18-07-2010

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Ano 1 / N°203 / Natal, DOMINGO, 18 de julho de 2010

EDITORIAL

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RODA VIVA

A CIDADE QUE QUER SEDIAR UMA COPA DO MUNDO PRECISA CUIDAR DO TRÂNSITO TAMBÉM À NOITE

HUMBERTO SALES / NJ

MAGNUS NASCIMENTO / NJ

OS CASOS RECENTES DE INSEGURANÇA SÃO CONTRAPONTO À JACTÂNCIA DO GOVERNO

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CULTURA

09

CIDADES

POR ISSO NÃO PROVOQUE...

LONDON APONTA O FUTURO

Polêmico e visceral, o artista que foi apadrinhado por Rita Lee, é um vulcão. Ao longo de seus 28 anos, Rodolfo Amaral sofreu e comprou brigas. Hoje se assume por completo. É um cantor em paz.

Um dos pioneiros da internet no Brasil, o empresário e escritor Jack London, 62 anos, crava o fim da era do papel. Até a televisão, na opinião dele, corre o risco de ficar obsoleta.

RN, CAMPEÃO

/ VIDA A DOIS / JUÍZA ACREDITA QUE LEI DO “DIVÓRCIO RELÂMPAGO” NÃO VAI AUMENTAR NÚMERO DE SEPARAÇÕES; PARA A IGREJA, SITUAÇÃO DA FAMÍLIA FICA “PREOCUPANTE”

DO DIVÓRCIO 09

CIDADES

10

O RN registrou as maiores taxas de divórcio em 2008, segundo o IBGE, mas a lei recém-aprovada não deve aumentar ainda mais o número

de separações, na análise da juíza Berenice Capuxu. O padre Valdir Cândido vê na nova lei uma ameaça à família tradicional.

MAGNUS NASCIMENTO / NJ

ÚLTIMAS

já movimenta quase R$ 3 milhões por ano no estado. A concorrência faz com que os cerimonialistas se superem na criatividade.

TIAGO LIMA / NJ

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02

CIDADES

Casar, por outro lado, permanece um grande negócio. Pelo menos, do ponto de vista econômico. O setor de promoção de casamentos

ESPORTES

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ECONOMIA

ENFIM, O ANO COMEÇA PARA O ABC

CONSTRUÇÃO CIVIL SOFRE COM GARGALOS

O alvinegro dá início hoje à Série C, competição mais importante do ano e para a qual vem se preparando desde janeiro.

A falta de insumos já é insuficiente para atender a demanda do setor. Falta cerâmica e cimento. Obras da Copa podem agravar situação.

IVAN CABRAL

WWW.IVANCABRAL.COM

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POLÍTICA

MULHER É PRESA AO ARROMBAR 5 CARROS NA VIA COSTEIRA

LEI DAS COTAS CRIA AS “CANDIDATURAS LARANJAS”

Segundo a polícia, Lucineide França Soares, 31 anos, arrombou cinco veículos estacionados junto a hotel que promovia evento na sexta-feira.

Até o chamado movimento feminista concorda: a lei das cotas por sexo nas eleições estimula o surgimento de “candidatas laranjas”.

20

EMPREEENDER

PROJETO DO SEBRAE MELHORA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

03

POLÍTICA

METADE DO ELEITORADO DO RN ESTÁ EM 20 CIDADES


Últimas 2

Editor Marcos Bezerra

E-mail pauta@novojornal.jor.br

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/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 18 DE JULHO DE 2010

“NADA FOI FORMALIZADO ATÉ AGORA”, DIZ CORONEL / INVESTIGAÇÃO / ENQUANTO A POLÍCIA CIVIL NÃO INSTAURA INQUÉRITO, O QUE PODE ACONTECER AMANHÃ, OS DOIS POLICIAIS MILITARES SUSPEITOS DA CHACINA DE MACAÍBA CONTINUAM TRABALHANDO NORMALMENTE

NEY DOUGLAS / NJ

OS DOIS SOLDADOS

da Polícia Militar apontados por testemunhas como os responsáveis pela execução brutal de três garotos numa estrada carroçável do distrito de Mangabeira, em Macaíba, crime ocorrido na madrugada da última quinta-feira, ainda não foram acusados formalmente. Até que a Polícia Civil colha os depoimentos e instaure o inquérito contra os PMs, Gilberto Ferreira de Araújo Júnior, mais conhecido na corporação como ‘Galego da Mascarenha’, e Valdemilson Rodrigues de Freitas (lotados no 9º BPM) continuarão exercendo suas atividades normalmente – é o que garante o coronal Francisco Araújo Silva, comandante geral da PM. “O que temos até o momento são testemunhas que afirmam essa suspeita. Porém, nada foi formalizado até o momento”, justificou o coronel. Mesmo assim, independente de a Polícia Civil ouvir as testemunhas e formalizar as acusações, o comando da PM tomará suas próprias providências. “Eles continuarão trabalhando. Não poderia ser diferente, até porque eles ainda não foram acusados de nada. No

entanto, no mais tardar até a próxima terça-feira, se isso não acontecer, eu mesmo irei separar todas as notícias veiculadas pela imprensa e, em função das denúncias publicadas, mandarei um oficial instaurar uma sindicância para apurar os fatos”, prometeu o comandante. Vale ressaltar que, caso os policiais não compareçam ao serviço durante suas escalas e não justifiquem ou comprovem aos seus superiores o motivo de uma suposta falta, eles podem responder por deserção.

/ GUAMARÉ /

/ FEIRAS LIVRES /

PETROBRAS RECEBE LICENÇA PARA INICIAR PARQUE EÓLICO

Polícia Ambiental apreende mais de 970 aves em dois meses

A PETROBRAS AFIRMOU na

noite desta sexta-feira que recebeu licenças de instalação para o início das obras dos Parques Eólicos de Mangue Seco, no município de Guamará, no Rio Grande do Norte. Com as licenças, concedidas pelo Idema (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente), “a companhia mantém a expectativa de entrada em operação de quatro usinas em setembro de 2011”, disse a estatal em comunicado. Os parques eólicos são formados pelas usinas Mangue Seco 1, 2, 3 e 4 que serão construídas no entorno da Refinaria Clara Camarão. Cada usina terá 13 turbinas e 26 megawatts de capacidade instalada, totalizando uma capacidade instalada de 104 megawatts em todos os parques. Segundo a Petrobras, o sistema de transmissão de cada unidade será constituído de uma subestação elevadora de 34,5/138 kilovolts e de uma linha de transmissão de 138 kilovolts. “Os contratos de venda de energia para estes parques geradores foram ofertados no primeiro leilão de energia eólica, realizado em dezembro de 2009, e são válidos por 20 anos”, disse a estatal. A usina Mangue Seco 1 será construída em parceria da Petrobras com a Alubar Energia, a de Mangue Seco 2, em parceria com a Eletrobras, e as usinas Mangue Seco 3 e Mangue Seco 4, em parceria com a Wobben WindPower.

INVESTIGAÇÃO

As investigações sobre a morte dos garotos Judson Sena Martins, de 13 anos, Reinaldo de Paula Leite, 16 – além da terceira vítima (ainda sem identificação no Itep), cujo apelido seria ‘Maconha’ – estão, a princípio, com a Divisão Especial de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor). O nome do delegado é que ainda não foi definido, uma vez que o titular Ronaldo Gomes encontra-se de licença. Neste caso, as mesmas podem ser conduzidas pelos delegados Márcio

Delgado ou Lenivaldo Pimentel, ambos também da Deicor. Porém, o delegado geral Elias Nobre de Almeida Neto deverá designar que uma comissão especial formada por dez delegados assuma o caso, o que pode acontecer já nesta segunda-feira, quando as primeiras testemunhas serão intimadas para depor. “Vamos ouvir todas as pessoas envolvidas e, caso sejam constatadas evidências ou materialidades suficientes, vamos solicitar ao Ministério Público a prisão temporária dos suspeitos”, garantiu Elias Nobre. O triplo homicídio aconteceu por volta das 3h30 na quinta-feira passada, numa estrada de terra que fica numa região conhecida como Sítio Guarapes, em Mangabeira, no município de Macaíba. Os corpos das vítimas foram encontrados com partes dos membros destroçadas devido ao poder de fogo das armas utilizadas. No local foram recolhidas capsulas de espingarda calibre 12 e de pistola ponto 40. Todos morreram com as mãos amarradas nas costas e não tiveram chance alguma diante dos assassinos.

▶ Francisco Araújo, comandante da PM: “Sindicância para apurar os fatos”

NEY DOUGLAS / NJ

POLICIAIS MILITARES DA

Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipam) estão intensificando a fiscalização nas principais feiras livres da Grande Natal. Ontem pela manhã, por exemplo, foi realizado mais um trabalho de combate à venda de pássaros silvestres. A ação foi coordenada na feira de Parnamirim, onde 14 aves foram apreendidas. Um feirante, identificado como Erivan Lucas de Araújo, de 40 anos, foi detido e conduzido à Delegacia de Plantão da Zona Sul. A reportagem acompanhou a fiscalização. Entre os 14 pássaros recolhidos estão espécies proibidas de serem comercializadas, como bigode, papa-capim, azulão e sabiá. Eles foram levados para a sede do Ibama, que ficará responsável pela soltura. Já o acusado, responderá pelos crimes de comércio ilegal de animais (artigo 29 do código ambiental) e maus tratos (art. 32). Se condenado, a pena pode chegar a dois anos de prisão e/ou pagamento de serviços públicos mais multa. Na fiscalização ocorrida ontem, participaram 15 policiais militares. Esta foi a primeira operação realizada em Parnamirim este ano.

/ VIA COSTEIRA /

MULHER É PRESA APÓS ARROMBAR CINCO VEÍCULOS

/ RECESSO /

SENADORES VÃO TRABALHAR DUAS SEMANAS EM TRÊS MESES ÀS VÉSPERAS DO recesso parlamentar e do “recesso branco” no período préeleitoral, cinco senadores tomaram posse nesta semana. Os novatos vão trabalhar apenas duas semanas nos próximos três meses durante o “esforço concentrado” convocado pelo comando do Senado até outubro. Entre agosto e outubro, o Senado e a Câmara vão trabalhar nos dias 3, 4, 5 de agosto e, em seguida, nos dias 31 de agosto, 1º e 2 de setembro. O “recesso branco” é a alternativa que libera os parlamentares para dedicarem-se às campanhas eleitorais, sem votações nas duas Casas. Da semana que vem até agosto, o Congresso fica em recesso. Nesses períodos, todos os senadores recebem integralmente os salários (R$ 16.512 mensais) e benefícios -como a verba indenizatória de R$ 15 mil para gastos no Estado. Os novos senadores seguem a mesma regra: apesar do Congresso estar com as atividades praticamente paralisadas até outubro, assumem as cadeiras com todos os benefícios dos titulares. Quatro suplentes assumiram os cargos para substituir senadorescandidatos, enquanto Regis Fichtner (PMDB-RJ) reassumiu a cadeira por ter se afastado da chefia do gabinete civil do governo do Rio de Janeiro. Fichtner substitui Paulo Duque (PMDB-RJ), que era segundo suplente do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ). Os suplentes João Faustino (PSDB-RN), Niura Demarchi (PSDB-SC) e Belini Meurer (PTSC) assumiram os mandatos em substituição a Garibaldi Alves (PMDB-RN), Raimundo Colombo (DEM-SC) e Ideli Salvatti (PT-SC). Já o senador José Bezerra Júnior (DEM-RN) substitui o líder do DEM, José Agripino Maia (RN).

/ RIO /

TRE AINDA VAI DECIDIR SOBRE CANDIDATURA DE CABRAL ▶ Policiais Militares fiscalizam e apreendem aves na feira de Parnamirim; um feirante foi detido Na DP, o feirante disse que sabia que vender animais silvestres é ilegal, mas afirmou que as aves apreendidas não lhe pertenciam. “Eu estava na feira vendendo um canário belga, que não é proibido. Se eu estivesse colocando o bicho pra brigas, aí sim, eu estava errado”, defendeu-se. Mesmo assim, Erivan foi autuado. Ele assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e em seguida foi liberado.

Durante a fiscalização na feira de Parnamirim, o major Correia Lima, comandante da Cipam, informou que somente nos últimos dois meses 970 pássaros foram apreendidas durante ações realizadas nas feiras de Parnamirim, Macaíba, na região metropolitana, e nos bairros de Cidade da Esperança, Alecrim e Nova Natal, na capital. “Nosso objetivo é intensifi-

car esse tipo de fiscalização. Está em nosso planejamento realiza esse trabalho periodicamente”, assegurou. Além dos pássaros, ao longo deste período também já foram recolhidos 103 lagostas, 120 galos de briga (nas cidades de São Gonçalo do Amarante e Ceará-Mirim). Vinte e três pessoas foram conduzidas à delegacias da cidade e várias rinhas fechadas.

O NOME DELA

da. Ela estava acompanhada de um homem, identificado apenas como Francisco. Ele escapou, mas ela não. Segundo informações da PM, a Via Costeira estava repleta de carros em função de um evento realizado no Hotel Vila do Mar. Diante da fartura, o casal decidiu investir contra alguns veículos. Cinco deles, pelo menos, teriam sido arrombados. Com Lucineide, que foi deti-

da caminhando tranquilamente no calçadão, os policiais da Ciptur encontraram e apreenderam dentro de uma sacola dezenas de objetos furtados de dentro dos automóveis, como aparelhos de som, óculos, perfumes, GPS, pendrives e telefones celulares. Após receber voz de prisão, a mulher foi conduzida à Delegacia de Plantão da Zona Sul, confessando já ter passagem por outros assaltos.

é Lucineide França Soares, tem 31 anos, é mais conhecida como ‘Galega’ e agora está presa. Mas o que ela fez? Segundo policiais da Companhia Independente de Policiamento e Apoio ao Turista (Ciptur), a mulher foi flagrada após arrombar cinco veículos, todos ao longo da Via Costeira de Natal. Foi na madrugada de ontem, após denúncia anônima, que a polícia se deparou com a acusa-

O TRE-RJ (TRIBUNAL Regional Eleitoral do Rio) tem até 5 de agosto para decidir se aceita a impugnação da candidatura de Sérgio Cabral (PMDB) à reeleição ao governo do Rio. A impugnação foi apresentada à Justiça Eleitoral pela coligação Rio Esperança, que reúne PV, PSDB, DEM e PPS e tem Fernando Gabeira (PV) como candidato. A impugnação é uma contestação a uma candidatura durante o processo de registro. Ela pode ser feita por um promotor eleitoral, por um candidato, um partido ou uma coligação. No caso de Cabral, a impugnação foi proposta por causa de uma mansão que ele possui em um condomínio fechado de Mangaratiba, a 70 km do Rio. Na declaração de bens de Cabral, a casa, comprada em 1998, é avaliada em R$ 200 mil. Estimativa feita por corretores e apresentada à Justiça Eleitoral pela coligação de Gabeira indica que a mansão vale pelo menos R$ 1,5 milhão.


Política

Editor Viktor Vidal

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NATAL, DOMINGO, 18 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

MAIS ELEITORES, MENOS CANDIDATOS

AUGUSTO RATIS / NJ

AUGUSTO RATIS / NJ

/ VOTOS / METADE DO ELEITORADO ESTÁ CONCENTRADA NOS 20 MAIORES COLÉGIOS

NÚMERO DE ELEITORES POR MICRORREGIÃO

CRISTIANO FÉLIX DO NOVO JORNAL

Serra de São Miguel

O NÚMERO DE eleitores aptos a

votar no pleito deste ano cresceu quase 2,5% desde 2008. Dados apurados pelo tribunal Regional Eleitoral apontam que nos 167 municípios do Rio Grande do Norte há 2.246.691 pessoas habilitadas, sendo que metade está concentrada nos 20 maiores colégios. A capital tem sozinha cerca de 20% do eleitorado, com mais de 524 mil cidadãos credenciados. Mossoró é o segundo maior colégio, com 159 mil, e Parnamirim permanece na terceira posição com mais de 96 mil eleitores. Também na região metropolitana aparece São Gonçalo do Amarante com 60 mil, seguido de Ceará-Mirim, Macaíba, Caicó e Assú. Do mesmo modo que no pleito municipal de dois anos atrás, as mulheres serão maioria, ainda que a diferença seja pequena. Aproximadamente 55% são do sexo feminino. Dos principais concorrentes ao governo a coligação “A Força da União”, que une DEM, PSDB, PMN, PLS, PSC E PTN, é a única que tem à frente na cabeça de chapa uma mulher. Representante de oposição à atual administração, a senadora Rosalba Ciarlini (DEM) tem como companheiro no posto de vice o presidente da Assembléia Legislativa, o deputado Robinson Faria (PMN). Juntos eles mantêm proximidade com regiões que somam o maior número de municípios. Tendo sido ex-prefeita da capital do Oeste, Rosalba tem muitos apoiadores, especialmente na microrregião de Mossoró, que tem mais de 213 mil eleitores. Soma-se a isso a liderança do deputado líder do PMN na área Agreste, que concentra mais de 165 votantes. No entanto, o potencial eleitoral de Robinson além do Agreste, no Seridó e na Grande Natal corre o risco de sofrer uma divisão, dada a organização partidária do deputado federal João maia (PR) no mesmo reduto. Ambos recebem apoio de grande número de prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e outras lideranças políticas. Na manhã de ontem, correligionários de Rosalba prepararam a “Primeira caminhada da Rosa”, evento que serviu para marcar o início da campanha na cidade de Mossoró. No trajeto, foram colocados estrategicamente pontos que marcaram a atuação administrativa da ex-prefeita, a começar da Cobal – centro comercial que foi revitalizado na época da sua gestão.

Água Nova (2.329), Coronel João Pessoa (3.520), Doutor Severiano (5.022), Encanto (3.953), Luís Gomes (8.153), Major Sales (2.674), Riacho de Santana (3.498), São Miguel (18.060), Venha-Ver (3.388).

Pau dos Ferros

▶ Alexandre Albuquerque informa dados do TRE

▶ Geraldo Melo: contribuição em não ser candidato

MENOS CANDIDATOS PODE SER REFLEXO DA “FICHA LIMPA” O pleito que se avizinha tem menos candidatos que nas últimas eleições estaduais, em 2006. Este ano foram protocolados junto ao Tribunal Regional Eleitoral 322 pedidos de registro de candidatura, sendo que havia duas duplicidades – de candidatos que enviaram documento individualmente e os que tiveram os nomes colocados pelas suas coligações -, enquanto quatro anos atrás o número chegou a 340. A diferença de 5,3% na opinião do secretário judiciário do TRE/ RN, Alexandre Albuquerque, pode ser atribuída à recente aprovação da lei conhecida como “Ficha limpa”. “A súplica popular por mais transparência e idoneidade dos candidatos certamente mexeu nesse quantitativo. É um projeto que já teve impacto, apesar do pouco tempo

DISPUTA PELO OESTE Na tentativa de fazer frente ou pelo menos barganhar parte dos votos da principal chapa oposicionista, o governador Iberê Ferreira de Souza (PSB) iniciou sua caminhada pela recondução na região do Alto Oeste, também atribuída à candidata democrata. O primeiro compromisso aconteceu na cidade de Pau dos Ferros. Apesar de a tendência ser de vantagem para o DEM, o vicegovernador na chapa de Iberê, Vagner Araújo (PSB) teve diversas reuniões com lideranças do município e outras em Mossoró no início do mês. Entre os convocados para desenvolver estra-

em vigor. E a tendência é que intimide mais à medida que o judiciário faça cobranças”, disse. Ainda segundo ele, outro fator que pesa no registro é o fato de as campanhas envolverem estruturas cada vez maiores e pedirem recursos financeiros na mesma proporção. “É sabido que as campanhas custam caro e o investimento é outro componente importante”, destacou. O ex-deputado federal Ismael Wanderley (PMN) comunga da mesma opinião. “Acredito que a direção é no sentido de reduzir o número de candidatos, mesmo o Rio Grande do Norte sendo um dos que mais tem gente querendo ocupar o governo (oito postulantes), mas isso não vai fazer com que a disputa seja menos acirrada, muito pelo contrário. É exigida muita articulação e apoio de parlamentares e gover-

tégias da campanha governista estavam o reitor da UERN, Milton Marques e o vereador Lahyre Rosado (PSB). Da coligação “Coragem pra mudar” (PDT e PC do B), o vice na chapa do ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, Álvaro Dias já alardeou que além de focar na região do Seridó, os postulantes irão intensificar a presença na segunda maior cidade do estado. Na capital potiguar, Carlos Eduardo deixou a administração sendo bem avaliado em pesquisas, mas como candidato “isolado”, como mesmo classificou, vai precisar de diversos apoiadores na tentativa de conseguir participar de um segundo turno. Entre os principais está o pai, o exprefeito de Parnamirim, Agnelo Alves (PDT).

nantes regionais”, avalia. Questionado sobre os números o ex-governador Geraldo Melo, que se filiou ao PPS no final do ano passado tendo como projeto concorrer a uma cadeira na Câmara Federal, mas declinou da idéia durante o período de pré-campanha, foi breve: “Dei minha contribuição não sendo candidato eu mesmo”. Nas últimas em que se habilitou, enquanto ainda estava no PSDB, Geraldo Melo saiu “sozinho”, como diz, e não conseguiu êxito. Passada a experiência, destaca que “a política não é apenas a busca pelo mandato, mas pelo cumprimento de uma tarefa”. Hoje estando na sigla liderada no estado pelo deputado estadual Wober Júnior, ele deve encampar a luta do parlamentar por uma cadeira na Câmara dos Deputados, em Brasília.

