Jornal novo almourol ed 417 fevereiro 2016

Page 1

Novo

Almourol

créditos foto tentacoesobreamesa.blogspot.com

FEVEREIRO 16 | N°417 | ANO XXXVI | PREÇO 1,20 EUROS | MENSAL DIRETOR RICARDO ALVES | MÉDIO TEJO

Saborear o rio A lampreia e o sável voltam a ser rei e rainha na região. Mação e Vila Nova da Barquinha iniciam este mês os seus festivais de sabores do rio. p18

p06

Central Nuclear insegura

Notícias alarmantes do outro lado da fronteira e o foco é sempre no que liga Espanha ao Médio Tejo, o rio Tejo. Uma inspecção detectou graves falhas de segurança na Central Nuclear de Almaraz.

p13

Portugal 2030 “A não inscrição, ou seja, o recalcamento de sentimentos críticos em relação ao próprio passado, constitui-se como um enorme obstáculo para enfrentar com determinação e tranquilidade o futuro”. Luiz Oosterbeek escreve no Jornal NA.

p15

FotoRadiografias 1986

A exposição “Fotoradiografias, 1896”, de Augusto Bobone, vai estar patente na Galeria do Parque de Escultura Contemporânea Almourol, em Vila Nova da Barquinha, até 22 de Maio

p16&17

Entrevista a José Alfredo Lopes José Alfredo Lopes fala dá-nos a sua visão para o papel que o desporto e a cultura deve ter nas nossas vidas, enquanto país e comunidade e fala sobre a sua saída da Câmara do Entroncamento, onde durante 10 meses foi Chefe de Gabinete do executivo socialista.


02 CURTAS & GROSSAS ABRANTES

26.º Acampamento Margaridas O Acampamento Margaridas 2016 festejou o 26.º ano de existência. Organizado pelo Agrupamento 707 (sedeado em Constância Sul), do Corpo Nacional de Escutas (CNE), decorreu em Constância, junto ao Centro Ciência Viva, de 6 a 9 de fevereiro. O “Margaridas”, é um acampamento sonhado e idealizado por dirigentes do Agrupamento 707, que no Carnaval de 1990 lançaram a ideia no terreno, contando na altura com a participação de 65 elementos do CNE e 12 elementos do grupo 49 da AEP de Lamego. Tendo como tema geral, NEM TUDO É CARNAVAL e tema particular, 25 anos a superar escolhos a organização contou com a participação de 750 escuteiros vindos um pouco de todo o país. O Acampamento foi dividido em quatro campos: Lobos – Iª Secção – Salteadores da Arca Perdida, Maçaricos – IIª Secção – Templo Perdido, Touros – IIIª Secção – Caveira de Cristal e os Corvos – IVª Secção – O Santo Graal. ―

FEVEREIRO 2016

NovoAlmourol ROTÁRIOS

Rui Santos é o profissional do ano O Rotary Clube do Entroncamento distinguiu Rui Santos como Profissional do Ano. O empresário de Vila Nova da Barquinha, gerente da Sociedade de Refrigerantes Baía, recebeu o prémio durante um jantar comemorativo em Tancos, no dia 27 de Janeiro. Rui Santos serviu na Força Aérea Portuguesa, em Tancos, como especialista de abastecimento. Em 1985 começou a trabalhar na Sociedade de Refrigerantes Baía como Encarregado de Produção. Actualmente é gerente, posição que ocupa desde 1993. Vencedora de vários galardões PME Líder e PME excelência, a empresa dá emprego a 37 famílias e é uma referência incontornável no ramo. Rui Santos recebeu a distinção das mãos de Nuno Gomes, presidente do Rotary Clube do Entroncamento. ―

Eleições presidenciais Marcelo Rebelo de Sousa venceu no distrito com 51,11% dos votos, seguindo a tendência nacional revelada no rescaldo destas eleições. A abstenção foi de 48.94%. ―

O cantor Toy vai dar um concerto solidário em Vila Nova da Barquinha, juntamente com Filipe Santos, Ricardo Oliveira, Gonçalo Serras e Pedro Dionysio. O concerto visa ajudar a pequena “Pipoca” Beatriz Morgado que sofre de problemas graves de saúde. O concerto realiza-se no dia 4 de Março, no pavilhão de VN Barquinha, pelas 21h00. ―

↑ rio acima Jazz na Tuna O CIR Ex Tuna reanimou um evento que já fez história no concelho de VN Barquinha. Está de volta o Jazz na Tuna.

p14

Carnaval à chuva Em tempos sombrios, não só por causa do inverno, é importante soltar frustrações. Com ou sem chuva, os foliões foram para a rua e deram cor à região.

Quim da Barquinha Foi há um ano que Joaquim Vieira nos deixou e recordamos com saudade uma figura ímpar de Vila Nova da Barquinha. A palavra é saudade.

Operação GNR A GNR registou 871 acidentes, três mortos e 15 feridos graves, no âmbito da operação “Carnaval 2016”. Fosse apenas 1 acidente e já figuraria neste espaço.

Abstenção Os números dizem-nos que nas últimas eleições presidenciais, ganhas por Marcelo Rebelo de Sousa, a abstenção foi de 51.34, cerca de 5 milhões não votaram. Preocupante.

p14

↓ rio abaixo Tejo Nuclear Poluição, barreiras contra o curso da água, invasão de espécies e agora, um perigo nuclear com o carimbo espanhol. Aproveitemos enquanto há sável e lampreia. p06


SOCIEDADE 03

FEVEREIRO 2016

FACEBOOK.COM/JORNAL-NOVO-ALMOUROL

REGIÃO

VN BARQUINHA

proTEJO em audiência na Comissão Parlamentar do Ambiente TEXTO NA

O proTEJO - Movimento pelo Tejo esteve em audiência da comissão Parlamentar do Ambiente no dia 12 de Janeiro e em comunicado enviado às redacções considera que a mesma foi “positiva no sentido de sensibilizar os deputados da Assembleia da República para os dramáticos problemas com que o rio Tejo sem vem defrontando, com cada vez maior gravidade, no que respeita à poluição, à falta de caudais suficientes e às barreiras à conectividade fluvial, com o Tejo minado de diques, travessões e obstáculos que impedem a normal

circulação de espécies piscícolas e de embarcações.” Ainda no comunicado, o movimento de defesa do Tejo releva a “resposta do Ministro do Ambiente a uma pergunta do Bloco de Esquerda que comprova que um foco de poluição do rio Tejo advém das fábricas localizadas na zona de Vila Velha de Ródão, nomeadamente, a Celtejo e a Centroliva, que foram “notificadas pela APA para adopção das medidas consideradas necessárias para a resolução dos problemas detectados, com excepção da Celtejo com a qual foram realizadas reuniões nos dias 27 de Maio e 21 de Outubro, para discussão da necessidade de adopção de medidas

adicionais para cumprimento das condições de descarga”. No entanto, e apesar de relevar os avanços na chamada à responsabilidade por parte do Ministério do Ambiente, o movimento proTEJO considera que “ esta acção das autoridades competentes não foi suficiente para erradicar os episódios de forte poluição, que têm continuado a verificar-se no rio Tejo com origem na zona de Vila Velha de Ródão”, advertindo para a necessidade de uma “maior acção de fiscalização por parte da Agência Portuguesa do Ambiente e o estabelecimento de multas pesadas com efeito dissuasor de comportamentos de incumprimento por parte dos poluidores.” ―

ABRANTES Município aposta na redução de despesas com iluminação pública TEXTO NA

A câmara de Abrantes vai instalar lâmpadas luminárias de LED em todo o concelho, num investimento de 6,5 milhões de euros que irá reduzir a despesa anual em iluminação pública, que se cifra em 1.2 milhões de euros anuais. O vice-presidente da Câmara de Abrantes, João Gomes (PS), em declarações à agência Lusa , considerou a despesa anual “avultada”, e afirmou que a autarquia está apostada em reduzir, tendo iniciado esse processo de investimento de substituição de lâmpadas com “resultados muito positivos”. “Instalámos variadores de velocidade nos motores com consumo mais significativo nas piscinas municipais de Abrantes e Tramagal e o investimento

da autarquia, que contou com uma taxa de comparticipação de 70% reduzindo o investimento do município para 7.500 euros, estava concretizado seis meses depois, quando era expectável que o fosse em dois a três anos”, exemplificou. Relativamente à iluminação pública, o processo de renovação já abarcou as luminárias existentes na Avenida das Forças Armadas, Rotunda do Quartel e Rotunda da Liberdade, em Abrantes, num investimento exclusivamente municipal na ordem dos 30 mil euros para uma poupança anual aproximada de 6 mil euros, o que se pode traduzir num período de retorno equivalente a quatro anos e meio. “Estas apostas é que são o futuro”, destacou o autarca, tendo feito notar que esta poupança

“vai permitir dotar o município de capacidade financeira para responder a outras necessidades” concelhias. João Gomes referiu que o investimento global de instalação de tecnologia LED “ascende aos 6,5 ME e vai demorar alguns anos” até à sua conclusão. O projecto global de promoção da eficiência energética e das energias renováveis está a ser desenvolvido em conjunto com a Médio Tejo 21 – Agência Regional de Energia e Ambiente do Médio Tejo e Pinhal Interior Sul -, e engloba a substituição de luminárias de iluminação pública, a instalação de baterias de condensadores e de variadores de velocidade, e a substituição das ópticas dos semáforos por ópticas de LED. ―

Nova sinalética turístico-cultural TEXTO NA

O Município de Vila Nova da Barquinha colocou nova sinalética turístico-cultural nas principais vias e entradas do concelho. Os trabalhos realizaram-se nos dias 14 e 15 de Janeiro, em diversos pontos das quatro freguesias de Vila Nova da Barquinha. As novas placas pretendem reforçar a sinalização indicativa dos mais recentes equipa-

mentos turísticos do concelho, nomeadamente o Parque de Escultura de Contemporânea Almourol e o Centro Integrado de Educação em Ciências, bem como do ícone do património do território do Município – o Castelo de Almourol. Esta medida tem como objectivo o aumento do número de visitantes a estas atracções, estando em estudo a colocação de sinalética alusiva a outros equipamentos. ―

VN BARQUINHA

Deputados questionam falta de segurança rodoviária em Atalaia TEXTO NA

Hugo Costa, Idália Serrão e António Gameiro, deputados do Partido Socialista (PS) eleitos por Santarém, questionaram o Governo sobre a falta de segurança rodoviária na localidade de Atalaia, concelho de Vila Nova da Barquinha. Desde a colocação de pórticos na A23 e A13, com circulação paga na maioria dos troços das mesmas, que a localidade tem vindo a sofrer um grande aumento de tráfego, a que não é alheio o facto de Atalaia ficar perto da intersecção das duas vias rápidas.

