25-07-2010

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Ano 1 / N°209 / Natal, DOMINGO, 25 de julho de 2010

Estilista pop, San Martini veste Rosalba, CIDADES Iberê e Carlos

Aos 29 anos, o estilista e artista plástico Ricardo San Martini, matogrossense radicado em Natal, onde casou e adotou duas crianças, é o nome da vez na moda. O NOVO JORNAL propôs e ele aceitou o desafiou: bolar modelos para os três principais candidatos a governador.

ECONOMIA

FORTUNA DO RN

ESTÁ DEBAIXO DO CHÃO

/ NEGÓCIOS / MINÉRIO DE FERRO, CALCÁRIO, GRANITO, ESMERALDA E SCHEELITA SÃO ALGUMAS DAS RIQUEZAS DO SUBSOLO POTIGUAR CUJA EXPLORAÇÃO VAI AMPLIAR OS HORIZONTES ECONÔMICOS DO RIO GRANDE DO NORTE NOS PRÓXIMOS ANOS AUGUSTO RATIS / NJ

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POLÍTICA 14

KAMILO MARINHO / NJ

CULTURA

BOLA E MÚSICA, A DOBRADINHA DE BOSCO Flamenguista, o compositor João Bosco sempre se valeu do futebol como inspiração para sua música. De passagem por Natal, ele falou da carreira, da retomada da parceria com Aldir Blanc e da força da internet.

DEPOIS DE CARLOS, NOVO JORNAL MOSTRA A ROTINA DE ROSALBA 16

ESPORTES

02 NEY DOUGLAS / NJ

ÚLTIMAS

MANO MENEZES ACEITA CONVITE DA CBF E É O NOVO TREINADOR DA SELEÇÃO 04

▶ Artur Silva: 450 e-mails e bolsa na universidade

JOVENS POTIGUARES FAZEM SUCESSO NO FUTEBOL DOS EUA

RODA VIVA

MAIS UM IMBRÓGLIO E O NOVO AEROPORTO NÃO DESLANCHA

IVAN CABRAL

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Últimas 2

Editor Marcos Bezerra

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/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 25 DE JULHO DE 2010

NO FIM DA FILA,

MANO ACEITA

/ SELEÇÃO / DEPOIS DA RECUSA DE MURICY RAMALHO, TREINADOR DO CORINTHIANS ACEITA ASSUMIR O COMANDO DO TIME BRASILEIRO ALMEIDA ROCHA / FOLHA IMAGEM

DEPOIS DE A CBF não ter consegui-

do fechar com Muricy Ramalho, a seleção brasileira já tem novo treinador. Em entrevista coletiva ontem pela manhã, o técnico Mano Menezes anunciou que aceitou o convite feito pelo presidente da entidade, Ricardo Teixeira, para comandar o time nacional. Dessa forma, o técnico deixa o comando do Corinthians, onde trabalha desde o inicio de 2008, e terá de fazer sua primeira convocação já nessa segunda-feira, em uma lista que deve contar com a maioria dos jogadores atuando no Brasil. Eles disputarão o amistoso contra os Estados Unidos no dia 10 de agosto, em Nova Jersey. Até a confirmação do treinador corintiano, a CBF viu uma novela para conseguir um novo comandante para a seleção. Depois de demitir Dunga, muitos nomes foram ventilados até que, na sexta-feira, Ricardo Teixeira se reuniu com Muricy Ramalho para convidá-lo para o cargo.O que ninguém esperava era que o Fluminense não liberaria o treinador. A CBF fez um novo convite, agora para Mano Menezes. O técnico assume a seleção brasileira para comandar o novo ciclo que culminará com a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Uma de suas maiores missões será fazer uma ampla renovação no time, principalmente com jovens jogadores. O próprio presidente da CBF já havia dito, logo após o fracasso no Mundial sul-africano, que esse seria o maior objetivo do novo comandante.

▶ Após um treino concorrido, Mano Menezes anunciou o sim à seleção A escolha de Mano Menezes confirma o perfil anunciado pela entidade dois dias depois da derrota do Brasil para a Holanda pelas oitavas de final da Copa de 2010, de que o novo técnico não seria outro “gênio da lâmpada”, como passou a ser classificada a opção Dunga quatro anos antes, e sim um nome consagrado.

HISTÓRICO

Luis Antônio Venker de Menezes nasceu em 11 de junho de 1962 e começou sua carreira como técnico em 1997, pelo Guarani de Venâncio Aires. Assumiu o Grêmio em 2005 e conduziu a equipe de volta à Primeira Divisão do futebol nacional conquistando a Série B. Comandando o Corinthians, mais uma vez conquistou a Série B do Brasileirão de forma invicta, agora em 2008. Já em 2009, levou o Corinthians aos títulos do Paulista e da Copa da Brasil.

/ ELEIÇÕES-2010 /

DATAFOLHA APONTA SERRA À FRENTE DE DILMA FOLHAPRESS NA TERCEIRA SEMANA

oficial da campanha, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) seguem empatados na corrida presidencial. O tucano está com 37% contra 36% de Dilma, mostra o Datafolha. A pesquisa foi realizada entre os dias 20 e 23, com 10.905 entrevistas em todo o país. A margem de erro é de dois pontos, para mais ou para menos. Na última pesquisa, de 30 de junho e 1º de julho, Serra havia registrado 39%, contra 37% de Dilma. Ambos oscilaram negativamente, mas dentro da margem de erro. Marina Silva (PV) tinha 9% e agora foi a 10%. Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) pontuou pela primeira vez nesta eleição, marcando 1%. A opção brancos/nulos/nenhum somam 4%, enquanto 7% não sabem. Zé Maria (PSTU) também tem 1%. Outros quatro candidatos de partidos pequenos que concorrem a presidente foram incluídos na pesquisa, mas não atingiram 1%. O Datafolha continua a captar uma estabilidade no número de eleitores indecisos ou que votam em branco ou nulo: 4%, o mesmo percentual do último levantamento. Os indecisos são 10%, contra 9% no levantamento anterior. Numa simulação de segundo turno, o cenário repete o de maio, com Dilma numericamente à frente de Serra, mas dentro da margem de erro: a petista

tem 46% contra 45% do tucano. Espontânea Na pesquisa espontânea, quando o entrevistado responde em quem pretende votar sem ver a lista de candidatos, o resultado é favorável a Dilma Rousseff. Ela tem 21% e se manteve estável em relação aos 22% da outra pesquisa. Já Serra tinha 19% e recuou para 16%. A petista também tem potencialmente a seu favor as respostas dos 4% que declaram querer votar no presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Outros 3% respondem ter intenção de escolher o “candidato do Lula’’ e 1% quer um “candidato do PT’’. Na sondagem sobre intenção de voto espontânea, os indecisos são 46%, contra 42% no início do mês. Marina Silva (PV) tem melhorado sua marca lentamente: 2% em abril, 3% em maio e junho, e, agora, foi a 4%. Há também um quadro de poucas mudanças na rejeição dos candidatos. Os que não votariam no ex-governador “de jeito nenhum’’ são 26% (eram 24% da última pesquisa). Dilma tem 19% (antes o percentual era 20%). Entre os candidatos mais competitivos, Marina é a menos rejeitada (apenas 13%). Na divisão do voto por regiões do país, não houve também inversão de posições. O tucano lidera no Sul e no Sudeste. Dilma ganha no Nordeste e no Norte/ Centro-Oeste.

/ GP-ALEMANHA /

POR DOIS MILÉSIMOS, VETTEL FAZ A POLE; MASSA SAI EM TERCEIRO FOLHAPRESS EM TREINO CLASSIFICATÓRIO decidido na última volta, Sebastian Vettel, da Red Bull, conquistou a pole do GP de Hockenheim, na Alemanha, por uma diferença de apenas dois milésimos para o espanhol

Fernando Alonso, da Ferrari. O piloto alemão conquistou a sexta pole na temporada e a 11ª na carreira. Líder do campeonato com 145 pontos, o britânico Lewis Hamilton larga em sexto. Vettel tem 121 e ocupa a quarta posição na classificação geral da temporada. O brasileiro Felipe Massa, da Ferrari, vai largar em terceiro, enquanto que Rubens Barrichello, da Williams, sairá em oitavo. Já Lucas di Grassi, da Virgin, teve problema no câmbio e não conseguiu fazer nenhuma volta no treino de classificação. A largada em Hockenheim será dada às 9h.

/ CASO BRUNO /

CORPO ACHADO EM SP NÃO DEVE SER DE ELIZA, DIZ POLÍCIA O CORPO ENCONTRADO carboniza-

do no dia 26 de junho em Cachoeira Paulista (a 212 km de São Paulo) não deve ser de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, suspenso do Flamengo. Ela está desaparecida desde o dia 9 de junho e, segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, deve estar morta.

O delegado Edson Moreira, que preside o inquérito do suposto homicídio de Eliza, disse que “é de 0,001%’’ a chance de que esse corpo seja da ex de Bruno. Apesar disso, a polícia mineira vai ter que esperar por esse laudo porque toda suposta prova tem que ser considerada até estar totalmente descartada. Isso vai retardar um pouco a conclusão do inquérito, disse o delegado. O corpo encontrado no interior de São Paulo estava totalmente carbonizado, sem a arcada dentária superior e despertou a atenção da polícia pelo fato de ninguém tê-lo reclamado.


Política

Editor Viktor Vidal

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NATAL, DOMINGO, 25 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

MULHER, ANTES DE TUDO

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/ PERFIL / APESAR DOS COMPROMISSOS POLÍTICOS, ROSALBA CIARLINI NÃO ABRE MÃO DA FAMÍLIA NEM DA VAIDADE AUGUSTO RATIS / NJ

▶ Com o neto Marlos, pausa na campanha para uma festa de criança CRISTIANO FÉLIX

DO NOVO JORNAL

PELO PAÍS AFORA, 90%

das mulheres trabalham e conciliam a rotina com o comando da casa, que as mantêm ocupadas em média por 4,4 horas por dia. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) enquanto o tempo com tarefas domésticas e familiares é maior na região Nordeste, no Distrito Federal elas passam mais tempo longe do lar. Os dados são abrangentes e não enxergam situações isoladas como a da senadora Rosalba

costuma repetir que prefere a família grande. “Não gosto da idéia de um casal com apenas um filho. Acho que todos deveriam ter pelo menos dois”, diz em tom de sentença, e ajudando a fazer os cálculos. A contar pelos quatro netos que tem atualmente e um quinto que deve nascer no início de agosto, espera no mínimo outros três. “Gosto de participar do crescimento deles. Acompanhei o parto de todos”, conta. O mesmo não vai acontecer dessa vez. A filha Karla, grávida de oito meses, vive na Alemanha,

ARGEMIRO LIMA / NJ

▶ Celina Mascarenhas, cabeleireira de Rosalba há mais de 20 anos, acompanhou o crescimento dos filhos da senadora e virou amiga

Ciarlini (DEM), que transita entre os dois universos. A parlamentar que pleiteia ser chefe do executivo estadual, longe dos holofotes da política, se mostra no comando. Da família. Assumir as demandas inerentes à maternidade era uma tarefa simples para quem já tinha escolhido cuidar de crianças. A médica que abraçou a pediatria por 12 anos diz não ter tido dificuldades em acompanhar os quatro filhos e até hoje, apesar da prole já crescida, tenta direcioná-los, colocando muito da sua experiência na vida deles. Em especial,

casada com o europeu Jan. Pessoalmente, o único contato durante a gestação foi providenciado em abril, durante a pré-campanha. Mas agora o período é outro, de campanha eleitoral, e o contato limita-se à internet. A distância aumentou. Ela tenta compensar a ausência futura com pequenas participações no presente dos netos que moram em Natal e Mossoró. Com o tempo reduzido pelas caminhadas em busca de votos para levála ao governo do estado, foi encontrar dois deles no aniversário de um ano de Valentina, filha

do jornalista Chrystian e Keity de Saboya. Chegou ao palco da festa, o Teatro Alberto Maranhão, com uma hora e meia de atraso e o celular em punho, ligando para o filho Marlos. Depois do encontro, segurou o caçula Artur, de um ano e meio, nos braços. Só largou quando o pequeno pediu atenção do pai e ela, prontamente, voltouse para o mais velho, Carlos Augusto, 6. Em um evento repleto de colunáveis, Rosalba não evitou distribuir cumprimentos aos convidados, mas passou a maior parte do tempo reservada, embaixo da escada que leva aos camarotes do teatro. Era um espaço tranquilo, que permitia conversas mais íntimas com os familiares. Entre elas, troca de experiências com Renata, a mãe dos meninos. “Como passo a semana em Brasília, tento reunir todo mundo na minha casa no final de semana. Tenho alguns jogos e a gente brinca junto. Eles adoram”, revela. Rosalba Ciarlini guarda outras artimanhas para prender a atenção das crianças, mas todas bem diferentes das da sua época. No aniversário estava sendo encenada uma montagem do clássico “A bela e a fera”. O conto de fadas francês de Gabrielle-Suzanne Barbot, Dama de Villeneuve, datado de 1740, encontra apoio na contemporaneidade e serviu de introdução para muitos convidados de pouca idade. “Começando desde cedo, essa geração vai tomar gosto pela arte”, ponderou. De forma iniciante e sem qualquer pretensão, Rosalba disse que na infância gostava de simular apresentações teatrais e foi pela primeira vez a uma casa de espetáculo na cidade de Fortaleza, aos oito anos, levada por uma tia. “Era muito divertido e aquilo tudo fascinava. Acho que porque no colégio a gente estudava coisas diferentes como poesia e não tinha televisão”.

GOSTO DE PARTICIPAR DO CRESCIMENTO DELES (NETOS). ACOMPANHEI O PARTO DE TODOS” AUGUSTO RATIS / NJ

Digressões como essa estão sendo raras em virtude do ritmo exigido pelo pleito que se avizinha. No último final de semana a candidata contabilizou 16 horas ininterruptas de atividade em um só dia, com direito a longas caminhadas pelo centro de Mossoró. Para essas horas conta, além da disposição, o preparo físico. Apesar de não ser afeita a exercícios, a candidata sustenta que “sempre que há tempo”, faz caminhadas que duram cerca de 40 minutos. Pelo “Bosque dos namorados” – como chama o Parque das Dunas – ou o Bosque das Mangueiras, em Lagoa Nova. Na capital federal, arrisca em manhãs espaçadas, a despeito do clima seco. “É só compensar tomando bastante água”, retruca a médica.

▶ Rosalba com o seu neto Carlos Augusto de 6 anos

CONTINUA NA PÁGINA 5 ▶


Opinião 4

Editor Franklin Jorge

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/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 25 DE JULHO DE 2010

Editorial Denúncia na Educação ▶ rodaviva@novojornal.jor.br

Interino: Carlos Magno Araújo, com Redação

CONTADORA?

PAI

NOSSA ANGUSTIANTE PEQUENEZ

A prefeita Micarla de Sousa destituiu ontem da chefia geral do Hospital da Mulher Leide Morais a técnica em contabilidade Elizama Batista da Costa. Provavelmente a servidora vai para um setor mais afeito à sua especialização.

Quem tem boa memória lembra da última visita do presidente Lula a Natal. Com toda pompa e circunstância anunciou-se a assinatura de um documento mágico, por meio do qual as obras do aeroporto de São Gonçalo do Amarante ganhariam celeridade. Era o que fazia crer a euforia. As autoridades festejaram, ônibus e ônibus vieram do interior prestigiar o evento no Centro de Convenções. Reproduziram-se declarações de entusiasmo. Um novo sol brilharia. A impressão era que no dia seguinte os jumbos pousariam em São Gonçalo, materializando uma nova era econômica e transportando desenvolvimento. De lá prá cá muito pouco andou, além das obras que estão sendo tocadas pelo Exército. Na sexta-feira passada anunciou-se uma viagem do secretário de Planejamento e Finanças Nelson Tavares a Brasília para confirmar a minuta de um edital para contratação, enfim, da empresa que tocaria o restante da obra. Frustrante, o encontro decidiu por um novo adiamento no cronograma do aeroporto para que fossem feitos ajustes nos estudos do BNDES a fim de evitar problemas futuros com o TCU. Foi marcada uma nova data – 5 de agosto – para uma nova reunião. Falta ainda realizar audiências públicas em Natal e em Brasília e algumas outras etapas. Entraves assim persistem há dez anos quando o aeroporto de cargas de São Gonçalo do Amarante foi anunciado. A lentidão e os desencontros sugerem que o entusiasmo das autoridades locais é proporcional ao enfado dos tecnocratas de Brasília em relação à obra que por aqui é vista como um divisor de águas para a transformação do RN. Desde o início, o aeroporto de São Gonçalo sofre da inanição do interesse público, aquele que deveria, pela causa, unir a todos, independente do posicionamento político. Falta ao RN brigar junto, bater na mesa, reivindicar. O estado, nesse caso, parece tratado a pão e água, mas se comporta como se ganhasse pão-de-ló. Perdido e acomodado na mesquinharia, nas circunstâncias momentâneas, vê uma obra que deveria ser suprapartidária perder-se, ou alongar-se, na arrumação política de momento. Estamos dando uma aula de mesquinhez no caso do aeroporto de São Gonçalo. E a obra caminha na velocidade de um cágado.

CONTADORA ? II Para o lugar dela foi nomeado Dioclécio Marques de Lucena Filho, dos quadros da secretaria e com nome de hospital, em Parnamirim – o pai dele. Agora sim, tem a ver, ao menos aparentemente.

