-PMS

ALVARÁ SANITÁRIO

Uma ação conjunta da Prefeitura de Viana e da comunidade está levando mais sabor e saúde para os lares. A administração do município está preparando mais uma horta comunitária, agora em Campo Verde. Desta vez, a produção é de ervas medicinais, que serão usadas pela Pastoral da Saúde da Igreja Católica. Para esse projeto, estão participando as paróquias de Bethânia, de Marcílio de Noronha e de Viana-Sede. As hortas comunitárias têm ganhado o gosto dos moradores e já estão presentes nos bairros Areinha e Marcílio de Noronha II. Os interessados podem colher legumes, hortaliças e outros alimentos como taioba, couve, alfaces diversas, almeirão, alho-poró, pimentão, jiló, mostarda, berinjela, tomate-cereja, cebolinha verde, salsa, coentro, manjericão, chuchu e ora-pro-nobis, tudo de forma gratuita.

Foto: Divulgação

INVESTIMENTO

PACOTE DE MELHORIAS PARA OS VIANENSES Mesmo com orçamento bem enxuto, a Prefeitura de Viana anunciou uma série de investimentos. Um deles foi a ordem de serviço para substituição de luminárias em Santa Terezinha. Outra foi a autorização para o início da obra de complementação do sistema de esgotamento sanitário de Viana-Sede. Com orçamento de R$ 3,4 milhões, a instalação é uma realização da Cesan e do governo do Estado. Também segue a todo vapor o Plano de Regularização Fundiária, que tem por objetivo escriturar 687 lotes. Sobre esta última ação, o subsecretário de Habitação, Joilson Broedel, explicou os critérios utilizados para seleção dos espaços. “Fizemos um trabalho para diagnosticar o problema de irregularidades de toda a cidade. Analisamos como devemos fazer a regularização fundiária de alguns bairros. E diante desse estudo, incluímos Viana Centro e Santa Terezinha como prioridades”, destacou o gestor, informando, também, que todos os contemplados receberão o documento já com registro em cartório em custo.

CONCURSO

OPORTUNIDADE PARA TODAS AS ÁREAS A Prefeitura de Vila Velha fará concurso público no segundo semestre deste ano com 1.529 vagas. As oportunidades são para os níveis técnico, médio e superior. Haverá também seleção para ingressar no Instituto de Previdência de Vila Velha (IPVV). Os salários variam de R$ 988 a R$ 4.536,00, além de vantagens, para carga de 20 a 40 horas semanais. Para os cargos de nível superior, podem concorrer professores, pedagogos, médicos, enfermeiros, dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas, administradores, contadores, arquitetos, engenheiros, geólogos, arquivistas e advogados, entre outros profissionais que serão especificados no edital. A estimativa é que o documento seja publicado em setembro. A aplicação das provas está prevista para novembro. radio.esbrasil.com.br •

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ABIDO SAADI

José Eugênio Vieira é pesquisador, com diversos livros publicados sobre a História do Espírito Santo, e atualmente é diretor técnico do Sebrae

O EX-MASCATE QUE TRANSFORMOU FRUSTAÇÃO NUMA GRANDE CIDADE O IMPORTANTE DESBRAVADOR TEVE SEU NOME REGISTRADO NA PRINCIPAL VIA DE JACARAÍPE, NO MUNICÍPIO DE SERRA

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ois episódios, um bélico e um político, marcaram o destino de uma personalidade que teve seu nome definitivamente associado à vida econômica e social do nosso Espírito Santo. No ano de 1914, a deflagração de um desses acontecimentos abalou os alicerces pacíficos de nações europeias e ocasionou verdadeiro êxodo de migração, uma fuga para países distantes do conflito que entrou para a História como a Primeira Grande Guerra Mundial. Extensas levas, entre os 3 milhões de habitantes, deixaram o Líbano, cujo território tem apenas 10,5 mil quadrados. Muitas delas vieram para o Brasil, de dimensões continentais. Entre as famílias que optaram por nosso país e que mais tarde se fixariam no Espírito Santo figurava a do casal Antônio Saadi e Kafa Mattar Saadi. Aqui eles plantaram raízes e novos sonhos, refeitos da fuga no porão de um

