Ed 394 jornal na mar 14

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Novo

Almourol

março 14 | n°394 | Ano XXXIII | Preço 1,20 euros | MensaL DIRECTOR LUIZ OOSTERBEEK

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Concessões de águas a privados na mira do Tribunal de Contas

A aldeia da utopia Entrevista a Luís Ferreira, director do festival Bons Sons e mais um dos voluntários que tenta fazer de Cem Soldos Aldeia Cultura. p04&05

Uma auditoria do Tribunal de Contas pôs a nu os desequilíbrios entre as responsabilidades partilhadas, nomeadamente no risco, entre as câmaras e as concessionárias. Auditoria conclui que os contratos beneficiam sobretudo os privados. O organismo liderado por Guilherme d’Oliveira Martins analisou 27 contratos de concessão de água a privados e concluiu que na sua maioria são as câmaras que ficam com a responsabilidade de indemnizar as empresas concessionárias pelas reduções no consumo face aos valores estimados no contrato. Ou seja, o consumidor paga directamente pelo serviço, o consumo, e indirectamente através dos seus impostos. As Câmaras assim estão obrigadas.

p06

p18&19

Bispo de Santarém na Barquinha Visita de D. Manuel Pelino iniciou-se no dia 11 de Fevereiro com uma cerimónia de boas vindas no Salão Nobre da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha e só terminou no dia 23 com a celebração da missa dominical no salão da Associação Humanitária dos Bombeiros e almoço partilhado, com um concerto musical pelo Grupo Barquinha Saudosa e pela Banda dos Bombeiros Voluntários.

Se tudo fosse como na Mitsubishi Fábrica da Mitsubishi Fuso Truck Europe celebrou 50 anos e revela sinais de pujança e vitalidade pouco condizentes com o que se vive no país. Pedro Passos Coelho esteve presente e o NA conta-lhe tudo o que viu... e o que não viu: um espelho de Portugal.


02 CURTAS & GROSSAS

O futuro é agora O município de Vila Nova da Barquinha anunciou a implementação do projecto “Barquinha 2020”, uma nova estratégia direccionada para as empresas com vista ao melhor aproveitamento dos fundos comunitários. Autarquia pretende ter um “papel activo” na criação de emprego, captação de investimento externo e apoio aos empresários do concelho, realçando a sua centralidade O projecto resulta da sinergia entre o Gabinete de Apoio ao Desenvolvimento e Empreendedorismo Local (GADEL) – serviço de apoio técnico do município – e a empresa municipal “CDN – Gestão e Promoção do Parque Empresarial de Vila Nova da Barquinha”.

Caminho de Santiago A Turismo Centro de Portugal e a Associação de Peregrinos Via Lusitana assinaram, dia 20 de Fevereiro, um protocolo que visa a colocação de sinalética na totalidade do troço do Caminho de Santiago que atravessa a região. O itinerário das antigas peregrinações a Santiago de Compostela atravessa parte da Região Centro, entre Lisboa e a capital da Galiza (Espanha), e o principal objectivo é fazer um levantamento da necessidade de sinalização nos municípios da região do Médio Tejo: Vila Nova da Barquinha, Ferreira do Zêzere e Tomar. Trabalho final deve ficar concluído até 31 de Maio.

MARÇO 2014

Cerca de 700 escuteiros passaram o Carnaval em Constância no Acampamento Margaridas 2014. Sob o tema geral “Escutismo Global” e o particular “Mistérios da Terra”.

FOTO: Flávio Queirós

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9.000 O valor em euros do incentivo financeiro anual que a Câmara Municipal de Abrantes foi autorizada a oferecer aos médicos que se queiram instalar no concelho. A autorização foi dada pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. Segue-se a assinatura de um protocolo, em breve.

Bons Sons a preço reduzido

Encontro de antigos artistas do CUR - Moita do Norte

A entrada para o festival Bons Sons em Cem Soldos, está em fase de venda a preço reduzido até Maio. Por apenas 20€ (passe dos quatro dias) com campismo incluído. É a altura perfeita para marcar já na sua agenda de Verão, de 14 a 17 de Agosto, um evento único e com poupança garantida. Quatro dias, oito palcos, 40 bandas, o maior festival de música portuguesa que, por acaso, acontece aqui perto, no concelho de Tomar.

Foram cerca de uma centena aqueles que acorreram no dia 22 de Fevereiro ao Clube União de Recreios (CUR)de Moita do Norte, concelho de Vila Nova da Barquinha, para um evento cheio de saudosismo e teatro. Houve lugar a sketches teatrais, entrega de lembranças e um jantar. Estiveram presentes muitos dos antigos e actuais participantes nas actividades teatrais do CUR com especial destaque para duas pessoas nascidas em 1944 e que fizeram parte dos elencos da longa história artística da colectividade. Também os falecidos foram homenageados com um minuto de silêncio em sua honra. Fernando Freire, presidente da autarquia, e Rui Constantino, vereador, estiveram presentes, tal como D. Manuel Pelino, Bispo de Santarém, acompanhado do Padre Ricardo Madeiras.

↑ rio acima Estado-Maior do Exército

"À Mesa em Mação" premiado

Quer ir? Ligue

O novo chefe de Estado Maior do Exército é o tenente-general para-quedista Carlos Jerónimo, de 58 anos. Actual presidente do “Pára-Clube - Os Boinas Verdes”, sediado em V.N. da Barquinha, afirmou na tomada de posse que a prioridade são as pessoas.

O livro de Armando Fernandes, ganhou o Prémio de Literatura Gastronómica da Academia Internacional de Gastronomia de Paris. A Carta Gastronómica compila, num livro, os sabores e saberes de sempre da gastronomia do concelho de Mação.

Testado com sucesso em Mação durante um ano, o projecto de transportes públicos à medida e a pedido dos utentes vai ser agora testado nos municípios de Sardoal e Abrantes. O combate ao isolamento das populações é uma das prioridades.

Mapa Judiciário

Águas a meter água

Criminalidade e absurdo

Encerramento dos tribunais de Mação e Ferreira do Zêzere, passagem do tribunal de Alcanena a secção de proximidade e desmantelamento do atual círculo judicial de Abrantes. Em redor da justiça muito se perde. O novo mapa judiciário é apenas mais um prego...

Uma Auditoria do Tribunal de Contas concluiu que a maioria das concessões de água a privados obriga as câmaras a suportar as quebras no consumo, pois não há uma partilha do risco entre as câmaras e as concessionárias, e que os contratos beneficiam sobretudo os privados.

Cobre, máquinas de tabaco, máquinas multibanco, carris de comboios... O insólito aparece na forma de roubo de dois bonecos dos carros alegóricos do Carnaval da Linhaceira. Os responsáveis avistaram os bonecos e houve perseguição na A23 entre Tomar e Torres Novas e depois na A1.

↓ rio abaixo


NA PRIMEIRA PESSOA 03

março 2014

novoalmourol.wordpress.com

Existe riqueza e conhecimento tecnológico neste mundo para acabar com a miséria, a fome e a guerra.

CV

Sara Cura

35 anos, Arqueóloga Barquinhense

1991

Conheci o José Gomes que determinou todo o percurso da minha vida.

Terminou com 19 valores, em Janeiro último, o doutoramento em “Tecnologia e Comportamento Humano no Pleistocénico Médio Final do Alto Ribatejo”, um estudo da indústria lítica da Ribeira da Ponte da Pedra (Atalaia, V.N. da Barquinha). O que mais gosta de fazer nos tempos livres? Brincar com o meu sobrinho Sebastião! Fazer legos, puzles e corridas de carrinhos é incrivelmente relaxante! De resto, depende do tempo, no inverno é mais filmes e livros e no verão adoro andar de canoa e nadar na Albufeira do Castelo de Bode.

também muito diferentes e a diversidade que temos é uma riqueza enorme, para além de ser uma vantagem incrível para a nossa sobrevivência. Custa-me que os próprios humanos se castrem da sua riqueza ao se escudarem em leis , crenças e costumes de base intolerante e preconceituosa. Até onde gostava de ir? Que pergunta! Eu adoro viajar! Gostava que um dia o meu trabalho me levasse a África. Tenho a sorte de ter um trabalho que já me levou a vários continentes, mas não ao que sempre sonhei! Gostava de passar algum tempo com comunidades africanas com formas de vida radicalmente diferentes da nossa.

O que mais a irrita? O preconceito. Aquela forte tendência que a maior parte das pessoas têm para julgar os outros. Racismo, Xenofobia e Homofobia, em particular, incomodam-me muito. Os seres humanos são radicalmente iguais, mas

Se eu pudesse... ... redistribuía a riqueza e reorientava a tecnologia. Existe riqueza e conhecimento tecnológico neste mundo para acabar com a miséria, a fome e a guerra. Bastaria existir uma coragem política que acabasse com esta ditadura dos interesses económicos que decidem acima da dignidade dos direitos da humanidade.

1994

2010

Abriu o Bar Etnográfico 21 do meu amigo Quim Vieira que marcou e moldou profundamente a minha adolescência e primeiros anos da vida adulta.

