27-07-2010

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Ano 1 / N°210 / Natal, TERÇA-FEIRA, 27 de julho de 2010

CIDADES

RODA VIVA

CANDIDATOS AO GOVERNO DIZEM O QUE VÃO FAZER PARA MELHORAR A EDUCAÇÃO NO ESTADO

ESTADO NÃO FAZ A SUA PARTE E PODE ATRASAR AINDA MAIS O NOVO AEROPORTO DE SÃO GONÇALO

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ESPORTES

POLÍCIA AINDA NÃO SABE QUEM INCENDIOU ÔNIBUS DO CAMPINENSE

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MANO ASSUME E CONVOCA OS MENINOS DA VILA

MAGNUS NASCIMENTO / NJ

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ESPORTES

WAGNER MEIER / FOTOARENA / FOLHAPRESS

CIDADES

PREFEITURA ANUNCIA

ULTIMATO À CAERN

/ ABASTECIMENTO / PROCURADOR DO MUNICÍPIO CRIA COMISSÃO PROCESSANTE E ESTABELECE PRAZO DE QUATRO MESES PARA RESCINDIR CONTRATO COM A CAERN; ARGUMENTO É QUE EMPRESA NÃO CUMPRIU ACORDO DE SANEAR 80% DA CAPITAL

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WALLACE ARAÚJO / NJ

CIDADES

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ECONOMIA

ESPECIALISTA ALERTA PARA RISCOS DA PPP

PESQUISADOR DEFENDE

ALTERNATIVAS ECONÔMICAS PARA SEMI-ÁRIDO

Proposta de incluir somente imóveis no Fundo Garantidor da Copa pode ser desvantagem para consórcio que explorar a arena, diz advogado paulista Carlos Sundfeld.

Meteorologista do INPE, Paulo Nobre, defendeu ontem durante conferência na 62ª reunião da SPBC a substituição das atuais atividades econômicas no sertão nordestino.

PT E PV DEFINEM AGENDAS DE DILMA E MARINA EM NATAL

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ECONOMIA

▶ Pesquisador do INPE, Paulo Nobre faz palestra na reunião da SBPC

IVAN CABRAL NEY DOUGLAS / NJ

ROYALTIES AINDA ESTÃO LONGE DO QUE O RN RECEBIA ANTES DA CRISE DE 2008

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WWW.IVANCABRAL.COM

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POLÍTICA

POLÍTICA

WILMA CULPA PREFEITURA POR ATRASO EM OBRAS A ex-governadora afirmou ontem durante almoço promovido pela Fecomércio que a prefeitura é responsável pela demora nas obras do Pró-Transporte. O procurador eleitoral Ronaldo Chaves concluiu o parecer em que pede a impugnação da candidatura de Wilma ao Senado. O julgamento está marcado para quinta-feira no TRE.


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Editor Marcos Bezerra

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/ NOVO JORNAL / NATAL, TERÇA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2010

MAGNUS NASCIMENTO / NJ

MINAS TEM O 1º BARRADO PELO FICHA LIMPA / ELEIÇÕES / CANDIDATO A DEPUTADO ESTADUAL PELO PPS, ATHOS AVELINO, TEVE O REGISTRO NEGADO PELO TRE DE MINAS GERAIS; ADVOGADO DO PARTIDO DIZ QUE VAI RECORRER SITE PREFEITURA DE TEÓFILO OTONI

FOLHAPRESS

advogado. Athos Avelino tem três dias para recorrer da decisão.

FOI BARRADO O primeiro candidato

SARNEY

com base na Lei da Ficha Limpa. Athos Avelino Pereira, que concorre ao cargo de deputado estadual pelo PPS-MG, teve seu registro de candidatura negado por cinco votos a zero no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Minas na tarde de ontem. Segundo o tribunal, as causas do indeferimento da candidatura foram a ausência de documentos para o registro (certidões criminais e cíveis, além de comprovante de escolaridade) e a inelegibilidade decretada em 2009. O TRE considerou Pereira como inelegível por três anos por cometer abuso de poder em 2008, quando tentou a reeleição para prefeito em Montes Claros (MG). De acordo com a decisão da época, o candidato também fez uso indevido dos meios de comunicação. A ação de impugnação da can-

didatura foi proposta pelo Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais e pelo candidato a deputado estadual Luiz Tadeu Martins Leite (PMDB), filho do atual prefeito de Montes Claros, Luiz Tadeu Leite, que derrotou Pereira em 2008. Renato Galuppo, advogado do PPS em Minas Gerais, disse que o

/ MATO GROSSO /

/ RIO /

/ ARGENTINA /

ÍNDIOS LIBERTAM ÚLTIMOS REFÉNS EM HIDRELÉTRICA

CHACINA DE ACARI PRESCREVE SEM PUNIÇÕES

PROBLEMA EM AVIÃO PRENDE ADOLESCENTES EM BARILOCHE

AGÊNCIA BRASIL CINCO TRABALHADORES QUE ain-

da eram mantidos reféns por um grupo de indígenas na Usina Hidrelétrica Dardanelos, em Aripuanã, em Mato Grosso, foram libertados na tarde de ontem. A informação é do grupo responsável pela obra, a Energética Águas de Pedra. Em nota, o consórcio diz que, apesar da liberação dos funcionários, a ocupação permanece, “o que impede a continuidade da obra no Rio Aripuanã”. As lideranças indígenas anunciaram que vão preparar uma pauta de reivindicações para deixar o local. A ocupação começou quando cerca de 300 índios tomaram o canteiro de obras e fizeram pelo menos 100 funcionários reféns. A maioria foi libertada ainda no domingo.

▶ Athos Avelino teve a candidatura contestada por adversário e pelo MP

FOLHAPRESS A LUTA CONTRA

a impunidade liderada pelas chamadas Mães de Acari acabou ontem sem prisões. Há 20 anos, 11 pessoas desapareceram no crime, que ficou conhecido como a chacina de Acari. Apesar do empenho do grupo, ninguém foi punido e o crime prescreveu ontem. Nessas duas décadas, o grupo teve uma de suas integrantes assassinada, também sem que o algoz fosse identificado e preso. Suas colegas aguardam agora o esclarecimento da morte de Edméa da Silva, em 1993. Em 26 de julho de 1990, 11 pessoas, muitas moradoras da favela de Acari, zona norte do Rio, foram sequestradas na Baixada Fluminense e desapareceram. As investigações apontaram para a participação de policiais civis e militares que teria tentado extorquir algumas das vítimas com passagem na polícia.

partido vai recorrer. Para ele, a Ficha Limpa é inconstitucional por negar o princípio de que o réu só pode ser considerado culpado quando não cabe mais recurso. Como Pereira foi condenado pelo TRE e, posteriormente, pelo TSE, mas ainda não teve o recurso julgado pelo STF, não poderia ter a candidatura impugnada, disse o

Foram ouvidas 59 testemunhas, feitas buscas em rios, cemitérios e sítios da região, mas nenhum vestígio das vítimas foi encontrado. Mais de mil páginas de inquérito não foram suficientes para polícia e a Promotoria apontarem os culpados. A chacina foi a primeira de uma série de crimes bárbaros que marcaram o Rio no início da década de 90 - como as chacinas de Vigário Geral e da Candelária. A mobilização das Mães de Acari teve repercussão internacional e inspirou outros familiares de vítimas da violência. “O desaparecimento traz um sofrimento sem fim. É um luto eterno’’, disse Marilene Lima de Souza, 58, mãe de Rosana Souza Santos, 18. A mobilização das mães, hoje restam sete das nove, virou modelo no país. Mas a quantidade de mulheres na mesma situação mostra que nem tudo mudou desde então.

/ PETRÓLEO /

GOVERNO QUER PLANO CONTRA ACIDENTES AMBIENTAIS NO MAR DIVULGAÇÃO

FOLHAPRESS O GOVERNO AFIRMOU

que pretende apresentar, até setembro, um Plano Nacional de Contingência para acidentes relativos a exploração e produção de petróleo no mar. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o acidente ocorrido na plataforma da BP, no Golfo do México, há três meses, foi “ponto fora da curva’’. “Podemos avançar numa proposta de um plano nacional que acolha essa adversidade, esse cenário de risco que não foi desenhado em nenhum país do mundo. Foi Um ponto fora da curva que superou todos os cenários previstos”, disse, no Rio. Segundo a ministra, o plano será uma ampliação e um desdobramento da legislação criada a partir de 2000, quando o rompi-

▶ Plataforma no litoral do Rio de Janeiro: cuidados após acidente da BP mento de um duto na Refinaria Duque de Caxias, no Rio, despejou 1,3 milhão de litros de óleo na Baía de Guanabara, causando um desastre ambiental. Na ocasião, foi determinado que o país fizesse o plano - o que

nunca aconteceu. “Mas cuidamos da segurança. Os poços que estão produzindo no pré-sal da Bacia de Santos foram revistados.” Marinha, Ibama e ANP (Agência Nacional do Petróleo) participarão do plano.

O deputado federal Sarney Filho (PV-MA), que teve sua candidatura a deputado federal impugnada com base na Lei da Ficha Limpa, vai poder concorrer às eleições deste ano. A decisão foi tomada pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Maranhão, na tarde de ontem. A base para que a candidatura fosse derrubada era uma ação de inelegibilidade em que o político foi réu. Durante a campanha eleitoral de 2006, Sarney Filho teria cometido “conduta velada” por propaganda eleitoral antecipada num site. Na decisão, por cinco votos a um, os juízes do TRE consideram que não cabia negar a candidatura do candidato, já que ele foi absolvido no processo anterior, quando pagou somente uma multa.

FOLHAPRESS PROBLEMAS COM UM voo fretado

da empresa argentina Macair Jet atrasaram a volta ao Brasil de 109 jovens que estavam em Bariloche. O retorno deles estava marcado para o domingo, mas, segundo o relato de pais dos estudantes, o avião teria sido impedido de deixar o país. Ontem à tarde foi decidido que eles iriam para Buenos Aires e depois para o Rio. Os pais haviam recorrido ao 20º Juizado Especial Cível, no aeroporto Tom Jobim, que determinou à empresa prazo de uma hora para informar a data de volta dos jovens, sob pena de multa de R$ 100 por hora. A College Turismo disse que eles ficaram em um hotel, com alimentação, e que vão chegar hoje. A Anac afirmou que está investigando o caso.

▶ Júlio Terceiro, o “Deus da raça” alvirrubra pode deixar clube / AMÉRICA /

FORTALEZA VOLTA A SONDAR JÚLIO TERCEIRO ENQUANTO OS ALVIRRUBROS

buscam pontos fora de casa, os bastidores no América continuam movimentados. Apesar de nem a diretoria, nem Júlio Terceiro confirmarem, o volante, bem conceituado junto à torcida por causa da raça demonstrada em campo, estaria envolvido em uma negociação com o Fortaleza para a vinda de Leandro, que também joga como volante. “Não tô sabendo de negociação alguma. Se existe, não chegou a mim, precisa ver isso com a diretoria”, afirmou o jogador. O vice-presidente americano,

Clóvis Emídio, negou qualquer negociação relacionada ao volante e taxou como “especulação”, mas afirmou que existe o desejo do Fortaleza em contar com o jogador. “Não recebemos nada nesse sentido, o que existe é que o Fortaleza quer Júlio desde o ano passado, mas não houve qualquer contato”, afirmou o dirigente. O clube decidiu rescindir, unilateralmente, o contrato do lateral Flavio Pará, que deverá voltar ao Botafogo/RJ, clube detentor de seus direitos federativos.

SEIS PONTOS EM SANTO ANDRÉ

ria, enquanto o Santo André tem três; um empate completa o retrospecto dos duelos. Apesar das dificuldades que espera encontrar na casa do adversário para superar o tabu de ainda não ter vencido no pósCopa, Lula Pereira acredita que com o passar dos jogos, o elenco americano está conquistando sua identidade em campo. “Começamos a ter identidade. Daquilo que eu quero estamos longe, mas o importante é a dedicação dos atletas e acredito que para esse jogo, conseguiremos evoluir ainda mais”, apontou o treinador.

O América está sem vencer há quatro jogos pela Série B – três deles no pós Copa –, e busca sua segunda vitória na competição para começar a tirar o “pé da lama”. Na 18ª colocação com sete pontos, o alvirrubro precisa derrotar o Santo André, na 14ª posição com 11 pontos, para evitar que as equipes da zona intermediária se afastem e fique cada vez mais difícil a fuga do rebaixamento. Para o duelo de hoje à noite, às 21h, no estádio José Daniel, o técnico Lula Pereira não deve ter novidades. Sem mudanças na relação, a postura deverá ser parecida para escolha da equipe que estará em tempo. Dentre as poucas surpresas que o torcedor pode esperar entre os 11 titulares está a presença do meia-atacante Reinaldo no lugar do meia Esley, com Chimba – também saindo do banco de reservas – para o lugar de Fábio Neves. Mas a surpresa esperada pelo torcedor é mesmo uma vitória fora de casa, no entanto, o histórico contra o time paulista não é dos melhores. Em cinco jogos contra o atual vice-campeão do Paulistão, os potiguares contabilizam apenas uma vitó-

ADVERSÁRIO

Mesmo após conquistar um bom resultado na última rodada – empate com o Figueirense fora de casa -, o Santo André segue perto da zona de rebaixamento. Um “dever de casa” bem feito hoje pode afastar a crise que começa a rondar o clube. Para o confronto, a única dúvida do técnico Sérgio Soares é a escalação do volante Gil, com dores musculares.. Por outro lado, Ale retorna ao meiocampo após cumprir suspensão automática. A principal novidade no time é volante Makelele, contratado junto ao Palmeiras, que teve sua documentação regularizada junto a CBF.


Política

Editor Viktor Vidal

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NATAL, TERÇA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

TIAGO LIMA / NJ

IMPUGNAÇÃO

ENCAMINHADA

/ PROCESSO / PROCURADOR ELEITORAL CONCLUI PARECER CONTRA CANDIDATURA DE WILMA DE FARIA E JULGAMENTO DEVE OCORRER NA QUINTA-FEIRA

▶ Fátima Bezerra integra o comitê da campanha da ex-ministra no RN

MAGNUS NASCIMENTO / NJ

NEY DOUGLAS / NJ

CRISTIANO FÉLIX

O PARECER FINAL

PROCURADOR RONALDO CHAVES SUSTENTA QUE WILMA NÃO APRESENTOU QUITAÇÃO DE DÍVIDA ELEITORAL

ANNAPAULA FREIRE DO NOVO JORNAL

INTEGRANTES DA COORDENAÇÃO

▶ TRE tem até o dia 5 de agosto para julgar registros o advogado da ex-governadora, Erick Pereira, que chegou a sugestionar que a procuradoria poderia ter incorrido em erro ao questionar as informações anexas. O equívoco, segundo ele teria acontecido por “excesso de trabalho”. Notoriamente, a atuação da PRE tem sido intensa no primeiro período da campanha, em que estão sendo questionados mais de 70 registros de candidatos, partidos e coligações. O número é o mais alto da região Nordeste. Entretanto, apesar das declarações do assessor jurídico, o pro-

curador Ronaldo Chaves reforça a ausência de um comprovante de quitação, seja pelo pagamento ou parcelamento, de uma multa inscrita no dia 19 de abril deste ano, até o requerimento do registro. “Qualquer documentação que ateste situação diversa, só pode ter sido emitida ou anexada ao processo em data posterior ao prazo de registro de candidatura”, informou em uma nota distribuída à imprensa. No mesmo texto ele ressaltou que a análise de todos os processos que tramitam na segunda instância “é feita de forma criteriosa

e responsável e tem como principal objetivo resguardar o cumprimento da lei”. A expectativa é de que a discussão jurídica seja vasta, uma vez que o colegiado de juízes tem como questão principal ponderar sobre a validade ou não de documentos apresentados fora do prazo estipulado pela Justiça Eleitoral, muito embora, de acordo com a lei, a comprovação de pagamento integral ou parcelamento de dívidas deva ser comprovado até a formalização do pedido, sob pena de que ele seja desatendido.

CANDIDATA CRITICA PREFEITURA E IMPRENSA DURANTE SABATINA D´LUCA / NJ

RAFAEL DUARTE DO NOVO JORNAL

A ex-governadora do Estado e candidata ao Senado Federal, Wilma de Faria, não apresentou nenhuma proposta, mas elegeu ontem quatro prioridades que promete levar ao Congresso Nacional caso seja eleita em outubro: reforma tributária, reforma política, saúde e segurança. Sabatinada por empresários durante um almoço promovido pelo sistema Fecomercio, Sesc e Senac, no hotel Barreira Roxa, ela aproveitou o encontro para fazer um balanço dos sete anos e cinco meses em que esteve à frente do governo. A maioria das obras que listou, no entanto, ainda está em andamento como o aeroporto internacional de São Gonçalo, que só tem a pista de pouso concluída; e a refinaria Clara Camarão, que deve ficar pronta até dezembro deste ano. Na área econômica, Wilma de Faria afirmou que o mercado de trabalho chegou a crescer 80%, mas por conta da crise econômica ficou na casa dos 60% com a criação de 200 mil empregos. Ela também criticou a imprensa. A ex-governadora citou um estudo recente que coloca o RN em segundo lugar no Nordeste em índice de desenvolvimento econômico. “Mas a melhor manchete que conseguimos foi ‘RN é o melhor entre os piores’. A imprensa precisa ser mais bairrista”, cobrou. A ex-governadora também não poupou a morosidade de algumas obras que dependem da

A MELHOR MANCHETE QUE CONSEGUIMOS FOI ‘RN É O MELHOR ENTRE OS PIORES’. A IMPRENSA PRECISA SER MAIS BAIRRISTA” Wilma de Faria Ex-governadora e candidata ao Senado

prefeitura de Natal, como a construção do acesso à ponte Newton Navarro na região da Zona Norte e do programa Pro-Transporte, que prevê a reorganização do tráfego na ZN a partir de construção de um viaduto, além de duplicação de avenidas e prolongamento de ruas. Wilma lembrou que chegou a assinar um convênio de R$ 8 milhões para cobrir a parte que cabia ao município, mas as obras continuaram empacadas. “Essas obras estão praticamente paradas. A prefeitura não tinha recursos para a contrapartida, fizemos um convênio, houve problemas de questões ambientais e as obras pararam. A iniciativa privada precisa acompanhar isso” cobrou.