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navio que iria aportar no Rio Grande do Sul, dando-nos, tanto tempo passado, motivação para este levantamento. O outro episódio, de cunho político, ocorrido no Espírito Santo, transformou uma derrota eleitoral para a Prefeitura de Vitória, em 1963, num novo rumo que se refletiria em importantes conquistas, por força certamente de memória atávica desde a formação da pátria de seus pais pelos fenícios e babilônios. Falamos de Abido Saadi, nome que é uma chancela no mundo dos conquistadores de espaços. Nasceu ele no dia 14 de setembro de 1915, na cidade gaúcha de Santa Maria da Boca do Monte, terra natal também de seus seis irmãos. Com a família, transferiu definitivamente seu domicílio para o Espírito Santo quando tinha 12 anos, inicialmente para João Neiva. Na contramão dos imigrantes europeus, que vieram em busca de terras para a produção agrícola, os libaneses, como a família Saadi, dedicavam-se ao comércio e a pequenas indústrias. Muitos deles atuavam como mascates, visitando com tropas de burros pequenos núcleos de população no interior do país. O jovem Abido Saadi formou sua personalidade nesse modelo de atividade comercial, comprando e vendendo café, milho e cereais em geral, segundo depoimento de seu genro Francisco Alfredo Lobo Junger. Adolescente, ainda em João Neiva, foi atleta, jogando futebol na Ferroviária. O time havia sido criado por servidores da associação mantida pela Companhia Vale do Rio Doce, atual Vale, que sediava uma grande oficina de manutenção dos trens da Vitória-Minas naquela cidade. Adulto, mudou-se para Acioly, distrito de João Neiva, onde continuou trabalhando no ramo de comércio.


Ao longo de seus quase 4,8 mil metros, a Avenida Abido Saadi, uma extensão da ES-010, abriga os principais estabelecimentos comerciais de Jacaraípe

Município: Serra Bairro: Jardim da Penha Extenção: 5,3 Km

GPS -20.1133549 -40.1752665

Participe da coluna enviando sugestões para enderecodahistoria@nxte.com.br

Em suas andanças percorrendo o interior do Estado, conheceu em 1973, em Colatina, a jovem Nair Dalla, de tradicional família capixaba, irmã do ex-senador da República Moacir Dalla. Com ela se casou e teve quatro filhos: Abido Saadi Sônia, Izabel, Sandra e Kafa. Em maio (14/09/1915) a (24/11/1984) de 1944, já com a primeira filha, Sônia, nascida, a família constituída mudou-se para Vitória. De espírito extrovertido e comunicativo, nosso personagem conquistou amigos e admiradores que o estimularam a se ingressar na atividade política. O seu primeiro passo, nessa área, levou-o a disputar, em 1963, a prefeitura da capital. Era cedo demais, e a vitória de Solon Borges Marques, figura muito popular na cidade, apresentador de programas na Rádio Espírito Santo, desencantou Abido Saadi. Uma derrota que o levou a uma espécie de exílio voluntário, transferindo sua residência para o balneário de Jacaraípe, na Serra, à época um lugar inóspito, onde era proprietário de um terreno à beira-mar com 50 alqueires. Sua visão de futuro motivou-o a planejar e executar loteamento racional da área, plantando os alicerces do que iria se tornar, num futuro não muito distante, uma das mais importantes cidades do Espírito Santo. Recuperou seu prestígio de liderança como força política, ultrapassando fronteiras. Sua casa era ponto obrigatório de passagem de autoridades de expressão nacional, como o então governador de São Paulo Ademar de