2001

Ano em que deixei Portugal para ir estudar para Paris

Nasceu o Sebastião que me dá uma felicidade imensa.

2014

Finalmente conclui o meu doutoramento sobre a Ribeira da Atalaia. Foi um longo e difícil caminho de aprendizagem a todos os níveis.


04 ENTREVISTA

março 2014

NovoAlmourol

Associação quer transformar Cem Soldos numa Aldeia Cultura, onde se viva em boa vizinhança, segurança e com qualidade. Durante o Bons Sons o cruzamento de gerações é natural.

ENTREVISTA LUÍS FERREIRA

Os Operários Culturais Ouvir Luís Ferreira, presidente do Sport Clube Operário de Cem Soldos (SCOCS), concelho de Tomar, e sentir a aldeia é aprender a criar comunidade e devolver o que dela se recebeu. O também director do Festival Bons Sons (FBS), que na última edição levou 30 mil pessoas a Cem Soldos, aborda o projecto maior da SCOCS, uma Aldeia Cultura, de boa vizinhança e de vida artística. TEXTO&FOTOS Ricardo alves

O que é para o FBS a música portuguesa? Música feita em Portugal, por portugueses ou não portugueses, em português, em inglês ou numa outra língua qualquer, com ou sem raízes nacionais. É uma música que vive o momento, e no programa de hoje só há “hoje”. Daqui a dois anos serão outros. Podemos retratar da forma mais ecléctica possível os vários movimentos, ou os mais importantes, do panorama musical actual. O FBS começou a ser mais abrangente e tivemos de meter mais palcos e mais dias para abranger desde o indie rock à música contemporânea, a que chamamos a música do presente. A música portuguesa ganhou fôlego depois de tempos mais sombrios. De que forma o FBS contribuiu para isso? Inicialmente era muito difícil caracterizar o FBS. Em 2006 ainda não se falava de música portuguesa - ou quando se falava era mal - então tínhamos de ter música portuguesa de qualidade. Hoje em dia a qualidade é a coisa mais ambígua que pode existir mas ajudou-nos a criar um estilo. Quando falamos da música portuguesa as pessoas percebem muito bem onde é que nós estamos e não questionam. Criámos um palco, uma plataforma para a divulgação da música nacional, que é aberta a fusões de todos os estilos e correntes. No fundo é isso, a cultura é a vida. O facto de passarem a ter um país convidado, em 2008, também ajuda a essa abertura? Sim, essa questão das influências das relações culturais, pela lusofonia, pelas partilhas de vizinhança ou pelos movimentos de emigração – este ano é França, depois de Cabo Verde, Brasil e Espanha – tem várias vantagens e razões. França foi inspiração cultural das elites portuguesas, desde a cultura às artes performativas, e ainda é um país com muitas afinidades e há uma presença, um intercâmbio mais ou menos sadio nas artes performativas, na literatura, nas artes visuais. Na música não existe esse intercâmbio, ou quase não existe. Quando falamos sobre música francesa vamos sempre para o Jacques Brel, Edith Piaf, para uma época de início de emigração em que o francês era uma língua que se ouvia nas rádios. Hoje há um hiato, uma oportunidade para se conhecer a música francesa, que tem uma indústria robusta e com investimento na sua internacionalização. Faz sentido tê-la cá.

Há então um intercâmbio de internacionalização, da música francesa e do FBS… No fundo aproveitamos esta nova atractividade de Portugal. Com a instabilidade do norte de África há mais interesse em descobrir outros países com sol, praia, com uma estabilidade social mais garantida, como Portugal tem. Creio que a maior subida do número de turistas de um país foi de França. Estive há pouco tempo em Paris – tinha uma vigem oferecida pelo aniversário – e aproveitei para estabelecer reuniões importantes, desde com a Câmara de Paris a associações de lusodescendentes e culturais de França, para perceber como será esta participação. É uma parceira que é uma representação, não é um festival luso francês, é tímida. Mas mostramos que não somos um evento nacionalista, e sim um que espelha o que se faz cá. A própria música que defendemos é de intercâmbio. Há dois anos, a reacção dos artistas foi de espanto por esta dinâmica, que feedback tiveste deles ao longo destas edições? Depende sempre do nível de intimidade, mas houve sempre um efeito surpresa, de deslumbramento. Nós arriscámos sempre basear o FBS no “Venha Viver a Aldeia”, na lógica comunitária, no voluntariado, tudo razões de estigma, de desconfiança e de ideia de pouco profissionalismo. Mas depois garante-se um bom espectáculo e os músicos sabem que não vão baixar o seu nível artístico em palco. Lembro-me de o Fausto ter dito “mas são tão novos” ao olhar para o público. Mas sabiam quem ele era, e o Fausto faz muito poucos concertos. Ajudou-nos a posicionarmo-nos no panorama nacional. A Maria João e o Mário Laginha diziam, “vocês estão aqui tão calados, sossegados, em pé, e estão a ouvir jazz à meia-noite”… ou concertos que começaram às seis da manhã e acabaram de dia… Também tirámos a música do seu lado confortável, ao mesmo tempo que tivemos fado à tarde com um silêncio quase audível. Temos um público extraordinário. Acho que conseguimos direccionar a programação para quem queremos cá. Num local improvável, um festival improvável e repercussões improváveis. A improbabilidade é um dos encantos do festival? Nós temos muito cuidado com crescermos demasiado. Somos muito exigentes connosco próprios e sempre soubemos o que queríamos que o festival fosse. A identidade é mais fácil de construir porque é feita por nós: não há um standard ou uma empresa que faz isto como

se faz em todo o lado. Muitas das pessoas da nossa organização nunca tinham ido a um festival e a piada é essa, entre aqueles que vão e não vão e o que querem realmente oferecer. No fundo isto é uma festa popular. No horizonte mais próximo temos a festa arraial de Cem soldos, e o facto de ser no centro da aldeia é uma surpresa para o festival mas não para a festa popular. O facto de ser uma surpresa sermos nós a organizar o FBS não o é para nós porque sempre fomos nós a organizar as coisas aqui. A surpresa para o descontexto é o nosso “sempre foi assim”, não é assim tão inusitado para a população. Inusitado é fechar a aldeia. A aldeia fecha-se durante quatro dias mas para se abrir… Foi em 2010 e foi essencial. O que queríamos que acontecesse estava a deixar de acontecer em 2008. As pessoas vinham para cá com outra lógica ou porque a porta estava aberta e entravam. Não estávamos a atingir o público que pretendíamos. E eu sou contra a cultura gratuita e defendo que haja pelo menos um valor simbólico. Tal como vocês vendem o NA a 1.20€: não o paga mas dá-lhe valor, ao trabalho, não é uma coisa que anda para aí a rebolar no chão e as pessoas não valorizam o dinheiro que estão a aplicar. Acho que um dos problemas da cultura foram as festas gratuitas das cidades, que se normalizaram. Um concerto é gratuito e pronto. Mas na mesma festa vou beber uma cerveja e pago um ou dois euros. Consigo atribuir valor à cerveja e não a um espectáculo. Alguma coisa não está bem. Ao fecharem a aldeia as pessoas têm um sentimento de pertença, de confortabilidade, e valorizam? Valorizam e têm limpeza, segurança e silêncio. O festival abre e fecha. Fecha a partir das seis ou das quatro - consoante o dia - e abre só às 10. Há um respeito pelas pessoas que estão aqui a viver, quase todas a trabalhar, que precisam desse sossego. É quando reabastecemos, limpamos, arrumamos, descansamos. As pessoas vão para o parque de campismo e quando voltam de manhã estamos prontos a receber nova leva de visitantes. É quase um trabalho sociológico – muitos já existiram, sobre o FBS como um projecto sociológico, metodológico. Eu vou à igreja falar do FBS, vamos porta a porta explicar as novidades. Porque as pessoas depois têm de andar com uma pulseira para ir à sua igreja, para irem à sua casa, para entrarem na aldeia. E as pessoas depois aceitam bem? Há um transtorno do dia-a-dia mas as pessoas depois


ENTREVISTA 05

Março 2014

facebook.com/Jornal-Novo-Almourol

De cinco em cinco edições, ou seja, de 10 em 10 anos, o Bons Sons não repete programação. Algo que permite "respirar e oxigenar" e que obriga Luís Ferreira à descoberta.

A programação está ainda bem guardada mas em breve serão conhecidos os artistas que durante quatro dias, de 14 a 17 de Agosto, vão chamar milhares a Cem Soldos.