CIÊNCIA NA PRÁTICA Antes mesmo de seu início, a reunião da SBPC já demonstrou na prática como o conhecimento científico tem aplicação na vida diária da população. A ciência da meteorologia previu a ocorrência de chuvas durante o início do encontro, hoje, e a cerimônia de abertura foi transferida para o centro de convenções.

CIÊNCIA DO MAR O tema da 62ª SBPC é “Ciência do Mar, herança para o futuro”. É uma boa oportunidade para que estados nordestinos reflitam sobre possibilidades de obter renda turística com seu litoral que ultrapassem o banho de sol nas praias. Construções de aquários marinhos e parques temáticos são opções.

HUMBERTO SALES / NJ

NAVIO A Marinha anuncia participação da SBPC, a grande feira de ciência que começa amanhã em Natal. Na segunda atraca em Natal o navio hidroceanográfico Cruzeiro do Sul, que estará aberto para visitação pública no dia 27, das 14h às 17h e no dia 28, das 9h às 12h e das 14h às 17. A embarcação funciona como um laboratório nacional embarcado.

CHOQUE DE NÚMEROS.

Na segunda-feira quem concede entrevista coletiva é o ministro da Ciência e Tecnologia Sergio Rezende. Às 9h no auditório do Laboratório de Comunicação Social da UFRN. Vem abrir a SBPC.

A campanha eleitoral ainda está longe da fase aguda, que começa com a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV, em 17 de agosto, mas a cabeça do eleitor já está embaralhando-se. As pesquisas divulgadas esta semana por Vox Populi e Datafolha trazem números tão diferentes que dão o que pensar. Enquanto na primeira Dilma tem oito pontos de vantagem sobre Serra, a outra aponta os dois em empate técnico, com o tucano um ponto à frente. A verdadeira pesquisa, mesmo, só vai surgir nas urnas, em três de outubro.

ALIADOS À PARTE A pergunta que não quer calar: como vão se comportar o governador Iberê Ferreira e o ex-prefeito Carlos Eduardo durante o comício que a presidenciável Dilma Rousseff fará em Natal na quarta-feira? O primeiro está ansioso para inaugurar o retrovisor do carro; o segundo adotou como passatempo predileto espinafrar o governo. Tudo em nome do “projeto nacional”. Vá entender.

VELHO OESTE Ninguém se dispôs ainda a “tabular” a suspeita do delegado Maurílio Pinto de Medeiros. Segundo ele, em ano de eleição aumentam os assaltos a agências dos Correios e de bancos pelo interior. Parte do dinheiro teria como destino, segundo o delegado, campanhas políticas principalmente no Oeste. E por que nunca prenderam ninguém?

ATRASO A nota distribuída sexta-feira pelo interventor judicial da Usina São Francisco, Valdécio Vasconcelos Cavalcante, causou estranheza. Afinal, ele só deu conta da falta de documentos contábeis e de dinheiro no caixa da empresa semanas depois de ter assumido a gestão da companhia?

Quebrei o retrovisor, não estou olhando para trás” DO GOVERNADOR IBERÊ FERREIRA DE SOUZA, EVITANDO CRITICAR AS DECISÕES QUE LEVARAM À CONTRATAÇÃO DOS PROJETOS DA ARENA DAS DUNAS POR R$ 27 MILHÕES, SEM LICITAÇÃO

CIÊNCIA

Tão forte é o teflon do vice que nem o fato de ter sido declarado pai de uma professora aposentada, à revelia do exame de DNA que se recusou a fazer, manchou sua imagem. Ao menos, por enquanto.

Artigo RETROVISOR QUEBRADO Ao declarar “quebrei o retrovisor, não estou olhando para trás”, o governador Iberê Ferreira de Souza deixou no ar uma crítica velada às decisões adotadas por sua antecessora, a ex-governadora Wilma de Faria. Com uma canetada ele reduziu as despesas com a contratação de projetos para a Arena das Dunas de R$ 27 milhões para R$ 4 milhões.

PORCINAS BIRA E O FUTURO O empresário Bira Rocha faz palestra amanhã em Ceará-Mirim. A convite da prefeitura local, ele vai falar das potencialidades econômicas do Mato Grande, que tem a cidade como porta de entrada. Para Bira, o futuro da Região está ligado aos setores do turismo, com a construção de resorts; da energia, com os projetos eólicos; e da logística, pela proximidade do Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante.

Depois do senador paranaense Álvaro Dias, que foi ex-futuroquase candidato a vice na chapa presidencial de José Serra, Murici Ramalho também viveu, como treinador da Seleção, a experiência de Viúva Porcina, que foi sem nunca ter sido.

ZUM ZUM ZUM ▶

A Associação dos Cabos e Sargentos da PM do RN vai promover debates dobre Segurança Pública com os candidatos ao governo entre os dias 24 e 28 de agosto. ▶ A senadora Rosalba Ciarlini participa da Novena de Santana hoje em Currais Novos. ▶ O governador Iberê Ferreira de Souza, em Caicó, acompanha a cavalgada de Santana.

Carlos Eduardo faz caminhada no bairro Felipe Camarão, em Natal. ▶ Hoje tem “Samba da gente” na Casa de Shows Preto no Branco, em Ponta Negra. ▶ Representantes da BM&Bovespa participarão, aqui em Natal, da VII Semana de Administração Orçamentária, Financeira e de Contrataçõaes Públicas” que começa amanhã e segue até o dia 30.

▶ Nos aeroportos do Rio, São Paulo e Brasília começaram a funcionar os juizados especiais para atender reclamações de usuários. Nós, aqui, seguimos sofrendo com o Augusto Severo e esperando pelo São Gonçalo do Amarante. ▶ Após dez dias de descanso, o titular Cassiano Arruda Câmara reassume na terça sua Roda Viva.

O debate em torno da péssima qualidade da educação potiguar, aferida por meio de índices oficiais recentes do Ministério da Educação como o Ideb e o Enem, ganhou nesta semana um componente fundamental, cujos integrantes, embora diretamente envolvidos no processo de ensino e de aprendizagem, permaneciam à margem. Normalmente, a análise sobre o quadro da educação se restringe aos educadores estudiosos do tema e, no contraponto, à alta cúpula das secretarias. Os educadores, não raro, variam entre a digressão e a teoria, o que em geral resulta em avaliações genéricas – e isso, de resto, não chega a ser totalmente negativo, uma vez que cumprem o papel de tentar entender e decifrar a educação de um ponto de vista macro. Costuma faltar, porém, às suas críticas a associação prática com a realidade. A alta cúpula das secretarias, por seu lado, se habituou a adotar o tom defensivo, uma vez que não é fácil assumir as deficiências da rede, ainda que sejam evidentes e públicas, o que, por via indireta, representa também tomar-se como incompetente. Sem falar, ainda, que o fato de simbolizarem o poder (o gestor do sistema) tendem a ressaltar as ilhas de excelência, quando existem, e escamotear os erros. O protesto feito nesta semana por professores, alunos e pais de alunos da Escola Estadual Ana Júlia de Carvalho Mousinho, no conjunto Parque dos Coqueiros, pôs no debate, entre a análise dos estudiosos da Educação e a palavra oficial do poder público, a personagem principal – os estudantes –, para quem as mazelas identificadas através do monitoramento do Ministério da Educação se revelam no dia a dia ainda mais cruéis. As denúncias feitas ali são estarrecedoras e merecem ir além do registro no noticiário. Precisam ser levadas a outros fóruns porque não se trata de problema localizado; muito pelo contrário. Na escola Ana Júlia, os estudantes que prestarão vestibular neste ano não têm aulas de Química desde 2009. Faltam professores de Inglês, Biologia e Artes e profissionais de apoio. Pior: o presidente do Conselho Escolar, José Rebouças Costa, afirmou que a secretaria manipula relatórios para mascarar a aprovação de alunos e justificar, assim, repasses de recursos do Banco Mundial para financiar a educação pública. Para suprir a falta de professores, disse ele, a orientação que as escolas recebem é que apliquem um trabalho – em geral, copiado da internet pelos alunos - para servir de avaliação final. Assim, estudantes são aprovados sem nunca terem assistido aula. Uma fraude, reconheceu o professor Rebouças. É essa a educação, denunciada por profissionais da Escola Ana Júlia, que o estado está oferecendo aos seus jovens. Uma vergonha.

▶ Por erro, a nota sobre a estranha ausência do secretário da Copa Fernando Fernandes na coletiva de Iberê saiu duas vezes. Falha nossa. Mas que foi estranho foi. ▶ Zeca Baleiro faz o show principal de abertura da SBPC hoje à noite no anfiteatro do Campus. Anunciaram para às 23h, mas deve começar antes, segundo os próprios organizadores.

CARLOS MAGNO ARAÚJO Diretor de Redação ▶ carlosmagno@novojornal.jor.br

Nossa Febeafu Saudades de Stanislaw Ponte Preta. A sucessão de besteiras que se dizem no futebol moderno só se compara com o espaço que o noticiário dedica a futilidades do nobre esporte bretão. O Febeapá de Sérgio Porto hoje seria Febeafu, o festival de besteiras que assolam o futebol. Quando o Brasil era o país da bola, o noticiário era menor e os protagonistas eram os atletas – e em geral não falavam asneira em cima de asneira. Hoje o país já não é o do futebol. A paixão na Espanha, na Itália, na Inglaterra e na Argentina, onde os estádios estão sempre lotados, é maior do que a nossa. Apesar disso e ajudado pela evolução tecnológica, o espaço das “notícias” aumentou. Migrou do jornal e das revistas para a TV aberta e agora para as TV pagas e para o ilimitável universo virtual. A conseqüência imediata é que tudo é supervalorizado. Um espirro vira febre amarela. São incontáveis os programas, jornais, notícias voltadas para o mundo da bola. Ruim? Não. Ótimo. Mas a futilidade tá dando de dez no jornalismo. Para enfrentar a concorrência, a turma que busca a “notícia exclusiva” se supera. Como também se superam os coadjuvantes do espetáculo (como se costuma dizer no rádio). Hoje, tanto quanto os jogadores, brilham técnicos e árbitros de futebol. O jogador é só um detalhe. Na Copa, não brilharam Kaká nem Robinho. Os holofotes estão todos voltados para Dunga, que desandou a falar besteiras; para Maradona, para o treinador da Alemanha que ao vivo tirou uma meleca e dela fez bolinha. Felipão volta ao Brasil com sua arrogância costumeira. A mesma de Dunga. Virou queridinho porque trouxe o caneco em 2002. Se perdesse, teria o destino de um Lazaroni. Foi bafejado pela sorte e por um Ronaldo inspirado. A última dele (ou a primeira após o retorno), propagada por sites, jornais e tevês: proibir os jogadores de darem entrevistas no intervalo ou no fim dos jogos. Quem ousar pode ser multado em até R$ 10 mil. No Twitter, a torcida do Corinthians pede para Mano Menezes desistir da seleção brasileira – nada mais emblemático para estes novos tempos. Pelo twitter. Uma empresa russa de apostas on-line ofereceu 100 mil dólares (isso mesmo) ao dono do aquário alemão pelo polvo Paul. O objetivo é usar o molusco não numa paella, mas para a previsão de resultados. Larissa Riquelme, a musa paraguaia da Copa, já não usa o celular no decote. Agora é na cintura da calça. Uau. Estamos assim, na era da revolução tecnológica e, na mesma proporção, da reprodução exacerbada de besteiras. Um festival. O nosso Febeafu parece também com o Febeapó. Mas de política, falemos depois.


▶ POLÍTICA ◀

NATAL, DOMINGO, 25 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

Painel RENATA LO PRETE Da Folha de São Paulo

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“PREFIRO O ROSA. TEM?”

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FOTOS: ARGEMIRO LIMA / NJ

Operação dissidência Vice na chapa de Dilma Rousseff (PT), o peemedebista Michel Temer fará ofensiva sobre a ala dissidente do partido, sobretudo no Sul, região onde a candidata petista obtém seu pior resultado, no Datafolha, em relação a José Serra (PSDB). Temer deve ir ao Rio Grande do Sul, onde José Fogaça (PMDB) declarou neutralidade na disputa presidencial. Fora da região, ele também visitará Mato Grosso do Sul, onde André Puccinelli (PMDB) dá palanque a Serra. E o detalhamento da pesquisa Datafolha traz ainda uma curiosidade. Dilma vai mal entre os 7% que assinalaram o PMDB como partido de preferência: 30% das intenções de voto contra 51% de Serra.

MUTIRÃO O assédio da campanha petista sobre os ‘neutros’ não se resume ao PMDB. Em Santa Catarina, o PT pressiona o aliado PDT a levar para o barco dilmista a candidata ao governo Ângela Amin (PP), que tem o PDT como vice de sua chapa.

SAIA JUSTA

Dilma e Lula estarão em campanha em Porto Alegre na próxima quinta-feira. Como o ato está sendo organizado pelo PT, cujo candidato no Estado é Tarso Genro, Temer não deverá se integrar nessa ocasião à comitiva. Tudo para não melindrar Fogaça.

PEDRAS

A nova pesquisa Datafolha em Minas, apontando vantagem de 26 pontos de Hélio Costa (PMDB) sobre Antonio Anastasia (PSDB), este o candidato de Aécio Neves, reforçou ainda mais a falta de esperança de alguns tucanos em relação à ‘mobilização’ pró-Serra do ex-governador. A lógica, defendem, é que cada vez mais a (única) preocupação de Aécio será tentar fazer Anastasia deslanchar.

MIÚDOS

A pesquisa mostra que a dianteira de Costa não está ligada ao apoio de Lula: 74% dos entrevistados disseram não saber quem é o candidato que o presidente da República apoia.

COFRE

O PT distribuiu aos candidatos petistas e aliados cartilha com orientações sobre a movimentação de dinheiro na campanha presidencial. O texto diz que ‘para vencer uma eleição presidencial, não basta ter uma ótima candidata, um projeto aprovado por 80% do povo brasileiro e uma militância engajada’. ‘É preciso também que todos os partidos da coliga-

ção e seus candidatos consigam arrecadar recursos suficientes para fazer uma campanha eficiente.’

PELAS BEIRADAS

Integrantes da cúpula do PSDB dizem ter informações de que o vice-presidente-executivo do partido, Eduardo Jorge Caldas Pereira, não foi o único alvo de vazamentos de dados da Receita Federal. Daí o próprio Serra ter subido o tom contra o PT, acusando o ex-prefeito Fernando Pimentel (PT-MG) de coordenar a produção do dossiê.

LIPOASPIRAÇÃO

Ficou claro na primeira reunião de programa de governo dos partidos aliados a Dilma, na quinta-feira, que as críticas à imprensa não sobreviverão à versão final do documento, que deve se concentrar na divulgação de 13 diretrizes para o eventual governo.

FICA COMBINADO

O tom da reunião foi assim resumido por um dos presentes: ‘No texto final, não entrará tudo o que cada um quer, mas também nada que cause repulsa a alguém’.

PAPAGAIO

Entre as orientações, está a de que todo gasto de campanha precisa ser aprovado previamente pelo comitê financeiro nacional sob pena de não ser reconhecido posteriormente.

REVISÃO

A campanha petista agora diz que houve amadorismo na organização do primeiro comício de Lula com Dilma, no Rio, sobretudo em relação à estimativa de público para lá de otimista divulgada pelo partido. Agora, os petistas reconhecem que dificilmente antes do início da propaganda na TV, em 17 de agosto, conseguirão mobilizar grandes massas nos eventos de rua.

TIROTEIO O Brasil inteiro sabe que o especialista em dossiê é o próprio Serra. Aliás, desde a eleição de 2002, no caso da Roseana Sarney. DO DEPUTADO REGINALDO LOPES, presidente do PT-MG, respondendo às declarações do candidato tucano, segundo quem o dossiê elaborado pela campanha de Dilma Rousseff foi coordenado por Fernando Pimentel (PT).

CONTRAPONTO D’ARTAGNAN Candidato a deputado federal, o estilista Ronaldo Esper contou dias atrás que preparava um slogan para sua campanha baseado na frase: ‘3636, agulhando a corrupção por vocês’. Novato em disputas eleitorais, Esper afirmou, entretanto, que a ideia não tem muita chance de prosperar. — Acho que não vai colar, o partido não gostou muito.