A SÚPLICA POPULAR

Alexandria (9.315), Francisco Dantas (2.615), Itaú (4.822), José da Penha (4.835), Marcelino Vieira (6.200), Paraná (3.246), Pau dos Ferros (19.185), Pilões (2.932), Portalegre (5.806), Rafael Fernandes (4.145), Riacho da Cruz (2.504), Rodolfo Fernandes (4.137), São Francisco do Oeste (3.352), Severiano Melo (7.162), Taboleiro Grande (2.033), Tenente Ananias (7.282), Viçosa (1.501).

Umarizal Almino Afonso (4.786), Antônio Martins (5.369), Frutuoso Gomês (4.116), João Dias (2.305), Lucrécia (3.003), Martins (6.525), Olhod’Água do Borges (4.132), Patu (8.458), Rafael Godeiro (3.078), Serrinha dos Pintos (3.784), Umarizal (9.052).

Chapada do Apodi Apodi (27.137), Caraúbas (15.457), Felipe Guerra (5.802), Governador Dix-Sept Rosado (11.094).

Mossoró Areia Branca (18.580), Baraúna (15.893), Grossos (7.384), Mossoró (159.030), Serra do Mel (8.537) e Tibau (3.615).

Médio Oeste Augusto Severo, Janduís (4.212), Messias Targino (3.818), Paraú (3.761), Triunfo Potiguar (3.675), Upanema (9.935).

Seridó Ocidental Caicó (43.855), Ipueira (1.801), Jardim de Piranhas (10.434), São Fernando (2.926), São João do Sabugi (5.094), Serra Negra do Norte (6.204), Timbaúba dos Batistas (2.089).

Vale do Assú

TRANSPARÊNCIA

Assú (38.892), Alto do Rodrigues (9.419), Carnaubais (8.237), Ipanguaçu (11.334), Itajá (6.553), Jucurutu (15.176), Pendências (10.644), Porto do Mangue (4.388), São Rafael (7.024).

E IDONEIDADE

Seridó Oriental

POR MAIS

DOS CANDIDATOS CERTAMENTE MEXEU NESSE QUANTITATIVO” Alexandre Albuquerque Secretário Judiciário do TRE

3

Acari (9.390), Carnaúba dos Dantas (5.661), Cruzeta (6.820), Currais Novos (32.581), Equador (4.649), Jardim do Seridó (10.243), Ouro Branco (3.771), Parelhas (16.282), Santana do Seridó (2.190), São José do Seridó (3.746). Microrregião da Serra de Santana Bodó (2.728), Cerro Corá (8.266), Florânia (7.351), Lagoa Nova (11.175), Santana do Matos

(11.767), São Vicente (4.876), Tenente Laurentino Cruz (4.331).

Angicos Afonso Bezerra (9.123), Angicos (9.341), Caiçara do Rio do Vento (3.182), Fernando Pedroza (3.058), Jardim de Angicos (2.479), Lajes (8.595), Pedra Preta (2.682), Pedro Avelino (5.366).

Macau Caiçara do Norte (4.763), Galinhos (2.138), Guamaré (10.269), Macau (18.713), São Bento do Norte (3.034).

Borborema Potiguar Barcelona (3.817), Campo Redondo (7.287), Coronel Ezequiel (4.041), Jaçanã (6.232), Japi, Lagoa de Velhos (2.928), Lajes Pintadas (4.316), Monte das Gameleiras (2.737), Ruy Barbosa (3.462), Santa Cruz (24.849), São Bento do Trairi (3.493), São José do Campestre (10.139), São Tomé (8.319), Serra de São Bento (4.886), Sítio Novo (4.271), Tangará (11.424).

Agreste Potiguar Bom Jesus (7.640), Brejinho (9.092), Ielmo Marinho (10.239), Januário Cicco, Jundiá (3.090), Lagoa d’Anta (4.608), Lagoa de Pedras (5.915), Lagoa Salgada (7.748), Monte Alegre (15.057), Nova Cruz (28.235), Passa e Fica, Passagem (3.346), Presidente Juscelino, Riachuelo (5.512), Santa Maria (4.290), Santo Antônio (17.619), São Paulo do Potengi (13.275), São Pedro (5.716), Senador Elói de Souza (4.939), Serrinha (6.313), Várzea (4.601), Vera Cruz (8.283).

Baixa Verde Bento Fernandes (4.299), Jandaíra (5.525), João Câmara (23.980), Parazinho (4.111), Poço Branco (9.840).

Litoral Nordeste Maxaranguape (8.048), Pedra Grande (3.796), Pureza (6.869), Rio do Fogo (9.691), São Miguel do Gostoso (6.612), Taipu (9.189), Touros (21.429).

Litoral Sul Arês (9.563), Baía Formosa (6.902), Canguaretama (22.601), Espírito Santo (6.984), Goianinha (16.793), Montanhas, Pedro Velho (11.967), Senador Georgino Avelino (3.481), Tibau do Sul (8.545), Vila Flor (2.243).

Macaíba Ceará-Mirim (48.101), Macaíba (44.923), Nísia Floresta (14.043), São Gonçalo do Amarante (60.087), São José de Mipibu (23.628).

Natal Natal (524.497), Parnamirim (96.406), Extremoz (13.851).


Opinião 4

Editor Franklin Jorge

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/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 18 DE JULHO DE 2010

Editorial Insegurança e Serra do Mel ▶ rodaviva@novojornal.jor.br

MAIS ESSA... Da série nada está tão ruim que não possa piorar. A revista The Economist divulgou estudo inédito apontando o Brasil como o terceiro pior lugar para morrer. Entre 40 países analisados, o Brasil só não é pior do que India e Uganda. A pontuação levou em conta indicadores como expectativa de vida e porcentagem do PIB destinada à saúde.

JULGAMENTOS Esta semana será de muita expectativa dos candidatos impugnados pelo Ministério Público Eleitoral. É que a Corte do TRE deve iniciar a série de julgamentos sobre os pedidos de indeferimento das candidaturas. Entre os mais esperados estão o da ex-governadora Wilma de Faria, candidata ao Senado, e da vereadora Sargento Regina, que tenta uma vaga na Assembleia Legislativa. A primeira é acusada de não ter apresentado comprovante de quitação de uma multa eleitoral; a segunda é assombrada pela Lei da Ficha Limpa.

SE A MODA PEGA...

GUERRA DOS MENINOS

A denúncia de envolvimento de dois policiais militares na chacina de Macaíba – o crime bárbaro que resultou na morte de três adolescentes de 13, 14 e 16 anos – reacende uma questão que queima, faz tempo, no interior do sistema de segurança pública do RN. É um problema que não é particular; é comum ao sistema policial brasileiro, o que costuma dar ao gestor a desculpa ideal para não resolver. O envolvimento de policiais com o crime organizado, com a extorsão, vem sendo denunciado faz tempo pelo delegado Maurílio Pinto de Medeiros, o mais experiente do estado. O Ministério Público também investiga a relação de vários policiais com a criminalidade. Como tudo agora está ainda na seara das suspeitas, é necessário, evidente, dar aos acusados todas as chances de defesa – os dois soldados foram denunciados pelos integrantes da Divisão do Crime Organizado da Polícia Civil e por várias testemunhas que teriam presenciado o seqüestro dos adolescentes. Mas conviver com essa chaga dentro do sistema empobrece, macula, marginaliza a polícia potiguar, ainda que se utilize o velho argumento de que os envolvidos com o crime representam percentual mínimo em relação ao quadro de policiais – um que fosse, entre milhares, já seria preocupante. De resto, na semana em que se celebraram os vinte anos do Estatuto da Criança e do Adolescente fomos capazes de praticar uma barbaridade contra três crianças – de 13, 14 e 16 anos. Há uma corrente perigosa dentro da polícia e mesmo entre a dita camada pensante da sociedade que sempre defendeu: bandido bom é bandido morto. Em questão, no caso específico, ainda que se trate do envolvimento com drogas, estão três quase crianças. As ações do poder público ainda são insuficientes para conter o avanço do tráfico. Continuamos, insistemente, o massacre de uma geração de meninos.

“Eu já esperava que meu filho morresse”

TIAGO LIMA / NJ

A Fundação Capitania das Artes ganhou ação obrigando a produção da Banda Uskaravelho a devolver R$ 3 mil ao órgão, valor resultante da renda obtida com a gravação do CD do grupo. A Capitania foi à Justiça porque a banda obteve benefício da lei municipal de cultura, mas não prestou contas dentro do prazo.

TIAGO LIMA / NJ

DESAFINO

Interino: Carlos Magno Araújo, com Redação

DE MARIA JOSÉ SENA MARTINS, MÃE DO MENINO DE 13 ANOS, MORTO EM MACAÍBA

BURAQUEIRA As chuvas que vêm caindo na capital começam a revelar a dimensão dos problemas causados pelos buracos nas ruas. Os alagamentos e poças escondem verdadeiras armadilhas no meio do caminho. Na 15 de Novembro, endereço deste Novo Jornal, na Ribeira, a cratera já mandou vários veículos para o conserto. Em diversos outros trechos da cidade é um perigo trafegar em média velocidade.

TRANSPORTE MELHOR Os dirigentes e técnicos de empresas de transporte de passageiros e de carga do RN vão debater “Como melhorar o desempenho das organizações do Transporte e Trânsito”.O gerente de mobilização e capacitação do Prêmio ANTP de Qualidade, Alexandre Resende, realiza palestra sobre o tema nesta segunda-feira às 14h30, no auditório do SEST/SENAT-Natal.

BARES A cidade que quer sediar a Copa de 2014 precisa resolver à noite o gargalo no trânsito causado pelos bares. Depois das 21h, no final da Roberto Freire, na Estrada de Ponta Negra, o trânsito para uma mão inteira do tráfego. Para tentar estacionar, motoristas descem do carro, atravancam a pista e infernizam a vida de quem precisa passar por ali. Policiais de trânsito à noite em Natal? Ora, bolas. É o salve-se quem puder.

SEMÁFOROS Pela segunda vez, a prefeitura responsabiliza a Cosern pela falta de energia dos semáforos de Natal. Na sexta à tarde a cidade voltou a viver o caos na Avenida Salgado Filho, nos cruzamentos com a Alexandrino de Alencar e com a Alberto Silva. O que estará acontecendo entre a prefeitura e a Cosern?

PILEQUE ECOLÓGICO As primeiras garrafas ecológicas produzidas no Brasil chegam às gôndolas esta semana. Elas tem um peso menor do que as embalagens comuns, utilizando 15% menos matéria-prima (vidro). O primeiro lote da inovação sustentável é composto por 12 garrafas para vinho, nos formatos Bordeaux e Borgonha. A expectativa é de que as “eco-garrafas” representem 10% de participação nas vendas realizadas até o final de 2010 e, a médio prazo (2012 ou 2013), espera-se atingir o mínimo de 30%.

O banco Goldman Sachs fez um acordo para pagar multa de US$ 550 milhões e encerrar as investigações sobre o caso em que era acusado de fraude envolvendo a venda de títulos relacionados com as hipotecas “subprime” (de alto risco). Em 2007, o banco não avisou a investidores que o fundo de hedge (proteção) Paulson escolheu os títulos que faziam parte de derivativo conhecimento como CDO e que esse mesmo fundo apostou na queda dos papéis. A CVM americana disse que a multa é a maior já aplicada a uma das firmas de Wall Street.

JABULANI MURCHA A falência dos campeonatos italiano, espanhol e inglês, anunciada anteontem pela consultoria AT Kearney, não deixa de ser uma boa notícia para o futebol brasileiro. O motivo: vão sobrar craques em nossos estádios. A janela de transferências europeia começa agora, em agosto, e, por enquanto, os clubes do velho continente não demonstram a mesma avidez de temporadas passadas. Ora, se até o Barcelona, campeão espanhol, anunciou na quarta-feira ter pedido um empréstimo de 155 milhões de euros (cerca de R$ 350 mi) para resolver “problemas de tesouraria” em curto prazo, o que não estará acontecendo com os outros clubes?

A aquicultora Tereza Marcelina Dantas, o veterinário Francisco Canindé Lopes e o engenheiro agrônomo do Senar, Gil Dutra Furtado, participam em Brasília de treinamento para coordenar o programa “Negócio Certo Rural” no Rio Grande do Norte, desenvolvido pelo Senar e o Sebrae. ▶ O portal da Prefeitura do Natal está exibindo as imagens das câmeras de

monitoramento do trânsito captadas pela Central de Operações da Secretaria de Mobilidade Urbana – Semob, na Ribeira. ▶ Neste final de semana parte do trabalho realizado pelo programa Júnior Achievement está sendo mostrado na 9ª edição da Feira de Mini-empresas, que acontece no Praia Shopping. Na ocasião, jovens ensinados a pensar de

forma empreendedora apresentarão seus próprios projetos empresariais. ▶ A cadeia produtiva da cerâmica, instalada em 39 municípios do Estado, tende a crescer com o aumento da demanda, estimulada pela construção civil em ascenção. ▶ O Ministro Arnaldo Versiane,do TSE, abre o 1º Seminário Potiguar de Direito Eleitoral na próxima quarta-feira.

Artigo CARLOS MAGNO ARAÚJO Diretor de Redação ▶ carlosmagno@novojornal.jor.br

JABULANI MURCHA II O São Paulo, um dos poucos clubes brasileiros que costumam ganhar dinheiro com a venda de jogadores e que, em 2008, recusou uma oferta – valor não revelado – do Barcelona pelo meia Hernanes e uma de € 12 milhões do Wolfsburg da Alemanha, pelo zagueiro Miranda, aguarda propostas oficiais pelos dois atletas. Diga-se de passagem, propostas mais modestas e para clubes menores. De acordo com o relatório da consultoria, apenas os campeonatos alemão e francês “contam com uma rentabilidade econômica positiva”; mesmo assim é baixinha, de 2% e 1%, respectivamente. Como só compra quem tem dinheiro, o futebol brasileiro agradece.

ZUM ZUM ZUM ▶

Ninguém duvida das boas intenções do secretário de Defesa Social Cristóvam Praxedes, nem do esforço que empreende para melhorar a segurança pública do Rio Grande do Norte. O enfrentamento da violência é uma luta que não tem partidos porque o fracasso significa não a derrota particular, mas o desastre de todos. O secretário escolheu, porém, um péssimo momento para apresentar o que ele considera avanço no setor. Na quarta-feira passada, ao lado do governador Iberê de Souza e da cúpula da Segurança (oficiais da PM e delegados de polícia), Praxedes divulgou estatísticas referentes ao período de abril a junho deste ano comparando-as com igual período do ano passado. A apreensão de drogas cresceu 118% e de armas, 26%. A quantidade de homicídios caiu 24%; os roubos a estabelecimentos comerciais foram reduzidos em 33% e as ocorrências criminais contra veículos sofreram queda de 17%. Em que pese a importância de prestar contas do trabalho, o risco de se fazer jactância desse tipo é que em segurança pública, como de resto em vários outros setores, vale a adaptação daquela expressão que remete à Roma antiga: à mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer honesta. No caso da segurança, num ajuste à expressão clássica, não basta ao Rio Grande do Norte ser seguro (como tentaram fazer crer as autoridades), tem de parecer seguro. As inúmeras estatísticas e os dados comparativos expostos durante a solenidade, com a presença do governador candidato, perdem completamente o valor diante de uma realidade absolutamente diferente. O episódio sofrido pela população de Serra do Mel é vergonhoso para a segurança pública estadual. Enquanto a cúpula da polícia reunia imprensa e convidados para anunciar o balanço de ações, os habitantes ainda se recuperavam do susto de horas antes, quando cerca de vinte bandidos promoveram um arrastão jamais visto no município, distante 320 quilômetros da capital. Nem a delegacia foi poupada. O bando roubou as armas e até as roupas dos policiais, que foram espancados. Na viatura da polícia, assaltaram populares, arrombaram um banco e invadiram residências. O fato é um incômodo contraponto a quem imaginava pintar uma nova realidade na área da segurança pública. A dissonância entre a revolução que o estado tentou vender e a dura realidade de uma cidade pequena do interior, que não é diferente de inúmeras outras, com variações de proporção, somente reforça que a maior propaganda da polícia, aqui ou em qualquer lugar do mundo, é o sentimento de segurança que oferece a seus cidadãos. Nessa área, propagandas enganosas são logo desmascaradas.

▶ Na próxima terça-feira começa a temporada de colação de grau das turmas 2010 da UnP, que vai até o dia 30. ▶ A Todeschini Tirol traz para Natal a linha de móveis para trabalho Studio, lançada este mês no restante do país. ▶ O jornalista Rui Ricardo lança amanhã, na Siciliano do Midway Mall, O livro “Quer Falar Bem?” .

Lula, Chávez e a galinha Amparado pelo nível astronômico de sua aprovação, o presidente Lula se supera. Bom de mídia, deita e rola. Na semana em que os meninos do CQC tentaram emparedá-lo, ele deu o troco, à altura. Em outro dia, noutra solenidade, meteu o pitaco até num tema envolvendo palmada em criança. Com o já quase protocolar deslize, o que já lhe é quase característico. Foi uma semana surpreendente em notícias ditas triviais. Nisso, até pródiga. Um bom alívio para contrapor ao massacre da vez, que é a repercussão do caso Bruno e o noticiário da morte da advogada paulista, jogada, dentro do carro, no interior de uma represa. Os rapazes do CQC perguntaram a Lula, ainda na África, se não faltou carisma à seleção de Dunga. Se carisma fosse problema, o selecionado argentino de Maradona não teria levado quatro da Alemanha e perdido a Copa, disse o presidente num de seus papéis prediletos, o de comentarista de futebol. Marcou um gol. De habilidade. Noutro dia, defendeu o projeto de lei que proíbe os pais de dar palmadas pedagógicas nos filhos. Disse que a lei não pretende proibir o pai de ser pai nem a mãe de ser mãe, mas apenas mostrar que é possível fazer as coisas de forma diferenciada. O arremate, no entanto, foi infeliz, para variar: “se punição resolvesse o problema, a gente não teria tanta corrupção neste país; a gente não tinha tanto bandido travestido de santo”, discursou Lula – como se as leis contra a corrupção no país fossem cumpridas. Pior, no quesito mau gosto, foi a sessão promovida pelo presidente da Venezuela Hugo Chávez para exumar os restos mortais de Simon Bolívar, sepultado desde 28 de outubro de 1876. Os ossos foram exibidos na TV pontualmente às 23h de sexta, para não perturbar as crianças. Ao fundo, ouvia-se o hino nacional venezuelano. Com toda a pompa, o túmulo foi aberto para que cientistas espanhóis e da Venezuela colhessem mostras a fim de realizarem exames de DNA para, num primeiro momento, confirmar a autenticidade e depois checar se as causas da morte coincidem com as descritas nos livros. Chávez chegou a dizer que pensou em fazer como Jesus e ordenar, como a Lázaro, levanta-te e anda, Bolívar. Mas lembrou, “imediatamente”, que Simon Bolívar vive. É a demagogia em sua plenitude. De sério mesmo na semana, só o anúncio da solução de um dos maiores enigmas científicos e filosóficos da humanidade: pesquisadores ingleses concluíram que a formação da casca do ovo depende de uma proteína encontrada somente nos ovários da galinha. Portanto, não foi nem Lula nem Hugo Chávez nem o ovo. Quem veio primeiro foi a galinha.Viva a galinha.