"Não recebo dinheiro, não tenho honorários, e perguntam-me porque faço isto. Não interessa. Interessa que eu sinto que estou do lado certo". um centro de residências artísticas e de acolhimento e alojamento local. No fundo é o FBS devolver à comunidade o que ela lhe tem dado. Como correu a anterior edição? Há dois anos não percebemos porque não correu bem em termos financeiros, e continuamos sem perceber muito bem. Mas correu bem noutros sentidos: estreitámos a relação com a comunicação social, valorizámos a marca e a nível financeiro correu bem a outros. Para o concelho, para a região, para as entidades que vêm cá trabalhar, para o comércio local. Até porque nenhum destes tem investimento no FBS, tudo o que vem é lucro, um retorno muito bom. O FBS traz pelo menos 750 mil euros para o concelho e Tomar neste momento não pode desperdiçar um income destes.

não reclamam - eu posso reclamar de um filho meu mas não deixo que os outros o façam. O facto de todos trabalharmos nisto e encontrarmos lugar é a coisa mais bonita do FBS. Todos têm o seu papel. Desde as senhoras que fazem milhares de “tixas” – símbolo do FBS - aos miúdos que são estafetas… Lembro-me de em 2008 chegar alguém ao pé de mim e dizer “Luís, eu quero ajudar, o que posso fazer?” e eu “mas tu não és camionista?”, “sou”, “preciso mesmo de um para fazer um transfer de Tomar a Cem Soldos!”. E lá foi ele a transportar os grupos internacionais, todo contente. É óptimo porque eu tenho um profissional a trabalhar e porque ele percebeu que a sua profissão faz sentido aqui. As pessoas que fazem as sopas, que fazem as quiches… as nossa mães é que estão na cozinha dos músicos. A minha mãe faz centenas de quiches e a minha avó cede algumas casas que tem cá no centro para receber a equipa que vem de fora, ou artistas. Mas como é a minha avó são as avós dos outros. Há quem seja arquitecto e trabalhe na construção, outros são designers e fazem os cartazes. Onde tu és bom encontra-se um trabalho. Cem Soldos é uma aldeia pouco habitada que durante o FBS se enche de cem soldenses. Isso é importante? Muito importante. Têm uma ligação de orgulho, de valor, vêm à terra delas. Identificam-se... E não é só nesse fim-de-semana. Se se envolvem na organização vêm nos outros fins-de-semana anteriores, criam redes e laços e fazem parte desta maralha. Não é só a questão de virem cá pontualmente para a festa do arraial para comer o frango com a família. Não. Fazem parte disto, e querem fazer. Depois os filhos ouvem os colegas da escola perguntar se não são daquela terra onde há o festival, e vêm com os colegas todos porque têm cá casa e há todo um sentimento de pertença que se mantém. Isso é muito importante porque a região não tem emprego, não tem trabalho. Nós, felizmente, dado o trabalho da associação, temos 90% das pessoas com um curso superior. Então o FBS e as actividades do SCOCS mantêm a fasquia de querer fazer parte disto e não sermos mais uma aldeia onde se vem à festa do emigrante, digamos assim.

Mas um sucesso financeiro este ano apaga esse insucesso? Vemo-lo como um investimento e não como um prejuízo. Temos de ser cautelosos e aprender. A maior ambiguidade é não sabermos onde errámos, o que nos deixa um pouco mais aflitos, porque nós fazemos uma avaliação muito rigorosa. Sentimos que este ano vai ser um passo. Infelizmente ainda não conseguimos ter os apoios certos... Precisamos de coisas muito mínimas... No fundo é uma aldeia a fazer trabalho que não é seu. A promoção da cultura nacional… Por exemplo, o SCOCS paga as despesas correntes do centro de saúde, substitui-se ao ministério da saúde, para que ele exista cá. Muitas vezes fazemos o trabalho que não é nosso mas preferimos fazê-lo e ele existir. Mas eu acho que é um exemplo de boas práticas. Luís Ferreira

O FBS, já o disseste, é uma pequena peça de um projecto maior. Que projecto é esse? É o projecto “Cem Soldos Aldeia Cultura”, em que queremos mostrar que a cultura pode ser um veículo de desenvolvimento económico e social. O FBS será o embaixador que leva o nome de Cem Soldos e dos projectos mais alto, o mais interessante para apoios e patrocinadores, pois tem um retorno e visibilidade, maiores. É o nosso símbolo de saber fazer. O projecto Aldeia Cultura vive da lógica da comunidade. Por um lado queremos um lar, não um lar vivenda, mas um projecto de requalificação urbana de várias casas no centro de Cem Soldos, que viva na lógica de vizinhança, com uma rede de cuidados e uma rede interligada de serviços, e ter mais uma universidade sénior que um centro de dia. Onde a aldeia seja o habitat natural das pessoas, em que mantenham a sua privacidade e hábitos com segurança, com pessoas atentas a essas pessoas mas com a lógica da vizinhança e interajuda de todos, que é a vantagem da aldeia. Faz-me confusão as pessoas estarem exiladas na sua própria aldeia, numa vivenda. Esta casa tem de ser interdependente da outra. As pessoas têm de precisar umas das outras para que a coisa exista. Isso é o Lar Aldeia. Há também o projecto de requalificação do centro urbano de Cem Soldos, que está fechado, numa parceria com a Universidade Lusófona, e há uma casa ao lado da SCOCS que é

O fundamental é terem um objectivo bem definido? Para mim aquela frase do Saramago é muito importante: “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo”. A utopia está lá e não tenho pressa de lá chegar mas não vou perder tempo. Vou subindo os meus pequenos degraus. Isso para mim é essencial, não tenho pressa e não me vou atropelar mas não vou ficar à espera que haja “condições”. Isso não existe. E depois há outro ponto: “Barco que não tem rota não beneficia de vento algum”. Portanto, haja projecto que depois vais perceber onde é que ele existe, estás atento à oportunidade. França, por exemplo, era uma coisa que eu queria mas não sabia se seria o país escolhido. E depois ofereceram-me uma viagem a Paris pelo aniversário, pela piada do “vai a Paris porque nunca tinha lá ido”. A oportunidade surgiu. Que expectativas têm para esta edição de 2014 do FBS? Queremos devolver à comunidade o que ela tem investido e para isso é muito importante que o FBS tenha estabilidade económica. Esse é o primeiro desígnio. O outro é aumentar a qualidade da experiência do FBS, mais sombras, áreas de estar mais frescas. Que se viva mais a aldeia noutras dimensões e reforçar sempre a nossa relação de parcerias, aumentar o circunspecto da música portuguesa, não só na música como noutras áreas. Que a experiência da aldeia seja mais rica, com ainda mais magia. E o programa está… fantástico! Basicamente, estou com um grande problema, que é conseguir pôr “apenas” 40 bandas (risos).―


06 ECONOMIA

março 2014

NovoAlmourol

VILA NOVA DA BARQUINHA

Bispo de Santarém visitou concelho com agenda preenchida TEXTO&FOTO NA

A visita iniciou-se no dia 11 de Fevereiro com uma cerimónia de boas vindas no Salão Nobre da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha (VNB), depois de D. Manuel Pelino, Bispo de Santarém, ter visitado em Janeiro o concelho do Entroncamento. Na visita pastoral pelo concelho de VNB, D. Manuel Pelino fez-se acompanhar pelo Pároco de Atalaia, Moita do Norte e VNB, Ricardo Madeira, e teve oportunidade de conhecer as gentes e representantes. Da sua preenchida agenda constava a visita ao Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo (CIAAR), e foi o que aconteceu no dia 13 de Fevereiro. Bem-disposto e curioso, apesar do frenético calendário, o Bispo de Santarém alongou-se pelas instalações do CIAAR, onde está também instalada a redacção e administração do Jornal Novo Al-

Visita ao CIAAR, com Ana Rosa Cruz numa visita guiada à exposição permanente

mourol. (NA) D. Manuel Pelino e o padre Ricardo Madeira foram guiados pela Subdirectora do NA, Cidália Delgado, pelas instalações do CIAAR e da redacção. Ana Rosa Cruz, responsável pelo Centro de Pré-História do Instituto Politécnico de Tomar, fez uma visita guiada aos visitantes pelas exposições permanentes no piso térreo do edifício. Os investigadores Gabriele Berruti, Hugo Gomes, Davide Delfino, Ana Graça e Cristiana Ferreira explicaram os trabalhos de investigação em curso no CIAAR .

D. Manuel Pelino iniciou o seu périplo com uma recepção no salão nobre da Câmara Municipal

D. Manuel Pelino deteve-se à conversa com os investigadores, mostrando interesse sobre as matérias estudadas, e manteve ainda um animado diálogo em italiano com Gabriele Berruti, investigador italiano que no CIAAR realiza os seus trabalhos. Uma visita acompanhada de perto por António Roldão que, chegado à redacção do NA, fez a ponte com o

passado do jornal, que inicialmente pertenceu à paróquia, em 1957. Sobre o NA, em conversa com Ricardo Alves, editor, e Cidália Delgado, o Bispo de Santarém ouviu atentamente as explicações sobre a trasnformação do jornal, elogiando a aposta na cultura. A revelação sobre o proprietário inicial do NA, causou surpresa a D. Manuel Pelino.

