Jornal na Julho 15

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Novo

Almourol

JULHO 15 | N°410 | ANO XXXIV | PREÇO 1,20 EUROS | MENSAL DIRETOR RICARDO ALVES | MÉDIO TEJO

Dez anos de Parque O Parque Ribeirinho de Vila Nova da Barquinha celebrou dez anos e neles mudou a vila, os seus hábitos, tornando-se ainda uma referência regional e nacional. p06

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180 Creative Camp volta a Abrantes para agitar as águas culturais Evento está mais próximo da comunidade e mais interventivo na cidade. A agenda do Creative Camp 2015 leva a Abrantes dos melhores artistas do mundo e ideias para o futuro. Conheça o programa de 5 a 12 de julho.

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Prémios Novo Almourol celebraram o Médio Tejo

Quercus alerta para perigo de Almaraz

A associação ambientalista Quercus afirmou que a central nuclear espanhola de Almaraz é uma "bomba-relógio" que está junto à fronteira de Portugal. A central nuclear de Almaraz, a funcionar desde o início da década de 1980, está situada junto ao Rio Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre,.

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Manel Cruz no Bons Sons O cartaz do Festival Bons Sons estava completo mas ainda com espaço para uma surpresa. Manel Cruz, ex-Ornatos Violeta, vai revisitar a sua carreira em Cem Soldos, passado, presente e futuro.

No dia 12 de junho o Jornal Novo Almourol realizou a primeira edição dos Prémios NA e distinguiu aqueles e aquelas que se destacam nas mais diferentes áreas da sociedade.


02 CURTAS & GROSSAS

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Bruno Neto Condecorado

O Presidente da República condecorou no dia 10 de junho, em Lamego, mais de 40 personalidades, entre as quais Bruno Neto, de Tramagal, concelho de Abrantes, coordenador de programas humanitários que foi distinguido com a medalha de Cavaleiro da Ordem do Infante D.Henrique. Bruno Neto, que é cronista do Jornal NA (ver Pág. 18), há muito que dedica a sua vida às causas humanitárias. Na mesma cerimónia foram condecoradas personalidades como o ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos (Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo), o antigo ministro da Agricultura Arlindo Cunha (Grã-Cruz da Ordem do Mérito Empresarial, Classe do Mérito Agrícola), o poeta Pedro Mexia, o astrofísico Vítor Cardoso, a astrobióloga Zita Martins e o escultor Alexandre Farto (Ordem de Sant'Iago de Espada) ou Mariano Gago, exministro da Ciência, a título póstumo.

Mação e Abrantes com bandeira azul Descarga ilegal em afluente do Almonda

Sonetos do Tejo com vista para o Parque Ribeirinho Vila Nova da Barquinha tem mais uma unidade hoteleira. Chama-se Sonetos do Tejo – Casa de Campo e foi inaugurada no dia 7 de junho. Situada no centro histórico da vila, com vista privilegiada para o Parque Ribeirinho, a unidade reforça a oferta de alojamento no concelho em ano de muitas novidades. Esta é a terceira unidade inaugurada na vila e a quinta no concelho em 2015. O investimento rondou os 275 mil euros e, segundo Jaqueline Henriques, promotora do empreendimento, o mesmo enquadra-se na vertente do turismo de habitação, com o objetivo de oferecer uma experiência mais intimista e pessoal aos visitantes. O novo edifício conta com seis quartos com casa de banho e é fruto da recuperação e requalificação de uma casa centenária. A cerimónia contou com a presença de Fernando Freire, presidente da autarquia, e Ricardo Honório, vereador.

A Guarda Nacional Republicana de Torres Novas, através do Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA), detetou no dia 26 de junho uma descarga de àguas degradadas para um afluente do Rio Almonda. Em comunicado, o Comando Territorial de Santarém da GNR, informou que a ação de fiscalização “resultou na elaboração de um Auto de notícia por contraordenação ambiental muito grave, que foi remetido à entidade administrativa competente, Agência Portuguesa do Ambiente - ARH Tejo (APA/ARH Tejo).” A ação contou com a colaboração de elementos da ARH Tejo, que se deslocaram ao local da ocorrência, e o comunidado realçou que “desde o início do ano de 2015, já foram levantados três Autos de Notícia por contraordenação, referente a descargas de águas degradadas para afluentes do Rio Almonda, sendo todos remetidos para a respetiva entidade competente.”

No dia 3 de julho foi hasteada a Bandeira Azul na praia de Aldeia do Mato, em Abrantes. A Agência Portuguesa do Ambiente promoveu uma visita à praia, para verificação do cumprimento dos critérios que levaram à atribuição da distinção. Em 2015, no distrito de Santarém, apenas duas praias fluviais conseguiram conquistar este galardão: a praia fluvial de Aldeia do Mato e a praia fluvial do Carvoeiro, no concelho de Mação., que hasteou a sua bandeira no dia 1 de julho.

O Ministério do Ambiente, através da Agência Portuguesa do Ambiente, informou que a elevada mortandade de peixes ocorrida em Mação, junto à barragem de Belver, em julho, se deveu a descargas poluidoras na zona de Vila Velha de Rodão e à insuficiência de oxigénio nas águas do Tejo.

200 Os milhões de investimento da empresa Águas do Centro, desde 2001, em 17 municípios de baixa densidade populacional da zona Centro, e numa área de influência de 6.500 quilómetros quadrados. A Águas do Centro encerrou a sua atividade e vai passar a integrar a Águas de Lisboa e Vale do Tejo que passa assim a gerir o abastecimento e tratamento de águas residuais de 3,8 milhões de habitantes e um território que vai do Côa ao Sado


SIM/NÃO/TALVEZ 03

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Sempre tive jeito para… Ver o mundo numa perspetiva ampla e imparcial. Do ponto de partida tudo é uma possibilidade, venha a ciência e a filosofia para o explicar e fundamentar. Três coisas a que nunca resisto Experimentar, Argumentar e Desafiar. Por mais louca que a ideia seja; somos feitos de vivências e crescemos com elas. Argumento tudo, seja para validar ou corrigir as minhas ideias. Desafio-me constantemente no dia-a-dia, no trabalho, no desporto, na cozinha; pretendo ver se há um limite mas ainda não o atingi. Não podia viver sem... A ciência com o prazer pelo conhecimento e a natureza na sua tranquilidade e mistérios. Acredito... Que tudo é possível e alcançável, mas talvez alguns desejos atuais (telepatia e energia inesgotável) estejam só à distância de futuras humanidades... desejos mais banais conseguem-se com dedicação e disciplina..

CV

João Freire 27 anos, Estudante Doutoramento (Investigador) Malpique, Sta Margarida

perfeição e esquece muitas vezes que o erro é o caminho... não é valorizado. Erros de aprendizagem são bem vindos, agora de irresponsabilidade já é outra história.

2005

Início do curso de Bioquímica na Faculdade de Ciência, Universidade de Lisboa.

↑ rio acima Bruno Neto A causa humanitária corre no sangue deste tramagalense cujo trabalho foi reconhecido pelo Presidente da República com a medalha de Cavaleiro da Ordem do Infante D.Henrique

Por mais louca que a ideia seja, somos feitos de vivências e crescemos com elas.

Não acredito... Na nossa solidão no Universo. Mesmo um conceito de Vida que possa ser diferente do nosso, algo deve existir. Se aprendemos com os erros porque temos medo de errar? A meu ver existem erros bons e erros maus. Crescemos numa cultura que fomenta a

2010

1º prémio científico. Melhor Poster no encontro Internacional Péptidos, Quioto, Japão.

2011

Início Doutoramento em Bioquímica/Biofísica sobre Dengue na Fac. Medicina, Un. Lisboa.

Melhores do Mundo Mariana António, atleta do Sporting Clube de Abrantes (prata e bronze) e Fábio Martins, do Clac - Entroncamento (bronze), trazem medalhas do Campeonato Mundial Escolar. Portugal foi campeão.

Se pudesse dar um conselho a um recém-nascido qual seria? Arrisca, pergunta e não tenhas medo de errar, pois só assim saberás o melhor rumo a dar para ti e para os que te são próximos. O que preferia ser: um génio preocupado ou um idiota contente? Um génio preocupado MAS com espírito de criança inocente. Muito à imagem do conto infantil “o rei vai nú” necessitamos da ingenuidade, pureza e irreverência de uma criança para fazer ouvir a nossa voz. Por mais consciente dos problemas atuais, os génios (adultos) muitas vezes são absorvidos no mundo sociopolítico. Uma música como banda sonora da sua vida? Difícil... uma pessoa passa por várias fases na vida mas acho que a combinação de “Night Train” e “Hymn to Freedom” de Oscar Peterson.

2012

Começo de projeto vitivinícola familiar com o meu irmão: "Quinta de Malapique".

2014

Bolsa Internacional Boehringer Ingelheim para visitar Instituto Pasteur, Paris e aprender Microscopia de Superresolução.

Parque Ribeirinho Fez dez anos e já dispensa apresentações. O parque de Vila Nova da Barquinha é um exemplo de obra que muda por completo uma localidade, até a região.

↓ rio abaixo Poluição dos rios Torna-se demasiado recorrente falar da saúde (ou falta dela) dos rios. O Tejo corre anémico e sujo e os seus afluentes são atacados pela irresponsabilidade humana.

Saúde

Europa

Multiplicam-se as vigílias populares contra a reorganização hospitalar no Médio Tejo. As queixas aos serviços acumulam-se. Nos últimos seis meses cerca de 5000 pessoas terão ficado sem médico de família.

Os gregos lutam pela sua dignidade e a Europa assiste sem saber bem de que lado se colocar. As dívidas são para pagar mas a que custo? O projeto europeu não põe acima de tudo a felicidade dos seus cidadãos? Acima dos bancos?


04 NÓS ABRANTES

Terceira campanha de escavações em curso

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AMBIENTE

Quercus diz que central nuclear de Almaraz é uma “bomba-relógio” A central está situada junto ao Rio Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre.