/ AMANHÃ /

DEFINIDA AGENDA DE DILMA ROUSSEFF EM NATAL

DO NOVO JORNAL

da Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) sobre a ação de impugnação movida contra a ex-governadora Wilma de Faria (PSB), após contestação da defesa, foi enviado no final de semana ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RN) e, segundo informações do gabinete do juiz relator, Ricardo Moura, deve ser julgado pela Corte na próxima quinta-feira. Para entrar na pauta, a ação que pretende indeferir o pedido de registro de candidatura da postulante a uma cadeira no Senado Federal só tem uma pendência: a notificação dos suplentes da coligação “Vitória do povo” Carlos Silvestre da Silva (PT) e Luiz Cláudio Souza Macedo (PSB). O procurador Ronaldo Sérgio Chaves tinha até o final da tarde de ontem para emitir o parecer final do Ministério Público sobre o caso, mas concluiu o trabalho durante o plantão do domingo passado, ainda pela manhã. A elegibilidade de Wilma de Faria está sendo questionada por ela não haver apresentado comprovante de quitação eleitoral plena quando do protocolamento da documentação necessária no ato de registro do pedido de candidatura, feito no último dia 5, prazo limite do calendário eleitoral. A intervenção do MP, feita há cerca de duas semanas, provocou

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No segundo momento da sabatina, quando respondeu às perguntas da platéia, a candidata ao Senado disse que enquanto esteve no governo incentivou as micro e pequenas empresas, mas preferiu não opinar sobre temas polêmicos que estão na pauta do Congresso Nacional atualmente, como o aumento da licença maternidade para seis meses e a redução da carga horária diária de trabalho de 44 para 40 horas. “Meu compromisso não é só com os empresários, mas com os trabalhadores também. Meu partido, que é socialista, defende as 40 horas, mas acho que esse assunto deve ser mais debatido, é uma decisão de responsabilidade”, disse Wilma que tam-

bém se esquivou sobre o questionamento em relação à legalização dos cassinos. “Na época da constituinte votei contra, mas hoje precisamos discutir mais o assunto. Não tenho opinião formada sobre esse assunto”, disse. Ao final do evento, Wilma de Faria disse ao NOVO JORNAL que está tranqüila em relação à acusação feita pelo Ministério Público Federal por não ter apresentado à Justiça documento comprovando a quitação de uma multa eleitoral no valor de R$ 25 mil. “O importante é que está tudo ok. Meu advogado está cuidando do caso porque a multa já foi paga. Estou tranqüila e não vai atrapalhar a campanha”, afirmou.

nacional da campanha de Dilma Rousseff (PT) fecharam ontem, durante uma reunião do Comitê Suprapartidário Dilma Presidente, a agenda da candidata em Natal, onde ela desembarca amanhã. Além da participação na 62ª Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), evento nacional de divulgação científica, na UFRN, Dilma também fará campanha ao lado dos candidatos da base no estado: Iberê Ferreira de Souza (PSB) e Carlos Eduardo (PDT), adversários na disputa ao governo estadual. “A coordenação nacional de Dilma achou por bem confirmar a presença da ex-ministra no evento, portanto, a agenda em Natal objetiva compatibilizar essa participação com atividades de campanha”, frisou a coordenadora política pelo PT da campanha de Dilma no RN, deputada federal Fátima Bezerra, informando que membros da campanha nacional estão desde domingo. À tarde, das 12h às 14h, Dilma participará de um seminário com cientistas e pesquisadores, integrando as atividades do SBPC. Após a participação no seminário, a candidata fará a “Caminhada com Dilma” pelo bairro do Alecrim. A concentração será às 14h no Mercado Público da Seis (Rua dos Canindés com a Rua Presidente Sarmento). A andança percorrerá as ruas do Alecrim findando na Praça Gentil Ferreira, onde será realizado um ato político. Dilma discorrerá suas propostas à população local. A assessoria de imprensa de Iberê Ferreira confirmou que o candidato irá à caminhada e que o PSB, inclusive, integrou a reunião que definiu a agenda de Dilma. A equipe de Carlos Eduardo também informa que ele vai participar das atividades de campanha de Dilma Rousseff.

MARINA

R$ 25 MIL É o valor da multa eleitoral da ex-governadora que está em questão no TRE

Outra candidata a presidência que marcará presença na programação da SBPC é Marina Silva. Ela chega a Natal na quinta-feira, mas a programação, de fato, começa na sexta. No início da manhã, ela concederá entrevistas e, posteriormente, inaugurará a primeira Casa de Marina. A caminhada no bairro Alecrim será iniciada às 10h. Já a participação na SBPC está marcada para 12h. Finalmente, uma entrevista coletiva e a inauguração do comitê da candidata Rosy de Sousa marcará o fim da agenda, às 15h.


Opinião 4

Editor Franklin Jorge

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/ NOVO JORNAL / NATAL, TERÇA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2010

Editorial O legado da SBPC ▶ rodaviva@novojornal.jor.br

EFEITO RETARDADO

Que o natalense adora uma novidade – sobretudo quando se enquadra em pioneirismo – não é novidade para ninguém. Pena que essa condição resulte em resultados praticamente nulos, ao ponto de ter sido criado o neologismo piotário (junção de pioneiro e otário) para definir esse comportamento. Nada reflete mais essa situação quanto à Lei Municipal de Acessibilidade para Portadores de Deficiência. Natal foi pioneira no estabelecimento de normas legais para atender a esse segmento. Tal Lei Municipal existe – no papel – desde julho de 1992. Há 18 anos, portanto. E daí? Essa lei da acessibilidade tornou obrigatória a adaptação dos edifícios e logradouros de uso público para acesso, circulação e utilização das pessoas portadoras de deficiência de conformidade com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas. É um documento minucioso nas especificações técnicas quanto à altura das rampas, escadas e corrimãos. Impõe a necessidade de sinalização adequada e obriga os prédios públicos ou privados a fazerem as devidas intervenções em suas estruturas físicas. Afirmar que não existe fiscalização para o cumprimento dessa legislação pode ser uma resposta tão simplória quanto distante da verdade. Quem necessitar de uma licença da prefeitura para o funcionamento de qualquer atividade produtiva, vai ter de atender todos os requisitos estabelecidos, muito bem fiscalizados. Esse é um lado da moeda; lado da “novidade”, sem que se tenha alcançado um ponto de equilíbrio entre o ideal e o possível. Um exemplo que vem da própria prefeitura capaz de instalar um elevador para atender a demanda numa passarela (ao lado do templo da Igreja Universal do Reino de Deus), na Av. Salgado Filho, mas não conseguiu mantê-lo em funcionamento depois de três meses de uso. É um equipamento que não funciona há muito tempo, e não se fala mais nisso. Pois essa mesma prefeitura negligencia em sua própria sede, o Palácio Felipe Camarão, onde os cadeirantes têm de ser carregados a partir da calçada, como esse Novo Jornal documentou quando produziu uma reportagem sobre o assunto. Uma nova versão para o “faça o que eu digo, mas não faça o que faço”.

AUTO NO TEATRO

MAGNUS NASCIMENTO / NJ

O Auto da Liberdade, que não foi apresentado no ano passado em razão da crise que atingiu a Prefeitura de Mossoró, vai renascer esse ano, apresentado no Teatro Dix-Huit Rosado, em vez de ser um espetáculos ao ar livre, como vinha sendo apresentado. A Prefeitura de Mossoró disponibilizou R$ 1,2 milhão para cobrir os custos da Festa da Liberdade, que destaca o fato de Mossoró ter abolido a escravidão antes do resto do Brasil.

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TERMÔMETROS

SEM NOVIDADE

Se o bodoque do nosso Rio Grande do Norte não dá para alcançar a questão do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, existe uma verdadeira bomba de efeito retardado que pode explodir na hora em que for publicado o edital de concorrência que está sendo cozinhado há muito tempo: - É a conclusão do processo de desapropriação do sítio do novo Aeroporto, um assunto que vem se arrastando já há 16 anos. Verdade que o governo do Estado já fez a desapropriação. Desapropriou mas não pagou. Resultado: o assunto está sendo discutido na Justiça. Se não for concluído o processo, na hora que o edital sair, vai sofrer uma nova paralisação até a conclusão do processo. Ou seja: Um projeto de mais de R$ 1 bilhão vai continuar parado porque o governo do Estado não se dispõe a zerar o assunto com R$ 20 milhões

A velocidade que se pretende tirar está muito grande para ser só minério de ferro” DO GEÓLOGO EDGAR DANTAS SOBRE A RETOMADA DA EXPLORAÇÃO MINERAL NO RN.

NIVELAMENTO POR BAIXO

PESQUISA NO PORTO

Num ano em que o mar é tema central da reunião da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência, o navio hidroceanográfico Cruzeiro do Sul, um verdadeiro laboratório embarcado, que atracou ontem no Porto de Natal, estará – hoje e amanhã – aberto à visitação pública, antes de retornar ao Rio de Janeiro. A Marinha participa da reunião com projetos desenvolvidos por seus diferentes centros de pesquisa científica, especialmente do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira.

Os royalities de petróleo transferidos pela Petrobrás ao Rio Grande do Norte apresentam indicativos de estabilização por baixo. Este mês, a soma é de R$ 25 milhões (pouco menos da metade do que foi pago em 2008). O Governo do Estado fica com R$ 12.7 milhões, enquanto 96 Prefeituras recebem 12.3 milhões.

VIRA-CASACA

Tendo feito o melhor investimento, em matéria de marketing esportivo, no ano passado (comprando o patrocínio do Flamengo na baixa e ganhando a exposição de um time campeão) a Ale, distribuidora de combustíveis, negocia o patrocínio de um grande time carioca. Depois do Flamengo, pode patrocinar o seu maior rival: o Vasco da Gama.

Iniciada a fase das pesquisas eleitorais (pesquisas para todos os gostos) é bom saber que cada instituto tem sua própria metodologia e critérios. Começando pela margem de erro com que cada um trabalha. As pesquisas se transformam em instrumentos de propaganda eleitoral e, por esta razão, cada grupo tem suas próprias pesquisas a serem acionadas na hora certa. Ricardo Noblat tratou do assunto com maestria, na sua coluna de ontem, no jornal O Globo, mostrando que – dentro da margem de erro de cada um – o Vox Populi (que deu vantagem de Dilma) e o Datafolha (empate com Serra na frente) estão certos. Por aqui não será diferente. Valendo lembrar, entretanto, que o fato de um relógio ser diferente de outro não impede que eles marquem a mesma hora.

ALIADO DE SEGUNDA

A decisão do PSB de Mossoró em votar no senador Garibaldi Alves e na ex-governadora Wilma de Faria, deixa ao PT a condição de “papagaio de pirata”. Outros acordos semelhantes estão em andamento, sem que o Partido dos Trabalhadores tenha feito nada para prestigiar o seu candidato ao Senado, Hugo Manso, que está tendo o direito de ocupar um lugar nos palanques e carros de carreata

NOVOS IMORTAIS

Além de escolher o substituto de D. Nivaldo Monte, que deve ser o padre João Medeiros, a Academia Norte-riograndense de Letras tem mais três cadeiras a preencher. São os substitutos dos imortais Nilson Patriota, João Batista Cascudo Rodrigues e América Rosado.

RESCISÃO DE CONTRATOS

A Caern publicou o resumo da rescisão de contratos firmados para elaboração dos planos municipais de saneamento nas cidades de Mossoró, Assu, Currais Novos, Caicó, São José de Mipibu e Macaiba. Trata-se de programa financiado pela Caixa Econômica, que não concordou com o processo realizado.

ABAIXO DA MÉDIA

Segundo levantamento do IBGE o preço do metro quadrado de construção civil no Rio Grande do Norte – apurado – de janeiro a junho está abaixo da média regional. A média nordestina está em R$ 702,00; a média do RN ficou em R$ 649,75.

ZUM ZUM ZUM ▶

Lúcia de Fátima Cavalcanti foi eleita Presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa. ▶ Hoje completa exatamente 120 anos da instalação do município de Santo Antônio. Santo Antônio do Saldo da Onça. ▶ Dentro de mais um mês, a campanha eleitoral começa de verdade com o uso da TV e Rádio pelos candidatos.

Carlos Ari Sundfeld, que veio para o 2º Congresso de Direito Administrativo, passa a semana em Natal. ▶ Aluízio Alves Filho inicia a contagem regressiva para lançamento do seu segundo livro, na próxima terça-feira. ▶ Hoje, na sua Casa de Idéias, Chrystian de Sabóia lança o “Viva”, primeiro catálogo de idéias do RN.

▶ A Previdência Social iniciou, ontem, e vai até 6 de agosto, o pagamento de R$ 258.000.00 a 471 mil aposentados do RN. ▶ Confirmado para 11 de agosto, a abertura da Semana do Economista. ▶ Nessa quinta-feira começa a temporada de inscrições para a Festa do Bode de Mossoró que se realiza na

semana seguinte. ▶ No embalo da SBPC, hoje, tem o lançamento da biografia póstuma de Oriano de Almeida, “O céu era o limite”, do professor Cláudio Galvão. ▶ Embora conte com uma Companhia de Habitação, o RN faz seleção de empresa para administrar créditos imobiliários da Datanorte.

Natal recebe desde o final de semana centenas de cientistas de todo o Brasil que participam da 62ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Professores, estudantes e a comunidade em geral – mesmo aquela não diretamente ligada ao mundo científico – podem entrar em contato, por meio das exposições, das oficinas e das palestras, com o que de mais atual a academia está produzindo. Um dos desafios, admitido pelos próprios organizadores, é tentar encurtar a distância entre o que se produz dentro das universidades e as demandas vindas da sociedade. O país desenvolveu ao longo de várias décadas, e não somente de forma involuntária, uma cultura acadêmica que, por vários motivos, operou intramuros, apenas dentro das instituições, longe, portanto, do diálogo com quem, por fim, deveria se beneficiar dos estudos. Pouco, ou muito pouco (ou bem menos, efetivamente, que o necessário) do que se produziu em pesquisas gerou retorno para a comunidade. Os exemplos contrários, se analisados, só confirmariam a velha regra, a das exceções. A universidade brasileira tenta reencontrar-se com a sociedade a que serve. E isso é positivo. A elite pensante que fundou as universidades e aboletouse no sistema ajudando a gestar “ilhas” de inteligência, mas, ao mesmo tempo, um plantel pouco produtivo de burocratas e de tecnocracia, vê-se agora diante da necessidade de produzir, de fato, para o bem comum. Se na prática pode-se alegar que a academia nunca deixou de fazer isso, há de se contrapor: mas nunca de maneira a compensar os investimentos que recebeu. A programação da reunião da SBPC que Natal está sediando aponta claramente para essa mudança de postura da universidade. Há desde palestras que tratam de desertificação, tema afeito especialmente ao semi-árido nordestino, como os voltados para o mar, aliás tema central do encontro. O que o Rio Grande do Norte tem a ver com tudo isso? Simplesmente tudo. Em discursos pré-campanha, as candidatas à vaga de reitor na disputa de novembro já falam da importância dessa sintonia do mundo científico com a realidade dita das ruas. Como estado rico em petróleo, em outras riquezas naturais, como o sal, e em potencialidades que podem ser geradas como conseqüência do uso adequado de suas belezas naturais, como o turismo, o RN precisa aproveitar o novo momento. Tanto as instituições oficiais de pesquisa, as estaduais, como as universidades públicas e privadas devem voltar-se para ações que resultem em benefício, prático, para o RN. Pode ser o legado – a palavra da moda – desta reunião da SBPC.

Artigo VIKTOR VIDAL Editor de Política

viktorvidal@novojornal.jor.br

Com quantos paus? Há de ser perguntar Tico de Chicó, pescador tarimbado, gente honesta, vendo aquele marzão de gente, carros, picapes, bandeiras, vans, paredões sonoros e thauzinhos para dar e vender passando na rua de sua casa: com quantos paus se faz uma campanha? De pesca, Tico entende. E muito bem. Sabe o quanto lhe custa cada pedaço da madeira da sua jangada. Cada metro do pano da vela e cada centímetro de linha da rede. Mais do que isso, tem de cor e salteado o quanto de tudo disso se converte em dinheiro para o seu sustento. O que Tico não consegue entender é por que se gastar tanto nessa tal campanha política e, pior, de onde vem essa dinheirama toda. “É o poder, Ticão”, emenda o franzino Miudinho, seu ajudante, do alto da sua sagacidade política. Mas o pescador, matreiro e justo como ensinou seu velho pai Chicó, indaga como pode esse tal poder, que deveria sair naturalmente do povo, custar tão caro. Numa dessas carreatas que entram sem pedir permissão lá em “nós”, Tico viu que em cada carrinho daquele fazendo barulho tem uns quatro caboclos chamados de militantes. Cada um deles, pensou, certamente não sairia de casa para tão distante sem receber algo em troca. Ouviu dizer que um dos tais militantes, geralmente chamado de coordenador, carrega um bolinho de dinheiro. “Deve ser para abastecer o carro, comprar água e comida pra esse povo todo”, comenta baixinho Tico, lá com seus anzóis. Ao lado, Miudinho dá um sorriso de canto de boca e pensa: “quanta ingenuidade”. Mas o que incomoda mesmo em Tico é aquela musiquinha que fica na cabeça e dar um trabalho danado para dormir. Cada final de semana é uma diferente. É tanto número que ele chega confundir a senha do banco, necessária para sacar os benefícios do governo. Ao contrário, Miudinho é que acha bom quando aquela caravana chega à cidade. Não quer nem saber de entrar no mar com Tico. A cervejinha está garantida, a música, e ainda rola um trocadinho que o vereador Leal distribui quando toma umas. “Esses políticos acham que eu sou besta. Na frente deles, eu garanto o voto por causa da festa, mas na hora da urna a coisa é diferente”, revela Miudinho ao melhor amigo, entre um gole e outro no comício, pra lá de alegre. Tico, não. É diferente. Vê aquele movimento todo da calçada de casa, mas não se deixa levar. Nunca recebeu nada do que lhe foi oferecido por um candidato ou “um fulaninho qualquer a mando de um deles”. Encafifado, ele jura que um dia ainda vai calcular centavo por centavo o preço daquilo tudo. “Queria comparar os custos de cada um para avalizar melhor ainda o meu voto”, diz.


▶ POLÍTICA ◀

NATAL, TERÇA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

Painel RENATA LO PRETE Da Folha de São Paulo

AGORA É O

painel@uol.com.br

/ SUCESSÃO / DEPOIS DAS FARC, MOVIMENTO RURAL ENTRA NA BRIGA DA CAMPANHA PRESIDENCIAL

Supletivo Faltando nove dias para o primeiro debate dos candidatos na TV, a ex-ministra Dilma Rousseff tem se valido de longas conversas com seus ex-colegas de Esplanada para se atualizar e juntar munição sobre temas considerados estratégicos. No fim de semana, a petista esteve com José Gomes Temporão (Saúde) e Luiz Paulo Barreto (Justiça). Também já passaram pela ‘sabatina’ Fernando Haddad (Educação) e Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário). O PT acredita que o ‘intensivão’ turbinará o desempenho da candidata, acusada pelos adversários de fugir dos debates. As conversas com ministros de Lula também servem para fechar o plano de governo da petista.

HORA EXTRA Integrantes do PT negam uso da máquina e afirmam que as conversas têm ocorrido fora do horário do expediente na Esplanada. A estratégia de fazer um mutirão de ministros para atualizar Dilma sobre os dados do governo havia sido anunciada há um mês por auxiliares de Lula.