▶ POLÍTICA ◀

NATAL, DOMINGO, 18 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

Painel RENATA LO PRETE Da Folha de São Paulo

painel@uol.com.br

Operação Bozó A propaganda eleitoral na TV começa apenas em 17 de agosto, mas para a cúpula das campanhas de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) a busca pelo voto das massas tem início exatos 15 dias antes. Em 2 de agosto, o ‘Jornal Nacional’ começa a veicular reportagens diárias sobre o dia dos presidenciáveis. Na estratégia para aparecer bem no horário nobre entram agendas com baixa possibilidade de susto e boa plasticidade, além da orientação aos candidatos para respostas objetivas nas entrevistas. Serra, Dilma e Marina Silva (PV) também vão, alternadamente, comparecer às bancadas do ‘JN’, ‘Jornal da Globo’, ‘Bom Dia Brasil’ e ‘Jornal das Dez’, da Globonews.

ESPERA PARA VER 1 A reação de José Serra na terça-feira ao ser questionado no Maranhão por um jornalista da Rádio Mirante AM, emissora de propriedade da família Sarney, fez crescer as apreensões de sua equipe de assessores quanto à entrevista que ele dará para a TV Brasil na quinta-feira.

ESPERA PARA VER 2

O PSDB foi um dos principais críticos da criação da emissora, apelidada de ‘TV Lula’. Na terça, Serra afirmou que o radialista da Mirante _a família Sarney apoia Dilma_ fazia campanha para a petista ao questioná-lo sob a incorreta premissa de que ele estaria atrás nas pesquisas.

ÀS CLARAS

Embora não tenha citado nome, as críticas de Lula ao suposto atraso nas licenças ambientais para obras do PAC em São Paulo têm nome e endereço: Xico Graziano, ex-secretário de Meio Ambiente do Estado, hoje coordenador do programa de governo de José Serra. Assim como o candidato tucano, Graziano vê com várias ressalvas a construção do trem bala, menina dos olhos da reta final do governo.

PARCERIA

Quem vê os comitês eleitorais de Jaques Wagner (PT) e Paulo Souto (DEM) na Bahia percebe uma diferença: no do petista, Dilma e Lula aparecem nas fotos tanto quanto ele. No do democrata, as imagens da fachada não trazem Serra.

RACHA

Petistas do Maranhão aliados aos Sarney destruíram material de campanha de Flávio Dino (PC do

B) que estava na sede do PT. Em tese, havia acordo para que o QG do PT próDino funcionasse na sede do partido.

EXTREMOS

Os ‘sumiços’ de Dilma para gravar os seus programas de TV incluíram uma caminhada às 6h30 na península dos ministérios, na segunda, uma visita a uma experiência de agricultura familiar em Padre Bernardo (GO), na quarta, e tomadas no encontro das águas do Arroio Chuí com o oceano, no extremo sul do país, no dia seguinte.

ÀS CEGAS?

‘Tem coisa que é melhor a gente nem ficar sabendo’. Do presidente do PT e coordenador da campanha de Dilma, José Eduardo Dutra, sobre a razão da ida da petista ao Chuí.

DIRETO DA ÁFRICA

O pé d’água que alagou o primeiro comício de campanha de Dilma e Lula, anteontem, motivou a piada segundo a qual o PT iria checar se Mick Jagger, por acaso, não estaria de passagem pelo Rio de Janeiro.

VIRAL

Depois do hit ‘Dilmaboy’, o coordenador da campanha petista na internet, Marcelo Branco, recomendou o ‘Rap da Dilma’. A letra diz que Serra ‘quer acabar’ com o Bolsa Família.

NAS NUVENS

Paulo Reis, 25, o ‘Dilmaboy’ que gravou a paródia de Lady Gaga próPT, diz se sentir uma ‘celebridade’ na sua cidade, Rio Verde (GO). E afirma que fará outra paródia com ‘uma música pop megafamosa’.

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ELAS QUEREM MAIS

/ SEXO / APESAR DO MAIOR ELEITORADO FEMININO E DO DESTAQUE DAS MULHERES NA POLÍTICA LOCAL, PARTIDOS NÃO CUMPREM LEI DE COTAS NO RN

AUGUSTO RATIS / NJ

RAYANNE AZEVEDO DO NOVO JORNAL

UM DOS MOTIVOS

para a enxurrada de impugnações acionadas pelo Ministério Público no Rio Grande do Norte foi o não cumprimento da lei eleitoral que exige aos partidos e coligações preencher o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo. O problema, apontado pela Procuradoria Regional Eleitoral (PRE/RN), revela um cenário político dominado quase sempre por homens. Apesar de ocuparem posições de destaque no meio político, sendo muitas vezes “cabeças de chapa”, as mulheres ainda estão à margem do meio político. A afirmação é da presidente do Conselho de Direitos da Mulher no Rio Grande do Norte, a antropóloga Elizabeth Nasser. Segundo ela, embora o RN tenha um histórico razoavelmente favorável às mulheres em relação a outros estados brasileiros quando o assunto é política, ainda é preciso fazer muitos avanços para que se chegue a um patamar de igualdade considerado ideal. Cláudia Gazola, educadora e ativista da ONG Coletivo Leila Diniz, acredita que a tímida participação feminina na política tem raízes na organização da sociedade brasileira. “Vivemos numa sociedade machista e patriarcal. As mulheres nunca foram educadas para estar na política. Elas empacam no preconceito, em problemas de ordem financeira e na jornada dupla. Elas saíram de casa para o mundo do trabalho e conciliam os dois. Os homens não, então fica difícil”, observa. Na avaliação de Elizabeth Nasser, a participação política das mulheres é muito pequena, apesar de elas constituírem 52% do eleitorado. E, não raro, partidos políticos tendem a reduzir as candidaturas femininas a um percentual mínimo, muito abaixo do que determina a lei – foi preciso criar uma para garantir que a política não fosse completamente dominada por homens. Em 1995, a então deputada federal pelo PT Marta Suplicy entrou com um projeto de lei que previa uma cota de 20% no total de candidaturas destinada às mulheres. Depois, com base no artigo V da Constituição Federal – que diz que todos são iguais perante a lei –, mudou-se a proposta e a lei foi sancionada, determinando que cada partido ou coligação deveria reservar o mínimo

de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo. Ou seja: tanto em casos de predominância de candidaturas masculinas ou femininas, nenhum dos dois sexos pode, por lei, ocupar percentual superior a 70% das vagas destinadas aos candidatos de determinada coligação ou partido. A medida visa evitar grandes disparidades entre os sexos nas campanhas políticas e garantir chances iguais para homens e mulheres. Em 1997, o texto sofreu alteração e o verbo “reservar” foi substituído por “preencher”, tornando a prática, na interpretação literal dos termos, compulsória. Para Nasser, o não cumprimento da lei é comum. “Os homens sempre atribuem os 70% de vagas para eles – se não superarem esse percentual, o que acontece com freqüência. A lei deveria ser obedecida, mas não é o que se observa na prática. E até agora não vi nenhum partido ser penalizado por isso”, critica. Outra coisa que intriga a socióloga é o fato de existirem muitas candidaturas femininas “nanicas”. “Nas eleições de 2008 tivemos 60 candidatas no RN que não receberam absolutamente nenhum voto e outras 22 com apenas um voto. São as candidatas ‘laranjas’. Precisamos saber o que está por trás disso, o que é que os partidos ganham com isso”, aponta. Gesane Marinho, deputada estadual pelo PMN, lamenta a existência das candidatas laranjas, mas acredita que o problema da participação política feminina esbarra não na resistência dos homens, e sim na falta de interesse das próprias mulheres. Cláudia, do Coletivo Leila Diniz, contrapõe: “Não é bem assim. Tem muitas mulheres querendo entrar na política, mas existe um esquema dentro dos partidos. Quem consegue se eleger, não se reelege, ou desiste, sofre boicote, porque esse sistema, da forma que está organizado, privilegia os homens no poder. A maioria das mulheres que consegue se sobressair é porque vem de oligarquias, tiveram apoios de gente que as colocou em projeção, cargos públicos”. E Cláudia continua: “Acho que teríamos eleições mais justas se tivéssemos o financiamento público de campanha, prática que daria mais transparência ao processo. A mudança tem que começar com a democratização do acesso à justiça e à informação – e os meios de comunicação, por sinal, estão concentrados justamente na mão de políticos influentes”.

VIVEMOS NUMA SOCIEDADE MACHISTA E PATRIARCAL. AS MULHERES NUNCA FORAM EDUCADAS PARA ESTAR NA POLÍTICA” Cláudia Gazola, do Coletivo Leila Diniz

HUMBERTO SALES / NJ

PARA ELIZABETH NASSER, AINDA É PRECISO FAZER MUITOS AVANÇOS PARA QUE SE CHEGUE A UM PATAMAR DE IGUALDADE CONSIDERADO IDEAL

WALLACE ARAÚJO / NJ

HUMBERTO SALES / NJ

TIROTEIO Eles se igualam na péssima tradição de se considerarem acima da lei, sócios de um condomínio do poder para quem tudo vale. Do DEPUTADO CHICO ALENCAR (PSOL-RJ), sobre as citações que o presidente Lula e o governador Alberto Goldman fizeram, em solenidades oficiais, aos seus respectivos candidatos à Presidência.

CONTRAPONTO ALARME FALSO Um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff, Antonio Palocci tem preferido a discrição até agora. Mas no início da madrugada de quarta ele se aproximou de um grupo de jornalistas quando saía do jantar de Dilma com congressistas, em Brasília. Diante dos gravadores acionados, ele puxou para perto o secretário de Comunicação do PT, André Vargas, e, antes de entrar no carro, disse: — André, esses jovens estão aqui na porta, a essa hora da noite. Você é secretário de Comunicação do PT. Portanto, dêlhes uma bela entrevista.

▶ Micarla de Sousa, prefeita de Natal

HISTÓRIA MOSTRA ATIVISMO POLÍTICO DAS MULHERES Dentre os oito candidatos a governador do RN, apenas duas são mulheres. No Senado, a proporção é ainda menor: só um dentre os 12 postulantes é mulher. No entanto, apesar da participação tímida nas eleições, o segmento feminino tem um histórico favorável em terras potiguares. Basta atentar para o fato de que, en-

▶ Fafá Rosado, prefeita de Mossoró tre os nomes mais proeminentes da administração pública, estão os de Rosalba Ciarlini e Wilma de Faria, ambas candidatas ao governo e ao Senado, respectivamente. Hoje, as duas principais cidades do estado são comandadas por mulheres: Micarla de Sousa, em Natal, e Fafá Rosado, em Mossoró. Nas eleições passadas, foram 29 prefeitas eleitas, sendo que 12 pela segunda vez. “O Nordeste é quem mais elege mulheres e o RN está à frente de todo o país. Em 2004, quem mais elegeu vereadoras, em termos percentuais, foi o RN. Em 2006, fomos o

único estado do Brasil que elegeu mulheres – oito ao total – para todos os cargos (deputado estadual, deputado federal, governador e senador). Somos o primeiro estado a dar direito de voto à mulher e o primeiro a elegê-las para ocupar a Câmara dos Vereadores e o Executivo Municipal. Tem muitos estados que nunca tiveram uma deputada, uma senadora”, ressalta Nasser. Na visão da antropóloga, o momento indica melhorias graduais no cenário político, mas é preciso trabalhar mais para que as mulheres disponham de con-

dições para entrar na vida política. “A gente luta pela igualdade. Nossa preocupação é o que fazer para que as mulheres realmente sejam candidatas e não se vejam obrigadas a entrar na disputa só para atender à legislação e completar uma cota. Os partidos estão começando a enxergar a importância de se ter mulheres entre os candidatos. Nas eleições passadas, por exemplo, uma índia remanescente do povo Potyguara foi eleita na Paraíba, e uma mulher que veio de uma comunidade quilombola, no Piauí. Ambas são vereadoras”.


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▶ OPINIÃO ◀

/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 18 DE JULHO DE 2010

FRANKLIN JORGE Jornalista

Falstaff fora de controle SIR JOHN FALSTAFF,

imortal criação de Shakespeare, encarna o bom senso e o espírito folgazão. Irresponsável camarada e parceiro do príncipe herdeiro, seu habitual companheiro de patuscadas e assaltos à mão armada, apregoa que, quem tem cabeça aproveita tudo e tira até partido da doença. Eis, resumido em um aforismo, o retrato moral de Falstaff, “herói cômico” surgido da verve shakespeariana, um tipo vivedor numa época de verdureiros e de interesses dinásticos sempre em luta. Descreve Shakespeare sua personagem dando vida aos frequentadores e clientes da mal-afamada taberna “Cabeça do Javali”, em Eastcheap, sob a proteção de Mistress Quicly, que nos lembra a Molly de Joyce, duas vivandeiras capazes de lidar com os problemas morais da mesma maneira crua com que o açougueiro trata da carne. Falstaff é um tipo corpulento e alegre que, sabendo que a ética é uma palavra ocupa-se de viver bem, fingindo-se de bufão, e em meio a pân-

degas aconselha ao irrefletivo companheiro - o Príncipe Hal — “ao chegares ao trono e fores rei, não enforques nenhum ladrão”. “Tu o farás”, responde o herdeiro da Coroa, antecipando-se ao que será para os amigos quando subir ao trono. Tudo se passa em “Henrique IV”, drama histórico sobre o rei da Inglaterra –, pai de João de Lencastre e de Henrique, Príncipe de Gales, o endiabrado “príncipe Hal”, “Hal” ou simplesmente o “Rapaz”, para Falstaff. Nesse drama Shakespeare nos mostra o bas fond londrino, desnuda a corte, o mundo da política e da guerra, para dizer-nos que a sabedoria grita pelas ruas, mas ninguém lhe dá ouvidos. Compôs Shakespeare em Falstaff uma personagem que não é simplória e que se empenha secretamente na educação do príncipe herdeiro, embora através do método negativo tão grato ao teatro, por ser o mais histriônico e proporcionar ao dramaturgo os melhores mal-entendidos e recursos dramáticos que asseguram o riso da platéia. Afinal, acidentes raros sempre agradam ao público, sabia o empresário William Shakespeare, homem cujo negócio era o teatro e depois a usura que o deslustra. Realmente, em Shakespeare, tudo está bem combinado – na poesia lírica dos misteriosos “Sonetos” chamados “ingleses” pela maneira peculiar como dispõe os versos na página; nos dramas históricos escirtos com o propósito de exaltar a crônica dos reis ingleses; nas comédias e tragédias do seu espólio universal. Assim, ligeiro como um batedor de carteiras, se introduz Falstaff na simpatia de todos. Através desse famoso personagem Shakespeare expõe a ética que rege

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os ladrões e nos instrui num sistema ou ética ambígua que determina a honestidade aos ladrões - que não podem faltar ao compromisso nem guardar lealdade aos próprios companheiros. Declara-se, assim, Falstaff, contra os ladrões desonestos; esses que mancham a honra da confraria e devem ser evitados sem complacência. Por isso, entre um gole de cerveja e uma mordida num pernil manda que os leve a peste rapidinho. Capaz de falar em qualquer língua, Falstaff prega a sinceridade do medo e da covardia. E, ao fazê-lo, expõe a índole dos reis. Mostra-nos a tenuidade dos limites consagrados quando prevalece a fome de interesses. Faz-nos rir dos demônios. E, atolado em apuros, constata que as más companhias foram a sua perdição. “Velho gordo”, após tantas aventuras e desventuras, pede a Bardolfo que, para alegrá-lo, cante algo obsceno. Falstaff não tem a velhice em boa conta. Crê impossível ao homem separar a velhice da avareza, como a luxúria da mocidade. É sabido que Shakespeare teve dificuldade em lidar com Falstaff, personagem que emancipou-se de sua vontade de criador e atingiu uma grandeza cômica que o faz da mesma irmandade de Sancho Pança. Têm os dois muito em comum e semelhante, exceto que Falstaff é um arruaceiro de espada em punho - não da categoria dos servos e criados -; um vagabundo boa vida; companheiro do príncipe que será rei; militar por decreto, designado pelo amigo real para lutar na guerra em vez de merecer uma baronia ou as rendas que lhe permitiriam, até o fim da vida, sombra e água fresca… Não foi sem esforço que Shakespeare lidou com Falstaff. A princípio

uma personagem secundária, cresceu tanto e adquiriu tamanha estatura que somente a muito custo pôde o seu criador sair-se do aperto, porém noutra de suas peças, não nesta em que faz a sua primeira aparição. Como se sabe, Falstaff reaparece em “As alegres comadres de Windsor”. Seus companheiros não acabam bem. Bardolfo é enforcado e Pistola termina os dias como um desprezível batedor de carteiras, depois de pertencerem ao exército de Falstaff, um destacamento de cento e cinqüenta soldados, formado por indivíduos que nunca sentaram praças; uns pobres diabos tão esfarrapados como Lázaro; criados despedidos por desonestidade; cancros todos eles e os filhos mais jovens dos filhos segundos; criados de taberna que fugiram ao emprego e estalajadeiros arruinados pelos impostos e pelos maus pagadores, acudiram à convocação para compor a sua tropa à serviço do rei que assim se diverte de maneira dispendiosa. Respondendo ao Conde de Westmoreland — que desacredita de tais soldados, por demais pobres, mal nutridos e excessivamente andrajosos –, diz Falstaff que não sabe de onde lhes veio a pobreza e, quanto a serem mal nutridos, não aprenderam com ele, que tem boa boca e a fama de bom garfo... Falstaff, a quem não falta coragem e astúcia, expõe ainda em suas facécias um dos estigmas dos reis: a ingratidão, vulgar e ímpia com que Falstaff não esperava e que, num tour de force cômico, não por acaso acomete o rei que o coloca a frente desse destacamento que, por sua esqualidez e despreparo, inspira e antecipa o exército de Brancaleone.