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 03 ▶ Transmutar Rosalba simplesmente em imagem é colocá-la ora clássica, ora audaciosa. Profissionais de moda e beleza não conseguem enxergar um estilo apenas, dadas as adaptações e notórias preocupações com o modo de se apresentar. Para a campanha, um guarda-roupa montado pela consultora Gladis Vivane. Para outros momentos, o acato de sugestões dos mais chegados, como a assessora de imprensa Janaína Amaral e vendedores de lojas especializadas em moda feminina. “Independentemente da ocasião, ela precisa estar sempre bem vestida e não tem um personal”, conta o empresário Guilherme Galvão. Há que se abrir um parênteses para falar de outra particularidade do sexo feminino, que é de ser mais volúvel à linguagem de moda, ainda mais tendo uma estilista por perto. Lorena, filha de Rosalba, mora em Recife, de onde comanda a marca feminina Lore, negócio que acostumou a mãe demarcar o visual por temporadas. Atualmente Rosalba Ciarlini tem preferências claras, evidenciadas em fotos de jornais e demais registros em aparições públicas. Veste preferencialmente alfaiataria, vestidos com cumprimento na altura dos joelhos, com mangas e sem decote no busto. A vestimenta independe de tecido, desde que não seja nada ajustado ao corpo. Sabendo do estilo, corriqueiramente as peças são separadas e endereçadas, numa espécie de serviço delivery para clien-

▶ Jane Teixeira mostra vestidos da loja frequentada por Rosalba tes especiais. É assim que os funcionários de uma das lojas mais freqüentadas pela senadora, a Guilhermina, agem. As encomendas chegam à residência da parlamentar a cada quinze dias, para que prove tudo com calma e escolha com o que ficar. “Dificilmente ela não gosta e devolve alguma coisa. Mandamos a descrição dos produtos com preço e ela manda alguém fazer o pagamento”, revela a vendedora Jane Teixeira. O estabelecimento, localizado na Avenida Afonso Pena, em Petrópolis, foi visitado por Rosalba apenas dois pares de vezes. Da primeira, lembra a atendente, havia sido disposta uma vitrine clássica, ela passou pela via, se interessou e entrou. Era novembro do ano passado. “Algumas pessoas

reconheceram, mas a gente atendeu normalmente, com os privilégios e tratos dispensados toda clientela”. Para o corpo a corpo com os eleitores a indumentária muda. Sai de peça única para calça e camisão. Só há uma restrição de cor. “Ela não usa vermelho. Uma vez fomos oferecer um vestido de festa e ela falou: não gosto desse tom, prefiro o rosa. Tem?”, lembra Jane. Para compor, salto cinco. “Tem que ser médio e confortável. Quando ela gosta, não precisa nem ouvir opinião, mas em geral ouve mais do que fala. Apesar de ter bom gosto, acho que precisa de alguém para orientar na escolha”, completa. Amenidades também foram conversadas nas poucas ocasiões de provador. Dos assuntos

em comum, muitos relacionados ao Seridó, já que o proprietário da loja é currais-novense. Ele avalia: “O marketing político contribuiu para aguçar a feminilidade dela. Com tantas intervenções, Rosalba acabou ficando mais vaidosa”.

DIFICILMENTE ELA NÃO GOSTA E DEVOLVE ALGUMA COISA” Jane Teixeira Vendedora

VAIDOSA, MAS SEM EXCESSO Uma ligeira mudança também foi sentida pela cabeleireira que atende a candidata há mais de 20 anos. Celina Mascarenhas conheceu a senadora dentro do seu salão, então instalado no CCAB Sul. Ela foi levada pelo marido, que já era cliente. “Ela nunca veio sozinha. Está sempre acompanhada, seja de um funcionário, do esposo. Antigamente vinha com os filhos. Eu acompanhei os dela e ela os meus. Hoje, alem de eu atender, meu filho faz maquiagem nela”, conta. Atenta ao perfil dos clientes, Celina diz que nunca notou excessos. “Sinceramente, se ela já fez algumas cirurgia plástica é algo que eu não percebi. Notei que ela mudou o sorriso, cuidou da dentadura e ficou muito melhor. Acho que tratando das preocupações estéticas que toda mulher tem, essa é a única evi-

dente. Rosalba é vaidosa, mas sem exagero”. Da convivência surgiram algumas importâncias. Mesmo a equipe do salão ficando desfalcada, a cabeleireira acata a pedidos urgentes e, de vez em quando, manda seus profissionais para atender a cliente assídua em domicílio. Ela conta que duas décadas atrás, Rosalba tinha o cabelo mais inteiro e usava um corte estilo Chanel. “Ela aprendeu a brincar com isso e sempre está fazendo reflexos e até desfiando um pouco. Mostra contemporaneidade, que está sempre buscando ser atual”, avalia a cabeleireira. A maneira de se comportar é que permanece imutável, afiança. “Conheci Rosalba apenas como médica e confesso que nunca imaginei que ela fosse entrar na política. Ela tem uma pre-

ELA SEMPRE ESTÁ FAZENDO REFLEXOS E ATÉ DESFIANDO UM POUCO” Celina Mascarenhas Cabeleireira

sença marcante, mas age como uma pessoa comum e até brinca com a gente e faz fofoquinhas. Tudo natural. Mas aprendi a ad-

POLÍTICA QUE NATURALMENTE ACONTECEU Rosalba Ciarlini é casada com o ex-deputado Carlos Augusto Rosado, que cumpriu quatro mandatos na Assembleia Legislativa. Com ele teve quatro filhos (Lorena, Carlos Eduardo, Karla e Marlos), o que a colocou na condição de sempre ter na dinâmica cotidiana a dupla jornada. Antes mesmo de entrar na vida pública, se dividia entre consultório médico e cuidar da prole. O ex-parlamentar até hoje é apontado como o artífice do projeto político da esposa. E com o passar dos anos tem demonstrado mais confortável circulando nos bastidores. Mas sua intervenção não foi necessária quando o nome de Rosalba começou a aparecer em pesquisas de intenção de votos para as eleições municipais de 1988, em Mossoró. Na época, a senadora era presidente da Unimed Mossoró – cooperativa de trabalho médico, além de plano de saúde -, cargo

que ocupou por três vezes. A lembrança da população a pegou de surpresa. “Foi interessante porque eu realmente não esperava. Resisti um pouco à idéia, tanto que só ingressei no PDT – partido ao qual se filiou antes de fazer parte do quadro dos democratas - dois dias antes da convenção que homologou meu nome como candidata”, lembra. Convocada, disputou e venceu o pleito, administrando a chamada Capital do Oeste pela primeira vez de 1989 até 1992. Ao se desligar da gestão, passou um intervalo de cinco anos sem exercer função política, e novamente sua participação foi colocada à baila. “Não chegou a ser uma dúvida. Sabia o que queria fazer, mas senti saudades de exercer a profissão que escolhi”. A pediatra então passou três meses em Madri, na Espanha, para fins de atualização. Regressou a Mossoró com o objetivo de

mirar, e muitas clientes minhas também, porque ela não confunde as coisas. Entra aqui e sai sem pedir voto”.

NÃO CHEGOU A SER UMA DÚVIDA. SABIA O QUE QUERIA FAZER, MAS SENTI SAUDADES DE EXERCER A PROFISSÃO” continuar com a pediatria. E assim foi até surgir o segundo chamamento e com ele uma nova eleição para a prefeitura da cidade e a recondução, em 2001. Não havendo mais possibilidade de re-eleição, migrou para o legislativo, sendo a primeira mulher do estado a ocupar acento no Senado Federal. No plano pessoal, tentou estimular os filhos a seguirem a carreira médica, mas nenhum demonstrou interesse. Apenas

duas sobrinhas ingressaram na universidade na párea de saúde. A primeira, Tainá, recebeu de presente o estímulo, o estetoscópio e uma coleção de publicações acadêmicas. “Comecei de criança dizendo que seria médica e sempre trabalhei com muito amor. Às vezes sinto falta, mas consigo me satisfazer quando encontro antigos pacientes, já crescidos, que me reconhecem e vem falar comigo”, garante.


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▶ OPINIÃO ◀

/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 25 DE JULHO DE 2010

FRANKLIN JORGE Jornalista

Perigoso divino maravilhoso APESAR DOS ANOS decorridos desde então, lembro-me ain-

da do estranhamento que resultou de ouvir a musica de Caetano Veloso pela primeira vez. Passava então férias no Ceará-Mirim o ouvi tocado no rádio ao passar diante de uma casa desconhecida à Rua Meira e Sá. Parei para ouvi-lo, sem saber ao certo o que ouvia, tão novo e inesperado me pareceram aquela melodia, aqueles versos e aquela voz que fugiam inteiramente ao convencional. Um fenômeno, pensei, certo de que participava de um grande acontecimento estético que teria reflexos em minha própria concepção de arte em processo. Em todo caso, seria o elemento surpreendente, novo e inovador que incrementaria o humanismo que me tocava, por tradição e índole. Como todo jovem, eu era também pretensioso e audaz em minha busca do belo e do bom, como diriam os tomistas... Respaldado por vastas e criteriosas leituras e norteado pela filosofia, ao contrário da maioria dos nossos artistas que atuam de maneira intuitiva, Caetano abria novas perspectivas musicais, porém naquele momento o que me tocou foi o inusitado da sua criação que inovava sem destruir a herança das gerações que o antecederam, ao apropriar-se e expandir a seu modo, ou seja com a marca da sua carismática personalidade artística, a herança de seus antecessores, como eu perceberia depois, alguns anos depois, ao refletir sobre o seu legado que vai além da criação musical. Enquanto em Natal pseudo-literatos inoculados pelo vírus da “vanguarda” tentavam destruir em praça pública a obra cascudiana, por considerá-la o símbolo do passadismo e do oficialismo, Caetano incorporava ao seu repertório o que aprendera com os mestres, dando-nos o valioso exemplo de que só tem futuro quem compreende e

respeita a tradição, que já foi descrita como uma espécie de cadeia da qual todos nós somos os elos - através dos quais a sabedoria e o conhecimento são incorporados a um todo universal e acessível a que podemos chamar de experiência feito. Passei desde então a seguir os passos desse baiano perigoso, divino e maravilhoso que a tudo deglutiu sem pudor e sem acanhamento, resultando numa expressão cosmopolita a que chamamos, por causa da sua vocação para a explosão e a síntese, de Tropicalismo. Uma obra, enfim, que o justificaria no futuro, como desejaria todo artista cônscio do que cria. Eis o que escrevi, alguns anos depois, revivendo esse momento inefável de descoberta e que pode ser lido na reedição do meu “Fantasmas Cotidianos”: “Ao ouvir Caetano pela primeira vez, senti uma viva reação não específica, talvez próxima do entusiasmo dionisíaco. “Esse acontecimento estético representou uma espécie de rito de passagem para o adolescente maravilhado e incrédulo que parava no Ceará-Mirim. Ao fruí-lo, com a intensidade de meus sentidos alertas, persuadi-me de que essa seria uma das experiências mais reveladoras de minha vida pretérita e futura. “Desde então, de modo imperativo e difuso, senti que a vibração dessa música exasperada pela inteligência, carismática e algo protéica, ajudaria o futuro a tomar forma. “Caetano logo difere do criador cego. E, decidido a transformar a volúpia em canções que são a mais viva prova da sua imortalidade, reivindica a importância, para o artista, do descontentamento. “Domina-o uma sede insaciável de tudo o que se encontra mais além, e que, na brevidade fecunda da sua arte alegre e comunicativa, irradiadora de um encanto hipnó-

franklinjorge@novojornal.jor.br

tico, revela a vida”. E, noutra página do mesmo livro, acrescentei: “Quando o ouvi pela primeira vez, tocando no rádio, fui arrebatado por aquela estranha e poderosa vibração, inspirada aos jovens somente pela descoberta do primeiro amor. Amigos meus – mais bem informados das novidades musicais – sentiam-se, como eu próprio, algo desnorteados e ao mesmo tempo exaltados pelos carismas dessa música que nos abria de maneira imprevista e absorvente novas perspectivas estéticas, aparentemente sem nenhuma ligação com as obviedades da “Jovem Guarda” e do “iê iê iê”. “Desde o primeiro momento em que ascendeu e brilhou no céu musical, Caetano Veloso impôs um estilo personalíssimo que passou a valer como uma assinatura e que aparentemente não devia nada a ninguém, a não ser, talvez, ao intimismo bossa-novista. Assim, com sua generosidade inigualável, ele nos fala através de sua arte do que é substancialmente seu, por amor e assimilação. “Como Proteu, divindade egípcia que se transforma a cada instante, era Caetano, naquele momento e para sempre, tudo o que não prevíramos e que, à sua maneira performática de compor e cantar, resumia e ampliava nossos mais secretos anseios estéticos de jovens marcados por um profundo existencialismo. “Intrépido ator da história, sua arte põe em questão a dimensão política ao revelar-nos, segundo uma concepção musical que é também uma complexa operação lingüística, um grande poeta da inteligência, do prazer e da liberdade. “Caetano vai além dos Beatles e nos dá com a sua arte poética e musical um sentido e um norte, num momento em que nos sentíamos quase todos frustrados em contato com as incertezas da vida prática. “Tendo surgido de repente sob o signo do inconformismo, da lucidez e da lúdica, revelava-se um criador cosmopolita com a vocação da explosão e da síntese que identificam o Tropicalismo. “Autor de formulações novas, capaz de perceber e proclamar que nem só de pão vive o homem, mas também de tolerância, diversão e arte, Caetano cria o primeiro e o único grande estranhamento da música popular brasileira. Desde então, em cada uma das suas novas invenções subseqüentes, tem afirmado uma vitalidade inesgotável que o coloca entre os criadores da nossa modernidade”.

O ANJO DE NATAL O “Anjo Azul”, monumental escultura que pode ser vista por todos os que trafegam pela avenida Hermes da Fonseca, no Tirol, está com os dias contados. Ícone e cartão de visitas da galeria homônima - que deve fechar em breve, segundo noticiário veiculado na Internet -, a obra de Jordão passou a fazer parte da paisagem urbana de Natal, cidade em tudo marítima e celeste. Quem a idealizou o fez de maneira generosa, ao colocála ali, à vista de todos, para usufruto geral dos que se surpreendem ou se encantam com a arte desse singular criador, por muito tempo vivendo submergido no pior dos anonimatos – aquele que resulta de ser anônimo na terra onde vimos a luz pela primeira vez... A informação que circula diz que a obra será demolida e, como tal, transformada em escombros. Que não seja assim, espero: pois quem teve a sensibilidade de idear um anjo para guardar o seu negócio, há de ter a grandeza de, em vez de transformar o anjo em poeira inútil, doá-lo, talvez, ao Parque da Cidade ou a qualquer outro espaço público de Natal onde possa continuar a ser admirado e querido por todos. Daqui, faço um apelo ao seu proprietário: preserve o anjo! O Anjo tutelar de Natal.

Franklin Jorge escreve nesta coluna aos domingos

Plural

Cartas do Leitor

FRANÇOIS SILVESTRE Escritor ▶ fs.alencar@uol.com.br

▶ cartas@novojornal.jor.br

Ficha suja, cara limpa Não sei de onde se tirou essa história de ficha limpa da sociedade. Todo mundo agora é paladino da ética. É tanta pureza e limpeza que chegam a ofuscar os olhos dos santos. Não há político ficha suja que tenha chegado ao poder por conta própria. Todos chegam lá e lá permanecem por obra e graça de todos nós. Quem fez de todos eles os donos do poder? Nós. Sociedade e “povo” somos os avalistas da ficha suja. Somos os seus patronos. Fomos nós que colocamos e mantivemos no poder Adhemar de Barros, Moisés Lupion, padre Godinho, Antônio Carlos Magalhães, Zé Sarney, Jáder Barbalho, Collor, Renan, Jereissati, Mão Santa, Roberto Jeferson, Zé Dirceu, Paulo Maluf. A primeira ficha suja é do eleitor. Ingênuo ou venal. A cidadania de meia-sola e democracia de meia-tigela. Todo mundo tira uma lasquinha. Mecânicos de carro, de eletrodoméstico, pedreiros, profissionais liberais, comerciantes, industriais, religiosos, taxistas, autônomos, flanelinhas, empregados domésticos. Onde anda a ficha limpa? Nas igrejas, balcões de fazer grana. Nos jornais, o interesse político partidário escancarado. As televisões frutos de concessões pela via do tráfico de influência. Indústria e comércio sob suspeita do comprador e vigilância da sonegação. Nem os rótulos merecem crédito. Os estudantes ingressam nas faculdades de olho no mercado. A cara limpa do nosso aprendizado matou a vocação. Os provedores da ética, no serviço público, motivam-se pelo contracheque. Essa gente que comanda o poder é a outra face da nossa cara. Somos cúmplices. E hipócritas. Lembram da promotora pública que era o terror da delinqüência? Na vida privada retirava crianças de um abrigo de adoção para torturálas em sua casa. Aquele promotor que era a encarnação de São Francisco? Após a descoberta de sujeiras na biografia, sumiu. O pastor que proibia os fiéis de irem ao cinema, pois tudo era coisa do demônio, foi apanhado num esquema brabo de pornografia. Todo moralista carrega uma penumbra que esconde os defeitos apontados nos outros. Agora, é a “sociedade como um todo”, essa expressão cretina, que vira puritana. Aqui, ó. Cá, na paquidermia, quem é o responsável pelos vinte e cinco anos de poder do trio iraquitim? Quem os elegeu? Nós. Eu votei em todos eles. Posso cobrar pureza com pose de autoridade moral? Não posso. Posso fazer autocrítica. Um governo eficiente faria em quatro anos o que eles não fizeram em vinte e cinco. Tenho lido e ouvido sermões éticos de gente não resiste a uma oportunidade. Mas os moralistas são exigentes e ventosos. Ao cobrarem pureza os buracos do nariz viram boca de trombone. Tudo falso, sonso, mentiroso. A expressão “falso moralismo” é uma redundância. Não há moralismo honesto. É uma deformação da moral. O Brasil só tem ficha limpa na geografia! Té mais. François Silvestre escreve nesta coluna aos domingos

Divórcio e maconha Há fatos que têm consequências diretas, mas também indiretas sobre as pessoas. Penso nisto quando alguns cientistas sugerem o uso medicinal da maconha. A mensagem que muitos ouvem é a seguinte: “a maconha não faz mal”. Nem vão ler a matéria toda nem procurar se há estudos que comprovem a proposta. Penso nisto quando vejo a chegada da flexibilização dos procedimentos para a obtenção do divórcio no Brasil. A mensagem que muitos casais em crise escutam é: “não vale a pena a gente continuar tentando”. Acontece que quem arca com os custos não é o grupo que defende este ou aquele direito, mas quem o escuta e toma as suas próprias decisões. Quem paga o preço da separação precipitada não é legislador, mas quem desiste do convívio. Nossas decisões nem sempre são racionais, porque que nos achamos os sábios dos sábios. Israel Belo de Azevedo