LOST

Segundo assessores da campanha petista, que tratavam o tema como segredo de Estado, Dilma ‘desapareceu do mapa’ ontem para gravar em Luziânia e Cristalina (GO). As cenas serão usadas no programa de TV, que começa em agosto. Hoje, a agenda traçada pelo marqueteiro João Santana prevê gravação em Ipojuca (PE).

FAVORITO

Do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), recomendando no Twitter pessoal que as pessoas acompanhassem o Twitter da própria pasta que chefia: ‘Ok, a dica é suspeita. Mas continua sendo boa...’

EU VI

Defensor da Renda Básica da Cidadania, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirma ter avisado em 11 de julho ao PT sobre o equívoco no programa de governo de Dilma, que citava outra lei ao prometer implantar a medida. Até ontem, entretanto, o site oficial da candidata mantinha o dado errado.

OFENSIVA

A campanha de José Serra (PSDB) tem identificado necessidade de dar atenção especial ao Amazonas, há tempos considerado um dos Estados mais pro-

blemáticos para o tucano diante da falta de palanque de sustentação. A ofensiva contará com visita de Serra a Manaus e com a reafirmação de sua proposta de fortalecer a Zona Franca.

PALANQUE

Quem percorreu os principais pontos de Belo Horizonte nos últimos dias teve dificuldade de encontrar material de campanha associando a imagem da dupla Aécio Neves e Antonio Anastasia, candidatos tucanos ao Senado e ao governo, à do presidenciável José Serra (PSDB). Ontem Aécio disse estar se empenhando pela candidatura presidencial.

PEDIDO

Até ontem a corregedoria da Receita Federal não tinha respondido formalmente ao pedido da Polícia Federal de compartilhamento de dados do caso Eduardo Jorge (PSDB). Se até amanhã nada acontecer, a PF promete acionar a Justiça.

CENÁRIOS 1

Detalhamento do Datafolha mostra que a dianteira de Germano Rigotto (PMDB, 41%) ao Senado no Rio Grande do Sul é puxada pelo interior do Estado: 45% contra 38% na capital. Embora dentro da margem de erro, o desempenho numérico de Paulo Paim (PT, 37%) é inverso: 37% no interior e 42% em Porto Alegre.

CENÁRIOS 2

Essa segmentação do eleitorado se repete no Paraná, onde Roberto Requião (PMDB, 50%) alcança 55% no interior, contra 38% na região metropolitana. Gleisi Hoffmann (PT, 28%) tem 44% na capital.

TIROTEIO Para selecionar cidade beneficiada por computador, Lula usou o mesmo critério adotado para escolher sua candidata: o ego.

DO DEPUTADO RAUL JUNGMANN (PPS), sobre a frase do presidente de que Caetés (PE), onde nasceu, foi incluída no programa ‘Um Computador por Aluno’ devido ao ‘critério Lula’.

MST MARCELO JUSTO / FOLHAPRESS

FOLHAPRESS

pelo [Hugo] Chávez [presidente da Venezuela]. Ele abriga as Farc.”

O CANDIDATO DO PSDB à Presidên-

cia, José Serra, afirmou ontem que uma eventual vitória de sua adversária petista, Dilma Rousseff, fará com que as invasões do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) se intensifiquem. Em encontro promovido pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais), em São Paulo, Serra destacou que Dilma conta com o apoio do líder do MST, João Pedro Stédile, nas eleições. “O Stédile declarou apoio a Dilma. Com ela, [os sem-terra] vão poder fazer mais invasões, mais agitações”, afirmou. “O MST não existe para a reforma agrária”, reiterou. O tucano ainda criticou a política externa brasileira. Segundo ele, as ações do Brasil no setor durante o governo Lula se basearam exclusivamente em interesses econômicos. “Tivemos uma política de ‘negócios são negócios’”, disse ele em encontro promovido pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais) - a frase “negócios são negócios”

ECONOMIA

▶ Serra fala aos empresários do Lide foi proferida recentemente pelo ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Guiné Equatorial. Serra criticou as relações do Brasil com países sul-americanos e com a China. “Estamos fazendo filantropia com Paraguai e Bolívia. Com a China, só fizemos concessões”, afirmou. O presidenciável tucano também criticou as relações do gover-

no brasileiro com Cuba. “É amigo de Cuba? Tudo bem. Mas então use isso para soltar os presos políticos.” Segundo ele, o PT, por ser um partido homogêneo, usa a política externa para agradar a setores do partido. O candidato do PSDB voltou a dizer que o PT tem relações com as Farc, mas dessa vez utilizou um raciocínio diferente. “Todo mundo sabe que existe uma simpatia

O tucano disse ver contradições na política econômica do governo federal e defendeu que o Brasil tenha na área uma equipe integrada. Segundo ele, um dos exemplos do suposto mau planejamento é o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). “Tem órgão como o Dnit que é uma piada em matéria de planejamento.” Serra afirmou ainda que as estradas são feitas segundo interesses eleitorais ou não-ortodoxos. O candidato aproveitou o encontro com líderes empresariais para alfinetar a candidata do PT, Dilma Rousseff, que na semana passada afirmou em entrevista à TV Brasil que a carga tributária brasileira não é alta, comparada com outros países. “A assessoria dela esqueceu de avisar que o Brasil tem que ser comparado com outros países em desenvolvimento, e não com países como a Suécia.”

/ FISCALIZAÇÃO /

Três do RN no pente-fino da CGU Minas Gerais teve o maior número de municípios sorteados para a fiscalização da CGU (Controladoria Geral da União) na 33ª rodada do programa de auditorias do órgão sobre gestão municipal. No Rio Grande do Norte, serão três (Caiçara do Rio do Vento, Santana do Matos e Ipueira). Os sorteios são realizados a cada três meses. Nesta rodada, sete dos 60 municípios que serão fiscalizados a partir da próxima semana são mineiros. Nesse trabalho, os auditores conferem se os gestores munici-

O ESTADO DE

pais estão aplicando com regularidade os recursos federais. Os Estados da Bahia e de São Paulo terão, cada um, cinco municípios visitados. No Rio Grande do Sul foram sorteados quatro municípios e, no Ceará, Maranhão, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraná e Pará, três, cada um. Serão visitados dois municípios em Goiás, dois em Santa Catarina e dois em Alagoas e um no Amazonas, Acre, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Rondônia, Sergipe e Tocantins.

A cobertura da fiscalização será diferenciada conforme o número de habitantes de cada município. Para aqueles que têm população entre 20 mil e 100 mil habitantes será auditada a gestão nas áreas de assistência social, ciência e tecnologia, educação, indústria, saúde e segurança pública. Os alvos da fiscalização da CGU nos municípios com população acima de 100 mil habitantes serão os setores de ciência e tecnologia, indústria, saúde e segurança pública. A CGU sorteou também hoje

dez municípios para o Programa de Fortalecimento da Gestão Pública, em que o gestor público receberá assistência de técnicos do órgão para aplicação de recursos públicos. Em Alagoas foi escolhido o município de São Luis do Quitunde; no Amazonas, Nhamundá; em Goiás, Paranaiguara; em Mato Grosso, Matupá; no Pará, Palestina do Pará; no Piauí, Francisco Ayres; em Roraima, Bonfim; no Rio Grande do Sul, São Jerônimo; em Santa Catarina, Mondaí; e no Tocantins, Porto Alegre do Tocantins.

/ PESQUISA /

Start aponta vitória de Rosalba no 1º turno A SEGUNDA PESQUISA de intenção de votos para o pleito desse ano registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RN), feita pelo instiuto Start Pesquisa e Consultoria LTDA, aponta a candidata da coligação “A força da união”, Rosalba Ciarlini (DEM), com 44% das intenções de voto na corrida pelo governo do estado, enquanto o governador Iberê Ferreira (PSB) foi citado por 24% dos entrevistados; o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT) obteve 12%. O levantamento feito entre os dias 16 e 18 de julho, divulgado pelo jornal Correio da Tarde, no qual foram ouvidas 1.506 pessoas de 36 municípios do Rio Grande do Norte, aponta uma mudança significativa, no intervalo de 11 dias após o início da campanha, em relação à pesquisa do instituto Vox Populi divulgada em maio pela emissora Band, que apontou Rosalba em primeiro (49%), Car-

los Eduardo em segundo (16%) e Iberê em terceiro (15%). Segundo a Start, a margem de erro máxima é de 2,552% para mais ou para menos. Foi utilizado um método de Probabilidade Proporcional ao Tamanho (PPT) em que são coletadas informações nas cidades apontadas pelo TRE como as que têm maior representatividade em termo de numero de eleitores. A amostra é estratificada nas áreas classificadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como mesoregiões. Das áreas Leste, Oeste, Agreste e Central Potiguar foram abrangidos os municípios de Apodi, Areia Branca, Açu, Baraúna, Caicó, Canguaretama, Caraúbas, Carnaubais, Ceará Mirim, Currais Novos, Extremoz, Goianinha, João Câmara, Jucurutu, Lagoa Nova, Macaiba, Macau, Marcelino Vieira, Monte Alegre, Mossoró, Natal, Ní-

sia Floresta, Nova Cruz, Parelhas, Parnamirim, Pau dos Ferros, Santa Cruz, Santana do Matos, Santo Antônio, São Gonçalo do Amarante, São José de Mipibu, São Miguel, São Paulo do Potengi, Tangará, Tenente Ananias, Touros e Umarizal. Ainda de acordo com a pesquisa, para o Senado Federal os dois candidatos que tentam a recondução aparecem na dianteira, embora empatados tecnicamente com a ex-governadora Wilma de Faria (PSB). Garibaldi Filho (PMDB) lidera com 43%, José Agripino Maia aparece com 41,7% e a líder pessebista cola nos demais, contrariando as previsões anteriores, com 41% das intenções de voto. O instituto Start tem como sócias a engenheira civil Maria Eleonora Silva, a empresária Karina Brandão Cavalcanti e a professora Keila Brandão Cavalcanti,

sendo que esta detém 91% do capital social da empresa, avaliado em R$ 501 mil. A entidade já prestou serviços para a administração da exgovernadora Wilma de Faria, tendo feito estudos por solicitação da Secretaria de Meio-Ambiente e dos Recursos Hídricos, que tinha como titular o atual governador Iberê Ferreira de Souza. Um dos consultores contratados é o ex-prefeito de Natal, Aldo Tinoco. As informações apresentadas estão à disposição dos partidos políticos ou coligações com candidatos ao pleito deste ano, por 30 dias, na Coordenadoria de Processamento (CPRO) da Secretaria Judiciária do TRE.

NÚMEROS DA START

Governo

CONTRAPONTO CORRENTE Na passagem por Maringá (PR), no fim de semana, o candidato José Serra (PSDB) foi cumprimentado por um pastor da Igreja Batista que disse ser seu admirador. O religioso afirmou ao tucano que, sempre que pode, fala bem dele aos amigos. Mas ressaltou que não pede voto durante as celebrações religiosas. Um tanto resignado, Serra brincou: - Só espero então que seus amigos não façam segredo disso!

5

▶ Rosalba (DEM) – 44% ▶ Iberê (PSB) – 24% ▶ Carlos Eduardo (PDT) – 12% ▶ Sandro Pimentel (PSOL) – 0,7% ▶ Bartô – 0,2% ▶ Roberto Ronconi (PTC) – 0,1% ▶ Simone Dutra (PSTU) – 0,1%

Senado Garibaldi Filho (PMDB) – 43% José Agripino (DEM) – 41,7% Wilma de Faria (PSB) – 41% Hugo Manso (PT) – 2,9%


6

▶ OPINIÃO ◀

/ NOVO JORNAL / NATAL, TERÇA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2010

SEBASTIÃO VICENTE Jornalista

tiaoerejane@uol.com.br

De Brasília

PNEU NO ASFALTO ATÉ OS TÚNEIS de

Alcaçuz sabem que o país mudou imensamente nos últimos dez anos. Mas uma coisa é ter consciência – ou uma vaga noção dispersa porém convicta – dessa mudança; e outra, bem mais impactante, é ver, qual um São Tomé embasbacado, as transformações passando na sua frente, como astros de um espetáculo tantas vezes negado. Ou você já esqueceu do espetáculo do crescimento, aquele que primeiramente foi duramente questionado, para depois ser aceito com relutância e em seguida ser analisado como um feito fácil, pela ausência de crises financeiras mundiais que não existiram? Isso tudo na visão torta dos formadores de opinião de outrora – aquele tempo que já parece distante na poeira da estrada, em que o brasileiro em geral, desprovido de oportunidade na vida, precisava de uma figura deste tipo. Felizmente, ganhamos uma espécie de maioridade civil no estatuto da opinião própria e sabemos que, primeiro, a crise financeira de fato existiu. Segundo, que não foi pequena. Terceiro, que foi administrada de maneira a fortalecer o mercado interno em expansão, neste arranjo possível de cidadania também representada por dinheiro no bolso, e não a seguir cegamente a cartilha dos mandões da

economia mundial. Mas o que se quer destacar aqui é menos a atmosfera intangível do debate econômico às vésperas de uma nova e animadora eleição presidencial e mais a expressão viva e inegável daquela mudança que é do conhecimento até dos três túneis por onde já escaparam bem mais do que dez presos em Alcaçuz. Acabei de fazer uma viagem de carro entre Brasília e Natal, viajando pelo interior do país, correndo o cerradão goiano, cortando o sertão goiano, baiano e pernambucano, xeretando pelo para-brisa os pequenos sítios da caatinga paraibana e potiguar, até chegar aos doces tabuleiros arenosos do litoral aqui da esquina do continente. O que os meus olhos – e os de quem se destinar a fazer essa mesma viagem, por lazer ou por obrigação – viram foi, se não um Brasil já reformado, um país em obras. Obras avançadas, que se entenda bem. E não se trata apenas de uma reforma do tipo recapeamento de asfalto. Tem disso sim, muito, mas tem principalmente as conseqüências do que uma malha viária nova, associada a outras políticas de governo, provoca na economia do interior brasileiro e, por tabela, na face de quem habita o nosso vasto sertão. O que os meus olhos viram foram estradas

A LOROTA ROTULADA Pra não dizer que não falei do outro lado do país dessa moeda em crescimento, uma nota inacreditável a constar na caderneta do Brasil do Bruno. A nota é quase humorística em sua cândida moldura de última ilegalidade possível no país da impunidade remunerada: é o caso da falsificação dos lambedores, noticiado com destaque por este Novo Jornal. Na minha ingenuidade de interiorano convicto, imaginava que o lambedor – aquela mezinha caseira que curou a gripe de tantos meninos e incontáveis velhinhos nos tempos em que a indústria farmacêutica não era tão dominante – era o derradeiro território da honestidade farmacêutica. Pra mim, o lambedor, que nossas mães e avós cansaram de fazer em casa como quem cozinha uma geléia de goiaba, era o elixir da verdade, o mercúrio cromo da cuidado familiar, o curativo do carinho em forma de tratamento de saúde. E no entanto, eu e você vimos no jornal, lá estavam grades de mais grades de garrafas de lambedor apreendidas num quintal de... Neópolis! Feitos com a consultoria providencial de uma velhinha de oitenta anos! Um carregamento pirata de lambedor “do Paraguai”. Enfrentando a incredulidade imediata, continuo a leitura da notícia a tempo de compreender o que pode ser um atenuante: é que, pelo jeito, o problema não foi bem a falsificação em si (sabe-se lá como é que se falsifica um produto que é, essencialmente, de fabricação caseira), mas o rótulo. Uma coisa é fazer e vender o velho lambedor de grife doméstica. Outra é tacar um rótulo que promete até combate ao câncer. Nem precisava tanto, que o usuário de lambedor é o tipo da pessoa que não cai em qualquer lorota rotulada. É, ao contrário, aquele brasileiro calejado, que se não liga para o canto de sereia publicitário da indústria farmacêutica também não bota fé nas letrinhas toscas de um rótulo destinado a vender mais algo que era mercadoria restrita ao lar. Quem bebe lambedor sabe que os poderes deste remédio caseiro são autênticos, mas limitados. E não há rótulo que o convença do contrário. Assim como não há formador de opinião de antanho que o faça duvidar do crescimento brasileiro, aquele mesmo que atravessa a vista de quem cruzar boa parte do Brasil numa viagem Brasília-Natal pelo sertão do país.

impecáveis onde dez anos atrás havia trilhas de motocross com nome de rodovia federal. Foram cidades em notável crescimento, comércio em expansão, manadas de caminhões carregados, uma frota que pareceu inteiramente nova na carga e nas condições, além de demonstrações mais singelas daquele espetáculo do qual tantos duvidaram que são as milhares de fachadas de casas simples visivelmente pintadas há pouco tempo e em cores vivas. Nem todos os caminhões de algodão e outros produtos agrícolas que tive de ultrapassar naquele infindável interior da Bahia – para exemplificar, num trecho de 100 km, foram 100 caminhões contados – talvez valham tanto para expressar essa renovação do espírito brasileiro quanto uma casinha de beira de estrada estalando de nova na sua pintura reluzente. A pequena reforma da casa onde se mora pode bem ser a etapa final do processo que um economista desapegado vai analisar na sua prancheta de números como conseqüência do crescimento econômico, mas é ali, no verdão chamativo que envolve porta e janela à margem do asfalto que alguém pintou, qual criança com caderno de desenho, seu orgulho derradeiro de viver com um pouco mais de dignidade, inclusive financeira.