Estão a decorrer trabalhos arqueológicos no Castelo de Abrantes, no âmbito da terceira campanha de escavações aprovada em 2013 pela Direção-Geral do Património Cultural. Os trabalhos estão a ser desenvolvidos pelas equipas de arqueologia e património da Câmara e do projeto do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA). É objetivo das escavações obter mais informações sobre a ocupação protohistórica (em 2013, foram identificados vestígios de um povoado amuralhado), romana (com provável presença de um templo na área da Igreja de Santa Maria do Castelo) e islâmica (foram identificados vestígios de uma torre em adobe, em 2014), bem como conhecer as campanhas de obras de fortificação da Idade Moderna. A equipa de arqueólogos, que conta com a colaboração de jovens voluntários abrantinos, conta com os apoios do Centro de Geociências da Universidade de Coimbra, do Centro de Pré-História do Instituto Politécnico de Tomar, do Instituto Terra e Memória de Mação, do Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo e do Laboratório Hercules da Universidade de Évora, no âmbito das ciências físico-químicas aplicadas à arqueologia.―

TEXTO NA

A associação ambientalista Quercus afirmou no dia 30 de junho que a central nuclear espanhola de Almaraz é uma "bomba-relógio" que está junto à fronteira de Portugal. "A central está completamente obsoleta. É uma bomba relógio que temos para a região do interior e para Portugal", disse à agência Lusa o responsável pelo núcleo da Quercus de Castelo Branco, Samuel Infante. A central nuclear de Almaraz, a funcionar desde o início da década de 1980, está situada junto ao Rio Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo, depois de o rio entrar em Portugal. O ambientalista expli-

Ambientalistas preocupados com condições da central espanhola

cou que os resultados do teste de resistência pedido pela Greenpeace à central nuclear espanhola "reforçam, mais uma vez, tudo o que a Quercus tem dito". "Há um risco sério de ocorrerem incidentes e não vemos qualquer iniciativa por parte do Governo. Temos feito alertas e parece que deste lado da fronteira (Portugal) não existe problema", adiantou.

Samuel Infante sublinhou ainda que, após o acidente na central nuclear japonesa de Fukushima, em Março de 2011, teve esperança que as coisas se alterassem. A responsável da área de Energia Nuclear da Greenpeace, Raquel Montón, disse na segunda-feira que a central nuclear espanhola de Almaraz, chumbou num teste de resis-

tência pedido pela Greenpeace, evidenciando a falta do mesmo tipo de válvulas que permitiu o acidente em Fukushima, Japão. Esta organização ambientalista considera que a central de Almaraz (na bacia do Tejo, a pouco mais de 100 quilómetros da fronteira de Portugal) "não tem válvulas de segurança para impedir uma explosão de hidrogénio, tal como não tinha Fukushima, e a sua instalação não está prevista até finais de 2016". Após o incidente japonês, as autoridades e os reguladores europeus recomendaram que as centrais pusessem estes sistemas de forma urgente. "Em Espanha, não foram postos e não se está a exigir isso até ao ano 2016 ou mais tarde. Enquanto isso, as centrais continuam a funcionar, incluindo a de Almaraz, que não tem sistemas de ventilação filtrada", salientou.―

VN BARQUINHA

Partiu o último calafate TEXTO&FOTO PÉRSIO BASSO

Deixou-nos no dia 9 de junho, com 86 anos, o último calafate de Vila Nova da Barquinha. Foi o derradeiro representante de um dos ofícios mais emblemáticos do concelho, ligado à arte da construção e reparação navais. Dos seus 86 anos de vida, e de rio, passou mais de 30 a lidar com barcos, na oficina da Rua da Barca,

onde labutou até há pouco tempo. Com 10 anos, ajudava o tio José Cagaréu, barqueiro, pescador e músico, na faina piscatória. Foi nesta altura que deu os primeiros passos na construção de barcos à mão. Depois de trabalhar como carpinteiro, serrador mecânico e padeiro, abraçou o ofício em definitivo após a reforma, há três décadas. Já nessa altura, o ofício de Calafate era uma arte em vias de extinção.

João Marques morreu aos 86 anos

Tudo começou com um biscate. A partir daí as solici-

tações nunca mais pararam e montou o seu estaleiro num antigo depósito de carvão junto ao antigo “Cais do Vapor”. Neste edifício, paredes-meias com o rio, deu largas à sua arte de carpinteiro naval com recurso a técnicas artesanais, com a ajuda de algumas ferramentas mecânicas. Das mãos de José Marques, saíram muitos dos barcos de madeira que ainda navegam pelo Tejo – fragatas, bateiras, catraios, botes e canoas.


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CAMINHANDO 05


06 PRESENTE

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Contributo para a História da Investigação Arqueológica de VNB

VII: As descobertas continuam no ano de 1991

VN BARQUINHA

Dez anos de Parque Ribeirinho

Júlio Manuel Pereira Investigador de História Local Mestre em Pré-História e Arqueologia

No ano de 1991, quer através de ações individuais, quer de prospeção coletiva, viriam a ser descobertos novos sítios arqueológicos, alguns deles de reconhecido interesse científico. A seguir elencarei as mais relevantes de que me recordo, ou de que possuo registo. a) Descobertas em ações de prospeção coletivas em que o Zé Gomes também participou: - Alto de Nª Srª da Conceição – neste local, numa primeira visita que ali fiz com o José Gomes e o

tando a disponibilidade que me deixava o final das sessões da Câmara, à quarta-feira, ao fim da tarde, fazia também alguma prospeção individual, daí resultando a descoberta de dois novos sítios: - Alto Branquinho – Neste local recolhi algum material em sílex e, em sucessivas visitas posteriores, alguns artefactos de pedra

O Parque Ribeirinho atualmente

TEXTO&FOTOS PÉRSIO BASSO

meu filho, Rui Pereira, este recolheu uma ponta de seta, em sílex, em curso de fabrico, que aqui se reproduz em desenho da minha autoria, o que permitiu detetar a existência de mais materiais em sílex.; - Casal da Cré - Aqui identificamos uma mancha de dispersão de seixos talhados em quartzito e lascas do mesmo material, próximo da linha de água ali existente; - Fonte do Alberto – Aqui recolhemos alguns raspadores e lascas de sílex com grande patine e, mais abaixo, na zona de desmantelamento do terraço fluvial, tive oportunidade de encontrar um magnífico biface micoquense; - Fonte do Castelhano (Valura) – Verificámos que toda a zona em torno desta fonte, era rica em

materiais arqueológicos, tendo recolhido seixos quartzíticos afeiçoados, lascas do mesmo material e em sílex e alguns escassos fragmentos inclassificáveis de cerâmica pré-histórica. - Porto Beiçudo – Nas proximidades do Porto Beiçudo, em ambas as margens da Ribeira da Ponte da Pedra, recolhemos diversos artefactos talhados sobre seixos quartzíticos. b) Descobertas feitas individualmente por mimⁱ: Como já referi atrás, aprovei-

polida, entre os quais a magnífica enxó em anfibolito que aqui se reproduz. Como sempre sucedia quando alguém descobria algum sítio novo, posteriormente, era visitado em grupo, o que possibilitou a recolha de fragmentos de sílex e lascas de quartzito; - Casal dos Cucos – Este sítio foi, sem dúvida, o mais interessante de quantos tinham sido descobertos até entãoⁱ. Trata-se de um povoado onde recolhi, inicialmente, machados de pedra polida e onde, em sucessivas

visitas de prospeção, agora já com os demais elementos do Núcleo, se recolheram dezenas de fragmentos de machados, enxós e escopros, em anfibolito, abundante material em sílex e fragmentos de mós. Estas descobertas e as que se seguiriam provavam que, afinal, o concelho era muito mais rico, do ponto de vista arqueológico, do que se supunha! ⁱE não pelo Zé Gomes, como erroneamente se escreve na recente Carta Galeria Histórico Arqueológica do Concelho de Vila Nova da Barquinha ⁱⁱVide PEREIRA, Júlio M. – 2001 – Casal dos Cucos: um povoado calcolítico do Alto Ribatejo? Notícia Preliminar. Al-madan. Almada: Centro de Arqueologia de Almada, série 2, nº 10, p. 32-38.

Batizado de “Barquinha Parque” e inaugurado em 2 de julho de 2005, rapidamente se transformou num ícone de Vila Nova da Barquinha, sendo o local eleito pelos habitantes do concelho e da região para passar os seus tempos livres. O então Ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia, presidiu à cerimónia de inauguração num final de tarde quente de verão, perante centenas de pessoas. Miguel Pombeiro, na altura Presidente Câmara Municipal, classificou-a como a “intervenção mais profunda jamais realizada na sede de concelho”. Dez anos mais tarde os resultados da intervenção são notórios, verificando-se um impulso na regeneração urbana e no turismo, com a recuperação de vários imóveis degradados e a abertura ao público de várias unidades de alojamento nas suas imediações. Fator de rejuvenescimento urbanístico, é acima de tudo um espaço que permite qualidade de vida aos seus utilizadores diários e visitantes. São cerca de 7 hectares de zona verde à beira rio, onde pululam espaços lúdicos para as crianças, percursos ribeirinhos, equipamentos desportivos e culturais como galerias de exposições, centro cultural, biblioteca, loja e posto de turismo, ateliês artísticos e um alojamento temporário para criadores, tudo enquadrado numa área de prado natural a escassos metros do Rio Tejo.

Miguel Pombeiro, então presidente da autarquia, inaugurava o parque com Francisco Nunes Correia

Pensado pela dupla de Arquitetos Paisagistas – Hipólito Bettencourt e Joana Sena Rego – este espaço substituiu os velhos nateiros por um imenso prado verde onde crescem cerca de 700 árvores. Caminhar, fazer jogging, levar as crianças para brincar, andar de bicicleta, jogar “à bola” ou simplesmente apreciar a paisagem ribeirinha são algumas atividades que este espaço oferece numa envolvente natural de rara beleza. Conquistou o Prémio Nacional de Arquitetura Paisagista 2007, na categoria “Espaços Exteriores de Uso Público”. Em 2012, este espaço reconhecido e premiado acolheu um projeto único em Portugal, o Parque de Escultura Contemporânea Almourol. Este património artístico contribuiu ainda mais para o seu reconhecimento nacional e internacional, permitindo simultaneamente a sua utilização como área de lazer. Alberto Carneiro, Ângela Ferreira, Carlos Nogueira, Cristina Ataíde, Fernanda Fragateiro, Joana Vasconcelos, José Pedro Croft, Pedro Cabrita Reis, Rui Chafes, Xana e Zulmiro de Carvalho são os au-

Imagem com dez anos em que a relva ainda não existia

tores das esculturas que compõem o Parque de Escultura Contemporânea Almourol. Pela primeira vez em Portugal, existe um espaço com o melhor da escultura contemporânea portuguesa, cobrindo autores e obras cujo trabalho se desenvolveu da década de 60 até à atualidade. Ainda em 2012, foi nomeado para o Prémio Autores na categoria de Artes Visuais - Melhor Exposição de Artes Plásticas de 2012, da Sociedade Portuguesa de Autores. A constante dinamização cultural, assim como a disponibilidade de acesso à Internet via wirless, são fatores que complementam a diversidade de propostas para utilização do Barquinha Parque.―


NÓS 07

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TOMAR

VN BARQUINHA

TEXTO NA

TEXTO NA

Festa dos Tabuleiros chama milhares A Festa dos Tabuleiros decorre em Tomar, de 4 a 13 de julho, tendo como ponto alto o cortejo de dia 12, domingo, no qual desfilarão, este ano, 684 tabuleiros, transportados à cabeça por outras tantas mulheres. As flores de papel vão estar também presentes nas ruas ornamentadas. Praticamente por todo o centro histórico, e mesmo fora dele, os moradores transformam as suas ruas com milhares de flores nascidas das suas mãos e criadas ao longo de muitos meses. Este ano, as ruas ornamentadas vão abrir um dia mais cedo, logo na noite de quinta-feira, 9 de julho, para poderem ser melhor usufruídas por quantos as queiram ver. Destaque ainda para o Cortejo dos Rapazes, na manhã de 5 de julho, domingo, que junta crianças do jardim-de-infância e do 1º ciclo, uns com

O novo diretor do agrupamento de escolas de Vila Nova da Barquinha é Paulo Tavares, residente na vila e professor de Matemática no agrupamento. Paulo Tavares foi o escolhido pelo Conselho Geral

Tradição até dia 13 de julho, em Tomar

a sua cestinha, muitos com tabuleiros adequados à sua estatura, todos com o traje, a pose e a convicção dos mais velhos. Além de todos estes momentos que fazem parte da tradição da Festa, haverá ainda muitos mais motivos para não falhar uma visita a Tomar de 4 a 13 de julho. Diversas exposições, uma mostra de sabores de Tomar, espectáculos de teatro, artes de rua, folclore e música, em todas as suas vertentes, da mais erudita à mais popular, incluindo os quatro concertos que terão como cabeças de cartaz D.A.M.A.