Sertanejo pós-moderno Uma ótima reportagem essa que acabei de ler sobre o músico Gustavo Lamartine, que mostra a criatividade da nossa gente e a riqueza cultural do Rio Grande do Norte que muitas vezes ignoramos. Bem interessante essa relação do artista

com as suas raízes sertanejas, sendo ele um jovem urbano com acesso às mais sofisticadas informações. Mais interessante ainda a forma como esse artista trabalha uma herança cultural, sem reproduzí-la servilmente, mas, partindo dela, cria a sua própria obra. É uma lição que os nossos “mestres” do folclore deviam aprender e pôr em prática. Chega de reproduzir sem o filtro da crítica. Simone Botelho, Conj. Alagamar

Arena das Dunas Finalmente prevaleceu o bom senso e o governador Iberê de Souza deu para trás, pressionado pela opinião pública e pelo Ministério Público que agiu rápida e acertadamente, pondo fim a arrogância do secretário da Copa que se achava o ”rei da cocada preta”. Esse resultado se deve principalmente ao peso da opinião pública, da pressão de alguns parlamentares como José Adécio, José Dias e Getulio Rego, que assumiram a defesa dos interesses da sociedade e agiram de forma implacável em nome da sociedade e daqueles que os elegeram para lutar pelo RN. É uma vitória cívica que mostra que o “povo unido jamais será vencido”. Estou toda

arrepiada, orgulhosa de ser potiguar... Teresa Cristina Gomes, Mirassol

Os políticos e Nicolelis A pressão feita pelo NOVO JORNAL em defesa do Instituto de Neurociencias tirou o governador do estado de apatia, fazendo-o formar ao lado dos outros candidatos que apóiam o trabalho desenvolvido por Nicolelis, um nome que é respeitado no mundo inteiro e que aqui tem sido tratado com desprezo ou indiferença. Note-se que a Fapern, que tem como objetivo incrementar a pesquisa e o estudo das tecnologias não se associou nem mostrou interesse por este que é talvez o mais importante acontecimento ocorrido em Natal nesses últimos sete anos, a criação do Instituto Internacional de Neurociências. Uma verdadeira falta de sintonia do governo com os interesses da nossa comunidade. Espero que essa solidariedade demonstrada pelos atuais candidatos, como mostrou matéria do NOVO JORNAL, não passe de conversa e aquele que for eleito em outubro respeite a promessa feita e que está registrada agora nas páginas deste bravo jornal. Bruno Cidreira, Santos Reis

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NATAL, DOMINGO, 25 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

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MINERAÇÃO É NOVO FATOR DE INVESTIMENTOS NO RN / PERSPECTIVAS / APROVAÇÃO DO NOVO MARCO REGULATÓRIO DO SETOR E AQUECIMENTO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL PROMETEM AMPLIAR HORIZONTES DA ECONOMIA DO ESTADO NOS PRÓXIMOS ANOS

REPRODUÇÃO/ INTERNET

HEVERTON DE FREITAS DO NOVO JORNAL

A CONFIRMAÇÃO PELO

Departamento Nacional de Pesquisa Mineral de uma nova reserva de minério de ferro estimada em 200 milhões de toneladas na fazenda Saquinho, na Serra da Formiga, em Cruzeta, requerida pela Susa Industrial Ltda, somada as 160 milhões de toneladas reconhecidas no Pico do Bonito, em Jucurutu, e exploradas pela Mhag Mineração, deram um novo alento para a mineração no Rio Grande do Norte e chamam a atenção num ano eleitoral para a importância de um setor da economia que representa 25% do PIB do Estado. No Rio Grande do Norte a esperança de uma retomada da produção do minério de ferro surgiu em março deste ano quando a Steel Participações, constituída em agosto de 2008, comprou por US$ 245 milhões o controle da Mhag, mineradora com jazidas na região de Jucurutu. Segundo a Steel, as jazidas da Mhag têm potencial para conter 3,5 bilhões de toneladas de minério de ferro. A Mhag teve uma produção incipiente entre 2007 e 2008, totalizando 300 mil toneladas, e depende de investimentos altos para conseguir escala comercial. Quando anunciou a aquisição da empresa, a Steel informou que pretendia atingir a produção de 16 milhões de toneladas até o final de 2012, mas a crise econômica internacional fez com que o setor como um todo freasse os investimentos ou pelo menos diminuísse muito as suas inversões a espera de melhores condições no mercado internacional. Em 2009, o preço do minério de ferro no mercado internacional caiu 40% e mesmo as grandes mineradoras tiveram uma queda de faturamento. A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, de Minas Gerais, por exemplo, que figura em primeiro lugar no setor de acordo com a publicação Maiores e Melhores da revista Exame, teve uma queda de 40% no seu faturamento e de 22% no seu lucro em relação a 2008. Isso porque as siderúrgicas da Europa e Estados Unidos reduziram pela metade suas compras. No Brasil, a CSN, maior empresa no ramo de siderurgia

Reserva mineral do Pico do Bonito atraiu fundo de investimentos que controla a Steel WALLACE ARAÚJO / NJ

de acordo com a mesma revista, terminou 2009 com uma queda de 12% na produção de aço bruto e a receita de US$ 6,4 bilhões caiu 26% em relação ao ano anterior. Este ano, a economia dá sinais de recuperação e com ela a demanda pelo minério de ferro também está aquecida levando a um aumento no preço do produto. As receitas com exportações de minério de ferro no Brasil, que foram de US$ 13,2 bilhões em 2009, devem atingir este ano cerca de US$ 22 bilhões. Mas o setor estima uma nova alta nos preços o que pode elevar a receita do país com a exportação do minério para US$ 25 bilhões. Aqui no Rio Grande do Norte, as empresas que têm as reservas já definidas de ferro preferiram uma posição mais cautelosa e os investimentos ficaram em compasso de espera durante o ano passado. O Instituto Brasileiro de Mineração aponta um investimento de US$ 54 bilhões no setor até 2014, dos quais só estão previstos US$ 700 mil no Rio Grande do Norte, relativo ao projeto da Mhag, mas o Ibram alerta que no seu levantamento só estão investimentos acima de US$ 100 mil, o

O MERCADO HOJE ESTÁ AQUECIDO PELO AUMENTO DA DEMANDA E FEZ COM QUE OS DEPÓSITOS COM TEORES BAIXOS PASSASSEM A SER INTERESSANTES” Otacílio Oziel de Carvalho Coordenador de Recursos Minerais da SEDEC

que significa que pode haver outros menores em produtos como brita, areia, argila ou outros. Este ano, no entanto, já há sinais de que a retomada será vigorosa. Atualmente existem entre 25 e 30 empresas pesquisando 230 diferentes áreas, todas com incidência do minério, para

ver se economicamente é interessante explorar essas jazidas. “O mercado hoje está aquecido pelo aumento da demanda e fez com que os depósitos com teores baixos passassem a ser interessantes”, afirma Otacílio Oziel de Carvalho, coordenador de Recursos Minerais, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado. Em Jucurutu, onde a Mhag está instalando os equipamentos que comprou para sua produção, a empresa continua pesquisan-

do o acervo nas áreas que possui e os técnicos acreditam que há muito mais reservas do minério que ainda não foram oficialmente requeridas ao DNPM, responsável pela concessão dos alvarás para a lavra. A coordenadoria de Recursos Minerais da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que assumiu as funções da Companhia de Desenvolvimento Mineral extinta na década de 90 quando o hoje senador Garibaldi Filho era o governador do Estado, espera que em breve sejam

confirmadas pelo menos mais quatro reservas de ferro com cerca de 100 milhões de toneladas em cada uma. Estão sendo feitas prospecções em novas áreas em Jucurutu, Cruzeta, São João do Sabugi, São Paulo do Potengi e de ferroníquel numa área que fica entre Bom Jesus, Serra Caiada, Campestre e Tangará, “As perspectivas para o setor são boas e em breve teremos empresas de médio porte operando aqui no Estado”, aposta Otacílio de Carvalho. Apesar desses números parecerem grandiosos as reservas no Rio Grande do Norte são pequenas quando comparadas com outros Estados como Minas Gerais, onde há mais de 19 bilhões de toneladas já reconhecidas oficialmente. “Apesar de pequena, se comparada com o resto do país, nossa produção é estratégica pela logística e pela segurança que a empresa siderúrgica precisa de que não vai faltar o produto e não vai ficar apenas na mão dos grandes produtores”, diz Carlos Magno Bezerra Cortez, superintendente do 14º distrito do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral. A exploração do ferro no Rio Grande do Norte apresenta uma vantagem comparativa que torna viável o negócio: a proximidade com a costa por onde pode ser escoado o produto. Da mina do Bonito, em Jucurutu, até Porto do Mangue, onde a Mhag planeja construir um porto de uso privativo, são aproximadamente 120 quilômetros, uma distância curta em relação ao que tem que percorrer o ferro extraído pela Vale do Rio Doce, responsável por 90% do produto exportado pelo Brasil, em Minas Gerais até chegar ao porto de Vitória no Espírito Santo.

US$ 245 MILHÕES

Foi o preço pago pela Steel pelo controle de mineradora em Jucurutu


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▶ ECONOMIA ◀

/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 25 DE JULHO DE 2010 WALLACE ARAÚJO / NJ

PRODUÇÃO MINERAL VAI ALÉM DO FERRO

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 7 ▶

ROYALTIES AUMENTAM COM NOVA LEI Uma das formas de compensar o Poder Público pela exploração dos minérios é o pagamento da Compensação Financeira pela Extração Mineral, os royalties do minério. A alíquota cobrada atualmente varia de acordo com o produto extraído. No alumínio, manganês, sal-gema e potássio é de 3%; para o ferro e o carvão de 2%; sobre o ouro é cobrado 1% e as pedras preciosas, pedras lapidáveis, carbonetos e metais nobres pagam 0,2%. O valor pago como royalties é um dos temas polêmicos para os candidatos a Presidência da República este ano, principalmente quando visitam Minas Gerais, maior produtor brasileiro de ferro. Só para se ter uma idéia, enquanto no Rio Grande do Norte o total arrecadado com o Cfem no ano passado foi de R$ 526 mil, em Minas Gerais a receita com os royalties dos minérios somou R$ 319 milhões, ainda assim abaixo dos R$ 345 milhões pagos pela Petrobrás ao município de Macaé, no Rio de Janeiro, como royalties do petróleo. A comparação com o petróleo é inevitável. A Petrobrás pagou ao Rio Grande do Norte no ano passado R$ 140 milhões de royalties. Em 2007, quando houve a melhor arrecadação com o Cfem, o total registrado pelo DNPM chegou aos R$ 1,229 milhão. Desse total, 65% fica com o município de onde o minério é extraído, 23% com o governo do Estado e 12% é da União. Isso tem levado a uma disputa entre os prefeitos das cidades onde há a produção mineral e as mineradoras. O Ministério das Minas e Gerais tem uma proposta de um marco regulatório para o setor, no qual os prefeitos querem incluir um aumento nas alíquotas dos royalties. O ministério aceita desde que houvesse uma diminuição dos impostos cobrados atualmente, mas a medida encontra resistência no ministério da Fazenda que não quer perder receita. O resultado é que a proposta do novo marco regulatório para o setor apresentada pelo então ministro Edson Lobão não contempla os royalties e ainda não foi encaminhado ao Congresso à espera de um melhor ambiente político. Depois da saia justa em que ficou com a aprovação da emenda Ibsen Pinheiro ao projeto que trata da partilha dos recursos do pré-sal é melhor não arriscar.

Não é só a produção de ferro que apresenta uma perspectiva de retomada nos próximos anos. Segundo o superintendente do DNPM, Carlos Magno Cortez, há uma retomada de todos os investimentos em mineração no Estado com a perspectiva de que as fundidoras sejam reabertas em breve e também da exploração de granito que praticamente parou no ano passado. Além das duas grandes reservas de ferro, ele cita o calcário como um importante produto mineral que está sustentando o surgimento de um pólo cimenteiro na região Oeste do Estado. Além das duas fábricas já em operação na cidade de Mossoró, ainda este ano está prevista a entrada em operação da fábrica da Votorantim, no município de Baraúnas, e esta semana o grupo francês Lafarge manifestou interesse em explorar uma jazida de calcário com a possibilidade de instalarem uma nova fábrica de cimento ou de produzirem o clínquer (cimento numa fase básica de fabrico, a partir do qual se produz o chamado cimento Portland). Segundo o coordenador de Recur-

sos Minerais da Sedec, há seis empresas já prospectando áreas na região para a exploração do calcário. No Rio Grande do Norte há 20 mil quilômetros quadrados de calcário definidos no Mapa Geológico do Estado, o que, somado a presença de outras matérias primas como argila e o próprio ferro, ao gás natural e aos incentivos do Proadi, pode tornar o Estado um pólo cimenteiro de destaque. Há ainda a tradicional produção de scheelita em Currais Novos que, se não chegou ao esplendor dos tempos do apogeu quando eram produzidas 250 mil toneladas mensais, foi retomada com a produção atualmente na faixa de 30 toneladas/mês. Além desses há outros produtos considerados mais nobres que também estão com o mercado aquecido e há muita pesquisa e lavra desses produtos. Em Caiçara do Rio dos Ventos há uma mina de esmeralda já em funcionamento, outra sendo instalada em Lajes para a extração de ouro, além de produtos com maior valor agregado, como o carbonato de cálcio precipitado, produzido em Mossoró a partir do calcário

que serve de matéria prima para a produção de papel, pasta de dentes e talco. Em Apodi, uma empresa está produzindo o calcário laminado que concorre com o mármore espanhol na confecção de pisos. Outra empresa se instalou em Macaíba para a produção do vidrado, matéria prima no acabamento de revestimentos cerâmicos. O Rio Grande do Norte já ocupa uma produção de destaque regional e até nacional na produção da chamada cerâmica vermelha, principalmente telhas, tijolos e blocos, existentes hoje em 47 municípios e um faturamento anual que chega aos US$ 200 milhões, bem como na produção de água mineral com 20 empresas em operação e já uma referência nacional, e na de sal marinho cuja produção superou quatro milhões de toneladas. “Entre 20% e 25% do PIB do Rio Grande do Norte está diretamente ligado à mineração”, estima Otacílio de Carvalho, para quem a extinção da CDM foi um erro pelo papel que a empresa desempenhava fazendo uma interface entre o Poder Público e a iniciativa privada.

BENEFICIAMENTO AGREGA VALOR MAGNUS NASCIMENTO / NJ FÁBIO RODRIGUEZ POZZEBOM / ABR

▶ Ex- ministro Edson Lobão encaminhou projeto do marco regulatório da mineração ao Congresso

Se a demanda por produtos minerais está acelerando novos investimentos na exploração dos produtos locais, uma preocupação de quem acompanha e estuda esse setor há anos é quanto ao que ficará para o Rio Grande do Norte, principalmente no caso da exploração do ferro, um produto finito e que hoje praticamente não agrega valor para gerar mais impostos e divisas para o Estado. Geólogo, professor do curso de engenharia civil da Universidade Federal e fundador da Companhia de Desenvolvimento Mineral, a CDM, em 1975, Edgar Dantas alerta que as reservas no Rio Grande do Norte nunca foram significativas e defende que o minério de ferro extraído aqui receba algum tipo de beneficiamento. Uma das alternativas apontadas por ele seria a produção de ferro gusa, uma liga de ferro e carbono obtida em alto-fornos pela reação de minério de ferro, carvão e calcário e usado na produção de ligas de aço nas aciarias. Edgar Dantas acredita que o Rio Grande do Norte reúne as condições para a produção do ferro gusa pela existência da matéria prima e a possibilidade de instalação de um forno a ser abastecido com lenha a partir da existência de grande quantidade de algaroba na região. O gusa é destinado basicamente à exportação. Segundo o Centro de Tecnologia Mineral do Ministério da Ciência e da Tecnologia, a tonelada de ferro está sendo comercializada a US$ 150 e com uma tonelada de gusa seria possível agregar US$ 500 a esse produto. Durante a crise do ano passado, a cotação do ferro recuou para US$ 60. “Não consigo ver no Rio Grande do Norte uma grande reserva que priorize o modelo de exportação de matéria prima”, diz. O coordenador de mineração da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado, Otacílio de Carvalho, vê um empecilho para a produção do ferro gusa que é a necessidade de muita lenha para abastecer o forno, o que pode acelerar um processo de desertificação já de-

SERÁ QUE ESTAMOS EXPORTANDO COM O PREÇO DE UM MINÉRIO COMUM MATERIAIS DE ALTÍSSIMO VALOR SÓ POR DESCONHECIMENTO?” Edgar Dantas Geólogo da UFRN

tectado em todo o semi-árido nordestino. Uma alternativa seria o uso do gás, mas ele acredita que o volume necessário seria muito grande e do ponto de vista estratégico para o Estado é mais negócios utilizar o gás para atrair pequenos empreendimentos que geram muito mais empregos. Apesar de não haver planos para a produção de ferro gusa pelas mineradoras que possuem as maiores áreas no Estado, Carlos Magno Cortez, do DNPM lembra que tanto a Mhag como a Susa tem o projeto de pelotização, um processo de aglomeração de partículas ultrafinas de minério de ferro, através de um tratamento térmico, o que permite a adição de um valor agregado ao produto. Uma alternativa ao ferro gusa apontada pelo professor Edgar Dantas é a possibilidade de produção de minério na escala nano, associada a produção do minério em si. Esse produto é usado na indústria de tintas e de alta tecnologia como os códigos de barra ou os contrastes para uso em exames medicinais. Embora não tenha dados concretos que comprovem a existência desse produto na mina do Bonito, o professor Edgar Dantas diz ter um sentimento de que é possível se obter os chamados nano-fer-

ro com um valor agregado altíssimo em relação ao minério bruto que é exportado. “Será que estamos exportando com o preço de um minério comum materiais de altíssimo valor só por desconhecimento?”, deixa a dúvida no ar. Essa experiência já foi vivida pelo Rio Grande do Norte durante a Segunda Guerra Mundial quando foi vendida uma quantidade que ele classifica de substancial de urânio que teria sido usado na produção da bomba atômica americana. Na década de 70, ele diz que foi exportada grande quantidade de tantalita para ser usada na produção de TV e mais recentemente houve uma valorização desse minério com a venda de toneladas que acabaram formando estoques internacionais e derrubando os preços no mercado. “Formaram estoques lá fora com material que estava aqui dentro para fazer os preços despencarem”, afirma. Para alguns pode ser uma teoria da conspiração, para outros apenas um mito, mas para o professor Edgar Dantas essa é uma realidade que pode se repetir agora. “Temos capacidade técnica e laborial para analisar melhor esse material e a velocidade com que se pretende tirar está muito grande para que seja só minério de ferro”, suspeita.