Sebastião Vicente escreve nesta coluna às terças-feiras

Plural

Cartas do Leitor

JOMAR MORAIS Jornalista ▶ jomar.morais@supercabo.com.br

▶ cartas@novojornal.jor.br

As três regras Para muita gente, auto-ajuda é um termo que rotula uma subliteratura, de pretensão filosófica, que dá ares de refinamento intelectual à fatuidade das multidões. Faz sentido. As livrarias estão repletas de obras que revelam “segredos” da mente para dobrar o universo ante os nossos caprichos, passo a passo para riqueza e poder, a grande meta de quem corre atrás de receitas prontas. As generalizações, no entanto, sempre carregam um juízo apressado e injusto, e nesse caso não é diferente. Há auto-ajuda de qualidade, livros que, escritos em linguagem simples e objetiva, traduzem o melhor da filosofia e das tradições sapienciais para a grande massa, iniciando-a no hábito da reflexão e no nível sutil da investigação da alma. Na semana passada, entrei em contato com as idéias de Dan Millman, ex-treinador de atletas universitários e best-seller da literatura de auto-ajuda nos Estados Unidos, cuja fama ganhou o mundo depois que o primeiro de seus 13 livros inspirou o roteiro do filme Peaceful Warrior (O Guerreiro Pacífico), visto no Brasil com o estranho título de “Poder Além da Vida”. Gostei. Na verdade, não li Millman e espero que ele não se tenha perdido sob a exigência mercadológica de produzir livros em série depois de um grande sucesso. Assisti ao filme, uma produção americana de 2006 da qual ele participa como co-roteirista, misturando ficção a pequenas doses de história real, a sua própria história. O autor consegue ecoar pérolas da filosofia budista em meio a um enredo de superação, o molho comercial para atrair o espectado médio, entorpecido pelo utilitarismo diário. Ao contrário do que sugere o título brasileiro, o filme não faz apologia da força do pensamento, tão recorrente em peças do gênero. Em vez disso, realça a do não pensamento, com descarte do lixo mental das “pensatas” que nos impedem de vivenciar o real no único lugar e no único tempo em que ele acontece: o aqui e agora. Através de diálogos entre o jovem Dan e o funcionário de um posto de gasolina, a obra nos lembra que não somos o que pensamos, não sabemos o que supomos saber e não temos o controle dos eventos da vida – obviedades que as construções mentais às quais nos apegamos não nos permitem perceber. Não há fórmula para viver a vida senão mergulhar por inteiro em seu oceano de possibilidades. E essa entrega é a expressão mesmo do amor – aceitação daquilo que é -, pureza, força e felicidade que se manifestam na dádiva real da jornada e não no imaginário ponto de chegada. É curioso que um filme que nos convida a esquecer normas e a buscar respostas no interior acabe nomeando três regras para o caminhar da vida. Mas vá lá... não são dogmas e sim constatações que nos cutucam a atravessar o portal: 1) Paradoxo – a vida é mistério e podemos nos enrolar se tentamos explicá-la. 2) Humor – é saudável rir da vida e, principalmente, de nós próprios, desinflando o ego perdido no mar de pensamentos. 3) Mudança – o movimento é permanente e tudo passa. Ter consciência disso nos ajuda bastante. Jomar Morais escreve nesta coluna às terças-feiras

François Silvestre A edição do domingo dos jornais, geralmente, é a mais fraca da semana, pois é feita na base da pressa e da vontade de sair para tomar uma cervejinha que ninguém é de ferro. Mesmo assim, sempre tem algo que vale por toda uma edição. É o caso do artigo de François Silvestre. Êta cabra bom da peste. O artigo de hoje (domingo passado): “Ficha suja, ficha limpa” é uma bofetada na nossa cara que elegemos toda sorte de porcaria que envergonha nossa política. O texto deve ser guardado e relido todas as vezes que a gente pensar em votar em alguém. Seu estilo inconfundível de frases afiadas que nem punhal de cangaceiro deveria ser usado pela Justiça Eleitoral para ensinar o povo a votar. Té mais, como ele diz. Geraldo Batista

Modelistos Amigos, este NOVO JORNAL se superou mais uma vez na edição de domingo. Ouvia falar muito desse rapaz, Ricardo San Martini, nas colunas sociais, mas não tinha idéia de que era tão vivido, apesar de muito novo, só 29 anos. Achei muito interessante ele ter adotado duas crianças. Mas o mais curioso da reportagem foram os modelitos que ele criou para Rosalba, Iberê e Carlos Eduardo. Não sou especialista, mas achei os modelos estranhos para os dito cujos candidatos. A iniciativa do jornal foi muito boa. Meus parabéns. O NOVO JORNAL está se tornando indispensável a

cada dia. Continue neste ritmo.

Melhor do que desaparecerem no futebol asiático.

Adriano Caldas, Petrópolis

Márcio Soares, Candelária

Modelitos II

Minérios

Excelente a reportagem com o estilista San Martini. E muito bonitos os modelos que criou para Rosalba, Carlos Eduardo e Iberê.

Tomara que o setor mineral do Rio Grande do Norte renasça de verdade, como acreditam os empresários que falaram domingo na reportagem do NOVO JORNAL. Tenho parentes em Currais Novos e até hoje a idade do ouro, que lá foi a scheelita, ainda deixa muitas saudades. No lugar da mina Brejuí, de Tomaz Salustino, há ainda uma cidade em ruínas que bem pode ser revitalizada caso essa riqueza volte mesmo a ser explorada.

Helder Ribeiro, Tirol

Gato na tuba Muito estranho o que o governo está fazendo em relação à construção do estádio. Cada dia é um projeto diferente, uma proposta diferente e o secretário Fernando Fernandes se escondendo da imprensa, logo ele que é jornalista. Esse silêncio só pode ser porque não tem o que falar. Tem gato na tuba. Pelo visto a bola começou a rolar muito antes do início da Copa. Cláudio, Petrópolis

Futebol Não sabia, até ler a edição dominical do NOVO JORNAL, que havia jovens atletas do Rio Grande do Norte atuando, e com algum sucesso, no futebol dos EUA. Os norte-americanos desejam organizar o melhor campeonato de futebol do mundo. Lá eles chamam nosso futebol de soccer. Beckham já jogou lá. Eles tentaram contratar Ronaldinho. Se nossos jovens estão migrando para lá menos mal.

Edson Souza, Alecrim

Vale É uma pena que uma região como o Vale do Ceará-Mirim esteja enfrentando a crise atual. Mas ao longo do tempo ela foi muito negligenciada. Ceará-Mirim sempre foi tratada como uma região privada, pertencente aos donos das usinas. O estado sempre pareceu ausente. Então quando uma crise dessa grandeza chega ficam todos sem saber a quem recorrer. Acho que o governo é quem deveria interceder ali. Não dá para assistir toda essa crise sem se manifestar. Vocês tem que continuar fazendo reportagens lá. João Sizenando Barbosa, Ponta Negra

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Economia

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NATAL, TERÇA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

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0,18% 66.443,26

10,75%

0,00%

ROYALTIES NÃO RECUPERAM PRÉ-CRISE

/ PETRÓLEO/ REPASSES AO RN NOS 7 PRIMEIROS MESES DE 2010 FICAM 26% ABAIXO DAS TRANSFERÊNCIAS EM 2008 O RIO GRANDE

do Norte recebeu nos primeiros sete meses do ano R$ 154,6 milhões de royalties relativos à exploração e produção de petróleo e gás na Bacia Potiguar segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis(ANP). Em julho os repasses totalizaram R$ 25,03 milhões. O valor acumulado de repasses de janeiro a julho foi 8,4% maior que o do mesmo período do ano passado(R$ 142 milhões), mas ficou 26% abaixo do registrado nos sete primeiros meses de 2008(R$ 208 milhões), antes da eclosão da crise financeira internacional, que afetou o mercado mundial de petróleo. Dos valores transferidos em julho, R$ 12,7l milhões ficaram com o governo estadual enquanto que R$ 12,33 milhões foram repassados a 96 municípios do Esta-

MUNICÍPIOS PRODUTORES

VALOR PAGO EM JULHO

1. Macau 2. Guamaré 3. Mossoró 4. Pendências 5. Areia Branca 6. Apodi 7. Governador Dix-Sept Rosado 8. Porto do Mangue 9. Assú 10. Alto do Rodrigues 11. Caraúbas 12. Upanema 13. Felipe Guerra 14. Carnaubais 15. Serra do Mel 16. Afonso Bezerra

R$ 1.924.393,04 R$ 1.876.057,52 R$ 1.470.190,57 R$ 1.461.261,46 R$ 598.126,88 R$ 383.451,99 R$ 319.415,62 R$ 267.935,27 R$ 254.709,06 R$ 223.507,84 R$ 221.999,36 R$ 163.310,60 R$ 156.892,43 R$ 107.367,96 R$ 105.141,82 R$ 3.464,07

do. Macau, com R$ 1, 924 milhão foi o maior recebedor de royalties, seguido por Guamaré, com R$ 1, 876 milhão. Goianinha, Ielmo Ma-

rinho e Macaíba receberam R$ 779,89 mil, cada, por disporem de instalações de medição e transferência de petróleo e/ou gás.

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/ ANATEEL /

/ CONTAS EXTERNAS /

TV paga no RN cresce 30% em 1 ano

BRASIL TEM MAIOR DEFICIT DESDE 1947 FOLHAPRESS

O NÚMERO DE assinaturas de TV

paga no Rio Grande do Norte chegou a 86.850 em junho, segundo dados divulgados ontem pela Agência Nacional de Telecomunicações(Anatel). Em relação a junho de 2009, quando haviam 66.637 assinantes de TV a cabo no Estado, a quantidade é 30,3% maior. No primeiro semestre deste ano o crescimento no número de assinaturas no RN foi de 17,48%. Em junho foram efetivadas 2.267 assinaturas, o que equivale a um aumento de 2,6% em relação a maio. No Brasil o crescimento foi 12,7% no primeiro semestre deste ano, de acordo com dados da Anatel. As 217.299 novas assinaturas registradas em junho representam um aumento de 2,6% em relação ao mês anterior. O crescimento fez a base de clientes ultrapassar 8,4 milhões de assinaturas. Segundo a Anatel, isso significa que 27,8 milhões de brasileiros desfrutam dos canais pagos. O cálculo considera a média de 3,3 pessoas por domicílio apurada na PNAD (Pesquisa Nacional por Amos-

tra de Domicílios) de 2008. Em 2009, o serviço ganhou pouco mais de um milhão de novos assinantes, o que significou um crescimento de 18,24%. O número de novos assinantes cresce com mais força na região Norte. Nos últimos 12 meses, as ativações do serviço aumentaram 60%, para uma base de cerca de 285 mil clientes. Ainda assim, o alcance do serviço está distante da Região Sudeste, que apesar de menor crescimento no período, atingiu uma base de 5,5 milhões de assinaturas. O serviço de TV por assinatura via satélite foi o que mais cresceu em junho, com avanço de 4,8%. No ano, os contratos via satélite saltaram de 37,4% para 41,5% do total dos clientes. Já as assinaturas de TV a cabo, que tiveram crescimento de 1,3% em junho, perderam participação ao cair para 54,4% dos consumidores. O serviço de distribuição por microondas (MMDS) foi o único a recuar no último mês. As operadoras perderam 0,2% da base de assinantes em junho.

O AUMENTO DAS remessas de lucros e dividendos no final de junho surpreendeu o Banco Central e levou o Brasil a registrar o pior resultado nas suas contas externas para esse mês e para o semestre desde 1947. As despesas com serviços e o envio de renda para o exterior superaram as receitas do país e geraram um deficit em conta corrente de US$ 5,2 bilhões no mês passado. A maior parte desse resultado se deve às remessas de lucros de investimentos em empresas ou no mercado financeiro, que dispararam na última semana de junho e chegaram a US$ 4,2 bilhões no final do mês. No acumulado do ano, o deficit mais que triplicou, de US$ 7,2 bilhões em 2009 para US$ 23,8 bilhões. A previsão do BC é terminar 2010 com um resultado negativo de US$ 49 bilhões, o pior da história. Para julho, a instituição espera um deficit de US$ 3,7 bilhões. As remessas de lucros já contribuem com US$ 1,7 bilhão para esse resultado, segundo dados parciais do BC. Despesas com juros somam mais US$ 1,3 bilhão.


Economia 8

Editor Carlos Prado

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/ NOVO JORNAL / NATAL, TERÇA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2010

PPP DA ARENA DAS DUNAS PODE

VIRAR MICO / COPA 2014/ ESPECIALISTA ALERTA: LICITAÇÃO APENAS COM PROJETO BÁSICO E FUNDO GARANTIDOR CONSTITUÍDO SÓ POR IMÓVEIS PODE COMPLICAR CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS E INIBIR INTERESSE DE FUTUROS PARCEIROS DIVULGAÇÃO

de empresas estatais muito valorizadas, o mesmo modelo seguido pelo governo de São Paulo. Já em Minas Gerais o Fundo é composto por recebíveis relativos a dividendos e debêntures que o governo mineiro tem em empresas privadas e recebíveis de títulos públicos federais. Outra modalidade usada por estatais é oferecer recebíveis de tarifas. Exemplo adotado na Bahia onde está sendo construída uma estação de tratamento de esgotos e a garantia são as próprias tarifas cobradas dos usuários do sistema de esgotos. “Uma garantia menos interessante pode ser um fator limitador para a formação de uma PPP”, afirma.

HEVERTON DE FREITAS DO NOVO JORNAL

EMBORA SEJA LEGALMENTE

possível contratar uma obra só com o projeto básico, o risco de serem necessários aditivos para o cumprimento do contrato são bem maiores. Quem alerta é o advogado Carlos Ari Sundfeld, do escritório paulista Sundfeld Advogados, especializado em consultoria jurídica em direito público e regulação, que está em Natal para participar do 2º Congresso de Direito Administrativo, promovido pela secretaria estadual de Administração e Recursos Humanos. O escritório dele tem dado consultoria a formatação de vários projetos de Parceria Público Privado e, embora não conheça detalhes relativos ao projeto da PPP para a construção e administração da Arena das Dunas, ele afirma que a contratação de uma obra, seja por PPP, seja por contrato direto, com base apenas no projeto básico de engenharia tem um grau de definição muito baixo, o que geralmente acarreta a necessidade de aditivos em função de diferenças encontradas quando da execução do contrato. “Quando a obra é contratada já com base num projeto executivo o grau de definição é bem maior e o risco de o valor original aumentar é menor”. O governo do Estado cancelou a contratação sem licitação dos projetos executivo e complementares relativos à Arena das Dunas e, conforme anunciou o governador Iberê Ferreira de Souza, o edital da PPP será lançado com base apenas no projeto básico, feito pela Populous Engenharia, cabendo ao consórcio que vencer a licitação da PPP contratar o projeto executivo. Outro risco que o governo

Governo do Estado pretende construir Arena através de PPP ARGEMIRO LIMA / NJ

está correndo em lançar o edital agora é quanto à indefinição sobre o Fundo Garantidor das PPPs. O projeto de lei criando o Fundo Garantidor foi enviado à Assembleia Legislativa no último dia antes do recesso de julho e só vai começar a tramitar no dia 3 de agosto quando há o retorno dos trabalhos legislativos. O governador anunciou que irá lançar o edital da PPP mesmo que o Fundo Garantidor ainda não tenha sido aprovado. Segundo o advogado paulista, legalmente é possível fazer isso, mas existe o risco de haver alguma mudança no Fundo Garantidor ou mesmo de a Assembleia não aprovar o projeto até o final da licitação e a assinatura do contrato, o que deixaria o parceiro privado sem uma garantia consistente para celebrar o contrato. “Acho difícil um parceiro privado assinar o contrato sem ter o Fundo Garantidor definido porque pode haver algu-

ma mudança com a exclusão de um ou mais imóveis e deixaria a garantia mais fraca”. Com experiência na formatação de PPPs, o advogado Carlos Sundfeld diz desconhecer outros projetos de PPPs no Brasil cujo Fundo Garantidor seja formado exclusivamente por imóveis pela pouca liquidez desses ativos. “Há a vantagem de ser um patrimônio sólido, mas é uma garantia fraca pela baixa liquidez”. O Fundo é a garantia que o parceiro público dá ao parceiro privado na PPP de que irá pagar as contraprestações pelo serviço prestado, no prazo do contrato que deve ser de 30 a 35 anos. No caso de atraso no pagamento dessa contraprestação, o parceiro privado tem que entrar com uma ação de cobrança contra o fundo garantidor que poderá oferecer um imóvel à penhora que será vendido para fazer o dinheiro. Enquanto isso, o crédito do parcei-

▶ A LEI DAS PPPS A lei federal que disciplina as PPPs é de 2004 e só agora as primeiras parcerias estão efetivamente entrando em operação. A primeira PPP importante já em operação é a linha 4 do metrô paulistano. O metrô é uma empresa estatal que se mantém com base na cobrança de tarifas dos usuários, mas os investimentos em expansão sempre foram feitos com recursos do tesouro. No caso da nova linha do metrô paulistano o investimento nas obras civis foi bancado com recursos do orçamento do Estado, já o investimento em equipamentos e sistemas de segurança ficou a cargo do parceiro privado que irá operar a linha integrada com as demais linhas do metrô. Nesse caso, a remuneração do parceiro privado é feita em parte pela cobrança da tarifa e em parte pela contraprestação paga pelo governo do Estado.

No Brasil, a legislação permite a concessão comum que é quando o Poder Público concede o direito de uma empresa privada explorar um serviço e ser remunerada por isso através da cobrança de tarifas, como ocorre no setor de telecomunicações. Já nas PPPs há duas hipóteses. Uma a chamada administrativa, na qual o parceiro privado recebe recursos públicos para bancar integralmente o valor investido. A outra é a chamada concessão patrocinada na qual é possível cobrar tarifa do usuário, mas por um tempo o parceiro privado recebe também recursos públicos para amortizar os investimentos. O advogado Carlos Sundfeld acredita que haverá uma proliferação das PPPs ligadas a empresas estatais e a áreas sociais que tem recursos constitucionalmente vinculados:

saúde e educação. No caso da saúde, há vários projetos sendo montados, inclusive um hospital na Bahia. “Na saúde a operação é muito sofisticada e a administração pública tem dificuldade e mesmo que consiga implantar a estrutura não consegue fazer a operação por isso as PPPs estão sendo vistas como uma boa saída”. Apesar dessa proliferação dos projetos de PPPs, ele considera que essa modalidade é muito perigosa para o país porque gera endividamento público. Na legislação há inclusive requisitos que foram aprovados justamente para tentar evitar essa farra de endividamento. “É preciso muito cuidado com as PPPs para evitar o endividamento irresponsável porque o governante faz a obra, inaugura, mas joga o passivo que ela gera para daqui a 30 anos”.

ACHO DIFÍCIL UM PARCEIRO PRIVADO ASSINAR O CONTRATO SEM TER O FUNDO GARANTIDOR DEFINIDO PORQUE PODE HAVER ALGUMA MUDANÇA COM A EXCLUSÃO

ro privado é fixo em valores a serem repassados mensalmente. Além de imóveis podem compor o Fundo Garantidor das PPPs, ações ou mesmo recebíveis, desde que não sejam de origem tributária. Segundo Carlos Sundfeld, o Fundo Garantidor das PPPs federais é composto por dinheiro e ações

DE UM OU MAIS IMÓVEIS E DEIXARIA A GARANTIA MAIS FRACA” Carlos Ari Sundfeld Advogado

CONGRESSO DISCUTE DIREITO ADMINISTRATIVO Professor de direito administrativo da PUC de São Paulo e da Fundação Getulio Vargas, o advogado Carlos Sundfeld participou de uma comissão de juristas formada pelo governo federal para elaborar uma proposta de anteprojeto da lei da administração pública. É justamente sobre a necessidade de uma lei nacional para regulamentar a administração pública que ele fala hoje às 9 horas no Congresso de Direito Administrativo, que acontece até amanhã no hotel Praia Mar, em Ponta Negra. Carlos Sundfeld explica que a administração pública brasileira é regulamentada por um decretolei da década de 60 do século passado e há certa pressão dos administradores públicos por uma nova legislação para dar racionalidade ao sistema e melhor estruturar a organização. Segundo ele, o anteprojeto elaborado tinha entre seus objetivos facilitar as parcerias com as Organizações Sociais e, ao mesmo tem-

po, melhorar a qualidade da norma que deixou a contratação desse tipo de atividade muito solta, com um grau de transparência que deixa a desejar. Outro objetivo do projeto é buscar deslocar o eixo do controle que hoje é muito rígido para um controle de resultados, inclusive com mais flexibilidade orçamentária dos diversos órgãos em relação à administração central. Apesar do trabalho da comissão de juristas, Carlos Sunfeld diz que o governo federal não tem demonstrado muito interesse no encaminhamento do assunto, até porque consegue resolver seus problemas com ações pontuais através de Medidas Provisórias. Já os governos estaduais e municipais é que tem demonstrado maior interesse na mudança na legislação. “A rigidez dos controles coloca num mesmo saco o ato de corrupção e uma falha burocrática o que pode gerar conseqüências muito graves do ponto de vista pessoal do gestor”, diz.

