SOHUEM – TRILOGIA DA MEIA-NOITE II

Page 6

morte. A nudez era o último de seus problemas, representava a renascença. Adentraram uma cabana, o aroma do capim desaparecera brevemente dos ares. Posta sobre um leito, trouxeram-na mudas de roupa e debruçaram-nas sobre ela, as quais bisbilhotou, topando num semblante terno, curioso e banhado de sol. Para a sua surpresa, apesar de serem peles de animais, os tecidos eram leves e sofisticados. – Como se sente? Corvina comprimiu os lábios roxos. – Melhor, obrigada. Você salvou minha vida. Não teve certeza se ser salva era sua melhor opção. No entanto, ter o direito de vislumbrar mais uma manhã vindoura faria tudo valer a pena. A lembrança da insígnia fez o coração sobressaltar. O estranho decodificou seu pensamento. – Acalme-se, seu colar estava ao lado – ele colocou a mão no bolso, retirou o cristal com entalhes alaranjados e jogou-o para ela. – Sou Gared. – Corvina – sibilou intrinsecamente, levantando as mãos tomando o artefato. Nada ocorreu. Arquejou aliviada. O minuto se construiu passivo de abordagens. – Onde estou? – tornou a inquirir o estranho enquanto se vestiao, guardando a insígnia, ou melhor escondendo-a. – No condado de Beret. Passou o braço pela manga recortada. – Nunca ouvi falar – objetivou. Gared riu harmoniosamente. Encontrou tanta graça em tais palavras que chegou a se encostar na parede batendo palmas breves e ocas. – Com toda certeza, nem no mapa consta – dizia, controlando os risos caducos. 14

sohuem.indd 14

23/07/2012 16:36:01


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.