Barros. Francisco Lacerda de Aguiar, o “Chiquinho”, o visitou pelo menos duas vezes como governador do Espírito Santo. Uma de suas atividades paralelas em Jacaraípe foi exercida no ramo industrial, na produção de móveis e agregados para o setor de construção civil, com a exploração de uma pedreira de brita. O nome desse desbravador se incorporou definitivamente à vida da cidade que seu idealismo e sua visão de futuro ajudaram a construir. E a homenagem que os capixabas lhe prestaram, com a decisão da Assembleia Legislativa de dar seu nome à principal via pública da cidade, reflete um pensamento comum. A Avenida Abido Saadi contém a memória imortalizada desse construtor de sonhos que mudou de plano no dia 24 de novembro de 1984, aos 69 anos de idade. Copidesque: Rubens Pontes

Veja mais fotos na galeria do site: www.esbrasil.com.br. Quem são as personalidades que deram nome às ruas e às avenidas do Estado. A coluna “O Endereço da História” presta uma homenagem às pessoas que tanto contribuíram para o Espírito Santo. Confira.

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PANORÂMICAS Parceria do Editor

Fotos: Divulgação

100 DIAS

PALESTRA SOBRE ATUAÇÃO DO GOVERNO FEDERAL Os avanços e os desafios da política econômica do governo federal nos primeiros 100 dias de gestão. Esse foi o tema do evento que reuniu economistas, empresários, gestores e outros profissionais no auditório da Findes, no dia 9 de abril. Fruto de uma parceria entre Corecon-ES, Ibef, Cindes, Findes e Ideies, o encontro teve como palestrantes os economistas Luiz Alberto Machado e Marcelo Saintive. “A abordagem informou e trouxe novas perspectivas, fazendo um diagnóstico da política econômica brasileira, propondo novas soluções para o país”, avaliou o presidente do Corecon-ES, Ricardo Paixão. PROJETO

COMÉRCIO EXTERIOR EM DEBATE O Corecon-ES foi um dos apoiadores do coquetel-palestra promovido pela Prolink Brasil, que debateu o tema “Comércio exterior: eficiência logística do mercado capixaba”. O objetivo do encontro, ocorrido em 23 de abril, em Vitória, foi apontar oportunidades e estimular novas possibilidades na área logística do Espírito Santo. “Faz parte da missão institucional do Conselho de Economia apoiar as iniciativas para estímulo aos negócios e ao desenvolvimento econômico no Estado”, avalia o presidente do Corecon-ES, Ricardo Paixão.

ECONOMIA NAS ESCOLAS O projeto Corecon-ES nas Escolas vem realizando uma série de atividades para estudantes do ensino médio. No dia 23 de abril, o presidente do Conselho, Ricardo Paixão, ministrou palestra no Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee) de Vitória. Em sua apresentação, o dirigente forneceu informações sobre planejamento financeiro e serviços feitos pela entidade e aproveitou para divulgar o desafio “Quero Ser Economista”, um jogo virtual voltado para estudantes do ensino médio de todo o Brasil cuja proposta é despertar o interesse dos jovens pelo estudo da economia e pela profissão.

FÓRUM EM VITÓRIA

CONGRESSO EM FLORIANÓPOLIS

O presidente do Conselho, Ricardo Paixão, marcou presença no II Fórum Brasil de Governança, Riscos e Compliance, realizado no dia 8 de abril, em Vitória, pelo Movimento Empresarial Espírito Santo em Ação. Na edição deste ano, o evento trouxe o tema “Princípios da governança pública e privada” e contou com a participação de especialistas, executivos do setor privado e representantes governamentais, reforçando a integração dos atores relevantes no cenário nacional com a agenda da integridade.

Entre os dias 16 e 18 de outubro, será realizado em Florianópolis (SC) a 23ª edição do Congresso Brasileiro de Economia (CBE), uma parceria entre o Conselho Federal de Economia (Cofecon) e o Conselho Regional de Economia de Santa Catarina (Corecon-SC). O encontro, que nesta edição deve reunir 1.500 economistas de todo o país, é voltado para reflexão e debate sobre os principais aspectos que afetam a economia brasileira e mundial. Todos os anos, o Corecon-ES é representado no evento por membros da diretoria, conselheiros e economistas capixabas.