No documento, enviado à agência Lusa, pode ler-se que as alterações de trânsito fazem com que haja muito movimento, inclusive de muitos pesados, no interior da vila da Atalaia. Na pergunta, dirigida ao ministro do Planeamento e Infra-estruturas, os deputados Hugo Costa, António Gameiro e Idália Serrão querem saber se “existe previsão de colocação barreiras redutoras de velocidade de velocidade na vila de Atalaia” e se “está prevista a desclassificação da EN110 junto à entrada norte da vila da Atalaia”. ―


04 PUBLICIDADE

FEVEREIRO 2016

NovoAlmourol


NÓS 05

FEVEREIRO 2016

NOVOALMOUROL.WORDPRESS.COM

VN BARQUINHA

Gabinete de Inserção profissional em Vila Nova da Barquinha TEXTO NA

Já abriu ao público, no dia 1 de Fevereiro, o Gabinete de Inserção Profissional (GIP) de Vila Nova da Barquinha. A iniciativa do Município, em parceria com o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) está a funcionar nas instalações do Centro Cultural da vila, no Largo 1.º de Dezembro, onde uma técnica da autarquia fará o atendimento aos utentes, das 9h às 12h30 e das 14h às 17h30. O IEFP dispõe de uma rede de Gabinetes de Inserção Profissional (GIP) promovidos por entidades públicas e privadas sem fins lucrativos credenciadas para prestar apoio a jovens e adultos desempregados no seu percurso de inserção ou reinserção no mercado de trabalho. Os GIP, em estreita articulação com os serviços de emprego, podem desenvolver as seguintes actividades: Acções de apoio à procura activa de emprego e desenvolvimento da atitude empreendedora, Captação e divulgação de ofertas de emprego e apoio à colocação, Divulgação de medidas de apoio ao emprego, formação profissional e empreendedorismo e apoio ao encaminhamento de candidatos, Divulgação de programas

comunitários que promovam a mobilidade no emprego e na formação profissional no espaço europeu, Controlo de apresentação periódica dos beneficiários das prestações de desemprego, Encaminhamento para acções promotoras do desenvolvimento de competências de empregabilidade e criação do próprio emprego, Apoio à inscrição online dos candidatos a emprego, Ações previstas no eixo 1 - Emprego, formação

e qualificação do Programa de Contractos Locais de Desenvolvimento Social - CLDS+, Informação sobre o conteúdo e abrangência de alguns serviços e apoios em matéria de segurança social e outras actividades consideradas necessárias, pelos serviços de emprego, para apoio à inserção profissional dos desempregados. O serviço pode ser solicitado por marcação, através do telefone 249720358. ―

N- 25/08/1937 F- 02/02/2016

Jacinto Nunes

N- 18/05/1926 F- 14/01/2016 GIP procura ajudar cidadãos e cidadãs na vida profissional

Depois da polémica a anulação A Câmara Municipal de Tomar anulou o concurso para técnico de informática depois da polémica que se instalou em torno do mesmo, nomeadamente as alegações de que apenas teria sido aberto para colocar Luís Ferreira, ex-chefe de gabinete da presidente do

Manuel Fernando Sirgado de Oliveira Paulo A família agradece a todos os que de alguma forma lhe manifestaram o seu pesar pelo falecimento do seu ente querido, em especial aqueles que o acompanharam até à sua última morada.

Bem hajam

AGRADECIMENTO

TOMAR

TEXTO RICARDO ALVES

AGRADECIMENTO

município, Anabela Freitas, que se demitiu de n.º 2 no final de 2015. A contestação nas redes sociais somou-se à indignação da oposição ao executivo socialista e acabou por levar a autarca a tomar a decisão. Luís Ferreira vai voltar à Câmara de Alpiarça, onde há mais de dez anos integra o quadro de pessoal.

Recorde-se que Luís Ferreira, companheiro afectivo de Anabela Freitas, anunciou na sua página pessoal de uma conhecida rede social, que se tornara técnico de informática do município de Tomar, ou seja, que havia ganho o concurso. O problema é que os resultados do concurso ainda não eram conhecidos e o mesmo não estava finalizado. ―

“O seu nome será sempre lembrado com amor, e se foi grande a saudade que vos deixou, devemos esperar que seja, incomparavelmente, maior a sua paz em que descansa. Saiu da vida, mas não da nossa vida, como poderíamos acreditar que morreu quem está tão vivo nos nossos corações.”

Santo Agostinho


06 SOCIEDADE

FEVEREIRO 2016

NovoAlmourol

Contributo para a História da Investigação Arqueológica no Concelho VNB - XIII

As Difíceis Relações com os Corpos Dirigentes da Associação Histórico-Cultural de Vila Nova da Barquinha Júlio Manuel Pereira Investigador de História Local Mestre em Pré-História e Arqueologia

As relações com os corpos dirigentes da Associação Histórico-cultural de Vila Nova da Barquinha, onde o Núcleo de Arqueologia se integrou, nunca foram fáceis. Aquela Associação tinha sido criada com o fim de captar verbas para a realização de algumas intervenções na área do Património, as quais não podiam ser concedidas diretamente à Câmara da Barquinha. Esgotadas essas, na prática, estava esvaziada a atividade da Associação, enquanto o Núcleo de Arqueologia a queria vivificar. Deste desencontro, resultaram relações, muitas vezes, tensas. Disso nos dão conta diversos textos de “O Biface”, que a seguir se transcrevem: “Integrámo-nos numa Associação a que desejávamos dar vida e que tem resistido à mudança, acolhemo-nos a uma autarquia com escassos recursos, mas que nos tem apoiado no possível, trabalhamos para uma população que, só a pouco e pouco vai despertando para os valores da Arqueologia e do Património Histórico-Cultural. O FUTURO DIRÁ SE FIZEMOS A MELHOR OPÇÃO…”1 Num relatório da Direção de Fevereiro de 19922, salientavase a situação ilegal dos corpos gerentes da Associação, escrevendo-se o seguinte: “(…) continuamos a ser esquecidos pela Associação de que fazemos parte, que nos trata como se fôssemos uns enjeitados. Na verdade, não só não nos prestou o mínimo apoio (nem na procura de uma solução para a sede, nem apoio material), como ainda continuou a demorar meses na apreciação da candidatura de qualquer pessoa por nós proposta para sócia, não criou o cartão de sócio há tanto requerido e que nos proporcionaria a entrada gratuita em certos museus e monumentos e, apesar de os seus corpos gerentes já ultrapassarem em muito a validade dos seus mandatos, têm-se mantido insensíveis aos apelos para a realização de eleições, por forma que o Núcleo participe nas decisões de acordo com a sua representatividade” Em Março, escrevia eu um editorial n´”O Biface”3, lamen-

tando-me desta maneira: “CASAMENTO SEM AMOR? A aliança entre os elementos que constituem o Núcleo de Arqueologia e a Associação Histórico-Cultural da Barquinha, assemelhou-se a um daqueles casamentos que se realizam apenas para que uma das partes (neste caso, a Associação) não perca a face perante a sociedade. Mas, uma vez realizada (embora não consumada) a união, a Associação comporta-se como uma velha rica que, não tendo casado em regime de separação de bens, teme que o consorte apenas lhe deseje apanhar o seu dinheirinho, Por isso, não é de estranhar que, atualmente, as relações entre ambos se assemelhem às que existem entre certos casais, que se vão tolerando, mantendo as aparências, mas cada um desejando fazer a sua própria vida. Urge, pois, resolver a situação, de uma vez por todas, a fim de evitar a continuação do mal-estar existente.” Esta situação desagradável foi-se arrastando, sem solução, durante todo o ano de 1993 e prolongando-se para o ano seguinte, provocando um mal-estar que haveria de marcar, permanentemente, a vida do Núcleo e gerar até incompreensões por parte daqueles – principalmente os mais jovens - que achavam que o Núcleo devia ter uma existência completamente autónoma. Mais tarde veremos como a situação foi resolvida. ― 1 Vide “O Biface” nº 3, Dez/1992 2 Vide “O Biface” nº 9, Mar/1993 3 Vide “O Biface” nº 9, Mar/1993

"As relações com os corpos dirigentes da Associação Históricocultural de Vila Nova da Barquinha, onde o Núcleo de Arqueologia se integrou, nunca foram fáceis."

AMBIENTE

Alarme em Espanha perante falhas na Central Nuclear de Almaraz TEXTO RICARDO ALVES

Notícias alarmantes do outro lado da fronteira e o foco é sempre no que liga Espanha ao Médio Tejo, o rio Tejo. É nele, nas suas margens, que está situada a Central Nuclear de Almaraz. Uma notícia de 4 de Fevereiro, publicada no jornal “El País”, dá conta de alertas emitidos pelos inspectores do Conselho de Segurança Nuclear (CNS) para falhas no sistema de refrigeração dos serviços essenciais da unidade. No entanto, cinco técnicos da central conduziram uma outra inspecção “depois de duas falhas nas bombas de

água do motor”, lê-se na notícia do “El País”, e “concluíram que há “garantias suficientes” de que o sistema pode funcionar normalmente”. Já os inspectores, numa nota assinada em Janeiro, apontam que não há uma expectativa “razoável” para acreditar que o sistema de arrefecimento, fundamental para evitar acidentes, esteja a agir adequadamente por causa de “deficiências encontradas nos motores que operam as bombas de água”. Em menos de quatro meses, ainda segundo o jornal espanhol, têm havido falhas em dois motores da bomba do sistema de refrigeração, uma vez em Setembro e outra em

Janeiro. Almaraz tem dois reactores, um que iniciou as suas operações em 1983 e uma em 1984. O primeiro destacase agora para reabastecimento e o outro opera na geração de electricidade. Bloco de Esquerda questiona Tendo tido conhecimento da notícia e das preocupações dos inspectores do CNS, o Bloco de Esquerda enviou perguntas ao Ministério do Ambiente, perguntando se este tem “ conhecimento desta situação” e de que forma pretende defender as populações perante a ameaça que poderá advir da Central Nuclear em Cáceres. ―

Almaraz é a mais antiga Central de Espanha

CONSTÂNCIA

Vila Poema prepara nova grande festa florida TEXTO NA

As ruas de Constância voltarão a encher-se de cor e de flores, por ocasião da Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem / Festas do Concelho, um evento que decorrerá por ocasião da Páscoa, nos próximos dias 26, 27 e 28 de Março. Entre outros assuntos, a decoração das ruas e becos da vila foi o principal tema da reunião promovida pela Câmara Municipal, no dia 8 de Janeiro, com os munícipes e os responsáveis das instituições, do comércio e das forças vivas do concelho. Além dos moradores, as instituições do concelho voltarão a ter um papel fundamental na festa, pois além de outras participações assumirão a decoração de muitas ruas da vila. Os materiais necessários para os enfeites estão já disponíveis no Posto de Turismo, um serviço que assegurará a coordenação de todo o processo.