Franklin Jorge escreve nesta coluna aos domingos

Plural

Cartas do Leitor

FRANÇOIS SILVESTRE Escritor ▶ fs.alencar@uol.com.br

▶ cartas@novojornal.jor.br

Sibitim As canelas finas lhe deram o apelido. Mas não lhe roubaram a força do chute. Goleador maior do time do Salobro, sítio de onde se despede a grota do Murici e donde se avista a Serra de Portalegre. Começou na bola de meia. Driblador exímio, ninguém lhe toma a pelota. Passou para futebol de salão, no CLEM. Voltou pro de campo, onde pousam os aviões. Pois é, Martins não tem médico nem delegado, nem saneamento, nem defesa ambiental, um hospital inacabado com o equipamento nas caixas, uma maternidade fechada. Mas tem aeroporto. Bem, vamos pôr aspas. “Aeroporto”. A gastronomia virou paçoca de mucunã. Sibitim é atacante. Driblador. Feitor de gols. Da escola do futebol bonito, de arte. Dizem que perdemos a copa de 82 porque jogamos bonito. Mentira. Perdemos porque a Itália jogou mais bonito do que nós. Ganhamos cinco copas do mundo. Delas só ganhamos uma jogando feio. As outras quatro nós ganhamos jogando bonito. Futebol é um espetáculo. Você compra ingresso ou liga a televisão para ver espetáculo ruim? Eu não. Houve já dezenove copas. Ganhamos cinco, perdemos catorze. Dessas catorze talvez não tenhamos merecido perder as da Espanha e a do Maracanã. Perdemos doze, com justiça. Jogando feio. Ou jogando menos bonito do que os vencedores. Vão trocar o técnico da Seleção. O que adianta? O que tem de ser trocado é o comando da CBF. A tchurma que manda e desmanda. Desmanda mais do que manda. Essa gente nada num açudão de grana, enquanto o torcedor brocoió sofre e se descabela. Um observador da capital veio curiar o futebol de Sibitim. Encheu os olhos com os dribles e os gols do moleque. Aplaudiu tanto que todos imaginaram mudança na vida do Sibite. Engano. Ele chamou Sibitim ao lado e explicou: “Você joga bem. Mas na área errada. Você deveria ter aprendido a jogar na defesa. Gol é apenas um detalhe secundário. Essa é a nova escola do futebol. A escola zagaleana, que produziu a escola parreirenta e sustenta a mentalidade dunguista. Você teria vez na escola feolina, mas isso acabou faz tempo”. Sibitim num entendeu bulhufas. Queria comprar uma geladeira pra sua mãe. Servente de pedreiro fica no sonho. Na nova escola da nossa seleção, centro-avante é pra fazer falta e não gol. Se em 1958 a teoria fosse a zagaleana, Pelé e Garrincha não teriam sido convocados. Um por ser criança, o outro por ser moleque. Os buenos galvanizados cantam e decantam as vitórias michurucas dessa escola. Números que não resistem a uma comparação com as copas, olimpíadas e torneios perdidos. Basta contar. O futebol é o mais belo dos esportes. Não pode virar caixinha de títulos. E o mais democrático. Quatro chinelas japonesas fazem as duas traves. Uma bola de borracha ou de meia. Um pequeno terreno, uma calçada larga, uma rua sossegada; tudo serve ao “estádio” dos moleques. A molecagem que não é política. É arte. Té mais. François Silvestre escreve nesta coluna aos domingos

Lama e sujeira

Número 200- III

Ônibus

As últimas chuvas aumentaram a sujeira que toma conta das nossas ruas e que já passou a fazer parte do nosso dia a dia. Agora, além da falta de limpeza costumeira, da grama que cresce no meio fio, a lama acrescenta um elemento a mais de repudio a falta de ação da prefeitura numa área que enche os olhos de todos os que circulam pelas nossas ruas. Deus nos dê paciência para enfrentarmos mais esta provação!

Parabéns pelo número 200 do NOVO JORNAL.

Quem tem a infelicidade de usar as linhas Pirangi 51 e Pirangi 52 sabe o que é ser vitima do desrespeito de uma empresa que só pensa em lucrar em levar em consideração os usuários de ônibus.Pior ainda, quando temos que pegar o ônibus na avenida Duque de Caixias, na Ribeira, um quarteirão depois do ponto final dessa linha que não respeita os cidadãos. Geralmente – se tiver algum ônibus parado para receber passageiros -, os motoristas do Pirangi passam ao largo, ou seja, passam colados ao meiofio do canteiro central, dificultando aos passageiros o acesso ao transporte que “passa ao largo”, sem nenhuma consideração por aqueles que lhes pagam o salário e mantém o seu emprego.A verdade é que não há fiscalização, nem da prefeitura nem das empresas, para evitar esses abusos cometidos contra os cidadãos que são obrigados a esperar pelo próximo ônibus...

Rizolete Pinto, Capim Macio

Natal abandonada Há muitos anos que não via a nossa cidade Natal tão triste e abandonada. Por onde se anda, lixo, sujeira, buracos, lama.Ô tristeza! Zilmar Candeias, Ponta Negra

Lana Mendes Dois.a Publicidade

Número 200- IV Como leitor do NOVO JORNAL quero parabenizar a equipe pelo número 200. Para se ter a idéia da importância de um jornal para uma cidade basta imaginar como seria essa cidade sem o jornal. Hoje o NOVO JORNAL tem a cara de Natal, pelos assuntos que aborda, pelas reportagens diferentes que publica. Todos estão de parabéns. André Nascimento Rodrigues Conjunto dos Professores

Seminário

Parabéns a todos. Vibro e torço todos os dias e a cada edição. Preparo minha agenda com Roda Viva, me atualizo com as matérias, dou risadas com as piadas de Marcos.

Comunicamos a Vossa Senhoria que este Legislativo Municipal, em sessão plenária realizada no dia 30 de junho do corrente ano, aprovou Requerimento número 1821/10, de autoria da vereador Júlia Arruda, expressando votos de congratulações pela realização do 1º Seminário Político Eleitoral do Rio Grande do Norte, promovido pelo Nominuto.com e pelo NOVO JORNAL, intitulado de “Democracia e Voto”, visando trazer a esta cidade personalidades renomadas no âmbito político para proferirem palestras sobre temas importantes na política, inovando o debate acerca do processo eleitoral, levando informações de qualidade e esclarecendo dúvidas de toda a sociedade inserida no contexto político eleitoral.

Suzano Motta Top10 Propaganda

Vereador Dickson Nasser Presidente da Câmara de Natal

Número 200 Parabéns a todos que fazem o NOVO JORNAL. A Criola se orgulha de ser parceira de um veículo tão novo e já com tanta qualidade. Sucesso! Criola Propaganda

Número 200 – II

Maria José Freitas, Lagoa Nova

Telefonia Li no NOVO JORNAL que no RN o número de celular cresceu tanto que quase chegamos a ter um aparelho por habitante. Muito bom e bonito, que todos tenham celular. Prova de que estamos crescendo, pelo menos nesse setor. O que merece protesto e repúdio é a má qualidade dos serviços oferecidos pelas operadoras e principalmente a falta de fiscalização por parte do governo, que deixa tudo ao deus-dará.Sim, as operadoras oferecem um péssimo serviço e aqui todas elas podiam ser citadas, sem exceção: Magno Fábio de Melo, Candelária

O leitor pode fazer a sua denúncia neste espaço enviando fotografias

Diretor Cassiano Arruda Câmara Diretor Administrativo Manoel Pereira dos Santos Diretor de Redação Carlos Magno Araújo Diretora Comercial Bel Alvi

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Economia

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NATAL, DOMINGO, 18 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

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CARÊNCIA DE INSUMOS AMEAÇA CONSTRUÇÃO DO RN

/ GARGALO / SITUAÇÃO DE ABASTECIMENTO DE CIMENTO E MATERIAL DE CONSTRUÇÃO, QUE JÁ É CRÍTICA, PODE SE AGRAVAR COM EXPANSÃO DAS OBRAS LIGADAS À REALIZAÇÃO DA COPA 2014

TIAGO LIMA / NJ

HEVERTON DE FREITAS DO NOVO JORNAL

SE FOREM CONFIRMADAS todas as previsões de crescimento da economia com a continuidade das operações de crédito imobiliário que vêm batendo recordes seguidos e a expansão das obras públicas necessárias para a Copa do Mundo 2014, o setor da construção civil corre um sério risco de enfrentar um gargalo no fornecimento de material de construção. A situação já é preocupante em relação ao cimento no Rio Grande do Norte. O que está sendo ofertado no mercado não é suficiente para atender a demanda e a indústria cerâmica, embora ainda esteja conseguindo atender ao mercado, está trabalhando praticamente sem estoques e com sua capacidade máxima instalada. O mercado potiguar enfren-

ta a falta de cimento não só pela demanda muito aquecida, mas também por causa de um descompasso no fornecimento devido a operação feita entre a Votorantim e a francesa Laferge, maior produtora de cimento no mundo, que assumiu agora em julho alguns ativos da Votorantim em troca da sua participação na cimenteira portuguesa Cimpor. Com isso, a companhia que já tinha quatro fábricas no Brasil estabeleceu novas posições no mercado, inclusive no Nordeste. Segundo o presidente da Cooperativa da Construção Civil no Rio Grande do Norte, Marcus Antonio Aguiar Filho, a empresa está enfrentando alguns problemas e ainda não conseguiu atender ao mercado, o que está deixando as construtoras com a necessidade de comprar o cimento de depósitos que por

sua vez trazem o material de outros Estados. Esse, no entanto, é um problema conjuntural e que deve ser resolvido ainda este mês com a entrada do cimento da Laferge no mercado potiguar. Mas mesmo assim, os construtores temem que haja problemas de fornecimento se a demanda continuar tão aquecida. O aumento do consumo de cimento no Nordeste no primeiro trimestre deste ano foi de 24,1% em relação ao mesmo período de 2009, quando já havia sido registrado um aumento no consumo em relação ao ano anterior. Em 2009, o consumo de cimento no Nordeste foi de 10 milhões de toneladas, do total de 51 milhões de toneladas consumidas no Brasil.

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▶ Setor habitacional e obras da Copa 2014 podem sofrer gargalo da falta de material de construção


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▶ ECONOMIA ◀

/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 18 DE JULHO DE 2010

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IMPORTAÇÃO PODE SER SOLUÇÃO HUMBERTO SALES / NJ

Apesar dessa realidade, a indústria cimenteira tem investido pesado em novas unidades e aqui mesmo no Rio Grande do Norte há a perspectiva de entrada em funcionamento no início do ano que vem da unidade da Votorantim que está sendo erguida em Baraúna. Com capacidade para produzir 110 mil toneladas mensais de cimento, a unidade deverá estabilizar o já atribulado fornecimento do produto na região. Por enquanto, a empresa está se valendo do cimento importado do Vietnã. Até janeiro do próximo ano a empresa prevê trazer do país asiático 300 mil toneladas de cimento. Serão 10 navios com 600 mil sacas. Os dois primeiros navios desembarcaram no porto de Pecém, no Ceará, onde a falta do produto estava sendo mais sentida.

Aqui a situação também preocupa os construtores. Segundo Marcus Aguiar, o mercado deve se normalizar agora com a solução do descompasso que houve entre a Votorantim e a Laferge, mas a expansão do programa Minha Casa Minha Vida e o início das obras da Copa 2014 daqui até o próximo ano irá puxar a demanda. A esperança é que as novas indústrias de cimento previstas para o Rio Grande do Norte comecem efetivamente a funcionar. “Tanto a Votorantim como outros grupos estão instalando novas unidades que devem começar a funcionar nos próximos dois anos”, afirma. A Votorantim anunciou em abril o seu plano de negócios no setor cimenteiro até 2013 que inclui, além da conclusão de cinco fábricas em construção

R$ 60 BI PARA COPA E OLIMPÍADAS Um estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas e citado no relatório anual da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) prevê para este ano um incremento de 8,8% no setor da construção civil, superior, portanto, ao crescimento

do PIB brasileiro que o Governo estima entre 6,5% e 7%. O programa Minha Casa Minha Vida, lançado no ano passado, prevê a construção de um milhão de moradias até 2014, mas o déficit habitacional brasileiro é estimado em seis mi-

no país, outros oito novos projetos. Juntas, essas 13 novas fábricas implicam num investimento de R$ 3,7 bilhões e aumentarão a capacidade da empresa em mais 9,5 milhões de toneladas de cimento. Outra opção vislumbrada por Marcus Aguiar é a governo flexibilizar alíquotas para a importação do produto caso as indústrias produtoras de material de construção não consigam atender a crescente demanda brasileira com as obras públicas, os investimentos no setor imobiliário e as obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas de 2016. “Atualmente todo o material está sendo fornecido no limite e a demanda deve crescer, portanto só resta aumentar a produção de matéria prima para a construção ou partir para a importação”, prevê.

lhões de moradias. A CBIC estima que os investimentos na área de infra-estrutura e serviços para a Copa e as Olimpíadas chegarão a casa dos R$ 59,5 bilhões no Brasil, incluindo reforma e construção de estádios, obras em aeroportos, sistemas de transporte, ampliação da rede hoteleira e obras de saneamento. Desse total R$ 30 bilhões devem ser investidos entre 2011 e 2013.

CERÂMICA OPERA NO LIMITE ARGEMIRO LIMA / NJ

Não é apenas o fornecimento de cimento que preocupa o setor da construção civil. Toda a cadeia de fornecedores está trabalhando na sua capacidade máxima e preocupa os construtores. O presidente da Cooperconrn, Marcus Aguiar, diz que não há falta de produtos no fornecimento de cerâmicas, especialmente tijolos e telhas, mas admite que todo o material está sendo fornecido no limite. A informação é confirmada pelo presidente do Sindicato da Indústria Cerâmica do Estado, Vargas Solis Pessoa. “No Rio Grande do Norte as cerâmicas estão produzindo na capacidade máxima e com isso atendendo o mercado, mas com dificuldades”, admite. O sindicato que ele preside congrega 70 empresas que produzem telhas, tijolos, blocos estruturais, lajotas e também o revestimento cerâmico. Embora a realidade seja diferente para cada um desses setores, todos tem um ponto em comum estão trabalhando praticamente sem estoques. A produção da indústria

cerâmica no Rio Grande do Norte chega a 90 milhões de peças e para atender a demanda as fábricas estão trabalhando praticamente sem a capacidade ociosa que caracterizou o setor anos atrás. Essa nova realidade exige das construtoras ainda mais planejamento na hora de fazer novos lançamentos. “A gente tem que antever e fazer um cronograma na frente, fazendo antecipação de compra porque senão a obra pode parar por causa de um ou outro material e isso gera um prejuízo imenso para a empresa”, diz Boanerges Figueiredo Costa Junior, da Construterra. Se hoje ainda não falta produto no mercado, a expectativa para o futuro é de um crescimento de demanda não só por parte das grandes construtoras, mas também pelo incremento da venda no varejo. O governo federal prorrogou até o final do ano a isenção do IPI do material de construção. Isso tem feito as vendas ao consumidor final crescerem. Segundo Vargas Pessoa, essa medida foi fundamental para o mercado

ITALIANOS VÊM COLOCAR MÁQUINA PARA FUNCIONAR Já um importante pólo produtor de cerâmica vermelha, o Rio Grande do Norte também começa a se destacar na produção de revestimento cerâmico. Desde dezembro do ano passado entrou em operação a primeira linha de produção da Porcellanati Revestimentos Cerâmicos, empresa do grupo Itagrês, com sede em Tubarão, Santa Catarina, que se instalou no Distrito Industrial de Mossoró e já está operando a plena carga. Segundo a pauta de importações do Estado disponível no site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, a em-

presa fez este ano uma importação de máquinas e equipamentos no valor aproximado de US$ 10 milhões. O diretor industrial da empresa, Douglas Alberto Machado, explica que a empresa irá ter duas linhas de produção. Uma já em operação produzindo cerca de 390 mil peças por mês. A outra já está montada e aguarda a chegada em Mossoró na próxima segunda-feira de técnicos da empresa italiana que vendeu os equipamentos para traçar um plano e marcar o arranque das máquinas. Também estão sendo aguardados técnicos de outros fornecedores brasileiros

Vargas Solis, do Sindicer

recuperar rapidamente os mesmos patamares registrados antes da crise econômica. Ele aponta a venda nos depósitos de material de construção como responsável por 50% dos negócios fechados pelas cerâmicas, o que dá bem a medida da importância desse tipo de comércio no setor. A boa perspectiva de futuro também tem feito os produtores da chamada cerâmica vermelha investirem na ampliação ou na melhoria dos seus processos pro-

dutivos. Segundo o presidente do sindicato, há várias empresas filiadas que passaram anos sem investir e agora estão melhorando não só a quantidade, mas a qualidade dos produtos para competir por esse mercado. “Temos novas cerâmicas sendo construídas e outras ampliando a capacidade de suas plantas, trocando equipamentos por outros mais modernos”. Boanerges Junior, da Construterra, lembra que o aquecimento

da demanda, se não for acompanhado pela oferta dos produtos, pode ocasionar outro problema quem não planeja suas compras: o aumento do preço do material. Nos projetos financiados pela Caixa Econômica o valor é definido na hora que é fechado o contrato com o banco e se houver um aumento no produto, o construtor tem que embutir dentro do seu custo para garantir o preço para o consumidor. Vargas Pessoa garante que o aumento da demanda não tem levado a um aumento no preço final dos produtos além do que ele chama de normal, mas confirma que essa situação tem ocasionado um ganho para o setor devido a estabilização das vendas desde 2004. Segundo ele, o mercado imobiliário tem experimentado um crescimento contínuo desde então com a expansão do crédito para a classe média. Com o lançamento do Minha Casa Minha Vida, aumentou a demanda por crédito imobiliário porque passou a atender uma classe social que até então não tinha acesso à casa própria. “A classe média

já vinha tendo acesso ao crédito, agora com esse programa de habitação popular, houve um aumento na procura para a construção e consequentemente na venda dos nossos produtos”. Antes, ele diz que o mercado era muito sazonal o que também fazia os preços flutuarem muito. Essa maior estabilidade foi outro fator que incentivou as empresas a modernizarem suas plantas industriais e fazerem investimentos na instalação de novas unidades. O setor de cerâmicas do Rio Grande do Norte emprega cerca de cinco mil pessoas diretamente e está consolidado em três pólos nas regiões de Assu, São Gonçalo do Amarante e no Seridó, mas o presidente do sindicato diz que está surgindo um novo pólo na região Oeste do Estado com um bom número de indústrias instaladas. A produção de tijolos é toda consumida aqui mesmo no Rio Grande do Norte, mas os produtores de telhas exportam entre 20 e 30% da produção para todo o Nordeste, principalmente Paraíba e Pernambuco.

REPRODUÇÃO / INTERNET

na área de moagem e secadores. A expectativa dele é que até o final do ano a segunda linha de produção entre em funcionamento. A linha já em funcionamento produz porcenalato esmaltado e a outra linha deverá produzir o chamado porcenalato técnico, mas essa definição dependerá do mercado consumidor. Atualmente a empresa tem 180 empregados que trabalham com toda a capacidade instalada 24 horas por dia e sete dias por semana. Outros 220 empregos devem ser gerados diretamente quando a segunda linha entrar em produção e estiver a plena carga. A empresa já selecionou os novos funcionários que agora passam por uma capacitação oferecida pela própria indústria. A expectativa do diretor da

Porcellanati já está produzindo cerâmicas em Mossoró

empresa é ter a segunda linha também produzindo plenamente já no ano que vem. “O mercado brasileiro está muito aquecido e para a indústria ser viável, ela tem

que trabalhar dessa maneira”, explica Douglas Machado, lembrando que o Brasil é hoje o segundo produtor mundial de revestimento cerâmico.

Segundo foi anunciado quando a Itagrês resolveu abrir a nova unidade fabril em Mossoró, o investimento na instalação da Porcenalatti em Mossoró girou em torno de R$ 100 milhões, entre as obras físicas e a compra de equipamentos. Praticamente toda a produção da indústria de Mossoró será destinada ao mercado interno, principalmente o Nordeste e o Estado de São Paulo e a fábrica quando estiver com as duas linhas produzindo irá consumir em torno de 90 mil metros cúbicos de gás. Além do gás, também contaram a favor da instalação da fábrica em Mossoró a existência de matéria-prima, caulim e feldspato, financiamento obtido na Sudene, e os incentivos fiscais através do Proadi e do Progás.