(sexta, 10), Amor Electro (sábado, 11), Xutos & Pontapés (domingo, 12) e Quinta do Bill com a banda da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais (segunda, 13).1 Julho a 31 Agosto Exposição “Tabuleiros: Compreender a Festa” (Biblioteca). As origens da Festa dos Tabuleiros perdem-se no tempo, acreditando os investigadores que terão tido na base as festas das colheitas em homenagem à deusa Ceres. Mais tarde, terão sido apropriadas pela Rainha Santa Isabel, que as adaptou ao culto do Divino Espírito Santo.―

TORRES NOVAS

30 anos de elevação a cidade celebrados no Jardim das Rosas TEXTO NA

Torres Novas comemora 30 anos de elevação a cidade com um vasto programa no Jardim das Rosas, de 8 a 12 de Julho. As comemorações iniciam-se no dia 8 com sessão solene, no Teatro Virgínia, com o Choral Phydellius e continua nos dias seguintes

Carlão para festejar 30 anos de elevação a cidade

Paulo Tavares é o novo diretor do agrupamento

com teatro, exposições, tasquinhas, artesanato e muita música, onde se destaca Dog’s Bollocks e The Walks, no dia 9 de julho, Carlão e Brass Wires Orchestra, dia 10 de julho, Deolinda no dia 11 de julho e Pedro Barroso no dia 12. No Jardim das Rosas haverá tasquinhas e artesanato e todas as noites, com exceção de dia 12, haverá djs pela noite dentro. A entrada é gratuita.―

de Educação após vencer a votação à qual se candidatou juntamente com outros três concorrentes, sendo que no final, dos quatro a consurso, apenas três se apresentaram às entrevistas. Paulo Tavares vai tomar posse como novo diretor no dia 14 de julho.


08 EMPRESA

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NovoAlmourol Pérsio Basso

MITSUBISHI

Os trabalhos de construção do novo hipermercado Intermarché de Vila Nova da Barquinha decorrem a bom ritmo e a sua abertura deve acontecer em meados de agosto. Situada à entrada da vila, junto à rotunda da Rua Sal-

gueiro Maia com a Rua Virgílio Ferreira, a superfície comercial irá dispor também de posto de abastecimento entre outros serviços e lojas. Este investimento privado de cerca de 3 milhões de euros irá gerar 42 postos de trabalho e é a primeira grande

superfície comercial no concelho. Após alguns avanços e recuos no processo, e mudança de promotores, os trabalhos estão perto da sua conclusão. tendo começado recentemente a colocação de alcatrão no estacionamento.―

NERSANT

Fuso Canter elétricas 70% dos estagiários do passam no exame Passaportes Emprego 3i

continuam nas empresas TEXTO NA FOTO RICARDO ALVES

Jorge Rosa, Marc Llistosella, Maria do Céu Albuquerque e Paulo Portas

TEXTO RICARDO ALVES

Oito camionetas 100% elétricas Mitsubishi Fuso Canter estiveram em exame durante um ano e percorreram 50 mil quilómetros em Portugal. Os veículos desempenharam funções em meio urbano, rural ou industrial numa experiência-piloto que, segundo responsáveis nacionais e internacionais da marca, correu bem e mostra as virtualidades deste novo tipo de motorização. Os resultados foram apresentados no dia 29 de junho no Museu dos Coches em Lisboa. O modelos E-Cell experimentais, fabricados na fábrica da Mitsubishi de Tramagal, Abrantes, saem da linha de montagem com uma diferença, os motores a gasóleo são substituídos pelos elétricos. Outra diferença é no consumo, com uma poupança de dez cêntimos por quilómetro, o que equivale a mil euros por cada dez mil quilómetros, para além, claro, de ser não poluente e sem ruído. Uma das viaturas protótipo esteve ao serviço da Câmara Municipal de Abrantes, representada na cerimónia pela sua presidente, Maria do Céu Albuquerque. Municípios e grandes empresas, tanto públicas como privadas, foram parceiros deste

teste. Também presentes estiveram o vice-primeiro-ministro Paulo Portas, Jorge Rosa, o presidente da Mitsubishi Fuso Trucks Portugal e Marc Llistosella, presidente da Mitsubishi Fuso Truck and Bus Corporation” que afirmou que o projeto é “um exemplo de colaboração entre o Governo e o fabricante”. As camionetas são capazes de transportar duas toneladas de carga têm uma velocidade máxima de 90km/h e uma autonomia de 100kms. As baterias, com uma potência de 110 kW (cerca de 150 cavalos) e um custo elevado, são um dos obstáculos a ultrapassar para o sucesso na sua comercialização. No entanto, a Mitsubishi Fuso Canter elétrica passou no exame com distinção. O governo Português co-financiou o projecto de pesquisa através do IAPMEI, Agência para a Competitividade e Inovação.―

O Passaportes Emprego 3i, iniciativa do Governo, dirigiu-se às empresas com projetos aprovados no âmbito dos sistemas de incentivos, dando-lhes a oportunidade de integrar na sua estrutura, mão-de-obra qualificada, a baixos custos. Neste processo, a NERSANT desempenhou um papel de mediador entre as empresas beneficiárias e os estagiários, tendo recebido os currículos dos interessados em realizar os estágios, bem como as ofertas das empresas, fazendo-os corresponder sempre que possível. Na sequência deste trabalho realizado pela NERSANT, decorreram 239 estágios na região do Ribatejo. No Médio Tejo, integraram o programa 64 empresas e 134 estagiários. A sessão de encerramento do projeto no Médio Tejo realizou-se no dia 30 de junho, em Tomar. Nesta sessão, a entidade externa responsável pela avaliação do projeto, fez uma apresentação de resultados. Na região do Médio Tejo 74% dos estagiários ficado a trabalhar nas empresas. Em termos globais, dos 239 estagiários que integraram o Passaporte Emprego 3i, 135 realizaram contrato de trabalho com as empresas

Representante da Álvaro Eletrodomésticos, Entroncamento, esteve na sessão com o seu estagiário

onde estagiaram, o que significa que o projeto teve um taxa de empregabilidade na ordem dos 67% no Ribatejo. Nas sessões de apresentação de resultados, António Campos, Presidente da Comissão Executiva da NERSANT, explicou que "valeu a pena apostar nesta medida. Hoje em dia, formar uma pessoa numa empresa, demora cerca de seis meses. É importante que o Estado crie medidas que possam minimizar este custo para as empresas, tornando-as, desta forma, mais competitivas". E continuou: "A taxa de empregabilidade foi de cerca de 70 por cento, o que significa que as empresas contrataram gente jovem e qualificada, o que é uma evidente mais valia para o tecido empresarial da região", revelou. A medida Passaportes Emprego 3i teve como objetivo complementar e de-

senvolver as competências dos jovens que procuram um primeiro ou um novo emprego, de forma a melhorar o seu perfil de empregabilidade e apoiar a transição entre o sistema de qualificações e o mercado de trabalho; promoveu o conhecimento sobre novas formações e competências junto dos empregadores e a criação de emprego em novas áreas; e fomentou o desenvolvimento de recursos humanos nas respetivas áreas de abrangência. As beneficiárias deste projeto foram empresas de qualquer natureza e sob qualquer forma jurídica com projetos de investimento aprovados em qualquer sistema de incentivos. Os estágios foram dirigidos a jovens desempregados inscritos nos Centros de Emprego, detentores de diferentes graus de ensino ou qualificações, perspetivando uma futura integração no mercado de trabalho.―


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010 RECONHECER

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NovoAlmourol

PRÉMIOS NA

O Médio Tejo passou por aqui No dia 12 de junho o Jornal Novo Almourol realizou a primeira edição dos Prémios NA, distinguindo aqueles e aquelas que mais se destacaram ao longo do último ano no Médio Tejo

Paulo Passos, designer gráfico, recebeu o Prémio Criatividade Pérsio Basso

A primeira edição dos Prémios NA levou ao Centro Cultural de Vila Nova da Barquinha (VNB) uma plateia curiosa por saber quais seriam os primeiros distinguidos pelo painel de avaliadores do Novo Almourol. No evento, abrilhantado pela atuação de FEL, uma das surpresas do fim de tarde, e apresentado por Cidália Delgado, desfilaram alguns dos intervenientes mais importantes da região do Médio Tejo, apesar de, tantas vezes, passarem ao lado da perceção do público. No discurso de abertura do evento, Ricardo Alves, então editor do NA e agora diretor, falou sobre a missão do jornal NA, “com 58 anos de existência, o Jornal NA deseja afirmar-se como veículo das várias identidades da região, esbatendo fronteiras concelhias mas valorizando os traços identitários de cada um dos concelhos”. Ricardo Alves afirmou que o NA deseja ver “a região como um território onde os jovens possam viver, criar, trabalhar, aproveitando o vasto e rico património material e imaterial, forte nos seus traços como um idoso mas imberbe e aberto a novas experiências como um adolescente”. O jornalista disse ainda ser um prazer e um orgulho estar no Centro Cultural com tão prestigiadas personalidades e falou em inquietação, “tal como António Lobo Antunes disse…“Aquilo que faz com que nós continuemos vivos e capazes de criar é isso mesmo, uma inquietação constante. Sem ela não pode haver criação, quem não põe, sempre, tudo em causa, arrisca-se a ter uma vida interior de três assoalhadas”. O primeiro prémio, Desporto,