Ruas floridas são grande atracção de ano para ano

Paralelamente às ruas floridas integram as Festas do Concelho 2016, um vasto programa de animação, a Tarde de Folclore, o Grande Prémio da Páscoa em Atletismo, uma Caminhada, a Mostra Nacional de Artesanato, a Mostra de Doces Sabores, Saberes e Sabores do Concelho, as tasquinhas típicas, diversas exposições, a chegada das embarcações a Constância

e um espectáculo piromusical. Ponto alto dos festejos serão as cerimónias religiosas que têm lugar no dia do Concelho, segunda-feira de Páscoa (28 de Março), das quais se destacam a Missa Solene, a Procissão em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem e as Bênçãos dos Barcos nos rios Tejo e Zêzere e das viaturas na Praça Alexandre Herculano. ―


SOCIEDADE 07

FEVEREIRO 2016

FACEBOOK.COM/JORNAL-NOVO-ALMOUROL

Marca d’ Água

VN BARQUINHA

NATO agradece apoio do Município Pérolas no exercício Trident Juncture 2015 TEXTO NA

Elementos da NATO deslocaram-se no dia 22 de Janeiro a Vila Nova da Barquinha para agradecer o apoio disponibilizado pelo município à realização do exercício militar Trident Juncture 2015, em Outubro e Novembro do ano passado. O Coronel Tirocinado Salvado Alves e o Tenente Coronel António Pedro Romão, em representação do Estado Maior General das Forças Armadas, foram recebidos nos Paços do Concelho pelo Presidente da Câmara, Fernando Freire, a quem entregaram uma lembrança para assinalar o acontecimento. Segundo o autarca, “diversas unidades militares do Exército estão instaladas no concelho de Vila Nova da Barquinha: a BRR, o RE1 e as Tropas Paraquedistas, que no ano de 2016 assinalam 60 anos de permanência no nosso território.

Estas unidades, através dos seus Comandos, têm materializado com este Município uma proficiente cooperação institucional e entreajuda inolvidável. Logo, não fizemos mais que o nosso dever!” Na ocasião, Fernando Freire salientou ainda que “procuramos sempre, mas sempre, valorizar os nossos militares e as unidades militares numa ótica socialmente integrada, a de reforçar a identidade e imagem púbica das mesmas, contribuindo para um reforço da sua própria imagem a nível local, regional e nacional. Aconteceu que este era um enorme desafio, agora internacional, e todos cumprimos!”. O “TRIDENT JUNCTURE 2015” (TRJE15) constituiu um dos maiores exercícios da história recente da NATO, envolvendo cerca de 36 000 militares e grande volume de meios, distribuídos pelas três nações hospedeiras: Portugal, Espanha e Itália, com a finalidade de evidenciar

a capacidade da NATO em planear, gerar, preparar, projectar e sustentar as forças e meios atribuídos, em qualquer região do globo. Em Portugal foram projectados cerca de 6.000 militares em solo nacional (num total 10 000 militares incluindo os marinheiros embarcados), o que naturalmente pôs à prova a capacidade de planeamento, organização e execução ao nível nacional, designadamente no domínio militar. António Pedro Romão referiu que “este importante exercício da NATO terminou com assinalável êxito para o nosso país, que recebeu os mais rasgados elogios da estrutura superior de comando da Aliança. É, no entanto, de toda a justiça destacar que tal só foi possível com o envolvimento de todos e não nos referimos só aos militares. Na verdade, existiu um grande número de entidades não militares cujo apoio importa destacar.” ―

Fernando Freire com o Coronel Tirocinado Salvado Alves e o Tenente Coronel António Pedro Romão

Alves Jana Filósofo

Um livro. Ou melhor, dois professores que escreveram um livro. Melhor ainda, uma biblioteca que decidiu mediar o espaço, sim, o espaço, tantas vezes intransponível, entre o livro, os dois autores e os alunos da escola. E uma bibliotecária que faz, com os alunos, um encenação minimalista do dizer de alguns textos do livro. Eu vi, estive lá. A leitura nem sempre foi irrepreensível, mas, até por isso, sentia-se que estavam ali a fazer-se jovens em forma de gente. Depois, foi um espaço-tempo de encontro entre os dois professores e os alunos. Ao contrário da aula, os alunos estavam mais à vontade que os professores? Ali era um espaço de liberdade, de poder falar sem o manual e o teste a balizar os passos. - Numa escola tão pouco dada à criatividade e à inovação, em que sobretudo se pede aos alunos que estejam quietos, calados, atentos e sejam fiéis ao que foi dito, ensinado, abrir um espaço de liberdade e iniciativa, de ação e não de reprodução, é uma pérola preciosa. Um espaço-tempo destes distorce, deforma o espaço-tempo comum da escola. E a escola, pelo menos para aqueles alunos, e para aqueles professores, não é mais a mesma. Mas até onde vai o poder de contaminação de um simples momento numa tarde de quarta-feira? São precisos muitos espa-

ços-tempos destes. Não só na biblioteca. Também no átrio, como de facto acontece. E nas salas de aula. Só transformando o espaço-tempo mais comum se dá a volta ao texto e se vive uma vida outra. Não só na escola. Lembro o dia em que, com autorização do proprietário, entrámos num café de cerveja e petiscos, e lemos um conto policial. Aquele espaço deformou-se e as pessoas que ali estavam foram projectadas, a velocidades pouco comuns, para um espaço desconhecido. Estavam ali, e não estavam. E houve quem não se desse conta de que as leis do lugar se tinham alterado. Outros ficaram intrigados e quiseram perceber. Outros quiseram falar do que o conto dizia. Também foi uma pérola? Há quem pense que os atos de cultura devem ocorrer num espaço sagrado de cultura. Outros pensam que o espaço da própria sociedade é sagrado e é aí que deve ter lugar o ato de cultura, aquele que transforma o espaço e deforma a vida dando-lhe um novo sentido. Um livro pode servir de pé numa cama torta, pode passar como faca na água, ou afirmar a sua densidade, fazer vibrar o espaço e alterar o tempo da vida. - Isso é deitar pérolas a porcos. - É. Nós, os porcos, gostamos de pérolas. E precisamos, na dieta. Os deuses, não. ―


08 SOCIEDADE

FEVEREIRO 2016

NovoAlmourol

A BEM DIZER...

SARDOAL

Associação Filarmónica Montalvense, Ministros das Finanças e da Modernização 30 Anos Formando Músicos E Cidadãos

Administrativa na inauguração da Loja do Cidadão de Sardoal

António Matias Coelho Historiador. Consultor Cultural amatiascoelho@sapo.pt

Fez recentemente 30 anos a Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro. São 30 anos de uma intensa atividade em prol da música e da cultura na freguesia de Montalvo, no concelho de Constância e na nossa região. 30 anos ao serviço da comunidade, em especial dos mais jovens, promovendo a aprendizagem da música e incentivando o gosto pela sua execução e fruição. Mas, muito para além disso, são 30 anos a formar cidadãos. A música é o meio para alcançar esse objetivo maior. No concerto que abriu as comemorações do 30.º aniversário da coletividade, no serão de 23 de janeiro, Ana Lains, cantora montalvense de renome nacional e projeção internacional, sublinhou que a música faz as pessoas melhores. Evidentemente não basta ser músico ou gostar de música para se ser boa pessoa, mas o contacto permanente com a música dispõe as pessoas a uma maior abertura de espírito, a uma maior partilha, dá-lhes outra sensibilidade, outro jeito de ver a vida. Ajuda-as a serem melhores pessoas. Esse concerto contou também com a participação especial de Marta Xavier, clarinetista com formação superior que ainda recentemente concluiu um curso de aperfeiçoamento em clarinete na Universidade do Estado da Califórnia. Marta é um exemplo, um excelente exemplo, da importância e da qualidade do trabalho persistente da Associação Filarmónica Montalvense e da sua Escola de Música onde a jovem descobriu o clarinete, aprendeu a tocá-lo e resolveu fazer com ele a sua vida. Entre a numerosa assistência estavam três dos fundadores que, em 1986, deram corpo à vontade e à necessidade de minimizar as insuficiências culturais que Montalvo então sentia e à justificada ambição de ter na freguesia uma banda filarmónica e uma escola de música para promover a formação musical – e humana! – das crianças e dos jovens. O caminho feito nestes 30 anos é notável: a Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro movimenta atualmente cerca de 120 jovens, um número impressionante num concelho que conta pouco mais

de 4000 habitantes. São alunos da Escola de Música, elementos da Banda e estudantes do ensino articulado que funciona na Escola Luís de Camões de Constância. É todo um edifício educativo, coerente e estruturado, que foi sendo construído nestas três décadas e que há muito vem dando os seus frutos. Todos os anos, no verão, a associação promove, em Montalvo, uma Oficina da Música que junta várias dezenas de jovens que trabalham em conjunto e mostram à comunidade o resultado do seu empenhamento. E a comunidade, que acorre em peso a esses eventos, reconhece a qualidade e o significado do esforço persistente dos jovens e da coletividade que os enquadra e lhes proporciona, na sua terra, condições bastante aceitáveis de aprendizagem da música e da arte de tocar os instrumentos que a fazem. Não vão fáceis os tempos – toda a gente sabe disso e sente isso –, mas não são as dificuldades que fazem esmorecer o entusiasmo dos homens e das mulheres que labutam para reunir as condições indispensáveis para que as atividades da associação se desenvolvam e os seus objetivos se alcancem. É preciso pagar a professores, adquirir fardamento para a Banda e comprar instrumentos que, em geral, são muito caros: uma trompa custa uns 2500 euros, uma tuba 4000 e um conjunto de tímpanos, constituído por cinco unidades, pode chegar aos 10 000… É a essa busca incessante de recursos para acudir às necessidades coletivas que se dedicam o presidente Rui Ferreira e os seus colegas da direção, contando com os apoios dos associados, da comunidade em geral, das autarquias locais, dos fundos comunitários e do trabalho da associação, designadamente com as tasquinhas que anima das Festas do Concelho de Constância e nas Pomonas Camonianas. Tudo isto para que em Montalvo haja música. Porque a música faz as pessoas melhores… Bem merece a Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro que dela se diga bem. Porque há 30 anos que, a bem dizer, nos ajuda a ser melhores pessoas. ―