PRÓS E CONTRAS

Mesmo apontando muitas vantagens na formalização das Parcerias Público Privadas, o advogado Carlos Sundfeld acha que o governo federal lançou uma cortina de fumaça no debate público relativo à construção dos estádios para a Copa do Mundo de 2014. “Primeiro existe a discussão se é um bom investimento para o país e nesse ponto me parece que há uma aprovação majoritária da sociedade em relação a isso, mas depois a discussão pública deveria ser sobre qual a melhor forma de se fazer, se com um contrato direto de obra ou se através das PPPs”. A diferença é que no contrato direto, o governo lança um edital e contrata uma obra a ser paga na medida em que é executada, o que no caso dos estádios significaria pagar essa obra em dois ou três anos. No caso das PPPs, o que acontece é se deixar a dívida para um prazo em torno de 30 anos. “O que se tentou passar é que o investimento seria todo privado, mas isso é uma balela porque no caso das PPPs o pagamento da conraprestação com recursos públicos é que viabiliza o negócio e há ainda embutido o custo do financiamento não inferior a 25 anos”, afirma, lembrando que há estudos mostrando que a receita a ser obtida com parte da renda dos jogos de futebol ou o aluguel para a realização de eventos é insuficiente para amortizar o investimento feito. “O que torna viável o investimento é o pagamento da contraprestação feito com recursos públicos”.

Na avaliação do advogado, hoje uma falha burocrática pode ocasionar um processo por improbidade administrativa e o gestor se vê obrigado a se defender no Judiciário com recursos próprios, sem contar a possibilidade de ter de arcar com seu próprio patrimônio para cobrir eventuais erros de subordinados. Outra consequência desse sistema de controle muito rígido é que os advogados públicos também são processados pessoalmente o que leva muitos deles a adotarem uma postura de radicalizar contra determinadas posições. “O advogado público dá o parecer contrário e deixa para o administrador o desgaste de arcar com uma decisão razoável que poderia ser facilmente respaldada para evitar problemas futuros”, diz. Sem a vontade política do governo federal de levar adiante a iniciativa de propor uma Lei Nacional da Administração Pública, resta aos Estados e municípios fazer uma articulação capaz de levar diretamente ao Congresso a iniciativa de propor essa mudança, mas com a eleição de outubro, qualquer perspectiva de alteração nesse tema só a partir de 2011.


Cidades

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NATAL, TERÇA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

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PREFEITURA EXIGE QUE

CAERN CUMPRA METAS

/ CONCESSÃO / PGM AMEAÇA RESCINDIR CONTRATO SE A ESTATAL NÃO CONSEGUIR DEIXAR 80% DE NATAL SANEADA ATÉ O FINAL DO ANO HUMBERTO SALES / NJ

ARGEMIRO LIMA / NJ

RAYANNE AZEVEDO DO NOVO JORNAL

A PREFEITURA DO

▶ Bruno Macedo, procurador geral do Município: constituir comissão para analisar cumprimento do contrato

HUMBERTO SALES / NJ

▶ Sérgio Pinheiro, diretor presidente da Caern: perspectiva de atingir a meta em 2014

Natal não está disposta a esperar até 2014 para ter a cidade completamente saneada. A declaração partiu do procurador geral do Município, Bruno Macedo, que afirma que, caso o processo administrativo deflagrado em junho constate que a Companhia de Água e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) não cumpriu a meta acordada de estar com 80% da cidade saneada em 2010, pedirá a rescisão de contrato com a estatal. “Desde o ano passado acompanhamos a situação através dos relatórios da Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico do Município do Natal (Arsban). Vamos constituir uma comissão processante para ver as alegações da Caern e, caso seja provado o não cumprimento do contrato de concessão, ele será rescindido”, informa o procurador. Ele calcula que o desfecho do impasse deva ocorrer dentro de quatro meses. Segundo a assessoria de imprensa da Caern, a meta não foi cumprida porque quando o contrato foi firmado, em 2001, não havia fonte de recurso para saneamento. Somente em 2007, através de verbas oriundas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), foi que a companhia passou a dispor de subsídios

▶ Companhia de Água e Esgoto do RN, Caern: alvo da polêmica para sanear a cidade. Explica ainda que, por ser uma empresa estatal, a Caern depende de decisões governamentais para operar e obter recursos. Ainda de acordo com a assessoria, o convênio foi assinado em 2001, pelo governo anterior e, se não foi cumprido, por falta de verba, cabe a este mesmo governo se explicar. Acrescenta ainda que de 2002 até 2010 a área saneada saltou de 15% para 36%. O problema é que menos da metade desse esgoto coletado passa por algum tipo de tratamento. A justificativa da Caern é rebatida pelo procurador do Município. Ele ressalta que a empresa sa-

bia das metas definidas pelo plano de saneamento e esgotamento e que deveria ter pedido equilíbrio do contrato quando verificou que não seria possível atender ao que foi acordado. A Caern argumenta que, quando a Estação de Tratamento de Esgotos do Baldo (ETE) entrar em funcionamento, no final deste ano, a companhia passará a coletar e tratar 61% dos esgotos de Natal. A obra, inaugurada no primeiro semestre deste ano, ainda não está operando porque as interligações, responsáveis pela coleta e redirecionamento dos esgotos até a estação, não foram finalizadas, justifica a assessoria do órgão.

Ainda de acordo com a Caern, o contrato de concessão para abastecimento de água e saneamento na capital, com validade de 25 anos, estipula que o prazo para universalização da coleta e tratamento de esgoto vai até 2017. Ou seja: a estatal teria mais sete anos para estar com 100% da cidade saneada. Contudo, o diretor da companhia, Sérgio Pinheiro, assegurou em coletiva à imprensa que, com as obras concluídas e em andamento, mais os recursos da ordem de R$ 392,8 milhões garantidos pelo PAC 2, a perspectiva é de atingir essa meta já em 2014. Embora Bruno Macedo afirme que não existe nenhuma pre-

tensão por parte do Município de privatizar o serviço hoje prestado pela Caern, a estatal defende que a rescisão do contrato significaria a mesma coisa, ainda que indiretamente. “A ideia não é privatizar. O Município pode fazer um contrato de concessão com uma empresa privada, mas continuará fiscalizando o serviço”, ressalta o procurador. A Caern afirma que a rescisão do contrato abre precedente para privatização porque a companhia não se sustenta financeiramente sem Natal. “Atendemos 158 municípios e mais de 500 comunidades graças ao subsídio cruzado [mecanismo que garante remanejamento de verba para que a empresa continue atuando em áreas onde a empresa arrecada e não cobre as despesas]. Essa não pode ser uma decisão tomada à revelia de outros municípios, que seriam prejudicados”, explica a direção da companhia, através de sua assessoria. Argumenta ainda que a água que abastece Natal sai de Parnamirim e Extremoz, e que o Governo do Estado detém a outorga da água. Além disso, o Município não disporia de dotação orçamentária para investir em saneamento por conta própria. “Nossa postura não é de embate com a Prefeitura, pelo contrário. O chefe do Gabinete Civil, Kalazans Bezerra, dispõe de assento no conselho administrativo da Caern”, alega a direção.

“A SOLUÇÃO SERIA UMA PPP” CEDIDA

Não é de hoje a polêmica sobre a situação considerada crítica do saneamento básico no Rio Grande do Norte e, principalmente, em Natal. Para o engenheiro civil e presidente da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto, Yves Besse, o maior obstáculo à universalização do saneamento básico é a má gestão por parte da Caern. Ele diz que as tarifas cobradas pela estatal são falsamente baixas porque o cidadão acaba tendo que pagar duas vezes: uma ao governo, através dos impostos, e outra à empresa, pelo serviço prestado. A solução apontada por ele seria firmar parceria público-privada. Confira abaixo a entrevista feita por Ada Lima e Sheyla Azevedo: NJ: A QUE O SENHOR ATRIBUI OS BAIXOS ÍNDICES DE COLETA E TRATAMENTO DE ESGOTO DO RIO GRANDE DO NORTE, A PARTIR DOS DADOS DO SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE SANEAMENTO DO MINISTÉRIO DAS CIDADES (SNIS-2008), COM APENAS 24% DA POPULAÇÃO URBANA DO RN CONTANDO COM ESSE SERVIÇO, E NATAL COM 31%? YVES BESSE - Sem dúvida é um proble-

ma de gestão. Na época do Plano Nacional de Saneamento (Planasa), nos anos 70, o saneamento do RN (como em todo o Brasil) foi baseado em dois conceitos: verbas do governo federal (BNH) e operador estadual (Caern). A orientação foi investir em expansão dos serviços de água. Obras e mais obras foram executadas com grandes orçamentos (financiados pelo BNH) sem onerar as companhias estaduais que, como a Caern, nunca reembolsaram os seus controladores, os Estados, contentando-se com a função de meras executoras de obras. Com a falência do BNH, no final dos anos 80, a fonte secou e essas empresas buscaram outra alternativa de levantar dinheiro: as tarifas. Entre as décadas de 80 e 90 foi a “farra das tarifas”. As companhias estaduais montavam planos de obra e a tarifa era calculada como consequência desse plano, sem preocupação da viabilidade econômi-

ca e financeira, e muito menos da sustentabilidade no tempo. Em época de alta inflação, essa artimanha era possível e praticamente imperceptível. Ao entrar no novo milênio, o Brasil não era o mesmo: não havia mais ditadura, a economia estava sob uma nova ordem, com inflação controlada. As tarifas ficaram mais transparentes e não puderam mais ser aumentadas em face da condição sócio econômica da população. Os Estados haviam renegociado suas dívidas com o governo federal, que controlava ferrenhamente o endividamento público. Apenas as companhias que se adequaram à nova realidade sobrevivem bem hoje: Sabesp, Copasa e Sanepar. Outras, como a Caern, não dão mais conta de sua obrigação principal que é a universalização da água e do esgoto e a prestação de serviços de qualidade. O novo marco regulatório de 2007 definiu diretrizes para o saneamento em cima de duas linhas: planejamento e regulação. Dentro da nova diretriz, as empresas devem inverter suas prioridades, investindo primeiro na gestão para viabilizar os investimentos de expansão. É exatamente isso que as empresas privadas fazem e por isso defendo a parceria entre as empresas públicas e privadas, para que esse modelo possa ser compartilhado com as companhias estaduais. A Caern deve urgentemente investir em gestão, para poder continuar a existir como concessionária de serviços públicos de água e esgoto para os municípios. O SENHOR DEFENDE QUE TAIS ÍNDICES TERIAM UMA RELAÇÃO “INEXPLICÁVEL” COM AS ALTAS TARIFAS COBRADAS POR PARTE DA CAERN. COM BASE EM QUE FATO O SENHOR AFIRMA ISSO? QUAL A TARIFA MÉDIA COBRADA POR OUTRAS CONCESSIONÁRIAS NO BRASIL?

Tarifa no Brasil é um conceito ainda muito pouco conhecido, fazendo com que a tarifa seja usada indevidamente para outras finalidades que não o próprio saneamento. As pessoas falam de tarifas altas ou tarifas baixas sem saber para quê ela serve. Do que adianta vangloriar-se de ter tarifas baixas, sem ofe-

▶ Yves Besse, engenheiro: “A Caern deve urgentemente investir em gestão” recer o serviço? Então essa tarifa é alta. Do que adianta vangloriar-se de ter tarifas baixas se para investir a empresa necessita de recursos a fundo perdido? Essa tarifa é falsamente baixa, porque a população, sem saber, paga duas vezes por um serviço ruim: paga a tarifa como usuário, e os impostos, como contribuinte. A análise não é baseada na comparação com a tarifa cobrada por outras concessionárias, mas em estudos feitos em 2008, com base nos dados do SNIS, do Ministério das Cidades. São dados públicos que mostraram que, com parceria com a iniciativa privada, é possível universalizar os serviços de água e esgoto de Natal, com a mesma tarifa praticada pela Caern, em 8 anos e não em 71 anos, se mantido o ritmo atual de investimento. No Estado, com a parceria, a universalização virá em 18 anos e não nos 95 anos previstos. O SENHOR TAMBÉM AFIRMA QUE O MODELO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO NO RIO GRANDE DO NORTE ESTÁ FALIDO E QUE PRECISA DE MUDANÇAS. QUAIS SERIAM ESSAS MUDANÇAS?

Está falido porque ele não está adequado à nova realidade do país. A Caern quer perpetuar o modelo ditatorial

do Planasa em época democrática, ignorando o novo marco regulatório do saneamento. O governo do Rio Grande do Norte precisa aplicar a nova lei que diz que os serviços devem ser planejados e regulados, e que podem ser prestados de três maneiras, a critério do município, o titular dos serviços. Em regiões metropolitanas, o novo marco regulatório foi inteligentemente omisso sobre a titularidade (um assunto constitucional), mas trouxe uma solução de parceria entre o estado e os municípios, que resolve o impasse da titularidade: a gestão associada. Assim, os serviços podem ser prestados diretamente pelo município – por meio de um departamento de água e esgoto, de uma autarquia ou de empresa municipal. Indiretamente, por uma empresa privada (com base nas leis de concessão e das PPP, por meio de licitação pública), ou via gestão associada entre estado e município, por meio de contrato de programa assinado com as companhias estaduais, sem licitação. É esta a situação da Caern com Natal. Com a diferença de que, com a nova legislação, os operadores públicos municipais, públicos estaduais ou privados têm exatamente a mesma obrigação de prestar um serviço adequado, de universalizar o aten-

dimento e de prestar conta a sociedade via ente regulador. Impedir a população de Natal de ter a melhor solução para seus problemas de saneamento de maneira mais rápida, eficiente e econômica; a solução Caern, no modelo que se apresenta hoje, é claramente a pior e por isso eu digo que está falida. Mas o Rio Grande do Norte não está só. 90% do setor, que estão nas mãos de operadores públicos, estão falidos. Por isso é incontestável a necessidade das parcerias público privadas que, ao contrário do que pregam os corporativistas, vêm ajudar o setor público a recuperar a capacidade de cumprir suas obrigações frente à população. Existem modelos de PPP que podem ajudar a Caern a prestar os serviços que Natal precisa e merece. O QUE DIZ O NOVO MARCO REGULATÓRIO BRASILEIRO, VIGENTE DESDE 2007? É VERDADE QUE HÁ UMA DISTORÇÃO QUANDO SE FALA EM PRIVATIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO NO BRASIL?

Não existe privatização dos serviços de saneamento no Brasil, é proibido por ser um monopólio. Ao contrário do que ocorre no Chile e na Inglaterra, a legislação brasileira não permite a privatização dos ativos operacionais (redes, estações de tratamento etc). A única privatização possível é a do capital das empresas, que passariam de públicas ou de economia mista, para privadas, quando a maioria do seu capital for privado. Pelo novo marco regulatório, privatizar a Caern seria praticamente inviável, porque a legislação prevê que imediatamente após a sua privatização, todos os contratos de delegação da prestação dos serviços que a Caern detém com os municípios, todos obtidos sem licitação pública, se tornariam ilegais. E a quem interessaria ter uma empresa sem nenhum contrato? Assim, a preocupação com a privatização de qualquer companhia estadual é falsa. O tema que alimenta calorosas discussões serve para desviar o foco do verdadeiro problema: a ineficiência das empresas públicas e sua incapacidade de prestar bons serviços.


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▶ CIDADES ◀

/ NOVO JORNAL / NATAL, TERÇA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2010

O QUE PODE SER FEITO PELA

EDUCAÇÃO / PLANO / CANDIDATOS AO GOVERNO DESTACAM SUAS PRINCIPAIS PROPOSTAS PARA MELHORAR O NÍVEL DE ENSINO DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO

OS DADOS RECENTES do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e Enem (Exame Nacional de Ensino Médio), ambos patrocinados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), deixaram o Rio Grande do Norte em situação desconfortável, em relação aos demais estados do país, nas avaliações que foram realizadas com os alunos e as escolas da rede estadual de ensino. Os principais candidatos ao Governo do Estado, atendendo solicitação do NOVO JORNAL, encaminharam suas considerações sobre o tema e as propostas que estão apresentando aos eleitores para melhorar a qualidade do ensino público. Rosalba Ciarlini, candidata do DEM, disse que irá convocar um Pacto Estadual pela Melhoria da Educação, reunindo a comunidade escolar e a sociedade civil para definir ações e metas que norterão as políticas públicas do setor. Iberê Ferreira de Souza, candidato do PSB, destacou o que considera ser um avanço para o estado nessa área e disse que irá investir na construção de um centro profissionalizante em cada município com mais de dez mil habitantes. Carlos Eduardo, candidato do PDT, afirma que o próximo governo precisa trazer a educação para o centro de uma política de Estado, único caminho para a construção de um futuro de crescimento econômico e sustentável. Veja abaixo:

▶ Candidatos dizem como pretendem melhorar o rendimento das escolas estaduais HUMBERTO SALES / NJ

ROSALBA: “VAMOS CONVOCAR UM PACTO ESTADUAL PELA EDUCAÇÃO”

e dotadas de equipes docentes qualificadas para o ensino médio profissionalizante, de acordo com as vocações econômicas regionais, adaptando as estruturas existentes quando possível e construindo quando necessário. Depois vamos estabelecer convênios com o Sistema S para oferecer ensino profissionalizante no contra-turno; Também vamos estabelecer parcerias com a iniciativa privada para adoção das escolas profissionalizantes, de modo a garantir a atualização do ensino profissionalizante (instalação e corpo docente) e programas de estágio para os alunos concluintes. A ideia é fazer dessas escolas-pólo um modelo a ser gradualmente expandido para toda a rede estadual. Na nossa gestão a escola terá aula em todos os dias letivos, os professores vão cumprir todos os dias de aula e a família será estimulada a acompanhar a vida escolar. Uma ferramenta para isto acontecer é o Programa Nota Boa - com a concessão de uma bolsa-prêmio vinculada ao aproveitamento escolar, que terá como contrapartida atividades de monitoria nas escolas do ensino médio e fundamental – a partir de parcerias com os municípios. E pra fazer acontecer vamos implantar o projeto Escola Premiada. Um mecanismo institucional de incentivo à escola de qualidade, que reconheça e valorize o desempenho do profissional da educação e da escola, com base em indicadores de aprendizagem dos alunos. Vamos instituir o Dia da Escola, sempre no dia de domingo anterior ao início do ano letivo, para conclamar a sociedade para celebrar, a Escola como ambiente de promoção da cidadania.