Pérsio Basso

TEXTO NA FOTOS P. BICA&P. BASSO

Uma das filhas de Joaquim Vieira recebeu o Prémio Homenagem das mãos de Luiz Oosterbeek

Luís Ferreira, recebeu o prémio Associativismo que distinguiu o Sport Clube Operário Cem Soldos

foi entregue ao Grupo Cicloturismo Barquinhense, recebido por João Correia, presidente do clube, e entregue por Fernando Freire, presidente da Câmara de VNB. Freire salientou o trabalho do clube, “o desporto é um elemento fundamental da nossa vida, é estruturante, é enriquecedor física e mentalmente, mas é também um meio de integração e formação cívica. Hoje premiamos um clube, um grupo de homens e mulheres, que nos mostra que o desporto, nomeadamente o BTT, pode também ser um meio de divulgação do nosso património”. João Correia agradeceu a distinção e afirmou que o evento é “uma excelente ideia e que fazia falta na região”, partilhando o prémio com os outtros colegas do clube. Ao Desporto seguiu-se a

O Grupo Cicloturismo Barquinhense recebeu o Prémio Desporto, pelas mãos do seu presidente, João Correia, entregue por Fernando Freire, presidente da autarquia barquinhense

Júlia Amorim, presidente da Câmara Municipal de Constância, recebeu o Prémio Tradição em nome do concelho

História, com o Prémio NA 2015 a ser entregue a Luís Baptista, historiador do Entroncamento que investigou a história da Quinta da Cardiga, da Quinta da Ponte da Pedra, dos Casais das Vaginhas, de Árgea, do Mercado Municipal do Entroncamento, entre outros. Pierluigi Rosina, presidente do Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo, entregou o prémio. Luís Baptista fez questão de evocar o nome de outro historiador, António Luís Roldão, de VNB. Humildemente disse que seria Roldão quem devia ser premiado. O Jornal NA

não se esqueceu, de todo, do seu contributo... O Prémio NA Educação 2015 foi entregue ao Agrupamento de Escolas Verde Horizonte de Mação, a José António dos Santos Almeida, diretor do Agrupamento, por Vasco Estrela, Presidente da Câmara de Mação. Luís Ferreira, presidente do SCOCS (Sport Clube Operário de Cem Soldos), recebeu o prémio Associativismo das mãos de Rui Serrano, vice-presidente da Câmara Municipal de Tomar. O SCOCS é, para além do organizador do Festival Bons Sons, o

Rui Sena recebeu o Prémio NA Cultura equanto diretor do Teatro Virgínia.

promotor da “utopia” da aldeia cultural na aldeia tomarense, um projeto que visa agregar juventude e seniores na construção de um futuro em torno da cultura. Um dos momentos altos da noite aconteceu quando Paulo Passos, designer barquinhense que vive e trabalha em Abrantes, recebeu o Prémio NA Criatividade. A entregar o prémio esteve Maria do Céu Albuquerque, presidente da autarquia abrantina, que antes de o fazer teceu rasgados elogios a Passos. Rui Sena, diretor do Teatro Virgínia de Torres Novas, farol da cultura a nível regional e nacional, recebeu o Prémio NA Cultura das mãos de Ricardo Alves. O Prémio NA Empresa foi atríbuido à IBM/Softinsa, pela parceria encetada com o Instituto Politécnico de Tomar, prémio entregue por Sofia Silva Mota, diretora da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes. Júlia Amorim, presidente da Câmara Municipal de Constância, recebeu o Prémio NA Tradição, pela manutenção e evolução das Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem, ao passo que o momento alto da noite aconteceu com a homenagem a Joaquim Vieira, homem das artes e cultura de VNB que partiu em Fevereiro deste ano. O Prémio NA Homenagem foi entregue por Luiz Oosterbeek, à data diretor do Novo Almourol, prémio recebido por Maria Vieira, filha de "Quim". A banda FEL, de Humberto Felício, deu cartas nos Prémios NA, adicionando ainda mais qualidade à primeira edição. ―


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CULTO 013

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OS PASSOS DE SÍSIFO

Emprego, Grécia e nós... OPINIÃO LUIZ OOSTERBEEK A Europa parece suspensa da Grécia, e divide-se sobre as medidas orçamentais a tomar. Ainda não percebemos bem que estamos a viver um processo parecido com a segunda metade do século XIX , quando finalmente a indústria se generalizou e gerou milhões de desempregados (que eram os ex-camponeses, transformados em operários, que haviam perdido a possibilidade de regressar a suas terras de origem). Na época houve duas grande soluções: a emigração para regiões com grande potencial de crescimento (o Brasil receberia uma boa parte dessas pessoas) e a criação do Estado Social – invenção de Bismarck, que matou três coelhos de uma cajadada só: reduziu o desemprego com empregos de interesse social (hospitais, escolas, etc., ou seja, empregos sem rentabilidade imediata e que todos entendiam como um custo, mas

que ele percebeu serem um investimento na criação de valor territorial), criou serviços que melhoravam a qualidade de vida e eram portadores de futuro e, muito importante, impediu que se concretizasse a revolução que Marx, e muitos outros, tinham previsto. Hoje estamos assim, mas sem a opção da emigração (já não existem grandes territórios para incorporar no mercado capitalista global) e com a pressão das rupturas de fronteiras e de sistemas, de que o Estado Islâmico é a expressão mais visível neste momento, mas não a única. Rupturas que se alimentam de ilusões de felicidade e de redenção para milhões de excluídos. Do nosso lado, as respostas são pontuais, e a esmagadora maioria ainda pensa que a felicidade virá com mais tecnologia (se isso acontecer será a primeira vez na História). Precisamos de uma resposta de economia política, que passa por criar empregos “não produtivos”

nos domínios da educação superior, ciência e cultura (além dos tradicionais investimentos na saúde, assistência social e ensino básico). Isso implica, claro, fazer o que o Bismarck fez, e pessoas como o W. Buffet defendem: aumentar os impostos sobre a indústria tecnológica (ou obrigar as empresas a investir directamente nesses novos serviços). É a única forma de diminuir o desemprego nos próximos 10 a 20 anos, e a diminuição do desemprego é a única forma de evitar grandes colapsos de Estados e revoluções violentas. Infelizmente, o passado sugere que em contextos semelhantes a saída de ciclos negativos como o actual se fizeram após guerras e com regimes ditatoriais. Felizmente, porém, a história também diz que acções humanas concertadas podem criar imprevistos. Isso justifica continuarmos as nossas batalhas.

"Felizmente, porém, a história também diz que acções humanas concertadas podem criar imprevistos. Isso justifica continuarmos as nossas batalhas.“

O que tem isto tudo a ver com a Grécia? É que nada

prende a Grécia à Europa, a não ser uma eventual coesão social que mobilize as suas classes médias nesta direcção. De resto, a história recente da Grécia é dominada por guerras civis e golpes militares, a sua afinidade religiosa é com a Igreja Ortodoxa russa e a sua matriz civilizacional contemporânea tem uma forte matriz turca. Ah, já me esquecia: e a distância de Atenas a Benghazi, na Líbia, é de apenas 730 Km! A prioridade na Grécia é mesmo a de equilibrar as contas, mesmo que isso leve a uma ruptura com a classe média e à destruição do exército grego? (…) Depois agarraram uns desempregados / Mas como tenho o meu emprego / Também não me importei. Agora estão a levar-me / Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém / Ninguém se importa comigo. B. Brecht.―

DOM RAMIRO

A obra de arte nos nossos dias… OPINIÃO CARLOS VICENTE De maneira nenhuma a arte é o parente pobre do que quer que seja. Pobre é a capacidade de não entenderem a arte como uma necessidade básica do cidadão para o seu melhor relacionamento com o mundo de hoje. A estética “prima” a ética e esta grita em cada intervenção, o lugar do artista e o seu relacionamento com o seu admirador. A “Obra” é mais de quem a vê, do que, de quem a faz… é usual dizer-se. O “Analisador” da obra traz em si toda a aprendizagem de uma vida, conhecimento disto ou daquilo… e até muitas vezes da própria arte. Por isso a análise de quem vê, é demonstrativa do seu conhecimento e saber. É um “despir” a roupa que se traz no corpo, por isso usam da “moral” para o não fazerem.

Mas, também a arte, tal como a política, tal como a moral… tem os seus demónios. Vivemos em grupos cada vez mais identitários das suas afirmações e lóbis de circunstância… tempo virá, em que os países ricos comprarão os mais pobres como se de mercadoria em segunda mão se tratasse e é nessa falta de moralidade, cedência aos poderosos, segurança podre, medo empírico de quem tem hoje para durar até amanha… depois? Já é outro dia e está tão longe. O Poder no renascimento era o conhecimento… detenção de grandes obras de arte (arquivo do presente para construção do futuro) e feitas ao sabor do tempo com os temperos e as orgânicas dos seus mestres… que ainda hoje admiramos. Hoje, tal como a democracia, (agora, palavra vã tão subjectiva e subordinada a interesses diversos…) é uma mescla de interesses e subjectividades

paradoxal que se auto-destrói à quase velocidade da luz…

tantas vezes medíocre que se perde nos modos de produção, justificação e assimilação do conceito identitário da obra. É um vale tudo… mas, vale mais se o nosso clube for o da primeiríssima divisão… auto-sustentado de preferência, e valorizado a cada impulso pelos

demais interesses “bolseiros”… Se a Arte regredisse ao “prazer do Belo” e trouxesse com ela todas as outras “aventuras galopantes” o mundo seria melhor, para este “ser” de sessenta e tais anos que nos suporta e comporta, assimila e nos transforma em algo

O prazer de vermos um Peter Paul Rubens ou um Rembrandt. Um Silva Porto que nos retractasse em plena vivencia do fazer nas mais tradicionais manufacturas, da historia do nosso povo era sem duvida um momento de retrocesso (cada vez mais belo e necessário) e um prazer termos hoje menos pó ou menos frio, mas uma identidade de sermos nós próprios no nosso próprio mundinho de sabores e ventos macios ao fim da tarde… a tempestade que se aproxima não é nossa, nem a queremos é apenas de quem dela precisa para uma guerra surda de compra e venda num bazar chinês… Não sendo hoje a arte espelho desse reflexo paradisíaco, então prefiro “como alguém disse”, admirar a natureza pois é ela a principal rival dos artistas..―


14 DESPORTO

JULHO 2015

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DESPORTO ESCOLAR

CONSTÂNCIA

Mariana António e Fábio Martins brilham na China

Alexandre Silva e Carolina Carpinteiro Campeão e Vice Campeã distrital Zumba colors animaram Malpique