TEXTO NA & FOTOMEDIOTEJO.NET

A Loja do Cidadão de Sardoal, Espaço Empreende e Arquivo Municipal irão ser inaugurados no próximo dia 18 de Fevereiro, pelas 16h30, numa cerimónia que contará com a presença do Ministro das Finanças, Mário Centeno, da Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Marques, e de outros membros da Administração Central e Local. A abertura deste espaço ao público terá lugar nesse mesmo dia, assumindo-se como um momento de elevada importância para o Concelho de Sardoal, sua população, mas também para os Concelhos limítrofes, uma vez que ali funcionarão serviços da Autoridade Tributária e da Segurança Social, assim como o Gabinete de Inserção Profissional. A par destes serviços, o edifício contará ainda com o Espaço Empreende, um espaço dedicado aos empresários e empreendedores, e um Balcão Multisserviços com dois postos de atendimento que poderão ser reservados por diversas entidades. Será também neste

novo edifício que irão passar a funcionar o Arquivo Municipal e o Arquivo Histórico Municipal, num espaço que garante as condições de conservação e tratamento necessárias a este tipo de documentos. Recorde-se que a Loja do Cidadão de Sardoal vai funcionar nas instalações da antiga União Panificadora Sardoalense, num edifício que foi adquirido pela autarquia para o efeito e que foi alvo de obras de adaptação e reabilitação. A intervenção no espaço orçou de cerca de 400 mil

euros, com um financiamento de 85% oriundo de fundos comunitários do anterior quadro de apoio. O Protocolo para a criação desta Loja do Cidadão no Concelho de Sardoal foi assinado em Junho passado, sendo o assumir da gestão deste espaço a resposta aos esforços desenvolvidos pelo Município de Sardoal no sentido de garantir a continuidade de serviços públicos neste Concelho, garantindo o acesso da população aos serviços numa lógica de proximidade. ―

VN BARQUINHA

Junta de Freguesia renova passeios no Cardal TEXTO NA & FOTO P. BASSO

Está em curso a empreitada de remodelação dos passeios das ruas do Cardal, freguesia de Vila Nova da Barquinha. A intervenção, da responsabilidade da Junta de Freguesia, iniciou-se no dia 4 de Janeiro e deverá estar concluída no final de Fevereiro. Com um custo de cerca de 45 mil euros, esta obra conta com a comparticipação financeira do Município de Vila Nova da Barquinha, em cerca de 15 mil euros, ao abrigo do Contrato de Delegação de Competências entre as duas autarquias. Com mão-de-obra dos trabalhadores da Junta de Freguesia, esta intervenção irá contemplar as Ruas Luis de Camões, S. Luis, São João de Deus, D. Afonso Henriques, D. Fernando, Norton de Matos e D. Manuel. ―


FEVEREIRO 2016

NOVOALMOUROL.WORDPRESS.COM

PUBLICIDADE 09


10 PUBLICIDADE

FEVEREIRO 2016

NovoAlmourol


FEVEREIRO 2016

FACEBOOK.COM/JORNAL-NOVO-ALMOUROL

PUBLICIDADE 11


12 PUBLICIDADE

FEVEREIRO 2016

NovoAlmourol CARTÓRIO NOTARIAL EM CONDEIXA-A-NOVA a cargo da Notária Maria Dulce Gonçalves Póvoa CERTIFICO, para fins de publicação, que no dia 27 de janeiro de 2016, no livro de notas e escrituras diversas número cento e seis, iniciada a folhas 150, foi lavrada uma escritura, de justificação, na qual a) João Lopes Caldeira, casado, natural da freguesia e concelho do Entroncamento, residente na Rua Brito Capelo, n.º59, r/c esquerdo, freguesia se São João Batista, concelho do Entroncamento e António Morgado Dias Narciso, casado, natural da freguesia de Martires, concelho do Crato, residente na Rua Vitorino Nemésio, n.º1, 1º direito, na referida freguesia de São João Batista, os quais outorgam na qualidade de Presidente e Vice-presidente da Direção e em representação do “Clube de Campismo do Entroncamento”, NIPC 501.330.879, com sede na Rua 5 de Outubro, n.º 101, 1º andar direito, no Entroncamento, constituída em vinte e seis de janeiro de mil novecentos e sessenta e seis, tendo os respetivos Estatutos sido aprovados por Despacho do Ministério da Educação Nacional de um de abril de mil novecentos e sessenta e seis, conforme publicação no Diário do Governo número noventa, III Série de dezasseis de abril de mil novecentos e noventa e seis, declaram que o “Clube de Campismo do Entroncamento” é dono e legítimo possuidor do Prédio Urbano, sito na Estrada Nacional trezentos e sessenta e cinco, lugar de Cardiga, freguesia e concelho de Vila Nova da Barquinha, composto de edifício de dois pisos destinados a serviços e logradouro, com a superfície coberta de seiscentos e cinquenta e cinco virgula vinte e três metros quadrados e a descoberta de dezanove mil cento e sessenta e cinco virgula setenta e sete metros quadrados, a confrontar do norte e do poente com Estrada Nacional trezentos e sessenta e cinco, do sul com Albano Mateus e do nascente com Ribeira da Ponte da Pedra, inscrito na matriz sob o artigo 2.029, omisso na competente Conservatória do Registo Predial. Que o citado prédio veio à posse do “Clube de Campismo do Entroncamento”, por doação verbal feita por volta do ano mil novecentos e sessenta e seis, por Fernando Luís de Sommer D’Andrade e mulher Josefina Maria de Andrade Vasconcelos e Sousa D’Andrade, Maria Adelaide de Sommer de Andrade, solteira, maior e Teresa Maria de Sousa Holstein Beck de Melo, solteira, maior, todos residentes que foram no Entroncamento, sem que, todavia, desse facto, tenha ficado a dispor de título válido para o seu registo, tendo entrado de imediato na posse do mesmo. A verdade, porem, é que a partir daquela data possui, assim, aquele prédio, em nome próprio, há mais de vinte anos, passando a usufruí-lo sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu início, usando-o como parque de campismo, fazendo obras de conservação do edifício e limpeza do logradouro, retirando dele todas as utilidade possíveis, pagando as respetivas contribuições e impostos – posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua, pública e de boa-fé, pelo que adquiriram os referidos imoveis por usucapião, não tendo, todavia, documentos que lhes permitam fazer prova do seu direito de propriedade perfeita pelos meios extrajudiciais normais. Está conforme. Cartório Notarial em Condeixa-a-Nova, em 27 de janeiro de 2016.


CULTO 13

FEVEREIRO 2016

FACEBOOK.COM/JORNAL-NOVO-ALMOUROL

OS PASSOS DE SÍSIFO

Da não inscrição ao Portugal 2030 OPINIÃO LUIZ OOSTERBEEK

O filósofo José Gil, num pequeno livro sobre Portugal, defendeu que uma das dificuldades estruturantes do nosso País é a não inscrição, na memória e nas visões de futuro, dos processos históricos vivenciados. Essa não inscrição, mais radical na relação com os momentos negativos (traumas da guerra colonial, momentos mais sangrentos da ditadura do Estado Novo, repressão esclavagista durante a expansão, etc.), marca também uma distorção de episódios positivos que são sobrevalorizados (a gesta heroica dos descobrimentos, a precocidade da universidade em Portugal, o caráter pacífico dos portugueses, entre outros) e mesmo a inversão de valor de certos processos (de que é exemplo paradigmático o mito sebastianista). A não inscrição, ou seja, o recalcamento de sentimentos críticos em relação ao próprio passado, constitui-se como um enorme obstáculo para enfrentar com determinação e tranquilidade o futuro. Não assumir com rigor as próprias fraquezas impede o pleno uso das forças de que se dispõe. É essa não inscrição que, em grande medida, gera uma relação dual e instável sobre os nossos percursos e perspetivas: ora encarados como uma sequência de sucessos ora como uma chuva de catástrofes. Mas, penso, é sobretudo a falta de ambição

racional que resulta desta atitude: apesar da boa imagem internacional decorrente de muitos sucessos individuais, mais evidentes fora do País (vejase a projeção atual de António Guterres, mas pense-se em A. Damásio, ou muito antes em Verney ou no Padre António Vieira), as nossas instituições, públicas e privadas, tendem a autolimitar as suas ambições estratégicas, contentando-se com “a vida de todos os dias” de que falava F. Pessoa. O mundo que nos rodeia está cada vez mais difícil e perigoso. O que se perfila hoje como uma ameaça não é a mera supressão de financiamentos europeus após 2020, mas a possibilidade de o orçamento europeu ter de ser revisto antes daquela data, para fazer face a imprevistas necessidades (designadamente de segurança). O perigo de dissolução da União Europeia, ou de independência da Catalunha (relegando Portugal para o estatuto de terceiro país peninsular) ou de saída do Reino Unido da União (enfraquecendo-a decisivamente), poderão muito rapidamente alterar um quadro que sustentou Portugal desde 1640, com a continuidade do Tratado de Windsor por um lado e com os interesses dominadores de Espanha contidos em face da sua própria coesão interna. Fora da União Europeia, e talvez sem a Escócia, a Inglaterra poderá perder interesse em Portugal continental, ao mesmo tempo que sem a Catalunha a

“Não inscrever o que já tem acontecido, no sentido dessas perdas, será o maior dos perigos, num momento em que ainda é possível construir um Médio Tejo coeso e que lidere os processos de integração de que o País carece.” Espanha será obrigada a assumir maior domínio sobre o nosso país. Neste quadro, qualquer que seja o cenário final (ou seja, mesmo que na aparência tudo se mantenha “na mesma”) Portugal terá, necessariamente, de ajustar a sua orgânica interna e as suas prioridades. Um dos aspetos nucleares, numa Europa de nacionalidades e regiões em dispersão, será a consolidação de uma lógica administrativa interna, que não poderá continuar a hesitar durante muito mais tempo entre um centralismo inoperante (porque distante e palaciano, incapaz de atender às angústias crescentes das populações) e uma descentralização incompleta e ainda sem coesão (em que a maior “região”, o Centro, é a mais desprovida de coesão cultural). É neste domínio que também o Médio Tejo precisa de começar a inscrever na sua vida quotidiana as suas memórias. Sendo inevitável a necessidade de dotar o País de unidades coerentes de dimensão inferior ao todo nacional, tenderão a ser questionadas todas as que não possuírem coerência interna. Esta

DOM RAMIRO

O Talvez das coisas simples… OPINIÃO CARLOS VICENTE

Entrei no atelier de um amigo, depressa o tempo parou, o perfumado cheiro das tintas diminuíram-me o ritmo cardíaco e elevaram-me a um “estadium” de calma e tranquilidade revolucionando a clarividência dos pensamentos projectando uma obra pictórica. É assim há muito tempo, como se esses momentos fossem a vida real e a realidade, um entretanto que tem de ser. O meu amigo nunca foi um artista da primeira linha em que estão os chamados “artistas”. Mas, foi um grande artista, com obra e reconhecimento pelos pares. É feliz consigo e com o

mundo que o rodeia sem pedir demasiado… sempre viveu da pintura e para a pintura, deixa a “mensagem” para os vindouros, de quem viveu os acontecimentos… as alegrias e as tristezas de não pertencer ao clube dos “letrados pictóricos” curadores e galeristas das tendências sem fim, pois, alteram-se conforme as circunstâncias e opiniões de alguns interesses. Essa independência tem um preço que a própria arte paga e a vida (do artista) também. O seu espólio, não vale milhões. Para si, vale as emoções de cada pincelada de cada olhar diferente sobre a “mesma coisa”… temos assim uma arte que anda por aí sem nunca ser reconhecida e uma