O périplo foi encerrado no dia 23 com a celebração da missa dominical no salão da Associação Humanitária dos Bombeiros e almoço partilhado, com um concerto musical pelo Grupo Barquinha Saudosa e pela Banda dos Bombeiros Voluntários.―

VILA NOVA DA BARQUINHA

Carlos Jerónimo é o novo Chefe de Estado-Maior do Exército TEXTO Ricardo alves

O tenente-general, e actual presidente do Pára Clube Boinas Verdes, com sede em Vila Nova da Barquinha, foi proposto pelo Governo para novo Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) e tomou posse no dia 18 de Fevereiro. Carlos Jerónimo, de 58

anos, definiu as suas prioridades, "primeiro as pessoas. Num país e numa instituição, qualquer que ela seja, o seu activo mais valioso são as pessoas e eu preocupo-me com as pessoas". Uma outra prioridade é “a capacidade de resposta da componente operacional”, afirmou o novo CEME no Palácio de Belém. Sobre este assunto e con-

frontado com a problemática das restrições orçamentais, Carlos Jerónimo disse que "nós temos estado em muitos cenários de cooperação internacional, no âmbito da NATO, das Nações Unidas e da União Europeia e temos respondido cabalmente às solicitações que nos são feitas, não desmerecendo nada relativamente aos nossos parceiros com quem trabalhamos".

Carlos Hernandez Jerónimo, foi adido de Defesa em Marrocos e Tunísia (1995/1998) e comandante do contingente militar destacado em Timor-Leste entre 2000 e 2003. Inspector-adjunto do Exército no final da década passada, chefiou depois o Centro de Informações e Segurança Militares do Estado-Maior General das Forças Armadas entre 2010 e 2012.―


CAMINHANDO 07

MARÇO 2014

novoalmourol.wordpress.com

OPINIÃO

Marca d'Água

Crónica do Entroncamento

Cultura x 3 Alves Jana Consultor

texto Rafael ferreira A prevista alteração do mapa judiciário, pelo que se dizia ou não dizia, também não deixou de criar alguma expectativa na cidade, quer a nível autárquico, pelo que representa para a população, mas também para os profissionais da justiça. A recente decisão do conselho de ministros sobre o assunto veio confirmar o que constava relativamente ao tribunal do Entroncamento, o qual, na área do Médio Tejo, vai ficar na dependência da comarca de Tomar que, com a de Santarém, são as únicas definidas para o distrito. Pronunciando-se sobre o novo desenho do mapa judicial, a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo - em que o Entroncamento e Vila Nova da Barquinha estão inseridos -, reunida em sede do conselho, no passado dia 14 de fevereiro, onde estiveram presentes os presidentes das treze câmaras municipais que a integram, estes, em desacordo com a posição governamental, decidiram por unanimidade a instauração de uma “acção popular” contra o novo mapa judiciário e ainda apresentar queixa ao Provedor de Justiça, para que “seja salvaguardado o direito de acesso à justiça”, que consideram estar a ser “colocado em causa” com esta reforma. Tomar, não obstante ser sede de comarca e absorver o movimento resultante da absorção da área até aqui abrangida pelo Tribunal de Ferreira do Zêzere, que vai ser extinto, considera-se prejudicada, conforme o expressou já, junto da Ministra da Justiça, a Presidente da Câmara Muni-

O Ministro dos Transportes e Comunicações de Moçambique, Gabriel Serafim Muthisse, na sequência de uma visita de trabalho a Portugal, onde se deslocou de 5 a 9 de fevereiro, a convite do Ministro da Economia, António Pires de Lima, veio no passado dia 6 deste mês ao Entroncamento, de visita a instalações ferroviárias, sendo acompanhado, para além da sua comitiva, dos membros

À margem da notícia que precede, mas por tratar de assunto do meio ferroviário, de referir que em 4 de Fevereiro, em que na estação de Lisboa Santa-Apolónia pessoal do ativo e reformados dos caminhos ferro protestavam contra “reduções salariais e pela retirada do direito ao transporte”, a Câmara do Entroncamento votava por unanimidade uma moção do Vereador David Ribeiro, tornando-se solidária com aquela luta…―

REGIÃO

entroncamento

ABRANTES

A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo realizou uma reunião de trabalho com vários Stakeholders da região, com o intuito de abordar o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Médio Tejo 2014-2020, e o documento que está em discussão pública, sobre as Infraestruturas de Elevado Valor Acrescentado. O plano consubstancia uma estratégia de envolvimento e articulação dos parceiros públicos, privados e associativos.―

A partir de 1 de Março, vai ser maior o horário de atendimento ao público dos serviços municipais, que funcionarão das 8h30 às 17h00, ininterruptamente, com os funcionários da autarquia em regime de rotatividade e desfasamento dos respectivos horários individuais. Cumpre-se assim uma promessa eleitoral do actual presidente da câmara, Jorge Faria, de facilitar uma maior adequação do horário às suas necessidades. RF ―

O transporte urbano colectivo do centro histórico de Abrantes - "aBUSa" - foi reactivado no dia 5 de março, passando a ser assegurado pela agência de viagens Vale do Ave, fruto de concurso público. A viatura tem as mesmas características que o anterior miniautocarro e mantém o serviço prestado e o preço dos bilhetes, assegurando o serviço de interligação com a rede urbana de transportes públicos já existente.―

Estratégia Integrada

cipal de Tomar, Anabela Freitas, assumindo posição idêntica a Assembleia Municipal local, devido à centralização das Secções Cível e Criminal da Instância Central em Santarém, quando Tomar não só tem capacidades e está disposta a colaborar para receber “um desdobramento daqueles serviços”, que Abrantes também pretenderá, mas em que a cidade nabantina considera ter melhores vantagens em termos de acessibilidades, que poderá melhorar, e uma centralidade que Santarém não só não tem, “face aos diversos concelhos do distrito”, e ainda, cumulativamente com o Entroncamento, têm o transporte ferroviário.

Horário dos serviços

dos Conselhos de Administração da CP, REFER e EMEF, do Presidente da Câmara Municipal do Entroncamento, e do Vice-Presidente da Fundação Museu Nacional Ferroviário. Boa parte da manhã, a convite da EMEF, foi para visitar o Parque Oficinal Centro, daquela Empresa, onde teve a recebê-lo a Presidente do Conselho de Administração, Cristina Pinto Dias e o Diretor Geral, Alberto Castanho Ribeiro. Depois seguiu-se uma breve passagem pelo Museu Nacional Ferroviário e o almoço, na sala do Comboio Real.

aBUSa de novo

Dizer “cultura”, no singular, leva-nos a pensar a cultura como “uma” coisa monolítica. Não é. Esqueçamos que há múltiplas culturas, tão estranhas entre si, e que a nossa própria cultura é diversa em si mesma, no tempo e no espaço. Vamos centrar-nos na cultura como área de atividade, como trabalho cultural - da pintura ao cinema, da literatura ao teatro, da culinária aos arranjos florais, da filosofia à moda... Ora há, entre outros, três grandes modos de estar no trabalho cultural. O primeiro é o económico, em todas as vertentes. A cultura é, então, olhada pelo seu poder de gerar riqueza, desde criar emprego até à rentabilização do capital investido. Já falámos disso aqui. Outra forma de estar na cultura é com foco no objeto, no produto cultural - o quadro pintado, o poema ou o romance, a encenação da peça de teatro... O trabalho vale o que valer a coisa produzida, e por isso cuida do resultado enquanto objeto, enquanto aquilo que passa a fazer parte, de modo permanente ou efémero, do universo das coisas culturais, das criações de uma dada cultura. É o caso de Os Lusíadas, ou de um filme de Manuel de Oliveira. Não é possível medir em números o valor cultural de uma destas obras, mas é fácil reconhecer que valem “mais” que este texto. Mas há ainda uma outra forma de trabalhar na área cultural. Um trabalho centrado na produção das pessoas. Um trabalho de teatro numa aldeia, por exemplo, pode dar muito mais importância ao processo de transformação dos atores e do público através do que vai sendo feito, do que à “alta qualidade” estética do resultado final. Não descuida a qualidade do produto final,

mas não é isso o essencial neste caso. O mais importante, aquilo em que se visa, é sobretudo o processo de crescimento dos participantes através daquilo que se faz. Os orientais têm muito mais esta orientação: no tiro com arco, na arte marcial, no arranjo floral, na caligrafia ou na cerimónia do chá, por exemplo, o que na verdade está a ser produzido é o produtor, é aquele que está a executar a obra. Procurando executá-la da melhor forma, transforma-se a si mesmo por dentro. Isto pode fazer-nos espécie, mas é um muito mau sinal cultural que faça.

"Mas há ainda uma outra forma de trabalhar na área cultural. Um trabalho centrado na produção das pessoas" Não tenho dúvida de que a cultura tem sido tratada sobretudo como área económica ou criação de produtos. E muito pouco como produção de pessoas. Curiosamente, ao contrário do que aconteceu a seguir ao 25 de Abril, por exemplo. Por isso, muita da cultura que se “faz” está cada vez mais longe do grande público e este daquilo que se faz. É claro que todo o trabalho cultural tem cada uma destas três dimensões. Mas a aposta pode ser mais numa que noutra. E não é o mesmo.