Jovens portugueses com excelente prestação

TEXTO NA

Realizou-se em Wuhan, na China, entre os dias 27 de junho e 2 de julho, os Campeonatos Mundiais de Atletismo do Desporto Escolar ISF 2015 – Taça “Memorial Jean Humbert”, que envolveu 22 países e cerca de 500 alunos dos escalões de juvenis e juniores. Portugal sagrou-se Campeão Mundial Coletivo masculino através da Escola Se-

cundária da Maia e individualmente, para a região do Médio Tejo, vieram 3 medalhas. No total, Portugal conseguiu alcançar 13 títulos individuais. Fábio Martins, atleta federado do Clube de Lazer, Aventura e Competição (CLAC – Entroncamento), que estuda na Escola Profissional Gustave Eiffel e por protocolo, representou Portugal pela Escola Secundária do Entroncamento, conquis-

tou uma medalha de bronze no Salto em Comprimento, com a marca de 7,20 metros. De Abrantes, voou para a China Mariana António, atleta do Sporting Clube de Abrantes, que conquistou duas medalhas, prata nos 100 metros barreiras e bronze na especialidade de salto em comprimento. al do salto em altura feminino. Participaram nestes campeonatos mais de meio milhar de atletas juniores e juvenis.―

FUTEBOL

Pepa é o novo treinador do Feirense TEXTO NA

Pepa foi jogador nas camadas de formação do Clube Amador de Desportos do Entroncamento e acabaria por ser contratado pelo Sport Lisboa e Benfica. Após uma época de estreia no clube da águia que pôs os seu nome nas bocas do mundo, acabaria por não dar seguimento às expectativas criadas. Agora, abraça a carreira de treinador e, paulatinamente, tem subido degraus na sua afirmação. Aos 34 anos, Pepa, que é natural de Torres Novas assinou no dia 1 de Julho com o Clube Desportivo Feirense, equipa da II Liga portuguesa de futebol, um acordo válido por uma temporada, depois de nas últimas duas épocas orientar a Sanjoanense, no Campeonato Nacio-

Pepa foi formado, enquanto jogador, no CADE (Entroncamento) e Benfica

nal de Seniores, tendo conseguido a subida ao Campeonato Nacional de Seniores, e a manutenção na época passada. Substitui o técnico Pedro Miguel no comando feirense. A equipa técnica é composta por Pepa (treinador-principal), Sérgio Ferreira (treinador-adjunto), Nuno Santos (treinador-adjunto), Paulo Santos (trei-

nador de guarda-redes), Pedro Azevedo (scouting) e Pedro Oliveira (scouting). "Encaro o desafio com grande ambição, mas sobretudo com muita confiança. Este clube tem uma realidade de condições fantásticas e é um grande, não só do distrito de Aveiro, mas também do país", afirmou o técnico na conferência de imprensa.―

CNTEJO

Outrora palco de torneios de futebol de salão, festivais da canção e festas populares, o ringue da União Jazz Malpiquense, em Malpique, concelho de Constância, acolheu no dia 4 de julho o Zumba Colors e levou à localidade largas dezenas de amantes da dança. A União Jazz Malpiquense é uma das coletividades históricas do concelho e esteve desativada durante alguns anos. Um grupo de jovens e menos jovens de Malpique pegaram nas rédeas da coletividade e organizam um programa de atividades regulares. No caso, o Zumba Colors levou cor a um espaço normalmente dominado pelo cinzento do cimento.―

CANOAGEM

Clube Náutico Barquinhense em Mértola O Clube Náutico Barquinhense deslocou-se a terras alentejanas nos dias 4 e 5 de julho (Mina de São Domingos, Mértola) para os Campeonatos Regionais de Velocidade Bacia do Tejo/Sul. O clube de Vila Nova da Barquinha competiu com Rita Alarico,Mariana Gonçalves, Claudio Agostinho, Joao Santos, Tiago Leote, Francisco Santos,Rodrigo Correia, Pedro Homem, Bruno Gonçalves, Diogo Miguel, Miguel Felizardo, Fábio Passos Leitão, André Viegas e Joaquim Pinto Silva. O destaque foi para João Santos, que obteve um 2.º Lugar, e Tiago Leote e Rita Alarico que conseguiram alcançar o 3.º Lugar. CNB esteve presente em13 finais: 9 Finais A e 4 Finais B, ficando em 5.º Lugar por clubes com apenas 14 atletas.―

Realizou-se nos dias 4 e 5 Julho em Rio Maior, o Campeonato distrital de verão de Infantis e simultaneamente a prova de apuramento para Juv, Jun e Sen na Piscina de 50 metros. A competição organizada pela ANDS contou com a presença de 120 nadadores em representação de 17 Clubes. O CNTejo marcou presença com 5 nadadores infantis, Carolina Carpinteiro, Daniel Oliveira, Hugo Sagradas, Alexandre Silva, Márcio Silva e mais 4 (juv, Jun e Sén), Nuno Afonso, David Carpinteiro, Carolina Marques, Mafalda Marques.Alexandre Silva (infantis) sagrou-se campeão distrital nos 1500 livres, e vice-campeão nos 100 e 200m bruços. Carolina Carpinteiro foi vice-campeã nos 200 e 400m bruços. Alexandre Silva, Daniel Oliveira, Hugo Sagradas e Márcio Silva sagraram-se vicecampeões distritais na estafeta 4x100m livres.―

Uma comissão composta por Gaspar Almeida e Benjamim Reis organizou uma reunião no dia 6 de julho, no salão da junta de Freguesia de Praia do Ribatejo, apelando à participação dos praienses e habitantes em geral, sócios em particular, para tentar encontrar uma solução para o CECUDE, clube fundado em Maio de 1975


CULTURA 015

JULHO 2015

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“Acredita naqueles que procuram a verdade. Duvida daqueles que a encontram.”

Roteiro do Tejo: dos territórios, das pessoas e das organizações

44. Turismo patrimonial e desenvolvimento local: o papel da cooperação e colaboração.

André Gide (Escritor francês 1869 - 1951) VN BARQUINHA

VN BARQUINHA

Fados Solidários

Apresentação de "Escávedas"

A Praça da República, em Vila Nova da Barquinha, vai receber no dia 10 de Julho, a partir das 21h30, uma iniciativa solidária para com a Associação de Paralisia Cerebral. «Fados Solidários» é a designação do evento, numa organização do Clube União de Recreios de Moita do Norte e com o apoio da autarquia barquinhense. Em pleno centro histórico da vila, haverá aperitivos, "bom vinho, Caldo Verde, Chouriço assado, arroz doce, café d'avó e aguardente". A música estará a cargo de Yola Dinis, Silvina Pereira, João Paulo, Cristiano de Sousa, Paula Carapeta, entre outros.―

A autora Maria João Gonçalves vai lançar o seu novo livro “Escávedas – Uma ilha entre vales”, no dia 11 de julho, às 18h00, no Castelo de Almourol. A apresentação inclui uma visita guiada ao monumento nacional por Antónia Coelho, Prof.ª de História. A passagem de barco para a ilha inicia-se às 17 horas. Maria João Gonçalves é coautora em antologias de poesias, contos e crónicos. Em 2013 a autora publicou um romance histórico intitulado “Um Amor que Nasceu nos Alicerces do Ódio” e em 2014 lançou “O gato branco do bar 42”.―

Beatriz e o Pagem no centro cultural

VN BARQUINHA

O grupo de teatro do Centro de Estudos de Arte Contemporânea (CEAC) de Vila Nova da Barquinha vai levar à cena a peça “Beatriz e o Pagem” no próximo dia 9 de julho, a partir das 21 horas, no centro cultural da vila. O texto é uma adaptação de Carlos Vicente, com a direção de atores a cargo de Sandro Ferreira. O espetáculo tem entrada livre.―

CEM SOLDOS

Manel Cruz no Bons Sons TEXTO RICARDO ALVES

Quando no dia 19 de maio foi apresentado o programa do Festival Bons Sons as grandes novidades foram Camané, Ana Moura e Clã, nomes sobejamente conhecidos e valorizados pelos amantes da música em Portugal. Mas alguns dias depois a organização do festival que se realiza em Cem Soldos, Aldeia do concelho de Tomar, entre os dias 13 e 16 de Agosto, surpreendeu tudo e todos ao anunciar o concerto de Manel Cruz, vocalista dos Orna-

tos Violeta, banda que marcou o panorama do rock português nos anos 90 e que acabaria por separar-se em 2000. Manel Cruz, que nunca parou de criar desde o fim dos

ABRANTES

Ornatos Violeta, vai atuar no primeiro dia de festival, dia 13. No Palco Eira vai, assim, acontecer algo de muito especial, tão raras são as oportunidades de voltar a ouvir o músico a interpretar temas como “Ouvi Dizer” ou “Mata-me Outra Vez”. Manel Cruz apresenta “Estação de Serviço”, um espetáculo a solo olhando para o passado mas também para o presente e futuro, revisitando trabalhos de outros projetos como Pluto, SuperNada ou Foge Foge Bandido. Na noite de 13 de Agosto haverá, igualmente, lugar a temas inéditos.―

Zambujo regressa para concerto TEXTO RICARDO ALVES

António Zambujo tinha tudo preparado para tocar durante as Festas da Cidade de Abrantes mas o mau tempo levou a que o município cancelasse os concertos previstos para essa noite, último dia de festas da cidade. A organização pediu desculpa a "todos e a todas os que pretendiam assistir aos concertos do último dia das Festas, mas todos

os esforços feitos para evitar este desfecho revelaram-se insuficientes". Os concertos de António Zambujo e Wake Up Mary ficaram, desde logo, com nova data marcada: 16 de julho, na Praça Barão da Batalha, e perante as temperaturas que se têm feito sentir não será por falta de calor e bom tempo que os concertos não se vão realizar. É o finalizar das festas da cidade com um dos deus concertos mais aguardados.―

Luís Mota Figueira Professor Coordenador do Instituto Politécnico de Tomar

É comum deparamo-nos com situações nas nossas cidades, vilas, aldeias e lugares, chamando-nos à atenção pelo desacerto entre o que gostaríamos que fossem e o que são. Assistimos a cenas em que o património natural e o património cultural são maltratados por puro vandalismo, por mau uso desses recursos ou por desleixo de quem deles deve tratar. Ainda noutras situações deparamo-nos com casos em que o voluntarismo das pessoas e o sentido de “desenrascanço” tipicamente nacional, mal planeado e pior executado, em vez de corrigirem maleitas, agravam-nas. Procurar parceiros conhecedores e trabalhar em conjunto é a única via para que se ultrapassem dificuldades e há exemplos didáticos que podemos observar. Lemos em http://www. conventocristo.pt/pt/index. php?s=noticias&noticia=148, que no Convento de Cristo de Tomar, em notícia de 06/06/2014, “Uma ação promovida pela empresa IBM Portugal permitiu, nos últimos dias de Maio, intervir na limpeza e conservação na cozinha do Convento de Cristo, em apoio ao trabalho regular desenvolvido pela equipa técnica de manutenção do Monumento.” Situação que denota um apoio mecenático oportuno e eficaz. Havíamos lido no mesmo link em 13/06/2012 que, “Durante o mês de Maio de 2012, no Castelo de Tomar, decorreram acções de limpeza da vegetação invasora. Assim, o alambor das muralhas, nas zonas nascente e sul, foi limpo por uma equipa de militares do Regimento de Infantaria 15 de Tomar em paralelo com outra intervenção levada a cabo pela equipa de sapadores da Associação de Produtores Florestais dos Templários, que contemplou a zona de alambor junto à "porta de Almedina" e toda a área de floresta a jusante do alambor do castelo.” As notícias registam haver partilha de preocupação sobre a limpeza, ação valorizadora da imagem icónica deste conjunto patrimonial. Recentemente aconteceu a “Atividade cívica de limpeza” (em que o cronista participou), motivando outro participante,