“menos arte” que nos querem fazer convencer da sua importância para o mundo… mas, nada mais é, que manipulação bolseira dos “amigos filiados” nas profícuas instituições representativas do poder económico, iniciático ou mecenático…”as corjas”. Semeiam a doença para venderem o antídoto. Pintam tudo a ouro mas o cheiro a tinta fresca tresanda na ambiência das obras denunciando a marosca. O artista, não é o que faz para viver… mas o que vive para fazer, com a “alma” dos puros e o caminho para a transcendência… Um pouco antes do céu, (seja ele o que for…) mas, muito para lá desta bola redonda que nos permite as cores do arco-íris. ―

necessidade e válida quer para as atuais “regiões”, quer para as “comunidades”. É fácil verificar, porém, que pouco ou nada tem sido feito para gerar uma coesão territorial do Centro, especialmente nos setores decisivos da economia (cujos corredores logísticos diretamente ligados a Espanha permanecem mais caros do que os que ligam o litoral entre si) e da cultura (cujos investimentos do Estado central, ainda decisivos e sem nenhuma novidade desde o Estado Novo, permanecem concentrados nos grandes monumentos do renascimento, orientados para ume excursionismo turístico extractivista e inevitavelmente litoral, também). A vida é estruturada por escolhas, que ou são feitas de forma consciente ou determinadas externamente. O quadro que acima sumariamente descrevi tem inquestionável impacto sobre o Médio Tejo e a sua continuidade, ou não, após 2020. Em grande medida vai depender da capacidade das atuais lideranças da região a sua continuidade na próxima década, sendo que a alternativa existe: a divisão entre os que serão interior

do litoral, interior das Beiras e extremo interior da Lezíria, todos condenados a serem periferias extremas mas já sem fundos de coesão, perdendo progressivamente os centros de referência, no ensino superior, no meio empresarial, na rede de saúde, na administração da justiça,… Não inscrever o que já tem acontecido, no sentido dessas perdas, será o maior dos perigos, num momento em que ainda é possível construir um Médio Tejo coeso e que lidere os processos de integração de que o País carece. Temos lideranças de qualidade indiscutível, nos setores do poder autárquico, do ensino e das empresas, que nos permitem encarar com alguma esperança o futuro próximo, apesar dos sinais de perigo e das perdas já registadas. Uma escolha decisiva será, cada vez mais, entre a promoção individual das instituições e dos municípios e a promoção integrada da região. Em ambos os casos haverá ganhos e perdas, e como sempre a questão será: o que estamos dispostos a perder, de forma consciente, para eventualmente poder ganhar algo (e, neste caso, o que queremos)? ―


14 SOCIEDADE

FEVEREIRO 2016

NovoAlmourol

CARNAVAL

Com chuva, vento e frio, aconteceu Carnaval um pouco por toda a região TEXTO NA

Em Linhaceira, Tomar, o Carnaval voltou a encher as ruas da aldeia com muita alegria e dança. Milhares de pessoas passaram pela Linhaceira para ver o que os foliões prepararam para 2016. E não ficaram desiludidos. O Carnaval tem grande tradição na Linhaceira e o evento parece ganhar cada vez mais visitantes a cada ano que passa, fruto da qualidade do desfile. Também em Montalvo, Constância, voltou a diversão, apesar da chuva e do vento que se fez sentir, como foi o caso de Terça Feira de Carnaval. Em Vila Nova da Barquinha, os meninos e meninas das escolas foram para a rua dar colorido ao dia cinzento e invernoso. Para o ano há mais. ―

Linhaceira

Linhaceira

Montalvo

Vila Nova da Barquinha

JAZZ

DANÇAS DE SALÃO

O jazz voltou a Moita do Norte Nova enchente no Pavilhão da Barquinha TEXTO NA

TEXTO NA

Depois de um longo período de ausência, o Jazz voltou a ouvir-se no Clube União de Recreios, Ex-tuna, em Vila Nova da Barquinha. De quinze em quinze dias, haverá concertos, à sexta- feira, na sede do clube, à imagem do que aconteceu em tempos não muito longínquos, em que Daniel Rebelo, Jorge Esperança, João Rodrigues e o bem conhecido Carlos Barretto, proporcionaram grandes momentos musicais naquele espaço. Agora, com outros intervenientes mas o mesmo ambiente e gosto pelo Blues e Jazz, o CIR Ex-Tuna volta a organizar noites de jazz, Jazz na Tuna. A próxima é dia 19 de Fevereiro com o habitual “Jorge Esperança Quartet”. A não perder. ―

O Pavilhão Muicipal de Vila Nova da Barquinha voltou a registar uma grande moldura humana para assistir ao 1.º Regional de Santarém de Danças de Salão, competição organizada pelo Clube União de Recreios de Moita do Norte (VN Barquinha). A competição realizou-se no dia 30 de Janeiro. ―


CULTURA 15

FEVEREIRO 2016

FACEBOOK.COM/JORNAL-NOVO-ALMOUROL

Roteiro do Tejo: dos territórios, das pessoas e das organizações

VN BARQUINHA

Exposição “Foto-Radiografias, 1896”, de Augusto Bobone TEXTO NA

A exposição “Foto-radiografias, 1896”, de Augusto Bobone, vai estar patente na Galeria do Parque de Escultura Contemporânea Almourol, em Vila Nova da Barquinha, entre 13 de Fevereiro e 22 de Maio de 2016. A mostra revela o lado mais desconhecido e inovador do antigo fotógrafo da Casa Real portuguesa (1852-1910) e um dos pioneiros na utilização do Raio X em Portugal. A iniciativa é fruto da parceria do Município de Vila Nova da Barquinha com a Fundação EDP, no âmbito do projecto Parque de Escultura Contemporânea Almourol. “Em 1895 Wilhelm Conrad Röntgen, físico alemão, descobriu por acaso os Raios-X. Esta descoberta teve um enorme impacto, não apenas num contexto científico e médico-cirúrgico, mas também na opinião pública. Anunciada oficialmente em Janeiro de 1896, a sua recepção em Portugal foi precoce e as primeiras experiências foram realizadas na Universidade de Coimbra, a 3 de Fevereiro de 1896, pelo Prof. Teixeira Bastos, com a ajuda do fotógrafo profissional Adriano Sousa e Silva. Em Lisboa, seria Augusto Bobone, fotógrafo reputado da Casa Real, a colaborar, cerca de um mês e meio depois, com o Prof. de Medicina Virgílio Machado. A cai-

xa de Raios-X, apresentada à Real Academia das Ciências de Lisboa em Março de 1896, fruto de múltiplas experiências levadas a cabo pelo fotógrafo, é um ex-libris de rara importância, não apenas pela qualidade e diversidade das suas imagens como pela quantidade de amostras apresentadas. A aplicação dos Raios-X não foi apenas, mesmo no seu início, um assunto da Física e da Medicina. Na literatura, nas artes e em artigos de jornais a sua recepção foi marcada por grande euforia e excitação, misturadas com ansiedade e divertimento. Da transparência do corpo inferiase a ‘transparência da alma’, ao mesmo tempo que a exposição do esqueleto humano vivo traçava um cenário macabro. O interesse pelo atravessamento dos corpos opacos proporcionado pelos Raios X constituiu, assim,

uma revolução simultaneamente técnica, científica e cultural, influenciando fortemente o imaginário literário e artístico ocidental de todo o século XX. Não podendo expor os originais optou-se, nesta montagem, por reconstituir a experiência do visionamento dos raios usando durantrans retro-iluminados, pela sequência com que foram realizados, comentados e apresentados à Academia das Ciências de Lisboa.” Com curadoria de Margarida de Medeiros, a exposição esteve patente no Museu da Electricidade entre 5 de Julho e 5 Outubro de 2014. A entrada na Galeria do Parque, Edifício dos Paços do Concelho, é gratuita e o horário da exposição é quarta, quinta e sexta-feira, 11h00 às 13h00, 15h00 às 18h00, aos sábados e domingos das 15h00 às 19h00, encerrando à segunda-feira. ―

Exemplo de uma das peças da exposição, no caso a radiografia de um coelho.

VN BARQUINHA “Os 100 anos da Grande Guerra e a luta pela Paz” TEXTO NA

A Galeria de Santo António, em Vila Nova da Barquinha, acolhe até dia 20 de Março uma exposição promovida pelo Município de Vila Nova da Barquinha (VNB), em colaboração com o Conselho Português para a Paz e Cooperação, em torno do projecto “100 anos da I Guerra Mundial e a luta pela Paz” tendo em conta a ligação deste município à constituição do Contingente Expedicionário Português, que participou na I Guerra Mundial, e o seu interesse na defesa da Paz e em projectos de Educação para a Paz. A exposição conta com fotografias e recortes de jornal da época relembrando o papel de-

Fernando Freire ladeado por Júlia Amorim (esq) e Ilda Figueiredo, durante a inauguração

sempenhado pela região, nomeadamente o concelho de VNB, naquele evento marcante da história e a inauguração realizou-se no dia 28 de Janeiro. Nesse dia, a galeria contou com as presenças de Fernando Freire, presidente do Município, bem como de Júlia Amorim, presidente da Câmara

Municipal de Constância e Ilda Figueiredo, Presidente da Direcção Nacional do Conselho Português para a Paz e Cooperação. Horário: Terça a sexta-feira: 11h às 13h | 15h às 19h; Sábado: 15h às 20h. Encerra ao domingo e segunda-feira e a entrada é gratuita. ―

51. Da baixa política e…a ser verdade… da desonestidade de quem decide… Luís Mota Figueira Professor Coordenador do Instituto Politécnico de Tomar Diretor Técnico do Museu Agrícola de Riachos e Casa-Memorial General Humberto Delgado

Respigo uma notícia em http:// zap.aeiou.pt/governo-de-passos-aumentou-gestores-em150-quando-estava-de -saida-99561 que apresenta o seguinte título “PASSOS AUMENTOU PRESIDENTE DA AVIAÇÃO CIVIL DE 6 PARA 16 MIL EUROS” e leio que: “Os três membros do Conselho de Administração da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) beneficiaram de aumentos salariais superiores a 200% em Outubro do ano passado, nos últimos dias do governo de Pedro Passos Coelho. O JN apurou que o salário mensal do presidente da ANAC subiu de 6.030 para 16.075 euros, enquanto o do vice-presidente aumentou de 5.499 euros para 14.468 e o da vogal de 5.141 euros para 12.860. Estes aumentos foram “mantidos até agora em segredo, não obstante a lei exigir a sua divulgação pública”, diz o Jornal de Notícias. O processo de indigitação de Luís Ribeiro, Carlos Seruca Salgado e Lígia Fonseca para, respectivamente, presidente, vice-presidente e vogal da administração da ANAC, levantou na altura bastante controvérsia. Os três nomes escolhidos pelo governo não foram bem vistos nem pela Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública – CRESAP, nem pela Comissão de Economia e Obras Públicas da Assembleia da República.” Esta notícia é um facto, matéria publicada. Contudo, tem que se destacar como