08 SOCIEADADE

março 2014

NovoAlmourol

PRIVATIZAÇÃO DAS ÁGUAS

Concessões a privados na mira do Tribunal de Contas Uma auditoria do Tribunal de Contas (TdC) pôs a nu os desequilíbrios entre as responsabilidades partilhadas, nomeadamente no risco entre as câmaras e as concessionárias. TdC conclui que os contratos beneficiam sobretudo os privados. TEXTO ricardo alves

O organismo liderado por Guilherme d’Oliveira Martins analisou 27 contratos de concessão de água a privados e concluiu que na sua maioria são as câmaras que ficam com a responsabilidade de indemnizar as empresas concessionárias pelas reduções no consumo face aos valores estimados no contrato. Ou seja, o consumidor paga directamente pelo serviço, o consumo, e indirectamente através dos seus impostos pois as Câmaras assim estão obrigadas contratualmente. A auditoria do TdC à "Regulação de Parcerias Público-Privadas (PPP) no sector das águas", apresentada dia 28 de Fevereiro, sinalizou ainda outros riscos, nomeadamente os relacionados com a construção e exploração dos sistemas. No cômputo geral o mercado de concessão de águas é um negócio praticamente sem riscos para os privados. A título de exemplo está a

percentagem das concessões que registaram encargos públicos directos: 58% dos contratos auditados representou um investimento público global na ordem dos 93,3 milhões de euros até Junho de 2013. Em 74% dos contratos de concessão está expressamente incluída a possibilidade das concessionárias serem ressarcidas pelos municípios concedentes em relação ao caso base, no caso de se verificar uma determinada redução do volume total de água facturado e da estimativa de evolução do número de consumidores. Alguns contratos de concessão analisados continuam a apresentar cláusulas de reequilíbrio financeiro que garantem às entidades gestoras a cobertura de riscos financeiros associados à alteração de spreads bancários, ou mesmo à cobertura de riscos operacionais, em resultado de eventuais agravamentos de custos de manutenção. Para os auditores do TdC, estas situações contratuais “desvirtuam, claramente, os princípios de partilha de riscos

que devem estar subjacentes a um contrato de concessão". Também ao nível das projecções adoptadas quanto ao crescimento populacional, lê-se no documento do TdC, “bem como as capitações estimadas (ndr. designação da quantia ou valor que se paga ou se lucra por cada pessoa), apresentam, em muitas destas concessões, um desfasa-

mento substancial da realidade de muitos municípios", acabando assim, concluem os auditores, "por beneficiar as concessionárias". Uma tentativa de resolução das discrepâncias e problemas passaria, segundo o TdC, pela eliminação progressiva das cláusulas contratuais “que implicam a transferência de riscos operacionais, financeiros e de procura para o concedente” e uma redução das taxas internas de rentabilidade (TIR), que nalguns casos superam os 15%. Nesse sentido, o TdC alerta para os casos de alguns municípios em que o consumo e facturação previstos estão entre 10% e 30% abaixo dos valores estimados no contrato de concessão. A título de exemplo o TdC assinala os casos de Barcelos, Paços de Ferreira, Paredes, Carrazeda de Ansiães e Marco de Canavezes, localidades onde “os consumos efectivos estão abaixo do previsto em mais de 20%”. Enaltecendo o optimismo sistemático das previsões de consumo, o TdC, alerta para “o risco elevado de o concedente assumir um encargo permanente e in-

sustentável”. No entanto, o mesmo documento não isenta de responsabilidades as câmaras. O TdC conclui que não existiram suficientes preocupações com a sustentabilidade das concessões. Para além da ausência, em 95% dos sistemas auditados, de qualquer estudo de viabilidade económica e financeira por parte dos municípios, “na generalidade dos contratos de concessão não existiram evidências de qualquer preocupação, por parte dos municípios concedentes, com a análise de risco e de sustentabilidade dos potenciais impactos financeiros associados a eventuais cenários adversos das concessões”. O TdC revela ainda que todas as concessões foram alvo de reequilíbrio ou de alterações contratuais, contudo isso nunca levou a qualquer redução do tarifário em benefício dos consumidores. As concessões da Figueira da Foz, Ourém, Barcelos, Batalha, Fundão, Alcanena, Setúbal, Paços de Ferreira, Santa Maria da Feira, Carrazeda de Ansiães e Fafe custaram 93,3 milhões de euros.―


PUB 09

MARÇO 2014

Pub Institucional

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010 NÓS

MARÇO 2014

NovoAlmourol

IDENTIDADE

A Palmeira

Deu à costa o Restaurante A Palmeira! Quer isto dizer que a Palmeira fechou as portas, após um ciclo de aproximadamente 20 anos.

TEXTO António Luís Roldão FOTO FLÁVIO QUEIRÓS

Tudo tem um princípio, um meio e um fim, e, neste lógico exercício de raciocínio, a Palmeira não fugiu à regra, esgotando as potencialidades que a sustentavam. Deu, por isso, por terminado mais um episódio daquele “buraco” de memórias desde há mais de século e meio a esta parte, nas funções de dar de beber e de comer aos passantes que ali acorriam por diversas necessidades. Aquele “buraco” plantado frontalmente à estação ferroviária teve nessa estrutura a sua raiz funcional, a atracção sedutiva da sua existência. Essa estação, piso oficial e permanente de chefes, factores, agulheiros e carregadores das mercadorias que ali se despachavam e recebiam, era o ponto convergente de interesses e de negócios de muita gente. Estou a lembrar-me, por mero acaso, dos pequenos proprietários da Carregueira, da outra banda do Tejo, que, por esta altura do ano, ali iam despachar os excedentes das suas produções de laranjas para os mercados da capital e de vários outros. Nas proximidades, aproveitando a embalagem prometida, assentara sede própria e próspera o Mónica, dos lados de Águas Belas (Ferreira do Zêzere), com oficinas de tanoaria, quando esta arte tinha farta clientela. Primeiramente ocupando uma parte do imobiliário remanescente do complexo industrial que ali prosperou e morreu, mudou-se, posteriormente, para local mais espaçoso e conveniente, no mesmo largo, com o alargamento do negócio. A escritora Maria Filomena Mónica, no seu livro "Bilhete de Identidade", memoriza ao pormenor o rosário de vi-

Restaurante emblemático da vila fechou após cerca de 20 anos de actividade e mais de século e meio de história

vências, por estas bandas, do seu ascendente familiar, nos sucessos e insucessos de importante e respeitável empresário. O primitivo senhor desse “buraco” de negócios, creio eu, por certo um homem de visão apurada e esclarecida, viu logo na estação da avançada modernidade, para a época, que era o caminho-de-ferro, a mina dos patacos do seu contentamento. Nesse sentido e para acudir às sedes e às fomes de quem ia e vinha nessas bestas de ferro, tratou de procurar local certo e encontrou-o. O caminho-de-ferro do Leste, de Lisboa até Abrantes, ensaiou a sua odisseia em Novembro de 1862. A primeira prova documental da existência desse estabelecimento de comes e bebes, encontrei-o eu nas pesquisas então feitas a propósito da fundação da Praça de Touros desta Vila. Trata-se de uma peça de cariz histórico que fala dela lateralmente e lhe confere, inequivocamente, a certidão de nascimento. Remonta a 01/03/1863 e faz parte da correspondência do Juízo ordinário deste Concelho, com o nº88. O curioso episódio evoca um caso de polícia e tem esse “buraco”, então com um figurino muito

diferente e que eu bem conheci na sua originalidade, tem precisamente esse espaço como palco central. José Correia, então explorador desse botequim (como se escreve no texto) admitira ao serviço um menor de seu nome António Alves, filho de Joaquim Maria Alves, contrariamente aos desejos familiares. Acrescente-se que o menor fugira de casa incompatibilizado com o progenitor, pretendendo que ele seguisse a sua profissão de calafate, em desconformidade com as suas aspirações vocacionais. Desse modo encetou a fuga à socapa, da casa paterna, procurando nessa alternativa de trabalho ensaiar o seu futuro. Sabendo-o lá, o pai, escudado com a autoridade de dois guardas-civis, procurou-o e achando-o quis conduzi-lo a casa. Só que, a determinação do moço em seguir o seu destino era de tal modo forte, que, aproveitando uma momentânea distracção dos seus perseguidores encetou a fuga em direcção à Moita, tendo sido apanhado “próximo da fonte junto à praça de touros que se anda construindo”! A narrativa desse auto policial é de uma riqueza de por-