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Fotos: Aline Pagotto

POR ALINE PAGOTTO

NATUREZA E AVENTURA EM UM ÚNICO LUGAR PARQUE DO FORNO GRANDE ABRIGA O SEGUNDO PONTO MAIS ALTO DO ESPÍRITO SANTO, LINDAS QUEDAS-D`ÁGUA E TRILHAS PARA QUEM GOSTA DE CONTEMPLAR SUA RIQUEZA BIOLÓGICA

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canto de dezenas de espécies de pássaros e a presença de animais nativos e da rica flora, que inclui guapebas, ipês, quaresmas e cedrelas, são alguns dos atrativos do Parque Estadual do Forno Grande, no município de Castelo, no Sul do Estado. Aberta à visitação, a reserva natural, criada em 31 de outubro de 1960, abriga ainda o segundo ponto mais alto do Espírito Santo, o Pico do Forno Grande, com 2.039 metros de altitude. Mas por que o maciço rochoso, anteriormente utilizado como ponto de referência das caravanas que seguiam em direção a Minas Gerais para explorar ouro, recebeu esse nome? Como a população que vive no entorno tem forte influência da colonização italiana, o cume foi assim batizado por ser semelhante aos fornos de assar pães, tipicamente utilizados pelos imigrantes. Também é dessa ascendência que vem a tradição dos cultivos de café, morango e hortaliças, produtos bastante presentes na região. 52

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O parque apresenta trilhas de fácil acesso, onde há pontos de água potável (bicas), bancos e mesas para contemplação, descanso ou lanche. O Centro de Visitantes Olavo Perim Galvão conta em sua estrutura com banheiros, bebedouros e museu, com coleções de flora e fauna, incluindo bichos empalhados encontrados na floresta.

SUBIDAS Quem deseja se aventurar e conhecer novos ambientes e espécies vegetais pode se render sem medo às trilhas. A subida pode ser feita com ou sem guia turístico. Sinalizadores em cada ponto fazem alusão ao sistema solar, com explicações sobre cada planeta. É possível percorrer as trilhas desde as áreas de floresta densa até as vegetações típicas de campos rupestres. Quem passa por lá confere, ainda, o processo de restauração florestal. A fauna também deixa, literalmente, suas impressões: as pegadas de bichos em extinção, como a jaguatirica, a suçuarana e a preguiça-de-coleira.


CONHEÇA OS PONTOS PRINCIPAIS ENCONTRADOS NA TRILHA CACHOEIRA Uma das partes mais atrativas do parque. A cachoeira situada logo na subida da trilha tem uma queda-d’água de aproximadamente 30 metros de altura. O local é um pouco íngreme, e para chegar até lá é necessário caminhar uma média de 30 minutos. Distância: 290 metros. GRUTA DA SANTINHA Uma pequena gruta natural com a imagem de Nossa Senhora Aparecida. A subida é fácil e ao chegar lá é possível descansar em bancos instalados ao redor. Para quem é religioso, o lugar é ideal para fazer uma prece. Distância: 400 metros. POÇOS AMARELOS Várias piscinas naturais formam os Poços Amarelos, que levam esse nome por causa da cor da água, resultado da quantidade de ferro nela presente. O visitante pode se banhar tendo uma vista simplesmente incrível. O percurso dura em média duas horas. Distância: 950 metros. MIRANTE DA PEDRA AZUL O ápice do parque. Quem chega ao cume se sente um verdadeiro desbravador. Lá do alto é possível contemplar a vista panorâmica dos municípios de Castelo. Venda Nova do Imigrante, Domingos Martins e Vargem Alta, além do Frade e a Freira, do Parque do Itabira e do Pico da Bandeira. É de encher os olhos! Distância: 2.100 metros de altitude.

