11-07-2010

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Ano 1 / N°197 / Natal, DOMINGO, 11 de julho de 2010 04

RODA VIVA

RIO GRANDE DO NORTE VAI CRESCER MENOS DO QUE A MÉDIA DO NORDESTE

Xeleleuzinho

09

O blog que surgiu na disputa municipal passada e apostou no humor político está perdendo a credibilidade e a graça. A ironia deu lugar ao “patrulhamento”. Hoje, ainda apócrifo, responde ação judicial e coleciona críticas.

O BLOG DE

DNA ANÔNIMO 02

CIDADES

ÚLTIMAS

CAMPANHA NA RUA / ELEIÇÕES / CANDIDATOS AO GOVERNO E AO SENADO ESCOLHEM MERCADOS PÚBLICOS PARA DAR INÍCIO À CAMINHADA EM BUSCA DE VOTOS; ROSALBA VISITA A CEASA EM LAGOA NOVA E CONVERSA COM ATACADISTAS E CARLOS EDUARDO, A FEIRA DO ALECRIM AUGUSTO RATIS / NJ

▶ Senadora Rosalba Ciarlini (DEM) cumprimenta comerciantes na Ceasa

WALLACE ARAÚJO / NJ

▶ Carlos Eduardo (PDT) visita feira do Alecrim e conversa com jornalistas

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ESPORTES

/ PAULO VINÍCIUS COELHO /

MUNDO CONHECERÁ

Se a Espanha, que joga bonito, não sofrer gol hoje, terá a segunda melhor defesa da história dos campeões.

NOVO DONO DA BOLA Ao fim da partida de hoje em JJohannesburgo, oh o mundo conheceráá um campeão mundial inédito. O Os emergentes são a Holanda de Sn Sneidjer e a Espanha, atual campeã eeuropéia, u do artilheiro Villa. Ambas c chegam com ótimo desempenho. CAETANO BARREIRA / FOTOARENA / FOLHAPRESS

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EMPREENDER

GESTÃO, A NOVA ONDA DO ALECRIM Pequenas e médias empresas do Alecrim fazem revolução silenciosa: a mudança na forma de gestão. 07

ECONOMIA

SEU DORE E UM SONHO POTIGUAR Aos 85 anos, o fundador dos refrigerantes Dore diz que é a CocaCola que deve se preocupar com ele.

ESPORTES, 15

/ TOSTÃO /

ROBERTO SCHMIDT / AFP / GETTY IMAGES

IVAN CABRAL

WWW.IVANCABRAL.COM

Hoje é a grande final da Copa da África. Vou torcer para a Espanha, que joga mais bonito. ESPORTES, 16

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ESPORTES

BOLEIROS do Novo Jornal Adriano de Sousa, Carlos Magno Araújo, Rafael Duarte, Ivan Cabral e Carlos Fialho jogam seu olhar diferente, e muitíssimo particular, para a finalíssima de hoje.


Últimas 2

Editor Marcos Bezerra

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/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 11 DE JULHO DE 2010

ROSALBA FAZ CORPO A CORPO NA CEASA

/ CASO BRUNO /

PAI QUER ENTERRO DE ELIZA EM FOZ DO IGUAÇU O PAI DE Eliza Samudio, Luis Car-

/ CAMPANHA / CANDIDATA DO DEM PERCORRE A CENTRAL DE DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS DANDO INÍCIO À CORRIDA PELO GOVERNO DO ESTADO

AUGUSTO RATIS / NJ

coligação Força da União, senadora Rosalba Ciarlini (DEM), começou a fase do corpo a corpo da campanha eleitoral na Ceasa, localizada no bairro de Lagoa Nova em Natal. Acompanhada do seu vice na chapa, o deputado estadual Robinson Faria (PMN), a ex-prefeita de Mossoró percorreu boa parte dos boxes e falou com os permissionários de mercado livre nas primeiras horas da manhã de ontem. Além de reunir comerciantes de todo o Rio Grande do Norte, a Ceasa congrega também vendedores de outros Estados brasileiros. Esse foi o motivo pelo qual a candidata do DEM escolheu iniciar ali a corrida eleitoral. “Aqui o Estado inteiro se converge e também tem uma coisa muito interessante que é força de trabalho local, a agricultura familiar. E o que nós procuramos é trabalhar junto com as forças produtivas”, afirmou Rosalba Ciarlini. A candidata chegou à Ceasa por volta das 6h. Calçada com um tênis branco - para facilitar a caminhada nos mais de 76 mil metros quadrados da Central de Abastecimento - e com uma blusa cor de rosa, sua marca pessoal, Rosalba Ciarlini entrou em câmaras frias, subiu em escadas de madeira no intuito de convencer o eleitor. Ela também foi agraciada com um pedaço de abacaxi descascado pelo vendedor, uma bisnaga de mel de abelha e cafezinhos. Aos poucos seus aliados chegaram para seguir na peregrinação entre as frutas, verduras e legumes. Os candidatos à reeleição

A CANDIDATA DA

▶ Junto ao vice Robinson Faria (PMN), Rosalba Ciarlini conversou com comerciantes e ouviu suas reivindicações no Senado, José Agripino Maia (DEM), e na câmara federal, Felipe Maia (DEM), acompanharam Rosalba Ciarlini bem de perto. Pouco depois foi a vez do senador e candidato Garibaldi Filho (PMDB) integrar o grupo da candidata Rosalba Ciarlini. Outros candidatos da chapa proporcional também acordaram cedo para acompanhá-la no corpo a corpo. A falta de espaço da Ceasa foi problema mais comum relatado pelos comerciantes nas conversas com os políticos. “A gente passa aqui quase 40 minutos para poder estacionar o carro. Acho que o pessoal deveria investir nisso”, opinou o comerciante Jaime Jair de Medeiros abastece o seu estabelecimento em Parnamirim com

alimentos da Ceasa. Segundo ele e muitos outros frequentadores da Central, a Ceasa poderia ser ampliada contando com o terreno vizinho do Caic. A candidata mossoroense deu um rápido prognóstico do que viu e ouviu como reivindicações: “observei que as principais necessidades são o espaço, estacionamento, segurança também, organização em geral”, comentou, ao final da sua caminhada pela Ceasa. Rosalba não deixou de reforçar a necessidade de apoio, mesmo para os eleitores que estão do seu lado. “O jogo está começando bem. A gente não pode baixar a guarda”, disse ao apertar a mão de um comerciante. No clima de feira livre, a candidata também retri-

buiu os gritos de apoio de vinham de comerciantes mais distantes. No caminho, a senadora também encontrou eleitores que declaram francamente votariam em outros candidatos.

AGENDA DA CANDIDATA

Domingo 9h – Reunião com o Marketing 13h – Almoço com Caniné Alves no Maison Recepções em Natal 18h – Visitas a Arraias da Capital

/ DEFESA /

PT convida ex-ministro do TSE para cuidar de ações contra Lula

Sônia e à advogada Maria Lucia Borges, em de Foz do Iguaçu (PR). No aeroporto, Sônia disse emocionada que está experimentando dois sentimentos: a dor pela perda da filha e a felicidade de encontrar o neto. “O meu neto é uma criança muito tranquila, um pedacinho da minha filha”. Sônia permanecerá quatro dias em Campo Grande para o tratamento de saúde do bebê que está com bronquite e não revelou onde ficará hospedada. Após a recuperação da criança, ela viajará para Anhanduí (50 km de Campo Grande), onde mora com o marido e um filho de 12 anos. Ela falou que não continuará morando no mesmo local. A avó afirmou que manterá o nome do “suposto pai” na criança para respeitar a escolha de Eliza, mas está orando muito para o jogador Bruno não ser o pai. Ela não pretende pedir pensão alimentícia: “Seria muito difícil explicar para o meu neto o que aconteceu com a mãe”.

/ OPERAÇÃO /

POLÍCIA PRENDE CINCO E APREENDE 41 ANIMAIS e 41 animais silvestres foram apreendidos em operação realizada pela polícia militar ambiental durante a manhã de ontem nas feiras livres de Macaíba e do Alecrim. Entre os animais estavam aves de espécie papa-capim, galo-campina e bigode. A operação foi deflagrada com o objetivo de reprimir a prática de comercialização de animais silvestres. A operação foi deflagrada às 5h30 e durou duas horas. Foram presos em flagrante os comerciantes John Anderson Nunes de Araújo, 27, Enildo Carvalho, 42, José Alberto, 57, Walter Junior, 51, Antonio Santos Pereira, 51. Eles foram encaminhados para a Dele-

CINCO FORAM PRESOS

gacia de Plantão da Zona Sul onde foram autuados. Eles podem pegar de seis meses a um ano de prisão e terão de pagar multa. De acordo com o tenente Marcelo Queiroz, os animais foram levados à Companhia de Meio Ambiente no Parque das Dunas (Cipam). “Eles serão levados ao Ibama, onde serão readaptados e soltos posteriormente”, explica Queiroz, chefe da operação. A data da soltura dos animais será definido pelo próprio Ibama. Quem quiser denunciar o tráfico e a comercialização de animais silvestres pode entrar em contato com a polícia ambiental pelos números 190, 3201 3985 e 3232 7549.

/ PAQUISTÃO /

NELSON JR. / ASICS / TSE

FOLHAPRESS DISPOSTO A INTENSIFICAR a presen-

ça do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos eventos da campanha presidencial de Dilma Rousseff, o PT procurou o ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) José Gerardo Grossi para cuidar de futuras ações na Justiça Eleitoral que envolvam o petista. O convite para Grossi defender Lula partiu do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), amigo pessoal do presidente. A ideia é que ele trace uma estratégia que possa burlar possíveis multas. Petistas avaliam que, diante do trânsito do ex-ministro na Corte Eleitoral, ficará mais fácil entender qual conduta os ministros esperam do presidente na disputa eleitoral.

los Samudio, 43, disse que aguarda a polícia mineira encontrar o corpo da filha para providenciar o enterro em Foz do Iguaçu (PR), onde ela morou. “Se acharem um pedaço dela, vou trazer. Vou providenciar um enterro digno, colocar uma laje com o nome, perto da nossa família, onde ela nasceu”, afirmou. Samudio diz considerar o goleiro Bruno Fernandes “um monstro”. Pequeno empresário da construção, tem seis filhos com cinco mulheres. Os dois mais novos moram com ele. Samudio foi acusado, em 2003, de estuprar uma filha, então com dez anos. Recorre da sentença em liberdade. Para ele, o fato de a sentença ter repercutido na imprensa influenciou a Justiça a tirar dele o filho de Eliza, de cinco meses. Na sexta-feira, depois de obter na Justiça a guarda do neto, a mãe de Eliza Samudio, Sônia de Fátima Moura, desembarcou em Campo Grande (MS), na sexta-feira. A criança foi entregue à

▶ Ex-ministro do TSE, José Gerardo Grossi fará a defesa de Lula contra ações O presidente recebeu até agora seis multas neste ano por propaganda eleitoral antecipada em favor de Dilma -as punições somam R$ 42,5 mil. O TSE ainda analisa outras quatro representações que passam por suposto uso

da máquina pública e antecipação de campanha, além de um recurso do presidente contra uma multa de R$ 900 mil aplicada em 2006, quando disputava a reeleição. “O presidente não pode ser excluído da campanha. Recebi o con-

vite e estou me inteirando da situação para definirmos algumas medidas”, disse Grossi. O novo advogado do presidente Lula não quis avaliar a aplicação das multas, mas reconheceu que o TSE está mais rígido. “O tribunal está mais atuante, mais rápido e também mais rigoroso.” Apontado como um dos integrantes da elite da advocacia no DF, Grossi atua na defesa do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), réu do mensalão mineiro, e foi responsável pelo início da defesa do ex-governador do DF, José Roberto Arruda, acusado de chefiar o mensalão do DEM, mas depois abandonou o caso. Segundo o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo, foi oferecido um contrato, mas Grossi recusou e fará a defesa de graça.

ATAQUE SUICIDA FAZ 102 VÍTIMAS FOLHAPRESS

mortos pelo ataque suicida ocorrido na sextafeira no Paquistão subiu para pelo menos 102 ontem. O movimento Tehrik-e-Taliban Pakistan (TTP), que reúne várias facções talebans do país asiático, assumiu a autoria do ataque na região de Mohmand, perto da fronteira com o Afeganistão. De acordo com o TTP, o ataque foi dirigido contra a administração política por que ela tinha convocado uma “jirga” ou conselho de paz “antitaleban”, segundo a imprensa paquistanesa. O atentado foi o que dei-

O NÚMERO DE

xou mais mortos no país desde um ataque a um supermercado em outubro, que matou 105. Cinco crianças, entre 5 e 10 anos, e muitas mulheres estão entre os mortos. O índice de vítimas subiu, hoje, depois que as equipes de resgate que trabalharam durante a noite encontraram mais corpos. O homem-bomba explodiu na frente do escritório de Khan. Além disso, relatórios dão conta de que uma bomba em um carro foi a fonte de uma possível segunda explosão. As forças de segurança paquistanesas lançaram, em 2008, uma grande operação contra a insurgência taleban.


Política

Editor Viktor Vidal

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NATAL, DOMINGO, 11 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

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PACATO CIDADÃO

/ ROTINA / EX-PREFEITO CARLOS EDUARDO, CANDIDATO AO GOVERNO DO ESTADO, REVELA HÁBITOS DISCRETOS EM SEU COTIDIANO FOTOS: WALLACE ARAÚJO / NJ

DINARTE ASSUNÇÃO DO NOVO JORNAL

ERAM 6H43 DA

sexta-feira passada quando, na Praia do Meio, se ouviu um transeunte anunciar: “Lá vem o governador!”. Não era Iberê Ferreira de Sousa (PSB) quem caminhava de short curto, de cor laranja, uma camiseta branca e tênis camurça. Com a desenvoltura de quem se exercita três vezes por semana há muito tempo, Carlos Eduardo Alves, 51, avançava pelo calçadão com constantes pausas para receber os cumprimentos que partiam de todos os lados, sempre iniciados com o vocativo de prefeito ou governador. Nem um, nem outro. Candidato ao Governo do Estado pelo PTB, o advogado, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Natal está acostumado ao assédio nas ruas e o administra ora com cordiais saudações, ora com uma saída evasiva. Possui igual habilidade para conversar e sabe compor naturalmente a própria fotografia, como bem se observou quando se posicionou diante da objetiva da câmera para eternizar as impressões que queria transmitir. “Mostro para as pessoas aquilo que sou”, disse mais tarde. E o que as pessoas contam a respeito do homem que se propõe a governar o Rio Grande do Norte a partir de 2011, caso vença o pleito de outubro, se resume em dois adjetivos: simpático e reservado. “Isso mesmo. É saber a hora de entrar e saber a hora de sair”, confirmou Alves. A discrição foi herdada por quem cresceu numa atmosfera familiar política e por quem mais tarde aprendeu, na redação do jornal Tribuna do Norte, a não comentar tudo que ouvia e guardar para si informações dos textos que revisava. Isso lhe rendeu a referência de homem sério, confundido por vezes diversas por sisudo. Carlos Eduardo não é de círculos sociais, eis aí o motivo porque a maioria de suas aspas e imagens serem praticamente irmãs siamesas das editorias de política: coluna social não é sua praia. Não fosse a biografia política, Carlos Eduardo poderia ser comparado a um pacato cidadão de classe média. Adepto do café da manhã em família, ele se reúne à mesa antes das 8h com a esposa, a empresária Andréia Ramalho Alves, e a filha Sofia Celina, 4. Não gosta de cafeína, prefere vitamina e tapioca com queijo. O paladar do ex-prefeito de Natal, aliás, é bem apurado. Costumeiramente janta ou almoça fora, com a família ou com aliados correligionários. Frequentador dos restaurantes Camarões e Guinza, ambos na Zona Sul da capital, adora frutos do mar. Não dispensa o peixe tropical – com molho de manga e gergelim – e arroz com brócolis, servido no Camarões; e o sushi do Guinza que lhe enche a boca d’água, feito pela equipe do maître Teonis Antonio da Silva, 47. Sem restrições a temperos, Carlos Eduardo diz comer de tudo. Não será surpresa, portanto, se nessa campanha eleitora ele se sentar à mesa para comer buchada de bode no Trairi ou vaca atolada no Seridó.

▶ Parada para cumprimentar populares

▶ Carlos Eduardo caminha no calçadão da Praia do Meio

NO SILÊNCIO, UMA RESPOSTA Os ponteiros do relógio marcavam 7h23 da manhã da sextafeira quando Carlos Eduardo e a reportagem do NOVO JORNAL terminaram o calçadão da Praia do Meio, na altura do Complexo Chaplin. Ele não caminha portando garrafinhas de água – mais prático consumir água de coco. Mesmo depois de percorrer quase dois quilômetros e meio – e ter de refazer o percurso em sentido contrário, pois deixara o carro na Praia do Forte – Carlos Eduardo demonstrava serenidade e ne-

nhum cansaço físico. Pela primeira vez desde que foi abordado em sua caminhada ele se calou. A brisa que soprava do mar agitava a cabeleira, que começa a rarear cada vez mais, e foi possível então perceber que em breve ele irá com menos freqüência ao salão da cabeleireira Nalva Melo. Apoiado com as mãos no joelho e inclinado para frente, Carlos Eduardo parecia refletir sobre si próprio. Interrompeu o breve silêncio para falar justamente sobre isso.