menores interessantíssima! O famoso estabelecimento de matar a sede a muitas goelas sequiosas teve, ao longo dos tempos, outros e diversos proprietários, Lá teve morada, antes de se mudar para o prédio dominante do Ferro de Engomar, o João Ferreira, onde tornou mais conhecida, acolhedora e atractiva a sua modesta mas prestimosa Pensão Aliança. O João Ferreira, bonacheirão, homem experiente nos segredos do seu ofício, granjeara sólidas amizades graças à sua proverbial simpatia, competências e atributos que contribuíram fortemente para enraizar o negócio no novo poiso, ao princípio da subida para a estação. Depois dele viria a ter ali protagonismo garantido o Manuel de Oliveira “ Canadas”, ferrador de profissão e taberneiro de horas vagas, continuando a dar corpo àquela popularizada arte de bem saborear a preceito, um copo de vinho. Tinha fiéis e naturais apreciadores dos néctares disponíveis. Dizia-se, então, que a pinga ali atabernada era a mais cara da concorrência mas que levava a palma a todas as outras pela excelência de qualidade. O José da Silva Júnior, comerciante, industrial, proprietário e figura marcante do tecido social

do seu tempo, era um dos fiéis desse memorável buraco, particularmente no tocante à tentação pela cova funda, ao lado da imponente palmeira que ali se erguia expectante. Aí se resguardavam as reservas mais apetecidas e capitosas. Tive o privilégio de usufruir, algumas vezes com ele, de um convívio humano e descomprometido que hoje já não existe àquela dimensão, nesse desaparecido buraco de sabores. A gestão da casa sofreria, depois do Manuel “ canadas” alguns episódios menos positivos e brilhantes de exploração, até à vigência dos gestores que remodelaram radicalmente o antigo espaço, transformando-o no moderno, estruturado e conhecido Restaurante a Palmeira, em recordação da Velha espécie, abatida por necessidades funcionais. Finou-se, por agora…consta que era um acontecimento pré-anunciado. Aguardemos pela ousadia de algum empresário, imaginativo e arrojado, insuflando-lhe novo e venturoso compasso de vida. Bem o merece esse emblemático botequim, historicamente consagrado aos prazeres de Baco e da restauração.―


PUBLICIDADE 011

março 2014

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CARNAVAL

Tradição alegrou dias cinzentos

Na linhaceira, largas centenas de visitantes puderam observar as criações carnavalescas e divertirem-se. Também nas escolas o Carnaval foi festejado um pouco por toda a região. Na Linhaceira com o roubo de figuras, depois recuperadas, a servir de mote para a brincadeira. Uma singela homenagem do NA aos foliões.―

FOTO:JOÃO ALVES

TEXTO NA

Escolas de Vila Nova da Barquinha festejaram mais um carnaval FOTO:RICARDO ALVES

Carros alegóricos, com muita ironia à mistura, passearam pelas ruas da Linhaceira


012 NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO - ESTA

MARÇO 2014

NovoAlmourol

ABRANTES

“Encontrei o empreendedorismo por necessidade” O NA foi ao encontro da loja Drogaria Nova que, com os seus orgulhosos 70 anos, respira o paradoxo entre o clássico e o moderno. Fechada algum tempo para obras de requalificação, reabriu pelas mãos de um caso de Joana Borda d'Água, 28 anos, licenciada em arquitectura, e a necessidade levou-a a tornar-se numa jovem empreendedora. “Sinto-me realizada por fazer isto, mais do que como arquitecta”, confessa.

TEXTO&fotos MÁrcia Gomes

Como é que uma jovem arquitecta se torna empreendedora? Encontrei o empreendedorismo um bocadinho por necessidade e porque, neste momento, a arquitectura em Portugal está numa situação complicada, mas

também a área não nos deixa ser criativos como gostaríamos e fiquei desiludida quando trabalhei na área. Achei que tinha de fazer outra coisa para dar vazão à minha criatividade. Além disso, isto já era uma ideia antiga da minha família porque tínhamos ali um espaço lindo e não o podíamos deixar morrer. Quando acabei o meu estágio pensei: vou-me meter no mercado de trabalho e procurar emprego que não existe? Ou vou para fora? E foi nessa altura que apostámos nisto. Sinto-me realizada por fazer isto, mais do que na arquitectura. A drogaria, que originalmente abriu em 1943, após a recente requalificação surgiu dentro de um estilo retro. De onde veio esta ideia? O estilo retro não foi uma premissa que quiséssemos desde o início. Foi surgindo no desenrolar da obra. Até porque, no início, para fazermos um contraste entre aquilo que era o novo, com um carácter muito moderno, e o antigo, restaurávamos ao máximo. Mas ao longo da obra percebemos que havia pedaços do que já lá estava que não se podia aproveitar. Assim, desmontámos os armários e fizemos as estantes. Tentámos reaproveitar ao máxi-

Conservas , Vinhos, produtos de higiene, entre outros elementos marcadamente Retro, num espaço moderno em pleno centro de Abrantes

Arquitecta de formação, Joana Borda d'Água encontrou no empreendedorismo a sua realização

mo mantendo a personalidade e jogar com o que tínhamos. E é assim que nasce o estilo RETRO, indo ao encontro do cunho que a loja já tinha.

nós comerciantes do centro. Existe cá de tudo, as pessoas é que não sabem onde comprar, e temos de fazer eventos para virem e depois de cá estarem, descobrirem que de facto há aqui lojas que valem a pena.

Como vê o comércio de Abrantes? Acho que perdeu bastante força comparado com outras cidades da zona, mas neste momento está a recuperá-la. Há pedidos para abrir lojas novas todos os dias, por isso há um interesse e pode ser que isso seja convertido em mais-valias para a cidade e ajudar a chamar as pessoas para virem comprar no centro. Porque se perdeu esse hábito e tem de se recuperar, mas depende muito de

Quais são os produtos de sempre que ainda se vendem juntamente com os que primam pela novidade? Realmente os de sempre, como o perborato para branquear a roupa, produtos de barbear para homem, etc. E explorámos o que tinha de melhor, apostámos mais nos sabonetes, nas linhas de cuidado para homem, porque

temos de valorizar o que é clássico, português e o que é de qualidade. E fomos pesquisando lojas deste género que estão a surgir nas grandes cidades e ver que produtos é que lá há. E são Bordalo Pinheiro, Confiança... Todos os que, embora com séculos de existência, sejam de grande qualidade. Mas isso passa também por apoiarmos empresas de gente nova, mesmo sem terem décadas de existência, mas que contribuem para a nossa imagem melhorar lá fora e que estão a divulgar os produtos portugueses e são esses que queremos ir buscar e fazer chegar também aqui à cidade de Abrantes.―


ACTUAL 013

março 2014

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ABRANTES

Feira de S. Matias é vítima do(s) tempo(s) O NA foi aoTecnopolo do Vale do Tejo, em Alferrarede, visitar aquela que é uma feira transversal a muitas gerações. Inaugurada dia 21 de Fevereiro vai fazer as delícias de miúdos e graúdos até dia 9 de Março. Bárbara Gonzales Gomes conta-nos o que viu e sentiu. texto Bárbara G. Gomes A tarde de domingo avizinhava-se chuvosa e aumentava a nostalgia na visita à Feira de São Matias. Com o passar dos anos, entrar no recinto do evento deixou de ser uma viagem por carroceis, tornando-se numa espécie de viagem por recordações da infância. A chuva não ajudava a minha tarefa pois as zonas de diversão encontravam-se quase vazias, com apenas alguns resistentes que se refugiavam nas estruturas coloridas por figuras Disney, enquanto as suas crianças transbordavam alegria nos mini carrinhos de choque, esquecendo por completo a tarde cinzenta. Enquanto percorria os santuários de pipocas e algodão doce, com escassos clientes, observei que uma alteração havia sido feita. Os stands de artesanato passaram a estar no pavilhão do Tecnopolo, facto que me deu uma sensação de conforto, agradecendo no meu íntimo, ao Município, por livrar-me de uma gripe. Por ali olhei atentamente os refugiados da chuva que faziam algumas compras, até encontrar a Dona Maria Emília sentada no banco do seu stand de brinquedos. Apresentei-me e sentei-me junto dela. É de Alcobaça e há 8 anos que vende na Feira de São Matias mas diz que os tempos são outros "Não há dinheiro menina! Até se vê aqui pessoas de classe social elevada mas compram pouco e depois esta chuva... Felizmente este ano puseram-nos aqui no pavilhão. O ano

passado, foi horrível, não víamos pessoas, só víamos lama." Depois de minutos à conversa dirigi-me ao stand de Nelson Ferreira, vendedor de Leiria que anda "nestas andanças" há 20 e tal anos. "Comecei quando se realizava no largo do Tribunal. Nesses tempos as pessoas até encomendavam. Abrantes era conhecida como a cidade onde as pessoas mandavam guardar e depois vinham buscar. Eram outros tempos! Hoje as pessoas não têm poder de compra. Naquela altura

Futuramente a feira deve realizar-se nos terrenos do Vale da Fontinha, junto ao antigo mercado diário da cidade

também éramos mais comerciantes, uns 30 e tal, agora somos pouco mais de 20. As pessoas desistem de competir com as grandes superfícies." Saí do tecnopolo a reflectir nos comerciantes deste país e nos pais que, provavelmente, passaram ali sem poder comprar um brinquedo da Dona Emília aos filhos. Concluí que a Feira de São Matias é vítima dos tempos em Portugal, tanto os de chuva, como os de crise, que teimam em ficar.―


Anuncie no NA Ligue 249 711 209 92 720 02 86 ou por email novoalmourol@gmail.com

014 PUBLICIDADE marรงo 2014

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CULTO 015

MARÇO 2014

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OS PASSOS DE SÍSIFO

A Causa da Coisa 2 O que o referendo na Suíça tem a ver com as vocações de Ensino Superior.