COMO VISITAR O PARQUE O acesso é feito por estrada de terra em bom estado de conservação. Os caminhos que levam ao destino são: De Pedra Azul, passando por Alto Caxixe até o parque: 28 km. Do Trevo da Fazenda do Estado, passando pelo Caxixe Frio até o parque: 23 km. De Pedra Azul, passando por São Paulinho do Aracê até o parque: 28 km. De Cachoeiro, passando por São Paulinho do Aracê até o parque: 77 km. De Castelo, passando pela Fazenda da Prata até o parque: 32 km. De Castelo, passando pelo Limoeiro até o parque: 42 km.

Domingos Martins ES-164 Aracê

Parque Estadual do Forno Grande

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Vitória 2h 32min 126 km

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LUCIANO RAIZER MOURA

ECONOMIA

é professor doutor do Departamento de Tecnologia Industrial da Ufes, com pós-doutorado em indústria 4.0 pelo Instituto Fraunhofer, da Alemanha

UMA NOVA INDÚSTRIA CONECTADA, INTEGRADA E INTELIGENTE: ESSA É A INDÚSTRIA 4.0

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ocê certamente já ouviu falar que estamos vivendo uma revolução, a chamada 4ª Revolução Industrial. Também já deve ter escutado que tecnologias como inteligência artificial e internet das coisas estão mudando o mundo. Mas talvez tenha dúvidas sobre o que exatamente é e quais os impactos disso na sua vida e, se você for um empresário, no seu negócio. Bem, vamos entender de forma mais simples. As mudanças tecnológicas são frutos de duas situações: a intensa geração de conhecimento e a internet. O smartphone, por exemplo, possibilitou o acesso à internet e a enorme conexão que passou a existir entre pessoas, empresas e “coisas”. É a chamada transformação digital. Basta perceber a maneira que você pede comida, se locomove, faz compras, se diverte, entre tantas outras situações do dia a dia. Mas por que quarta revolução? Porque já foram identificadas na História outras três situações que trouxeram grande impacto ao mundo e, por isso, foram chamadas de revoluções. A primeira ocorreu na Inglaterra, no final do século XVIII, com o uso de máquinas para a produção de bens, fazendo surgir as fábricas. A segunda revolução ocorreu no início do século XX, quando Henry Ford passou a fabricar carros (o famoso Ford “T”) adotando a linha de montagem, desenvolvendo a produção em massa. A terceira se deu na década de 1970, com a automação dos processos industriais e o consequente aumento da produtividade.

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E quarta é fruto da transformação digital do mundo que estamos vivenciando: cidades inteligentes, casas inteligentes, carros inteligentes; tudo passará a ser mais inteligente. E a indústria 4.0? Bem, explicando de modo simples, representa a transformação digital das fábricas, o surgimento das “fábricas inteligentes”. São dotadas de robôs industriais, automação e processos, CNC, as chamadas de “tecnologias embarcadas”, gerenciadas por softwares integrados, que são os ERPs. A evolução foi dotar as fábricas dos “sistemas ciberfísicos”, integrando o mundo real com o virtual, promovendo

As mudanças tecnológicas são frutos de duas situações: a intensa geração de conhecimento e a internet” a conexão entre máquinas, produtos, pessoas e sistemas (chamada de integração vertical) e também a conexão da fábrica com seus fornecedores e clientes (chamada de integração horizontal). As máquinas estão integradas e atuam de forma autônoma. Essa integração permite outra vantagem: a flexibilidade da produção, em que o cliente poderá definir as especificações dos produtos.

A indústria 4.0 consolidará a chamada customização em massa, que significa oferecer produtos que atendam a cada cliente, mas com o custo da produção em grande volume. Na Alemanha, onde surgiu esse conceito a partir de 2011, atualmente apenas 5% das empresas podem ser consideradas indústria 4.0. Parece pouco, mas são elas que estão gerando as tecnologias modernas a serem usadas mundo afora para produção de bens de consumo. Muitos estudos, como o feito pela McKinsey, apontam que, com a indústria 4.0, haverá significativos ganhos, como aumento da produtividade em até 50%, redução do custo de manutenção em até 40%, diminuição do tempo para mercado em até 50% e crescimento da previsibilidade para 85%, entre outros indicadores de produtividade. Além disso, estimam a elevação de um ponto percentual no PIB da Alemanha e a alta de 6% do nível de empregos. E na sua empresa, qual será o impacto? É certo que ocorrerá, por ser uma mudança sem volta. Você tem a oportunidade de fazer parte dessa revolução, ou se lamentar das consequências ou oportunidades perdidas. Para se preparar, é preciso conhecer as novas tecnologias e modelos de negócio para uso dessas tecnologias visando a aumentar a competitividade. A indústria 4.0 é, de fato, a nova indústria, a 4ª Revolução Industrial, que é muito mais estratégia que tecnologia. Uma escolha de pessoas, empresas e nações.