Cidades

Editor Moura Neto

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NATAL, DOMINGO, 18 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

DINARTE ASSUNÇÃO DO NOVO JORNAL

O RIO GRANDE do Norte não

deve sair da liderança, ao lado de Pernambuco, do ranking dos estados do Nordeste com as maiores taxas de divórcio (1,6% para cada mil habitantes, ambos, conforme o IBGE) em virtude da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 28/2009 em vigor desde quarta-feira passada, que suprime a figura jurídica da separação judicial e viabiliza o divórcio direto. “É equívoco acreditar que o número de divórcios vai crescer. Essa PEC, na verdade, só agiliza o processo de separação, mas não serve de instrumento estimulador à dissolvição da união familiar”, declara Berenice Capuxo, juíza da 3ª Vara da Família. Se na opinião dela a taxa de divórcio não irá crescer com a vigência da nova legislação, o que, aliás, confronta com o pensamento de outros especialistas no assunto, é certo, contudo, que não irá diminuir, mantendo-se o estado como um dos líderes nesse ranking. No Rio Grande do Norte, a última pesquisa de Registro Civil, em 2008, detectou um total de 854 separações, sendo 69,7% separações judiciais consensuais concedidas e, 30,3% não-consensual. No que se refere à taxa geral de divórcios no RN, o estado passou de 0,6%, para cada grupo de mil habitantes, em 1998, para 1,6% em 2008, índice equivalente ao do estado de Pernambuco. Foram as maiores taxas de divórcio do Nordeste, segundo o IBGE. Considerada controversa desde sua propositura, a PEC do Divórcio Direto, como ficou conhecida, dá ao casal o direito de realizar o divórcio sem que seja necessária a separação judicial – período de um ano que antecede o divórcio. Na prática, isso significa que imediatamente após o casamento, o casal pode dissolver a união, desde que seja consenso de ambos. Pelo novo texto, além da separação judicial, fica também extinta a separação de fato – quando comprovado que o casal está há, pelo menos, dois anos separado. Mesmo os casos de natureza litigiosa se beneficiarão do texto, porque dá direito ao casal de atravessar apenas o processo do divórcio, sem esperar um ou dois anos por isso. “O texto se aplica a casos de natureza simples, em que fique clara a vontade de ambos de se divorciarem e que haja consenso, no caso de matrimônio com união de bens, de quem vai ficar com o quê”, esclarece Capuxo, que acrescenta: “Para todos os casos, consensuais ou litigiosos, continua obrigatória a presença do advogado”.

CARTÓRIOS

Apesar de ser dispositivo constitucional vinculado, o que obriga à execução quem lida com esse instrumento, os cartórios ainda não sabem como proceder na realização do divórcio direto. A dúvida surge justamente porque competia aos cartórios executar apenas a separação judicial. Com o novo texto, o divórcio direto não precisa ser feito em juízo, mas no próprio cartório. “É uma questão clara: ninguém precisa ir a juízo para realizar um divórcio direto, porque isso pode ser feito num cartório a partir de agora”, comenta o juiz Geraldo Mota, responsável pela fiscalização do setor cartorial em Natal. “Ainda não dispusemos das orientações, mas uma vez de posse da lei seguiremos o texto à risca”, justifica o tabelião Dejanilton Macedo, do Cartório do 5º Ofícios de Notas, no Alecrim.

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CAMPEÃO EM DIVÓRCIO / COMPORTAMENTO / RN POSSUI A MAIOR TAXA DE DIVÓRCIO DO NORDESTE E O QUADRO NÃO DEVE SE ALTERAR COM A APROVAÇÃO DA PEC QUE AGILIZA O PROCESSO DE SEPARAÇÃO ARGEMIRO LIMA / NJ

ESSA PEC, NA VERDADE, SÓ AGILIZA O PROCESSO DE SEPARAÇÃO, MAS NÃO SERVE DE ESTÍMULO” Berenice Capuxo Juíza da 3a Vara da Família

WALLACE ARAÚJO / NJ

PARA A IGREJA, MECANISMO DE DESTRUIÇÃO DA FAMÍLIA WALLACE ARAÚJO / NJ

▶ Enéas Paiva, publicitário: “A lei foi um incentivo a mais”

LEI ANIMA SEPARADOS Depois da aprovação da lei do divórcio-relâmpago, o publicitário Enéas Paiva, de 35 anos, já pensa em oficializar mais um relacionamento. Mas é claro que ele não está visando a possibilidade de separação antes mesmo da formalização da nova união. Até agora o casamento não foi realizado porque o publicitário não queria passar novamente por um processo de separação como previa a antiga lei. “Fui casado no civil uma vez. Depois tive mais três casamentos não oficializados”, disse. Para ele, o processo de separação foi difícil, pois, conforme a antiga lei, o casal precisava passar por dois anos de separação para então ter direito ao definitivo divórcio. “Só quem passou sabe como é sacrifican-

te”, falou. Nesses primeiros casamentos, ele teve dois filhos. Enéas Paiva disse que vários constrangimentos se sucederam ao longo desses dois anos de espera para conseguir concretizar o divórcio. “Um dos empecilhos maiores é quando você tem um novo relacionamento, mas no seu documento fica registrado como casado”, explicou. No caso de algumas pessoas, na maioria mulheres, o sobrenome de família nos documentos era outra marca de uma união que não deu certo, porém, tinha que se carregar por um bom tempo. Nos dois relacionamentos sérios que se seguiram após o casamento, Enéas Paiva optou por não reconhecer em cartório. Com a atual mulher, com quem está há cinco anos, a intenção é outra. “Já pretendia oficializar meu atual casamento. Essa lei foi um incentivo a mais”, afirmou. (Marcelo Lima)

A Igreja Católica acha que o divórcio imediato torna a situação da família na sociedade ainda mais preocupante. Quem explica esse ponto de vista católico é o padre Valdir Cândido, da Arquidiocese de Natal, dirigente espiritual do Encontro de Casais para Cristo. Na sua sala com revestimento de madeira, o sacerdote afixou um quadro com a sagrada família (Jesus, Maria e José), por trás de sua mesa. “A igreja vê na família a esperança de uma sociedade mais justa e mais solidária. E eu vejo o divórcio como uma máquina destruidora da família. A cada divórcio é um filho sem os pais, porque cada um vai para o seu lado e às vezes esquecem a responsabilidade com a formação dos filhos”, defendeu. “O casamento enquanto sacramento da Igreja continua indissolúvel”, afirmou. O sacerdote ainda assinala que o divórcio imediato transforma a união descartável e ainda traz benefícios econômicos para os cartórios. “Mesmo com a lei do homem não acreditando mais no matrimônio, nós vamos continuar defendendo a lei de Deus”, disse. Na opinião do sacerdote, o casal deve insistir na relação ainda que haja conflito entre os dois. “A gente acredita que, assim como eles foram maduros para resolver os problemas durante o namoro ou noivados, sejam maduros também no casamento. Se o divórcio fosse a solução, o mundo já estaria bem melhor”, argumentou. A concepção católica a respeito da separação dos casais pode levar o atrito entre o casal até as últimas conseqüências de um conflito conjugal. Segundo o Padre Valdir Paiva, somente quando a falta de respeito é a re-

▶ Padre Valdir Cândido: “A cada divórcio é um filho sem os pais” gra no convívio familiar, admitese a separação. E mais: a Igreja recomenda que, depois da separação, o fiel viva em “santidade”, ou seja, não procure outro relacionamento. “Se a pessoa não foi capaz de viver num relacionamento, ela tem que ver o que outro relacionamento traria de realização”, observou. Caso contrário, seria caracterizado o pecado de adultério, que não está mais previsto na legislação brasileira. Para o padre, os fieis não podem encarar o matrimônio como aventura. “A promessa de casamento feita diante de Deus é uma promessa de mentira?”, ressaltou. De acordo com o dirigente

espiritual do Encontro de Casais, a única forma de casar-se novamente diante das leis de Deus seria quando o parceiro morre ou quando o casamento é anulado. A nulidade do casamento só acontece depois da questão passar por um Tribunal Eclesiástico. Segundo o padre, o trâmite pode durar até quatro anos. “Se uma mulher se casou e o marido é impotente, por exemplo”, informou, referindo-se aos casos em que uma das partes se casa iludida com alguma característica do parceiro. Vale lembrar que esses processos são válidos apenas no âmbito da Igreja, sem ter qualquer valor para a justiça. (ML)


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▶ CIDADES ◀

/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 18 DE JULHO DE 2010

BONS NEGÓCIOS

COM AS JURAS DE AMOR

/ SUCESSO / EMPRESAS QUE REALIZAM CERIMONIAL DE MATRIMÔNIOS CRESCEM NO MERCADO QUE MOVIMENTA CIFRAS MILIONÁRIAS EM NATAL CEDIDA

DINARTE ASSUNÇÃO DO NOVO JORNAL

NADA CONTINUA TÃO atual e cada vez

mais rentável do que transformar o sonho do casamento num negócio de cifras milionárias. Só em Natal, três cerimoniais consultados pela reportagem do NOVO JORNAL revelaram administrar R$ cerca de R$ 2,8 milhões por ano para fazer do “felizes para sempre” um momento inesquecível para os noivos e abastecer a crescente indústria do casamento. Muito desse sucesso deve ser atribuído à internet. A popularização das redes sociais modificou as engrenagens da indústria do casamento e fez surgir um novo método para produção de cerimonial. Se antes os produtores desses eventos sustentavam seu lucrativo negócio com investimento em propaganda em publicações especializadas, hoje a rede mundial propicia a troca de experiências entre as noivas nas comunidades virtuais. Habilidosos, os casamenteiros de plantão enxergaram a possibilidade de ampliar seus lucros investindo nesse filão. A comunidade Noivas de Natal RN, moderada pela proprietária da RKM Cerimonial, a estudante de Contabilidade Ryanne Moura, 21, foi a primeira a servir aos interesses da indústria do casamento através da pluralidade de opiniões que os usuários, mulheres na maioria, fazem no espaço virtual. Foi através da comunidade que o negócio de Ryanne Moura passou de vocação a uma empresa legalmente instituída com gerência de uma cifra em torno de R$ 1,5 milhão. E não estamos considerando nessa rentável atividade outros tipos de eventos, como formatura, baile de 15 anos e festas similares. Os milhões de reais materializados em buquês de flores e glacês de bolo são muito mais do que se imagina, entretanto. “Houve um casamento aqui na capital em que se gastou R$ 150 mil apenas com a decoração da igreja”, destaca Ryanne Moura. Ela não precisa o valor, mas admite que na festa de casamento mais cara que organizou embolsou mais de R$ 70 mil. No Brasil, levantamento do IBGE aponta que a busca pelo “felizes para sempre” movimentou R$ 8 bilhões só no ano passado. No Rio Grande do Norte não há indicativos dessa taxa, mas a de nupcialidade foi registrada e saltou de 5,3% em 1998 para 6% em 2008 para cada grupo de mil habitantes, ou seja, 24.300 casais juraram amor eterno na pobreza ou na riqueza. Por se tratar de um momento dado como único e historicamente carregado de tradição místicoreligiosa, as noivas querem sempre o melhor que podem oferecer, “mesmo que esse melhor seja concebido com um orçamento modesto”, analisa a produtora de eventos. A técnica em turismo Janiele Furtado, 26, realizou seu sonho de casamento despendendo R$ 6 mil. Fez uma festa íntima para 60 convidados e não deixou faltar nem comida nem bebida, porque tudo foi planejado pelo cerimonial. “Meus convidados ficaram surpresos com o baixo custo e a qualidade da festa”, comenta. Mas o comum mesmo é gastar cinco dígitos para brindar a felicidade dos noivos. Entre fevereiro e novembro, Ryanne Moura folga apenas nove finais de semana, em média. Nas outras 40 semanas desse período sempre há, pelo menos, um casamento, com investimentos entre R$ 20 mil e R$ 30 mil. Em dezembro e janeiro há troca de alianças quase todos os dias. A cerimonialista Micheline Motta, 33, do Motta’s Eventos, trabalha com faixas de preço superiores – entre R$ 30 mil e R$ 40 mil – mas realiza menos casamentos que a colega da RKM. “É determinante no preço a quantidade de convidados para os quais a noiva vai dar a festa. Uma festa modesta, por exemplo, para 100 convidados, não sai por menos de R$ 15 mil”, revela.

▶ Janiele Furtado, técnica em turismo, realizou o sonho do casamento por um preço em conta: festa para 60 convidados custou apenas R$ 6 mil

BOCA À BOCA Mesmo com a popularização das redes sociais, uma eficiente publicidade ainda faz a cabeça das noivas na hora de escolher e quanto gastar em sua festa: o boca à boca. “O mercado de Natal ainda funciona assim. Uma noiva que casa convida as amigas para a sua festa para que elas testemunhem o nível de qualidade do cerimonial”, conta a cerimonialista do Nobre’s, Karina Paiva, 34. É por esse caminho que a construção do check list é realizada. Antes de uma noiva casar, ela faz uma séria de exigências do que vai querer em sua festa. Isso vai desde os tipos de doces servidos à banda que vai tocar na festa. “E uma vez já tendo as referências das amigas que já casaram, as noivas chegam para a gente com a lista do que vai querer”, conta Paiva, responsável por administrar cerca de três casamentos por final de semana.

GLAMOUR

As adversidades que surgem nos bastidores dos preparativos do casamento são de fazer ruir a festa se não

houver habilidade para resolvê-los, porque tudo tem de estar exatamente como pediu a noiva, senão ela esperneia. Já aconteceu de tudo nos eventos administrados por Ryanne Moura. Padre que não compareceu ao casamento; bolo que desmoronou; fotógrafo que não foi cobrir a cerimônia religiosa; convidado que tentou roubar uísque e noiva que quase foi aos prantos porque não gostou do buquê de flores. Nessa hora a única saída é ter habilidade e uma boa rede de parceiros. No caso do padre ausente, Ryanne Moura entrou em contato com comunidades católicas e providenciou um padre para celebrar o bendito casamento. No caso do bolo, em que não dá para fazer outro, ela remontou a estrutura e deu novo aspecto à guloseima recheada de glacê. “E a gente só comunica esse tipo de problema ao cliente depois que está sanado”, conta. Outro item importante apontado pelas entrevistadas é a necessidade de constante reciclagem do conhecimento. “Até curso de cerimonial fúnebre eu tenho, por questão de logística, caso seja necessário, mas nunca precisei usar. Graças a Deus!”, dispara Karina Paiva.

R$ 2,8 MILHÕES

24.300

É o valor movimentado por ano em Natal pelas três empresas consultadas pelo NOVO JORNAL

casamentos foram realizados no RN, no ano de 2008, de acordo com levantamento do IBGE

NEY DOUGLAS / NJ

HOUVE UM CASAMENTO AQUI NA CAPITAL EM QUE SE GASTOU R$ 150 MIL APENAS COM A DECORAÇÃO

NEY DOUGLAS / NJ

UMA FESTA MODESTA PARA 100 CONVIDADOS SAI POR R$ 15 MIL” Micheline Motta, Cerimonialista

DA IGREJA” Ryanne Moura Cerimonialista AUGUSTO RATIS / NJ

ATÉ CURSO DE CERIMONIAL FÚNEBRE EU TENHO” Karina Paiva, Cerimonialista

JOVEM CASAMENTEIRA Ryanne Moura confessa que nunca pensou se envolver com a organização de casamentos. A proposta surgiu depois do sucesso que foi a organização que ela fez para a festa de formatura do ensino médio, quando tinha 15 anos. Aos 16, em 2005, ela ingressou na faculdade de Ciências Contábeis, na UFRN. Ainda não concluiu: “Minha agenda não dá espaço para o curso”, brinca. Decidiu-se por abrir uma empresa quando o sucesso do negócio já estava consolidado. Pesou nessa decisão a influência do Orkut. A comunidade Noivas de Natal RN, ao contrário do que se acredita, não foi criada pela jovem casamenteira, mas ela ganhou a titularidade da antiga dona por ser a que mais movimentava o espaço virtual. “A gente convida as noivas a trocarem experiências. Isso foi decisivo, porque 70% de meus clientes vêm da comunidade”, relata Ryanne Moura. Tímida sob os holofotes das câmeras, ela afirma ter mais de 100 contratos firmados até 2012, e precisou interromper a entrevista por mais de uma vez para orientar a irmã a dar negativa a clientes potenciais que tentavam por telefone marcar uma data com ela. “Incompatibilidade da agenda”, justificou. Na comunidade da qual é dona, os comentários a respeito de seu trabalho são sempre no sentido de indicá-la para as noivas que estão chegando. E isso já lhe rendeu a cobiça alheia. Angustiada a respeito de sua festa de casamento, contratada a outra cerimonial, uma cliente passou dias conversando com Ryanne Moura sobre detalhes do que poderiam ser feitos na cerimônia. Depois que casou, organizou todas as ideias que Moura passou e abriu uma agência. “Produziu um casamento e foi um fiasco”, lembra a jovem casamenteira. Na comunidade do Orkut a iniciante foi execrada. Casada desde os 19 anos, Ryanne Moura pensa em ampliar seus negócios cada vez mais. Parte dos noivos “felizes para sempre”, sem dúvida, se deve a ela. Santo Antônio que se cuide! Tem casamenteira poderosa na região.


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VISIONÁRIO DA

REVOLUÇÃO DIGITAL ARGEMIRO LIMA / NJ

| ENTREVISTA | FUNDADOR DO PRIMEIRO SITE DE REPERCUSSÃO NO BRASIL, O ESCRITOR E EMPRESÁRIO CARIOCA JACK LONDON PREVÊ O SURGIMENTO DE NOVAS FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS PARA A COPA DE 2014

PERFIL

Consultor internacional e especialista em negócios e economia digital, o carioca Jack London, 62 anos, é pioneiro da internet brasileira. Em 1995, criou o site Booknet, onde vendia livros através da grande rede. Mais tarde, em 1999, vendeu a marca para a GP Investimentos que, pouco depois, deu origem ao submarino.com. Presidente da Netcombr, que fundou em 1996 para produzir e gerenciar todos os seus sites, London também foi diretor da Embrafilme e da José Olympio Editora. Colaborador em diversas publicações brasileiras, sempre apostou nos livros e em novas formas de leitura e de negócios a partir da literatura. Não à toa, sua cria mais recente é o Armazém Digital, uma superloja que vende livros, CDs, DVDs e vinhos. É autor do livro “Navegar é Preciso”, em que fala sobre internet, novas tecnologias e as mudanças na sociedade com a popularização da rede.

RAFAEL DUARTE DO NOVO JORNAL

O escritor e empresário carioca Jack London, 62 anos, acredita que a Copa de 2014 no Brasil vai apresentar ao mundo pela primeira vez uma transmissão de um mundial em 3D. Ele é um pioneiro e visionário. Fundador em 1995 do Booknet, primeiro site virtual de repercussão no Brasil que mais tarde daria origem ao Submarino. com, é também um entusiasta da revolução tecnológica atual. Embora seja da geração das máquinas de escrever Olivetti e dono de uma biblioteca com mais de 15 mil livros, London não se mostra nem um pouco saudosista do passado e crava o fim do que chama de ‘a era do papel’. Para ele, hoje, o “jornal é apenas um boletim interno que circula entre uma elite de poder”. Segundo London, a anunciada extinção da edição impressa do centenário Jornal do Brasil esta semana, que a partir de 1º de setembro passa a ser veiculado apenas virtualmente, faz parte de uma tendência global que mais cedo ou mais tarde vai afetar todos os periódicos tradicionais. Mas faz uma ressalva: “Eu não estou dizendo que a palavra vai acabar. Só que não há mais espaço para o papel. Os três principais jornais do eixo Rio/São Paulo tem, hoje, uma tiragem de 530 mil exemplares e 40 milhões de pessoas conectadas à internet”, compara. Jack London esteve em Natal esta semana a convite da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Norte (FCDL/RN) para falar sobre ‘Memórias do século 21 e a Copa Digital de 2014’ no seminário promovido pela entidade que debateu os desafios da cidade para a realização do Mundial da FIFA daqui a quatro anos. Na palestra, também lembrou que a própria televisão da forma como é usada hoje corre o risco de ficar obsoleta. “Na Copa da África que terminou agora, as TVs foram pautadas pela internet. Hoje, a televisão é velha e anacrônica. É possível que daqui a quatro anos até o twitter já esteja ultrapassado e outros meios de comunicação mais rápidos e interativos apareçam”, prevê. Após o debate, Jack London conversou com o NOVO JORNAL sobre o futuro tecnológico da Copa no Brasil e as perspectivas dessa revolução digital. Confira:

▶ Jack London esteve em Natal esta semana participando do seminário promovido pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do RN

NJ: ESSA REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA QUE O SENHOR PREVÊ NA COPA DE 2014 PODE REPRESENTAR DE ALGUMA FORMA REDUÇÃO DE CUSTOS? JACK LONDON - Não necessariamente.