▶ Maître Teonis da Silva mostra a mesa preferida de Carlos no Guinza

“É preciso falar nas horas certas. Calar-se também. Mas é preciso nunca perder a capacidade de indignação e banalizar tudo, como se muita coisa que acontece fosse normal”. O ex-prefeito de Natal estava fazendo menção ao seu posicionamento adotado contra a atual administração na polêmica envolvendo o Parque da Cidade, ocasião em que seu discurso foi ferino à prefeita Micarla de Sousa. Foi a única menção política de tom crítico feito a terceiros.

▶ Oziel, do Camarões

REQUINTE NOS HÁBITOS GASTRONÔNICO E LITERÁRIO Não é um homem de manias, mas mantém alguns hobbies. Um deles, e talvez o principal, diz respeito à suas visitas semanais feitas às livrarias Siciliano do Natal Shopping e do Midway Mall. Na primeira, ele adquire exemplares da revista Recreio para Sofia. Folheia alguns livros, compra outras revistas e sai. No Midway ele se detém na seção de biografias. É fascinado pelas histórias dos homens públicos e citou, quando questionado sobre quem lhe inspira, Jucelino Kubichek e Leonel Brizola. Os funcionários de ambas as livrarias relatam outro aspecto de sua personalidade: Carlos Eduardo é objetivo. Ele chega com sua cordial educação faz as perguntas necessárias, retira das estantes os

exemplares que convém, compra-os e sai. Tudo leva em média 40 minutos. O vendedor Adriano Carvalho recorda que da última vez em que o viu, ele saiu da Siciliano com a biografia do presidente francês Nicolas Sarkozy. A mesma objetividade ele leva aos restaurantes, mas Alves não se faz passar por despercebido quando se senta para cear. Se na livraria ele é ocultado pelos volumes de livros, nos jantares, sobretudo no Guinza, ele ocupa as mesas mais visíveis do espaço principal. Nesses ambientes, registre-se, Carlos Eduardo mantém manias peculiares. No Camarões, não come na área externa e só senta às mesas de canto e de geometria circular. No Guinza, as prefe-

ridas são as quadrangulares, que ocupam o espaço central. Ele só visita as mesas de canto quando o seu pai, Agnelo Alves – o qual sempre se senta numa mesa discreta – está no lugar. Nessas ocasiões, quando pai e filho se encontram, os dois conversam por 40 minutos na mesa do patriarca. Na hora de comer, Carlos Eduardo volta para os holofotes do salão principal. Adepto da boa forma, embora esteja com sobrepeso, ele bebe moderadamente – toma uísque oito anos (Red Label ouWhite Horse) – e não fuma. Entretanto faz reuniões políticas na tabacaria do restaurante Guinza, de onde não sai sem deixar uma gorjeta considerável para a equipe que o serviu.

PERFIL

Carlos Eduardo Nunes Alves é carioca radicado em Natal desde os dois anos de idade. Morou e cresceu nos bairros de Tirol e Petrópolis, época em que se recorda sair às ruas de Natal para as festinhas nas casas dos amigos e voltar lá pelas três da madrugada. “O único receio que tínhamos naquela época era correr por causa dos cachorros nas ruas”, relembra sob o sol das 7h04 com um sorriso largo e com um olhar distante. Em casa, acostumouse a política e jornalismo materializados nas rodas de conversas do pai, Agnelo Alves e amigos correligionários. “Minha vida era política em casa e jornalismo nas férias escolares, porque eu me enfiava na redação da Tribuna do Norte”, relembra o advogado. Quando a vocação para a vida pública aflorou ele decidiu-se por ingressar na faculdade de Sociologia da UFRN, a qual abandonou para estudar pela de Direito. Corria a década de 1980 quando ele deixou Natal e voltou para o Rio de Janeiro. Cursou Direito na Faculdade Católica Santa Úrsula e voltou para a capital do estado, onde começou militância política. Em 1986, foi eleito deputado estadual pelo PMDB. Permaneceu na Assembleia Legislativa por quatro legislaturas. Em 1996, se licenciou da AL para assumir a Secretaria Estadual do Interior, da Justiça e da Cidadania. Só em 2000 é que teve sua primeira projeção no poder Executivo, sendo vice-prefeito de Natal na chapa encabeçada por Wilma de Faria (PSB), que, renunciando um ano e meio depois para pleitear o Governo do Estado, cedeu-lhe o comando da capital do estado. Reeleito em 2004 para continuar no Palácio Felipe Camarão, Carlos Eduardo terminou seu mandato com vistas ao pleito desse ano. É casado com a empresária Andréia Ramalho Alves e pai de Carlos Eduardo, de cinco meses, Sofia Celina, 4 e Maria Eduarda, 12.


Opinião 4

Editor Franklin Jorge

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/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 11 DE JULHO DE 2010

Editorial Costeira meia-boca ▶ rodaviva@novojornal.jor.br

ORAR SEM SUAR

No fim dos anos 70, quando o Rio Grande do Norte assistiu a morte e o sepultamento da cultura do algodão, base de sua economia, o sofrimento do recomeço terminou atenuado pela perspectiva de diversificação, com uma oferta real de proteção permanente à população contra uma nova crise que imobilizasse toda a economia. Dessa maneira, a velha cultura da cana de açúcar, implantada há mais de cem anos em Ceará-Mirim e Goianinha, foi redimensionada, enquanto outras atividades foram sendo implantadas. Foi assim que surgiram as culturas extensivas de caju (lançando a castanha como produto de exportação), o início da fruticultura irrigada e a criação de camarão no cativeiro. De uma hora para outra, o peso do algodão foi sendo substituído pela exportação de melão, banana, mamão, manga e castanha de caju, além do camarão e pescado, que substituíram a lagosta que foi rareando e perdendo expressão. Sem falar no redimensionamento da indústria salineira depois de ter o seu parque mecanizado e da solução do problema do transporte pelo porto-ilha de Areia Branca. Na área industrial, o setor têxtil, aqui localizado pela tradição do algodão Seridó que desapareceu, viu o surgimento de uma nova riqueza: o petróleo. Com esse cenário econômico, nosso Rio Grande do Norte vinha conseguindo atravessar sem maiores traumas as cíclicas crises que foram se amiudando, mas sem conseguir atingir um número significativo. Mas esse quadro favorável – infelizmente – começa a emitir sinais de que está mudando. Ultimamente estabeleceu-se um verdadeiro efeito dominó a partir de crises localizadas e na redução da nossa presença em vários itens. O Rio Grande do Norte já perdeu a condição de maior exportador de melão e banana e o movimento de camarão vem sofrendo sucessivas baixas. Por último, o setor sucroalcooleiro, que vinha conseguindo administrar suas dificuldades, parece diante de um impasse. A demissão de 609 empregados da usina São Francisco de Ceará-Mirim, se soma aos dois mil desempregados nas plantações de banana e outro tanto na cultura de melão, tudo isso nos últimos anos. Como ainda não conseguimos externar uma reação à sucessão de infortúnios, voltamos à antiga posição temerária de quem decide acondicionar todos os ovos produzidos do seu aviário numa mesma cesta e esta enfrenta um imprevisto. A crise termina chegando a todos.

A FALTA QUE FAZ

O reaquecimento do setor de construção civil em Natal está fazendo retornar um problema que parecia esquecido: a dificuldade de suprimento para atender as novas necessidades na nova dimensão. Começando pela compra de cimento, sem haver mais a alternativa de aquisição direto da fábrica. Uma atitude que está vogando para tudo que é material de construção. Na área de mão de obra só não falta candidato a peão. A mão de obra qualificada não atende a demanda.

Não assinei documento nenhum, porque não tem documento a ser assinado. Eu apenas rubriquei”

WILSON DIAS / ABr

DUPLA TRIBUTAÇÃO

Em Natal o contribuinte é condenado a pagar por um serviço mesmo quando este não é oferecido pelo Poder Público. Isso está acontecendo com uma grande empresa. Como a Urbana não faz remoção do lixo em sua fábrica no Distrito Industrial, a Confecções Guararapes provou que contratou uma empresa especializada para prestar o serviço. O Tribunal Administrativo de Tributos Municipais entendeu que a Taxa de Limpeza Pública deve ser cobrada mesmo quando o serviço não é prestado. Ou seja: mesmo pagando para ter o serviço, o contribuinte é obrigado a pagar a taxa. É a jurisprudência criada na cobrança da Taxa de Iluminação Pública.

JOGO RÁPIDO

NA MESMA CESTA

A cidade do Natal, marcada por altas temperaturas, está ganhando um primeiro templo católico com ar condicionado. Já foram iniciados os serviços para instalação do sistema na matriz de Bom Jesus das Dores, no bairro da Ribeira. Ponto para o pároco, padre José Mario.

DA CANDIDATA DILMA ROUSSEFF SOBRE MUDANÇA NO SEU PLANO DE GOVERNO ENCAMINHADO À JUSTIÇA ELEITORAL.

DEDO DURO Para discutir as bases de uma rede de comunicação e inteligência em Natal, a Câmara Municipal, promove na manhã desta segunda-feira uma audiência pública para envolver hotéis, pousadas, taxistas, condomínios e a polícia. É o projeto Dedo Duro.

QUEBRA DE COMPROMISSO

Quando a Assembleia discutia o remanejamento dos recursos orçamentários do Estado, o governador Iberê Ferreira de Souza assumiu o compromisso com a prefeita Micarla de Sousa de liberar R$ 8 milhões para reinício das obras do programa Pró Transporte na Zona Norte de Natal. Já passou um mês e nada.

GAROTA PROPAGANDA

Roberta Sá, a nossa cantante de música popular brasileira de maior sucesso, inclusive na Europa, está iniciando uma nova carreira, meio que na maciota. Depois de estrelar uma campanha nacional da etiqueta Arezzo, Roberta vai estar numa regional, da Construtora Moura Dubeaux, com fotos com locação em Natal, que será lançada agora, depois que a Copa terminou para nós; enquanto ela brilha na Europa.

A Walmart pretende inaugurar a sua nova loja no Rio Grande do Norte, com a bandeira “Maxxi” que atuará no atacado e tendo como público alvo o pequeno comerciante, dia 1º de dezembro. Localizada em terreno vizinho ao Parque de Exposições de Parnamirim, representará investimento de R$ 25 milhões e será construída em menos de 150 dias.

2ª UPA

Segundo uma fonte da prefeitura, só quem está tentando impedir a construção da UPA da Cidade da Esperança é a representante da ex-governadora Wilma de Faria no bairro, Amália Freire, que foi presidente do Conselho da Mulher e foi derrotada na eleição do Conselho Comunitário. Micarla conta com o apoio explícito de 18 entidades distintas, inclusive as quatro escolas do bairro.

POSSE E MEDALHA

O Dia do Comerciante será duplamente comemorado nesta segunda-feira, com a posse do empresário Marcelo Fernandes de Queiroz para novo mandato (2010/2014) como presidente da Federação do Comércio e a outorga da Medalha do Mérito Jessé Freire. O evento está programado para o Olimpo Recepções.

RN NA RABEIRA Segundo estudo publicado na revista Nordeste Econômico, o nosso Rio Grande do Norte continuará ocupando os últimos vagões do trem de desenvolvimento do Nordeste, com uma taxa de crescimento abaixo da média nacional (crescimento de 6.50%) este ano e inferior à média de crescimento do Nordeste (6.70%). Pela atualização feita, o Rio Grande do Norte cresce este ano 6.05%, enquanto Pernambuco crescerá 7.12% e o Ceará, 6.77%. A previsão para o próximo ano também coloca o Rio Grande do Norte com 4.57% , abaixo da média regional que deverá atingir 5.10%. * Este quadro se torna mais doloroso quando se examina que a economia mais raquítica não consegue acompanhar as mais robustas, aumentando a desigualdade regional.

NOSSA REGIÃO

Na divisão do Brasil em quatro regiões feita pela FIFA para acomodar os jogos da Copa do Mundo de 2014, Natal ficou no grupo formado com as cidades do Recife e Fortaleza.

ZUM ZUM ZUM ▶

A Academia Norte-riograndense de Letras publicou edital abrindo inscrições para preenchimento da cadeira de Dom Nivaldo Monte. ▶ O ministro Aldemir Cregolin, da Pesca, visita o Terminal Pesqueiro, com o governador Iberê, nesta segunda. É a obra mais visitada da paróquia. ▶ Daniel Cabral volta à TV Ponta Negra e assume a gerência de jornalismo.

A prefeita Micarla de Sousa inaugura, nesta segunda-feira, a nova Creche Kátia Fagundes em casa alugada. A sede própria foi derrubada para a Fifa ver. ▶ A Veja desta semana elogia um comunista: “Aldo Rebelo produziu um código florestal de bom-senso”. ▶ Sugestão do jornalista Rubens Lemos para a o nome da bola da Copa de 2014: “dispensani”. De dispensa de licitação.

▶ Tertuliano Pinheiro assumiu a Secretaria de Turismo na sexta-feira e na segunda estará em São Paulo, com seu antecessor Soares Júnior. ▶ Depois da Feira do Alecrim, no sábado, Carlos Eduardo começa a segunda-feira na Feira das Rocas. ▶ Domingo no Praia Shopping tem o cavaquinho e o bandolim de Alexandre Moreira. Na segunda, a voz de Edja Alves.

▶ O Grupo Escolar Mascarenhas Homem foi inaugurado há 75 anos, classificado como “Escola Rudimentar”. ▶ A Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República reúne prefeitos em Natal, nesta segunda-feira, para apresentar a programação do PAC 2. ▶ Alzinete Nunes de Carvalho foi reeleita presidente do Conselho Regional de Enfermagem.

O grave acidente que matou um taxista na quinta-feira passada, logo nas primeiras horas da manhã, e deixou ao menos dois feridos, foi numa Via Costeira já totalmente “ampliada”. Trata-se do acidente mais grave dos últimos anos na capital, com três veículos envolvidos, incluindo um caminhão, todos completamente destruídos. A Via Costeira está muito mais insegura, constatação a que se chega não apenas por causa desse grave acidente. Faltam, por exemplo, vias de escape. No caso de interdições, ainda que momentâneas, ocorre o que se viu no dia do acidente. Forma-se logo o engarrafamento – e os veículos que por ali trafegam ficam impedidos de seguir em frente ou de retornar. A tão aguardada duplicação da Via Costeira – que nada mais é do que seu alargamento – demorou para começar por causa de uma pendenga envolvendo poder público e ambientalistas. Uma das causas, o que fazer com alguns coqueiros. Essa dúvida, que destino dar a algumas dezenas de coqueiros plantados nos canteiros, parou essa cidade e atrapalhou a obra, que seria para melhorar o fluxo de veículos. Iniciado o serviço, depois de finalmente removido os empecilhos, viu-se que a bela Via Costeira tornou-se mais perigosa ainda, com curvas sinuosas, poucos pontos de ultrapassagem, apesar de um tráfego bem mais movimentado, uma vez que encurta o caminho de quem, pela Zona Sul, precisa alcançar a região central da cidade. Há críticas de motoristas e mesmo de equipes de socorro que denunciam a dificuldade de ação quando, por exemplo, precisam atuar num trabalho de resgate. Coincidentemente, este NOVO JORNAL esteve na Via Costeira um dia antes do acidente, à noite, para mostrar como o poder público concorre para promover a insegurança naquela área. Desde o mês de maio, um trecho que compreende um quilômetro e meio, nas proximidades do Hotel Serhs, um dos mais luxuosos da Via Costeira, encontra-se em completa escuridão. Os postes, apagados, embora novos, dificultam a visão dos motoristas e concorrem para o risco de acidentes. É um desrespeito para quem precisa fazer uso do trecho, e não somente os “nativos” - principalmente para os turistas, os que usam a avenida com mais regularidade. Não bastassem os problemas de iluminação, o calçadão permanece incompleto em vários pontos. A passos de tartaruga, essa obra segue no mesmo ritmo das ações dos representantes do governo. Como o técnico da Secretaria de Infra-estrutura que no dia 27 de maio dizia a esse jornal desconhecer a escuridão da Via Costeira – e até hoje, pelo jeito, continua desconhecendo. O desleixo com a Costeira é uma agressão ao turismo.