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ESTILO Foto: Kristyna Archer

Foto: Divulgação

COLEÇÃO

RIQUEZAS PERUANAS Das montanhas coloridas de Vinicunca veio a inspiração para as peças e para o nome da nova coleção da designer Carla Buaiz. Em destaque, joias em ouro amarelo e ródio negro, com diamantes brown e brancos, pérolas barrocas, granadas, citrinos Rio Grande e rodolitas que, com a madeira marchetada, criam um contraste cheio de sofisticação, trazendo toda a riqueza dos desenhos e cores dessa linda paisagem do Peru. Um trabalho artesanal delicado e cheio de personalidade, que faz com que cada peça seja única. Entre os tipos de madeira utilizados na coleção estão o marfim branco, o jatobá, a figueira e o cedro. Vinicunca é derivada da coleção “Rainbow”, que usa o poder das cores de energizar e ampliar emoções como amor, alegria e espiritualidade, resultando em uma arte cheia de significados.

MULHERES INSPIRAM MAGIA DO MAR A figura feminina tem tomado cada vez mais espaço no mundo, e nada melhor do que usá-la como tema para criar a coleção fitness outono/inverno 2019 da grife capixaba Magia do Mar. Denominada “Double Action”, a campanha traz as gêmeas Branca e Bia Feres (foto), atletas olímpicas brasileiras de nado sincronizado e medalhistas nos jogos Pan-Americanos de 2007, vestindo peças que refletem em cores, recortes e tendência a conquista diária da mulher e sua identidade singular. Entre as novidades na cartela de cores estão o vinho terroso, batizado de Sensuale, um tom lavanda moderno nomeado de Alvorada, o violáceo escuro Deluxe, o lilás acinzentado Alquimia, o verde opaco Bonsai, o azul-claro Orvalho e o azul acinzentado Shark. TENDÊNCIA

ESTILO BOHO

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No mundo da moda, o estilo boho, também conhecido como hippie chique ou boêmio, se tornou sinônimo de espírito livre. São elementos atemporais que o incrementam ainda mais por toda parte, incorporando elementos da natureza, romantismo e personalidade. E a tendência está sendo bastante adotada nas cerimônias de casamento, como mostrado no evento Noivas ES 2019, realizado em 30 e 31 de maio, em Vitória. O decorador Lu Petri afirmou que a aposta é “utilizar painéis de folhas desidratadas e triângulo ou retângulo supermoderno para fundo de cerimônia religiosa, além de emoldurar o buquê desidratado para a noiva guardar como recordação”.

Consagrado por seu trabalho que revolucionou o som e a imagem, David Bowie foi um exemplo de estilo. Pensando nisso, a Vans lançou uma coleção especial que celebra a obra do cantor. As cinco peças, entre tênis, acessórios e vestuário para adultos e crianças, foram inspiradas em imagens icônicas do artista britânico. Cada uma delas foi desenhada para representar memoráveis passagens da carreira, das capas dos discos “Aladdin Sane” e “Ziggy Stardust” e até a arte da tour “Serious Moonlight”. Os produtos já estão disponíveis no site da marca.