João Elvas, a comentar no endereço https://www.facebook. com/pages/Aqueduto-do-Convento-de-Cristo-Antes-que-seja-Tarde/1409847265913885 o seguinte: “Aqueduto do Convento de Cristo -Trabalhos de limpeza de lixo e plantas infestantes junto à arcada inferior do vão monumental do Vale dos Pegões, incluindo a primeira casa de água. 27 de Junho de 2015. Temperatura: 38 graus! Antes, durante e depois. Uma acção decidida e coordenada por um grupo de

"A ligação entre

organizações e pessoas é a mais relevante para que os territórios se desenvolvam não apenas pela Economia mas com e para as Pessoas." pessoas preocupada com a degradação a que as autoridades que tutelam os monumentos nacionais, votaram o Aqueduto do Convento de Cristo (Aqueduto dos Pegões).” A Organização e a articulação com Rui Ferreira, Técnico do Convento de Cristo que acompanhou os trabalhos, foi simplesmente profissional. Ainda não é muito comum registar situações nas nossas cidades, vilas, aldeias e lugares, onde cooperação e colaboração institucional, empresarial, individual e grupal tenham a “actividade cívica” como eixo principal. A ligação entre organizações e pessoas é a mais relevante para que os territórios se desenvolvam não apenas pela Economia mas com e para as Pessoas. Estes exemplos são apenas alguns dos que, felizmente, ganham espaço e libertam energias melhorando, em concreto, a qualidade de vida de todos. A limpeza de monumentos pode ser pretexto para criar laços entre pessoas, compromissos nas organizações e, sobretudo, abordagens profissionais mesmo em atmosfera de voluntarismo, como foi o caso. Riachos, 3 de julho de 2015―


016 CULTURA A Bem Dizer...

JULHO 2015

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ABRANTES

Abrantes entra em ritmo de liderança cultural

Dizer bem

TEXTO NA António Matias Coelho Historiador, Consultor Cultural

A bem dizer, quase só dizemos mal. Dizemos mal da crise que não há meio de passar, dizemos mal do Governo que não governa a nosso jeito, dizemos mal do chefe que nos massacra a cabeça, dizemos mal do patrão que só pensa no interesse dele, dizemos mal do vizinho que não nos deixa dormir, dizemos mal do nosso clube que passa a vida a perder, dizemos mal do tempo que nunca está como queremos, dizemos mal do trânsito que é um inferno pegado, dizemos mal da televisão que só nos mostra desgraças, dizemos mal da câmara que se esquece da nossa rua, dizemos mal dos jovens que têm gostos esquisitos, dizemos mal da polícia que está sempre onde não deve, dizemos mal dos políticos que dizem mal uns dos outros, dizemos mal das férias que são curtas e muito caras, dizemos mal da escola que cada vez ensina menos, dizemos mal da saúde que vai de mal a pior, dizemos mal da nossa terra que sempre mal nos parece, dizemos mal da vida que está pela hora da morte. Dizemos mal até de nós, nem sabemos bem porquê. E, se não dizemos, calamos que é ainda pior. Desenvolvemos, enfim, uma cultura do mal dizer, como quem diz que dizer mal é natural… E se agora, indo ao avesso de nós, tratássemos de dizer bem? Se procurássemos o outro lado do olhar, o lado que sabe ver o que vai bem à nossa roda? Porque, que diabo, há de haver coisas bem feitas e gente que bem as faz, a merecer atenção, a justificar que se lhe ponha valor e delas se diga bem… A bem dizer, creio eu, custa bem mais dizer bem. Porque mal toda a gente diz e se mais alguém mal disser é apenas mais um, pouca diferença faz, mais não é que outra voz a engrossar o coro maledicente. Mas dizer bem é desafinar, discursar em contramão, é chamar à vista dos olhos e ao entendimento da razão aquilo que ninguém vê, ou que vê e não repara, ou repara e não valoriza. Além disso, dizer bem implica comprometimento: quem diz bem de qualquer

coisa está a fazer uma aposta, confiante da sua certeza, que está ali merecimento. Tem por isso de se acautelar, não vá andar a dizer bem do que afinal não tem préstimo, porque, se assim fizer, ao estar a dizer bem, está de facto a fazer mal… Ora, pois, o que me proponho e vos venho aqui propor é fazer desta coluna um espaço de dizer bem: de uma obra, de um lugar, de uma tradição, de um objeto, de uma paisagem, de um equipamento, de um

“A bem dizer, creio eu, custa bem mais dizer bem. Porque mal toda a gente diz e se mais alguém mal disser é apenas mais um, pouca diferença faz, mais não é que outra voz a engrossar o coro maledicente.”

livro, de um espetáculo, de uma realização, de uma ideia, de um grupo, de uma instituição, muito excecionalmente de uma pessoa. Do que, ou de quem, haja fundadas razões – a meu ver, bem entendido – para se poder bem dizer. Apenas nas áreas da Cultura e do Património da nossa região, aquelas em que admito ser capaz de dizer bem sem estar a fazer grande mal. Há um mundo imenso de razões e de pretextos para se poder bem dizer. Vamos eleger alguns deles para alvo do nosso olhar e transformá-los em motivos de dizer bem. Porque, a bem dizer, dizendo bem talvez sejamos mais felizes!―

Está em marcha o 180 Creative Camp que invade Abrantes com as colaborações criativas de diferentes artistas nacionais e internacionais nas áreas de arte urbana, vídeo, design, música e arquitetura. O street artist INSA, o realizador Alex Turvey, o músico de electrónica Iago Lewis, o coletivo alemão Plastique Fantastique e o multidisciplinar Christopher Derek Bruno são alguns dos artistas internacionais que o 180 Creative Camp levará a Abrantes durante a semana de 5 a 12 de julho. Recentemente premiado com o selo de qualidade da EFFE – Plataforma Europeia de Festivais, uma iniciativa com o apoio da União Europeia que visa reconhecer festivais de referência pelo seu compromisso com as artes, comunidades locais e valores europeus, o 180 Creative Camp volta a transformar a cidade ribatejana num centro criativo para as artes media, promovendo colaborações artísticas ímpares, a que todos são convidados a assistir e a participar. Os projetos de colaboração unirão Alex Turvey e Iago Lewis na produção da curta-metragem “Som”; INSA (que recentemente criou o maior GIF do mundo no Rio de Janeiro) e street artists portugueses trabalharão em conjunto num projeto singular que une a street art às media arts com curadoria da revista britânica Very Nearly Almost; e o músico PZ e o realizador Alexandre Azinheira irão colaborar na realização de um videoclipe para o novo álbum do artista português. Muitas mais são as razões para uma visita a Abrantes

durante esta semana, graças às inúmeras atividades apresentadas pelo 180 Creative Camp, como talks diárias com os artistas convidados, workshops e vários concertos que prometem acordar o

PZ, dia 10 em Abrantes. Caras de Chewbacca não serão barradas à entrada do concerto.

centro histórico de Abrantes durante as noites da semana do evento com Os Príncipes (dia 6, às 22h), Albatre (dia 7, às 22h), FEL (dia 9, às 22h), Tøuløuse (dia 9, às 23h) e PZ (dia 10, às 22h). Em paralelo com estas atividades, o evento de criatividade irá inaugurar ainda uma exposição inovadora no nosso país, Analog Human Digital, que junta os trabalhos de 10 estúdios de design de Portugal e do Brasil, selecionados pela sua inovação na área: Estudio PUM, Dmtr.org, R2 Design, Epiforma, Bolos Quentes, atelier d’alves, DSType Foundry, This is Pacifica, Silvadesigners e Non Verbal. Esta exposição parte de uma parceria entre o Canal180 – produtor do 180 Creative Camp – e a norte-americana Shutterstock, que há um ano apresentou este conceito em Berlim com alguns dos melhores estúdios de design da Alemanha. Nesta edição de 2015, o evento apresenta workshops sobre diversas áreas não só direcionados à comunidade de Abrantes, mas a todos os interessados, como Walk with me, um conceito de design espanhol de sucesso, coordenado por Julià Roig e AndrésLozano, que resultará na criação de um mapa de Abrantes com um design fora do comum; e Plastique Fantastique, liderado pelo coletivo alemão com o mesmo nome, que consistirá na construção de estruturas pneumáticas no centro histórico de Abrantes.

Em antecipação a esta semana intensiva de criatividade,

no passado mês de Abril o 180 Creative Camp lançou duas open calls internacionais para atistas: a Open Call for Urban Intervention Projects e a Open Call for Stores Art Attack Projects. 63 propostas de 20 países foram consideradas, e o projeto Domesticity, dos colombianos María Mazzanti e Martín Ramirez, foi o vencedor da primeira open call, recebendo 5.000€ para a sua concretização em Abrantes durante a semana do 180 Creative Camp. Para a segunda open call foram selecionados 15 projetos de artistas de países como Alemanha, EUA, Áustria e Polónia, cujos autores irão trabalhar em conjunto com a comunidade para estimular o comércio das lojas do centro histórico da cidade ribatejana também durante a semana do evento. Iniciado em 2012 em Vila Nova de Cerveira, esta é a 5.ª

edição do evento de criatividade organizado pelo Canal180, canal de televisão dedicado às artes, música e cultura. Desde aí, o 180 Creative Camp já celebrou a sua primeira edição internacional em Itália, contou com a presença de artistas como Mac DeMarco, Hiro Murai, Ella&Pitr e Florentijn Hofman e inaugurou conceitos pioneiros em Portugal como a exposição de arte digital META – The Wrong New Digital Art Biennale.―


CULTURA 017

JULHO 2015

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MÚSICA

Marca d’ Água

“O Fado é a minha loucura sem cura”

No comum dos dias

TEXTO CIDÁLIA DELGADO FOTOS JÚLIO BARATA

Alves Jana Consultor

Numa conjugação improvável, a arquitetura mistura-se com o fado. Dessa fusão nasce agora, materializado em CD, um sonho de uma arquiteta fadista que impulsionada por amigos e pelo público que a segue nos seus espetáculos, resolveu por em prática o inevitável. Em 2015 nasce o primeiro CD “Meu grito feito Fado” de Rita Inácio que foi apresentado, no passado dia 20 de junho na sua terra natal, as Limeiras. Nas palavras de Rita Inácio sente-se um grande orgulho na concretização deste projeto e transparece a sua paixão pelo fado…e pela vida.