WALLACE ARAÚJO / NJ

CARLOS EDUARDO: “NÚMEROS DO IDEB MOSTRAM ENORME DESAFIO”

ARGEMIRO LIMA / NJ

Convocar um Pacto Estadual pela Melhoria da Educação. Essa será a diretriz do Programa de Governo da coligação “A Força da União” (DEM, PSDB, PMN, PTN, PSC e PSL). É preciso a união de familiares, alunos, professores, entidades de classe, sociedade civil, entidades não-governamentais, ou seja, a comunidade escolar para a definição de ações e as metas que nortearão a Educação do Rio Grande do Norte, melhorando os índices estaduais que hoje são os piores do país. O RN está na lanterninha nos índices do IDEB e do ENEM. Isto é vergonhoso. De modo prático vamos estabelecer um modelo de co-responsabilidade que assegure a melhoria continuada da qualidade do ensino nas escolas. Será preciso reestruturar a Secretaria de Educação do Estado, restabelecendo o seu papel de órgão gestor central do Sistema Estadual de Educação Básica, criando um grupo de gestão do Sistema Estadual de Ensino, com um quadro permanente de servidores capacitados nas áreas de planejamento e gestão de sistemas de educação. Estabelecer, em conjunto com os municípios, uma parceria para definir a atuação de cada ente na oferta do ensino fundamental e implementar programa, utilizando ferramentas de Tecnologia da Informação (TI), para supervisionar e orientar o processo de ensino-aprendizagem na escola. Haverá um programa permanente de qualificação de professores. E, todos os professores, terão direito a um notebook, como instrumento de trabalho, para facilitar as atividades em sala e de seus estudos. Do mesmo modo vamos implementar programa voltado para a capacitação de gestores nas áreas de administração escolar e de execução orçamentária. Também será preciso promover a adoção de proposta educacional organizada e obrigatória, associada ao material didático distribuído e orientação aos professores para ministrá-los. A Profissionalização do Ensino Médio será prioridade. Primeiro implantando 10 escolaspólo em diferentes regiões do Estado, totalmente equipadas

NEY DOUGLAS / NJ

IBERÊ: “ESTAMOS AVANÇANDO E VAMOS AVANÇAR MAIS” Não podemos desconhecer a educação como um desafio. Mas estou certo que hoje há uma referência de qualidade no Governo Lula, um exemplo eficiente: os Institutos Federais. Temos doze institutos federais aprovados no Estado. É um modelo que queremos seguir. Hoje, além dos institutos federais, estamos licitando dez centros estaduais de educação profissional de ensino médio integrado, e tenho como proposta implantar um centro profissionalizante em cada município com mais de dez mil habitantes. O objetivo é preparar o jovem para a educação e a profissionalização a partir das oportunidades de mercado. Vamos implantar a meritocracia para premiar o desempenho das escolas e para isto criaremos o Ideb estadual que vai medir e acompanhar o desempenho de cada escola. Vou expandir a matrícula no ensino médio e universalizar o acesso aos cursos técnicos. Não vamos abrir mão de um avanço que tem sido nosso: a gestão democrática nas escolas com a eleição direta dos diretores, o que incentiva a integração de professores, alunos e das famílias dos alunos, na busca da qualidade. Garantimos as conquistas profissionais da categoria e estamos realizando um programa de ampliação e reforma da rede escolar. Hoje, estamos reformando 43 e ampliando 56 escolas. Avançamos intensamente no ensino superior através da Universidade Estadual. Temos hoje um contingente de quase 12 mil alunos regularmente matriculados. Passamos de 31 para 71 cursos superiores. De 32 professores-doutores para 111 doutores já titulados. E elevamos o orçamento de R$ 31 para R$ 136 milhões. Conhecemos os grandes desafios de melhorar a educação e não estamos acomodados ao jogo estatístico. Estamos avançando e vamos avançar ainda mais para garantir uma educação pública de qualidade

No nosso Programa de Governo, a Educação assume um papel estratégico na condução do desenvolvimento econômico e social com mais emprego e renda. Os tristes números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) no Rio Grande do Norte divulgados ao longo deste mês mostram o enorme desafio que o próximo Governo tem de trazer a Educação para o centro de uma política de Estado, único caminho capaz de nos levar à construção de um futuro de crescimento econômico, sustentável, participativo, com menos desigualdades sociais e regionais. A nossa política para a Educação possui seis pilares: a qualificação do Ensino Formal (Ensino Fundamental e Médio); a articulação do Ensino Médio com o Ensino Profissionalizante; o fortalecimento da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Uern); a inclusão educacional; a valorização dos profissionais do magistério; e a participação popular, através do fortalecimento dos conselhos paritários do ensino. Nós vamos municipalizar gradativamente os anos iniciais do Ensino Fundamental e implantar o contraturno para os alunos do 6o e 7o anos; universalizar a oferta de Ensino Médio aos jovens de 15 a 17 anos; construir uma escola nos municípios com mais de dez mil habitantes sem Ensino Médio; implantar laboratórios de informática, ciências exatas, ciências naturais, línguas e artes em todas as escolas estaduais; e construir biblioteca com acervo atualizado em cada unidade. Nós vamos articular o Ensino Médio com uma rede estadual de Ensino Profissionalizante, que aproveitará o processo - já em curso no Brasil e no nosso estado – de interiorização da economia, como forma de diminuir as desigualdades regionais, descentralizar os pólos de conhecimento e gerar emprego e renda. Vamos construir dez Centros Estaduais de Formação Profissional de acordo com as demandas econômicas, ambientais e sociais de cada território. O tra-

balho será usado como princípio educativo e a formação irá além do aprendizado de habilidades: os alunos terão a nítida compreensão da ciência, da técnica e da sua implicação para a sociedade. Paralelamente à formação dessa rede estadual, serão articulados e fortalecidos os conselhos paritários, que trarão a população para o centro das decisões no processo de implementação, condução e fiscalização da rede. O Ensino Profissionalizante deixará de ser uma política de governo para ser uma política de Estado. Vamos inserir os jovens e adultos que ainda não foram alfabetizados e minorias historicamente excluídas nessa rede de conhecimento através do fortalecimento da Educação de Jovens e Adultos e elaboração de programas específicos para grupos de indígenas, quilombolas etc. No âmbito do Ensino Superior, fortaleceremos a Uern, que é estratégica para a formação de professores nas mais diversas áreas. Vamos ampliar o número de matrículas, de cursos de graduação e pós-graduação e investir em pesquisa e extensão. Por fim, é preciso dizer que de nada adiantam prédios novos e bem equipados sem que os professores estejam motivados e capacitados. Nós vamos implementar uma política de valorização dos profissionais do magistério, reestruturando o Plano de Cargos, Carreira e Salários e garantindo-lhes a formação continuada, a exemplo do que fiz na prefeitura de Natal. Garantiremos também a gestão democrática das escolas através do fortalecimento dos conselhos estudantis, eleição direta para diretor e autonomia financeira. A solução para o problema da Educação é tanto estratégica quanto urgente, e só será alcançada por uma gestão séria, comprometida e eficaz que seja capaz de articulá-la com um plano de desenvolvimento e inclusão social.


▶ CIDADES ◀

NATAL, TERÇA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

/ PESQUISA /

O PROBLEMA NÃO É A SECA

Sonhos interferem no aprendizado, diz neurocientista

/ CLIMA / PESQUISADOR DO INPE DIZ QUE O NORDESTE DEVERIA INVESTIR EM ENERGIAS RENOVÁVEIS EM VEZ DE INSISTIR EM ATIVIDADES ECONÔMICAS COMO A AGRICULTURA FOTOS: WALLACE ARAÚJO / NJ

O NORDESTE BRASILEIRO deve subs-

tituir atividades econômicas que hoje existem no sertão. A sugestão é do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), meteorologista Paulo Nobre. Em conferência realizada ontem, durante a 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ele defendeu que o problema do semi-árido nordestino não é a escassez de água. Para Nobre, em vez de persistir, sem resultados, na agricultura de subsistência, a região poderia centrar seu desenvolvimento em energias renováveis. Com um dos maiores potenciais eólicos do Brasil, lembra ele, o Rio Grande do Norte seria um dos estados beneficiados por essa medida. Segundo o conferencista, as mudanças climáticas vão tornar as chuvas no sertão cada vez mais irregulares, com intervalos maiores e com mais volume quando houver precipitações. Em função disso, as culturas agrícolas de sequeiro (não-irrigadas) serão praticamente inviáveis. Na sua opinião, esse quadro é provocado pela emissão de gases que, por sua vez, são causadores do aquecimento global. O seu discurso, porém, não se resume ao aspecto técnico do aumento da temperatura. O pes-

▶ Pesquisador Paulo Nobre: “A questão do Nordeste é a associação entre seca e pobreza” quisador critica a concepção de quem enxerga a escassez de água no semi-árido como a razão da pobreza. “A questão do Nordeste é a associação entre seca e pobreza, que está na mente das pessoas e nas políticas públicas”, disse. Paulo Nobre citou o desenvolvimento de áreas desérticas com o investimento de nações européias em países africanos cortados pelo deserto do Saara. Segundo ele, cerca de US$ 500 bilhões serão inves-

▶ Conclusão do pesquisador: agricultura está com os dias contados

tidos na região para a construção de usinas de energia solar com a intenção de abastecer o velho continente. O meteorologista apresentou também estudos de entidades especializadas em agricultura no país que comprovam que o semi-árido nordestino não é próprio para algumas culturas sequeiras. O milho é exemplo de uma delas. No Rio Grande do Norte, quase a totalidade do semi-árido é inapto para o plantio do milho. Vale acrescentar que 93% do Estado está no semi-árido. O pesquisador segue a linha de pensamento que é impossível lutar contra seca como fenômeno natural. “Eu não entendo porque se insiste em atividades econômicas que necessitam de água regularmente”, afirma. Na sua opinião, produzir energias alternativas seria uma das saídas econômicas para o Nordeste, pois “aquele mesmo ciclo de chuva que dava para o homem

/ CIÊNCIAS DO MAR /

Ministro anuncia criação de novos institutos O MINISTRO DA

Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, é o primeiro dos auxiliares diretos do presidente Luís Inácio Lula da Silva a marcar presença na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Rezende prestou contas ontem do Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional (PAC TI) e apresentou os novos editais de incentivo para a produção científica. O ministro anunciou também dois novos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) voltados para as ciências do mar, um na região Norte e outro no Nordeste. A despeito dos avanços no desenvolvimento da ciência nacional, a situação do Rio Grande do Norte e do Nordeste ainda está longe de outras regiões. Exemplo claro disso é a quantidade de INCTs em diferentes regiões do Brasil. No Nordeste, há apenas 15, sendo que no Rio Grande do Norte há somente um, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Comunicações Sem Fio (INCT – CSF). Na região Sudeste são 77 institutos. A desigualdade regional se manteve mesmo com os investimentos do PAC TI nos últimos anos nessa área. No ano de 2006, o orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia era de R$ 4 bi-

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do campo plantar suas culturas e criar suas cabrinhas não vai dar mais”, completou. No que diz respeito à produção de energia eólica, o Nordeste é a região do Brasil que possui maior potencial. No Rio Grande do Norte já existem usinas que produzem energia a partir da força dos ventos, mas nem todas as regiões estão sendo exploradas. Para o pesquisador, a pobreza no Nordeste tem mais relação com a deficiência do poder público, que não conseguiu perceber outro tipo de atividade econômica para a região, ou se aproveitou da crença do povo na falsa ideia que a falta de água é a geradora da pobreza. Na sua visão, só uma determinação de Estado e da sociedade para mudar essa situação. Nobre também tentou explicar que os meteorologistas não são apocalípticos, e sim realistas. Segundo ele, os modelos científicos que buscam prever a situação futura são baseados em leis da física.

PRINCIPAIS EVENTOS DE HOJE

Conferências ▶ 10h30 – A Política Nacional de Defesa e a Ciência e Tecnologia Conferencista: Nelson Jobim (Ministério da Defesa) Local: Anfiteatro C da Escola de C&T

QUE O SONO ajuda na aprendizagem e melhora a memória, isso todo mundo já sabe. Mas e quanto aos sonhos? Qual a relação destes com o desempenho mental das pessoas? Desde 1890 que Freud iniciou estudos sobre essa questão, abordada ontem, às 10h30, na Escola de Ciência e Tecnologia da UFRN, durante a palestra do brasiliense Sidarta Ribeiro, neurocientista e chefe de laboratório do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS). A conferência foi parte da programação da 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Congresso da Ciência (SBPC), que acontece até sexta-feira no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O professor expôs, através de experimentos, que não só o sono, mas também o sonho está relacionado ao bom desempenho nas atividades, tantos nos seres humanos quanto nos animais. Ribeiro começou a se interessar pelo assunto no final dos anos 1990, quando iniciou o doutorado em Neurociências pela Rockefeller University - Nova York. “Após ser atingido por uma espécie de sono incontrolável nos primeiros meses do curso, o sono e suas vertentes tornaram-se um tema central pra mim”, explica. Os primeiros experimentos em relação ao sono foram testados com camundongos. Após exposição a objetos novos, eles foram colocados para dormir. Aqueles que o fizeram, demonstraram, após acordar, um interesse maior para conhecer os novos objetos. Já os que não dormiram, optaram por brincar com os objetos antigos. Logo em seguida, o professor partiu para explicar seus estudos com seres humanos. Através de testes experimentais, concluiu que vestibulandos que sonham um pouco com as provas na noite anterior a respondê-las, têm desempenho melhor do que aqueles que sonharam muito ou não sonharam nada sobre o conteúdo delas. O mesmo acontece com jovens que tiram uma soneca após a aula. “Apresentei uma aula durante 10 minutos a respeito de um assunto que eles não conhe-

ciam. Eu os dividi em dois grupos, uns dormiram e outros ficaram acordados. Depois de cinco dias, fui perguntar a eles sobre a aula. O grupo que dormiu teve um desempenho bem melhor nas perguntas do que os que não dormiram”. Também relatou pesquisa realizada com 22 apreciadores do popular videogame ‘Doom’, em que o jogador é transformado em um fuzileiro espacial e precisa exterminar criaturas bizarras como monstros e zumbis. Os estudos provaram que os jogadores que não sonharam ou sonharam muito com o jogo nas noites que passaram no laboratório do IINN-ELS, ligados a um aparelho de eletroencefalograma, não foram bem no jogo. Já aqueles que sonharam um pouco sobre o game desempenharam papel melhor. Segundo o especialista, escolheram o ‘Doom’, já famoso pelo seu conteúdo violento, porque os próprios sonhos apresentam contexto violento e guardam relação antropológica com nossos ancestrais mais longínquos que, ao acordarem, tinham que matar ou morrer. “O jogo explora bem o desejo e o anti-desejo, além de ser uma tarefa complexa, pois exige memórias perceptuais, motoras e espaciais”, explicou. Estudos parecidos feitos pelo pesquisador finlandês Antti Revonsuo provam que crianças que moravam na Faixa de Gaza tinham mais pesadelos que as crianças que moravam na Jordânia. “Elas têm realidades parecidas, mas as da Faixa de Gaza estão mais propícias aos pesadelos porque estão mais expostas aos riscos da guerra”, falou o neurocientista. Ribeiro explicou também que o sono tem três funções: conservação de energia, reposição das biomoléculas e processamento de memórias, sendo que esta última surge como uma espécie de efeito colateral pela necessidade de ficar quieto. Quanto ao sonho, afirmou que eles fortalecem, propagam e reestruturam a memória. Discorreu ainda sobre os sonhos lúcidos, aqueles que você tem controle total ou parcial do que acontece, e sobre o “insight”, lembrança ou “sacada” a respeito de algum assunto que vem de repente, de forma súbita.

▶ 10h30 – Plano de Ação para a Pesca e Aquicultura no Brasil Conferencista: Altemir Gregolin (Ministério da Pesca e Aquicultura) Local: Anfiteatro A do CCET

Encontros

▶ Sérgio Resende, ministro da Ciência e Tecnologia: mais recursos para o setor lhões. Em 2009, o orçamento da pasta cresceu para R$ 7,9 bilhões. O Fundo Nacional de Desenvolvimento Tecnológico também teve um aumento de R$ 2 bilhões nas reservas de 2006 para 2009. Nos ICNTs direcionados para as ciências marinhas, o valor do investimento será de R$ 15 milhões para cada um. “Vai ter mais recursos para esses dois institutos porque para essa área de pesquisa é necessário adquirir embarcações”, explicou. Ainda não há definição dos Estados - um do Norte e outro do Nordeste – que vão receber os institutos. Dentro do PAC TI, os dez editais que o Ministério da Ciência

e Tecnologia lançou na SBPC somam R$ 835 milhões. O principal deles é aberto para a iniciativa privada na área de inovação no valor de R$ 500 milhões. O PAC TI foi lançado em 2007 pelo governo federal. O plano tem quatro eixos temáticos: expansão e consolidação do sistema nacional de ciência; promoção da inovação tecnológica nas empresas; pesquisa e desenvolvimento em áreas estratégicas e ciência, tecnologia e inovação para inclusão social. A publicação de editais para a inscrição de projetos de universidades e empresas é o caminho mais utilizado para ter acesso aos recursos.

▶ 18h00 – Cientistas e Jornalistas: O Mar como Notícia Coordenador: Jailson Bittencourt de Andrade (UFBA) Local: Sala 4 da Escola de C&T

Atividades culturais A partir das 19h20 – Projeto Festival Universitário da Canção Local: Anfiteatro da Praça Cívica do Campus

▶ 19h20 – PeduBreu (RN) ▶ 20h30 – Caio Padilha (RN) ▶ 21h40 – Os Ticuqueiros (PE)

▶ Sidarta Ribeiro, pesquisador: estudos sobre sono e sonhos

TEMA DESPERTA INTERESSE O professor Isaac Roitman, orientador de Ribeiro quando se formou bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília (1993), estava presente na conferência e diz que é muito gratificante para um professor ver que os alunos que ajudou a formar lhe superem. “Eu espero que ele chegue um dia a passar por essa mesma experiência que eu estou vivendo hoje”, diz. Sobre o tema estudado pelo ex-aluno, Roitman diz que é importante por-

que a maior parte do funcionamento do cérebro é desconhecida até hoje. “Qualquer pesquisa que apresente o sono como tema-base, pra mim é válido. O que sabemos hoje é só a ponta do iceberg”, diz. Isaac Aguiar, 23, estudante de medicina de Teresina-PI, diz que o assunto explorado por Ribeiro é atual e pertinente. Fala que estava ansioso pela palestra, pois já conhecia o histórico do pesquisador. E completa: “Ele conseguiu associar informações que eu já conhecia, mas explicando de uma forma científica, o que na minha área é interessante.”