Cidades

Editor Moura Neto

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NATAL, DOMINGO, 25 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

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A SEGURANÇA QUE O RN PRECISA / PLANO / PRINCIPAIS CANDIDATOS AO GOVERNO APRESENTAM SUAS PROPOSTAS PARA O SETOR Há cerca de dez dias, três adolescentes com idade de 13, 14 e 16 anos foram barbaramente assassinados num bairro da periferia da capital. Seus corpos, encontrados numa estrada de terra do distrito de Mangabeira, em Macaíba, ficaram com partes dos membros destroçadas devido ao poder de fogo das armas utilizadas pelos algozes. Familiares das vítimas acusam dois policiais pela autoria do triplo homicídio. Na semana passada, uma quadrilha aterrorizou, durante a madrugada, a população do município de Serra do Mel, investindo inclusive contra a delegacia, roubando e fazendo de refém os policiais ali lotados. Há poucos dias, os bandidos realizaram outra ação ainda mais audaciosa: explodiram com dinamite as agências do Banco do Brasil de Martins e Umarizal, levando uma quantidade em dinheiro que não foi divulgada pela diretoria do BB. Estes casos recentes engordam a triste estatística da criminalidade no Rio Grande do Norte, mantendo a questão da segurança pública como uma das preocupações mais relevantes do cidadão potiguar. Por isso, o NOVO JORNAL solicitou aos principais candidatos ao Governo do Estado suas propostas e considerações sobre o tema. Veja abaixo:

HUMBERTO SALES / NJ

WALLACE ARAÚJO / NJ

A SEGURANÇA

NÃO É PRECISO

O CRIME

TEM RECEBIDO

SER CIENTISTA

ORGANIZADO E

UMA ATENÇÃO

SOCIAL PARA

O TRÁFICO TÊM

PRIORITÁRIA

VER ESSE

MIGRADO PARA

DO GOVERNO

QUADRO

O INTERIOR DO

DO PSB”

LAMENTÁVEL”

ESTADO”

Iberê Ferreira de Souza Candidato do PSB

Rosalba Ciarlini Candidata do DEM

Carlos Eduardo Candidato do PDT

RN ESTÁ ENTRE OS MENORES ÍNDICES DE CRIMINALIDADE Os problemas de segurança e combate à violência são hoje um desafio nacional. O Rio Grande do Norte está entre os menores índices de criminalidade, mas nem por isso fica fora do contexto nacional. A segurança tem recebido uma atenção prioritária do governo do PSB. Já selecionamos, treinamos e incorporamos à tropa quase cinco mil novos policiais. O avanço será continuar esse reforço, assim como da Polícia Civil. Nos próximos quatro anos, vamos dobrar os investimentos para treinamento e capacitação, aquisição de armas, munição e viaturas especiais. Além de equipamentos modernos que dotem o serviço de inteligência do melhor padrão tecnológico. Resultados recentes apontam para uma queda de 24,4% dos homicídios nos meses de abril, maio e junho deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Registramos um aumento de 26,3% na apreensão de armas. Caíram os roubos a estabelecimentos comerciais em 33,6%. O roubo de veículos teve uma queda de 17,2% e o roubo ou furtos a pessoas diminuiu em 32,9%. Há um dado que retrata o vigor e a eficiência na área de inteligência policial: aumentou em 118,8% a apreensão de drogas em todo Estado. Nos próximos quatro anos, nossa prioridade absoluta será o combate ao tráfico e ao uso de drogas em nosso Estado. Vamos ampliar o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), que chegará a todas as escolas públicas

AUGUSTO RATIS / NJ

e privadas do Estado. O programa Ronda Escolar, que hoje funciona em Natal, será expandido para o interior, beneficiando todas as cidades-pólos das regiões do Rio Grande do Norte. Estamos implantando um policiamento especial nos municípios que fazem fronteira com outros estados. Adquirimos viaturas especiais e estamos reforçando o efetivo nessas cidades. Nosso próximo passo será criar um Batalhão de Fronteira, cujo objetivo prioritário é impedir a entrada de drogas e armas em nosso Estado. Também vamos lutar para ampliar o efetivo da Polícia Federal no RN, uma reivindicação antiga e necessária para a eficiência do combate ao tráfico de drogas. Quando assumo uma preocupação maior tenho como exemplo a eficiência e o valor operacional do Centro Integrado de Operações Especiais que coordena e direciona o aparato policial. Natal já tem um Ciosp moderno, Mossoró terá o seu ainda este ano e o objetivo é implantar Ciops em Parnamirim, São Gonçalo, Ceará Mirim, Macaíba, Caicó, Assu, Currais Novos, São José de Mipibu, Santa Cruz, João Câmara, Macau, Pau dos Ferros e Canguaretama. O governo não aceita conviver com a violência dentro ou fora dos seus efetivos e com a impunidade. O sistema de segurança é um braço de confiança da sociedade da sociedade. Vou dotar o Rio Grande do Norte de uma polícia cidadã temida por aqueles que praticam o crime. Meu compromisso é ter uma polícia que nos ajude a construir a paz social como direito de todos.

RN ESTÁ FICANDO PARA TRÁS EM SEGURANÇA PÚBLICA Rio Grande do Norte empacou, andou de lado e está ficando para trás também no setor de segurança pública. O atual governo nos empurrou para a lanterninha regional em qualidade de vida da população. Não é preciso ser cientista social para ver e compreender esse quadro lamentável de que a falta de oportunidade é fator que amplia os índices de insegurança. Na segurança pública vamos modernizar e assegurar o financiamento suficiente e permanente do Sistema Estadual de Segurança Pública e Defesa Social que proporcione estrutura física, equipamentos, armamentos e veículos adequados à segurança e ao conforto dos cidadãos dos serviços e dos operadores do sistema. Instituir programas permanentes de gestão do emprego de recursos que promovam o uso das novas tecnologias, a integração entre as polícias estaduais e os demais atores públicos e privados, a qualificação continuada dos recursos humanos, a transparência e o controle social. Basta abrir os jornais. É posto de gasolina, casa lotérica, farmácia, padaria, casas, seqüestros relâmpagos e ônibus sendo assaltados todo santo dia. Vamos priorizar ações de caráter preventivo para a redução do crime e da violência. Entre outros programas vamos implantar o “Inquérito Policial Eletrônico”, combater o des-

vio de função dos servidores e melhorar o índice de esclarecimento de crimes. Vou colocar em prática a filosofia do projeto “Ronda Quarteirão”, que no Ceará mostra que está dando excelentes resultados. Ampliar, interiorizar, equipar e especializar os serviços do ITEP, garantindo uma perícia eficiente e eficaz. Reestruturar, modernizar e ampliar os serviços do Corpo de Bombeiros. Do mesmo modo na PM. É preciso mais policiais, novos equipamentos e novos modelos de relacionamento com a sociedade. É preciso cuidar de nosso policial com assistência psiquiátrica, requalificação e treinamento constante. Assistimos ao crescimento epidêmico do consumo de crack e outras drogas, da taxa de homicídios de jovens, entre outros indicadores que demonstram falência da gestão. Os dados demonstram isso. São 400 homicídios por ano somente em Natal. No Estado, como um todo, são mais de mil homicídios por ano. Isso é um absurdo. São pessoas mortas por facadas, tiros, e, em sua maioria jovem. O que se tem é a gestão do faz de conta. O policial civil, em sua maioria, não apura inquérito, não investiga, não realiza perícia do crime, não captura bandido; não porque não queira, mas porque não tem estrutura ou apenas vigia preso. O Itep está sem estrutura para atender as demandas. O delegado não realiza um bom trabalho. Nem pode. Há delegado que responde por até 14 cidades no interior do Rio Grande do Norte. É impossível ele atender as demandas.

O PROBLEMA TEM SE AGRAVADO PELA FALTA DE POLÍTICA DE ESTADO Ao longo dos dois últimos governos, o problema da Segurança Pública no Rio Grande do Norte tem se agravado em virtude da ausência de uma política de Estado para o setor. O crime organizado e o tráfico de drogas têm migrado para o interior do estado de forma preocupante. De 100% do efetivo da Polícia Civil em atividade, apenas 19,41% se encontra no interior, que ainda sofre com a profunda carência de atividades investigativas e de polícia judiciária devido a ausência de delegados, escrivães e agentes. O concurso público para preenchimento dessas vagas está paralisado, e como se não bastasse, há quase mil policiais civis e militares fora de suas funções. Não há integração das áreas de atuação da Polícia Civil e Militar, gerando despesas, desgastes de equipamentos e viaturas, de pessoal além da ineficiência operacional. As delegacias estão desestruturadas na capital e no interior do estado. Em face desse breve diagnóstico, propomos ações divididas em cinco eixos: 1) Redistribuição do efetivo da polícia; 2) Valorização do profissional; 3) Fortalecimento da inteligência, do policiamento preventivo e da policia tecnológica e científica; 4) Reforma física das unidades de segurança; 5) Reincorporação do sistema penitenciário à Segurança Pública. A seguir, principais tópicos de cada eixo: 1) Criação das Áreas Integradas de Segurança Pública em todo o estado; redistribuição do

efetivo da polícia civil e polícia militar no interior do Estado e na Região Metropolitana de Natal de acordo com os dados estatísticos das ocorrências criminais e com a importância turística e geográfica do território. 2) Criação de uma política motivacional planejada com ênfase na meritocracia e na capacitação profissional; devolução de todos os policiais com desvio de função ou fora de suas instituições às suas corporações e integração às suas verdadeiras atribuições; 3) Criação da Subsecretaria de Inteligência e Planejamento Estratégico; redefinição do policiamento comunitário com unidades móveis; realização de patrulhamento pelos bairros e áreas comerciais; 4) Conclusão das obras do novo prédio da Secretaria de Estado da Segurança Pública; construção de duas delegacias de plantão em Natal, sendo uma para a Zona Leste e outra para a Zona Oeste; reforma das atuais delegacias de plantão da Zona Oeste e Zona Leste da capital; 5) A experiência atual não teve êxito. Nossas propostas são: criação de uma Subsecretaria de Controle Penitenciário e Política Carcerária, subordinada à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social; mudança do nome e do caráter da atual Secretaria de Justiça e Cidadania, que passa a denominar-se Secretaria de Estado da Cidadania, responsável exclusivamente pela implantação e execução de Políticas Públicas para os Direitos Humanos e Minorias Organizadas.


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▶ CIDADES ◀

/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 25 DE JULHO DE 2010

/ PERFIL / ESTILISTA COM PROJEÇÃO INTERNACIONAL, VENCEDOR DO PRÊMIO TI-TI-TI DA MODA, LANÇADO PELA NOVELA DA TV GLOBO, ELE TAMBÉM FAZ INCURSÕES NAS ARTES PLÁSTICAS E NO CINEMA E TEM NATAL COMO “BASE DE OPERAÇÕES” PARA SUAS CRIAÇÕES ARTÍSTICAS FOTOS: NEY DOUGLAS / NJ

ALEXIS PEIXOTO

DO NOVO JORNAL

EM UMA TÍPICA

manhã de segunda-feira, quando a cidade acorda com preguiça e boa parte das pessoas está em busca de ânimo para iniciar mais uma semana de trabalho, o estilista e artista plástico Ricardo San Martini está desperto desde as 5h da manhã. Por volta das 9h, já tomou café, deu banho e vestiu os dois filhos, rascunhou croquis para sua nova coleção, trabalhou um pouco em uma tela que está pintando e fez pelo menos uma alteração na disposição das araras, estantes e mesas de seu ateliê, montado em sua casa, na Avenida Amintas Barros, em Lagoa Nova. Apesar da pouca idade – 29 anos, mas aparenta ter pelo menos uns cinco a menos – o estilista mato-grossense radicado em Natal já assinou sete coleções e está prestes a completar 17 anos de carreira com projeção internacional, entre a moda, as artes plásticas e o cinema. “Não consigo ficar muito tempo fazendo uma coisa só. Preciso sempre me mexer, me diversificar. Sempre trabalhei assim, porque gosto muito de tudo que faço”, afirma, sentado em uma cadeira no meio de seu ateliê, durante uma das raras pausas em sua rotina. “Mas a moda é uma grande paixão, desde sempre, talvez a principal”. A poucos passos de onde está sentado, San Martini aponta uma arara onde estão algumas das peças vencedoras do Prêmio Ti-TiTi de Moda, apresentado no desfile de lançamento da novela global Ti-Ti-Ti em Natal, realizado no final de junho e que serão usadas como peças de apoio de figurino para o folhetim, além de ter rendido ao estilista uma vaga no Natal Fashion Week em 2010. Ao falar sobre o desfile competitivo, no qual concorreu com outros seis estilistas e dividiu o primeiro lugar com a potiguar Jady Rocha, San Martini ri meio sem jeito e afirma que não sabia se tratar de uma competição até chegar ao local. “Recebi um convite do [produtor do Natal Fashion Week] George Azevedo me pedindo para preparar cinco looks para o evento. Peguei alguns que já tinha prontos de outras coleções, dois deles já vendidos inclusive, e levei. Só quando cheguei lá é que soube que era uma competição. Mas não esquento a cabeça com isso. O pessoal gostou, deu certo”,

comenta, despojado. A simplicidade ao falar de seu próprio trabalho não quer dizer falta de paixão ou interesse. San Martini não alardeia nem tece grandes explicações sobre suas criações porque não é do tipo de artista que passa noites sem dormir criando. Pelo contrário, para ele o processo criativo é uma fuga, um momento de relaxamento. “Não considero o trabalho de elaboração exaustivo, nem um pouco. Pelo contrário, para mim é o melhor momento do dia. Quando a rotina pesa, me debruço sobre o lápis e começo a criar”. E foi com a pena tranquila, deixando o nanquim correr solto pela folha em branco, que Ricardo San Martini criou suas obras mais conhecidas. Desde 2003, quando fez sua grande estréia nas passarelas, com a coleção “Basstidor”, o estilista lança um novo trabalho a cada ano. Sempre tendo Natal como “base de operações”, mas circulando pelo eixo Rio-São Paulo e pela Europa, o estilista já teve seu trabalho exposto em quatro edições do Salão Internacional de Moda (Sim), espécie de evento itinerante que viaja por mais de 30 países; representou a região Norte-Nordeste em quatro edições da Feira Nacional da Indústria Têxtil de SP (Fenit), além de ter encerrado o festival “Moda Vai a Rua”, com um desfile em plena Avenida Paulista de sua coleção “Petróleo”, inspirada na situação política do Iraque. San Martini diz que, apesar de diverso e composto de várias referências, seu trabalho é, em essência, autobiográfico. Uma de suas coleções mais famosas, “Panela de Barro”, lançada em 2005 unindo os conceitos da alta costura com a simplicidade da mulher nordestina, surgiu a partir de uma cena incomum, captada durante uma viagem a Nísia Floresta, quando viu duas garotas sentadas no meio fio, folheando uma revista de moda e comentando com inocência interiorana as vestimentas dos ricos e famosos. Já “Bendita Sóis Vós Entre as Mulheres”, de 2006, foi pensada como uma homenagem a filha Heloá. “Meu trabalho é autobiográfico. Tenho uma paixão muito grande pelo Nordeste, principalmente pelo interior e procuro incluir esses elementos nas coleções. Estou sempre observando o que acontece em volta, conversando com pessoas, colhendo ideias”, diz.w

NATAL E O MUNDO

MEU TRABALHO É AUTOBIOGRÁFICO. TENHO UMA PAIXÃO MUITO GRANDE PELO NORDESTE, PRINCIPALMENTE PELO INTERIOR” Ricardo San Martini, Estilista e artista plástico

INÍCIO PRECOCE NUMA PACATA FAZENDA DO MT A tranquilidade com que Ricardo San Martini encara o trabalho pode muito bem ter origem no início precoce de sua carreira, aos 12 anos, quando ainda morava na fazenda Calabria, no município do Alto Paraguai, distante 214 km de Cuiabá. Incentivado pela mãe, a artista plástica Carmen San Martini, o recém-adolescente Ricardo dividia a rotina entre o hipismo, esporte no qual chegou a se consagrar campeão estadual do Mato Grosso, e os primeiros desenhos com tinta óleo, nos quais retratava a paisagem pantanosa que avistava da janela da casa grande da fazenda. Foi por ocasião de uma visita do primo Wagner Yakeran, estilista que morava no Japão e apresentava um programa de moda na tevê oriental, que as coisas começaram a mudar.