"Quero acreditar na Democracia, apesar do nojo que esta situação causa. Esta situação indescritível num País dilacerado pela pressão da dívida é uma ofensa deliberada e grave a todos quantos vivem do nosso trabalho e assistem impotentes nas consequências (...)"

resultado do trabalho de alguma Comunicação Social que, felizmente, ainda se move por causas. A causa pública é, neste caso, evidentemente devedora deste trabalho jornalístico que, a comprovar-se ser verdade (e ainda não foi feito qualquer desmentido até esta hora de segunda-feira, 22h 46m…) deve ser olhado como uma janela para a liberdade. Nesta circunstância, quero acreditar, tanto na idoneidade do Jornal que fez a investigação e a divulgou, bem como no veículo que a divulgou a uma audiência ainda maior, através da web. Quero acreditar que este é um problema de uso do poder e só acontece, quando o escrutínio público se torna impossível “(…) não obstante a lei exigir (…)”. Quero acreditar na Democracia, apesar do nojo que esta situação causa. Esta situação indescritível num País dilacerado pela pressão da dívida é uma ofensa deliberada e grave a todos quantos vivem do nosso trabalho e assistem impotentes nas consequências (mas atentos nas denúncias) à degradação política (por políticos que parecem não saber que nem tudo é válido ou defensável no exercício da autoridade de que foram investidos pela força dos votos…) e da nossa qualidade de vida (porque os dinheiros públicos são de todos nós…). Mesmo não tendo contribuído para a dívida colossal que nos assola (porque não temos vivido acima das nossa posses, nem somos piegas…) somos confrontados com comportamentos tão inqualificávei que, de tão baixos e aberrantes, nunca poderemos qualificar em público. Há dias em que, como cidadão tenho vergonha de algumas pessoas encarregues de governar o nosso País, porque o usam em jogadas pessoais inconfessáveis… Perante esta notícia lavro o meu protesto e dou os parabéns aos profissionais da informação que nos fizeram chegar tal relato, sobre tão despudorado assunto. Aguardo que alguém no Parlamento diga que «o rei vai nú»... Entretanto, neste como noutros casos, bem hajam os Jornalistas! Riachos, 1 de fevereiro de 2016 ―


16 ENTREVISTA

FEVEREIRO 2016

NovoAlmourol

ENTREVISTA

“As pessoas vêm para a rua, com o fato de treino, coisa que não acontecia há vinte anos” Há 29 anos como professor de Educação Física, actualmente em Vila Nova da Barquinha, José Alfredo Lopes, de 54 anos, natural de Abrantes, está umbilicalmente ligado ao desporto da região. Não só profissionalmente como empresarialmente. Nas últimas eleições autárquicas teve uma breve experiência como chefe de gabinete de Jorge Faria (PS) que venceu a Câmara do Entroncamento. Sobre isso e sobre muito mais, fala José Alfredo Lopes TEXTO & FOTOS RICARDO ALVES

NA –Ao nível do desporto que é a sua área, e ao nível do social como vê a região? JA – Eu acho que hoje não devemos compartimentar as coisas, isso é um grande erro. Há objectivos transversais a todas as áreas, desde a cultura que deve estar ligada com o desporto, o desporto que deve estar ligado ao desenvolvimento económico, com a educação com o próprio mundo empresarial, portanto digamos que não se pode separar as coisas, e aí temos de ter alguma capacidade de pensar e integrar. É evidente que se as pessoas não tiverem boas condições económicas, se viverem situações de precariedade de trabalho, dificuldades de alimentação, desemprego, não conseguem que o desporto melhore as suas vidas. E refiro-me igualmente à cultura. A cultura não pode ser imposta, tem de ser incutida, tem de ser alimentada para que ela depois surja de uma forma quase natural, quer das associações, quer das pessoas que a procuram, as pessoas têm de procurar, têm de ter interesse e têm de participar. Por isso resumo, dizendo que a política tem de se adaptar a isso, sem medo e usando as pessoas com mais valor, mesmo que não pensem da mesma forma. A sociedade hoje deve ser vista de forma transversal, as coisas estão todas ligadas.

E ao nível da sua empresa, a Hobbyvida, como está? Isso é outra parte da minha vida recente… A empresa tem como principal objecto a prestação de serviços desportivos e que de facto é a minha especialidade e apareceu naturalmente,ou seja eu não sou o empresário tradicional, vou aprendendo, a minha profissão principal é professor, felizmente proporcionámos crescimento profissional a pessoas que me fazem andar e ter sucesso, e também dificuldades, às vezes muitas dificuldades, já estivemos de norte a sul do país, já colaborámos principalmente com municípios, mas é apenas um capítulo, uma pequena parte daquilo que tenho feito. Mas é o espelho também do seu pensamento, a Hobbyvida o que faz é formação, é integração das pessoas através do desporto… JA – É especialização do que tem a ver com o desporto, desde as instalações até aos programas de desenvolvimento de actividades, tudo aquilo que as pessoas precisam e conhecimento técnico para realizar as coisas nessa área de especialidade, é a isso que se destina. E em relação à Escola Municipal de Futebol de Vila Nova da Barquinha, como é que está a correr? A escola de futebol é um projecto da Câmara Municipal

da Barquinha, não vamos confundir as coisas, e nós fazemos apenas a parte técnica, precisamente o planeamento pedagógico do saber fazer. Mas é um projecto do município da Barquinha em que nós participamos em termos de apoio técnico porque sabemos da matéria, a escola de futebol não é da Hobbyvida. Mas como é que está a correr? Está a correr bem. Mas estas são perguntas que devem ser feitas ao Município. Quantos jovens têm? Este ano penso que chegou perto das 100 inscrições, é um projecto engraçado porque permite que aqueles jovens que não têm tanta oportunidade competitiva possam também jogar futebol de uma forma integrada, permite também, neste caso, apoiar a nível local a União Desportiva Atalaiense com a captação de novos jovens. Tem especialmente objectivos formativos e sociais que julgo que se justificam bastante. Luís Grácio, com uma vasta experiência no futebol de formação, no Clube Amador de Desporto do Entroncamento (CADE) foi uma “contratação” de qualidade… O Luís Grácio e os outros, o Luís e outros excelentes técnicos que temos tido , embora aproveite para destacar o professor David Costa, que tem sido um coordenador fantástico deste projecto… Embora não seja licenciado em Educação Física e Desporto. Luís Grácio esteve vinte e sete anos no CADE, e fui eu, na altura enquanto dinamizador do projecto de futebol de base no CADE, mais ou menos em 1991, que me apercebi que o Luís, na altura um jovem com 17 anos, tinha esse potencial e convidei-o para o CADE. Ficou lá 27 anos, eu segui outros caminhos profissionais, mas julgo que é uma pessoa que tem muito para dar e por isso o convidámos. O que é que dizem os conhecedores a nível nacional e internacional sobre o caminho a seguir para o desporto e para a cultura? A grande corrente em qualquer área das ciências humanas ou da política de decisão é que, de facto, as pessoas querem participar, as pessoas têm de participar, já não temos o tempo em que o dinheiro resolve tudo, aliás se há coisa que a crise nos mostrou é que é possível fazer coisas na mesma desde que se saiba mobilizar as pessoas e isso aí é o fundamental. Portanto não devemos andar com as aparências, devemos tentar sempre procurar aquilo que


ENTREVISTA 17

FEVEREIRO 2016

FACEBOOK.COM/JORNAL-NOVO-ALMOUROL

as pessoas necessitam. É esse o desígnio da política. O ser humano e todas as sociedades desenvolvidas procuram qualidade e a qualidade não é necessariamente cara, tendo cada vez mais o desafio da sustentabilidade. A grande tendência, de uma forma geral, é que haja na área do desporto uma cada vez maior participação das pessoas, por questões até de saúde, de bem-estar. Não falo apenas de mais competição. As pessoas finalmente vêm para a rua, com o fato de treino, coisa que não acontecia há vinte anos. As mulheres especialmente, vemo-las na rua sem complexos, a procurar o ginásio, a procurar o desporto como factor de bem estar. Vê-se nas redes sociais, o quanto se partilha o desporto, o ir correr, o ir andar, o ir ao ginásio fazer uma actividade de grupo, as pessoas valorizam de facto isso, não só pela aparência mas também por que se sentem bem. Também por uma questão social, socializam… Sim, de relacionamento umas com as outras, e era bom aproveitarmos esta “tendência para as pessoas se encontrarem. Aqui há uns tempos, no nosso meio, notava-se uma quebra do associativismo evidente, as pessoas não comunicavam. Agora eu tenho sentido que classificar ou criar estes eventos e criar oportunidade para estes programas em que as pessoas se encontrem através do desporto e cultura fez as pessoas novamente falar, fez as pessoas novamente relacionarem-se. E criar novas oportunidades também… …e sobretudo encontrarem-se e terem novas ideias. Parece que está a fervilhar novamente a ideia das pessoas se juntarem e terem ideias conjuntas e projetos conjuntos. A tendência é qualidade, apesar de aquilo que as pessoas querem, naturalmente é qualidade o mais barato possível, mas também temos de nos habituar a usar os recursos e felizmente Portugal já tem instalações desportivas muito boas… Nomeadamente o Entroncamento. O Entroncamento e a Barquinha também, se formos aqui à nossa região temos instalações desportivas de excelência, só quem não conhece países subdesenvolvidos é que não dá valor, nós nunca damos valor aquilo que temos, agora temos de usar as instalações, as instalações não estão lá só para a vista, estão lá para serem usadas e geridas de forma sustentável. Muito se fala sobre a intermunicipalidade, temos treze municípios, treze concelhos, temos 250 mil