Cultura 12

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/ NOVO JORNAL / NATAL, TERÇA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2010

PROFISSÃO:

QUADRINISTA / EM ALTA / TRABALHANDO PARA EDITORAS AMERICANAS, GABRIEL ANDRADE TROCOU A MÚSICA PELOS GIBIS

FOTOS: CEDIDAS

ALEXIS PEIXOTO DO NOVO JORNAL

ACORDAR, TOMAR CAFÉ

da manhã, receber por e-mail um roteiro de um dos escritores de histórias em quadrinhos mais importantes da atualidade, pegar uma folha em branco e se debruçar em quadros, perspectivas e ângulos inusitados. Em linhas gerais, assim poderia ser descrito um dia típico na vida de Gabriel Andrade, 25, potiguar nascido em Macau que nos últimos dois anos vem trabalhando como desenhista para algumas das principais editoras de quadrinhos do mercado americano. Verdadeiramente apaixonado e dedicado pelo que faz – às vezes, como o próprio admite, extrapolando as raias do perfeccionismo – Andrade ainda engatinha na carreira, mas já coleciona o respeito de editores e críticos do mercado americano. Nos últimos meses, Gabriel se tornou um nome frequentemente mencionado nas publicações e sites americanas especializadas em HQs devido ao seu trabalho como desenhista em quatro números da série Die Hard:Year One, do selo Boom! Studios. A série, baseada na franquia cinematográfica Duro de Matar, da Fox Films, tem roteiro do veterano escritor americano Howard Chaykin, que já passou por títulos de peso como Hulk, Liga da Justiça e Homem-Aranha além de ter criado as séries American Flagg! e Black Kiss, dois clássicos das HQs cults. Antes do trabalho na série Die Hard, Gabriel Andrade também teve uma passagem rápida pela série Aliens, da gigante dos quadrinhos independentes Dark Horse Comics e desenhou o álbum The Last Convert of John Harper, publicado pela Kingstone Comics, sobre a experiência de um pastor batista que esteve a bordo do Titanic e ficou célebre devido à quantidade de vidas que conseguiu salvar no desastre. Apesar da visível satisfação estampada no rosto quando começa a falar sobre seu trabalho, Gabriel admite que ainda não se ha-

bituou ao fato de ter trabalhado com Chaykin, um escritor do qual foi leitor durante toda a adolescência, ou de ser conhecido pelos leitores de um país distante, que nunca visitou. “É meio esquisito, porque lá nos EUA eles lêem muito quadrinhos. Enquanto no Brasil são publicados cerca de 90 títulos por mês, lá são mais de 300”, compara. Com cerca de um ano e meio de atuação no mercado americano, ele próprio faz questão de deixar claro que ainda é “um cara que está começando aprender agora”. Mesmo assim, já se prepara para alçar vôos maiores. Gabriel está preparando algumas artes de demonstração para serem enviadas aos representantes da poderosa Marvel Comics, casa de personagens icônicos como Homem-Aranha e X-Men. “É muito difícil, porque eles são exigentes e têm o estilo próprio deles. Eu tenho pouco tempo de experiência no mercado, não sou tão conhecido, mas tento não ficar parado. Não dependo de grandes editoras, as independentes são boas para fazer seu nome circular”, analisa. Independente de seus desenhos agradarem ou não a cúpula da Marvel, Gabriel também prepara novo projeto, a série Barefoot em parceria com o escritor americano Eric Ballaki. O artista prefere não dar muitos detalhes da trama, mas deixa escapar que parte da ação se passa no Oriente Médio.

PROFISSIONAL POR ACASO

Hoje Gabriel Andrade fala com certa propriedade sobre os processos que regem o mercado editorial dos quadrinhos americanos. Mas três anos antes, quando saiu de Macau para cursar música na UFRN, o jovem artista sequer cogitava a possibilidade de transformar seu passatempo favorito em profissão. “Eu lia bastante quadrinhos e gostava de desenhar, mas só como hobby. Nunca pensei em fazer uma carreira desenhando quadrinhos. Não achava que isso fosse

RESPONSABILIDADE EM PRIMEIRO LUGAR Apesar da satisfação em ver um sonho antigo finalmente se tornando realidade, Gabriel Andrade confessa que a primeira reação ao receber o roteiro da revista foi o pânico. Apesar de ser fluente em inglês, o artista nunca havia lido um roteiro de quadrinhos, tampouco sabia interpretar as indicações e a linguagem especificada pelo roteirista sobre o posicionamento dos balões de texto ou o ângulo nos quais as cenas deveriam ser retratadas. Isso sem falar nas especificações técnicas quanto ao cenário, com instruções de roupas, locais e detalhes do período histórico no qual a história se passa. Como a história se passava no Titanic, Gabriel diz que estudou fotografias da época para estudar vestuário e penteados, leu livros sobre o assunto, construiu modelos em 3-D

possível no Brasil”, conta. Foi pura e simplesmente pelo espírito esportista que, em 2007, Gabriel decidiu participar do concurso Desenhe a Prosa e a Poesia Potiguar Contemporânea, promovido pela editora Conrad em parceria com a loja especializada Garagem Hermética Quadrinhos. O regulamento pedia que os artistas participantes transformassem um poema ou conto potiguar a em uma história curta, de poucas páginas. Gabriel escolheu “O Grito”, poema de João Batista Xavier de Souza. Tirou o primeiro lugar. Graças a essa primeira conquista, o desenhista pode entrar em contato com outras figuras veteranas dos quadrinhos potiguares como Ivan Cabral, Luiz Elson, Wendell Cavalcanti, Milena Azevedo, Wanderline Freitas e Marcio Coelho. Segundo Gabriel foram eles que o incentivaram a enviar seus trabalhos para agências que cuidam dos contratos de quadrinistas brasileiros com as editoras americanas. “Eles foram me incentivando, dizendo que eu deveria mandar. Tomei coragem e arrisquei”, diz Gabriel. Na primeira agência que mandou, a resposta demorou seis meses e não passou de duas frases lacônicas escritas num e-mail de resposta automática: “Você tem talento. Queremos te treinar”. Empolgado apesar da brevidade da mensagem, Gabriel respondeu instantaneamente, dizendo que aceitava ser treinado pela agência e perguntando como deveria proceder daí em diante. Nunca mais recebeu resposta. A segunda tentativa foi mais acertada: após a sugestão de um amigo, decidiu tentar a Impacto Quadrinhos, dirigida pelo também desenhista Klebs Junior e responsável pelos contratos de outros artistas brasileiros bem sucedidos no exterior. No dia seguinte ao primeiro e-mail, já recebeu uma resposta que incluía um modelo de contrato para ser assinado e uma primeira proposta de trabalho, para a HQ da Kingstone Comics.

do navio, além de ter visto todos os 11 filmes que existem sobre a tragédia, “pelo menos três vezes cada um”, segundo suas contas. Pode parecer uma tarefa ingrata, mas Gabriel garante que já se habitou à esse volume de pesquisa e hoje até se diverte. A facilidade em mergulhar nos livros vem ainda da infância, quando passava tardes inteiras na biblioteca que os pais mantinham em casa, ainda em Macau. “Se eu queria tirar uma dúvida sobre história, por exemplo, eu pegava e lia o livro inteiro, não só a parte que interessava. Fiz disso um hábito e hoje isso me ajuda bastante”, diz. No seu trabalho mais recente, para a série Die Hard, o desafio foi captar a atmosfera e arquitetura da Nova Iorque dos anos 70, período em que se desenrola a série. A reconstituição dos bairros da metrópole americana, com cartazes, fachadas de prédios e ruas chegou a impressionar os próprios editores da série.

NOS EUA ELES LÊEM MUITO QUADRINHOS. ENQUANTO NO BRASIL SÃO PUBLICADOS CERCA DE 90 TÍTULOS POR MÊS, LÁ SÃO MAIS DE 300” Gabriel Andrade quadrinista

“Uma das páginas que fiz descrevia em detalhes o bairro asiático da cidade. Quando mandei, recebi um email do editor, que conhecia o bairro, dizendo que a arte estava idêntica, do jeito que ele lembrava”, conta. Embora a profissão de desenhista de quadrinhos possa passar a ideia de uma rotina glamorosa, confortável e sem tantas responsabilidades, Gabriel Andrade afirma que isso não passa de fantasia. Além das exigências do roteiro e das pesquisas complementares para desenvolver a arte, as editoras são bastante rígidas em relação ao cumprimento de prazos e um deslize pode significar a perda de um trabalho importante. “Eles são muito rigorosos. A primeira coisa que você tem que ter é responsabilidade, seriedade e paciência para cumprir os prazos”, ensina. Para realizar um trabalho para uma revista mensal, que tem em média 22 páginas, Gabriel recebe um prazo de vinte

dias da editora. Nesse período, ele tem que ler o roteiro, fazer todas as pesquisas necessárias e produzir a arte. Em média, o artista produz uma página por dia, dependendo da complexidade e da riqueza de detalhes da cena retratada. “Feriado então, nem pensar”, diz, rindo. “Me dedico totalmente, fico enfurnado em casa, pesquisando, desenhando, trocando emails com o roteirista. Não é para qualquer um”. O esforço compensa. Uma editora de médio porte paga, em média, de 20 a 30 dólares por páginas, o que garante um salário líquido em torno de R$ 1,8 mil no fim do mês. Se o trabalho for para uma empresa maior, como a Marvel ou DC Comics, o valor pago por página pode chegar a 80 dólares o que, dependendo do volume de páginas, pode gerar um rendimento líquido de R$ 10 mil ao mês. “Você tira isso fácil trabalhando para uma grande editora. Dá para relaxar e ficar uns três meses só trabalhando para editoras menores”, diz.


Social

Edito Editor Franklin Jorge Frank

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Marcos

Sadepaula

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O luar é o brilho do sol que está descansando” Mario Quintana

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O poeta das coisas simples

Pressa

O dia 30 de Julho marca o aniversário do poeta brasileiro Mário Quintana. Responsável por diversas obras poéticas, livros infantis, antologias e traduções, Quintana recebeu, em 1981, o Prêmio Jabuti de Personalidade Literária do Ano. Conhecido pela ironia, tem na sua biografia obras como “Caderno H”, “Esconderijos do Tempo”, “Nariz de vidro” e “Nova Antologia Poética”. Durante toda a semana, a coluna homenageará o poeta diariamente com uma de suas frases.

D’LUCA / NJ

Show

▶ Gustavo Ribeiro,

Hoje tem show de Caio Padilha, às 20h30 hs no Anfiteatro do Campus pelo Projeto Festival Universitário da Canção. Ele foi o vencedor pelo juri oficial e popular na edição 2009 com a música “Na Fundura do Mar”.

André Dantas e no Ricardo Bezerra Pitanga

Gafe universitária

D’LUCA / NJ D’LUCA / NJ SADEPAULA/ NJ

Fernandes

prestigiando o seu

ão, ▶ Márcia de Sá Leit rcos, em a, Frederico Ma

amigo de infânci acoteca até sábado na Pin exposição que vai tica Fantasia Cromá sua a com do Estado

arla de Sousa com ▶ A prefeita Micion t al mirim de kar o campeão nac Victor Uchôa

Fabíola ▶ Daniel Costa eTriâ das ngulo das Bermu circulando pelo

Esta história aconteceu na USP. Numa aula de biologia, o professor estava falando sobre o alto teor de glicose encontrado no sêmen, quando uma caloura levantou o braço e perguntou: - Seria tanta quanto no açúcar? - Sim - respondeu o professor. - Então por que o gosto não é doce? Após um silêncio de estupefação, a classe toda arrebentou numa gargalhada. A pobre garota ficou roxa de vergonha, assim que percebeu quão impensada foi sua pergunta. A resposta do professor, entretanto, foi clássica: - O gosto não é doce porque as papilas gustativas que reconhecem o sabor doce, encontram-se na ponta da língua, e não no fundo da garganta. Eu largaria a faculdade!!!

▶ Habib Chalita Pinheiro recebendo Carlos seu que comemorou nga aniversário no Pita

O Zé Palumbo volta a atacar. Depois da reclamação sobre a sujeira de Petrópolis na semana passada, dessa vez volta sua metralhadora giratória para o Parque das Dunas. Vejam parte de sua mensagem: “... você sabe que somos carentes de áreas verdes para a prática de ginástica e passeios, restando apenas o Parque das Dunas. Os freqüentadores que ali vão em busca de ar puro, tranqüilidade e lazer, são importunados, principalmente no início e final do dia, com o movimento constante de carros oficiais, de funcionários, abastecedores da lanchonete e com viaturas (carros e motos do batalhão de polícia florestal), que disputam as pistas de cooper com os usuários do local, poluindo o ambiente com monóxido de carbono e barulho, sem falar no risco de acidentes. Tem solução? Tem e muito fácil. Porque não criar um estacionamento e acesso de serviço privativo pela rua lateral que contorna o bosque, por trás do prédio onde funciona o Batalhão de Policia Florestal? Certamente traria menos prejuízos para a área de preservação!!!” Zé Palumbo

Musical nota 10

O espetáculo “Em Cada Canto Um Conto” trata da narração de histórias e brincadeiras populares contadas por Nara Kelly e Caio Padilha. O enredo surpreendente parece articular uma série de provações ao caráter, à integridade e à honra dos personagens. As parlendas, vinhetas e canções emprestam fluidez e um tom divertido que permite momentos de interação com a platéia. A direção é de Rogério Ferraz e os figurinos de João Marcelino. Amanhã às 14:00 hs no Circo da Luz (localizado próximo ao Anfiteatro do Campus)

▶ Colaboração de Dominique Sá

FOTOS: D'LUCA / NJ

Aniversário da produtora e consultora de moda Miss Dany Tatoo, no Galpão 29, na Ribeira

▶ Miss Dany corta o bolo com San Martini e Arthur Medeiros

D’LUCA / NJ

D’LUCA / NJ

n o com Washingto Octávio Santiag uste, na creperia Rodrigues da Deg l Tiro do Mariposa

A Delphi antecipou para esta semana o início das obras do seu primeiro condomínio horizontal, o Horizontes Macaíba, condomínio fechado de terrenos residenciais, inédito na região e que se configura como mais uma prova do pioneirismo da construtora. A previsão inicial era de que as obras começassem apenas em setembro, mas devido ao grande sucesso do empreendimento que vendeu 90% das unidades, sendo que 70% foram somente no seu prélançamento, o cronograma foi modificado.

▶ Ingrid, Marina, Priscila, Pedro e Moraes Filho

▶ Milena Antunes, Fernanda Andrade e Paulina Thomás

▶ Eudes Freitas e Jonather Guedez

▶ Luana Oliveira e Maria Clara

▶ Larissa Dias e Netto Lins

▶ Rayca e Thaynná Dantas


Esportes 14

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/ NOVO JORNAL / NATAL, TERÇA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2010

ZEROZA FILHO / CBFS

▶ Com uma defesa firme - levou apenas nove gols na competição - e um ataque eficiente, com 23 gols marcados, o ABC/ARt&C deu o troco em cima do Moita Bonita de Sergipe e conquistou a 6ª Liga Nordeste no sábado

O ABC DA FORMIGUINHA / FUTSAL / TRABALHO DESENVOLVIDO DESDE 2005 COMEÇOU COM UNIÃO DE TRÊS ALVINEGROS FANÁTICOS E RESULTOU NA CONQUISTA INÉDITA DA LIGA NODESTE NO ÚLTIMO FIM DE SEMANA, NO INTERIOR DE SERGIPE, DEPOIS DE FICAR QUATRO VEZES COM O VICE-CAMPEONATO DIEGO HERVANI DO NOVO JORNAL

CAMPEÃO DA 6ª

Liga Nordeste de Futsal. O ABC/ART&C voltou de Moita Bonita (SE), com o título inédito da competição ao vencer o time da casa por 6 a 1, no sábado. Isso depois de bater várias vezes na trave - o alvinegro de Natal foi quatro vezes vice-campeão da Liga (2005, 2006, 2007 e 2009). O desempenho é resultado de um trabalho que vem sendo desenvolvido no clube desde 2005, quando três abecedistas fanáticos decidiram investir no futsal do alvinegro. Quem teve a iniciativa de assumir a frente do projeto de reerguer o futsal não somente do ABC, mas também do Rio Grande do Norte foi o jornalista Rubens Lemos, mais conhecido como Rubinho. Ele explica que, na época, enxergou o momento ideal para a iniciativa. “O ABC estava morto no futsal, o RN não participava de nenhuma grande competição”, disse o agora presidente do futsal do clube. Ainda segundo Rubens, para que a ideia desse certo, ele buscou pessoas que se identificassem com o time e que tivessem recursos para investir. E essa procura não demorou. “Quando o Rubinho me ligou eu fiquei um pouco receoso, pois sabia que o projeto iria me tirar uma boa carga do meu tempo, mas eu aceitei o de-

safio”, declarou Canindé Claudino, atualmente o diretor de futebol da equipe. Com a chegada de Canindé, só faltava o patrocinador, ai foi onde entrou a figura de Arturo Arruda. “Sou abecedista fanático. Quando recebi a ligação dele (Rubinho) topei na hora”, falou Arturo. E os resultados não demoraram a aparecer, já em fevereiro de 2005, o ABC/ Art&C conquistou o seu primeiro título, a Taça Brasil Regional. Para Canindé Claudino, a conquista da Liga do Nordeste só veio coroar uma trajetória vitoriosa até agora. “Isso mostra que esses cinco anos foram bem planejados, mas nós estamos colhendo os frutos durante todo esse tempo. Nesse período nós fomos campeões diversas vezes”, comentou. Em cinco anos de existência, o ABC/Art&C conquistou aproximadamente15 títulos, dentre os principais, além da Liga do Nordeste, estão o penta campeonato da liga do Rio Grande do Norte, de 2005 há 2009, e a Copa do Nordeste, em 2007. Mas os dirigentes acreditam que não só os títulos devem ser comemorados. “Em 2006 nós fomos vice-campeões brasileiros. Jamais um time do RN conseguiu tal feito, perdemos na final para o Malwee, que é uma das melhores equipes do mundo”, lembrou Rubinho. Depois de conquistar o título mais importante da história do

futsal do Rio Grande do Norte, o alvinegro potiguar já tem planos traçados para o futuro. “Esperamos conquistar o hexa do estadual, mas queremos mesmo é fazer um bom brasileiro. Por todos os resultados que conquistamos, nós conseguimos nos classificar para a série A do ano que vem”, completou o presidente. O treinador da equipe, Ernani Passaglia, também falou sobre os novos rumos do time. “Além do estadual, vamos nos concentrar na Taça Brasil, que vai ser disputada ainda este ano”, explicou.