Opinião Luiz Oosterbeek Em 13 de Fevereiro o jornal Le Monde publicava duas reportagens, aparentemente desconexas. Por um lado noticiava os resultados do referendo na Suíça, no qual a totalidade dos partidos democráticos foi derrotada por uma maioria que rejeitou novos afluxos de imigrantes. Curiosamente, os territórios com mais emigrantes (como em Genéve, no cantão de Valais) votaram a favor do acolhimento de imigrantes, enquanto que os territórios com menos imigrantes (como as zonas rurais) votaram massivamente contra. A outra reportagem era sobre o ensino superior e o emprego. Segundo o relatório da OCDE sobre as vocações nos seus 34 Estados-membro (entre os quais Portugal), um terço dos candidatos ao ensino superior procura cursos de direito, comércio/ gestão ou ciências sociais. Esta percentagem sobe para os 40% nos países emergentes, como o

México, a Rússia ou a Indonésia. Em França, são 39% os que optam pela gestão. E quando se contabilizam os estudantes estrangeiros que chegam a França, Reino Unido ou Alemanha, 50% procuram cursos de gestão empresarial, também. O reverso são as ciências “duras”, orientadas para a investigação, da matemática à história, passando pela física ou a química: apenas 9%. As engenharias não estão muito melhor: 15% na OCDE, 9% em França…e sabemos como em Portugal. O contraste vem dos países cuja economia mais cresce, como a Finlândia ou a Coreia do Sul (ambos com 25% de alunos em Engenharias). Uma forma de olhar para estes números é considerar que vivemos uma era de empreendedorismo, e que os jovens estão orientados para o mercado. Mas uma outra é a de constatar, como o Le Monde, que esses mesmos jovens preferem vender a produzir. A questão então é esta: vender o quê, se se produz e inventa cada vez menos. Numa deriva focada na inovação (fazer as mesmas coisas de formas distintas e em novos contextos), o investimento social (dos Estados, das famílias, das pessoas) diminui na vertente da investigação (que permite criar coisas novas), acelerando a decadência e em-

pobrecimento estrutural dos países que seguem esse rumo. Ao cabo de várias décadas de um ensino superior orientado para a profissionalização (e não para o pensamento crítico e inventor), uma economia focada nos produtos (e não nos produtores e consumidores), uma dinâmica social focada na rentabilidade financeira (e não no crescimento económico e do emprego)… as novas gerações parecem já não compreender como os fundamentos materiais da vida (e as engenharias e ciências são sobre isso) condicionam radicalmente as possibilidades de vida. Décadas de pedagogia esvaziada de conteúdos (especialistas de ensino de uma coisa qualquer, ou de nada) parecem produzir, finalmente, gerações de gestores de qualquer coisa (tanto faz) no seio de um mundo cada vez menos de relações económicas e cada vez mais financeiro, especulativo e virtual. Os novos empregos que a OCDE prevê para os próximos anos, até 2020, serão sobretudo nestes domínios: serviços às empresas, saúde e apoio ao domicílio, investigação aplicada nas empresas, informática, alojamento e restauração. Nada de significativo parece ir ocorrer na investigação fundamental, na indústria pesada ou na agricultura.

O referendo na Suíça, esse país de tradição democrática (...)de forte tradição agrícola e industrial onde a pedagogia da gestão sem conteúdos também fez o seu caminho, é o corolário lógico da ansiedade e da alienação que se alargam em toda a Europa, de novo.

A Europa ainda não aprendeu! Os cientistas “duros” alertam para o facto de o decréscimo de investimento em ciência ir gerar, a curto prazo, o estrangulamento da inovação tecnológica, e os cientistas sociais alertam para as consequências da falta de perspectivas de estabilidade na vida (de que a “aprendizagem ao longo da vida” é a coroação simpática) nas novas gerações, com consequências catastróficas de que a quebra de natalidade é a mais violenta expressão. O referendo na Suíça, esse país de tradição democrática e que geralmente vai um passo à frente dos demais, esse país de forte tradição agrícola e industrial onde a pedagogia da gestão sem conteúdos também fez o seu caminho, … esse referendo é o corolário lógico da ansiedade e da alienação que se alargam em toda a Europa, de novo. Por isso precisamos, todos, urgentemente, de bons exemplos que remem contra esta maré. Essa é, também, a oportunidade para o Médio Tejo, que pode afirmar-se, como parece querer, como um exemplo de diferença, de gestão integrada, de aposta séria no conhecimento e na infra-estruturação económica e social de uma matriz resiliente, nesta grande depressão geradora de guerras, que muitos parecem ainda não querer ver.―

DOM RAMIRO

Turismo e derivados… Opinião CARLOS VICENTE Já tive a oportunidade de escrever sobre a importância dos postos de turismo, da estruturação dos meios, recursos e produtos pertença da comunidade onde se inserem e do todo a que pertencem. No entanto as alternâncias das ideologias nos próprios poderes que as consagram, reflectindo com certeza para uma maior melhoria no sector, alteram muitas vezes as prioridades, as importâncias e até a “academia” que lhes deve estar inerente. Olhamo-nos nos olhos, velhos amigos destas andanças e

reparamos que este trabalho ou esforço é cíclico e mais uma vez, voltamos a dizer o que já foi dito. Talvez seja agora, por pressão das circunstâncias, o momento ideal para se repensar a sua importância no conceito que lhe é inerente. Esperam os “stockholders” um encaminhamento conjugado na “venda” dos seus produtos, sejam eles alojamento, restauração, visitas guiadas, encaminhamento para a beleza e monumentalidade do concelho e da região, pois impõe-se uma rede dos principais monumentos ou interesses da comunidade médio tejo. Um serviço: o município põe ao seu dispor para aconselhamento, e suponho agilização de

processos, chama-se GADEL. O esperado posto de turismo! Agora loja do turismo… o porto de abrigo, o ponto de encontro o lugar onde se espera a informação, disseminação e aconselhamento dos “produtos” ou pelo menos dos recursos diversos existentes, consagra ainda o produto âncora que será sempre este velho guardião do rio, o castelo de Almourol e um mundo Templário que lhe está associado… o recente parque de escultura contemporânea a monumentalidade da paisagem e da beleza ribeirinha com a vertente do pedestrianismo cada vez mais em voga e que lhe deve estar inerente. A tradição da faina com os

passeios no rio e as festinhas dos barrões que vinham de longe apanhar a azeitona, são memórias que fazem parte do espólio tradicional e popular que deve ser revertido em acções ou eventos pronunciadores da sustentabilidade local. Os nossos artesãos, produtores locais, artistas e as pessoas de bem necessitam desse apoio e de eventos sim, mas direccionados para valorizar os obreiros destas artes, para bem receberem quem nos visita, para que voltem sempre com vontade de descobrir mais, com vontade de dizerem por aí… que o concelho da Barquinha vale a pena e é realmente uma terra de sorrisos abertos.―


016 NA RUA

março 2014

NovoAlmourol

Território comum - Imagens do Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa, reúne 100 revelações do espólio da Ordem dos Arquitectos.

VILA NOVA DA BARQUINHA

Território artístico Texto NA Fotografia ricardo alves

De uma assentada, no mesmo dia, inauguraram-se duas exposições que marcam a agenda cultural do concelho. Território Comum e Bustos e Cabeças

A Escola Ciência Viva de Vila Nova da Barquinha (VNB) acolhe desde 8 de Fevereiro até 25 de Maio a exposição de fotografia “Território comum - Imagens do Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa, 1955-1957”, exposição inaugurada no mesmo dia de “Bustos e Cabeças” na Galeria de Arte de VNB – até 25 de Maio. Esta é a primeira mostra da

colecção que reúne 100 revelações do espólio da Ordem dos Arquitectos, cujo levantamento fotográfico foi coordenado por Francisco Keil do Amaral, dando origem em 1961 à publicação “Arquitectura Popular em Portugal”, uma obra fundamental na sedimentação de um certo imaginário do território português. Entre 1955 e 1957 o então Sindicato Nacional dos Arquitectos levou a cabo um levantamento denominado “Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa”. 18 arquitectos realizaram cerca de dez mil fotografias mas apenas

algumas foram publicadas. Composta por uma selecção de 100 novas impressões fotográficas, a exposição propõe uma nova e mais abrangente incursão por esse imenso e extraordinário espólio fotográfico. Uma revelação durante a apresentação, na Escola Ciência Viva de VNB, foi o facto de entre as fotos expostas estar uma imagem da vila, descoberta durante a escolha das mesmas. A exposição tem entrada livre e pode ser visitada de terça a sexta-feira das 10h às 16h30 e aos

fins-de-semana e feriados das 14h30 às 16h30 (entrada pelo lado poente da Escola Ciência Viva). Ambas as exposições contaram com a presença de do escultor Rui Sanches, autor de "Bustos e Cabeças" ne de João Pinharanda, da Fundação EDP. As iniciativas resultam da parceria entre o Município de VNB com a Fundação EDP, no âmbito do Parque de Escultura Contemporânea Almourol (PECA), situado no parque ribeirinho.―