Continuo a identificar-me com o projecto do PS para o Entroncamento

Não esconde e reconhece que lhe “custou muito” a forma como saiu da Câmara Municipal do Entroncamento, onde foi chefe de gabinete de Jorge Faria até dia 7 de Outubro de 2014, desde as eleições de Setembro de 2013. Para o seu lugar foi nomeado Mário Balsa. O que o motivou inicialmente foi “criar uma candidatura com um determinado programa, com um perfil de pessoas com as quais me identifiquei”, e o lugar de chefe de gabinete “vem depois, e não foi isso que me motivou a ir para lá, foi servir o Entroncamento, que é uma terra, tal como a Barquinha na qual trabalho à quase há 27 anos, e que é quase uma alma gémea”, afirma José Alfredo Lopes. “Aceitei o convite que na altura o Jorge Faria me fez, para fazer parte da lista, sem qualquer garantia e em quinto lugar, mas aceitei o desafio, pela oportunidade de agir, entreguei-me a ele quase 24h por dia, larguei muitas outras coisas, muitos outros projectos que tinha, inclusivamente outros que algumas pessoas não sabem, dediquei-me

mesmo com alguma paixão a isso. A questão de ser chefe de gabinete, de facto não tenho esse perfil, não tenho, reconheço.” Considera o cargo como de “retaguarda” ao mesmo tempo que aponta que lhe foram “atribuídas tarefas, naturalmente pertencentes ao presidente, nas áreas do desporto, associativismo, juventude e comunicação”. Dedicou-se a essas tarefas e, admite, que “as típicas tarefas de chefe de gabinete talvez tenham ficado um pouco para trás”. A saída custou-lhe “muito”, “não gostei da forma, mas isso é uma questão pessoal, não foi uma questão nem política, não passei à oposição, não passei a criticar, quero que as coisas corram bem, tenham sucesso, revejo-me ainda naquilo que corre bem ou mal, apesar de em alguns casos as realizar de uma outra forma mais pessoal, como é natural, vou sofrendo e formando a minha opinião um bocadinho por fora”. No entanto não há lugar a arrependimentos, apenas “talvez não devesse ter aceite o título e o cargo” mas confessa que gostou “especialmente do contacto com as pessoas e as associações da Cidade”.

pessoas, que é um quarto da cidade de Lisboa, qual deve ser o caminho da intermunicipalidade ao nível do desporto? Para já é apostar no Desporto, como uma grande forma de captação de visitantes e de promoção da marca do Medio Tejo. Algumas comunidades intermunicipais no Norte, que conheço bem, já estão a trabalhar e têm gabinetes e projectos de desenvolvimento próprios só para a área do desporto. E há duas vertentes: uma forma intermunicipal de gerir recursos que possam minimizar custos, nomeadamente a questão das piscinas públicas e outros tipos de instalações, e uma outra vertente que é a do turismo associado ao desporto e à cultura. Falo de valores históricos que através de eventos de índole desportiva possam dar maior visibilidade. Há casos singulares, uma prova de atletismo popular e de competição, a prova do Douro vinhateiro que é promovida de uma forma espectacular e onde há uma associação muito grande, de promoção dos costumes da região através do desporto que tem sido um sucesso,

dos iguais nem queremos ser todos iguais e por isso é que somos tão ricos, é porque a Barquinha tem algo que a distingue, o Entroncamento tem outras características, portanto essas caracteríticas devem manter-se, devemos é todos saber criar programas em que as pessoas girem/ usem a mobilidade e haja sinergias positivas para todos. É um erro se continuarmos a ver as coisas estanques, as pessoas responsáveis têm de ter essa capacidade de integrar as coisas e aí é que está o valor das pessoas que decidem, é terem essa capacidade e se não a tiverem, terem consigo pessoas que as aconselhem.

Se já se faz noutras comunidades porque não aqui? Eu penso que o Médio Tejo tem esse potencial, somos uma região com muito potencial mas, sinceramente não sou a pessoa indicada para responder. No entanto, acho que há muito a explorar e eu também estou disponível para isso , para colaborar com isso. Para sermos uma comunidade temos de potenciar todos os valores comuns e ter coragem para assumir que somos uma região. Aí sou defensor de que pudesse haver uma regionalização, não tão complexa como por exemplo a de Espanha, mas que aproximasse e autonomizasse um pouco mais da decisão. No Médio Tejo temos três grandes pontos de referência, virados de costas, Tomar, Torres Novas e Abrantes. De que forma se pode aproximá-los? Como já lhe disse eu não sou a pessoa indicada para responder a essa questão, mas, por exemplo, a Lezíria que está aqui do outro lado do Tejo, já tem uns jogos intermunicipais, faz isso já regularmente, já promove isso com alguma regularidade, não queria dizer isto mas... “Mas o que é que isso interessa?” Interessa porque faz com que as pessoas se encontrem e se sintam parte do mesmo território, da mesma cultura... Cria identidade? Cria identidade, cria rivalidades entre os municipios que também acho que são salutares, porque não somos to-

Os decisores políticos devem ter essas pessoas junto a eles? Se um decisor tiver a sensibilidade de saber ouvir é meio caminho andado, não podemos é obrigar um decisor político a saber de tudo, é impossível, mas também ele não pode ter a veleidade que sabe tudo e ter medo de quem sabe, tem que saber ouvir e depois decidir, naturalmente. O pior é decidir sem dar oportunidade de ouvir e informar-se, mas é tudo uma questão de mentalidade, e essas mentalidades também têm de evoluir um pouco, não só na política, hoje já não vivemos num mundo fechado, compartimentado e não há que ter medo. Daqui a dez anos como é que gostava de ver tanto os seus projectos empresariais como a região , o desporto, o lado social? O empreendedorismo não é o principal capítulo da minha vida. Eu nunca fiz planos, estou na escola, gosto de estar na escola mas é evidente que gostava nesse âmbito profissional, de não ficar por aqui. Gostava de trabalhar em projectos mais ambiciosos e desafiantes do ponto de vista da experiência, da diversidade, quanto ao resto nunca fiz projectos, nunca pensei em alguma vez estar numa Câmara, são coisas que acontecem naturalmente e é assim que vou manter, com bastante carinho pelo Entroncamento e pela Barquinha, onde estou há 27 anos a trabalhar, toda a gente me conhece, sinto-me bastante bem. O Entroncamento, foi lá que eu nasci e cresci , é lá que vivo. Daqui a dez anos estaremos mais velhos mas espero sempre que as coisas vão evoluindo e consigamos melhorar a qualidade de vida e servir as aspirações das populações. Ouvi alguém na televisão a dizer que os portugueses precisam de sonhos, mas mais que um sonho precisamos de uma causa, precisamos de um objectivo, precisamos de criar uma marca colectiva e apostar nela, mas apostar mesmo, não é só em palavras ou em slogans pontuais. ―


18 GASTRONOMIA

FEVEREIRO 2016

NovoAlmourol

Ecos

Lições dos Assentos Paroquiais

GASTRONOMIA

Mação e Barquinha abrem portas ao sável e lampreia TEXTO NA

António Luís Roldão Eco

Os assentos paroquiais ideia, levada ao Concílio de Trento (1545-1563) por proposta dos prelados portugueses, tornouse obrigatória para a Igreja Católica, dotando as paróquias de registos regulares e aprofundados das vivências das populações que lhes estavam confiadas. A paróquia da Atalaia, que então dominava o território hoje conhecido como o concelho da Barquinha, na altura alargada aos “Casais das Baginhas”, começou desde logo a escriturar essas memórias, estando à guarda da Torre do Tombo o primitivo livro de casamentos e ao Arquivo Distrital de Santarém os de Baptismos e o de Óbitos. Fundos de sistemáticas consultas e de pesquisas históricas ao longo dos séculos, tornaram-se vulneráveis, perdendo-se alguns ao longo dos tombos por onde os homens da cultura os foram arrecadando, porventura nem sempre no melhor dos acolhimentos. Por imperativo dos naturais estragos provocados pela sua velhice, resolveu o Arquivo Distrital de Santarém digitalizar os assentos à sua guarda, tornando-os acessíveis e fáceis de consultar. Esse facilitismo de divulgação vulgarizou o melhor conhecimento do território que hoje nos acolhe, bem como as vivências das populações de então, por ele dispersas na globalidade do espaço: Casais das Baginhas; Torreais; Lavreiros; Pedregoso; “Mouta”; Barquinha. No tocante a este sitio, da Borda d’água, designando-o pelos topónimos de raiz desde a sua origem. É curiosa e enigmática a trajectória desse percurso, nem sempre linear. O primeiro sinal reconhecido deste povoado é o de um assento de batismo de 1551 do “Porto da Bouca”. Posteriores assentos insistem nessa designação ou na variante “Boussa” e num segun-

do porto do “Barco”. Até 1594 estes princípios não sofrem alterações. Nesse ano, sem qualquer prévia explicação, quatro assentos de casamentos de naturais deste termo dão como residentes na “ Barquinha”. Era de supor que esta radical alteração toponímica estivesse esclarecida. É de crer que estaria relacionada com o surgimento de um terceiro local de acolhimento de população visto que, acidentalmente, num ou noutro caso, aparecem registos ainda em 1626 do primitivo “ porto da Boussa ou da “Boissa”. Este raciocínio reflete a consolidação e o rápido alargamento do povoado a outros locais onde a população já está dispersamente instalada estrategicamente à espera do proveitoso e desejável preenchimento do miolo do povoado. É por esse motivo que o Paul já tem vida própria em 1627, quando deparamos com o óbito de António, filho de António Sirgado, em 10/03. Essa evidência confirma-se no ano seguinte, em 18/01, com o nascimento de um outro António, filho do mesmo António Sirgado e de Domingas Dias. Se alargarmos as pesquisas à periferia vamos encontrar outros polos de vivências fortemente organizadas, como seja, por exemplo, no Colmeeiro onde em 10 de Março de 1637, morreu o padre Belchior Farinha, na casa de seu irmão João Farinha. Todos estes factos soltos mas sólidos de um processo de implantação de um povo, são enraizados algumas vezes em pontas soltas e praticamente desconhecidas, como o caso de um assento dando conta, em 21 de outubro de 1576, do óbito de Brás Álvares, “ermitão que foi em Nossa Senhora do Reclamadouro”, ermida ainda hoje de pé mas esquecida, sobranceira à Barquinha, soberba e graciosa da atualidade. ―

Já não é novidade e isso vêse na visita regular de comensais de todo o país à região nesta altura dedicada às iguarias do rio, no caso em Mação e Vila nova da Barquinha. Neste último concelho é já a 22.ª vez consecutiva que se realiza o Festival do Sável e da Lampreia, que se realiza já a partir de 27 de Fevereiro e encerra no dia 27 de Março. Este ano são seis os restaurantes que, em parceria com o município e Vila Nova da Barquinha, fazem do mês um sucesso. A mostra gastronómica tem como principal objectivo promover a cozinha típica e tradicional do concelho de Vila Nova da Barquinha. Banhado por três rios - Tejo, Zêzere e Nabão - este território tem no peixe do rio a sua principal fonte de sabores. Iguarias como Açorda de Sável e Arroz de Lampreia, entre outras receitas tradicionais, são servidas à mesa dos restaurantes aderentes, num concelho cuja história está intimamente ligada à atividade piscatória.