Impressionado com o talento do primo menor, Yakeran ensinou-lhe as primeiras noções de batique (técnica de tingimento em tecido artesanal) para serem aplicadas na seda. Antes de partir de volta para o outro lado do mundo, deixou cinco cortes do tecido e dois exemplos de arte oriental para que o primo copiasse a guisa de dever de casa. “Eram desenhos bem bonitos, mas fora da minha realidade. Acabei optando por um tema mais “pantanal”: capivaras, tuiuiús, etc”, conta Ricardo, divertindo-se com a lembrança. Apesar da subversão da tarefa, os desenhos agradaram ao primo que levou os trabalhos para o Japão e passou a apresentá-los em seu programa. Em pouco tempo, choveram pedidos para novas peças e Ricardo passou a produzir a sério e en-

▶ Ricardo San Martini, em seu ateliê na Avenida Amintas Barros, em Lagoa Nova viar as peças para o primo apresentar e vender no Japão. Essa primeira experiência profissional o estimulou a se aprofundar no assunto e, aos 14 anos, San Martini ingressou no curso

de Belas-Artes da Unicamp, mudando-se para Campinas (SP). Lá, conheceu e passou a experimentar outros tecidos, como o algodão bruto que viria a ser um de seus materiais preferidos. “Pro-

curei me aprofundar em tudo, conhecer outras técnicas. Fiquei fascinado pela pintura em tecido, é um material que te permite criar muita coisa. E eu fui a fundo em tudo o que podia”, conta.

Concluído o curso da Unicamp e de volta para a propriedade dos pais, San Martini começou a se sentir inquieto com a volta da rotina tranquila da fazenda. “Eu queria ir para algum lugar onde tivesse praia, mar, sol”, diz. “Já conhecia Natal de uma viagem que tinha feito com minha família e sabia que aqui seria o lugar ideal para morar”, diz. Assim, quando surgiu uma oportunidade de representar o Mato Grosso em uma competição de hipismo em Parnamirim, durante a Festa do Boi de 1998, Ricardo não pensou duas vezes: embarcou de mala e cuia, com a certeza de que passaria mais tempo do que o previsto em terras potiguares. A previsão acabou se concretizando, mas não da forma que o artista esperava. Durante a competição, sofreu um acidente grave quando sua égua derrapou na pista, levando-o ao chão. Saldo: várias fraturas expostas e costelas quebradas, curadas em três meses de repouso no Hospital São Lucas, custeados pela organização do evento. Tendo recebido alta e percebendo que ainda lhe restava algum dinheiro no bolso, resolveu fixar residência na capital potiguar. Descobriu um amigo do pai que morava por aqui e lhe empresou um trailer, onde residiu por quase um ano, enquanto trabalhava arrumando vitrines e produzindo batiques para lojas da cidade. “Fui me arranjando como podia. Sabia que se não desse certo poderia voltar para casa, mas eu já estava apaixonado pela cidade, queria morar aqui de todo jeito”, conta. Mas o período de residência fixa durou pouco e, no início de 2000, San Martini largou tudo e partiu para a Europa para estudar química têxtil na conceituada escola de moda Fondacione Fase di Formazione Pratica Rocco Barrocco, em Milão, na Itália. Começa aí uma fase que pode ser chamada de “vida na estrada”, dividida entre a capital potiguar e a Europa e mais tarde Cuba, onde estudou cinema e direção de vídeo. Durante sua “fase européia”, entre 2000 e 2001, viajou por praticamente toda a Europa, aprendendo novas técnicas, e, sobretudo, produzindo novas peças e ganhando reconhecimento com seu trabalho. Em menos de dois anos, estudou em Paris, na prestigiada Chambre Syndicale de la Cousture Parisiènne, por onde já passaram gigantes da moda, como Ives Saunt-Lauren e Coco Chanel, e conseguiu estabelecer um ponto em Milão, na Itália, chegando a vender peças que vestiram estrelas de Hollywood como Renée Zellweger e Jennifer Lopez. Mas, apesar do sucesso profissional, a lembrança da Cidade do Sol era mais forte. “Fiz muitos amigos e contatos, mas não estava satisfeito. A Europa tem uma carga de solidão muito forte, as pessoas são muito impessoais. Não agüentei por muito tempo. Arrumei as malas e voltei para Natal. É só aqui que me sinto bem de verdade para trabalhar com pessoas”, afirma, convicto.

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▶ CIDADES ◀

NATAL, DOMINGO, 25 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

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A MODA NA CAMPANHA ELEITORAL

O NOVO JORNAL fez uma proposta a Ricardo San Martini: criar modelos para os três principais candidatos nas eleições para governador deste ano. As criações são um misto de modernidade, sofisticação e praticidade, e foram idealizadas pensando na correria das agendas de campanha. “Político sai de casa de manhã e passa o dia na rua até à noite. São tantos compromissos que às vezes eles sequer têm tempo de mudar de roupa, por isso propus trajes que se encaixem em qualquer tipo de ocasião. Os tecidos são leves, porém nobres, porque precisam parecer bem ao final do dia”, afirma.

“Carlos Eduardo às vezes exagera na seriedade e na carga que põe no visual. Ele é um homem muito jovem e bonito e poderia explorar mais isso, mostrar que tem mais disposição para trabalhar. Para ele eu pensei no estilo navy. Por dentro, uma camisa bem fininha branca, daquelas que não esquentam muito, com uma gravata preta ou azul marinho com corte italiano. Por cima, o pullover, também de algodão, seria branco com linhas finas azul marinho e detalhe do decote em v da mesma cor. A calça seria de casimira inglesa branco gelo com listras nas laterais azul marinho ou preta, combinando com a gravata. Nos pés, sugiro um sapato oxford tipo gangster preto e branco, que é elegantérrimo. É um visual muito fashion, muito atual, e definitivamente ajudaria a conquistar o eleitorado jovem. Para completar, proponho um corte de cabelo estilo Julio César, para disfarçar as entradas na testa e rejuvenescer”

“Para Rosalba eu pensei algo que ela pudesse usar em várias ocasiões. A roupa poderia ser de casimira inglesa ou piquet de algodão, para ela começar o dia bacana e elegante, mas vestindo algo que tivesse corte, como essa cintura francesa. Pensei na blusa em tons de bege pérola e a saia de cor rosa seco. É uma leitura da década de 40, mas com ombro e corte de braço bem atuais. É um modelo moderno, mas que não ignora a idade e o corpo que ela tem, além do fato de ela ser uma aristocrata. Aí completei com o colar de pérolas porque percebi que cai ao gosto dela. O sapato é estilo peep toe e ela usa com meia calça. Acho que a roupa impõe respeito e todo mundo se identificaria porque é um visual muito elegante”

Para San Martini, estar bem vestido faz toda a diferença. “Através da roupa você mostra personalidade e diz para os outros, muitas vezes, o que você não tem tempo de dizer em palavras. O povão pode até não saber o que está na moda, mas ele sabe que aquela pessoa passa confiança, competência e mostra que sabe o que quer”. Na avaliação geral do estilo dos postulantes ao governo, o estilista só faz uma ressalva: “Carlos Eduardo se arruma de um jeito muito envelhecido para a idade dele”, aponta.

“Ele é um senhor de idade e isso teve um certo peso. Também levei em conta o estilo dele, que é mais despojado. Pensando nisso, sugiro uma camisa azul claro leve com uma gravata de listras transversais em tons azul marinho com branco ou cinza. As listras são uma boa estratégia porque canaliza a atenção das pessoas ao seu redor, isso é consenso entre os especialistas de moda. A calça é de linho cinza com barra italiana – o tecido, elegante e confortável, se for misturado à viscose não amassa e é muito prático. Nos pés, sapatênis de couro marrom, já que ele às vezes precisa andar bastante, inclusive por terrenos acidentados. Fica elegante sem abrir mão do conforto. O pullover de alfaiataria sob os ombros é uma sugestão para substituir o paletó, que ele pode vestir ou não conforme a necessidade. Não gosto de paletó para campanha política e o povo não se identifica com isso. O homem tem que ajudar o eleitor a se identificar com ele”

NEY DOUGLAS / NJ

EM CUBA, ESTUDA DIREÇÃO DE ARTE E INTERPRETAÇÃO Apesar de a moda ditar a maioria das atividades de Ricardo San Martini, o cinema também integra suas paixões. Após participar da direção de arte e de figurinos do filme “Viva o Cinema Brasileiro”, do cineasta potiguar Buca Dantas, decidiu por o pé na estrada e partir para Cuba, onde estudou interpretação, direção de arte e de câmera, storyboard e roteiro na Escuela Internacional de Cine y Tv Santo Antonio de los Baños, em Havana. A experiência lhe credenciou para assinar os figurinos dos filmes “Flores de Plástico” e “Capoeira dos Negros”, ambos de 2007, e dirigir o videoclipe da faixa “Hi, Oprah” da banda cearense Montage, que chegou a ficar entre os dez mais votados pelo público na premiação anual da MTV em 2008. “O cinema é uma linguagem diferente e muito interessante. O que me atrai em trabalhar com cinema é poder criar pensando nos personagens, na história. É sempre uma experiência interessante, que eu

procuro incorporar também nas coleções que assino”, conta. PRÓXIMOS PASSOS

Ao contrário da maioria dos criadores, Ricardo San Martini é cauteloso em falar sobre seus próximos projetos. Menciona sem entrar em detalhes um projeto ambicioso, que pretende concluir até 2014 e irá contar com a participação da cantora Lane Cardoso. “Será bem interessante, mas não posso dar mais detalhes. Existem muitos plagiadores por aí”, desconversa. Em compensação, fala com empolgação da coleção que está concluindo, titulada “Eu Sou”, que terá como foco a afirmação da identidade individual. As cores utilizadas na coleção seguem a ordem dos sete chacras que, na filosofia ioga, representam canais dentro do corpo humano por onde circulam a energia vital que nutre órgãos e sistemas. “Será uma coleção bem fluida, leve, colorida. Uma afirmação da identidade individual de cada um”.

NEY DOUGLAS / NJ

▶ Ricardo San Martini com os filhos adotivos Heloá, 4, e Osíris, 3: a paternidade sempre esteve em seus planos

FAMÍLIA EM PRIMEIRO LUGAR Apesar da rotina atribulada, o estilista Ricardo San Martini não abre mão de dedicar seu tempo à família. Há dez anos está casado com a cabeleireira Cida San Martini, com quem tem dois filhos adotivos: Heloá, de 4 anos e Osíris, de 3. A paternidade entrou em sua vida por acaso, mas sempre esteve presente nos planos dele. “Sempre quis ser pai, mas sabia que não teria filhos biológicos. Sempre tive para mim

que seria uma injustiça, levando em conta a quantidade de crianças abandonas que existem no Brasil”, afirma, com toda a seriedade. A primeira filha, Heloá, entrou na vida do casal quando Ricardo tomou conhecimento da história de uma mãe solteira, do interior do RN (ele prefere não revelar o município), que queria doar o filho porque a empresa na qual trabalhava não havia lhe concedido o benefício da licença maternidade. “Fiquei impressionado com essa história. Ela estava desesperada, pensando até em se matar. Preferia dar o filho a perder o emprego. Fui até lá, conversei com ela, consegui con-

vencê-la a desistir de se matar e adotei a criança”. Cerca de um ano depois, veio o segundo filho, Osíris, de uma forma inesperada: a criança foi abandonada na porta de seu estúdio, dentro de uma caixa de sapato, com apenas um dia de vida. “Ele estava muito frágil. Corremos para o hospital, tratamos dele e já era como se ele fosse nosso filho”, conta. Dividindo o tempo entre o ateliê e uma “ajudinha administrativa” no salão de beleza comandado pela esposa, San Martini faz questão de frisar que a família vem em primeiro lugar. “Eles são minha prioridade, sempre. Tudo que faço é para eles”, confessa.


Espaço Empreendedor 12

Editor Franklin Jorge

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/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 25 DE JULHO DE 2010

MAURICIO CUCA / NJ

A ARTE DE SERVIR

/ PAS / PROJETO EM VIGOR DESDE 2003 OTIMIZA QUALIDADE DE SERVIÇOS DE NUTRIÇÃO E ATENDIMENTO NA ÁREA DE TURISMO

▶ Kiko Prado, sócio dda Pousada Casa de Taipa em São Miguel do Gostoso

32 É o número de empresas que já foram capacitadas pelo projeto

ALEXIS PEIXOTO

DO NOVO JORNAL

Em um estado como o Rio Grande do Norte, privilegiado pelas belezas naturais, o turismo tem importância vital na economia. Mas para servir bem e garantir a boa impressão dos turistas domésticos e internacionais, não basta apenas oferecer boas acomodações e bons preços, mas também dar atenção a itens importantes que complementam e potencializam a atividade turística como a responsabilidade social, preservação ambiental e segurança alimentar. Com o objetivo de conscientizar as empresas do ramo da hotelaria e alimentação sobre essas questões, o Serviço de Apoio às Pequenas e Micro Empresas do RN (SebraeRN) desenvolveu o projeto Turismo Melhor. Em vigor desde 2003, o projeto promove uma avaliação rigorosa nas empresas participantes, no sentido de elevar a qualidade dos serviços prestados. A avaliação é destinada a empresas de pequeno e médio por-

te, com até 250 funcionários e que tenham pelo menos seis meses de atividade legal no RN e que seja certificada pelo Programa de Alimentos Seguros (PAS), projeto integrado das entidades do Sistema S, que visa reduzir os riscos de contaminação alimentar por meio de práticas de higiene e avaliação nutricional. Nos sete anos de atuação do projeto, 32 empresas já foram capacitadas e outros 20 estão em avaliação em 2010. O período de auditoria dura cerca de oito meses, e é dividido em duas etapas: a Organizacional que engloba o setor administrativo e operacional do estabelecimento, gestão de pessoas e processos, gestão ambiental, acessibilidade, responsabilidade social, capacitação em nível operacional e gerencial, segurança patrimonial e ocupacional; e a Segurança Alimentar, que avalia a implantação da metodologia do PAS na empresa. Para receber a certificação é preciso atingir pelo menos 70% das metas, além de participar dos cursos de capacitação e consultoria oferecidos pelo Sebrae.

De acordo com a gestora do programa Turismo Melhor, Sergina Fernandes, a avaliação é rigorosa. Parte da auditoria, inclusive, é feita de forma “oculta”, quando os avaliadores do Sebrae assumem o papel de clientes para verificar a qualidade dos serviços oferecidos de forma mais incisiva e partem. Assim, podem conhecer melhor as empresas. Apesar do rigor da avaliação, a gestora afirma que uma das diretrizes do programa é não interferir nas características dos empreendimentos. “A ideia é que as empresas incorporem essas diretrizes e incrementem a qualidade de seus serviços, mas mantendo a essência de cada um”, afirma. O caráter multiplicador do projeto também é ressaltado por ela como um dos grandes benefícios do programa. “O interessante é que os empresários e funcionários possam levar essas práticas de responsabilidade social, higiene e preocupação ambiental para fora da empresa, disseminando o conhecimento adquirido”, destaca.

▶ Luis Sizenando, Tábua de Carne

PROGRAMA VAI CHEGAR A OUTROS ESTADOS

▶ Luiz Sérgio Barreto, Vila do Mar

Uma das empresas que segue à risca as diretrizes do programa Turismo Melhor é a Pousada Casa de Taipa, em São Miguel do Gostoso, litoral Norte do estado. Surgida há quatro anos, a partir da iniciativa de três sócios, dois deles artesãos, a pousada funciona tendo em mente soluções criativas para oferecer aos hóspedes uma estadia agradável aliada à conscientização ecológica. A preocupação ambiental da empresa salta aos olhos logo na entrada, quando o visitante se depara com móveis e objetos de decoração fabricados com materiais orgânicos, como casca de coco e de outras árvores. Nos banheiros de cada quarto, um pequeno aviso ao lado do espelho informa o hóspede a respeito da importância da economia no uso da água. Além disso, o hotel estimula a reciclagem do lixo, com a colação de recipientes de coleta a disposição dos hóspedes. Para Kiko Prado, um dos sócios da pousada, o programa Turismo Melhor foi uma grande fonte de conhecimento. “O projeto nos mostrou o conhecimento para que pudéssemos incluir essas ações no nosso

dia-a-dia, sem precisar descaracterizar a nossa pousada. Foi sem dúvida uma grande oportunidade porque agora já conhecemos os caminhos para crescer e expandir o nosso negócio, com sustentabilidade e responsabilidade ambiental”, aponta. Em Natal, a cadeia de restaurantes Tábua de Carne foi uma das primeiras empresas a aderir ao programa. Com 18 de tradição o restaurante já capacitou suas duas unidades na capital, localizadas na Avenida Roberto Freire e na Via Costeira. O diretor da empresa, Luiz Sizenando Dantas Segundo, ressalta a importância do selo, sobretudo na área de segurança alimentar. Para garantir o cumprimento das normas de higiene e segurança dos alimentos preparados no restaurante, a empresa conta com uma nutricionista da casa que diariamente faz a vistoria no controle de temperatura dos alimentos, estoque, entrada e saída de mercadoria e preparação. “O programa Turismo Melhor traz uma organização interna a empresa muito grande. Sem falar que com as noções de responsabilidade ambiental que os cursos

de capacitação do programa proporciona, conseguimos reduzir bastante nossos custos”, destaca. Luiz Sérgio Barreto, diretor do Hotel Vila do Mar, concorda. Segundo ele, desde que o programa foi implantado no hotel, em 2008, o consumo de energia da empresa foi reduzido em 50%. Outras iniciativas ecológicas implantadas na empresa incluem a compostagem de materiais orgânicos coletados em adubo para a manutenção da área verde do hotel. Para Luiz Sérgio, a inclusão dessas e outras práticas beneficia tanto o hóspede, que recebe uma melhor qualidade de serviço, quanto os funcionários que passam a agregar novos conhecimentos. Embora hoje só englobe as empresas do RN, o programa Turismo Melhor já começa a ser disseminado para outros estados. A direção nacional do Sebrae já sinalizou a expansão do projeto para o Maranhão, Goiás, Pernambuco e Bahia. Além disso, o programa também foi escolhido pela FIFA como base de orientação dos critérios da indústria hoteleira e de alimentos para a Copa 2014.