ISSO MOSTRA QUE ESSES CINCO ANOS FORAM BEM PLANEJADOS. NÓS ESTAMOS COLHENDO OS FRUTOS” Canindé Claudino Diretor de Futebol do ABC

CONQUISTA COM GOSTO ESPECIAL Além de conseguir conquistar a Liga do Nordeste depois de ser vice-campeão por quatro vezes, o campeonato desse ano foi especial por alguns aspectos. Dirigentes e jogadores tiveram muito o que comemorar. Em 2005, ano em que o ABC/Art&C foi vice-campeão pela primeira vez, o adversário na época foi exatamente o Moita Bonita, mesmo rival desse ano. Naquela final, a partida aconteceu em Natal, no ginásio do Sagrada Família. Com as arquibancadas lotadas, a equipe potiguar precisava apenas de um empate para se consagrar campeã, mas acabou sendo goleada por 6 a 2. “Você nem imagina como eu me sentir naquele dia, perder o título como nós perdemos, dentro de casa, precisando apenas de um empate, foi muito complicado; agora conseguimos dar o troco”, disse Rubinho. “Esse ano nós chegamos desacreditados, pensavam que nós nem chegaríamos entre os quatros”, completou. A final também foi especial para o pivô da equipe, Kilmer, que marcou quatro dos seis gols do time na partida, chegando a cinco na competição, sendo um dos principais artilheiros do al-

O CAMPEÃO TERIA QUE JOGAR SETE VEZES EM SETE DIAS, MAS A EQUIPE CRESCEU MUITO NA COMPETIÇÃO” vinegro potiguar. “Perseguimos esse título muito tempo e agora ele é nosso. É muito importante para todo mundo essa conquista. Eu fiz quatro gols, mas não sou o herói. Todos foram heróis”, disse o jogador após o jogo ao site da Confederação Brasileira de Futsal. A campanha do time também foi impecável; em sete jogos foram seis vitórias e um empate, com 23 gols marcados e apenas 9 sofridos. “Sabíamos que seria uma competição forte, o campeão teria que jogar sete vezes em sete dias, mas nós conseguimos suportar bem e a equipe cresceu muito na competição”, declarou o técnico Ernani Passaglia.

Ernani Passaglia Técnico do ABC

A campanha do ABC/Art&C na Liga Nordeste

▶ São Francisco/BA 2 x 4 ABC/Art&C ▶ ABC/Art&C 1 x 0 Náutico/PE ▶ ABC/Art&C 2 x 1 Fortaleza/CE ▶ Internacional/SE 1 x 4 ABC/Art&C ▶ CRB-AL 3x5 ABC/Art&C ▶ ABC/Art&C 1 x 1 Horizonte/CE ▶ (venceu nos pênaltis por 4 a 3) ▶ ABC/Art&C 6 x 1 Moita Bonita/SE

/ SÉRIE C /

/ CAMISA 9 /

Alecrim passa em prova de fogo e lidera

ERALDO SE APRESENTA HOJE NO ABC

FOTOS: MAGNUS NASCIMENTO / NJ

BRUNO ARAÚJO DO NOVO JORNAL

APESAR DE UMA apresentação ape-

nas regular, o Alecrim conquistou sua primeira vitória na Terceirona e assumiu a liderança temporária do grupo B, com quatro pontos em dois jogos, um a mais que o ABC. Os alviverdes podem consolidar a ponta com um simples empate no domingo, contra os próprios alvinegros, no estádio Machadão. Mesmo com os três pontos conquistados com a vitória sobre o Campinense por 1 a 0, garantidos por Somália, aos 25 minutos da etapa final, o técnico Ferdinando Teixeira reconheceu que ainda há muito para melhorar. O treinador Avaliou, inclusive, que seus comandados estiveram abaixo do esperado. “Futebol é resultado e nós vencemos, mas o time não executou o que preparamos. Podíamos ter feito um jogo melhor e mais tranquilo. Acho que a ansiedade de jogar em casa atrapalhou”, explicou Ferdinando. Assim como o próprio treinador apontou, a conquista de pontos no domingo deverá passar por uma mudança de postura da equipe que teve dificuldades para ata-

▶ O atacante Somália: autor do único gol do jogo car durante quase toda a partida, apostando apenas nos chutes de longa distância e as jogadas individuais do atacante André Cassaco para chegar a vitória. Sem contar com o volante Carioca – fora da Série C devido a uma lesão no tornozelo –, o treinador espera ter de volta o meia Cipó que desfalcou a equipe no duelo contra os paraibanos do último domingo. Outro que poderá reforçar a equipe é o meia Henrique que teve seu retorno acertado junto ao Flamengo do Piauí. O jogador havia jogado pelo Alecrim ainda pelo Estadual deste ano.

TORCEDORES RIVAIS PODEM TER INCENDIADO ÔNIBUS Ainda não há informações sobre quem ou que teria provocado o incêndio que destruiu o ônibus que trouxe a torcida Facção Jovem do Campinense para Natal, e que estava estacionado a alguns metros do estádio Machadão. Uma perícia foi feita pelo Corpo de Bombeiros ainda no local e o resultado – que indicará se o incêndio foi criminoso ou não – está previsto para sair em 15 dias.

▶ Incêndio que destruiu ônibus da torcida paraibana pode ter sido criminoso Segundo o flanelinha de 65 anos, José Pedro, minutos antes do veículo da empresa paraibana Águia Turismo ser tomado pelas chamas, quatro homens teria se escondido atrás do ônibus. “Foi muito rápido. Não vi se foram eles, mas logo que saíram, o fogo começou”, disse. Pouco mais de 10 minutos depois de o fogo ter destruído o veículo, o Corpo de Bombeiros chegou para evitar que as chamas pudessem se alastrar ou mesmo uma explosão pudesse ferir torcedores e curiosos que se amontoavam ao redor do local. O parque de diver-

sões, a poucos metros dali, teve que ser evacuado. Apesar de a polícia não confirmar o incidente como “criminoso”, um fato ocorrido enquanto a reportagem do NOVO JORNAL apurava mais informações pode indicar a motivação do incêndio. Quando o torcedor e integrante da torcida organizada do clube paraibano, Jailton de Souza era entrevistado, ele atendeu uma ligação no qual seu interlocutor dizia ter recebido o telefonema provocativo de um integrante da torcida Máfia Vermelha, do América, de que teria botado fogo no ônibus.

ACABOU A NOVELA “Eraldo” e com um final feliz para o ABC. O jogador, que fez apenas sete jogos com a camisa do América, acertou a transferência para o alvinegro. Com 23 gols na temporada 2010, Eraldo se apresenta hoje ao ABC. Além dele, a diretoria abecedista promete anunciar outro atacante até amanhã. Eraldo chegou como esperança de gols para a torcida americana e, logo na sua estreia contra o São Caetano, marcou três. Para infelicidade, acabou com um fratura no pé no final da partida e ficou afastado dos gramados por mais de um mês. Após ter se recuperado, o jogador ainda marcaria mais dois gols com a camisa alvirrubra, mas as poucas oportunidades na equipe titular motivaram seu pedido de rescisão. “Não tava contente, então pedi para sair. Coincidentemente, dias depois do pedido de rescisão, Zulu saiu do ABC e a diretoria me procurou.”


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KAI PFAFFENBACH / REUTERS

MANO A MANO COM O BRASIL

/ SELEÇÃO / EM SUA APRESENTAÇÃO OFICIAL, NOVO TÉCNICO BRASILEIRO SURPREENDE NA PRIMEIRA CONVOCAÇÃO AO CHAMAR SÓ QUATRO DA COPA E UM ATLETA DO CORINTHIANS

MAURÍCIO VAL / VIPCOMM

FOLHAPRESS

/ FÓRMULA 1 /

EM SEU PRIMEIRO

dia no cargo, Mano Menezes atendeu a um dos principais pedidos feitos pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, após a eliminação do Brasil na Copa do Mundo: renovação. Dos 24 convocados pelo novo técnico da seleção brasileira para o amistoso do próximo dia 10, nos Estados Unidos, dez são novatos e sete têm idade olímpica. Os estreantes na seleção principal são: os goleiros Jefferson, 27, (Botafogo) e Renan, 19, (Avaí), os zagueiros David Luiz, 23, (BenficaPOR) e Réver, 25, (Atlético-MG), o lateral direito Rafael, 20, (Manchester United-ING), o volante Jucilei, 22, (Corinthians), os meias Ederson, 24, (Lyon-FRA) e Paulo Henrique Ganso, 20, (Santos), e os atacantes André, 19, e Neymar, 18, (ambos do Santos). Destes, apenas cinco tem idade para disputar os Jogos Olímpicos de Londres: Renan, Rafael, Ganso, André e Neymar. No entanto, o atacante Alexandre Pato, 20, e o volante Sandro, 21, já convocados anteriormente, também terão no máximo 23 anos em 2012. “Visamos a um trabalho paralelo de preparação e ambientação desses jogadores [mais jovens] em termos de seleção brasileira. Estamos buscando prepará-los para o momento que nós dirigirmos nossas atenções mais para a Olimpíada”, explicou Mano em entrevista coletiva. Na convocação, há apenas quatro jogadores que atuaram na Copa da África do Sul: Robinho [único titular de Dunga no Mundial-2010], Ramires, Thiago Silva e Daniel Alves. Até a semana do amistoso em Nova Jersey, Hernanes, do São Paulo, ou Sandro, do Inter-RS, vai ser cortado caso seu time chegue à decisão da Copa Libertadores, dias 11 e 18 de agosto.

TÉCNICO DIZ QUE “FILA ANDA” E SÓ CHAMA 4 DA COPA

Ferrari nega jogo de equipe na Alemanha FOLHAPRESS PUNIDA POR TER

▶ Mano Menezes demonstrou serenidade durante entrevista: apenas um corinthiano

NOVO TREINADOR RECEBEU NÃO DE ATLETA MAURÍCIO VAL / VIPCOMM

Mano Menezes disse que a convocação feita ontem, a sua primeira no comando da seleção, foi a ideal. Mas ele recebeu uma recusa. O treinador afirmou que chamou aqueles jogadores que estavam bem, se preocupando inclusive com o fato de alguns ainda estarem de férias e voltando agora a treinar por suas equipes. Questionado sobre a conversa que teve com os jogadores de fora do país, Mano contou que um deles declarou que não estava bem preparado para jogar pela seleção agora. “Gostei da honestidade dele. Guardei o seu nome”, disse Mano que não quis revelar o nome do atleta. Mano falou que não foi Kaká quem disse “não” para a sua convocação. “Não minto, mas omito alguma coisa. Mas, não foi o Kaká”, afirmou.

▶ Ricardo Teixeira fala antes de coletiva e promete apoio ao novo técnico Mano disse ainda que vai contar um psicólogo para os jogadores e que não vai controlar a vida pessoal dos atletas. Mas deixou um aviso: “Não é possível controlar a vida individual dos jogadores, e não vou estar atrás de

homens. Eles precisam ter a noção clara da responsabilidade do que é ser jogador profissional e também da seleção. Qualquer ato que fizer fora do campo de trabalho e for prejudicial para a seleção, isto será contado”, disse. DOUGLAS ABY SABER / FOTOARENA / FOLHAPRESS

A GENTE VEM

DENTRO DE CAMPO

FOLHAPRESS

E VAMOS BUSCAR CONTINUAR ISSO

Ganso Meia da Seleção

AMISTOSOS DO BRASIL

11/ago/2010 »»»»»»» EUA (nos EUA) 4/set/2010 »»»»»»»»»»»» A definir 8/set/2010 »»»»»»»»»»»» A definir 9/out/2010 »»»»»»»»»»»» A definir 13/out/2010 »»»»»»»»»» A definir 17/nov/2010 »»»»»»»»»» A definir 9/nov/2011 »»» França (na França)

foram chamados para dar explicações, já que ordens para jogo de equipe estão banidas da F-1. Depois de ouvir os envolvidos e os rádios da Ferrari, a FIA anunciou a multa para o time - o valor, simbólico a um time de ponta, era o mais alto a ser aplicado. O caso será levado à próxima reunião do Conselho Mundial da entidade que comanda o esporte, que deve ocorrer em 10 de setembro, apenas dois dias antes da realização do GP da Itália, 14ª de 19 etapas do Mundial. Este passo é praxe nestas situações. O último episódio a ser levado ao Conselho Mundial foi o escândalo da armação do resultado do GP de Cingapura, em 2008, quando Nelsinho Piquet bateu seu carro de propósito para dar a vitória a seu companheiro de Renault, o mesmo Alonso de agora. A equipe franco-inglesa não contestou as acusações e afastou os envolvidos, escapando ilesa de punição. Os acusados foram banidos da categoria, mas pouco depois tiveram suas penas reduzidas pela Justiça comum. No caso da Ferrari, a punição do Conselho Mundial pode variar de uma reprimenda e uma multa maior e até a exclusão do campeonato, o que dificilmente deve ocorrer. Para isso, serão necessárias provas concretas, e não somente indícios, de que houve jogo de equipe no GP da Alemanha de domingo, que terminou com a vitória de Alonso e a segunda colocação de Massa.

BRASIL BATE RÚSSIA E CONQUISTA NONO TÍTULO

NOSSA QUALIDADE

NA SELEÇÃO”

violado o regulamento da F-1 ao fazer jogo de equipe no GP da Alemanha, anteontem, a Ferrari confia que sua pena ficará restrita aos US$ 100 mil (cerca de R$ 177 mil) impostos pelos comissários da prova. “Estamos confiantes de que o Conselho Mundial saberá como avaliar corretamente os fatos’’, afirmou Stefano Domenicali, chefe da escuderia italiana, que fez questão de negar que qualquer tipo de ordem de equipe tenha sido dada a Felipe Massa para que ele cedesse a primeira posição ao companheiro Fernando Alonso. “O que aconteceu foi que nós queríamos ter certeza de que não teríamos nenhuma situação difícil entre nossos pilotos. Era só isso. Queremos ser o melhor time’’, justificou o chefe ferrarista, que ainda disse que o piloto brasileiro foi apenas informado, via rádio, que seu companheiro estava mais veloz. Na teoria, foi o que ocorreu. Porém, na prática, a mensagem foi uma deixa para que Massa, após pular de terceiro para primeiro na largada e ter se mantido diante do colega, desse passagem para a segunda vitória de Alonso no ano e diminuísse de 47 para 34 pontos a desvantagem para Lewis Hamilton, líder do Mundial. Apesar de os ferraristas terem negado a existência de inversão de posições proposital na Alemanha, logo após a prova tanto os pilotos quanto Domenicali e outros membros do time

/ VÔLEI-LIGA /

DEMONSTRANDO O novo treinador da seleção afirmou que não tem nenhum nome proibido de ser convocado para a seleção brasileira após chamar apenas quatro atletas que disputaram a Copa do Mundo na África do Sul. Mas deixou um recado: “a fila anda”. “O que vai ser levado em consideração é o momento que estão, a confiança que se estabelece em cima do trabalho. Temos que respeitar a idade, porque ela vai chegando e nos vai tirando algumas condições... a fila anda”, afirmou . “Não temos restrição a convocação de ninguém, nem mesmo de jogadores que acabaram de disputar a Copa do Mundo, completou. Mano afirmou ainda que não vai manter a rigidez nas informações da seleção, como fez seu antecessor, Dunga. “Temos que ter bom senso”, disse. “Quando cheguei no Corinthians, tudo era fechado, mas abrimos aos poucos e explicamos muitas coisas que começamos a fazer”, completou. O treinador disse que não vai dar privilégios para os atletas que atuam no exterior. “Não vamos chamar só porque está jogando na Europa. Quando o jogador estiver bem, mesmo jogando no Brasil, vai fazer parte da seleção também”, afirmou ele.

▶ Massa pouco antes de ser obrigado a ceder passagem a Alonso

SILVIO ÁVILA / CBV

O BRASIL SAGROU-SE

▶ André, Neymar e Ganso após convocação: Robinho completa lista da Vila

SANTOS FOI QUEM MAIS CONTRIBUIU Robinho foi um dos poucos remanescentes da equipe que disputou o Mundial da África do Sul. Além dele, André, Neymar e Paulo Henrique Ganso integram a cota de contribuições do Santos para a primeira lista de convocados do técnico Mano Menezes, no início do trabalho de renovação para a Copa de 2014, no Brasil. O Peixe foi o clube que teve mais jogadores convocados e, problema para a defesa dos EUA, o quarteto soma 78 gols na temporada pelo time da Vila Belmiro. “O dia chegou, estou muito feliz. Vestir a camisa da seleção principal é um sonho que vai ser realizado. A gente vem demonstrando nossa qualidade dentro de campo e vamos buscar continuar isso na seleção”, disse Ganso ao site oficial do clube. O meia tem passagens pelas seleções de base e havia sido

convocado para a lista complementar do técnico Dunga. Neymar, que também jogou nas seleções de base do país, não escondia o contentamento por ter o nome em uma lista da seleção principal pela primeira vez. “É uma felicidade não só para mim como para o Paulo, para o André e nossos familiares. O dia chegou, agora é a hora, então, temos que representar muito bem”, afirmou. O atacante André, que no momento da convocação, treinava no campo do CT Rei Pelé, recebeu a notícia de Ganso e Neymar, que realizavam trabalhos na academia por terem atuado no clássico. “Não caiu a ficha ainda. Não tenho nem palavras. É um dia maravilhoso pra mim. É a recompensa de um trabalho bem feito. Agora é dar contuinuidade para ser convocado mais vezes”, completou André.

campeão pela nova vez da Liga Mundial de vôlei masculino ao vencer a domingo a Rússia por 3 sets a 1 (parciais de 25/22, 22/22, 16/25 e 25/23). Ao contrário do jogo que valeu pelas semifinais do torneio, quando o Brasil teve muitas dificuldades no início do confronto contra os cubanos, a seleção comandada pelo técnico Bernardinho começou arrasadora nos primeiros sets do confronto. Com isso, mesmo fechando os dois primeiros sets da partida com um placar um pouco apertado - 25 a 22 -, os brasileiros sempre ficaram à frente no marcador e comandavam as ações sobre os russos. No entanto, a partir da terceira parte do duelo, a seleção “relaxou” e permitiu que os adversários voltassem a adquirir confiança na partida. Desta maneira, o Brasil perdeu o terceiro set por 16 a 25. Porém, em outro set muito equilibrado, um erro no saque russo deu a vitória por 25/23 e o nono título brasileiro na competição, ultrapassando os italianos, que ficaram com oito.

▶ Dante: maior pontuador da final Após ficar mais de um ano fora da seleção brasileira por problemas particulares, o ponteiro Dante celebrou com a equipe a conquista. Maior pontuador na vitória sobre a Rússia, com 18 acertos, sendo 15 de ataque e três de bloqueio, o jogador disse que o time jogou com raiva por críticas recebidas. “Retornei ganhando de novo. Mas tive uma sensação diferente. Este grupo foi sensacional”, falou Dante. “Depois que ganhamos os dois primeiros jogos por 3 a 2 e recebemos muitas críticas de várias pessoas. Foi difícil para nós. mas isso nos deu mais raiva para buscarmos este título.”


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