Artigo CARLOS MAGNO ARAÚJO Diretor de Redação ▶ carlosmagno@novojornal.jor.br

O outro jogo Resta ainda a fuga de hoje, finalíssima da Copa, para aqueles que tentam adiar ao máximo o reencontro com a realidade. Depois disso, não mais. A partir de amanhã, findo o jogo decisivo na África e a festa, ou o choro, não haverá outro jeito, se não tentar se acostumar com a invasão, o tempo todo, dos temas e assuntos voltados à disputa de outubro. Com bem mais canelada, provavelmente, do que as vistas ao longo do último mês em Joannesburgo e arredores. Sem que seja preciso procurar, eles virão. Será o dia inteiro. Pouco mais adiante, estarão na televisão, no rádio e nas ruas. Como se todos precisássemos dos candidatos como precisamos da eficiência do ataque de Dunga. A sede com que planejam o “bote”, como já visto por aí nas “avant-premiére”, é assustadora porque, além dos meios tradicionais, surgem agora as possibilidades oferecidas pelas “novas mídias” - mais baratas, mais presentes, mais ressonantes. As estratégias pré-massacre se assemelham, mas chama a atenção o pouco conhecimento que os nobres candidatos parecem deter do eleitorado a que procuram, o que talvez explique a ânsia com que urdem o ataque, com que planejam a emboscada. Tão difícil nesta eleição quanto dominar as novas mídias será saber usá-las de forma positiva. A pena pode ser caríssima – o voto do eleitor. O fato, por exemplo, de ter aumentado, e muito, o público plugado na internet não significa, diretamente, que todos os internautas do mundo estão dispostos a receber a enxurrada de novidades “pensadas” para eles. Mais esclarecidos, quem sabe esses internautas não desejam exatamente o contrário, manter-se distante dos comícios virtuais? Alguns vão lembrar, é verdade, dos instrumentos disponíveis para fugir desse tipo de assédio, os bloqueios. Mas até bloquear vai ser chato. Corre-se, então, o risco de uma eleição curiosíssima no mundo virtual: os chatos eletrônicos, em busca desesperada de votos. Aqueles fiéis seguidores das novas tendências como solução final para todos os males de suas urnas vazias. Divertido não será, mas vai ser diferente. Talvez se fossem mais atentos ou menos imediatistas, muitos dos candidatos perceberiam que o melhor uso de seus modernismos virtuais seria outro: tentar fazer chegar aos seus possíveis eleitores alguma idéia, algum bom projeto. E não somente agora, na hora de pedir o voto. Parece simples, mas não é. A rede, por enquanto, está cheia de Felipes Mello dando caneladas.


▶ POLÍTICA ◀

Painel RENATA LO PRETE Da Folha de São Paulo

painel@uol.com.br

Acionista majoritário Submetidos ao purgatório na esteira do mensalão e de outros escândalos da era Lula, expoentes do antigo campo majoritário do PT, hoje rebatizado como Construindo um Novo Brasil, não escondem a certeza de que o papel relevante por eles desempenhado na atual campanha será seguido por outro, ainda mais central, no eventual governo de Dilma Rousseff. Após assumirem as tarefas mais espinhosas de defesa da candidatura de Dilma, como enquadrar o PT do Maranhão aos Sarney, membros do CNB acreditam que falta pouco para recuperarem os postos na máquina federal hoje ocupados pela Mensagem ao Partido, corrente liderada pelo ex-ministro Tarso Genro.

FOCALIZADO

CONTAS

O roteiro traçado pelo correligionário Tasso Jereissati para Serra hoje no Ceará inclui quatro municípios do interior do Estado, onde o candidato visitará festas típicas. Fortaleza, território dominado pelo PT, ficará para outra ocasião.

Ex-assessor do clã Sarney e candidato a deputado federal pelo PMDB-MA, Chiquinho Escórcio diz que não há tanta discrepância entre seu patrimônio atual (R$ 26,8 milhões declarados à Justiça Eleitoral) e o de 2006 (R$ 2,4 milhões). Ele alega que, quatro anos atrás, informou ao TSE ‘o valor histórico’ - e portanto desatualizado - de seus bens.

GUERRA SANTA

Com imagem vinculada à Igreja Católica, Geraldo Alckmin fará ofensiva pelo voto evangélico. Hoje, o candidato tucano ao governo paulista visita um templo da Assembleia de Deus no bairro do Ipiranga.

SORRIA 1

Dilma Rousseff mais tirou fotos do que falou, ontem, no almoço com mulheres oferecido por Lily Marinho no Rio. Clicada individualmente com quase todas as convidadas, a petista se deparou com um batalhão de fotógrafos ao deixar a residência. ‘Não sei onde vocês colocam tanta foto, mas que tiram, tiram’, desabafou.

SORRIA 2

Num dos raros momentos em que conversaram sozinhas antes do almoço, Dilma disse a Lily Marinho que não se acha fotogênica. ‘Nunca fiquei bem em fotos’, opinou a petista.

SALA DO NOIVO

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NATAL, DOMINGO, 11 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

Vice na chapa, Michel Temer (PMDB) terá um pequeno gabinete no novo comitê da campanha de Dilma Rousseff, a ser inaugurado em Brasília na próxima terça-feira.

TOY STORY

Suplente do pai, que quer renovar o mandato de senador pelo PMDB do Maranhão, Edison Lobão Filho, o ‘Lobinho’, declarou um ‘helicóptero acidentado’ no valor de R$ 44 mil.

COLECIONADOR

Candidato à reeleição, o governador Jaques Wagner (PT-BA) incluiu em sua declaração um Ford 1929. Valor: R$ 5.000.

BARREIRA 1

Num esforço para reduzir a liderança folgada de Geraldo Alckmin (PSDB), a campanha de Aloizio Mercadante quer montar um ‘cinturão de resistência’ em municípios do entorno da capital paulista comandados por prefeitos do PT. Aposta-se que daí sairá a maioria dos deputados eleitos pelo partido. A ideia é que Mercadante consiga pegar carona.

BARREIRA 2

Em 2008, o PT foi de 57 para 64 prefeituras. Estrelas do ‘cinturão’, Guarulhos, São Bernardo, Osasco, Diadema e Mauá somam 2,5 milhões de eleitores.

CARLOS PROMETE PADRONIZAR FEIRAS WALLACE ARAÚJO / NJ

CRISTIANO FÉLIX

DO NOVO JORNAL

A LARGADA DE Carlos Eduardo Alves (PDT) na corrida pelo governo do estado aconteceu na feira do Alecrim na manhã de ontem, exatos cinco dias depois de deflagrado o período oficial, de acordo como calendário eleitoral, e deixa clara a estratégia que será vista ao longo dos próximos três meses. Contando apenas com o PC do B na aliança “Coragem pra mudar”, o candidato tenta equilibrar o pouco tempo que terá na propaganda gratuita no rádio e na televisão com o corpo a corpo com os eleitores. “Nossa aliança foi feita com a população e por isso vamos tentar compensar a falta de tempo na propaganda eleitoral, tendo um contato mais direto com o povo”, comentou. As propostas, segundo o candidato, serão levadas aos 167 municípios do estado, ainda que o PDT tenha o apoio de poucos prefeitos. Nas eleições municipais de 2008, a sigla apoiou formal ou informalmente cerca de 50 prefeitos que conseguiram vencer nas urnas, mas nem todos irão retribuir. Em compensação, o ex-prefeito de Natal diz ter conseguido o compromisso de outras lideranças em aproximadamente 70% das cidades do interior. “Onde não tiver palanque, vou levar o meu”, afiança o postulante ao posto a chefe do executivo. A primeira promessa foi feita em meio aos vendedores. Car-

VIAGEM A BRASÍLIA TENTAR ARTICULAR VISITA DE LULA

▶ Carlos Eduardo cumprimenta feirantes e clientes no Alecrim los Eduardo se comprometeu a, se eleito for, padronizar todas as feiras de rua do interior. O projeto de re-estruturação das feiras livres foi iniciado por ele enquanto esteve à frente da administração da capital potiguar. E a feira do Alecrim, que foi escolhida como ponto de partida da campanha, a primeira a receber as melhorias, pouco mais de três anos atrás. O candidato ao Senado Federal, Sávio Hackradt (PCdoB), e o vereador Raniere Barbosa (PRB), que ocupou a pasta de Serviços Urbanos na gestão do ex-prefeito e, portanto, esteve diretamente

envolvido com o programa e agora assume o posto de coordenador da campanha, acompanharam a movimentação. Apesar de ter se empenhado em dar mais conforto aos trabalhadores e visitantes das feiras, o candidato não foi reconhecido por muitos. A ambulante Ana Paula, que vende feijão verde no local há cinco anos, parou a equipe de reportagem para saber quem era o ilustre visitante a passar arrastando tanta gente. Depois da resposta, comentou apenas: “Já ouvi falar dele”. Carlos Eduardo chegou ao primeiro compromisso de cam-

panha, programado para as 8h da manhã, com 45 minutos de atraso. Antes dele foram posicionados três carros munidos com sistema de som que anunciavam que em instantes o postulante ao governo iria caminhar pelas ruas “abraçando o feirante, a dona de casa, ouvindo seu problema, conversando com o povo”. A demora, segundo a equipe de campanha, aconteceu devido ao mal tempo. Apenas quando as nuvens deixaram de encobrir o sol é que o candidato se dirigiu ao local. No trajeto, foram comunicadas mudanças na agenda para amanhã.

Convocado pelo diretório nacional do PDT para uma reunião partidária em Brasília, Carlos Eduardo cancelou a agenda da tarde desta segunda-feira para ir ao encontro e ainda aproveitar a viagem para tentar articular a vinda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o seu palanque. “Vamos conversar sobre polí-

tica regional e nacional. Vou falar como está acontecendo o processo no Rio Grande do Norte e continuar levando minha solicitação (o comparecimento do presidente Lula). Vai ser uma viagem de atualização”, declarou. O candidato embarca no início da tarde de amanhã, depois de passar pela feira das Rocas, a segunda contemplada com o pro-

jeto de padronização em 2007. Ainda ontem a comitiva de Carlos Eduardo teve compromissos na região do Seridó. A primeira parada estava programada para acontecer no parque Sílvio Bezerra, onde acontece a Vaquejada de Currais Novos. Para a noite foi programada a participação na peregrinação de Sant´Anna, em Caicó.

/ INTERNET /

Especialista recomenda cuidado a candidatos e eleitores ao expor ideias SXC / HU

A CAMPANHA ELEITORAL

TIROTEIO Depois de assinar um programa que não leu, parece que quem está precisando de mais um professor em sala de aula é a Dilma. DE PAULO RENATO SOUZA (PSDB-SP), secretário estadual da Educação, sobre a crítica da candidata do PT à Presidência ao programa do governo paulista que prevê a presença de universitários para auxiliar o professor dentro da sala de aula na primeira série do ensino fundamental.

CONTRAPONTO PLIM-PLIM! Na campanha de 1989, Fernando Collor visitou Silvio Santos para alegar que estaria sendo prejudicado nos telejornais do SBT, episódio narrado em biografia do empresário e apresentador feita por Arlindo Silva. Silvio disse ao candidato do PRN que sua orientação era para que não houvesse favorecimento a ninguém: - Não posso ficar amigo de um e inimigo de muitos. Conversa encerrada, Collor e Silvio saíram para atender a imprensa, e uma repórter brincou: - Olha aí, Silvio, a sua chance de aparecer na Globo! SS riu muito. Collor fechou a cara e se despediu.

começou esta semana em todo o país, movimentando mais de 20 mil de candidatos em busca de votos, inclusive por meio da internet, cujo uso foi aprovado na reforma eleitoral. O especialista em direito digital Leandro Bissol salientou, entretanto, que tanto candidatos quanto eleitores devem tomar alguns cuidados quando utilizarem esse canal eletrônico para expor suas ideias e opiniões. Para os candidatos que pretendem usar a internet de forma maciça em suas campanhas, Bissol afirmou que “o ideal é que sempre coloquem informações verídicas, que não ofendam os demais candidatos”. A referência deve ser o que ocorreu nas últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos, que elegeram Barack Obama para administrar o país, recomendou. Bissol lembrou que nas eleições norte-americanas, as ofensas a outros candidatos, quando apareciam na internet, eram combatidas pelos próprios cabos eleitorais virtuais. “Eles rebatiam informações falsas com mais informação”.

Os candidatos devem tomar cuidado também com os crimes contra a honra, como injúria, difamação e calúnia. É preciso ainda cautela para que o candidato beneficiário não seja acusado da prática de spam (mensagens enviadas aos eleitores sem o seu consentimento). A regra é a mesma para os

eleitores em relação ao comportamento na internet, reforçou Bissol. “É aquela ideia da liberdade de expressão com responsabilidade. Se você colocar algum conteúdo que ofenda outra pessoa ou o candidato, a oposição ou algo parecido, você vai ser responsabilizado quanto a isso”, disse.

O especialista deixou claro que se o eleitor tiver um blog onde outras pessoas tenham postado conteúdo ofensivo e, depois de notificado, não retirar a ofensa, ele terá de assumir a responsabilidade. “Você foi omisso em retirar aquele determinado conteúdo. E acaba tendo a responsabilidade sobre ele”, concluiu.


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▶ OPINIÃO ◀

/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 11 DE JULHO DE 2010

FRANKLIN JORGE Jornalista

franklinjorge@novojornal.jor.br

Gustave Flaubert DESDE A ADOLESCÊNCIA, Flaubert sen-

tia desejos insaciáveis e um tédio atroz. Ele confessa em uma de suas cartas, hoje consideradas documentos importantes não somente pelo que revelam de sua alma, mas como exercício de estilo que proclama a consagração a um oficio regular e fatigante, ou seja, ao ato mesmo de escrever que foi a razão da sua existência e que fez dele - o autor de “Bouvard e Pécuchet” -, segundo alguns críticos e estudiosos, um dos mártires da literatura. Entre 1821 e 1852, durante os anos de sua infância e aprendizado, ele escreve precocemente em carta endereçada a Ernest Chevalier, datada de 24 de fevereiro de 1839, que não pretende ter nenhuma profissão e que, se vier a tomar parte ativa no mundo, há de ser como pensador e ‘desmoralizador’, estabelecendo desta forma um projeto de vida que dele fará um dos maiores escritores da língua francesa: Não creia no entanto que eu esteja muito hesitante sobre a escolha de minha carreira. Estou decidido a não ter nenhuma, pois desprezo demais os homens para lhes fazer bem ou mal... Gustave Flaubert (1821-1880), um dos mestres de Frans Kafka e de Borges, proclama o seu horror à vida

e uma obsessão minuciosa pelo trabalho de escrever e idear uma obra que o represente no futuro. Seu ideal de vida se resume em duas premissas significativas de um projeto aristocrático, viver como burguês e pensar como semideus. Frequentemente, por essa época, surge-lhe o desejo de isolar-se do mundo, recolhendo-se a um porão escuro munido apenas de uma lâmpada e dos utensílios necessários à sua atividade de escritor obcecado pela escolha do vocábulo certo e da elaboração de uma frase que resultaria de uma complicada e dispendiosa alquimia formal. Ali, nesse porão que seria o seu arquétipo de caverna platônica, viveria trancado a chave, sem jamais abrir a porta para visitas, nem mesmo, aliás, para receber a comida que seria deixada no chão, longe do lugar onde ele se encontrasse; seu único esforço seria o de caminhar até a bandeja que levaria para a sua mesa e em seguida comeria, lenta e minuciosamente, como se escrevesse, retomando logo depois a tarefa interrompida de lançar suas idéias sobre o papel. Muitos o consideram, por isso, um dos mártires da literatura. Alguém que sacrificou a própria vida à escritura de uma obra cuja elabo-

ração minuciosa e fatigante que lhe proporcionaria, em alto grau, delícias e tormentos inenarráveis e que Mario Vargas Lhosa descreveu como uma “orgia perpétua” com todas as conseqüências que a orgia acarreta, em dispêndio de prazer e dor, para quem a desfruta de maneira tão visceral e avassaladora. Seria Flaubert um escritor para escritores, apesar do êxito pontual de livros como Madame Bovary, que se impôs ao leitor mediano, sem duvida, pelo escândalo que provocou ao surgir, dando margem à polêmica numa época em que o adultério ainda era motivo de vergonha e desgosto. Hoje, riríamos de seus motivos. Porém, como ocorre em qualquer um outro grande escritor, não é aqui o tema que conta, mas a maneira como se conta e o impecável estilo que resulta de um temperamento obcecado pela precisão de uma forma que não admite veleidades nem quaisquer cochilos do autor. Frequentemente Flaubert levava mais de cinco dias para compor uma única página manuscrita, trabalhando tanto quanto trabalharia um operário em uma manufatura que exigisse, além do esforço físico uma jornada que desconsiderasse qualquer noção de conforto e lazer, algo assim muito próximo da escravidão.