Mas, sem dúvida, vai multiplicar a interatividade com o povo através das imagens de captação do evento. Os padrões vão mudar daqui para frente. Tudo vai ficar obsoleto, a TV da forma que é usada hoje, por exemplo. O que ficou gravado como parâmetro vai mudar. E, consequentemente, muda a qualidade do evento. DE NOVIDADE NO CAMPO DIGITAL, O QUE O SENHOR PREVÊ PARA A COPA DE 2014?

As coisas acontecem de forma tão rápida que até o twitter, hoje uma febre, pode estar ultrapassado. Mas acredito que o Mundial do Brasil será o do 3D. Já existem testes nesse sentido. É possível que nos dias em que não houver jogos da Copa as pessoas se reúnam em estádio para ver através de um telão uma partida como se estivessem no próprio jogo. Isso é fantástico. QUAL É O LIMITE DESSE AVANÇO TECNOLÓGICO?

O limite é a capacidade do ser humano de inovação. De surpreender a cada momento. Lembre que quando surgiu o Yahoo, as pessoas achavam aquilo o má-

ximo. E enquanto isso dois garotos trabalhavam numa outra ferramenta chamada Google. E, hoje, o Google é uma coisa inacreditável. E a essa hora em algum lugar outros dois jovens podem estar criando um novo mecanismo ainda melhor que o Google. É a história do Rock in roll, pedras que rolam. Como foi a Microsofth, que durante anos se manteve no topo de cumprir seu papel. O SENHOR ACREDITA QUE ESSE AVANÇO DIGITAL É UM FENÔMENO ESTRITAMENTE CAPITALISTA OU VAI ALÉM DO RÓTULO?

Isso que está acontecendo é muito mais que um fenômeno capitalista. É a ponta avançada da tecnologia. É invenção atrás de invenção. E não começou agora. O primeiro grande império do mundo foi o Persa, de Ciro. E ele foi simplesmente o homem que inventou o escudo. Até Ciro, as guerras eram feitas de peito aberto. E, um dia, ele pediu para um rapaz fazer um objeto que pudesse proteger o soldado. O homem o questionou e não entendeu como seria possível lutar carregando um escudo como aquele. Ciro insistiu e mudou a humanidade. A mesma coisa foi a invenção das caravelas por portugueses e espanhóis. Note a semelhança das caravelas com a internet. Em ambas, a palavra navegar significa a mesma coisa.

NESSE SEU ENTUSIASMO PELA REVOLUÇÃO DIGITAL NÃO TEM ESPAÇO PARA O SAUDOSISMO?

É uma situação delicada. Tenho uma biblioteca com mais de 15 mil livros. Eu não prego o fim da palavra, não se trata disso. O que falo é do fim do papel. Olhe uma coisa: os três maiores jornais do país, Folha de São Paulo, Estadão e O Globo têm uma tiragem de 530 mil exemplares. No Rio e em São Paulo, existem 58 milhões de pessoas. Isso significa que menos de 1% da população do eixo Rio/São Paulo lê jornal. Por outro lado, nesses dois estados 40 milhões de pessoas acessam internet todos os dias. Quer dizer, o brasileiro está lendo muito mais do que antigamente. O jornal tradicional de papel que temos hoje é um boletim interno que circula entre a elite de poder. Veja os jornais do interior. Tem as colunas sociais com as fotos da elite local e matérias políticas de vereador falando de prefeito, que fala de deputado e fica nisso. Em 1995 escrevi um artigo para a revista Veja prevendo essa revolução digital e disse que a internet era inevitável. Aí o (escritor baiano) João Ubaldo Ribeiro escreveu outro artigo como resposta dizendo que não abria mão da (máquina de escrever) Olivetti. Aí respondi de novo e, durante muito tempo usei a expressão ‘meus caros Olivettis’ para ilustrar essas pessoas. Mas não há nada que lamentar.

FOTOS: HUMBERTO SALES / NJ

AS COISAS ACONTECEM DE FORMA TÃO RÁPIDA QUE ATÉ O TWITTER, HOJE UMA FEBRE, PODE ESTAR ULTRAPASSADO” Jack London Escritor e empresário


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NATAL, DOMINGO, 18 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

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Social

Edito Editor Franklin Jorge Frank

E-mail social@novojornal.jor.br

Fones 84 3201.2443 / 3221.3438

NATAL, DOMINGO, 18 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

Marcos

Sadepaula

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Cale a boca e não cale na boca notícia ruim” Caetano Veloso

sadepaula@novojornal.jor.br

Invasão internacional Considerado um dos principais eventos científicos do país e da América Latina, atuando como fórum de debate das políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação, e como meio de difusão dos avanços da ciência nas diversas áreas do conhecimento, a 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que será realizado no Campus da UFRN, em Natal no período de 25 a 30 deste mês, já conta com mais de 10 mil inscritos, devendo atrair para os eventos pelo menos 15 mil pessoas.

Bye bye futebol Neste domingo, o Cineclube Natal em parceria com o Teatro de Cultura Popular Chico Daniel, apresenta o filme futebolístico Rudo e Cursi (Carlos Cuarón, 2009), comédia para curar a ressaca da Copa do Mundo. A sessão começa às 17h horas e a taxa de manutenção custa R$ 2,00 (dois reais). A censura é livre.

Deu na Joyce

D’LUCA / NJ

o ▶ O artista plástic itas,

Flávio Fre dos poucos que sobrevivem de sua arte na cidade

, ▶ Juliana Oliveira gel

Vanessa Gur e Rose Monteiro da no lançamento novela Ti-ti-ti no ng ppi Sho al Nat

SADEPAULA / NJ

Ledo engano...

Solto na cidade

Uma velhota, durante a missa, inclina-se e diz ao ouvido do seu marido: - Acabo de soltar um pum silencioso. Que achas que devo fazer? - Agora nada. Mas quando sairmos vamos comprar pilhas novas para o teu aparelho auditivo.

ano, ▶ Nininha Emereseuncisob rinho prestigiando o s, em Frederico Marco acoteca exposição na Pin final do do Estado até o mês

D’LUCA / NJ D’LUCA / NJ

▶ Suzana Schott

Os segredos da boa oratória O livro “Quer Falar Bem?” é uma verdadeira bíblia para aquelas pessoas que não querem fazer feio diante de uma platéia. A obra, de autoria do jornalista Rui Ricardo, será lançada amanhã às 19h, na Siciliano do Midway Mall. O livro vem acompanhado de um CD, que contém 68 minutos de auxílio técnico e complementar à leitura, composto por exercícios e técnicas vocais, crônicas e gravações de momentos históricos com personalidades como Juscelino Kubichek, Jânio Quadros, dentre outras pessoas, além de dicas sobre outras línguas, como o inglês e o espanhol básico para o cotidiano.

no novo Guinza do MidWay Mall no jantar de lançamento da Segsat em Natal

Marlus Apius no lha revista Salto Agu

D’LUCA / NJ

Bolo de goma, de especialidade dos nativos de Extremoz, apreciado por toda comunidade e também pelos turistas. 01. Goma fresca, água, leite de coco, sal e açúcar se preferir; 02. juntam-se todos os ingredientes misturando bem com as mãos; 03. unta-se uma placa de zinco (com uma borda de 4 a 5cm de altura) com leite de coco, forra-se com folha de bananeira, também untadas com leite de coco, coloca-se a massa e leva-se ao forno de lenha; 04. fica no ponto quando estiver na consistência de bolo, visguento.

Melo, Tainá

Aguardem!!!

ara ▶ Rayane AraújoCel, Lov o ina prestigiando

O II Festival Gastronômico e Cultural do município de Portalegre-RN, vai acontecer nos dias 6, 7 e 8 de agosto. Localizado na chamada “tromba do elefante” que integra o pólo turístico serrano potiguar, a cidade oferece, além do festival, uma paisagem deslumbrante para os que não conhecem as belezas do local.

de Luciano Almeida Luciano Gabriel de Almeida é advogado, graduado pela Universidade Mackenzie e também gastrólogo (formado em Gatronomia) pelo Senac de São Paulo. Administra o Olimpo desde a sua inauguração, quando ainda era estudante de Engenharia de Produção. Ingressou no curso de Direito, mas sempre teve interesse sobre eventos, etiqueta, comportamento e decoração. Em 2003 vai para a Austrália onde adquiriu

Grude de Extremoz

Fialho e

los ▶ Paulo Araújo, Car lançamento da

know- how no ramo. Atualmente administra o Olimpo Recepções e se dedica à gastronomia como chef executivo, personalizando e criando alternativas de cardápio. Dá consultoria em Produção de Eventos e, durante um ano, esteve à frente dos quadros sobre etiqueta e gastronomia do programa Vida Boa da SimTV. A coluna pediu para Luciano enumerar seus lugares preferidos.

A história que começou como conto de fadas ganha contornos cada vez mais dramáticos. O mais recente capítulo da novela de Sthefany Brito e Alexandre Pato foi traçado na 1ª Vara de Família da Barra, no Rio. A juíza Maria Cristina de Brito Lima determinou que o jogador pague uma pensão no valor de 20% dos ganhos dele à exmulher, algo em torno de R$ 130 mil por mês. Além disso, Sthefany terá direito a 20% de cada contrato novo do atleta.

Lopes e Raissa as potiguares desfile dos estilist

Do livro História da Gastronomia do Rio Grande do Norte, de Maria Marluce Gomes ALEX COSTA

O guia de número 44 está circulando com 32 páginas abarrotadas de conteúdo. Além das atividades da 62ª SBPC, a nova edição traz toda a programação da I Bienal Nacional Potiguar de Teatro, evento gratuito que movimentará Natal e Mossoró de 28 de julho a 2 de agosto com oficinas e apresentações de espetáculos, além de um roteiro especial de férias, com dicas de atividades para os pequenos gastarem toda a energia acumulada no período, e dicas de shows, bares e baladas repletas de atrações. Descole o seu que é de graça!!!

Finalmente... Com quase três anos de atraso, chega aos cinemas “À Prova de Morte”, produção de 2007 escrita e dirigida por Quentin Tarantino. A demora para seu lançamento é explicável. Quando foi lançado nos EUA, há três anos, o projeto foi um fracasso de público. Na época, parte da crítica dizia que os jovens de hoje não entendiam a estética daquela época: produções de baixo orçamento, em que a exploração da imagem de monstros, sangue e sexo é maior do que propriamente a narrativa. O resultado é mais um vigoroso, embora menor, filme de Tarantino, que consegue ser uma homenagem, ao mesmo tempo em que se mostra uma experiência real dos anos 1970. Afinal, existia uma preocupação de envelhecer as imagens, retirar partes do filme (para parecer problemas nos rolos) e inventar trailers para transportar os espectadores para outra época. Essa experiência retrô está em toda a projeção de “À Prova de Morte”.

1

Queenstown (Nova Zelândia) - pulei no maior bungee jump do mundo. Assustador!

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Amsterdã (Holanda) - encontramos a tradição da cultura com o radicalismo de uma cidade onde tudo é permitido;

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Londres (Inglaterra) - a pompa e o glamour da monarquia;

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The Great Barrier Reef (Austrália) - fiz curso de mergulho, quando tive a oportunidade de interagir com a natureza e permanecer no silêncio do universo;

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Chicago (Estados Unidos) - a feira de alimentos que ocorre semanalmente é um deleite para os gastrólogos;

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Nova York (Estados Unidos) - adoro os espetáculos da Broadway e o bairro do Soho;

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Paris (França) - não é preciso muito para ser feliz em Paris;

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Sidney e Brisbane (Austrália) – assistir ópera ao ar livre, tomando vinho e comendo queijos ao lado de amigos feitos a não mais que uma tarde;

São Paulo (Brasil) - Sempre que posso, dou um pulinho lá e mato a saudade do tempo que vivi em Sampa. Edinburg (Escócia) - a poucos quilômetros, visitei o lago Ness, além de fábricas de kilts e de whisky.


Esportes

Editor Marcos Bezerra

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GAÚCHOS TENTAM

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MÁRCIA FEITOSA / VIPCOMM

MELHORAR DESEMPENHO / SUL / INTERNACIONAL E GRÊMIO, RESPECTIVAMENTE 12º E 15º CLASSIFICADOS, PRECISAM VENCER ADVERSÁRIOS DE MENOR TRADIÇÃO PARA SE DISTANCIAR DA ZONA DE DEGOLA MARCOS NAGELSTEIN / VIPCOMM

FOLHAPRESS

/ GÁVEA /

O INTERNACIONAL RECEBE

o vice-líder Ceará hoje, no Beira-Rio, às 16h, em busca de uma inédita sequência de duas vitórias neste Campeonato Brasileiro. O time gaúcho ainda oscila na competição e iniciou a nona rodada na 12ª colocação, com 10 pontos. Semifinalista da Taça Libertadores, o Inter alterna vitórias e derrotas no Nacional. Nas sete rodadas pré-Copa do Mundo, o time era dirigido pelo uruguaio Jorge Fossati e perdeu quatro jogos, venceu apenas dois e empatou um. Após o Mundial da África do Sul, os gaúchos voltaram sob o comando de Celso Roth, ex-Vasco. Quarta, o Inter venceu o Guarani por 3 a 0, em Campinas, e tenta repetir o resultado positivo dentro de seus domínios. Dono do terceiro melhor ataque da competição - 14 gols -, o Inter terá que superar a defesa menos vazada do Nacional. O surpreendente Ceará perdeu o técnico PC Gusmão para o Vasco, mas contratou Estevam Soares e não foi vazado no empate com o Corinthians, em Fortaleza. O time nordestino só levou um gol em oito jogos e é, ao lado do Corinthians, um dos invictos do torneio. O Ceará tem 18 pontos e não sofre gols há 592 minutos, desde o empate por 1 a 1 contra o Santos, na Vila Belmiro, em 15 de maio, pela segunda rodada. “Estou embaixo das traves para evitar os gols e, graças a

DOUGLAS REFORÇA EQUIPE DE SILAS NO INTERIOR PAULISTA O retorno de Douglas ao meio-campo do Grêmio é a novidade do técnico Silas para a partida contra o Prudente, hoje, às 18h30, em Presidente Prudente. O time gaúcho ainda não venceu fora de casa neste Campeonato Brasileiro e precisa marcar pontos para se distanciar da zona de rebaixamento. A campanha ruim aumentou a pressão da torcida gremista so-

FLA QUER USAR LANTERNA PARA CHEGAR AO G4 FOLHAPRESS O FLAMENGO VAI em busca de um

▶ O meia Edu e o volante Tinga: opções para Celso Roth, que deve manter equipe que venceu o Guarani

O CEARÁ MARCA BEM, PRECISAMOS ERRAR MENOS PASSES, TER UMA MOVIMENTAÇÃO MAIS INTENSA E MAIS OBJETIVIDADE” Celso Roth Técnico do Internacional

Deus, tenho conseguido desempenhar meu trabalho com sucesso”, afirmou o goleiro Diego, destaque contra o Corinthians. Suspenso, o zagueiro Fabrício desfalca o Ceará, que terá o retorno de Anderson na defesa. No Inter, o volante Guiñazu se recupe-

rou de uma lesão, mas deve ficar entre os reservas. No treino de sexta, Roth manteve o time titular que venceu o Guarani. “O Ceará marca bem, e no seu campo. Precisamos errar menos passes, ter uma movimentação mais intensa e mais objetivi-

dade”, disse o treinador. Nesta semana, as duas equipes anunciaram reforços. O Inter apresentou o zagueiro Dalton, 20, que deixou o Fluminense após disputa judicial. Já o Ceará confirmou a contratação do lateral-esquerdo Gabriel, 21, que veio do Botafogo.

bre Silas, criticado desde que o Santos eliminou os gaúchos nas semifinais da Copa do Brasil. Na retomada do Brasileiro, quartafeira, o Grêmio empatou em casa com o Vitória, por 1 a 1 - o time perdia e igualou o placar graças a um gol contra do rival. Em oito partidas, o Grêmio acumula três derrotas, três empates e duas vitórias. O time iniciou a nona rodada do Nacional na 15ª colocação, com nove pontos. O Prudente tem campanha idêntica à do rival gaúcho, mas está duas posições abaixo, na zona de descenso, devido ao pior saldo de gols. Douglas ficou de fora da par-

tida contra o Vitória devido a um problema na garganta, mas se recuperou e já treinou sexta com o grupo no interior paulista. O excorintiano é o principal armador do Grêmio, embora suas últimas atuações antes da pausa para a Copa do Mundo tenham sido apagadas. Quem também deve retornar ao time titular é o volante Fábio Rochemback. O meia-atacante Leandro está fora por lesão na coxa esquerda e deve dar lugar a Maylson ou Hugo. Na equipe paulista, o clima é de otimismo após o empate contra o favorito Fluminense no Maracanã, na quinta. A equipe per-

dia por 1 a 0 e conseguiu evitar a derrota com um gol do atacante Wesley. O treinador Toninho Cecílio deverá manter entre os titulares o meia Deyvid Sacconi, ex-Palmeiras. O jogador fez sua estreia pelo clube e disse que o desempenho do Prudente deve melhorar com a sequência de jogos. “Na próxima partida já vamos apresentar um futebol melhor. Na parte física treinamos bastante, estamos bem. Mas, de amistosos para um jogo oficial é um pouco diferente”, disse o atleta. O goleiro Márcio, contundido, é dúvida e pode dar lugar ao reserva Giovanni.

/ CRUZEIRO /

Mineiros tentam ganhar mais uma posição WASHINGTON ALVES / VIPCOMM

FOLHAPRESS A COMBINAÇÃO DE

resultados no meio de semana foi perfeita para o Cruzeiro. O time iniciou a oitava rodada do Campeonato Brasileiro na 11ª posição e terminou na 5ª. Hoje, a equipe enfrenta o Goiás, às 18h30, na Arena do Jacaré, e poderá subir mais uma posição. Várias equipes, no entanto, reúnem chances de entrar no G4. Antes do início da nona rodada, a diferença entre o 4º colocado e o 17º era de apenas 3 pontos. O treinador do Cruzeiro, Cuca, comandou o último coletivo antes da partida na sexta-feira. Recém-contratados, o lateral-direito Rômulo e o volante Everton participaram normalmente da atividade e deverão ficar como opções no banco de reservas. “Treinamos aqui quarenta e poucos minutos,

▶ Corrêa treinou e está garantido no meio-campo rubro-negro

▶ Pedro Kem protege a bola em treino na Toca da Raposa: sequência é a meta bem trabalhado, com diversas formas, até as alterações que a gente possa fazer no jogo a gente praticou no treinamento. Quando tiver a necessidade no jogo, todo mundo já sabe o que fazer”, analisou o treinador, em entrevista ao site oficial do clube.