Rita Inácio e músicos durante a apresentação do disco

se canta! Afinal, os Fados que canto, que escolho e que até escrevo, são o levantar do véu da Rita e da sua vida. Como é que está a decorrer a promoção do CD?

Como nasceu a ideia de gravar um CD?

Gravar um CD é o resultado de um percurso natural de 17 anos de Fado. Ao fim de tantos anos abraçada a esta Arte, fazia sentido deixar esse mesmo registo. Contudo, e porque o Fado é a minha loucura sem cura, porque é a forma de mostrar as minhas mais íntimas emoções e sentimentos, a verdade do meu Eu, de quem sou e para quem quero ainda Ser, este trabalho foi, também, uma forma de mudar a minha própria postura no Fado. “Meu grito feito Fado” é, como já referi, uma mudança, principalmente, a nível de repertório e da forma como interpreto os próprios Fados, aliada a uma nova fase de vida. Como decorreu a gravação do CD? Com quem gravou?

A gravação do CD foi um processo muito interessante e enriquecedor. Gravado nos estúdios da KBranca com o Rodrigo Serrão, o qual também tocou o Contrabaixo, durante quase 1 ano, com a companhia do Viola de Fado Pedro Pinhal e o Guitarra Portuguesa Eurico Machado. Sempre disse ao “Rodrigo” que só fazia sentido gravar, se toda esta caminhada fosse

um processo feito com os pés na Terra, e que desse prazer a todos os seus intervenientes. Acima de tudo, o resultado de união de vontades, de experiências, o resultado de quando se deixa que a nossa Arte seja levada pelo coração. Porém, face à longa experiência dos músicos, acabou por ser um trabalho de aprendizagem para mim, pois acabei por ter que me conhecer um pouco mais, quer nas minhas qualidades, quer nas minhas limitações, aprendendo algo mais sobre a minha forma de cantar, essencialmente, no que respeita à técnica vocal. Qual a inspiração para as letras?

Uma pergunta complicada! Talvez o Amor! O único caminho que conheço e que me move! O Amor pela vida, pelo que me rodeia, pelos amigos e família. O Amor pelo que Sou, pelas minhas raízes, pelo que tenho privilégio de ser e viver. Quando se canta com o coração, quando se coloca a razão de lado e deixamos que seja a emoção a falar pela nossa Arte, facilmente se percebe a verdadeira inspiração do que

Está a correr bem! É verdade que à partida, e porque canto maioritariamente, para turistas Franceses que se cansavam de me pedir CD e questionar como é que não tinha CD, sabia que uma grande parte dos CD estava garantida a sua venda. Porém, o mais importante é o resultado, é chegar ao dia da apresentação do mesmo e ter a certeza que todos os intervenientes tiveram um enorme prazer no que fizeram, e nada melhor que ter este trabalho como o resultado da amizade, cumplicidade e afinidade com pessoas que eu Adoro, componentes essenciais para que tudo corra bem. Assim, aproveito esta entrevista para agradecer ao Rodrigo Serrão (Contrabaixo e responsável pela Gravação), Pedro Pinhal (Viola de Fado), Eurico Machado (Guitarra Portuguesa), Sara Martins (Fotografa), Ricardo Carvalho e Constantino Santos (VirutalReflex – Grafismo e realidade aumentada). Até onde é que arquiteta Rita pensa chegar enquanto fadista? Até onde a fadista deixar ir a Arquiteta Rita. (Risada…) A proximidade entre a Arquitetura e a Música não é de agora. Por isso, a Arquiteta Rita chegará onde a fadista deixar, e a fadista chegará onde a Arquiteta quiser.―

No dia 1 de Novembro de 1973, as mulheres do Pego (Abrantes) passaram a ir ao café. Nesse dia, abriu ao público um novo café, O Cabaço, e tudo mudou. Antes desse dia, apenas três ou quatro mulheres, solteiras e capazes de estarem acima das bocas do mundo, se atreviam a entrar nesse espaço reservado a homens. Mas a inauguração de um novo café, que tinha criado boas expectativas locais, teve força suficiente para fazer a tradição dar meia volta. E, para as mulheres do Pego, o mundo passou a ser maior, mas sobretudo menos limitado.

“E,

para as mulheres do Pego, o mundo passou a ser maior, mas sobretudo menos limitado.”

Contudo, já havia dois cafés no Pego. Mais um não era uma diferença radical. Só que os tempos eram outros. Podemos revisitar a luta das mulheres em todo o Ocidente por um estatuto mais igualitário, desde o direito a votar até à revolução sexual das décadas de 60 e 70 desse século. Havia em 1973 muitas jovens do Pego a frequentar o secundário logo numa exposição maior às novas ideias, e algumas fora, no ensino superior. A televisão, ainda que sob censura, já desde 1957 trazia à aldeia outros modelos de comportamento. O contexto cultural trazia

apelos e legitimações que tornaram possível que nesse dia se produzisse uma mudança radical, não no mundo, não em Portugal, mas naquela pequena aldeia. Sobretudo na vida daquelas mulheres, as que passaram a poder ir – e a ir – ao café, porque muitas continuaram a manter-se dentro dos limites que lhe eram impostos pela tradição. Este é um caso concreto que nos mostra a importância de entender a cultura como “modos de sentir, pensar e agir” no comum dos dias das pessoas. Podemos dizer que a cultura acontece quando a vida das pessoas muda de facto. Contudo, isso não implica qualquer desvalorização do que então se dizia como “alta cultura”, o trabalho dos grandes criadores culturais. Com efeito, nada teria acontecido no Pego se, em vários contextos do mundo ocidental, não tivessem existido um trabalho pioneiro de superação da desigualdade radical entre homens e mulheres. O mesmo se passou, por exemplo, no que respeita à investigação científica e às práticas de controlo de natalidade. Estas sempre existiram. Mas a ciência veio colocar a pílula à disposição das mulheres concretas desse tempo, mesmo nos meios mais rurais. E sabemos como isso alterou profundamente o estatuto e a liberdade de opções a cada uma das mulheres e as múltiplas implicações que teve em várias dimensões da vida social, portanto na cultura das nossas sociedades. A cultura está, sem dúvida, nas mais altas realizações do espírito, mas talvez deva medir-se pelas formas da vida vivida no mais quotidiano dos dias. É aí que um homem se diferencia de um cão e de um rato. Ou não!―


018 IR

JULHO 2015

NovoAlmourol

CONSTÂNCIA

De lá

TEXTO NA

Gorilas da Montanha: A sua extinção será o início da nossa.

XXIX Feira do Livro com vasto programa cultural A XXIX Feira do Livro de Constância decorre até 23 de Agosto, na Antiga Cadeia, no centro histórico da vila. Além da disponibilização de livros a baixo preço, a Feira do Livro engloba um vasto programa cultural que inclui encontros com escritores e ilustradores, espectáculos musicais, sessões de poesia e de contos, teatro, entre outros. No dia 24 de julho, pelas 15h00, na Casa Memória de Camões e, às

21h30, na Praça Alexandre Herculano, decorrerá Rios de Contos... com Carlos Marques, um autor que canta e conta histórias da nossa tradição oral, recorrendo a formas ancestrais de comunicação como o riso e a música. A 25 de Julho, pelas 21h30, terá lugar na Antiga Cadeia, Observação na Cadeia, uma sessão dinamizada pelo Dr. Máximo Ferreira, onde se sensibilizará os participantes para a importância da astronomia. Durante o mês de Ju-

lho terá continuidade a Esplanada de Leitura - Ler com O´Neill, que acontecerá no Espaço Zêzere do Parque de Merendas, de 15 a 17, de 22 a 24 e de 29 a 31, pelas 14h00, tendo como principal objectivo promover o livro e a leitura, junto das crianças e dos jovens. A Feira do Livro, organizada em parceria pela Câmara Municipal de Constância e pela Associação Os Quatro Cantos do Cisne, estará aberta ao público, de quarta-feira a domingo, das 14h00 às 23h00.―

ALMOUROL

Viriato combate Roma no Castelo de Almourol TEXTO RICARDO ALVES

Até Setembro o Grupo de Teatro Fatias de Cá vai ter em cena, no Castelo de Almourol, a peça “Viriato”, uma produção a partir de João Aguiar, encenação de Carlos Carvalheiro, dramaturgia de Filomena Oliveira e Carlos Carvalheiro e coreografia de Ana Paula Eusébio. A próxima oportunidade para assistir à peça é no dia 18 de julho, pelas 19h00. A peça será apresentada em mais nove datas até ao dia 19 de Setembro. A saber: dias 18 e 25 de julho; 1, 8, 15, 22 e

29 de agosto; 5, 12 e 19 de Setembro. Os bilhetes custam 22.22 euros. “Em 147 a.C. os romanos cercam o que resta da hoste lusitana, mais um episódio da guerra que Roma trava para se apoderar da Península Ibérica. Mas os lusitanos elegem um comandante que, du-

rante sete anos, vai ser o pesadelo de Roma: Viriato”, conta a sinopse. A não perder. As reservas podem ser feitas através do número 960 303 991 ou para o endereço eletrónico reservas@fatiasdeca.net. O preço do bilhete inclui banquete.―

Bruno M. G. Neto Filantropo

Dia 4 de Julho tive a oportunidade quase única de ir visitar os Gorilas da Montanha... os famosos e portentosos SilverBack. Esta é a região do mundo onde restam os últimos exemplares (RDC, Ruanda e Uganda). Esta é mais uma das tantas espécies em vias de extinção. Depois de 3 horas de um percurso sofrível de 4x4 e de mais de uma hora de dura caminhada nos caminhos e não caminhos do Parque de Virunga até chegarmos a uma altitude de 3000 metros, encontrámos uma das últimas famílias. São poucas as palavras para descrever as emoções sentidas, é pouca a semântica para descrever a ternura, o toque, o amor entre os variados membros, desde os bebés, até aos mais velhos. É nossa responsabilidade sabermos em que mãos anda este mundo. É nossa responsabilidade fazermos parte ativa do futuro que queremos que os nossos filhos e filhas vivam. O Parque de Virunga é gerido por três países, Uganda, Rwanda e RD Congo. Devido aos conflitos antigos teria tudo para não correr bem, mas corre bem. Os guardas, o staff, as forças armadas, as linhas de comunicação e a preservação destes

Mas uma petrolífera Inglesa descobriu petróleo nos territórios do parque Natural e querem explorar, tendo começado já a pagar e a subornar estes países com milhões de dólares para reduzirem o território do parque e ajudar à sua destruição, à destruição de um pedaço imensurável do valor do nosso planeta. Sempre faço a reflexão

miséria que elas próprias produzem, conseguem também comprar a destruição silenciosa do nosso presente. A Shell em poucos dias vai também começar a perfurar o Ártico, por isso, é fácil sim salvar o mundo, basta tocarmos no que mais doí a estas empresas, basta para isso sabermos o que consumimos. Consumamos então o mais localmente possível, consumamos produtos que não são testados em animais, produtos que não destroem florestas para nos alimentar ou nos meter mais bonitos, e

que mesmo do outro lado do mundo onde tudo parece bonito e nunca se sabe o que pode fazer, o consumo é sem dúvida uma enorme arma que temos em mãos. Devemos boicotar as empresas e grandes corporações que no nosso mundo bonito parece que são anjos e depois onde é mais fácil comprar pessoas, pela

desta forma sim, poderemos ver o mundo como uma grande família, com todas as cores e formas que, naturalmente, possamos imaginar. Esta foi uma visita a uma parte importante da minha família. A família do planeta terra, que quero todos os dias deixar um pouco melhor. Conto consigo?.―

Gorilas, de Elefantes, de Hipopótamos, de Búfalos selvagens e tantas outras espécies que fazem deste eco-sistema algo único no mundo.