Por isso, pode escrever à sua amante Louise Colet em carta datada de 9 de dezembro de 1852: [...] O autor, em sua obra, deve ser como Deus no universo, presente em toda parte, e visível em parte nenhuma. A Arte sendo uma segunda natureza, o criador dessa natureza deve agir com o procedimento análogo. Que se sinta em todos os átomos, em todos os aspectos, uma impassibilidade escondida e infinita. O efeito, para o espectador, deve ser uma espécie de assombro. Como tudo isto foi feito? É o que se deve dizer, e sentir-se esmagado sem saber por quê. A arte grega residia nesse principio e para chegar a ele mais rápido, escolhia seus personagens em condições sociais excepcionais, reis, deuses, semideuses. Não fazia com que você viesse a se interessar por você mesmo; o divino era o fim. Flaubert reconhecia, porém, que o medíocre, por ser mediano, é que seria comum e legítimo, pois está ao alcance de todos, como provam à exaustão, entre nós, subliteratos do feitio de um Nelson Patriota, de um Valério Mesquita, de um Humberto Hermenegildo, de um Cláudio Galvão, de um Flávio Rezende... Escrevinhadores empedernidos e sem distinção intelectual, resumem vulgarmente o que é banal e comum na província.

Franklin Jorge escreve nesta coluna aos domingos

Plural

Cartas do Leitor

FRANÇOIS SILVESTRE Escritor ▶ fs.alencar@uol.com.br

▶ cartas@novojornal.jor.br

Patri(di)ota Havia um soldado, no quartel do RO, onde servi no Exército, ali próximo de Santos Reis, que era o típico patriota. Deslumbrado e ingênuo. Não chego a dizer ou repetir a máxima de que “o patriotismo é o último refúgio do canalha”. Não chego a tanto. Mas voltemos ao soldado. Ele achava que o Exército Brasileiro era a mais fantástica máquina de guerra do mundo. “Fidel Castro mexe com os Estados Unidos, mas sabe a folha que corta. Se mexer com o Brasil aquela ilha se fode”. Para ele, o tamanho geográfico do Brasil tinha a proporcionalidade da nossa força militar, estratégica e política no cenário do mundo. Não havia país mais belo, mais lírico, mais forte. Nem mais valente nem mais respeitado. Nas conversas fora do quartel, nos bares ou na rua, ele só falava na vida aquartelada. No capitão Ibiapina, tenente Campelo, sargento Serafim, Bateria de Serviço. Não tinha outro assunto. Não era defensor da ditadura, não. Defendia o Brasil. Não se metia em assunto político. Nem interessava se havia eleição ou repressão. O seu interesse era o Exército e a Pátria. Nenhuma cor ideológica. Só sabia de certeza plena que o Brasil era o maior país do mundo. Temido e respeitado pelo resto do planeta. Quem se metesse a besta contra o Brasil só iria se ferrar. D. Pedro havia sido o rei do mundo. Caxias derrotara os generais da América e da Europa. Não adiantava argumentação contrária. Sua bíblia era o regulamento do quartel. Sua devoção, a Pátria. O maior elogio que considerava era ser chamado de “patriota”. Estufava o peito e não percebia qualquer ironia. Justino suou para aprender o Hino Nacional. Para ele, era a mais bela e genial música já composta. Não entendia nada do que dizia a letra. Aliás, a bem da verdade, ninguém entende. Nem quem a compôs. O que danado quer dizer “...à terra desce”? Assunção de cadáver. O Hino Nacional, de bela melodia, tem uma letra que é o primor do rococó inócuo. Frases enviesadas, palavras “bonitas” e sentido brocoió. Lábaro... tá bom. Que metáfora é “berço esplêndido”? Mas nem tudo em Justino estava errado. Vejamos. A nossa geografia é a mais exuberante de todas as corografias do mundo. Não há melhor, talvez igual. Bosques, flores, serras, mar. Tudo no Brasil, em qualquer região, enche os olhos de quem sabe admirar a natureza. Nisso, tô com Justino. A nossa cultura, ainda jovem, só deve às culturas antigas o que bebeu nas suas fontes. De minha parte tenho orgulho da cultura produzida pelo pré-povo do Brasil. O futebol de ontem. Também aí estou com Justino. No restante, não. Em matéria de história, de estratégia e de vida política o Brasil é uma pré-nação. Um país ainda deformado ou mal formado. Um esgoto político. Um paiseco de fanfarra! Té mais. François Silvestre escreve nesta coluna aos domingos

Lula e os ditadores Estava viajando e ao voltar li o que escreveu o jornalista Carlos Prado sobre o justiçamento de iraniana acusada de adultério. Bem escrito e bem pensado, Prado coloca a questão de maneira impecável: se o presidente Lula é amigo e goza de influencia junto ao tirano do Irã, devia interceder pela suspensão desse ato desumano, já que ele foi capaz de menosprezar em Cuba a morte de um dissidente político, que fazia greve de fome em favor da democracia no chamado “inferno do Caribe”, ou seja, a ilha de Cuba que há mais de 50 anos sofre nas mãos de um dos mais cruéis ditadores da história. Aí está uma boa oportunidade para o presidente Lula mostrar que não compactua com a tirania de governos que envergonham o gênero humano e dos quais tem sido tão amigo e intercedido a favor deles, como fez e tem feito, posicionando-se contra um tradicional aliado do Brasil, o governo dos EUA. Parabéns, Carlos Prado. Você escreveu o que muitos pensam, dos ditadores e do presidente Lula. Marcos Lopes, Ponta Negra

Criminosos hediondos Fiquei pasma quando li a denuncia sobre abuso

sexual contra crianças que da creche Lar Feliz, uma ONG de Cidade Satélite, onde vivem 55 crianças no que deve ser, na verdade, uma sucursal do inferno. Esperamos, como pais de familia, que o Ministério Público faça uma investigação rigorosa, ouvindo essas crianças e adotando as medidas compatíveis com o caso que mostra quanto nossas crianças são vulneráveis, pois até num espaço criada para protegê-las, elas ainda estão sujeitas aos piores desmandos. Marta Maria Dantas, Planalto

Escândalo requentado A prefeitura de Natal está requentando mais um escândalo – a retomada de uma obra particular embargada pela justiça, justamente por descumprimento de normas. A noticia está na primeira página do NOVO JORNAL (sexta, 9 de julho), referente ao hotel que a empresa aérea BRA estava construindo em desacordo com as normas. Quando todos já nem mais pensavam nesse caso, eis que a Semsur [órgão da prefeitura] se arvora em advogada de uma empresa que violou a lei e que se não fosse a pressão da opinião pública teria sido vitoriosa. Penso que há muitas coisas erradas em Natal que precisam ser consertadas. A prefeitura

devia se empenhar melhor em atendê-las, sem apadrinhar escândalos dessa natureza. Rodolfo Campos, Ponta Negra

Ceará-Mirim em crise O Ceará-Mirim está muito apreensivo com essa crise que pode resultar no fechamento da Cia. Açucareira Vale do Ceará-Mirim. Ela é a fonte de renda de centenas de famílias no município. Seu fechamento representa uma verdadeira tragédia. O RN precisa se unir para evitar essa verdadeira catástrofe. Mauricio Segundo, Ceará-Mirim

Ceará-Mirim Muito triste ler que o povo do Ceará-Mirim, nossos queridos conterrâneos, estão ameaçados de perder o seu principal patrimonio, a Cia. Açucareira que dá emprego e trabalho a centenas de pessoas. Se de fato ela vier a fechar, será uma calamidade para muitos que perderão seus empregos, com repercussão para toda a economia do Vale. Ortêncio Cruz, Capim Macio

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NATAL, DOMINGO, 11 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

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/ HISTÓRIA / AOS 85 ANOS WALTER BYRON DORE AINDA ADMINISTRA E FÁBRICA DE BEBIDAS FUNDADA EM 1911 POR SEU PAI SIDNEY

SÉCULO DE GASOSAS

REPRODUÇÃO

▶ Inglês, Sidney Clement Dore foi o fundador da fábrica HEVERTON DE FREITAS DO NOVO JORNAL

“A COCA COLA

não me preocupa, ela é que deve estar preocupada conosco”. É assim, com otimismo e bom humor, que Walter Byron Dore administra, aos 85 anos, a fábrica de refrigerantes Dore e prepara uma série de atividades, eventos e festejos para marcar os 100 anos de fundação da empresa pelo pai dele, Sidney Clement Dore, em maio de 1911. Num mercado oligopolizado, no qual dois fabricantes detem 67% do mercado nacional, a Dore, que surgiu em João Pessoa, se mantém no mercado paraibano e potiguar onde ocupa o terceiro lugar no volume de vendas, mesmo tendo que enfrentar outros gigantes no mercado mundial. Para Walter Dore, o segredo é um só: a qualidade dos produtos. Apesar de ser uma das poucas indústrias centenárias no país, ou até mesmo por isso, Walter Dore não teme disputar mercados com marcas como Coca Cola ou Guaraná Antarctica, mas também tem os pés no chão para saber que o seu produto tem que se restringir às fronteiras dos dois Estados onde atua. “Todo refrigerante é local, se colocar em outro Estado a barreira fiscal acaba com a capacidade de competitividade do

produto”, afirma. Mas a empresa não deixa de apostar em renovação e em marketing, ainda que em um volume sem termos de comparação com os gigantes do setor. Agora mesmo, ela está apostando no sabor Ice Cola com as variações limão e zero e garante que a aceitação está sendo muito boa atingindo também os consumidores de maior poder aquisitivo. Apesar de ter um preço final um pouco menor do que a concorrência, Walter Dore não classifica seus produtos como destinados a classe C e D que aumentaram o poder compra nos últimos anos e vem sendo as responsáveis pelo crescimento nas vendas dos chamados refrigerantes regionais. Duas coisas, aliás, que ele faz questão de registrar e que, segundo confessa, lhe dão muito orgulho: uma o fato de ser cidadão natalense desde 1976, quando recebeu o título da Câmara Municipal da cidade, e outra a satisfação de encontrar pessoas das classes de maior poder de compra que estão valorizando os produtos que saem de sua fábrica no município de Parnamirim. “Nossa empresa e nossos produtos tem sido muito prestigiados pelos natalenses e gostamos muito de ouvir isso porque prova a qualidade do que produzimos”.

REPRODUÇÃO

▶ Recorte do jornal A Imprensa de 06/07/1917

▶ Indústria funcionou na Rua Frei Miguelinho


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▶ ECONOMIA ◀

/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 11 DE JULHO DE 2010

“QUANDO VEJO ALGO ERRADO, EU CONSERTO”

FOTOS: MAGNUS NASCIMENTO / NJ

Se há alguém que personifica o empresário que tem um apego pela empresa e pelo que faz é Walter Dore. Nem poderia ser diferente. Ele está a frente da companhia desde 1952 quando, junto com os irmãos James Wallace e William Clement, assumiu a frente do negócio depois do falecimento do pai, um engenheiro inglês que trocou os dias chuvosos e a neblina de Londres pelos dias claros e o calor do Nordeste brasileiro em 1889, ainda no tempo do Império. Sidney Dore veio para o Brasil montar locomotivas e trabalhar na implantação de estradas de ferro a partir da Bahia. Acabou parando em João Pessoa e, se valendo dos seus conhecimentos como engenheiro químico, resolveu ficar e montar em 1911 a Fábrica de Gasosas Anglo-brasileira. Apenas seis anos depois, ele abriu a primeira filial em Natal que funcionou na Rua Frei Miguelinho, na Ribeira. Os sabores eram os mais exóticos para a época como morango, framboesa, maça e pêra, produzidos a partir de concentrados trazidos da Inglaterra, mas tinha a vantagem de não ter concorrentes para um produto que era realmente uma novidade no mercado. Desde que assumiu a frente

dos negócios, e lá se vão 58 anos, Walter Dore, fez de tudo na empresa. Trabalhou na montagem das novas máquinas que trouxeram para Natal na fábrica que se instalara no Alecrim, carregou caminhões e fez entregas, sem deixar de cuidar das vendas e da administração dos negócios. Essa rotina ele não abandona e, mesmo que não já não possa mais fazer os serviços mais pesados, faz questão de ir diariamente à fábrica, desde 1999 em modernas instalações no município de Parnamirim, para acompanhar o funcionamento das máquinas, todas montadas por ele mesmo, para ver se as coisas estão funcionando como quer. “Quando vejo algo errado, eu conserto”. A administração do negócio, apesar de contar com a ajuda de três netos e dois filhos atuando na empresa, também é toda feita por ele mesmo. Com um notebook sobre a mesa, ele acompanha o faturamento, as despesas e o dia a dia da empresa. Se para algumas pessoas da idade dele, um computador é um instrumento tão assustador, Walter Dore garante não ter medo da informática. “Acompanho no Excel a planilha com todo o faturamento dia a dia e também a produção no chão da fábrica”.

FAÇO QUESTÃO DE VIR À FÁBRICA TODO DIA POR QUE SENÃO VOU FAZER O QUE? FICAR EM CASA ENCHENDO A MULHER? ” Walter Dore

UM ANTIGO CASO DE SUCESSO Da mesma forma que não teme a concorrência dos gigantes do setor, a idade também não lhe assusta e diz que nem quer pensar em parar de trabalhar. “Faço questão de vir à fábrica todo dia por que senão vou fazer o que? ficar em casa enchendo a mulher? ou ficar sentado num banco para jogar conversa fora? Prefiro trabalhar”. A julgar pela longevidade e pelos números da produção da empresa, a fórmula encontrada pelos refrigerantes Dore é o que os especialistas gostam de chamar de um case de sucesso. São 200 mil caixas ou dois milhões de litros produzidos mensalmente só no Rio Grande do Nor-

te, gerando 184 empregos diretos com carteira assinada e uma estrutura de distribuição que não deve nada ao que os concorrentes gigantes mantêm. Sem ter como concorrer com as grandes indústrias na hora de fazer frente ao “enxoval” cobrado pelas grandes redes de supermercados (taxa cobrada da indústria para expor os produtos nas gôndolas), a Dore mantém seus produtos nessas lojas, mas aposta também na venda nos pequenos mercadinhos e pontos de venda da periferia das maiores cidades. A empresa tem uma logística própria com 14 caminhões para entrega no atacado e no varejo e estão prontos para

APOSTA NO MARKETING fazer a entrega em toda a cidade, inclusive a domicílio se um cliente interessado ligar e fizer um pedido nesse sentido. Além disso, a empresa mantém uma distribuidora e um depósito em Mossoró para atender a região, tudo montado com estrutura própria. Walter Dore não gosta muito de falar das dificuldades ou dos maus momentos que enfrentou em todos esses anos a frente de um mesmo negócio. Ele prefere falar do presente e do futuro da empresa que vê em franco crescimento. “Dificuldades toda empresa enfrenta, nossa sorte foi que nossos concorrentes são muito fracos”, brinca.

Se por um lado uma empresa como a Dore tem que enfrentar gigantes que investem bilhões de reais em marketing, de outro conta com uma vantagem para enfrentar essa concorrência nesse campo. O diretor de marketing da empresa, Fábio Dore, da quarta geração da família, aponta o fato de ter um produto com praticamente 100 anos no mercado como um diferencial importante. “O nosso produto já está na boca do povo e o mercado de refrigerantes é muito local, por isso vende por si só, mas é claro que não podemos descuidar das estratégias de venda”, afirma, lembrando a tradição da empresa que tem

fornecedores com os quais trabalha há mais de 40 anos. Para o próximo ano, a Dore está preparando uma série de eventos e campanhas para marcar o seu centenário, que começou com o novo site lançando recentemente. A empresa também partiu para uma ação de responsabilidade social com o projeto Adore a Vida em que dá aulas focando a qualidade de vida para os funcionários e seus familiares e a comunidade onde está instalada, divididas em ações de Esporte e Lazer, Motivação, Educação e Artes. “Estamos elaborando um cronograma de atividades a serem desenvolvidas até o centenário”, diz Fábio Dore.