Cuca deverá repetir a mesma formação que venceu o AtléticoPR, na última quarta-feira, em Curitiba. “Eu gostei muito do primeiro jogo em diversos aspectos, principalmente na entrega, na força de vontade que teve o grupo. Não tinha bola perdida. Para

você ganhar na Arena da Baixada, tem que ser assim. Só com a qualidade é muito raro um time ganhar”, afirmou. O Goiás terá vários desfalques para a partida. Contundido, o volante Carlos Alberto está fora. O meia-atacante Bernardo pertence ao Cruzeiro e não poderá atuar devido a uma cláusula em seu contrato. A situação mais grave é a do meia Hugo. O jogador sofreu uma ruptura nos ligamentos do joelho direito e deverá ser devolvido ao Atlético-MG. Sua recuperação pode levar até oito meses. A notícia boa fica para a recuperação do goleiro Harlei, grande ídolo do clube. O jogador passou por uma cirurgia no cotovelo esquerdo e perdeu a condição de titular. O técnico Emerson Leão deve promover o seu retorno daqui a algumas rodadas.

vaga no G4 neste domingo, em Goiânia, onde enfrenta o lanterna Atlético-GO. A partida acontece no estádio Serra Dourada, às 16h, no complemento da nona rodada do Campeonato Brasileiro. Ainda em período de renovação do elenco, os cariocas tentam aproveitar o embalo da vitória de quarta sobre o Botafogo, que fez o time saltar da nona para a quinta posição, para figurar entre os líderes do campeonato e consolidar o bom ambiente neste conturbado começo de semestre no clube. “Nós estamos buscando as primeiras posições e não queremos que estas equipes [na liderança] abram vantagem. A diferença de sete ou oito pontos para o Corinthians e o Ceará já caiu para seis. Para o Fluminense, caiu para quatro, então uma vitória nossa em Goiânia e um tropeço destes times pode nos deixar ainda mais próximos. Não podemos deixar abrir, porque acabamos perdendo a oportunidade de recuperar”, disse o técnico Rogério Lourenço. Em relação à equipe que venceu os alvinegros por 1 a 0 no meio da semana, a principal no-

vidade é a estreia de Corrêa. Regularizado durante a semana, o volante participou do coletivo de sexta entre os titulares e formará o meio-campo junto com Willians e Kleberson. “Todo jogador quer começar jogando e não é diferente comigo. Respeito sempre a posição do treinador, mas cheguei fazendo o meu trabalho e para jogar. Se tudo correr bem até domingo, vou fazer minha estreia e tentar corresponder”, disse o ex-jogador do Atlético-MG. Autor do passe que originou o gol de Paulo Sergio na quartafeira, Petkovic sentiu uma indisposição e ficou de fora do último coletivo, mas viajou com a equipe para a capital goiana e deve completar o setor. No ataque, Diego Maurício faz a dupla titular com Vinícius Pacheco, e Paulo Sérgio segue como opção para a segunda etapa. No Atlético-GO, que vem de derrota para o Atlético-MG, o técnico Roberto Fernandes terá os desfalques do zagueiro Jairo e do atacante Marcão, que cumprem suspensão. Com apenas quatro pontos e na última posição, a equipe venceu apenas um jogo dos quatro que disputou até agora no Serra Dourada.

/ BOTAFOGO /

JOEL BUSCA REABILITAÇÃO APÓS PERDER CLÁSSICO FOLHAPRESS

DANIEL ZAPPE / VIPCOMM

O CONFRONTO ENTRE

Botafogo e Guarani, hoje, às 18h30, opõe dois times que buscam recuperação após os tropeços da última rodada. Os donos da casa perderam o clássico para o Flamengo, na quarta-feira, por 1 a 0, e estacionaram nos nove pontos, ao mesmo tempo em que viram o arquirrival saltar na tabela de classificação. Para o time de Campinas, a rodada do meio da semana foi ainda mais desastrosa, com uma derrota por 3 a 0, em casa, diante do Internacional, que estreava o técnico Celso Roth. Uma vitória domingo, no estádio João Havelange, é importante não só para subir na classificação, mas também para não ser ultrapassado pelos rivais. Antes do início desta rodada, quatro times possuíam o mesmo número de pontos do Botafogo (nove) e outros quatro, o mesmo do Guarani (12), o que pode fazer com que o time derrotado caia várias posições na tabela. Para o goleiro do Botafogo, Jefferson, a derrota para o Flamengo torna ainda mais necessário um triunfo em cima da equipe paulista. “Estávamos bem esperançosos, porque treinamos bem. Mas oscilamos bastante no jogo [contra o Flamengo], eles tiveram um lance e defi-

▶ Discurso da virada após derrota niram. Nesse momento não tem que muito o que falar, o que falta é a vitória. Depois que começarmos a vencer, teremos mais tranquilidade. No domingo, contra o Guarani, só os três pontos interessam”, disse, ao site oficial do clube. Do lado do Guarani, o fato de jogar fora de casa é visto como incentivo à vitória. “Vi na imprensa que o Botafogo enxerga no Guarani uma grande chance de virada e a gente do outro lado diz a mesma coisa. Nós não vamos nos acovardar por estarmos jogando lá no Rio”, disse o técnico Vágner Mancini, que não vê favorito para a partida. “[O Botafogo] É uma equipe bem montada e equilibrada, que joga no erro do adversário. Espero uma partida difícil, mas o jogo vai estar aberto às duas equipes”, avaliou o treinador.


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▶ ESPORTES ◀

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CAMPEONATO BRASILEIRO

COMEÇA PARA ABC E ALECRIM / SÉRIE C / REPRESENTANTES POTIGUARES NA 3ª DIVISÃO DO BRASILEIRÃO 2010, ALVINEGROS E ALVIVERDES DE NATAL ESTÃO NO MESMO GRUPO E INICIAM HOJE A CORRIDA POR UMA VAGA NA SÉRIE-B; NOS DOIS TIMES ATLETAS E TÉCNICO ESTÃO CONFIANTES NUMA BOA ESTREIA HUMBERTO SALES / NJ

APÓS UM LONGO período de treina-

mentos, as 20 equipes que participarão do Campeonato Brasileiro da Série C deste ano, poderão, enfim, entrar em campo em busca das tão sonhadas vagas para o Campeonato Brasileiro da Série B em 2011. Os representantes do Rio Grande do Norte serão o Alecrim, que conquistou o acesso por ter terminado entre os quatro primeiros colocados da série D do ano passado, e o ABC, que foi um dos rebaixados da segunda divisão do brasileirão em 2009. Aparentemente o caminho é fácil: a competição é dividida em quatro fases e, para conquistar o acesso, basta às equipes chegar até a terceira fase, garantindo assim uma das quatro vagas disponíveis para a série B. Já as quatro equipes que terminarem com as piores campanhas após o término da primeira fase, serão automaticamente rebaixadas para o brasileiro da série D em 2011. Além dos clubes potiguares, o torneio conta com a participação de clubes tradicionais do país, como: Criciúma/SC, Fortaleza/ CE, Juventude/RS e Paysandu/PA.

TEMOS UMA TORCIDA COMO POUCAS E TUDO PARA BRIGAR PELO ACESSO” Leandro Campos Técnico do ABC

TREINAR O ALECRIM NA SÉRIE C É UMA ENORME SATISFAÇÃO”

ABC QUER APOIO DA TORCIDA PARA CHEGAR AO ACESSO Dez jogos separaram o ABC do principal objetivo de 2010. Desde a reapresentação oficial da equipe no longínquo 11 de janeiro deste ano, todos os esforços – e reforços – começarão a ser testados a partir de hoje, às 17 horas, no estádio Frasqueirão, quando o ABC enfrenta o CRB/ AL, pela primeira rodada da Série C do Campeonato Brasileiro. Apesar de a tranqüilidade ser a palavra mais dita pelos jogadores antes do início da partida, era a ansiedade que aparecia na expressão de cada um, esperando por uma vitória para começar a competição com o pé direito. “Existe sim a ansiedade, mas pela responsabilidade que temos em converter todo o nosso trabalho até aqui em resultado”, afirmou o técnico Leandro Campos. Sobre as dificuldades que espera encontrar na competição, Campos garante que não há margem de erro, já que “todas as equipes vem para buscar o acesso”. O treinador, inclusive, aponta que o ABC precisa conquistar aproximadamente 60% dos pontos disputados (cerca de 15) na primeira fase para con-

REGULAMENTO 1ª Fase: os 20 times estão divididos em quatro grupos (A, B, C e D) com cinco equipes em cada, eles jogam entre si em turno e returno, em um sistema de pontos corridos, dentro de cada grupo. Classificam-se para a fase seguinte os dois primeiros colocados.

quistar a classificação à segunda fase. “Daí então, são mais quatro pontos para alcançarmos nosso objetivo maior. Temos um conjunto forte e uma torcida como poucas. Temos tudo para brigar pelo acesso”, finalizou. João Paulo, artilheiro do ABC na temporada 2010, com 29 dos 90 gols marcados até hoje pela equipe potiguar, confessa a ansiedade, mas garante que o Campeonato do Nordeste ajudou a equilibrar a equipe e se mostra otimista por uma boa campanha na competição. “A pressão vai ser para quem vier jogar aqui. Com o Frasqueirão lotado, somos sempre mais fortes”, afirmou. Mais ameno no discurso, o companheiro de ataque de João,

15 É o número de pontos que o ABC calcula para chegar à segunda fase

2ª Fase: os oito clubes classificados serão divididos em quatro grupos (E, F, G e H) com duas equipes em cada, os jogos serão de ida e volta, em confrontos eliminatórios; os vencedores classificam-se para a fase seguinte. 3ª Fase: os quatro clubes classificados na 2ª fase, serão divididos em dois grupos (I e J) com

AUGUSTO RATIS / NJ

o centroavante Zulu afirma que o grande desafio do ABC é vencer a si mesmo. “Temos antes de tudo que superar a ansiedade e fazer o mais simples. Assim as coisas irão acontecer naturalmente e alcançaremos as vitórias”, pregou o jogador que já participou da Segundona pelo Esportivo/RS e o Criciúma/SC. Para o zagueiro Diego Padilha, os pontos em casa serão fundamentais para a conquista do acesso. “Os jogos em casa serão os mais importantes, pois se conseguirmos esses bons resultados, os pontos que vierem dos jogos fora de casa nos colocarão em condições melhores na competição”, analisou.

ACESSO

Com sete participações na Série C do Campeonato Brasileiro, a última foi em 2007, quando o time então comandado por Ferdinando Teixeira terminou na quarta colocação e conquistou o acesso à Segunda Divisão. Naquela oportunidade, o ABC disputou 31 jogos, vencendo 19, empatando quatro e perdendo oito. “Joguei Série C em 2007, mas foram poucos jogos e foram fora de casa. Espero que assim como naquele ano, possamos fazer uma grande campanha, pois temos um grupo forte para isso”, completou João Paulo.

dois clubes, jogam em ida e volta, em confrontos eliminatórios, classificando-se os dois clubes vencedores para a quarta e última fase. 4ª Fase: os dois clubes classificados na 3ª fase formarão o grupo (K), eles jogam entre si em ida e volta, em confronto eliminatório, decidindo o título de Campeão Brasileiro da Série C de 2010. 29/08

ABC e Alecrim na série C

17h - Alecrim x ABC

18/07

08/08

05/09

16h – Salgueiro/PE x Alecrim 17h - ABC x CRB/AL

16h - Salgueiro/PE x ABC

15h - CRB/AL x Alecrim 17h - ABC x Campinense/PB

25/07

16h - Campinense/PB x ABC 17h - Alecrim x CRB/AL

17h - Alecrim x Campinense/PB

Ferdinando Teixeira Técnico do Alecrim

▶ Leandro Campos conversa com os jogadores antes do último coletivo: entrosamento é um dos pontos fortes da equipe, que já vem embalada

15/08

12/09 Capinense/PB x Alecrim

01/08

22/08

19/09

17h - ABC x Alecrim

17h - ABC x Salgueiro/PE

15h - CRB/AL x ABC 15h - Alecrim x Salgueiro/PE

▶ Ferdinando Teixeira: qualificação do elenco e esperança da torcida

ALECRIM MOTIVADO PARA A ESTREIA O Alecrim inicia hoje a sua caminhada na Série C, motivado para garantir vaga na Segundona do Campeonato Brasileiro de 2011. A equipe entra em campo às 16h, fora de casa, contra o Salgueiro/PE, no estádio Cornélio de Barros, em Pernambuco. O grupo saiu de Natal bastante confiante em um resultado positivo. Após mais de um mês de preparação, elenco e comissão técnica acreditam que o trabalho foi bem executado e que o alviverde tem totais condições de fazer

uma boa campanha. “A expectativa é que possamos fazer uma boa competição, fazer uma boa estreia, dentro do que foi planejado. Temos condições de conquistar os três pontos”, declarou o atacante Helinho. Outro que tem a responsabilidade de comandar a equipe em campo é o meia Carioca, que disputou a Série A, pelo América, em 1997 e 1998. Ele é o capitão e atleta mais experiente do grupo. “O grupo está focado naquilo que está querendo; sabemos que vai ser difícil, mas acredito que podemos conquistar um resultado positivo já contra o Salgueiro”, disse. Mesmo com um elenco bastante diferente em relação ao campeonato estadual, o treina-

dor Ferdinando Teixeira não acredita que a falta de entrosamento possa atrapalhar a equipe. “Nós qualificamos o nosso elenco, treinamos durante um bom tempo e acredito que os jogadores já se conhecem bem”, destacou. Ferdinando também falou da alegria de poder estar dirigindo o Alecrim. “Sou alecrinense desde pequeno. Mesmo quando treinava outras equipes sempre deixei isso bem claro, treinar o Alecrim na série C é uma enorme satisfação”, completou. Na estreia o Alecrim deve entrar em campo com: Jair; Angelo, Fabiano, Márcio Blot e Glaybson; Carioca, Marcelinho, João Paulo e Cipó; Helinho e Somália.

DISTÂNCIA

Aproximadamente 650 km de estradas ruins e dez horas de viagem. Obstáculo pequeno para um grupo de torcedores que vai acompanhar a estreia do Verdão. “Nós encaramos tudo pelo Alecrim, com muito amor e dedicação estamos sempre juntos com o time”, disse o Coronel Saraiva, um dos torcedores símbolos do alviverde potiguar. “Nós acreditamos no time. A acreditamos principalmente em Ferdinando. Espero que ele consiga repetir o mesmo sucesso do bi [85 e 86] e possa levar a nossa equipe ao acesso”, completou. HUMBERTO SALES / NJ

POTIGUAR DE MOSSORÓ REPRESENTA O RN NA SÉRIE D Além da série C, hoje também será dado o pontapé inicial do Campeonato Brasileiro da Série D. Serão 40 equipes disputando quatro vagas para a série C do ano que vem. O Rio Grande do Norte será representado pelo Potiguar de Mossoró, que estreia às 16h, contra o Confiança/SE, no estádio Lourival Baptista, em Aracaju. O “Time Macho”, como é conhecido pelos seus torcedores, herdou a vaga na competição depois das desistências de Corintians de Caicó e Santa Cruz, que alegaram falta de recursos financeiros e abdicaram de suas participações. Sem dinheiro para fazer grandes contratações, o Potiguar resgatou alguns atl etas compassa-

gem pelo clube, como o atacante Ítalo, e fez uma espécie de seleção dos times do interior que disputaram o campeonato norteriograndense deste ano. O técnico Júnior Xavier também aposta nos jovens atletas; boa parte do elenco é formado por jogadores das categorias de base do clube. O Potiguar integra o grupo A4, do qual também fazem parte: Santa Cruz/PE, CSA/AL e Confiança/SE.

REGULAMENTO

Na primeira fase da competição, os 40 clubes serão divididos em 10 grupos (A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7, A8, A9 e A10) com 4 equipes em cada. Elas jogarão entre si em turno e returno, dentro de cada grupo, em sistema de pon-

▶ Júnior Xavier: time tos corridos. Os dois primeiros colocados de cada grupo se classificam para a segunda fase. Ao final, os quatro clubes que tenham se classificado para a quinta fase estarão promovidos para o Campeonato Brasileiro da Série C em 2011. Na série D não existe rebaixamento, as equipes se classificam por suas colocações nos estaduais.


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A METAMORFOSE AMBULANTE / PERFIL / PERFORMÁTICO E POLÊMICO, RODOLFO AMARAL CRIA UM NOVO ESTRANHAMENTO NA CULTURA MUSICAL DA CIDADE

CRISTIANO FÉLIX DO NOVO JORNAL

O CANTOR RODOLFO Amaral, 28,

incluiu no meio do repertório do seu ‘Novo Show’ a canção de Raul Seixas que fala sobre uma preferência exercitada com frequência durante os oito anos de carreira artística, dedicada à música. O artifício de se metamorfosear constantemente para evitar opiniões consideradas “caducas” pode ser analisado como um escapismo para driblar as adversidades encontradas no percurso e que provocaram problemas psicológicos hoje reconhecidos e diariamente combatidos, como o alcoolismo, o transtorno bipolar e as tentativas de suicídio. Logo ao chegar ao local escolhido para a entrevista, o Nalva Melo Café Salão, no bairro histórico da Ribeira, com pouco mais de quinze minutos de atraso, ele se desculpa pela demora, lançando prontamente uma justificativa. “Estou de mudança e como moro sozinho tive de passar a noite inteira separando coisas. Estou quebrado”. A mudança, no entanto, não se restringe ao endereço escolhido na Praia do Meio. Encontrá-lo nos palcos é como revisitar algo, perseguindo na memória o resgate de experiências longínquas. Para as novas apresentações ele selecionou músicas de estilos variados que passeiam pelo choro e pela bossa,

mas encontram um ponto comum: letras que falam de conflitos e sofrimento. “É um trabalho que conta como eu vivi; eu considero autobiográfico”. Essa etapa vem depois de uma fase interpretando os maiores sucessos da cantora Maysa Matarazzo, na qual, notadamente o cantor viveu uma personagem. Pintou os olhos, a boca de batom vermelho e podia ser facilmente visto com longas saias rodadas. A transformação que poderia parecer performática escondia mais um momento de fragilidade. “Estava numa crise de personalidade. Uma maquiadora sugeriu a pintura, uma costureira, o visual. Eu fui aceitando aquilo. Era um distúrbio de ego”, disse, explicando que inicialmente não fez qualquer projeção de como ficaria depois de tantas intervenções. “Simplesmente me deixei levar”. Em dezembro de 2007, depois de passar por uma mastectomia, entrou em depressão. “A cirurgia mexeu muito com a minha cabeça. Fiz como Edit Piaf. Estaqueei meu cabelo todo, sozinho em casa, chorando muito. O cabelo foi crescendo e não cortei mais. Parti para as escovas progressivas. Antes de a Rede Globo transmitir a série sobre a Maysa eu já cantava suas músicas e resolvi fazer uma homenagem, perdi a linha e terminei deixando muito feminina a minha imagem. Só faltou mesmo a cirurgia de mudança de sexo”.

Por “pirraça”, chegou a sair à rua vestido como uma mulher. O episódio que mais simboliza foi uma passagem na Assembléia Legislativa. Era um dia de homenagem à artista Ademilde Fonseca na casa parlamentar. “Ela tinha combinado comigo por correspondência que faríamos algo. Não fui convidado pelos organizadores sequer para assistir. Eles botaram uma pessoa da família do cerimonialista para abrir o show. Mesmo assim ela me viu, chamou e cantamos juntos. Depois me levou para a maior televisão do estado (comenta sobre a Intertv Cabugi) e eu fiquei no camarim enquanto ela dava entrevista. Não estava certo de sair naqueles trajes sem uma justificativa, mas fiz e não me arrependo. Inclusive está gravado e eu tenho uma cópia em DVD”. Assim como a cantora carioca, esquecida logo após conquistar reconhecimento profissional, Rodolfo se viu anônimo. Rompeu com o então empresário e passou oito meses convivendo com a ausência de convites. Sem nada na agenda e pouco na mesa. “Aprendi demais porque eu vivo da arte. Esse tempo foi difícil e me fez estabelecer prioridades. Quero projetar minha carreira, ter dinheiro para o supermercado e o aluguel (da casa), além de realizar alguns sonhos, viajando”. Os destinos escolhidos são o Rio de Janeiro e São Paulo – duas cidades ainda desconhecidas –, além de Brasília, para onde foi apenas uma vez “há muito tempo”, diz, sem saber precisar a data. No roteiro, o principal é a divulgação do trabalho. Para se mostrar, usa a última das três gravações em vídeo feita há cerca de dois anos.