O PROJETO NOS MOSTROU O CONHECIMENTO PARA QUE PUDÉSSEMOS INCLUIR ESSAS AÇÕES NO NOSSO DIA-A-DIA, SEM PRECISAR DESCARACTERIZAR A NOSSA POUSADA” Kiko Prado Sócio da Pousada Casa de Taipa


Social

Edito Editor Franklin Jorge Frank

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NATAL, DOMINGO, 25 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

Marcos

Sadepaula

13

O sonho de um careta é a realidade de um maluco” Bob Marley

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D’LUCA / NJ

Festival de Música do Beco da Lama

Copa transparente

▶ Agatha Amaro

e Yan Karsten acontecendo nos eventos da cidade

Encerram no próximo dia 30, sexta-feira, às 18h as inscrições para participar da 5ª edição do MPBeco. Os interessados devem apresentar, em envelope lacrado, um CD contendo a (s) música (s) que pretendem inscrever; letra (s) digitada (s) em três vias; e a ficha de inscrição devidamente preenchida. Cada autor pode apresentar até três trabalhos, criados individualmente ou em parceria, que devem ser inéditos. Para mais informações, procurar Dorian Lima no 9416.8016 ou Júlio César Pimenta no 9906.8740.

Para garantir transparência nas ações relativas às questões que dizem respeito à Arena das Dunas, a Procuradoria Geral do Estado está disponibilizando em seu site, no link “Copa 2014”, todos os pronunciamentos jurídicos, pareceres, despachos, respostas, consultas e, eventualmente, peças de ação judicial sobre o assunto. Com a medida, a PGE quer prestar contas à população e submeter a atuação do órgão ao controle social. Para entrar no site, basta acessar www.pge.rn.gov.br

Abre aspas

D’LUCA / NJ

“Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação”. Adrian Rogers, professor de economia na universidade Texas Tech

D’LUCA / NJ

Resta esperar! Ninguém melhor que Mrs. Cruise para encarnar a eterna primeira dama do primeiro mundo. Katie Holmes será Jacqueline Kennedy no seriado “The Kennedys”, que irá ao ar nos Estados Unidos próximo ano pela History Channel. O assunto é a origem da “dinastia” Kennedy até o assassinato de JFK em 1963.

▶ Cloe Padilha

▶ Alessandra

Palestra SBPC Dentro desta primeira ação do projeto EELP, antes da apresentação dos Anais do encontro, o professor Carlos Reis (reitor da Universidade Aberta - Lisboa), um dos ilustres convidados do I EELP, irá proferir uma palestra com o tema “José Saramago e a linguagem da História”. Carlos Reis é um dos grandes estudiosos da obra do escritor José Saramago. A palestra de Carlos Reis e a apresentação dos Anais do EELP acontecerão no primeiro dia do Ciclo de Palestras da SBPC Jovem, dia 26/07, às 9h, no auditório do Setor de aulas I - Bloco F - Sala 1, da UFRN.

O Projeto Educando Sem Fronteiras do NEC/Pinguinho de Gente levou quinta passada os alunos do 5º ano para uma aulapasseio nas cidades pernambucanas de Recife, Olinda e Goiana. O projeto realiza constantemente aulas de campo que além de promoverem a diversão também auxiliam no conteúdo estudado em sala de aula. As crianças conheceram o Instituto Ricardo Brennand, o Espaço Ciência, o Engenho Uruaé, dentre outras atrações.

D’LUCA / NJ

Monteiro e es Jogeorne Diógen pes degustando cre no Mariposa

Nudez mineira Dois cumpadre de Beraba tavam bem sossegadim fumando seus respectivo cigarrim de paia e proseano. Conversa vai, conversa vem, eis que a certa altura um deles pergunta pro outro: - Cumpadi, u quê quiocê acha desse negóço de nudez? - Acho bão, sô! O outro ficou assim, pensativo, meditativo... e perguntou de novo: - Ocê acha bão purcaus diquê, cumpadi? - Uai! É mió nudês do que nu nosso, né mesmmmm?

Viajando e aprendendo

antenada com as proposta dos ade estilistas da cid

De lobisomem para mutante Hugh Jackman, ator australiano e intérprete de Wolverine nos filmes da saga X-Men, afirma que o ator mais indicado para encarnar o seu personagem em X-Men:First Class, filme que vai contar as origens do grupo mutante, é Taylor Lautner, por já estar acostumado a interpretar um lobisomem na franquia Crepúsculo. “Tenho dúvidas se ele pode deixar crescer as suíças”, brincou Jackman durante entrevista. “Mas acho que as pessoas preferem vê-lo como um Wolverine sem pêlos”.

▶ Lu Toscano ensinando bom triz gosto à filha Bea

Orgulho portenho D’LUCA / NJ

▶ Felipe Pinheiro

com Maria Emilia foram levar seu los abraço ao tio Car io no seu aniversár

O argentininho fala com o seu pai: - Papa, quando yo crescer yo quiero ser como usted. - Y por que, mi hijo?! - pergunta o orgulhoso argentino. - Para tener un hijo como yo!

O Corsário

Estreia A SimTV estreia amanhã, às 18h30, o programa policial Sua Cidade, que será focado na prestação de serviço, denúncia e cobertura policial. O programa abre o horário jornalístico diário da emissora e em seguida a programação continua com o SIM Esportes e o SIM Notícias. Sua Cidade será apresentado pelo vereador Heráclito Noé e vai ao ar de segunda a sexta, às 18h30. A emissora é afiliada a RedeTV! e a transmissão alcança toda a Grande Natal e diversos municípios do Agreste, Mato Grande, Oeste e dos litorais Norte e Sul.

D’LUCA / NJ

▶ Audi Almeida

comemorando no seu aniversário s Pitanga com seu iel, Dan s igo am Fabíola, Juliana, Raul, Campelo, Franco e Victor Damaceno

O Restaurante e Bar Corsário oferece a partir da próxima semana um prato do cardápio com desconto. Os clientes que fizerem reserva possuem 40% de desconto no prato do dia, já para os que chegarem sem reserva, ficam em 30%. O cardápio elaborado pela Chef Sandra Pimenta possui iguarias exóticas e sofisticadas. Com uma equipe composta por garçons qualificados, o restaurante foi classificado entre os melhores da cidade na Veja Natal. O Corsário está localizado no Coração do Petrópolis, na Potengi, 594. Mais informações no 3201-1121.

▶ Colaboração de Dominique Sá

GEOVANA REIS

de Adriana Keller A paulistana e jornalista Adriana Keller, tem 13 anos de atuação em Lisboa e há 8 escolheu Natal para criar as filhas portuguesas Brienne e Camille. Aqui conheceu o músico Xandi Rocha, baterista do Camarones Orquestra Guitatrística com quem juntou as afinidades. Na cidade, passou por algumas empresas de comunicação e publicidade e hoje, é um dos rostos do

Bureau de Comunicação a mais nova opção para quem busca soluções criativas. Dona de uma capacidade enorme de curtir o bom da vida, Adriana é daquelas amigas que se conserva por toda a vida, mesmo que a convivência não seja diária. Pelo seu alto astral, a coluna pediu para enumerasse os 10 maiores prazeres que a vida lhe proporciona.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Passar o dia de pijama sem sair de casa Comer uma barra de chocolate de uma vez Dormir com barulho de chuva Acompanhar um bom vinho com queijo Perder o chão numa paixão Dançar até o sol nascer Passar o dia numa praia Acampar com a família Viajar sozinha Fazer amor e depois dormir


Cultura 14

Editor Franklin Jorge

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AUGUSTO RATIS / NJ

/ SBPC /

NATAL, CIDADE DA CIÊNCIA E DA CULTURA PARTE INTEGRANTE DA 62° Reunião

JOÃO

CARAMUJO

/ MÚSICA / JOÃO BOSCO REFAZ PARCERIA COM ALDIR BLANC E REVELA O FUTEBOL COMO FONTE DE INSPIRAÇÃO

RAFAEL DUARTE

DO NOVO JORNAL

PIANINHO, JOÃO APARECE

de boné, camiseta, bermuda e tênis All Star vermelho. Não fosse pela fotografia que ilustra a reportagem, a descrição encaixaria num perfil adolescente. A timidez e a discrição lembram o caramujo descrito pelo parceiro Aldir Blanc na letra que dá nome ao novo trabalho. Já com o violão em punho, traz à memória um jovem com seus 20 e poucos anos naquela fase em que muita coisa ainda é novidade e os limites são testados na correria do dia-a-dia. Mas a

A INTERNET É TUDO, UMA BIBLIOTECA UNIVERSAL; QUESTÕES COMO A DO DIREITO AUTORAL PRECISAM EVOLUIR, MAS O GANHO É ABSURDO” João Bosco Compositor

O BÊBADO E O EQUILIBRISTA DE NOVO, NÃO!

barba entrega. E basta um estalo para a ficha cair e o repórter refazer o ambiente. Terça-feira, 17h30. Entrevista coletiva. À frente, João Bosco, 64 anos, mais da metade dedicados à música brasileira. Simples assim. Como de fato é o mineiro de Ponte Nova influenciado na infância por Elvis Presley e pelas canções que o pai, um libanês comerciante que viajava a trabalho para o Rio de Janeiro, cantarolava em casa recém-chegado da Cidade Maravilhosa. Em “Não vou pro céu, mas já não vivo no chão”, João Bosco retoma a amizade e a boa e velha parceria com o letrista tijucano Aldir Blanc. Dos primei-

ros frutos, a canção ‘Sonho de Caramujo’ é um testemunho. A história emociona. “Aldir sonhou comigo. Eu cantava um samba no Estácio e ele lembrou alguns versos que eu dizia e digitou aquilo. No final eu dormia dentro do violão, que era a casca de um caramujo (risos). Ficou um texto poético que no final tinha o verso que dá nome ao disco: ‘Não vou pro céu, mas já não vivo no chão’. Me mandou por e-mail e fiz a melodia que remetia à figura dele no Estácio, fiz pensando no Aldir. Foi uma espécie de autoretrato alheio”, conta depois de despistar sobre o que aconteceu para a parceria ter dado um

BOLA E MÚSICA Apaixonado por futebol e música, a conversa descambou para um papo de boleiro que ganhou ares de entrevista exclusiva no apagar das luzes, quando os colegas dos outros jornais já haviam deixado o local. Torcedor do Flamengo desde pequeno, João Bosco lembra que se encantou pelo rubro-negro carioca por acaso. É que nos final dos anos 50, quando o time foi jogar em Minas, achou que o craque Dida, dono de um topete vistoso, fosse Elvis Presley, o rei do rock. Foi o início de uma história de amor aos 12 anos de idade. “Gostava de rock e era fã do Elvis. Tive até uma banda chamada ‘She´s Got it’. Nessa época, era 1958, o Flamengo tinha o Dida, o maior ídolo da história do clube, ídolo até do Zico! Mas eu não sabia o nome dele. Quando o vi, e ele tinha um topete igual ao do Elvis, pensei que fosse. Falei: ‘o Elvis joga no Flamengo!’ Só depois fui saber que o Dida era alagoano”, lembra rindo da confusão. Do Flamengo para a Seleção Brasileira foi um pulo. Com a eliminação na Copa ainda martelando a cabeça, João diz que

previu a derrota para a Holanda. E criticou a postura de Dunga. “Já esperava que aquilo acontecesse. Estava na cara que a seleção não ia longe. Tanto que quando pegou o adversário mais forte sucumbiu. A gente via um desequilíbrio emocional nos jogadores muito grande provocado pelo regime de concentração imposto pelo Dunga. Seleção não é colégio interno”, sentenciou. Na pauta dos assuntos da semana, espaço para o caso Bruno, ex-goleiro rubro-negro envolvido no suposto desaparecimento de uma amante. Triste com o episódio, o músico vê a polêmica como uma tragédia social. “E não só para o Bruno. Para a garota também. É uma tragédia em todos os aspectos. Você vê que o pai da garota é acusado de estupro, a mãe com problemas, a família do Bruno também. É tudo muito triste”, lamenta. Uma alegria recente no futebol? Robinho que, para o músico, salvou-se em meio à mediocridade dominante do escrete na Copa. “Gostei muito do Robinho. Era o único que tinha lampejos de craque. Um drible aqui, outro ali. Foi o único que me fez lembrar o futebol de outros tempos”, analisa.

Com a conjuntura política atual, João Bosco não vê possibilidade de criar uma canção como ‘O bêbado e o equilibrista’, que virou hino da esquerda na época da ditadura militar. Os tempos são outros, diz. “A vida é um exercício político, mas hoje não existe mais opressão. Não há mais aquela dualidade maniqueísta. Até porque o artista não aceita isso. Uma música como o ‘Bêbado e a Equilibrista’ não faria sentido hoje. Mas

você pode fazer com outros enfoques. Ecológico e social, por exemplo. Chico Science fazia isso muito bem”, afirma. No meio dessa democracia, João Bosco aplaude a internet, que define como ‘tudo’. O músico acredita que o debate, principalmente sobre direito autoral ainda é necessário, mas destaca a qualidade de fonte de pesquisa do mundo virtual. “A internet é tudo, uma biblioteca universal. Um garoto novo

ROTEIRO roteiro@novojornal.jor.br

tempo. À imprensa, diz que a maior preocupação com o novo trabalho é não repetir o que já fez durante 34 anos. “O disco é sempre uma parada obrigatória para uma reflexão do que você está fazendo. E me preocupo em não repetir o que já foi feito, tento buscar novas idéias”, analisa. O bate-papo com o músico ocorreu no hotel Quality, um dia antes do show no Teatro Alberto Maranhão pelo projeto MPB Petrobras. Os ingressos se esgotaram na semana anterior. No show, reviveu as grandes parcerias, todas na ponta da língua do público que o prestigiou, lotou o espaço e aplaudiu de pé.

RESUMO

Programação de hoje: MOSAICO CULTURAL Local: Centro de Convenções 19h – Abertura Oficial Local: Anfiteatro da Praça Cívica da UFRN 20h30 – Espetáculo “Naiá Catarineta” 21h30 – Lia de Itamaracá Cantando o Mar 23h – Zeca Baleiro

que não me conhece pode ter acesso ao meu trabalho pelo computador. Acho que questões como a do direito autoral e a própria legislação ainda precisam evoluir, mas é absurdo o ganho para pesquisas. Às vezes quero ouvir a primeira gravação de violão do Brasil com Dilermando Reis. Aí vou ao site do Instituto Moreira Sales e escuto. Acho que a internet deu uma direção ao futuro”, reflete.

O BEM AMADO – 12 anos. Cinemark: 12h30 - 15h40 - 18h10 - 20h50 (NAC). Moviecom: 12h50 – 15h00 – 17h10 – 19h20 – 21h30 (NAC).

mark: 12h00 - 14h10 - 16h35 - 18h45 (DUB). Moviecom: 13h15 – 15h10 – 17h05 – 19h00 – 20h55 – 14h15 – 16h10 – 18h05 – 20h00 – 21h55 (DUB).

CINEMA ENCONTRO EXPLOSIVO – 14 anos. Cinemark: 11h50 - 14h15 - 16h40 - 19h10 - 21h40 (LEG). Moviecom: 13h00 – 15h15 – 17h30 – 19h45 – 22h00 (LEG). ECLIPSE – 14 ANOS. Moviecom: 21h30 (LEG) 13h45 – 16h15 – 18h45 – 21h15 (DUB). Cinemark: 12h10 – 17h40 (DUB). 15h00 - 20h20 - 21h10 (LEG).