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NATAL, DOMINGO, 11 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

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O XELELÉU / INTERNET / BLOG DE HUMOR POLÍTICO SE TRANSFORMA EM “PATRULHEIRO” E PERDE A GRAÇA JOÃO NETO / DIVULGAÇÃO

TIAGO LIMA / NJ

ALEXIS PEIXOTO

DO NOVO JORNAL

NOS ÚLTIMOS DOIS anos, a blogos-

ACHO UM ABSURDO QUE UM BLOG ANÔNIMO AGRIDA A QUEM QUISER E AINDA GANHE REPERCUSSÃO” Eliana Lima, Jornalista e blogueira MARLIO FORTE / DIVULGAÇÃO

▶ Rubens Lemos Filho, jornalista: “Havia humor no começo”

fera potiguar tem sido assombrada por uma entidade apócrifa, mas que todos conhecem muito bem. Parada obrigatória para quem observa os movimentos políticos do estado a partir da internet, o blog Xeleleuzinho se destaca de outras páginas políticas pelo tom irônico com que “cobre” o panorama partidário local. Envolto em polêmicas, ações judiciais e especulações sobre sua real identidade, o blog já atingiu mais de 3 milhões de acessos e é um dos mais buscados e populares do estado. Apesar de bem visitado, o site é hoje sinônimo de desconfiança entre os profissionais do meio jornalístico, principalmente porque o humor do início aos poucos foi dando lugar a um patrulhamento político. As opiniões sobre o Xeleleuzinho divergem, mas todas encontram um ponto em comum: o tom humorístico que marcou o início das atividades do blog foi recentemente deixado de lado para investir em ataques de caráter pessoal. Se no início as postagens faziam graça com as movimentações e alianças partidárias do cenário, hoje o blogueiro já não vê problema em comentar detalhes das relações conjugais e familiares de políticos e jornalistas. Nem o tratamento contra o câncer, ao qual se submeteu o governador Iberê Ferreira no início do ano, deixou de ser motivo de piada no Xeleleuzinho. Recentemente, uma série de postagens ofensivas do Xeleléu direcionadas à jornalista e blogueira Eliana Lima provocou controvérsia na internet. A jornalista chegou a considerar a possibilidade de acionar a Jus-

tiça, mas confessa que desistiu para não atrair mais repercussão ao caso. “No início me incomodava, mas hoje não mais. Afinal não se pode dar crédito ou repercussão a um blog apócrifo”, aponta. “Acho um absurdo que um blog anônimo agrida a quem quiser e ainda ganhe repercussão. Só no RN mesmo”. Por outro lado, um dos mais ferrenhos críticos do Xeleléu, o jornalista e publicitário Alex Medeiros não vê problema no fato do blog ser apócrifo, embora condene a postura do autor. “Muitos jornalistas bons fizeram uso do apócrifo na época da ditadura para fazer humor de qualidade. Mas quando se está em uma democracia e alguém utiliza a internet para fazer ataques pessoais e ferir a honra dos outros passa a ser puro mau gosto, além de ser crime”, aponta Medeiros, que foi citado, mais de uma vez, por outros personagens ouvidos nessa reportagem como inspirador e até mesmo autor do blog. Mas ele nega. O jornalista e ex-secretário de Comunicação do Estado Rubens Lemos Filho concorda com Alex. “Havia um pouco de humor no começo, mas a partir do momento em que o blog passa a falar da mulher separada ou da vida do filho do político tal, se configura um ataque pessoal. E o fato dele fazer isso de forma anônima só torna a coisa mais condenável”, opina. Durante o tempo em que comandava a comunicação estadual, Rubens Lemos Filho não sofreu maiores dificuldades com o Xeleleu. Quando precisou, em razão de um ou outro ataque, fez uso de instrumentos capazes de identificar o computador de onde teriam partido as mensagens. Mas não houve sanção direta, nem ele localizou o autor.

▶ Miguel Weber, jornalista: citado várias vezes como sendo o Xeleléu

NA PREFEITURA, NÃO Além do tom ácido, outra característica chama a atenção de quem lê o Xeleléu: enquanto para os membros do Governo, da Assembléia e da Câmara não faltam impropérios e achincalhes, a administração da prefeita Micarla de Sousa é poupada de gozações. A postura de não atacar a prefeitura frequentemente serve de argumento aos que defendem a teoria de que o Xeleléu seria alguém ligado ao primeiro escalão da Prefeitura ou, pelo menos, próximo o bastante para defender incondicionalmente as ações da prefeita Micarla e do poder municipal. Por mais de uma vez, publicitários e jornalistas ouvidos pelo NOVO JORNAL, a maioria deles pedindo a restrição da identidade, apontaram o marido da prefeita Micarla de Sousa, o jornalista Miguel Weber, como sendo o Xeléleu. A reportagem tentou contato com Weber durante vários dias, mas sem sucesso. “É curioso que o Xeléleu preste atenção em tudo o mais, menos no Palácio Felipe Camarão”, aponta a jornalista Anna

Ruth Dantas, que assina o blog Panorama Político, no site da Tribuna do Norte. “Mas não quero acreditar que um funcionário do município, pago com dinheiro público, tenha tempo livre o suficiente para conduzir um blog desses”. Alex Medeiros também prefere não acreditar nessa possibilidade. “O autor do blog, quem quer que seja, deve ser alguém que por algum motivo precisa dessa bajulação. A prefeita não precisa de defensores e creio que não deve ter nenhuma ligação com o blog”, opina Medeiros. O secretário municipal de Comunicação, Jean Valério, nega que haja qualquer relação entre o Xeleléu e a Prefeitura. “Todo tipo de especulação pode existir, mas eu não acredito que haja alguma ligação. A Prefeitura não compactua com uma atitude ardilosa, grosseira como a desse blog”, afirmou, acrescentando que não costuma acessar o Xeleléu.

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▶ CIDADES ◀

/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 11 DE JULHO DE 2010

D’LUCA / NJ

A IDENTIDADE

SECRETA

QUALQUER UM QUE SE SINTA LESADO POR POSTAGENS OFENSIVAS FEITAS DE FORMA APÓCRIFA NA INTERNET PODE ACIONAR A JUSTIÇA” Fausto França Promotor de Justiça

Na mesma proporção das críticas, crescem as especulações sobre a “identidade secreta” do Xeleléuzinho. Para alguns profissionais da comunicação ouvidos pelo NOVO JORNAL, as pistas sobre a identidade do autor estão explicitadas nas próprias postagens do blog. Uma das características que mais chama atenção no blog, descontada as gozações, é a quantidade de informações privilegiadas sobre a política local. Em alguns casos, os posts trazem fotografias de encontros particulares e solenidades realizadas no interior do estado, o que levanta a suspeita de que o autor seja alguém com um leque privilegiado de fontes no campo político. A isso, soma-se o teor de algumas postagens, que revelam certa perspicácia ao analisar fatos políticos, o que pressupõe alguém com alguns anos de experiência na observação do cenário político potiguar. Para o jornalista e publicitário Ricardo Rosado, as características apontam para um profissional da imprensa ou até mesmo um detentor de cargo público. “Há insinuações fortes do envolvimento de jornalistas e/ou políticos no blog. Com certeza é alguém com experiência, que tem contatos e está por dentro do que acontece, além de ser inteligente o suficiente para in-

terpretar os movimentos da política local”, aponta. Pelo teor das piadas, o publicitário e escritor Carlos Fialho também enxerga indícios de alguém que circula bem no meio político e tem facilidade com a escrita. “Parece ser alguém que entende de política e que tenta dar notícias com ironia, sarcasmo, exagero e humor, por vezes um tanto cáustico. Pelo que li, escreve melhor que alguns blogueiros políticos que têm por aí que não sabem escrever um ó num copo”, observa. Para Alex Medeiros, o Xeleléu não é fruto de apenas um autor, mas sim de um trabalho em equipe. “A forma de escrever difere entre os posts, não há uma coerência do estilo. Com certeza o blog é atualizado por uma equipe, com pelo menos duas pessoas”, aponta. Para Medeiros, outra característica que evidencia a atuação de mais de uma pessoa é a profusão de comentários assinados com pseudônimos nos posts. “A maioria dos comentários são anônimos e se assemelham à forma de escrever das postagens do blog. Isso é uma estratégia, a multiplicidade de personagens. Assim o Xeleléu não só despista sua identidade, como leva a crer que o blog é mais visitado e comentado do que realmente é”.

▶ Alex Medeiros, publicitário: “É alguém que tem facilidade com a escrita” D’LUCA / NJ

▶ Ricardo Rosado, publicitário: “É alguém por dentro da política local”

TIAGO LIMA / NJ

PROCESSO NA JUSTIÇA A primeira aparição do Xeleléu na blogosfera potiguar se deu durante a corrida eleitoral para a prefeitura de Natal, em 2008. Ainda sob o nome de Xeleléu News, o site logo ganhou grande repercussão na cidade pelos comentários irônicos, no geral acompanhados de foto- montagens irreverentes, assinados por um certo “Rodrigo Moreno”. A princípio, surgiu para “monitorar” a imprensa, uma vez que comentava o noticiário e analisava as notícias publicadas pelos jornais e por seus colunistas. Em meados de 2009, o site foi retirado do ar repentinamente, devido a uma ação judicial movida pela procuradora Idaísa Fernandes, que se sentiu prejudicada por menções à sua pessoa feitas no espaço de comentários do blog. Procurada pela reportagem, ela confirmou a existência da ação, mas preferiu não se pronunciar porque o processo ainda está tramitando - e sob segredo de Justiça. Apesar do motivo judicial, várias versões surgiram para explicar o fim das atividades do Xeleléu: desde que o blogueiro havia sido vítima de represálias de autoridades políticas até que a retirada do site teria sido obra de um hacker que invadiu o sistema e apagou os arquivos da página. Esta última versão foi divulgada pelo próprio Xeleléu, por meio de comentários em outros blogs. Apesar dos entraves com a Justiça, o blog retornou em julho de 2009, rebatizado de Xeleléuzinho. Na postagem inaugural do novo endereço, o blogueiro deixou um aviso aos alvos mais frequentes e uma garantia aos leitores: “Sofri um ataque fulminante, me atingiu em cheio, tentei resistir, esperniei (sic), corri, lutei... Morri. Resta aqui o fruto dos meus mais de 400 dias de sacanagem e meio milhão de acessos: Xeleleuzinho (...). Cuidem dele. Mas lembrese: Xeleleuzinho não tem coração”.

/ COMENTÁRIO / NÃO EXISTE UMA UNIDADE ESPECIALIZADA, MAS A VÍTIMA TEM UM PRAZO DE 180 DIAS PARA PROCURAR QUALQUER DELEGACIA E FAZER A DENÚNCIA. A PARTIR DAÍ, O CASO VAI SER REMETIDO PARA A INTELIGÊNCIA” Elias Nobre Delegado geral da Polícia Civil

ANONIMATO NA

INTERNET O anonimato ou uso de assinatura apócrifa na internet é motivo de debates polêmicos em diversas esferas da sociedade. No Brasil, não há lei que obrigue as empresas de internet a fornecer informações sobre os usuários. Desde o final do ano passado tramita na Câmara o projeto de Lei 6983/10 do deputado Nelson Goetten (PR-SC), que determina que os provedores armazenem por um período de cinco anos as informações de tráfego dos usuários – como o endereço de IP (protocolo de internet), o número da máquina, os sites visitados, entre outros dados. Em fase de apreciação pelas comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática e de Constituição e Justiça e de Cidadania, o projeto não tem data pra sair do papel. Enquanto isso, o portal SaferNet Brasil, dedicado a proteção dos Direitos Humanos na internet, recomenda que a vítima de calúnia ou difamação na internet reúna o maior número de provas possíveis, como o conteúdo das páginas (incluindo fotos e textos) onde o crime foi praticado. Segundo a orientação do site, o ideal é salvar essas informações em mídias protegidas contra alterações, como CD-R e DVD-R. No entanto, para que essas provas tenham valor em juízo é necessário ir a um cartório e fazer uma declaração de fé pública de que o crime em questão existiu, ou lavrar uma Ata Notarial do conteúdo ilegal/ofensivo. Esses procedimentos são necessários porque, como a Internet é dinâmica, as informações podem ser tiradas do ar ou removidas para outro endereço a qualquer momento. Ainda de acordo com o portal SaferNet, a vítima pode comunicar diretamente o provedor que hospeda o site, por meio de carta registrada, solicitando a retirada do conteúdo ofensivo. Nesses casos, mesmo retirando o site do ar, o provedor tem

obrigação de preservar todas as provas da materialidade e os indícios de autoria do crime. De posse das provas, o portal recomenda que a vítima procure a Polícia Civil por meio de uma delegacia especializada em crimes cibernéticos. No RN ainda não existe nenhuma unidade especializada nesse tipo de investigação, o que coloca as ocorrências desse tipo sob responsabilidade do Núcleo de Inteligência. O delegado geral da Polícia Civil, Elias Nobre, diz que são raros os casos de calúnia, injúria ou difamação pela internet que chegam à Polícia Civil, mas garante que o departamento de Inteligência está preparado para atender essas ocorrências. “Não existe uma unidade especializada, mas a vítima tem um prazo de 180 dias para procurar qualquer delegacia e fazer a denúncia. A partir daí, o caso vai ser remetido para a Inteligência, que pode abrir uma investigação e tem todas as condições de descobrir o responsável”, afirma. Para o promotor de Justiça e coordenador do Grupo de Atuação e Repressão Contra o Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco) Fausto França, a melhor solução é procurar a Justiça. “Qualquer um que se sinta lesado por postagens ofensivas feitas em sites assinados de forma apócrifa na internet pode acionar a Justiça. Basta dispor das provas, acionar um advogado e dar entrada no processo. Dependendo do caso, o juiz pode emitir uma determinação judicial de investigação”, explica França. França ressalta que quanto maior a quantidade de provas reunidas pela vítima, mais fácil conduzir a investigação. “É possível descobrir o autor através de vários procedimentos investigativos que variam em cada caso e podem determinar a máquina e a origem da conexão que está sendo usada para atualizar o site. Quantos mais dados a vítima reunir, melhor”, afirma.

ORFANDADE NO SUCESSO Ninguém discorda da tese de que nada contribuiu tanto, desde a invenção dos tipos móveis por Gutemberg, para a democratização da informação como a Internet, a grande rede mundial de computadores. Uma verdade que pode até se chocar com outra que restringe o fracasso – no seu aspecto mais amplo – à condição de órfão, ao contrario do sucesso, sempre com muitos pais. Antes das chamadas redes sociais (twitter, facebook, entre outras) se consolidarem por aqui, os blogs apareceram na virada do século como uma alternativa viável para a livre circulação das notícias mesmo onde não existe liberdade de imprensa. Alguns deles conquistaram rapidamente o tão buscado sucesso. Aqui, inclusive. Há apenas dois anos, quando Natal se preparava para viver mais uma campanha municipal e existia o temor de haver controle, por um lado – o lado do Governo – dos meios de comunicação, uma forma de quebrar essa tentativa foi a criação do “Xeleleu da Imprensa”, um blog criado para acompanhar a ação de alguns jornalistas, quando apareceu num orçamento de marketing a lista de 38 nomes que seriam subsidiados com “milho” pelo caixa da campanha governamental. Anônimo, irreverente, criativo, bem humorado, o “Xeleleu” transformou-se num sucesso imediato e leitura obrigatória dos formadores de opinião, sobretudo por abordar temas que pareciam fora do alcance dos natalenses comuns. Mesmo com um caráter jornalístico, parecia obra de criativo da publicidade, de início sem alinhamento. Próximo da anarquia. Sem assumir publicamente essa posição, à medida que a campanha eleitoral se desenvolvia, o “Xeleleu” foi revelando a que veio, pelo suporte crescente dado à campanha vitoriosa da prefeita Micarla de Sousa e pela forma impiedosa com que passou a tratar os seus adversários. Também foi se processando uma mudança na forma, e também no conteúdo, das matérias postadas. Como se tivesse havido uma mudança não só da linha editorial como da sua própria formulação. No início, tratava, única e tão somente, de assuntos relacionados aos profissionais de imprensa, mas a receptividade conquistada revelou outros espaços a ocupar. E o Xeleleu aproveitou a falta de oposição ao Governo Wilma de Faria para invadir esse espaço, colocando-a como alvo preferencial.

As lentas mudanças que se processavam na sua elaboração não permitiram identificar quando a grossura substituiu a sutileza; a criatividade deu lugar ao mau gosto; a truculência tomou o espaço do que era só irreverência. Em vez de um facciosismo aceitável, sobrou a pequena vendeta. Nesse embalo, o Xeleleu perdeu a noção dos limites (provavelmente estimulado pelo pela garantia da impunidade assegurada pelo anonimato), inclusive invadindo a vida privada das pessoas, como ocorreu na abordagem dada ao divórcio da deputada Márcia Maia, tratado de forma crua, desumana e chula, sobretudo pela liberação de comentários – também anônimos – que provocaram uma reação de justa revolta no âmbito do Governo do Estado. Até a Polícia Federal foi acionada. Mais ou menos nessa época, uma Procuradora do Estado, que ironicamente integrava o círculo íntimo da prefeita Micarla de Sousa, também se sentiu injuriada e caluniada pelo que o blog divulgou sobre sua intimidade e abriu um processo – que ainda corre sob segredo – na Justiça e é tido como razão para o encerramento da atividade do Xeleleu. Assim mesmo, pouco depois, surgiu um sucedâneo – o Xeleleuzinho – sem o brilho nem a criatividade do primeiro, mas, coincidentemente preparado para atingir qualquer pessoa que pudesse incomodar a prefeita Micarla de Sousa ou as pessoas que lhe são próximas, sem ter mais nem a graça nem a freqüência de postagem de outros tempos, quando seus formuladores eram muito menos ocupados. Até quem, como o NOVO JORNAL, tem na defesa da liberdade de expressão a sua razão de ser e principal objetivo entende que existem limites, e se anima a repetir o preceito constitucional exposto no seu artigo 5º, parágrafo IV – “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. Por mais que tenha buscado, nossa reportagem até conseguiu (depois de duas semanas de pesquisa) levantar a história desse blog, que – pelo que representou na sua fase inicial - terá um lugar na história da internet do RN. Só não deu para encontrar o pai nem o responsável, o Xeleleu, ou quem assumisse essa condição. O Xexeleu nasceu órfão. E permaneceu nesta condição quando foi um sucesso; e assim permanece quando transformou-se só numa lembrança engraçada.