BLOCO DO EU SOZINHO

Atualmente ele pensa, produz, ensaia, fecha contratos e comparece sozinho ao local das apresentações, onde só então encontra os músicos que o acompanham. É uma época para se gabar da autonomia que vem adquirindo. Mágoas, garante não guardar, mesmo tendo sido “enganado”. A ruptura com o parceiro de trabalho se deu em janeiro de 2008. Os problemas entre os dois foram de ordem financeira. Rodolfo, todavia morava com a mãe e as contas foram acertadas na casa da família. Recordando a cena, recorre a uma música da Fafá de Belém e recita: “Joguei a chave por debaixo da porta, que é pra não ter motivos de pensar numa volta”. Ainda assim, confessa que pensou na retomada quando três meses mais tarde cumpriram um show acertado havia nove meses. Era um casamento. E, para segurar a data, os noivos já tinham quitado o valor da apresentação com antecedência. “Mais uma vez fiquei sem receber”, lembra. Na época, o cantor diz ter preferido deixar todo o material de trabalho que estava guardado com o empresário para trás. “Não fui buscar meus figurinos, nem o microfone, mas cheguei a vê-los sendo usados por outras pessoas. Tive de me reerguer sozinho. Estava com uma dívida de cerca de R$ 4 mil com músicos e paguei ao longo de quase um ano”. Muitos comentários surgiram sobre o afastamento ter sido motivado pelo fim de um relacionamento amoroso, mas Rodolfo garante que eles nunca se envolveram e chega a dizer que jamais teve qualquer contato sexual com membros de sua equipe. “Ele parece ser muito profissional e chega a passar a impressão de que é frio, mas pelo menos comigo não foi tanto assim, apesar de agora termos voltado a nos falar”.

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POLÊMICO EM TEMPO INTEGRAL

ESTOU CONSEGUINDO VENCER MEU MAIOR ADVERSÁRIO: EU MESMO”

A vida sexual parece sublimada pelo cantor, que confessa estar há mais de quatro anos sem ter contato com um parceiro. “Nem beijo na boca eu dou. Só selinho tipo a Hebe nos meus amigos e amigas”, brinca, referindo-se ao hábito da apresentadora de televisão de receber seus convidados para o programa semanal com um cumprimento do tipo. “Não estou mais me virando nem sozinho. Enquanto a Ivete (Sangalo) está na base do beijo, eu estou na base do filme, sozinho na minha cama. A culpa é minha. Não saio muito de casa. Só vou a boates quando estou convidado para cantar. Faço meu trabalho, tomo uma água de coco e pronto”.

LUTA INTERNA

Até sair da adolescência, Rodolfo Amaral tentou suicídio três vezes, ingerindo em todas elas “grandes quantidades de medicamentos”. A primeira ainda aos 12 anos, atormentado com o fim de um conto de fadas. “Na infância eu me sentia uma princesa que vivia num palácio. Aos 11, meus pais se separaram e no primeiro ano, morei em nove casas diferentes e perdi o ano na escola. Eles não se casaram por amor. Nem sabem bem o que é isso, coitados. Mas eu não condeno porque também já experimentei”. Foi nessa fase que começou a beber e teve a primeira internação em um hospital psiquiátrico. Confessa que a medida foi tomada porque passou a ficar muito violento e quebrava móveis, aparelhos eletrônicos e espelhos. Segundo conta, era uma reação do complexo de inferioridade, provocado por causas mais distantes, que remetem aos quatro anos de idade, quando teria começado a sofrer

‘bullying’ (termo em inglês para descrever violência física ou psicológica com objetivo de agredir ou intimidar um mais fraco) na escola. “Na época não existia esse termo, mas eu sofri desde que entrei no colégio. A coisa só mudou na universidade quando eu botei moral. Mas até hoje no campus universitários muitos garotos sofrem abordagens do tipo nos banheiros”. A recaída aconteceu aos 15 anos. Sentia-se angustiado com a atração que começava a surgir por homens mais velhos. A terceira tentativa ocorreu quando completou 17 anos e tornou-se mais acentuado o crescimento das mamas, provocado por uma ginecomastia, causada por excesso de prolactina (hormônio que estimula a produção de leite e o aumento dos seios). “Entrei em depressão. Para eles pararem de se desenvolver, um médico me prescreveu um tratamento com oito ampolas de uma medicação com forte concentração de testosterona (hormônio masculino). Minha libido ficou altíssima e eu queria agarrar todo mundo na rua. A idéia recorrente de cometer suicídio foi porque eu não tinha assumido minha sexualidade, frequentava uma igreja evangélica, mas não tinha mais como negar que era gay”. Rodolfo fala que esperava encontrar um “grande amor” desde os dez anos de idade, mas o máximo que conseguiu foi um convite para o cinema, feito por um colega da escola aos 12. O transtorno bipolar foi diagnosticado há aproximadamente dois anos, logo após a realização de uma cirurgia para correção da mama. Na sequência, fez tratamento para esquizofrenia. “Estava vendo coisas”. “Estou conseguindo vencer meu

maior adversário: eu mesmo. Estou com a mente e o corpo são. Não preciso mais me vestir de mulher. Estou bem com roupas de rapaz e mesmo assim as pessoas me olham e sabem que sou homossexual. Vivo sem precisar provar isso pra ninguém”. Ele afiança que consegue se controlar melhor. No âmbito profissional, isso pode ser sentido a partir da iniciativa de “tomar as rédeas”, e no campo pessoal com a reaproximação de “alguns amigos”. “Passei por várias metamorfoses, mas agora eu cuido da minha vida sem querer viver tudo de uma vez só. Não quero mais o inatingível”. O sonho de alcançar a fama começou quando o cantor chegou a pe-

dir para se apresentar voluntariamente na parada gay de Natal. Cronologicamente a carreira teve o “start” no dia 12 de junho de 2002, dia dos namorados. Ele estudava música na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, mas com aulas e shows durante a noite, acabou sendo jubilado. Ainda morava com a mãe quando resolveu “soltar a ovelha negra”. Deixou o “ostracismo” para investir na cena noturna porque “nunca foi de ganhar mesada” e precisava começar a bancar algumas mordomias. “Não adianta ter pai e mãe e viver sem dignidade na casa deles. O que meu pai mais admirava em mim era o fato de eu abrir o portão da garagem pra ele entrar com o carro”.


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CEDIDA

ABRINDO CAMINHOS Sobre os pais, ele não gosta de falar muito. “Já nos digladiamos demais”. Botava a culpa neles por viver em conflito e chegou a agredir e ser agredido fisicamente, “com direito a puxão de cabelo”, ressalta. Mas mesmo com as constantes discussões, o pai até hoje paga seu plano de saúde e a mãe, “depois que virou crente” e passou cerca de um ano afastada, volta a “dar atenção”. “Ela viu que não estava certa nessa política de abandono que tentava instituir por puro preconceito. Minha mãe morou na mesma rua que eu por cinco meses e não foi me ver. Eu creio que essa reaproximação foi pela minha volta por cima, não pelos meus lindos olhos”. Sem apoio financeiro, a fase mais crítica aconteceu entre 2008 e 2009, um período sem shows. “Fiquei uns meses de penúria e sem jóias na caixa para emprenhar”. Foi quando no final do ano passado o “telefone não parava de tocar”. Os contatos queriam contratá-lo para o período de festas. Em busca de redenção, juntou poucos troca-

▶ Em dois momentos: acima, apadrinhado por Rita Lee e abaixo, no seu aniversário

ROTEIRO roteiro@novojornal.jor.br

dos e voltou a alugar hora em um estúdio musical. Os louros estão sendo colhidos. “O carnaval desse ano foi o que eu mais cantei. Tive 12 shows e todos muito bem pagos. Recebi com muita alegria porque já não lembrava mais o que era estar em cartaz semanalmente. Hoje faço de 8 a 10 por mês, mas me sinto realizado”. Um trabalho autoral não é cogitado, a menos que encontre um parceiro “bom letrista”. “Escrevo e termino rasgando ou amassando e pondo os textos no lixo. Não sei compor do jeito que gosto de ver as canções. Sei tocar violão, mas precisaria de mais experiência porque gosto de melodias ricas e difíceis”. Apesar de repetir que várias vezes durante a entrevista que só quer “o que for palpável”, Rodolfo Amaral tem pressa de chegar longe. “Estou na minha última juventude. Sei que há muita gente com espírito jovem, mas não é o meu caso. Quero aproveitar as oportunidades e estar focado no meu maior objetivo que é ser conhecido nacionalmente e chegar a fazer turnê fora do país. Estou em plena forma e me cuidando muito, pronto para isso. O que me falta é o que falta para quase todo mundo: grana”.

Os cuidados vão além do físico e interferem nas apresentações. Para interpretar músicas como ‘Non, je ne regrette rien’ e ‘Ne Me Quitte Pas’, de Edit Piaf, está estudando francês. Passou mais de 40 horas em estúdio para ensaiar outras músicas que compõe o repertório atual. Ele pode ser adaptado a shows com duração de duas ou três horas. A quem for prestigiá-lo, deve saber que vai encontrar um repertório como essas linhas publicadas que acabam de ser publicadas, numa sequência que “chega a assustar”. “As pessoas já me rotularam por acharem que tenho um estilo parecido com o de outros cantores como o Ney Matogrosso, mas na verdade tenho minha identidade. Também não preciso do sofrimento das grandes divas na hora de interpretar seus hinos. Faço isso com minha carga emocional que já é muito sofrida. Não preciso sentir dores dos outros”. Para ele, falar muito de si é incluir obras como ‘Raça’, de Milton Nascimento, para dar a energia necessária para abrir a noite. E, depois, seguir com ‘Manhãs de setembro’, de Vanusa; ‘Fera ferida’, de Roberto e Erasmo Carlos; ‘Bom dia, tristeza’, de Elis Regina; e ‘Preconceito’, sucesso na voz de Cazuza.

ENCONTRO EXPLOSIVO – 14 anos. SHREK PARA SEMPRE – Livre. CiCinemark: 22h25 (LEG). Moviecom: nemark: 12h15 - 14h25 - 16h40 22h00. 18h50 - 21h20 (DUB) Moviecom: 13h20 – 15h15 – 17h10 – 19h05 – 21h00 -14h20 – 16h15 – 18h10 – 22h00 (DUB)

CINEMA 17h30 – 19h45 – 14h45 – 17h00 – 19h15 – 21h30 (DUB). CARTAS PARA JULIETA – 10 anos. Cinemark: 12h10 - 17h20 (LEG). TOY STORY 3 – Livre. Cinemark: 11h05 - 13h35 - 16h05 - 19h20 - 21h50 (DUB). Moviecom: 13h00 – 15h15 –

PRÍNCIPE DA PÉRSIA - AS AREIAS DO TEMPO – 12 anos. Moviecom: 19h20 – 21h40 (LEG) 14h30 – 16h50 (DUB).

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ECLIPSE – 14 ANOS. Moviecom: 14h00 – 16h35 – 19h10 – 21h45 (LEG) 13h35 – 16h10 – 18h45 – 21h20 (DUB). Cinemark: 12h00 - 14h50 - 18h00 21h00 (DUB). 12h30 - 13h00 - 15h30 SHREK PARA SEMPRE 3D – Livre. - 16h00 - 18h30 - 19h00 - 21h30 - PLANO B – 12 anos. Cinemark: 15h00 Cinemark: 11h15 - 13h25 - 15h40 22h00 (LEG) 17h50 - 20h00 (DUB). 22h20 (LEG). - 19h55 (LEG).

MÚSICA A dupla de neossertanejos Valber e Victor sobe ao palco do Pitts Bar, o mais novo point da cidade. A música começa a rolar a partir das 20 horas. No Castelo Pub, a festa fica por conta da banda Orquestra Boca Seca, Mc Preguiça e o DJ Caxangá. As batidas do ska (reggae mais acelerado) começa a partir das 23h. O 1º Festival Cooperativista da Música fará sua final hoje com 12 candidatos, entre duplas e cantores solo. O concurso começa a partir das 19h e a entrada é gratuita.


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SELO DE QUALIDADE

TECNOLOGIA E INFORMAÇÃO COMPARTILHADAS

▶ Derossi Mariz, diretor da Engemática

/ PROTIC / CRIADO EM 2008, PROJETO ORÇADO EM 2 MILHÕES CONTRIBUI PARA A OTIMIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E ELABORAÇÃO DE DIAGNÓSTICO SETORIAL ALEXIS PEIXOTO DO NOVO JORNAL

O PROTIC FUNCIONA COMO UMA ESPÉCIE DE GERENCIADOR DO SETOR E TEM SIDO DE IMPORTÂNCIA FUNDAMENTAL PARA AS AÇÕES DA ANEINFO” Afrânio Miranda Diretor da Miranda Computação

MAGNUS NASCIMENTO / NJ

HÁ POUCOS ANOS, o setor empresarial de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no Rio Grande do Norte ainda engatinhava. Apesar de contar com empresas bem estruturadas e do bom potencial de negócios agregado ao setor, lojistas, técnicos e empresários ainda se viam perdidos diante das maneiras possíveis de crescer e explorar com sucesso um mercado dinâmico que se renova constantemente, tamanha é a quantidade de informações disponíveis na internet na velocidade de um clique de mouse. Na visão de muitos empresários, os últimos três anos trouxeram uma mudança radical no cenário – e pra melhor. Derossi Mariz, diretor da Engemática Informática e Tecnologia, empresa com 17 anos de atuação no mercado de desenvolvimento de software, venda de equipamentos e prestação de serviços, lembra sem saudades das dificuldades que ficaram para trás. “Antes as coisas eram meio ‘soltas’ no setor, não havia uma organização das empresas do setor, o que dificultava a troca de informações e, consequentemente o crescimento. Hoje, posso afirmar que crescemos bastante a tendência é só melhorar”, afirma. O empresário reconhece que boa parte dessa evolução do setor se deve as ações do Projeto de Tecnologia de Informação e Comunicação (Protic), iniciativa do Serviço Bra-

sileiro de Apoio Às Pequenas e Micro Empresas (Sebrae) voltada para empresas de informática, tecnologia da informação e comunicação. Criado em 2008, o Protic é uma iniciativa conjunta do Sebrae junto aos próprios empresários, que corresponde a um investimento total de R$ 2 milhões, entre recursos do Sebrae nacional e local e da rede de parceiros atuantes. O principal objetivo do programa é orientar e fortalecer o setor, por meio de ações que englobam cursos de treinamento, consultoria técnica e capacitação nas áreas de educação empreendedora, acesso à tecnologia e informação, políticas públicas e planejamento e fortalecimento da cultura de cooperação entre as empresas atuantes no segmento. Segundo o gestor do projgrama, Carlos von Sohsten, o início do projeto foi marcado pelo trabalho árduo, principalmente devido a fragmentação que o setor vinha enfrentando, sem dispor de dados concretos sobre o mercado na Grande Natal. Por isso um dos primeiros passos nas ações do Protic foi a elaboração do Diagnóstico Setorial das Empresas de Tecnologia da Informação da Grande Natal, verdadeiro raio-x da atuação das empresas no setor publicado pela editora do Sebrae em outubro de 2008. A pesquisa foi elaborada tendo em base 55 empresas atuantes na Grande Natal e contem dados aprofundados que englobam desde a característica dos negócios, identificado os aspec-

tos de comercialização dos produtos relacionados à tecnologia e informática, fazendo uma análise econômica e financeira das empresas, até o perfil dos empreendedores e um diagnóstico das dificuldades existentes no mercado atual. Tendo em mãos as informações sobre o funcionamento do setor, foi possível traçar os primeiros planos de ação do Protic. Com o apoio do Sebrae, os empresários participaram de missões tecnológicas ao Vale do Silício, na Califórnia, onde tiveram a oportunidade visitar empresas de renome internacional no setor de informática, e ao longo dos dois anos do projeto, participaram de 23 turmas de cursos de consultoria técnica e 85 eventos e palestras destinados à troca de informações e esclarecimento com nomes importantes no setor de informática do Brasil e do mundo. “O diagnóstico das empresas foi de grande ajuda para que a gente pudesse definir as bases do trabalho, ter uma noção da realidade econômica desse setor para começar a definir as ações do Protic”, aponta. “O resultado é que hoje podemos dizer que o RN tem um setor de TI bem mais dinâmico e organizado do que há três anos”. Os resultados podem ser percebidos nos números. Entre o período que vai do início do Protic, em 2008, até dezembro de 2009 o setor de TIC da Grande Natal conseguiu agregar um crescimento de 21% no faturamento de 12% nos números de postos de trabalho.

Uma das ações que ajuda a explicar os resultados positivos é a criação do selo Informática Legal da Associação Norte-Riograndense das Empresas de Informática (Aneinfo). Criado pela Aneinfo com apoio técnico do Sebrae, o selo é um reconhecimento às empresas do segmento de informática que apresentam bom desempenho nos padrões de conduta e respeito ao consumidor, além de fornecer produtos e serviços de qualidade. Em 2009, primeiro ano em que o selo foi concedido 11 empresas já passaram pela avaliação da Aneinfo e foram agraciadas com o selo Informática Legal. Para o presidente da Aneinfo e diretor da Miranda Computação, Afrânio Miranda, a criação do selo e o apoio técnico do Protic impulsionaram o mercado de uma forma até então inédita, alertando os empresários para itens essenciais que muitas vezes passavam despercebidos. “O selo fez com que as empresas se organizassem mais e passassem a ter mais consciência da importância de alguns valores empresariais como missão, objetivo”, aponta. Miranda também ressalta o papel aglutinador que o Protic exerceu no setor. De acordo com ele, o programa foi de grande ajuda para concretizar as ações da Aneinfo, o que tem gerado conquistas importantes junto ao poder público, como o recentemente anúncio por parte do Governo do Estado para a redução do valor agregado do ICMS em produtos de informática, que de 30% passou a 15%. “O Protic funciona como uma espécie de gerenciador do setor e tem sido de importância fundamental para as ações da Aneinfo”, aponta.

REDE DE INFORMAÇÕES

Além de fortalecer as ações de organizações já existentes, como a Aneinfo e a da secção regional da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia e Informação (Assespro - RN) o Protic também serviu de plataforma para a criação de outras redes ligadas ao setor de TI, como o Sindicato das Empresas de Tecnologia de Informação do RN e a cadeia de lojas Inteligência Digital. Essa última, criada em 2007 a partir de trabalhos de consultoria realizados pelo Protic, já é considerada a maior rede de lojas de informática do Nordeste, com 13 empresas componentes e 17 lojas físicas distribuídas entre os estados do RN, Ceará e Piauí. Segundo o empresário Derossi Mariz, diretor da Engemática Informática e Tecnologia, uma das empresas participantes da rede, agraciada com o prêmio MPE Brasil na área de Tecnologia da Informação e Informática em 2009, a ideia é que a Inteligência Digital funcione como uma franquia de lojas interligadas, como um padrão de referência ao consumidor. Para definir as ações, planos e estratégias de mercado, os representantes das empresas que compõem a rede se reúnem trimestralmente em encontros de troca de informações e ideias. “O mundo hoje é globalizado. Então quando mais conhecimento você agregar, melhor vai estar preparado para entender o mercado e crescer dentro dele”, destaca Mariz, que calcula ter experimentado um crescimento de pelo menos 30% desde a criação da rede.

RUMO A EXCELÊNCIA

A consultoria técnica do Protic também foi de vital importância para que cinco empresas de TI do RN pudessem dar entrada no processo de avaliação para obter o selo de qualidade de Melhoria de Processamento do Software Brasileiro (MPS.BR), modelo de referência para o desenvolvimento de software para pequenas e médias empresas do Ministério da Ciência e Tecnologia. O selo, que tem como base as normas do ISO/ IEC 1227 e ISO/IEC 15504, representa uma grande vantagem para as empresas brasileiras, já que tem peso equivalente à avaliação internacional do CMMI, selo internacional das empresas de informática, mas com a vantagem do custo reduzido em relação às normas estrangeiras. Para Alexandre Carvalho, diretor da NatalSoft uma das empresas potiguares de desenvolvimento de software que está concluindo a avaliação, a certificação do MPS.BR representa um ganho para todos os envolvidos no mercado. “Ganha a empresa, que tem a qualidade reconhecida pelos parâmetros internacionais e ganha o consumidor que passa a ter a certeza de estar utilizando um serviço de qualidade. E sem dúvida, as ações do Protic têm grande peso nisso”, aponta.


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