PLANO B – 12 anos. Cinemark: 22h00 (LEG). SHREK PARA SEMPRE – Livre. Cine-

Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a SBPC Cultural começa hoje no Anfiteatro da Praça Cívica da UFRN. O show do cantor maranhense Zeca Baleiro, anunciado para às 23h mas com previsão dos organizadores de começar bem mais cedo, inaugura as atividades do evento nacional de cunho científico. Até sexta-feira, o público será brindado com atrações artísticas espalhadas pela universidade e por toda a capital. A expectativa é atrair um público estimado em 20 mil pessoas por dia. A coordenadora da SBPC Cultural, Teodora Alves, frisa que o planejamento para o evento de grande porte começou há cerca de um ano. “O foco é enfatizar a importância da arte e da cultura. Não somente a produção, mas também a reflexão das duas”. A vasta opção para o espectador escolher sua atração de preferência vai de oficinas a mostras e exposições, incluindo todas as expressões artísticas e estilos. A programação divide-se em uma série de secções: Mosaico Cultural, Cenários Culturais, Labirinto Cultural, Prosa Poética, Cientec Cultural, Praça do Choro, Vitrine Cultural, Expot&C e Deart A SBPC Cultural objetiva proporcionar uma maior visibilidade ao que é produzido em território potiguar. Ao mesmo tempo, dialogar com artistas de outras partes do país. A edição natalense do evento ganhou uma dimensão maior, diz a coordenadora, por incluir outros pontos da cidade. As ações da SBPC Cultural estarão espalhadas em pontos históricos como o Forte dos Reis Magos, Rua Chile e na casa de Câmara Cascudo. A programa completa está no site www.sbpcnet.org.br/natal

TOY STORY 3 – Livre. Cinemark: 11h05 - 13h35 - 16h05 - 19h20 (DUB). Moviecom: 14:45 - 17:00 - 19:15 (DUB). SHREK PARA SEMPRE 3D – Livre. PREDADORES - 14 anos. Cinemark: 12h15 Cinemark: 11h00 - 13h10 - 15h20 - - 14h40 - 17h15 - 19h40 - 22h10 (LEG). Mo17h45 - 20h00 (DUB). 22h20 (LEG) viecom: 14:50 - 17:00 - 19:10 - 21:20 (LEG).

Programação de amanhã: MOSAICO CULTURAL: Prêmio Hangar de Música 19h – Pedro Mendes 20h – Sueldo Soares 21h – Isaque Galvão 22h – Rosa de Pedra

MÚSICA A abertura do maior evento científico do Brasil, a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), também conta com atrações musicais nacionais e regionais. Na Praça Cívica do Campus central da UFRN se apresentam hoje Lia de Itamaracá, Naia Catarineta e Zeca Baleiro a partir das 19 horas. A banda Magia volta ao palco da boate Feitiço a partir das 20 horas. Quem dá continuidade aos agitos da noite são os DJs Baez e Eddy.


Esportes

Editor Marcos Bezerra

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NATAL, DOMINGO, 25 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

VITÓRIA

HUMBERTO SALES / NJ

/ SÉRIE C / COM A FOLGA DO ABC, ALECRIM ENFRENTA O CAMPINENSE NO MACHADÃO DE OLHO NA LIDERANÇA DO GRUPO B AUGUSTO RATIS / NJ

▶ Ferdinando Teixeira fez mistério sobre esquema de jogo do Verdão BRUNO ARAÚJO

DO NOVO JORNAL

O EMPATE NA

estreia da Série C, apesar de fora de casa, já faz parte do passado do Alecrim. Hoje, às 17 horas, o alviverde reencontra o estádio Machadão e a sua torcida para tentar a primeira vitória não só na Terceirona, mas também contra o Campinense/PB. Em caso de vitória, o Alecrim pode assumir temporariamente a liderança do grupo B com quatro pontos, um a mais que o ABC, atual líder. Para o jogo deste domingo, a única dúvida do técnico Ferdinando Teixeira treinador é para o lugar do meia Cipó. Com dores na coxa direita, o jogador pode desfalcar o meio de campo alviverde e Teixeira estuda inclusive, mudar a formação e chegou a posicionar a equipe nos coletivos da semana com três atacantes. Uma pista falsa para os adversários paraibanos? Talvez. “No nosso jogo contra o Salgueiro/PE tinha uma integrante da comissão deles então quanto menos informações tiver... melhor”, avaliou. Ferdinando garante que a semana de trabalho foi proveitosa e que houve uma importante evolução, principalmente em termos de “coletividade”. “Vamos fazer nosso primeiro jogo em casa e vai ser um jogo difícil, não estamos pensando na liderança agora, mas sim nos três pontos que serão importantes lá na frente”, afirmou o treinador que teve uma rápida passagem pelo Campinense no início do ano passado. O atacante André Cassaco, que fez o gol de empate na estreia dele e do Alecrim, se mostrou feliz com o bom desempenho nos pou-

co mais de 20 minutos que esteve em campo contra o Salgueiro. Titular durante os coletivos realizados durante a semana, o jogador deverá estar em campo entre os 11 que serão escalados por Ferdinando. “Acho que fui bem. Treinei como titular durante a semana e se tiver a chance de estar em campo, vou tentar agarrar essa oportunidade”, garantiu. Sobre a vantagem de jogar em casa, Cassaco minimizou. “Sabemos que jogar em casa sempre traz uma pequena vantagem, mas independente disso, será um jogo difícil e uma vitória vai nos dar ainda mais tranqüilidade para a sequência da competição”, observou. Já o Campinense, que folgou na rodada inicial, faz sua estreia na competição.

FICHA TÉCNICA ALECRIM Jair; Ângelo, Fabiano, Márcio e Nêgo; Odair, João Paulo e Marcelinho; André Cassaco e Somália. Técnico: Ferdinando Teixeira.

CAMPINENSE/PB Diogo; Israel, Henrique, Alemão e Rogerinho; Estênio, Marquinhos Mossoró, Daniel e Marcio Tarrafas; Willian Vassoura e Zé Maria. Técnico: Suélio Lacerda. Estádio: Machadão. Horário: 17h (de Brasília) Arbitro: José Cleiton Souza (CE)

ALECRIM NUNCA VENCEU Mas antes de pensar em comemorar três pontos, os alecrinenses precisam superar uma marca negativa nos confrontos contra os paraibanos. Em cinco jogos contra o Campinense, o Alecrim não conquistou uma vitória sequer contra a Raposa. Ao todo, são dois empates e três vitórias a favor dos visitantes. Mas a história entre as duas equipes, apesar da proximidade geográfica, não é das mais recentes. O último confronto entre Alecrim e Campinense aconteceu pela Série B do Campeonato Brasileiro no distante ano de 1983 com um empate em 2 a 2. Já as outras quatro partidas foram

JOGOS DA SÉRIE C NESTE DOMINGO

▶ Grupo A – Águia/PA x São Raimundo/PA (19 horas) ▶ Grupo B – CRB/AL x Salgueiro/PE (15 horas) ▶ Grupo B – Alecrim x Campinense/PB (17 horas) ▶ Grupo C – Ituiutaba/MG x Marília/SP (16 horas) válidas pela Taça Brasil – equivalente ao Brasileiro na época – entre os anos de 1964 e 1965.

/ SÉRIE D /

POTIGUAR PEGA O CONFIANÇA PRECISANDO DOS TRÊS PONTOS

PARA QUEBRAR

TABU

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▶ Júnior Xavier: só vitória interessa

Para não se complicar no Campeonato Brasileiro da Série D, após perder na estreia para o Confiança/SE, por 1 a 0, o Potiguar de Mossoró busca os seus primeiros três pontos na competição hoje, contra o Santa Cruz/PE, no estádio Nogueirão, em Mossoró. Mesmo sem ter estreado

com um resultado positivo, o técnico Júnior Xavier acredita que a equipe tem condições de se recuperar já no jogo de hoje. “Nós temos condições de vencer, apesar de termos perdido a primeira partida o time jogou bem”, comentou. Jogando em casa ele quer que a equipe imponha o seu

futebol, mesmo contra um adversário mais complicado. “Vamos enfrentar uma grande equipe, mas nós temos que procurar a vitória desde o início”, completou. A grande novidade no alvirrubro mossoroense deve ser a entrada do meia Cacá, que foi contratado junto ao ABC.


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▶ ESPORTES ◀

/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 25 DE JULHO DE 2010

NEY DOUGLAS / NJ

BRUNO ARAÚJO

DO NOVO JORNAL

O BRASIL SER o país do futebol é

unanimidade no mundo inteiro. Mas com tantos candidatos a craque, o caminho é longo até se tornar um profissional desse esporte. A novidade é a abertura de novos mercados da bola, como o norteamericano. Isso! Os atletas potiguares estão se aventurando na terra do “soccer” em busca de uma oportunidade e, de quebra, ainda fazem uma faculdade. Um dos desbravadores entre os potiguares é o jovem Artur Silva de Oliveira, de 23 anos, que em 2006 deixou o curso universitário de Sistemas de Informação para tentar aliar seu desejo de jogar futebol e conquistar uma formação superior. A equação pode parecer simples: enviar alguns emails, fazer um vídeo com seus melhores momentos e disponibilizar na internet para, no final, aguardar uma resposta positiva. No entanto, o ex-meia das categorias de base do ABC, precisou de bastante tempo para chegar ao resultado desejado. “Eu enviei pelo menos 450 emails. Foi uma peregrinação que durou alguns meses”, disse Artur que está em Natal de férias até 2 de agosto, quando retorna para a cidade de Portales, de pouco mais de 12 mil habitantes e a 400 quilômetros de Santa Fé, capital do estado do Novo México. “Meus pais me viam mandando os emails e não estavam preocupados, achavam que não daria certo. Mas quando começou a chegar a documentação da bolsa, viram que a coisa era séria.” O fato curioso e que das centenas de emails que enviou, apenas 10 tiveram resposta, dentre eles, só três trouxeram boas notícias. Um deles, da Universidade de Oklahoma, destino escolhido por ele para iniciar o “sonho americano”. Artur conta que sempre teve o sonho de ser jogador de futebol, mas que seria complicado pois teria que deixar os estudos em segundo plano para tentar seguir a carreira. “Acabei, quando ainda estava no Juniores do ABC, sabendo por um brasileiro que veio fazer um amistoso pela equipe de uma universidade da Flórida que várias universidades davam bolsa de estudos para atletas que quisessem estudar inglês ou fazer curso superior ”, explicou o jovem potiguar que, após uma temporada pelos Sun Devils (Oklahoma), recebeu o convite para jogar pela Universidade Leste do Novo México que tem atualmente 12 brasileiros no time de futebol, seis deles na equipe titular.

Made in

BRAZIL / FUTEBOL / JOVENS ATLETAS DO RN APROVEITAM A BOA TÉCNICA PARA EXPLORAR O MERCADO DA BOLA NOS ESTADOS UNIDOS E, ALÉM DA PROFISIONALIZAÇÃO, TÊM A CHANCE DE CONSEGUIR BOLSAS DE ESTUDO

FOTOS: CEDIDAS

▶ O início da carreira de Artur, nas categorias de base do ABC; demonstrando vontade em jogo da Universidade de Oklahoma e com o amigo “Negão”, mais um a tentar a sorte nos EUA

APOSTA AMERICANA DICAS PARA TENTAR UMA BOLSA ESPORTIVA NOS EUA

▶ Ter inglês (intermediário); ▶ Ensino médio (completo); ▶ Boas notas; ▶ Vídeo com lances; ▶ Iniciar as buscas entre agosto e dezembro;

▶ Dedicação; *Para quem quiser mais informações, basta enviar email para artur.oliveira@enmu.edu.

EXPORTAÇÃO

Hoje, Artur está prestes a concluir o curso de Educação Física e, em breve, deve ingressar no mestrado graças à nova bolsa já garantida para pós-graduação em gestão esportiva. “Meu treinador me ofereceu o cargo de auxiliar técnico e a bolsa. Quando cheguei nos Estados Unidos pensava em voltar, mas agora meu campo profissional e perspectivas profissionais cresceram além do que eu esperava”, justificou. Um mito que Artur faz questão de por abaixo é o de que americano não sabe jogar futebol. Segundo ele, apesar de os brasileiros terem mais técnica, a força física e condicionamento dos atletas lá costuma equiparar os duelos. “Tem garoto lá com 17 anos que é um ‘ogro’, tem um biótipo que você se sente pequeno. Por isso, os treinamentos são fortes e exigem bastante dedicação, assim como na universidade, que exige boas notas para renovar as bolsas”. Mas conquistar uma vaga numa universidade americana não foi o único desafio enfrentado por ele. “O idioma é um problema. Não falava nada de inglês e a gente sofre bastante no início. O outro foi a comida: quando venho aqui levo tempero de todo tipo, porque lá é só comida pronta ou congelada”, contou Artur que, a cada visita ao Brasil, leva também conterrâneos para tentar a sorte. “Tive uma grande oportunidade e gosto de compartilhar isso. Dessa vez, dois estão indo comigo”. Ele afirma que, como auxiliar técnico, recebe em média mil emails por mês com dúvidas e pedidos do mundo todo. “Faço questão de responder todos porque sei o que é ter um sonho. Mesmo que seja para falar da impossibilidade naquele momento, faço em sinal de respeito”.

▶ Artur Silva, de meia a auxiliar técnico

▶ Sullivan Silva, meia do Austin Aztex

O estudante de Educação Física Mateus Costa, de 22 anos, vive a mesma expectativa que seu irmão gêmeo André e o próprio Artur viveram. Na próxima terça-feira, Mateus deve embarcar para o estado americano de Oklahoma. “Estou ansioso. Indo para lá, além de conseguir jogar futebol vou ter acesso a um curso superior de alto nível”, justificou. Jogador de meio campo – até agora –, já que segundo ele os técnicos lá costumam trocar os atletas de posição, Mateus destaca que deixou o futebol pela pouca ou nenhuma perspectiva que as categorias de base dos clubes locais ofereciam. “Aqui, que eu lembre, só tivemos recentemente Wallysson (Cruzeiro) e João Paulo, que depois de três anos, tá estourando aparentemente porque o time não tinham opção. Falta oportunidade”, critica. O jovem de 22 anos, inclusive, precisou trancar o curso de Educação Física que terminaria no final desse ano para poder buscar o sonho. “A oportunidade surgiu e não poderia desperdiçar. Tô indo para jogar. Tava desmotivado, mas é uma oportunidade rara”, argumenta citando o exemplo do estudante goiano Sullivan Silva que acabou contratado pelo Austin Aztex para disputa da USL (União das Ligas de Futebol, em inglês). Em relação aos custos que terá

que arcar, só para viabilizar a viagem, Mateus teve de desembolsar aproximadamente R$ 3 mil para pagar taxas, vistos, passaporte e passagens. “É um investimento que vale a pena”, confirma ele, lembrando que passará também a ter despesas com alimentação e hospedagem. “Vou ter direito a bolsa para o curso de inglês. Se não der certo, ao menos aprendi um novo idioma e vivi novas experiências”, pondera. Sobre a distância dos familiares, já que os planos são de ficar pelo menos cinco anos – tempo do curso de inglês e do curso superior, Ciências do Esporte o qual pretende fazer –, Mateus confirma que será um dos problemas,

“VENDEDORES DE SONHOS” NOSSA AVALIAÇÃO É EXIGENTE E O DIFERENCIAL É QUE OS TREINADORES PROCURAM NOSSA CONSULTORIA EM BUSCA DE NOVOS ATLETAS DE ALTO NÍVEL” Ronaldo Lopes Diretor da XSPORT

Para aqueles que não tiverem bons contatos como Mateus ou a força de vontade de Artur, algumas empresas fazem a captação de atletas com um “precinho”, digamos, “especial” e os encaminha. A XSPORT, empresa de consultoria esportiva sediada em Belo Horizonte, por exemplo, obtém bolsas de estudos em universidades americanas não apenas para futebol, mas para outras modalidades como basquete, vôlei, atletismo, tênis e natação ao valor “simbólico de R$ 8 mil. “Nossa avaliação é exigente e o diferencial é que os treinadores procuram nossa consultoria em busca de novos atletas de alto nível”, afirma Ronaldo Lopes, diretor executivo da empresa. Segundo ele, pelo menos 90% dos atletas que tem sua ida intermediada pela empresa conquistam bolsa integral. “Das 350 universidades americanas, pelo menos 250 captam atletas. Aqueles que não con-

seguem integral é pela falta de bolsas nessa modalidade naquele momento, mas acabam conquistando parciais entre 50% e 80% são oferecidas. A tendência é que no ano seguinte, dependendo do rendimento, ela passe aos 100%”, explica. O mineiro explica que a empresa fica responsável pela obtenção de bolsa de estudos, desde a edição de vídeos, negociação com técnicos, agendamento de testes necessário para ingressar nas universidades, até as etapas finais de agendamento de entrevista consular e compra de passagem aéreas. “Enviamos pelo menos 30 atletas só este ano.” Ronaldo destaca que o papel das empresas que prestam esse tipo de serviço são de “vendedoras de sonhos” e que os jovens que conquistam essa oportunidade não se arrependem. Ainda segundo ele, no Brasil é difícil conseguir conciliar estudos e esportes, já que não há

mas garante que os familiares estão dando apoio, assim como fizeram com seu irmão. “Minha mãe sofreu um bocado quando André foi, mas eu segurei a barra. Agora sem mim e ele, vai ser a missão do nosso irmão mais velho cuidar dela. Mas ela sabe que estamos em busca de um sonho e nos apóia completamente”.

É UM INVESTIMENTO QUE VALE A PENA” Mateus Costa Estudante

investimento na categoria universitária. “Nos Estados Unidos, eles acabam tendo a oportunidade de fazer um curso superior referência, aprender inglês, além de praticar seu esporte preferido em alto nível. Os atletas veem como um sonho e nos temos o caminho para torná-lo realidade”.

SITES E COMUNIDADES RELACIONADAS

▶ Site com informações sobre universitários brasileiros nos EUAA: www.brazilianabroad.com/ ▶ Consultoria esportiva: www. xsportconsulting.com/ ▶ Comunidade de brasileiros em universidades americanas: ▶ www.orkut.com.br/ Main# Community? cmm=366042


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