ACESSÓRIO

ÓCULOS MÁSCARA Queridinhos dos anos 2000, os óculos máscara voltaram com tudo nesta temporada. Com a lente inteiriça, os modelos são ultramodernos e complementam perfeitamente os looks mais estilosos, dando um toque esportivo e divertido às peças mais sérias, como as de alfaiataria, e também às básicas. O DiorSoLight1, da Dior, escolhido de Sabrina Sato (foto), na cor preto, é jovial e moderno e ostenta lentes mais sóbrias. Essa versão estará disponível nas Óticas Paris a partir de junho. Foto: João Troya

Foto: Divulgação

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DAVID BOWIE PARA VANS

Foto: Divulgação

BEACHWEAR

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ESPECIAL


MOTORES Foto: Hand-out

CURSO DE PILOTAGEM PROFISSIONAL DE AVIÕES

SEU CARRO “FALA” As luzes do painel acendem, um ruído estranho aparece no motor, e até mesmo o volante e os pedais vão dar pistas de que algo está errado. Saiba que esses são sinais de que o carro está “falando” com você. “Identificar o momento em que é necessário realizar a manutenção é importante em vários quesitos: segurança, conforto, economia de combustível e prolongamento da vida útil dos componentes. Para saber se está na hora certa, basta prestar atenção e perceber os sinais que o seu próprio veículo dá”, destaca o gerente de pós-venda da Vitória Motors Jeep, Flávio Reis. Luzes amarelas e vermelhas, som contínuo, semelhante ao de aspirador de pó ligado, ranger agudo ao pisar no freio e pneus cantando ao fazer curvas em baixa velocidade são outros indícios de que o automóvel precisa de cuidados. Fique atento!

Foto: Divulgação

PRÊMIO ESPECIAL I-PACE O I-Pace, SUV totalmente elétrico da Jaguar, conquistou um trio histórico de prêmios no World Car Awards de 2019, realizado em 18 de abril, em Nova York, Estados Unidos. O veículo foi o primeiro modelo a ganhar os três troféus de maior prestígio dos 15 anos de história do evento. E não apenas levou o cobiçado título de World Car of the Year de 2019 (Melhor Carro do Ano) e o de World Car Design (Melhor Design do Mundo), como também foi eleito o World Green Car of the Year (Melhor Carro Sustentável). “É o reconhecimento que o primeiro veículo totalmente elétrico da marca merece. Estamos falando de qualidade, design, desempenho e alta consciência ecológica. Vitória justa!”, comemorou o gerente-geral da Land Vitória, Guto Roque.

A Xiaomi, empresa especializada em smartphones e itens elétricos para o dia a dia, lançou a bicicleta elétrica HIMO T1. O produto, com potência de 350W, lembra uma pequena moto – o designer se aproxima ao da Scooter. Feita com materiais resistentes ao fogo, a “bike” tem pneus de 90 mm de largura e sistema de freio duplo traseiro e dianteiro. Também possui 14.000mAh de bateria, percorre 120 km a cada recarga e alcança velocidade de 25 km/h. O veículo chegará ao mercado chinês nas cores branco, cinza e vermelho no dia 4 de julho e custará ¥ 2.999 (cerca de US$ 447 ou aproximadamente R$ 1.743). Ainda não há previsão para que desembarque no Brasil.

VENDA DE USADOS EM ALTA! A venda de veículos usados cresceu 13,3% em abril no Brasil, segundo a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto). A instituição analisou que a variação se deve ao fato de o carnaval ter ocorrido em março, favorecendo um contraste maior com o mês seguinte. Além disso, o resultado de vendas em abril por dia útil também foi muito expressivo, chegando a 7,9%. Já o comparativo entre abril deste ano e o mesmo mês de 2018 mostra um recuo de 1,2%. A entidade segue confiante de que em maio as vendas sejam ainda maiores.