Os visitantes que visitarem os restaurantes aderentes poderão ganhar bilhetes para passeios de barco ao Castelo de Almourol e conhecer um monumento ímpar na região e no país, com um património arquitectónico e paisagístico magnífico, e agora já com os conteúdos museológicos disponíveis para os turistas (1 bilhete por dose, sendo a promoção válida apenas ao fim de semana). A XXII edição do Mês do Sável e da Lampreia vai realizar-se entre 27 de Fevereiro e 27 de Março nos restaurantes aderentes: Stop (Atalaia), Almourol (Tancos), Ribeirinho (VN Barquinha), Tasquinha da Adélia (VN Barquinha), Soltejo (VN Barquinha), e Chico, em Praia do Ribatejo. Mação celebra a Lampreia O Tradicional Arroz de Lampreia volta à mesa em sete restaurantes do concelho de Mação, entre os dias 27 de Fevereiro e 3 de Abril, no âmbito do Festival da Lampreia 2016, uma iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Mação, em parceria com os restaurantes aderentes, e que todos os

Arroz de lampreia volta aos restaurantes da região

anos leva a este Município inúmeros apreciadores oriundos de todo o País. Durante o festival os visitantes podem deliciar-se com este prato, tão típico do Concelho, e que assume lugar de destaque nas ementas dos restaurantes, sobretudo pela forma única e especial como é confeccionado: em Mação o arroz é feito com o sangue da lampreia e servido separado da mesma, oferecendo uma variedade única de sabores. A excelência desta iguaria é sobejamente conhecida e reconhecida, tendo mesmo sido eleita, em 2013, Estrela do Médio na categoria de Prato Principal a nível regional. Refira-se que a fama da lampreia vem de longe, assim como a sua história, que se cruza com a do Rio Tejo e as gentes de Mação, sobretudo da Freguesia de Ortiga, onde ainda existem vários pescadores. A excelência da lampreia do peixe do rio, assim como dos pratos que a partir daí se confeccionam, têm feito do Município, ao longo dos tempos, um ponto de referência a nível nacional. ―


NADA PARA FAZER 19

FEVEREIRO 2016

FACEBOOK.COM/JORNAL-NOVO-ALMOUROL

Fevereiro MÚSICA

TEATRO| DANÇA

SABER

CINEMA

PATRIMÓNIO

ATIVIDADES

AR LIVRE

GASTRONOMIA

LITERATURA

EXPOSIÇÃO

Merendas com Personalidade Estórias dos Rios 26 Fev

Mostra da Lampreia

19h00

Partilha de histórias. LOJA CAMÕES COM SABOR CONSTÂNCIA -

06 Fev → 06 Mar 17h00

17.ª Edição da Mostra da Lampreia. RESTAURANTES E PASTELARIAS ADERENTES TOMAR -

Fotografia “Os Caminhos de Ourém»

12 Fev → 10 Abr 16h30

Tal como os caminhos, cruzamse os olhares. Por António Flor, António Fazeres, Maria Miranda e Renato Monteiro GALERIA DA VILA MEDIEVAL OURÉM -

Vi Exposição de Modelismo 13 Fev → 21 Fev 10h00

Clube de Modelismo da Região de Leiria - CMRL. GALERIA DOS PAÇOS OURÉM -

As Marias 20 Fev 21h30

Não, isto não é um monólogo. Não, também não é stand up. É pura terapia! Um espetáculo no qual o humorista António Raminhos leva o público a uma viagem pelos dramas e peripécias que todos passamos na infância, adolescência, casamento e paternidade. Tudo isto, da forma muito peculiar - e até incómoda - a que o humorista nos habituou... CINETEATRO PARAÍSO TOMAR -

Sábados à Grande 20 Fev → 27 Fev

Actividades para crianças dos 4 aos 12 anos. Filminhos infantis à solta pelo país ( pelo Cineclube de Tomar) 20 Fev 11h00 CINETEATRO PARAÍSO Karaté Kids (pela Associação Nacional de Artes Marciais) 27 Fev 10h00 PAVILHÃO MUNICIPAL CIDADE DE TOMAR TOMAR -

A Terra como Acontecimento 20 Fev → 08 Mai 16h00

Da Terra para a Terra. Exposição temporária da autoria de Romy Castro. NAC.2 TOMAR -

Mostra de Teatro Concelhia 26 Fev → 05 Mar

Demónios da Perversidade (Espaço Zero) 26 Fev 21h00 | 23h00 LEVADA Médico à Força (ULTIMAcTO!) 27 Fev 21h00 LEVADA Auto da Barca do Inferno (Oficina Teatro Canto Firme) 28Fev 16h30 LEVADA O Noviço (ACD S. Silvestre) 28Fev 21h00 LEVADA Dom Quixote (Fatias de Cá) 29Fev 21h00 LEVADA Memórias Partilhadas (Teatro Regional da Serra de Montemuro) 05 Mar 21h00 CINETEATRO PARAÍSO TOMAR -

Absolutamente Fabulosos 27 Fev 21h30

Comédia com Luís Aleluia, Noémia Costa e Luís Ortigoso. CINETEATRO MUNICIPAL OURÉM -

Hora do Conto 27 Fev 15h30

As Histórias ao Sábado surgem em 2016 com novo nome, “Hora do Conto”, e com vontade de passear. Milú irá contar a história “Queres namorar comigo?”, de Ana Sofia Gonçalves e João Ricardo. Um caracol apaixona-se por uma girafa de pescoço muito alto. A diferença de alturas não lhe mete medo, mas resta saber se conseguirá chegar ao coração da amada… BIBLIOTECA MUNICIPAL SERTÃ -

Workshop de Cozinha Sustentável 27 Fev 09h45

O stress do dia-a-dia não permite à grande maioria das famílias confecionar uma alimentação saudável, causando problemas ao nível da saúde e de impactes negativos no ambiente. No entanto é possível comer bem, gastando pouco dinheiro e simultaneamente proteger o ambiente. CENTRO AMBIENTAL (MATA DOS SETE MONTES) TOMAR -

“Rente ao Silêncio - Timor, Indonésia e o Antropólogo” 27 Fev → 22 Mar 10h00

Exposição de fotografia por António Galamba. GALERIA DOS PAÇOS OURÉM -

Workshop de Pintura e Desenho Massimo Espósito 27 Fev 15h00

Festival da Lampreia 27 Fev → 03 Abr

Entre 27 de fevereiro e 3 de abril delicie-se com os sabores únicos deste prato típico nos oito restaurantes aderentes. Uma iniciativa da Câmara Municipal de Mação. A Lena (Ortiga) Avenida Pica-Fino (Mação) Café Restaurante da Reta (Mação) Casa Cardoso ( Envendos) O Bigodes (Ortiga) O Godinho (Mação) O Pescador (Mação) Solar do Moinho (Cardigos) RESTAURANTES ADERENTES DO CONCELHO MAÇÃO -

Creed O Legado de Rocky

Divulgação do ateliê de pintura e desenho, uma iniciativa criada em Constância por Massimo Espósito, pintor, retratista, artista gráfico, pintor de azulejos e é dirigido a todas as pessoas. PARQUE AMBIENTAL DE SANTA MARGARIDA DA COUTADA CONSTÂNCIA -

27 Fev

16h00 | 21h30

Adonis Johnson nunca conheceu o pai, Apollo Creed, que faleceu antes de seu nascimento. Ainda assim, a luta está em seu sangue e ele decide entrar no mundo das competições de boxe. Adonis consegue convencer Rocky Balboa a ser seu treinador e, enquanto um luta pela glória, o outro luta pela vida. CENTRO CULTURAL GIL VICENTE SARDOAL -

5.ª Corrida e Caminhada da Paz 28 Fev 10h30

Corrida e Caminhada. ESTÁDIO MUNICIPAL FÁTIMA -


20 POR AGORA É TUDO

FEVEREIRO 2016

Novo

­Almourol

Título Jornal Novo Almourol Propriedade CIAAR - Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo Diretor Ricardo Alves Chefe de Redação Ricardo Alves Colaboradores Cidália Delgado, Maria de Lurdes Gil Jesuvino, Rafael Ferreira, Patrícia Bica, Núcleo de Comunicação ESTA, Margarida Serôdio Opinião Luiz Oosterbeek, António Luís Roldão, Alves Jana, António Carraço, Teresa Nicolau, João Gil, Luís Mota Figueira, Luís Ferreira, João Geraldes Marques, Joaquim Graça, Bruno Neto, Humberto Felício, Tiago Guedes, Carlos Vicente, Miguel Pombeiro, Rita Inácio, António Matias Coelho Edição Gráfica Pérsio Basso e Paulo Passos Fotografia Ricardo Alves Paginação Ana Mourão Publicidade Novo Almourol Departamento Comercial 249 711 209 - novoalmourol@gmail.com Jornal Mensal do Médio Tejo Registo ERC nº 125154 Impressão FIG - Indústrias Gráficas SA Tel. 239 499 922 Fax. 239 499 981 Tiragem Média Mensal 3500 ex. Depósito Legal 367103/13 Redacção e Administração Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo - Largo do Chafariz, 3 - 2260-407 Vila Nova da Barquinha Email ciaar.vnbarquinha@gmail.com / novoalmourol@gmail.com

Editorial

Desaparecimento

Ricardo Alves Diretor

A europeização já foi tentada de mil e uma maneiras. Depois da segunda guerra mundial, em que os alemães ficaram limitados militarmente nas negociações que se lhe seguiram, uma espécie de precaução para futuros ímpetos imperialistas daquela nação que “pariu” Hitler, a europeização tem sofrido avanços e recuos, com tratados, centralização de poderes em Bruxelas, invasão nos poderes e soberania dos países que fazem parte da União Europeia. E aí está o grande erro. Devemos querer ser europeus e não que essa condição nos seja imposta. As imposições a mudanças nos regimes e nas essências constitucionais de cada país são o que leva a nacionalismos exacerbados e, derradeiramente, a conflitos. Mas a Alemanha tem de ser questionada. O país pode ter ficado diminuído na sua visão militar mas continua o seu imperialismo. Se não dá de uma maneira dá de outra. A Alemanha impõe a sua vontade económica e financeira, estrangulando todos quantos não admitem a sua visão. Andamos todos entretidos com os comentadores políticos que batalham pelo voto nas suas opiniões, nas ideologias que defendem, mas há uma pergunta que todos devíamos fazer diariamente. Para onde foi o dinheiro? Ele não desapareceu. Claro que não, ele está concentrado em poucas entidades e personalidades, que do alto dos seus gabinetes/mansão, olham as formigas cá em baixo, nós, e vão alterando os locais onde põem os cubos de açúcar. O dinheiro que desapareceu da saúde, dos serviços públicos, dos bolsos dos desempregados, está algures, a render a uns quantos quando quase todo o mundo perece. O estado não pode perder força, nem de regulação financeira nem de estruturação constitucional da sua sociedade. De outra forma a ditadura a um nível impensável há pouco tempo, está ao virar da esquina. E a democracia (se já não desapareceu) acabará por desaparecer. ―

O dinheiro que desapareceu da saúde, dos serviços públicos, dos bolsos dos desempregados, está algures, a render a uns quantos quando quase todo o mundo perece.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.