NADA PARA FAZER 019

JULHO 2015 FACEBOOK.COM/JORNAL-NOVO-ALMOUROL

Por André Lopes

Julho M ÚS IC A

T E AT R O/ DA NÇ A

SABER

CINEMA

PAT R I M Ó N I O

E T N O G RA F I A

AR LIVRE

Festa dos Tabuleiros De 4 a 13 de julho, Tomar

GA ST R O N O M I A

L I T E RAT U RA

E X P O S I Ç ÃO

“Encontros”, pintura e Bonsais de Luísa Santos Até 12 de julho Galeria Municipal do Entroncamento -

180 Creative Camp intervenção urbana, concertos, exposições, criatividade 5 a 12 de julho

Centro histórico de Abrantes Municipal de Arte de Abrantes -

Concerto de acordeão por Rodrigo Maurício 11 de julho

Centro Cultural Gil Vicente, Sardoal, 21h30 3€ -

XXIV Encontro de Coros do Ribatejo 11 de julho

Vários locais do centro histórico de Tomar, 14h às 19h -

Regressam as ornamentações de ruas e muita animação. Xutos e Pontapés, Amor Electro, DAMA e Quinta do Bill com a Banda Filarmónica Gualdim Pais

Feira de Antiguidades e Colecionismo

Noites de Fado Amador 23 de julho

“Matérias Revistas”, pelos alunos finalistas do curso de Artes Plásticas e Pintura (IPT)

“30 Anos em Festa” com Deolinda, Carlão, Brass Wires Orchestra, Pedro Barroso, entre outros

Galeria do Parque, Vila Nova da Barquinha -

Jardim das Rosas, Torres Novas -

Até 30 de agosto

8 a 19 de junho

Noites quentes à fresca, cinema ao ar livre

Lançamento do livro “Pinta-me com Alma”, de Isabel Pena

Piscina Municipal Vasco Jacob, Tomar, 22h - 1€ -

Biblioteca Municipal Gustavo Pinto Lopes, Torres Novas, 18h30 -

8, 15, 22 e 29 de julho

17 de julho

VII Antevisão do MIAA “O homem e o território. 7000 anos de estratégias de ocupação do território de Abrantes” 13 de junho a 31 de outubro

Museu D. Lopo de Almeida, Castelo de Abrantes -

XXIX Feira do Livro - venda de livros, música, poesia, ateliês, teatro de rua, sessões de autógrafos Até 23 de agosto

Antiga Cadeia (Praça Alexandre Herculano), Constância -

Insufláveis no parque

12 e 26 de julho

Parque Ribeirinho de Vila Nova da Barquinha, 16h às 20h -

“Pontes em Abrantes”

Até 19 de julho

Arquivo Municipal Eduardo Campos, Abrantes -

Concertos de António Zambujo e Wake Up Mary 16 de julho

Praça Barão da Batalha, Abrantes, 21h30 -

26 de julho

Praça Raimundo Soares, Abrantes, 22h -

Mostra de Artesanato – artesanato, bolos, compotas e licores 19 de Julho

Jardim da Vila de Ferreira do Zêzere. 9h às 17h -

Avenida Dr. João Martins de Azevedo, Torres Novas, 9h às 17h -

Tomarimbando 9º Festival Internacional de Percussão 20 a 26 de julho Cineteatro Paraíso, Tomar -

“Olaria João Morgado” Até 13 de Setembro

Espaço Cá da Terra, Centro Cultural Gil Vicente, Sardoal -

“Cidade Minha, Cidades Nossas” Até 6 de Setembro

Museu Municipal Carlos Reis, Torres Novas -

Rios de contos… com Carlos Marques 24 de julho

Casa Memória de Camões (15h) e Praça Alexandre Herculano (21h30), Constância -

“Figura e Retrato” de Maria de Lurdes de Mello e Castro Até 31 de julho

Casa dos Cubos, Tomar -

Astronomia, Observação na Cadeia 25 de julho

Antiga Cadeia de Constância 21h30 -

“Fragmentos de Tempo”, pintura e escultura de Carlos Dias Até 29 de agosto

Galeria Municipal Maria Lucília Moita, Alcanena -

“Luz, Lugar e Encanto”, fotografia de João Jerónimo Até 30 de agosto

Galeria do Centro Cultural de Sardoal -


020 POR AGORA É TUDO

JULHO 2015

Novo

­Almourol

Título Jornal Novo Almourol Propriedade CIAAR - Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo Diretor Ricardo Alves Chefe de Redação Ricardo Alves Colaboradores Cidália Delgado, Maria de Lurdes Gil Jesuvino, Rafael Ferreira, Patrícia Bica, Núcleo de Comunicação ESTA, Margarida Serôdio Opinião Luiz Oosterbeek, António Luís Roldão, Alves Jana, António Carraço, Teresa Nicolau, João Gil, Luís Mota Figueira, Luís Ferreira, João Geraldes Marques, Joaquim Graça, Bruno Neto, Humberto Felício, Tiago Guedes, Carlos Vicente, Miguel Pombeiro, Rita Inácio, António Matias Coelho Edição Gráfica Pérsio Basso e Paulo Passos Fotografia Ricardo Alves Paginação Ricardo Alves Publicidade Novo Almourol Departamento Comercial 249 711 209 - novoalmourol@gmail.com Jornal Mensal do Médio Tejo Registo ERC nº 125154 Impressão FIG - Indústrias Gráficas SA Tel. 239 499 922 Fax. 239 499 981 Tiragem Média Mensal 3500 ex. Depósito Legal 367103/13 Redacção e Administração Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo - Largo do Chafariz, 3 - 2260-407 Vila Nova da Barquinha Email ciaar.vnbarquinha@gmail.com / novoalmourol@gmail.com

VILA DE REI

XXVI Feira de Enchidos, Queijo e Mel regressa com novidades TEXTO NOVO ALMOUROL

Vila de Rei volta a receber, de 25 de Julho a 2 de agosto, mais uma edição da Feira de Enchidos, Queijo e Mel (FEQM). O certame tradicional organizado pelo Município celebra este ano a sua vigésima sexta edição e o objetivo é divulgar as atividades económicas do concelho e seus produtos artesanais. O programa da XXVI edição do evento contará uma vez mais com a já tradicional Feira do Livro, exposições, tasquinhas, animação de rua, jogos tradicionais, programa

desportivo e a realização da 26ª Colheita de Sangue de Vila de Rei. A animação musical das noites de festa volta a estar garantida, com os palcos do Parque de Feiras de Vila de Rei a receber artistas de diferentes estilos musicais. O palco principal ficará assim destinado a Ala dos Namorados, David Antunes & The Midnight Band, Graciano Ricardo, Rosinha, D.A.M.A., Mafalda Veiga e HMB. No placo 2 encontram-se também já confirmadas as atuações de grupos vilarregenses, nomeadamente a Orquestra Clássica e Orquestra

Tradicional da Escola de Música de Vila de Rei, Grupo de Concertinas da Casa do Benfica de Vila de Rei e Villa d’el Rei Tuna. Esta nova edição da FEQM vai contar com a inclusão de um novo palco, situado junto ao edifício da Câmara Municipal, que irá criar um espaço de animação noturna, após os concertos do palco principal, que garantirá a animação no recinto durante as madrugadas do certame. O programa televisivo “Verão Total”, da RTP, vai este ano voltar a Vila de Rei, realizando uma edição em direto durante a feira ao

longo da tarde de 27 de Julho, levando a divulgação do certame a milhares de pessoas espalhadas pelo País e pelo mundo. O evento volta a contar com mais de 110 expositores oriundos de vários pontos do país, que irão apresentar o melhor da gastronomia regional e artigos em artesanato, assim como representações dos sectores industrial, comercial e de serviços. Os visitantes poderão assim provar os saborosos enchidos, queijo e mel da região, apreciar o típico artesanato local e deliciar-se com a rica gastronomia local nas esplanadas instaladas no recinto da Feira.―

Editorial

Choques

Ricardo Alves Diretor

O que é o 180 Creative Camp? Durante e depois da sua primeira edição, a semana criativa organizada pelo Canal 180 em Abrantes, era um desperdício de verbas, uma afronta à cidade. Não raras vezes as conversas de rua e de café desembocavam “naquilo”. Mas “aquilo” foi uma incursão planeada e não ofensiva pela cidade e suas gentes, seus costumes. Um choque planeado. A criatividade de consagrados artistas mundiais invadiu a bonita mas “antiga” Abrantes e com os seus “desfibriladores” libertou as cores por debaixo das crostas cinzentas que se foram acumulando ao longo das décadas nos muros, paredes e estradas. Mas o que é o 180 Creative Camp? Nas edições seguintes, em 2013 e 2014, Abrantes já não precisou de acordar sobressal-

"(...) “aquilo” foi uma incursão planeada e não ofensiva pela cidade e suas gentes, seus costumes." tada, como uma senhora de bem ofendida com as brincadeiras de uns “cachopos” e “chachopas” quaisquer na rua, barulhentos. Quem dizia mal das cores novas dos muros começava a tentar espreitar por cima dele. Entretanto, Abrantes nas bocas do mundo. O que é? É uma oportunidade, uma especialmente feliz porque traz qualidade, traz conhecimento, modernidade e, por isso, conforto aos mais jovens. Não menos importante, choca e abana convicções sedimentadas, daquelas que temos mas sem saber bem porquê. É uma oportunidade de mudar o futuro. Ainda não sabe o que é? Visite Abrantes e veja.―


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