Foto: Petr Josek

Foto: Divulgação

BICICLETA ELÉTRICA XIAOMI

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Foto: Divulgação

A procura por transporte aéreo em 2019 acumulou alta de 4,3% em relação ao mesmo período de 2018, em demanda doméstica, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Pensando nesse segmento de mercado, a Universidade Vila Velha (UVV) abriu inscrições para o curso de graduação tecnológica em Pilotagem Profissional de Aeronaves, para maiores de 18 anos, que terá duração três anos e contará com professores com vasta experiência, muitos deles comandantes de linhas áreas, incluindo voos internacionais. Mas esse não é um curso para qualquer pessoa. Problemas de visão, pressão alta, colesterol elevado, sinusite, audição ruim e distúrbios psicológicos são alguns dos fatores que podem pôr fim ao sonho de quem pretende se tornarum piloto de avião ou de helicóptero. Mais informações no site www.uvv.br.


essas MULHERES

FABRICIA KIRMSE

essasmulheres@nxte.com.br

E

sta é uma coluna dedicada às mulheres. Essas que são filhas, mães, esposas e ainda dão conta de suas tarefas profissionais com charme, competência e uma sensibilidade que só elas têm!

DIA DAS MÃES E DIA DOS PAIS Eu sei, é polêmico. Muita gente argumenta que não se pode deixar de comemorar as datas “somente” porque alguns não têm pai e/ou mãe. Mas lhe convido a um exercício sincero de empatia e reflexão. Já parou para pensar em quantas crianças, nas escolas, ficam excluídas do Dia das Mães e do Dia dos Pais? Mas quem tem os pais jamais estará excluído, por exemplo, do “Dia do Quem Cuida de Mim” ou, quem sabe, do “Dia da Família”. Algumas unidades de ensino, públicas e particulares, já têm adotado novas formas de prestigiar aquele (a) que cuida. Os novos tempos pedem, sem dúvida, essas adequações. A escola, afinal, deve ser um espaço que acolhe a todos. A criança que tem pai e mãe presentes está em um grupo favorecido de certa forma. Que bênção é ter os genitores! Posso dizer com tranquilidade que é um privilégio, até porque não tenho meus pais e sei bem como me fazem falta. Veja: quem tem mãe/pai pode comemorar a data festiva em família, todos reunidos e felizes. Não ter, na escola, as festas chamadas “Dia das Mães” e “Dia dos Pais” não fará ninguém infeliz ou menos feliz. Contudo, quem não tem o genitor, este sim é

impactado pela comemoração em sala de aula. Sabe por quê? Porque ele não se enquadra. Porque dias antes da celebração já começam os preparativos. Os ensaios, geralmente musicais, exaltam exaustivamente a figura específica da mãe e do pai. Ele vê as outras crianças envolvidas, gostaria de se sentir parte disso, mas não se encaixa. Está à margem. Pensar em uma sociedade melhor é pensar num mundo em que a MAIORIA entende que é preciso acolher as MINORIAS. Não são as minorias que têm de se encaixar aos padrões, mas sim as maiorias (favorecidas) que devem acolher quem está, de alguma maneira, excluído das convenções sociais. Empatia verdadeira é isso. É entender que você pode repensar uma “regra” para acolher, com amor, quem não “se encaixa” nessa regra. O que muda, afinal, para quem tem pai e mãe se passarmos a comemorar o “Dia de Quem Cuida”? Muda nada, gente. Mas, para quem não tem os genitores ou uma família no molde padrão, essa mudança fará muita diferença. Assim, evoluímos na busca por equidade. Avançamos por um mundo mais humano e menos desigual. Escolas, está na hora de abraçar essa ideia.

CONSUMO Outro aspecto que podemos repensar é a compra de lembrancinhas nessas mesmas datas (Dia das Mães e Dia dos Pais). É um hábito que reproduz uma lógica de consumo opressora. Se não deveria ser adotado nem em casa, que dirá na escola. Muitas vezes são os professores que as preparam (alguns colégios pedem, inclusive, contribuição financeira dos pais para os custos). Não seria muito mais interessante se o “presente” fosse autoral, feito pelas mãos dos próprios alunos, de jeito simples, mas muito mais pessoal e afetuosa? É tempo de mudar nosso olhar, como pais e como sociedade. É hora de construir novos valores para formar uma geração muito mais humana, empática, acolhedora, e menos materialista e apegada a convenções sociais.

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