Espaço Empreendedor

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O DIFERENCIAL QUE FALTAVA

/ COMÉRCIO / PROJETO DE INOVAÇÃO JÁ BENEFICIA MIL EMPREENDEDORES NO BAIRRO DO ALECRIM FOTOS: MAGNUS NASCIMENTO / NJ

JALMIR OLIVEIRA

DO NOVO JORNAL

▶ Rosiene: conhecer para melhorar

1.500 É a previsão do número de empreendedores beneficiados

HÁ 15 ANOS no Alecrim – coração do comércio de Natal –, o empresário José Aílson Romão, atuando no ramo de roupas e produtos para bebês, não sabia que mudanças no layout e na patente da marca poderiam trazer modificações significativas nas vendas. Através de mudanças estruturais e gerenciais, a loja Atacado do Bebê passou a atrair mais clientes. O diferencial, segundo José Aílson, foi a “Inovação”. Este novo “produto” que o comerciante está vendendo não se trata de nada revolucionário, nem caro. São práticas simples, porém inovadoras de gestão. Com as mudanças no negócio, o empresário está colhendo os frutos pelas mudanças que adotou em seu empreendimento. Estas modificações na gestão foram sugeridas por um Agente Local de Inovação (ALI), que nos últimos meses ajudou José Aílson a modernizar a loja. Os agentes locais de inovação fazem parte de um projeto coordenado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RN). Eles se responsabilizam por implementar práticas inovadoras no dia a dia das micro e pequenas empresas. O “Projeto ALI” está sendo adotado por mil empreendimentos do bairro do Alecrim, desde agosto passado, nas áreas de serviços, comércio e alimentação. A previsão é que 1,5 mil empreendedores sejam beneficiados até 2011. Para a coordenadora do projeto em Natal, Mabele Dutra, a finalidade é promover a inovação de serviços, produtos, processos e marketing, por meio de agentes com perfil multidisciplinar, que implantam mudanças na gestão. “Os agentes buscam soluções e oferecem respostas às demandas de cada empresa atendida, no que diz respeito a seu desenvolvimento, seja ele econômico, financeiro, estrutural, dos produtos, serviços e do processo produtivo em si”,

▶ O Alecrim, bairro tradicional do comércio popular da cidade, completa no próximo ano o seu centenário de criação contou. O crescimento é associado à capacidade competitiva da empresa, beneficiando toda a comunidade à qual faz parte, e traz ainda um foco na sustentabilidade ambiental e social. O Alecrim foi escolhido por ser uma região predominantemente comercial. No entanto, com o sucesso na adesão dos empresários da região, o projeto está se espalhando por outros bairros como: Quintas, Lagoa Seca, Barro Vermelho e Dix-Sept Rosado. Mabele Dutra conta que os agentes estão desmistificando a questão da inovação. “Mudar, revolucionar a gestão, não é algo muito caro. Com modificações simples, o lojista pode inovar e obter um diferencial competitivo no mercado”, explicou. O projeto conta com 30 agentes – em que cada um deles se responsabiliza por 50

MELHORIAS PARA O BAIRRO A adesão dos varejistas do Alecrim em torno da questão da inovação fomentou a criação de um Fórum de Discussão Empresarial, organizado pela Associação dos Empresários do Bairro do Alecrim (AEBA), que debate melhorias para o comércio do bairro como um todo. O sucesso interno do projeto gerou nos empresários locais a necessidade de melhorar a região. Através do fórum, os comerciantes conseguiram audiências com a prefeitura para alcançar mudanças na estrutura do bairro

INFORMAÇÃO

A INOVAÇÃO FAZ A DIFERENÇA. TODOS OS EMPRESÁRIOS PARTICIPANTES FORAM BENEFICIADOS” José Ailson Empresário

Para muitos empresários, o projeto é o início de uma rede de conhecimento. “A troca de informações entre os empresários passa a ser regra. Podemos trocar conhecimentos, experiências, ajudar uns aos outros para fortalecer o comércio do bairro. As melhorias que o projeto nos indicou, já eram planejadas por nós. Contudo são todas benéficas, caso outra empresa tente entrar no mesmo segmento”, explicou o gerente da loja de explosivos e fogos de artifício Ba-

MAGNUS NASCIMENTO / NJ

▶ José Ailson: planejamento melhor zar São Paulo, Washington Reis. O desenvolvimento do negócio é atrelado ao conhecimento, afirma a empresária Rosiene Florêncio, proprietária de um estúdio de fotografia. “Cabe a todos nós (empresários) uma maior mobilização para adquirirmos melhores práticas comerciais”, disse. Todos os anos ela participa de cursos e congressos de fotografia para aprender mais sobre o ramo. Para a Agente ALI Carolina

empresas, com visitas a cada dois meses. Os agentes locais de inovação interagem com os empresários, dando informações e dicas de como essa pequena empresa pode inovar. O acompanhamento é feito por um ano, podendo se estender por mais outro ano. A consultoria é gratuita, com propostas viáveis. Apenas as soluções sugeridas são custeadas pelo próprio empresário. “A novidade do projeto ALI é que o Sebrae vai até o empresário, e não vice-versa. O agente conhece de perto o empreendimento e prepara um diagnóstico com as principais dificuldades enfrentadas” explica Mabele. Com o levantamento de informações feito pelos consultores, um Plano de Ação é elaborado com diversas soluções para melhorar o desempenho da empresa e torná-la inovadora.

Mayer, a resistência à mudança foi a principal dificuldade encontrada ao levar o projeto para os empresários. “Alguns são resistentes, principalmente quando se trata da gestão e da informatização dos processos, mas quando mostramos as melhorias, a resistência desaparece”, conta. A publicitária por formação, participando do projeto desde setembro, conta que o benefício do serviço é a indicação de novos caminhos para os empresários. “A equipe multidisciplinar faz um amplo diagnóstico do empreendimento. Quando eu tenho algum problema, por exemplo, na área financeira, eu peço colaboração de um colega administrador, que faz uma análise mais abalizada do assunto. Além disso, temos a supervisão de consultores do Sebrae que indicam outras melhorias gerenciais”, esclareceu. José Aílson, satisfeito com as mudanças em sua loja, conta que o acesso à informação fortalece o mercado. “A inovação faz a diferença. Todos os empresários participantes foram beneficiados. Hoje, nós planejamos e administramos melhor nossas empresas”, finalizou.

MAGNUS NASCIMENTO / NJ

MUDAR, REVOLUCIONAR A GESTÃO, NÃO É ALGO MUITO CARO. COM MODIFICAÇÕES SIMPLES, O LOJISTA PODE INOVAR E OBTER UM DIFERENCIAL COMPETITIVO” Mabele Dutra Coordenadora do projeto

CASOS DE SUCESSOS Para João Dantas, proprietário de uma loja de roupas femininas, as mudanças foram na estrutura da fachada, no layout das gôndolas e estantes de produtos, além da adequação dos funcionários, com criação de fardamento e melhoria no atendimento. “Todas as modificações foram bem recebidas e deram certo. Estamos recebendo um número maior de pessoas e as vendas estão crescendo”, contou satisfeito o empresário. Na empresa Criando Arte, especializada em produtos e serviços para artesanato, a mudança foi profunda. “Fizemos melhorias no atendimento e sistema de vendas. Passamos a ter um maior cuidado com os nossos clientes”, contou a gerente Sandra de Oliveira. O progresso na gestão de pessoas ainda rende frutos: “tudo que aprendemos nas palestras e cursos, nós repassamos para os novos funcionários. O que é bom não pode parar”, afirmou.

MAGNUS NASCIMENTO / NJ

▶ João Dantas, empresário Atuando no mercado de serviços e peças para equipamentos de gás industrial, o empresário Herdy Tavares da Silveira explica que a ajuda do Sebrae foi uma “mão na roda”. Com o conhecimento técnico adquirido ao longo de 10 anos de atuação na área, o empresário explica que as informações sobre gestão e marketing abriram novos horizontes para a pequena empresa que comanda. “Melhoramos a forma de negociar os contratos com fornecedores. Agora com os conhecimentos sobre controle financeiro, nós sabemos como negociar e não desperdiçamos dinheiro”, assegurou.


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BRINCADEIRA DE CRIANÇA

VISITA É UMA VIAGEM NO TEMPO

/ MEMÓRIA / MUSEU DO BRINQUEDO POPULAR NO CENTRO DE NATAL REÚNE ACERVO PESQUISADO EM MAIS DE 60 MUNICÍPIOS

FOTOS: HUMBERTO SALES / NJ

DÉBORA SOUSA

DO NOVO JORNAL

PATINETE, ROI-ROI, RATINHOS

de papel, mobílias de caixas de fósforo e bonecas de sabugo de milho. Se, à primeira vista, estes brinquedos lhe parecem desconhecidos, é possível que tenha perdido uma época em que a inocência lúdica ainda fazia parte do universo infantil. Atualmente, os brinquedos eletrônicos são os que despertam maior curiosidade entre as crianças. Na tentativa de recuperar um pouco desta perspectiva da ingenuidade, muito ausente nos dias de hoje, o Núcleo de Estudos Culturais da Ludicidade Infantil (NECLI) criou o Museu do Brinquedo Popular, na sede da IFRN da Cidade Alta. O local é aberto ao público das 9h às 17h, sendo apenas necessário o agendamento para excursões, que poderá ser feito no local. Lerson Maia, diretor do Núcleo, diz que a principal finalidade do espaço é manter viva a memória da simplicidade, do universo lúdico infantil, contribuindo para a história do Rio Grande do Norte, além de registrar a identidade cultural do estado. “Ao contrário do que muita gente pensa, as crianças não brincam mais com estes tipos de brinquedo porque não os conhecem e não porque não gostam. O que diferencia é o ma-

terial utilizado, mas a diversão é a mesma”, fala. Inaugurado em setembro do ano passado, o museu é visitado por pessoas de todas as partes do Brasil e também do exterior. Para a construção do seu acervo, que é composto por doações dos próprios moradores, foram feitas pesquisas por alunos e professores da instituição em mais de 60 municípios do RN. A guia do local, Aneise Carla de Sousa, 22, acredita que, no sentido de recordação, a iniciativa é válida, pois é importante conhecer nossa história para compreender nossos hábitos atuais. Mas o resgate àquele mundo é uma realidade muito distante para as crianças de hoje em razão da tecnologia que se desenvolveu bastante nestes últimos anos. “Hoje em dia tudo é movido à base da modernidade, sem apego às coisas simples da vida. Antes as próprias crianças inventavam meios para se divertir, fazendo brinquedos, jogos e utilizando como material o pano, papel, madeira, lata. Havia uma pureza nas brincadeiras”, diz. Quanto à resposta do público infantil ao museu, responde: “No geral, é positiva. Lógico que sempre existe quem não ache graça, quem fale mal. Mas a maioria fica encantada ao saber que os pais ou avós brincavam com objetos tão simples, de tão poucos recursos”, acrescenta.

▶ Sâmara Ribeiro: “lembrei da minha infância”

▶ Eduardo Dantas: computador “arranca” a inocência

▶ Sede do museu fica no prédio histórico da IFRN, reformado

EU TINHA 11 IRMÃOS E MORÁVAMOS NUM SÍTIO NO INTERIOR DE MINAS. NOSSOS PAIS PLANTAVAM E COLHIAM OS MILHOS, QUE SERVIAM COMO BRINQUEDOS PARA NÓS” Ritá de Cássia Rodrigues Turista mineira, durante visita ao museu

ROTEIRO roteiro@novojornal.jor.br

ENCONTRO EXPLOSIVO – 12 anos. Ci- SHREK PARA SEMPRE – Livre. Cinemark: 12h15 - 14h25 - 16h40 nemark: 22h25 (LEG) 18h50 - 21h20 (DUB) Moviecom: 13h20 – 15h15 – 17h10 – 19h05 – 21h00 -14h20 – 16h15 – 18h10 – 22h00 (DUB)

A aluna de gestão desportiva e lazer da IFRN, Sâmara Ribeiro, 19, que visitava o museu, diz que apesar daqueles brinquedos não terem feito parte de sua infância, admite que, de certa forma, se sentiu sendo transportada para um universo mágico e desconhecido. “Mesmo sem ter brincado com eles, só de observá-los lembrei de muita coisa boa da minha infância. Toda criança deveria visitar este lugar”, disse a estudante. O professor Eduardo Luiz Dantas, 45, turista de São Paulo,, disse que se a criança é incentivada desde cedo a brincar com estes objetos, “pega gosto pela coisa”. Mas a partir do momento em que os pais empurram a criança para a frente do computador, o que é muito comum atualmente, arrancam dela toda aquela inocência infantil”, ressalta. A turista Rita de Cássia Rodrigues, de 46 anos, professora que passeava pelo museu quando a equipe do NOVO JORNAL visitava o local, afirma que sua infância, no interior de Minas Gerais, foi marcada por estes brinquedos, principalmente pelas bonecas de sabugo de milho. “Eu tinha 11 irmãos e todos nós morávamos num sítio no interior de MG. Nossos pais plantavam e colhiam os milhos, que entre outras plantas, serviam como brinquedos para nós. Fazíamos roupas, acessórios, tudo para os milhos. Era bom demais”, conta. A divulgação do espaço ainda está em processo de discussão por partes dos superiores. Aneise, a guia, diz que as crianças que visitam o museu vêm mais por excursões e não por vontade própria da família. “Nós queríamos que os próprios pais ou avós influenciassem as crianças a dar valor às brincadeiras antigas, mas é complicado porque as pessoas não têm conhecimento do local. Para isso, estamos estudando métodos de divulgação mais eficazes, como panfletos e divulgação na mídia, além de também planejar a melhoria da nossa infraestrutura”, diz.

MÚSICA SAMBA DO SANCHO - Os grupos Nuance e Pura Mania animam a noite do Sancho Music Bar. Início 20h.

CINEMA 17h30 – 19h45 – 14h45 – 17h00 – 19h15 – 21h30 (DUB). CARTAS PARA JULIETA – 10 anos. Cinemark: 12h10 - 17h20 (LEG). TOY STORY 3 – Livre. Cinemark: 11h05 - 13h35 - 16h05 - 19h20 - 21h50 (DUB). Moviecom: 13h00 – 15h15 –

PRÍNCIPE DA PÉRSIA - AS AREIAS DO TEMPO – 12 anos. Cinemark: 11h50 (DUB). Moviecom: 19h20 – 21h40 (LEG) 14h30 – 16h50 (DUB).

ECLIPSE – 14 ANOS. Moviecom: 14h00 – 16h35 – 19h10 – 21h45 (LEG) 13h35 – 16h10 – 18h45 – 21h20 (DUB). Cinemark: 12h00 - 14h50 - 18h00 SHREK PARA SEMPRE 3D – Livre. 21h00 (DUB). 12h30 - 13h00 - 15h30 - 16h00 - 18h30 - 19h00 - 21h30 - PLANO B – 12 anos. Cinemark: 15h00 Cinemark: 11h15 - 13h25 - 15h40 17h50 - 20h00 (DUB). 22h20 (LEG). - 19h55 (LEG). 22h00 (LEG)

APITO FINAL - Depois de acompanhar a final da copa os torcedores do Prozac assistirão ao show da banda Os Bonnies (antecipando o dia mundial do rock). Início: 15h30. CAMILA MASISO - A cantora apresenta o seu repertório de samba e bossa nova no Casa Nova Ecobar. No setlist, Roberta Sá, Maria Rita, Chico Buarque e outros nomes do cenário nacional. Início: 18h.


Social

Edito Editor Franklin Jorge Frank

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NATAL, DOMINGO, 11 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

Marcos

Sadepaula

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A demain, que eu vou em frente!” Ibrahim Sued

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FOTOS: D’LUCA

Finalíssima Eu espero que a Holanda ganhe. Já que fomos eliminados, que tenha sido pelos melhores do mundo. A seleção, cujo técnico é o Maurício de Nassau (que não é holandês, mas técnico pode ser de qualquer nacionalidade), escalou novamente Van Halen, Van der Wildner, Van Pirata e Van Do; Van Geleonel, Van der Lee, Van der Cleidson e Marcelo D2; Heineken, Phillips e Tiësto para enfrentar a seleção da Espanha, cujo técnico Pablo Picasso escalou Almodóvar, Franco, Hernán Cortés e Paella; Iniesta, Iniaquela, Fábregas e Nádegas; Banderas, Bardem e Julio Iglesias.

/ NJ

Valeu o boi! Não há duvidas de que a banda Garota Safada está no podium das melhores bandas de forró. A turma que, até então, estava com preguiça de pegar a estrada para Currais Novos, decidiu ir apenas no domingo. Por que será?

▶ Bebel Tinocoe,

Gabriela Alves no Naiara Azevedo i niver privê de Dan

Fragmento poético

Motta

Mais sobre a banana A banana ajuda a curar ou prevenir um grande número de doenças e condições físicas, que a tornam obrigatória na nossa dieta diária: - Anemia: contendo muito ferro, estimula a produção de hemoglobina; - Tensão arterial: com seu elevado teor de potássio, é perfeita para combater a pressão alta; - Capacidade mental: pesquisa mostra que frutas com muito potássio ajudam alunos a aprender e manterse mais atentos; - Intestinos: com muita fibra, ajuda a normalizar as funções intestinais; - Ressaca: uma das formas mais rápidas de curar uma ressaca é fazer uma vitamina de banana com leite e mel; - TPM: a vitamina B6 regula os níveis de glicose no sangue, que afetam o humor. Vamos comer mais bananas!

▶ Michele Regis circulando pelo “Triângulo das Bermudas”

de Flávia McLaren Nascida em Bagé no Rio Grande do Sul , muda-se para Porto Alegre ainda pequena, onde passa a maior parte da sua vida. Como atriz fez “O Vampiro de Novo Hamburgo” de Jorge Furtado, “A morte no Edifício Império” de Beto Souza , documentário premiado no Festival de Gramado, além de comerciais de televisão e vídeo clips de bandas de rock sendo o último “De volta ao Planeta dos Macacos” do Jotta Quest. Até que um dia , descobriu que o seu destino era mesmo os bastidores.

Enviado pela leitora Iracema Dantas

Escola Nacional de Circo

▶ Os empresáreios

Ricardo Abreu , Ricardo Bezerra botando fé no Liquida Natal e prometendo abatimento em imóveis e abadás

Enquanto todo mundo se prepara para entrar de férias. A Tropa Trupe vai receber entre os dias 12 e 24 de julho professores de referência no ensino do circo no Brasil. As oficinas de formação e qualificação das técnicas circenses integram a primeira parte do projeto Oficinas Circenses “Eu quero ser grande!”, contemplado no Programa BNB de Cultura – Edição 2010 – Parceria BNDES. Serão 180 horas de aulas na modalidade de acrobacia de solo e aéreo (trapézio, lira e tecido acrobático). Informações no 8825-2312.

▶ Michele Regis,e

Louise Dantas Marina Souto no Pitanga

Jobim + Terra Bella Com o slogan “Sua viagem merece um brinde”, o Jobim Gastronomia & Música premia os clientes da Terra Bella Turismo. Serão cinco vinhos por semana e um jantar com acompanhante por mês (entrada, prato principal e sobremesa). Para concorrer aos prêmios, basta adquirir passagem aérea ou pacote turístico na agência de viagem. A promoção é válida até o próximo dia 31 de agosto e conta com o apoio da Casa Valduga, Vinhedos, Magazzino e Casa dos Vinhos.

- Passarinho! Oh, passarinho! Você quer ser meu amigo? Falou Palpitoco mostrandolhe um cofre cheio de dinheiro. O passarinho olhou para ele e respondeu: - Menino tolo, menino bobo! Você precisa saber que um amigo não se compra. Um amigo se conquista um pouquinho de cada vez, todos os dias.

Caranguejada Na próxima terça, para quem aprecia um bom caranguejo, a pedida é dar um pulo no Pitanga para se esbaldar com o crustáceo preparado no coco ou na água e sal, a partir das 18h, bem ali na Ângelo Varela no Tirol. O fone para mais informações é o 3201-0166.

▶ Lauren Diniz eo ▶ Sofia Macedode

Virgínia Carvalh nge n’A Saideira Lou

no aniversário Daniele Motta

Livro

D’LUCA / NJ

Aluizio Alves Filho, o Aluizinho, convida para o lançamento do seu novo livro amanhã às 19h no Memorial Aluizio Alves, que tem como título “Repensando o tempo, enfrentado a saudade e a vida”

Foi produtora nacional do itinerante Mercado Mundo Mix, na época a feira mais moderna do Brasil em termos de moda, música e comportamento. Durante 5 anos foi a Coordenadora de Produção da Opus Promoções em Porto Alegre. Mudou-se para a Inglaterra para estudar e por lá ficou por 8 anos. De volta ao Brasil , escolheu o outro Rio Grande como sua nova casa e segundo ela, foi uma das melhores decisões da sua vida. Agora de volta à Opus Promoções, assume a gerência geral do Teatro Riachuelo que tem a sua inauguração prevista para o final do ano. A coluna pediu para ela enumerar os 10 melhores espetáculos que ela já produziu.

1

Ballet Kirov – Gala, seleção de coreografias de balés famosos (Serenade, de Balanchine, Arlequinada, de Petipa )

2 3

Disney on Ice – A Bela e a Fera

4 5

Ben Harper – show musical

6 7 8

Momix – espetáculo de dança

9

Marisa Monte – Tournê pelo Rio Grande do Sul – Memória, Crônicas e Declaração de Amor

10

Salomé – de José Possi Neto com Christiane Torloni, Tuca Andrada e Luis Melo Free Jazz Festival – George Clinton , Salif Keita , Issac Hays Ney Matogrosso – show Batuque A Dona da História – de João Falcão com Marieta Severo

BB King – show musical


Esportes 14

Editor Marcos Bezerra

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/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 11 DE JULHO DE 2010

ARGEMIRO LIMA / NJ

BOLEIROS do Novo Jornal

RAFAEL DUARTE Embaixador da República de Nazaré

D’LUCA / NJ

PALPITE INFELIZ CEDIDA

CEDIDA

ADRIANO DE SOUSA Leitor de jogos sem fim

A SEGUINTE HISTÓRIA: Até os anos 1960, os vincos holandeses na história e na cultura globais restringiamse à pintura, à phynança e à religião. Pincéis, capitais e pregadores flamengos moveram séculos afora a navilouca do mundo em muitas inflexões politicoeconômicas ou estéticas. Era um contrapeso à baixa inserção na literatura, na música, no teatro e no cinema planetários. Nos anos 1970, os batavos romperam com essa opacidade, produzindo um brilhante cisma no ludopédio, com táticas tão porraloucas que pareciam traçadas na mesa de um junky bar de Amsterdã. Baseado na mobilidade irrestrita e no contrato de jogar ofensivamente, o “carrossel” conquistou a Europa três vezes (com o Ajax) e ganhou o mundo em duas copas perdidas para as cavilações dos deuses da bola. A revolução foi possível pelo entrosamento absoluto dos jogadores (nove estavam no Ajax desde as categorias de base) e pela genialidade do treinador Rinus Michels. Curiosamente, a tática remetia à forma circular de algumas histórias de Cees Nooteboom, um raro caso de escritor holandês com inserção global. Nooteboom é nome recorrente na lista anual do Nobel; e, assim como o escrete laranja, nunca ergueu a taça. Mas, ao contrário do time, não admite (como fez Robben sexta-feira) mudar o estilo para ganhar. Continua a cultivar a obsessão pela mobilidade e pelo deslocamento, como modos de vidaa e de escrita. Como formas ddee beleza.

CARLOS FIALHO Camisa 5 do Bola Seca Futebol Arte CARLOS MAGNO ARAÚJO Meia à espera do juízo final

NA TORCIDA

AS DUPLAS Há dois mágicos que pontificam no time da Espanha: Xavi e Iniesta. Ambos habilidosos, jogadores de salão emprestados ao tapete verde. Passes curtos, tabelinhas, dribles no espaço mínimo. Ditam o ritmo, chamam o adversário. Atraída, a vítima toma a estocada – o passe adiante, a encontrar um Villa, um Pedro ou um Fernando Torres na cara do gol. Ambos, Xavi e Iniesta, são também o motorzinho do Barcelona, o que dispensa comentário. Os dois, toureiros da Espanha na final de hoje. Pequenos, timidez disfarçada, jeito de menino (embora Iniesta disfarce com a careca), são o ponto de equilíbrio. Sneidjer é o baixinho atrevido. Careca como Robben, corre de cabeça erguida com a bola no pé, o peito estufado, a elegância atarracada. Sneidjer bate bem com a esquerda ou com a direita. Chuta colocado, mas sabe chamar a curva ou bater com força. Robben prende a bola no pé e dribla prá frente. Vai chamando os adversários para dançar, como um ponta de antigamente, e ultapassa um por um até servir um Kuit ou um Van Persie. Ou achar Sneidjer que, fingindo-se de morto, dispara o tiro de misericórdia. O desempenho dessas duas duplas definirá o campeão de hoje. O par que não funcionar perde a Copa. Eu aposto na Espanha, pela força dos coadjuvantes. Não sou polvo, só comedor de camarão, mas desde os primeiros “boleiros” dei Espanha favorita. É também meu dia D.

FORÇA NA VUVUZELA KAMILO MARINHO/NJ

MARCOS BEZERRA Editor de Esportes

Holanda e Espanha vão nos dar, hoje, o prazer de ter um campeão inédito na Copa do Mundo. E já que o Brasil está entre os gigantes que ficaram pelo Caminho, vou de... Meu palpite sobre o placar é... É isso, estou na onça caro leitor. Sem um time para torcer e nem mesmo um infeliz palpite. Não que eu tenha deixado de ser um técnico de futebol em potencial – o que somos, todos nós brasileiros. Apenas tirei férias. Isso; dei-me o direito de tirar umas férias como torcedor. Motivos, até que eu tinha para torcer pela Espanha, já que fiquei bastante irritado com a Holanda no jogo com o Brasil – menos pelo resultado e mais pela catimba que os caras levaram para campo. Motivos para torcer pela Holanda, também os tenho. O time bateu duas vezes na trave e sempre manda bem nas arquibancadas com suas galegas. Assim, igual bóia n’água, peço socorro aos meus amigos Boleiros.

Participe do Boleiros enviando sua opinião para boleiros@novojornal.jor.br

Esses dois jogos finais da Copa serão um grande alívio numa semana em que o noticiário, as conversas de calçada e as pautas de mesa de bar foram absolutamente monotemáticas e lamentavelmente brutais. A questão é: por quem torcer? E que critério seguir? BELEZA – As torcedoras holandesas atraíram a atenção de muitos marmanjos do mundo todo, assim como a paraguaia turbinada, porém são os jogadores da Espanha, especialmente aquele zagueiro, cover do Henri Casteli, o Piquê. Então, se levarmos em conta as opiniões masculinas e femininas, dá empate. CULINÁRIA – Dá Espanha. Fácil. A simples lembrança dos mexilhões e paellas que comi quando passei por lá me impelem a escolher a fúria em nome da cozinha mediterrânea. A carne de porco também bate um bolão. Por isso, driblando todo mundo, num gol típico de jogador fominha, Espanha 1x0. ARTES PLÁSTICAS – De um lado Van Gogh, do outro Picasso. O autor da Guernica leva por pontos. Um tento que é uma pintura de tão bonito. Espanha 2x0. LITERATURA – Cervantes com seu Quixote marca de letra e decreta a goleada. 3x0. Com isso, concluo que torcerei pra turma de Villa e Xavi, mas acima de tudo, por uma disputa farta em gols e lances de emoção.

O poeta Volonté apareceu botando os bofes para fora no bar de Nazaré com um bicho enfiado num saco. Cochichou no ouvido do Paulinho e levou a encomenda para a cozinha. A essa altura do campeonato a curiosidade no estabelecimento lotado já tinha matado um velho do coração. O conteúdo do pacote roubou o debate sobre a final da Copa e virou o assunto das 15 mesas instaladas na calçada e dentro do buteco. Em questão de segundos, duas viaturas do FBI e da Interpol chegaram ao local. Em desespero, o pintor Assis Marinho foi embora sem pagar a conta imaginando um ataque terrorista. Volonté olhava o furdunço pela brecha na parede que dava para o balcão. Quando os policiais ameaçaram atirar, o poeta apareceu usando o polvo alemão como escudo. Diante do possível processo por seqüestro internacional de animais que responderia pelo rapto do polvo, já se dava por rendido quando um papudinho propôs um último teste para o molusco: - Peraí! Já que o bicho tá aqui vamo abusar também. Pergunta pra ele quando é que o governo do estado vai conseguir fazer a primeira licitação para a Copa de 2014... O que se ouviu e viu ali foram cinco segundos de um grito terrível e o mergulho do polvo para a morte no caldeirão onde a cozinheira Tázia esquentava a fogo alto um caldo de ostra. Aos prantos, Volonté desembrulhou o pedaço de papel que veio da África na caixa onde Paul foi transportado. O recado veio em português: - Cuidado! Em hipótese alguma pergunte algo impossível de ser respondido. Polvo frágil. Palpiteiroo sim, mágico não.


▶ ESPORTES ◀

NATAL, DOMINGO, 11 DE JULHO DE 2010 / NOVO JORNAL /

Paulo Vinícius Coelho ▶

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HOLANDA E ESPANHA

pvc@uol.com.br

LLUIS GENE / AFP / GETTY IMAGES

EM DIA DE SER GRANDE

/ DECISÃO / COM FUTEBOL BONITO, DE MUITO TOQUE DE BOLA, EQUIPES DEIXAM FAVORITOS PELO CAMINHO E FAZEM FINAL POR UM TÍTULO INÉDITO NO MUNDIAL DA ÁFRICA DO SUL MICHAEL KOOREN / REUTERS

MARCELO DEL POZO / REUTERS

▶ Espanha pode ser campeã com o pior ataque da história das Copas

Risco espanhol A Espanha é observada pelo mundo como representante do futebol bonito na Copa. Até um limite, é mesmo. Mas está prestes a entrar na história por um recorde negativo capaz de mudar essa visão. Se vencer a Holanda por qualquer placar inferior a quatro gols, a Espanha se tornará a campeã com o pior ataque de todos os tempos. Só a Inglaterra, em 1966, e a Itália, em 1938, ganharam o troféu depois de chegarem à decisão com 7 gols marcados, como os espanhóis. Mas ambas venceram a final por 4 x 2, terminaram a campanha com 11 e com número de jogos menor a Inglaterra jogou seis vezes, a Itália quatro, a Espanha faz hoje seu sétimo jogo. O risco espanhol não é ser o pior ataque da história. É perder a final por culpa de seu desempenho ofensivo ruim. A Espanha chutou a gol 103 vezes na Copa, mas só 35 chutes foram no alvo e só marcou sete vezes. Significa que a Espanha chuta 14 vezes para fazer um gol. Pois a Holanda só precisa de seis chutes. Em 80 arremates, 41 foram no alvo e 12 estufaram a rede. O RISCO A troca de passes espanhola é brilhante, seu time foi concebi- ESPANHOL do com um trabalho de formação de jogadores que serve de modelo NÃO É SER O para o Brasil, mas é inevitável dizer que, às vezes, seu jogo tique-ta- PIOR ATAQUE que não sai do lugar. Na Euro 2008, com Fernando Torres em forma, DA HISTÓRIA. a Fúria marcou 8 gols apenas nos três jogos da primeira fase. Foi É PERDER A campeã com 12, o melhor ataque. Em 2010, é o time do 1 x 0 nas FINAL POR oitavas-de-final, contra Portugal, nas quartas contra o Paraguai, na CULPA DE SEU semifinal contra a Alemanha. Daí o risco da profecia do holandês DESEMPENHO Kluivert, por óbvia que seja, concretizar-se: ‘A final será vencida OFENSIVO RUIM por quem marcar primeiro.’ Em 2002, o Brasil tinha o melhor ataque e a Alemanha chegou à decisão ganhando do Paraguai, nas oitavas, dos EUA, nas quartas, e da Coreia do Sul na semifinal, sempre por 1 x 0. Contra o Brasil, não reagiu ao gol de Ronaldo. Aquele Brasil foi o primeiro campeão a vencer todos os sete jogos. A Holanda pode ser o segundo e também pode igualar o Brasil de 1970, vencendo todos os jogos das Eliminatórias e da fase final da Copa. Isso pode acontecer se o ataque da Espanha não funcionar outra vez, se confirmar ser o pior na comparação com todos os campeões. Ah, sim... Se a Espanha, que joga bonito, não sofrer gol hoje, terá a segunda melhor defesa da história dos campeões. PVC escreve nesta coluna diariamente

▶ Descontração do técnico Bert van Marwijk: confiança em alta na Holanda

▶ Melhor time da história fez a Espanha calçar chuteiras e quer mais

BRUNO ARAÚJO DIEGO HERVANI

para a seleção espanhola: 15 a 11. O primeiro confronto entre as duas seleções aconteceu em 1920, na Olimpíada realizada em Antuérpia, na Bélgica. Foi o único jogo disputado em campo neutro, como será o deste domingo, na África do Sul. Na ocasião, a Espanha venceu a Holanda por 3 a 1. Em 1983, as duas equipes duelaram nas eliminatórias da Eurocopa do ano seguinte, com uma vitória para cada lado. A Espanha venceu em Sevilha, e a Holan-

DO NOVO JORNAL

A ÁFRICA DO

Sul será palco neste domingo, às 15h30 (horário de Brasília), da final inédita entre Espanha e Holanda. A partida no estádio Soccer City, em Johannesburgo, será histórica para uma das duas equipes que poderá conquistar o título inédito. Por outro lado, a seleção que perder a decisão terá fortalecida a fama de “jo-

gar como nunca e perder como sempre”. E apesar do polvo profeta apontar – antecipadamente – a Espanha como campeã, o confronto entre as duas equipes é marcado pelo equilíbrio, apesar das duas jamais terem se enfrentado em jogos válidos pela Copa do Mundo. Até hoje, Espanha e Holanda jogaram nove vezes, com quatro vitórias para cada seleção e um empate. No número de gols marcados, pequena vantagem

da deu o troco em Roterdã. Foram os últimos jogos válidos por competições oficias entre espanhóis e holandeses. Os demais jogos disputados entre os finalistas deste domingo foram todos amistosos. Quase sempre, quem atuou em casa levou a melhor. A Holanda conseguiu quebrar essa marca apenas em 2000, ao vencer a Espanha por 2 a 1 em Sevilha. O jogo mais recente, em Roterdã, acabou 1 a 0 para os holandeses. SHAUN BOTTERILL / FIFA VIA GETTY IMAGES

▶ Soccer City, em Johannesburgo: palco está pronto para a primeira final entre países que nunca ganharam o mundial

DE “AMARELO” PARA DOURADO Em 1964, a Fúria vencia a Eurocopa pela primeira vez. Naquela oportunidade, a seleção espanhola bateu a União Soviética, no Santiago Bernabéu, por 2 a 1. De lá para cá, era tida como favorita nas competições, mas ao contrário de títulos, o que ganhou mesmo foi o rótulo de “amarelão” do futebol mundial. A tal “fama” começou a ficar para trás em 2008, quando conquistou o título da Eurocopa sobre a Alemanha por 1 a 0. No entanto, o fracasso na Copa das Confederações do ano passado, voltou a colocar dúvidas sobre o poderio da máquina furiosa de Vicente del Bosque, quando foram eliminados nas semifinais pelos Estados Unidos. Hoje, o Soccer City pode encerrar um drama. Uma vitória separa os rojos (vermelhos) do primeiro grande título de sua história: campeão mundial. Uma conquista que acabaria de vez a velha e incômoda fama de time que amarela na hora da decisão. A equipe de Vicente del Bosque se diz pronta para isso e acha que finalmente a seleção chegou ao nível dos clubes do país, como Real Madrid e Barcelona, que sempre entram como favoritos nos torneios que disputam. Del Bosque aproveitou o sucesso do Barça, que tem encantado o planeta com Pep Guardiola nos últimos anos, e montou sua seleção com Piqué, Puyol,

CHEGOU A HORA DA HOLANDA

Após 32 anos de espera, fiBusquets, Xavi e Iniesta como tinalmente a Holanda tem mais tulares absolutos. A fórmula deu uma chance de conquistar o seu certo na África do Sul. Na semiprimeiro título mundial. Desfinal, o treinador ainda colocou de 1978, quando perdeu na dePedro no lugar da estrela Fercisão, para a Argentina, por 3 a nando Torres. Contando com 1, os holandeDavid Villa, reses chegavam à cém-contraCopa do Muntado pelo cluFICHA TÉCNICA do apresentanbe catalão, são do um futebol sete jogadores HOLANDA bonito e ofensido Barcelona vo, sendo aponentre os 11. Stekelenburg; Van der Wiel, tados como um Os outros Heitinga, Mathijsen e Van dos grandes fasão do Real MaBronckhorst; Van Bommel, De voritos para ledrid (Casillas, Jong e Sneijder; Robben, Van vantar o caneSergio Ramos Persie e Kuyt co, mas seme Xabi Alonso) Técnico: Bert Van Marwijk pre acabavam e Villlareal (Caeliminados. pdevilla). Dos ESPANHA A equi23 da lista da pe, que em ouCopa, apenas Casillas; Sergio Ramos, Piqué, tros tempos já três atuam fora Puyol e Capdevila; Iniesta, foi chamada do país, na InBusquets, Xavi e Xabi Alonso; de “Carrossel”, glaterra (TorPedro e Villa. apresenta esse res, Reina e FáTécnico: Vicente del Bosque ano uma probregas). “Será posta diferenum jogo importe: com um futante para toEstádio: Soccer City, em tebol pragmátidos nós, para Johannesburgo co, mas eficaz, o futebol espaHorário: 15h30 (de Brasília) os holandeses nhol. Estamos Arbitro: Howard Webb (ING) chegam a essa onde merecefinal com 100% mos, falta o úlde aproveitatimo passo. Vamento, tendo vencido todos os mos entrar com muita vontaseus seis jogos. Na fase de grude e esperança” disse o zagueiro pos, vitórias contra Dinamarca, Puyol, autor do gol que garantiu 2 a 0, Japão, 1 a 0 e Camarões, 2 a vitória por 1 a 0 sobre a Alemaa 1. Nas oitavas, o time venceu a nha e a presença na final inédita Eslováquia, por 2 a 1. Depois, nas contra os holandeses.

quartas de final, vitória sobre o Brasil, também por 2 a 1. Na semifinal, a vitima da vez foram os uruguaios, 3 a 2. Para Giovanni van Bronckhorst, capitão da seleção, o time aprendeu com os erros do passado. “Muita gente diz que não estamos jogando um futebol bonito. Hoje, acho que o mais importante é vencer. No passado, jogamos muito bem, mas perdemos”, disse Bronckhost. O capitão, que já declarou que irá se aposentar depois da copa. “O último jogo da minha carreira e é uma final de Copa do Mundo. O que mais eu posso falar? Não poderia ser mais bonito”, completou. O técnico da Holanda, Bert van Marwijk, creditou aos adversários o título de “melhor time do mundo”, mas confia que sua seleção pode vencer. “A Espanha é o melhor time do mundo nos últimos anos. Eu gosto da forma como eles jogam. Mas isso é um jogo. Nós estamos bastante confiantes em relação ao nosso futebol”, comentou o treinador. Se vencer a Espanha no tempo normal, a Holanda vai se tornar a segunda seleção a vencer todos os jogos das eliminatórias e do mundial. Marca atingida apenas pela “Canarinha” em 70.

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▶ ESPORTES ◀

/ NOVO JORNAL / NATAL, DOMINGO, 11 DE JULHO DE 2010

Tostão JAMIE SQUIRE / FIFA / GETTY IMAGES / DIVULGAÇÃO ADIDAS

▶ Fúria tem mostrado o futebol mais bonito da Copa

A grande final Antes da Copa, todos os que elogiavam a Holanda e a Espanha não acreditavam que as duas seleções pudessem ser campeãs. Holanda e Espanha têm tudo a ver. As duas seleções têm tradição de jogar bonito, e vários jogadores e técnicos holandeses trabalharam na Espanha. Cruyff é o maior exemplo dessa relação. Ele jogou nos dois países, além de ter sido técnico do Barcelona. Os estilos bonitos da Espanha e do Barcelona estão presentes nos conceitos e lições de Cruyff. Após a vitória sobre o Uruguai, os holandeses tiveram mais um dia de folga e se encontraram com suas companheiras, filhos e amigos. Como se vê, não há uma única maneira de formar um grupo unido e guerreiro. Pode ser do jeito holandês ou do jeito de Dunga e Jorginho, com suas igrejinhas de jogadores bem comportados. A Espanha, assim como o Barcelona, por marcar por pressão, valorizar a posse de bola e pela troca de passes, tem um estilo diferente de todas as outras equipes. É preciso separar a troca de passes rápidas, precisas, para frente, da Espanha e do Barcelona, com o objetivo de chegar ao gol, dos passes curtos, para o lado, lentos, das outras seleções. Jogando assim, a Espanha ganhou a última Eurocopa e chegou a ficar 52 jogos HOJE É A GRANDE sem perder. A Espanha nunca teve um time tão bom quanto FINAL. VOU o atual. O técnico Vicente Del Bos- TORCER PARA que, que substituiu a Luis Aragonéz, após a Eurocopa, mu- A ESPANHA, dou o time ao colocar mais um volante, adiantar Xavi e escalar QUE JOGA MAIS apenas um atacante. O time ficou menos ofensivo e com mais BONITO segurança na defesa. Prefiro a maneira anterior. O centroavante Fernando Torres foi substituído também por motivos técnicos. Todos os jogadores da Seleção Inglesa e todos os outros que jogam na Inglaterra, como Fernando Torres, não foram bem na Copa. Vou torcer para a Espanha. Se a Espanha ganhar o título, será ótimo para o futebol. Será a vitória do time que joga bem, diferente e que dá espetáculo. Se isso acontecer, espero que influencie os técnicos brasileiros, que não estão nem aí para a qualidade do jogo. Só pensam em vencer. Eles não gostam de futebol. Gostam de ganhar. O futebol brasileiro precisa, dentro e fora de campo, de pessoas que gostam de futebol, e não apenas de vencer e de fazer bons negócios. Tostão escreve nesta coluna diariamente

DIFERENTES NA DISCIPLINA CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 15 ▶ Sobra “fair play’’ para os espanhóis. Faltam bons modos para os holandeses. Os adversários da final da Copa podem entrar também para a história na parte disciplinar. Se a Holanda ganhar, será o campeão com mais cartões recebidos desde a introdução do amarelo, no México-1970. A Espanha tem chance de igualar a Alemanha de 1974 como o vencedor que menos trabalho deu aos árbitros. Depois de seis jogos neste Mundial, o time da camisa laranja soma 15 amarelos. O máximo que um campeão da Copa teve até hoje foram as 12 advertências recebidas pelos argentinos, em 1986. A equipe do técnico Bert van Marwijk também já superou o número total de cartões de um vencedor da Copa, 14 (11 amarelos e 3 vermelhos), da França, em 1998. Tudo muito diferente da Espanha. Com seu estilo vistoso e sempre com muita vantagem na posse de bola, os comandados do técnico Vicente del Bosque somam apenas três cartões amarelos, assim como os alemães em 1974, em uma época em que o número de advertências era muito menor. Comparada com as seleções campeãs dos últimos 20 anos, fica

ainda mais clara a disciplina da seleção espanhola. A partir do Mundial de 1990, a média dos donos da taça foi de 7,5 amarelos. O ranking de faltas do Datafolha ajuda a explicar a discrepância no comportamento disciplinar dos finalistas. A Espanha é o terceiro time menos faltoso da Copa, com média de 10,5 infrações por jogo. A Holanda aparece no meio do ranking, com uma média bem maior do que a espanhola (16,5). Time com mais amarelos da Copa de 2010, a Holanda nem pode colocar a culpa em alguém mais esquentado, como, no caso do Brasil, o volante Felipe Melo. Nada menos do que 13 jogadores do time já receberam o amarelo. Os árbitros também foram complacentes com alguns holandeses. Segundo jogador mais faltoso do time, o volante Van Bommel recebeu seu primeiro cartão amarelo somente no jogo semifinal, diante do Uruguai. Os holandeses foram advertidos na maioria das vezes por faltas violentas. Mas também não faltaram cartões por outras ocorrências. Contra os uruguaios, o astro Sneijder recebeu o amarelo por peitar os jogadores sul-americanos com a bola parada. Na derrota de Port Elizabeth, pelas quartas de final, sobraram reclamações dos brasileiros pelo comportamento dos jogadores da

DISCRETO E FUNDAMENTAL Apesar de ter destaques como o atacante David Villa, o goleiro Iker Casillas, e os armadores Xavi e Iniesta, outro nome menos badalado tem sido peça essencial, até agora, na trajetória espanho-

la neste mundial: o volante Sergio Busquets. O jogador do Barcelona, que irá completar 22 anos cinco dias depois da final, é um verdadeiro carregador de piano. Pressiona,

A EXPERIÊNCIA DE SNEIJDER E ROBBEN

Holanda, especialmente de Robben. De acordo com os comandados de Dunga, cavava faltas e exagerava na demonstração de dor.

As principais apostas da seleção holandesa para conquistar o mundial são Robben e Sneijder. Ambos fizeram grande temporada em seus clubes, chegando a se enfrentare na final da Champions League, um atuando pela Internazionale e o outro jogando no Bayern de Munique. Na ocasião, o meia Sneijder, da Inter, levou a melhor contra o seu compatriota, 2 a 0 para os italianos. O desempenho dos dois na Copa do Mundo não vem decepcionando. Sneijder participou dos seis jogos do time, em quatro deles foi eleito o melhor jogador da partida. Com cinco gols, o meia também é o artilheiro do time e um dos principais goleadores da competição, ao lado do espanhol David Villa. “Jogarei neste domingo uma partida com que toda criança sonha quando ganha sua primeira bola: a final da Copa do Mundo”, declarou o atleta ao site da Inter de Milão. Robben começou o torneio machucado e correu o risco de nem jogar o mundial. “Para mim, está sendo muito especial. No início, achava que nem estaria aqui. Mas consegui me recuperar muito rápido”, disse depois da Holanda conquistar a vaga na decisão.

defende, inicia as jogadas de ataque, fecha os espaços e, sobretudo, rouba bolas. Apesar da importante função que desempenha, o jogador em entrevista ao site da FIFA minimizou sua importância individual na equipe. “Não conto o número de bolas que roubo, embora às vezes olhe as estatís-

ticas”, admite com uma risada. “A única coisa que importa é a vitória da seleção, e estou contente com isso.” Na última partida espanhola, Busi, como é chamado pelos companheiros, saiu de campo como o terceiro melhor passador, com um aproveitamento de 92%.

/ NORDESTÃO /

Torneio regional ainda não empolgou torcedores AUGUSTO RATIS / NJ

EM ABRIL, QUANDO foi confirmada

a volta do Campeonato do Nordeste, depois de sete anos fora do calendário “boleiro”, os dirigentes dos clubes festejaram. Na época, os cartolas viram na competição a chance de deixar suas equipes em atividade durante a Copa do Mundo, atraindo um bom número de torcedores pela ausência de campeonatos nacionais durante esse período e aumentar suas receitas. Mas o que se viu nessas nove primeiras rodadas foram estádios vazios e, consequentemente, rendas abaixo do esperado. Nem mesmo a boa média de 3,12 gols por jogo tem sido suficiente para encher os campos. O campeonato, que em outras edições, já recebeu as maiores médias de público do país, esse ano alcança, aproximadamente, 2.800 torcedores por jogo. Dos 15 participantes, o ABC tem três, dos cinco maiores públicos do Campeonato do Nordeste. O maior deles, inclusive, divide com o arqui-rival América. Para o clássico-rei que abriu a competição, 7465 torcedores estiveram presentes no estádio Frasqueirão, para assistir ao duelo que terminou empatado em 0 a 0. A renda da partida passou dos 87 mil. O segundo maior público também veio da primeira rodada do Campeonato, quando no estádio Castelão, no Ceará, Fortaleza e Santa Cruz protagonizaram um empate em 2 a 2. O duelo entre cearenses e pernambucanos foi assistido por 7.212 presentes e resultou numa renda de R$ 69 mil.

Mas públicos acima de cinco mil pagantes foram raros durante as oito primeiras rodadas da competição regional. Alguns atraíram menos de mil torcedores. Entre os menores públicos figuraram Confiança/SE e América com 847 pagantes, no estádio Lourival Batista, em Aracaju um público superado apenas no duelo entre Botafogo/PB e Fortaleza, no Almeidão, que contabilizou a presença de míseros 654 espectadores.

▶ Machadão: arquibancadas vazias para América e CSA

FIM DA COPA DO MUNDO VAI AJUDAR Para o presidente do ABC, Rubens Guilherme, a realização do Campeonato do Nordeste no mesmo período do Mundial de futebol atrapalhou um pouco e refletiu em arquibancadas vazias. “Em época de Copa, os torcedores ficam mais voltados para a seleção e acabam deixando os clubes um pouco de lado”, disse Rubens. Ricardo Bezerra, diretor de futebol do América, explicou que a falta de tempo para organizar o calendário também teve influência no resultado final da presença de público. “Para mim isso [o público escasso] não é surpresa, esse ano, pela pressa para iniciar o campeonato, tivemos que começar a competição justamente na época da Copa e do São João, dois eventos que prendem muita atenção no Nordeste”, declarou o dirigente. O presidente da Liga do Nordeste, Eduardo Rocha, compartilha da opinião dos diretores de

clubes e afirma que já na rodada seguinte à eliminação do Brasil já pôde ser sentido um aumento sensível da presença de torcedores nas arquibancadas. “Era esperada que não fosse alto [público pagante] no princípio da competição em detrimento da Copa do Mundo. Mas com a infelicidade da eliminação do Brasil e sem jogos no último final de semana, já notamos uma melhora. Além disso, é importante lembrar ao torcedor que, a torcida que tiver a melhor média até a 11ª rodada, será presenteada pela empresa parceira do evento com um bandeirão”, explicou. O empresário ressaltou que o retorno foi válido, principalmente, para garantir que o campeonato não deixasse de existir. “Ou nós faríamos em 2010 ou abdicaríamos da competição para sempre. Foi uma decisão política num momento oportuno”, admitiu.

MAIORES E MENORES PÚBLICOS DO CAMPEONATO DO NE

ABC x América 7465 torcedores

Fortaleza x Santa Cruz 7212 torcedores

Fortaleza x Ceará 6298 torcedores

Botafogo x Fortaleza 654 torcedores

Confiança x América 847 torcedores

Botafogo x Santa Cruz 938 torcedores


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