CULTURA 017

março 2014

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Sem a música, a vida seria um erro. Friedrich Nietzsche ABRANTES

Vila nova da Barquinha

Exposição "Voando"

Grande Noite de Fados

Até dia 24 de Abril, a Galeria Municipal de Arte de Abrantes, recebe a exposição de cerâmica contemporânea “Voando”, de António Vasconcelos Lapa. Inaugurada no dia 1 de Março., as peças de cerâmica expostas, cuja base de execução é o grés (vidrado) e o barro (polido), aos quais são adicionados outros materiais, destacam-se pelas diferentes formas orgânicas, que vão recriando o mundo vegetal numa aparente simplicidade que ganha vida com a possibilidade de interação, som e movimento. Terça a Sábado, das 10 às 12h30 e das 14 às 18h30.―

O Salão Nobre dos Bombeiros Voluntários de VN da Barquinha recebe dia 15 de Março, pelas 21h30 uma noite de Fados com os fadistas Sara Correia, Casemira Alves, Manuel João e Ferreira e Rita Inácio com Pedro Amendoeira e Tiago Silva na guitarra. Os espectadores desta noite de fados terão também direito a jantar com o típico caldo verde e enchidos de fumeiro na ementa e as reservas podem ser feitas através de agrupamento583vnbarquinha@gmail.com ou Sara Courinha: 919 411 100. A organização é do Agrupamento 583 de Escuteiros de Barquinha.―

vila nova da barquinha

Ana Laíns na Moita "Vozes do Fado" vai chamar vá-

rios fadistas à Moita do Norte. Ana Laíns, Diogo Rocha, Pedro Calado, Elsa Casanova, João Casanova, Ricardo Silva, João Silva e Carlos Almeida são os nomes que enriquecem o evento que se realiza dia 29 de Março, pelas 21h30, no Clube União de Recreios, para benefício das obras no clube. Ao jantar haverá "bom vinho, caldo verde, chouriço assado, café d'avó e aguardente. As reservas podem ser efectuadas através do número 969 569 257 com a entrada a 12,5 violas.―

TORRES NOVAS

Na senda de Gil Paes é o mote da Feira Medieval cais e teatrais, cortejos e danças, a par de um leque de actividades lúdicas e de interpretação histórica. A Feira Medieval, que leva todos os anos milhares de pessoas a Torres Novas, é um evento que pretende envolver a participação das coletividades e associações locais, contando com o trabalho de centenas de voluntariados. Os bilhetes serão colocados à venda brevemente.―

TEXTO andré lopes

A Feira Medieval de Torres Novas realiza-se, este ano, de 5 a 8 de Junho sob o tema “Na Senda de Gil Paes – recordando o sacrifício do herói”. Considerada uma das melhores Feiras Medievais da Península Ibérica, o programa de animação conta com performances musi-

TOMAR

Mostra sobre os 854 anos de Tomar TEXTO NA

Aberta ao público até final de Março na Biblioteca Municipal, a exposição “Tomar 854 anos: Uma viagem pela História”, é uma das iniciativas que marcaram a comemoração dos 854 anos da fundação do Castelo Templário por D. Gualdim Pais. Inaugurada no dia 28 de Fevereiro inclui um conjunto significativo de documentos de grande va-

Anabela Freitas (centro), presidente da autarquia, na inauguração

lor histórico, entre os quais o Foral de 1162 e a carta de D. Maria II em que Tomar é elevada a cidade. A mostra ocupa parte do átrio da Biblioteca mas também a sala

do 1º piso onde até agora funcionava o Espaço Internet e que assim regressa à sua vocação original de sala de exposições.―

Roteiro do Tejo: dos territórios, das pessoas e das organizações

Actividades económicas e turismo no destino Médio Tejo Luís Mota Figueira Professor Coordenador do Instituto Politécnico de Tomar

Em qualquer sistema turístico, ou seja, perante o conjunto de elementos que num território significam prestação de bens e serviços orientados à exploração da actividade económica do turismo, os destinos são fundadores. Desde logo, porque se o turismo consome territórios, os destinos turísticos são espaços para consumo em diversas formas. No destino turístico é tão relevante consumir “paisagem” que o lazer nos proporciona, bem como usar o “espaço” realizando um circuito turístico, admirar a “arte” através de itinerários culturais, fruindo monumentos e obras de arte, tal como consumir “gastronomia”, escolhendo um tipo de restauração e comidas e bebidas autóctones, uma “incursão museológica”, etc. Nesta lógica, poderemos considerar que as características dos destinos concorrem para a saúde financeira da actividade industrial e comercial, para a actividade turística viável das regiões e, nessa circunstância, para o sucesso comercial de empresas, para o sucesso institucional da governança local e promotores e, naturalmente, para benefícios directos e indirectos dos residentes. As condições de território como destino turístico implicam articulações num modelo de gestão integrada, com todas as organizações que, em face da actividade económica, nomeadamente do turismo, lhe estão mais agregadas (hotelaria e alojamento; entretenimento e lazer; cultura e eventos; gastronomia e artesanato; viagens organizadas e circuitos no destino; etc.). A fileira do turismo alavanca outras actividades económicas em que a área do imobiliário na edificação e na reabilitação de imóveis, o desenho das ofertas culturais e a abertura institucional para o investimento são exemplos de alguns pontos críticos do sistema. No passado dia 18 reunidos em Mação, sob a égide

organizativa do Instituto Terra e Memória e da organização internacional Herity, em parceria com a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, estes e outros aspectos relacionados com a rede museológica e patrimonial do Médio Tejo foram abordados por Técnicos do sector. Estes temas apresentam-se como incontornáveis da Agenda que os residentes do Médio Tejo e zonas confinantes, bem como a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo devem constituir no futuro imediato.

(...) As condições de território como destino turístico implicam articulações num modelo de gestão integrada, com todas as organizações que, em face da actividade económica, nomeadamente do turismo, lhe estão mais agregadas (...) Registei, da parte de todos nós, a vontade de mais reuniões técnicas que significam coesão institucional, tão necessária a um território que se quer inteligente onde as Pessoas fazem, de facto, a diferença. Será que a governança municipal entende esta unanimidade dos seus técnicos? A União Europeia quer a Europa como “primeiro destino turístico mundial” até 2020. Alcançar este desiderato é apostar numa actividade transversal que se envolve com muitas outras actividades, arrastadas pela económica. Estaremos à altura do desafio?


018 FIGURA 2 1 5

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1. Comitiva, liderada pelo CEO Jorge Rosa, passeou pela fábrica 2. Japão e Portugal unidos pela música, actuação simbólica 3. Em manhã de aniversário os matraquilhos descansaram 4. Presidente da Cãmara de Abrantes abordou Primeiro Ministro sobre a adiada nova travessia sobre o Tejo 5. Wolfgang Bernhard, administração da Daimler Trucks com Pedro Passos Coelho 6. Após cerimónia oficial, Passos Coelho evitou as perguntas dos jornalistas, entrou no carro e partiu

março 2014

NovoAlmourol


FIGURA 19

março 2014

facebook.com/Jornal-Novo-Almouroll

Wolfgang Bernhard evocou Vasco da Gama para elogiar Portugal. Passos Coelho falou de 40 anos de democracia e recordou o avô que viveu sem luz e água

O CEO Jorge Rosa ofereceu uma carrinha Fuso Canter ao CRIA - Centro de Recuperação e Integração de Abrantes honrando o compromisso social da Mitsubishi

TRAMAGAL

Se tudo fosse como na Mitsubishi... Se a realidade do país fosse aquela que se observou em dia de aniversário da fábrica da Mitsubishi Fuso Truck Europe (MFTE) do Tramagal, concelho de Abrantes, estaríamos muito melhor. Em dia de festa tudo correu bem e a presença do Primeiro-Ministro não chegou para agitar ambientes menos alegres. 50 anos é muito tempo, mas a fábrica tramagalense, carregada de história, está com a energia e pujança de uma adolescente. TEXTO&Fotos ricardo alves

Foi bonita a festa, planeada com rigor alemão e simplicidade japonesa. Os jornalistas foram chegando a conta-gotas, os regionais e os nacionais. O aparato de segurança era mínimo, com apenas meia dúzia de militares da Guarda Nacional Republicana a assegurar as duas estradas de acesso à fábrica. Populares não se avistaram. Pedro Passos Coelho haveria de chegar e sair do seu carro oficial em terreno privado, da MFTE, e para ele entraria e partiria. Antes da sua chegada os jornalistas foram sendo circunscritos às suas áreas de trabalho, delimitadas pela organização. O primeiro posto de captura de imagem foi à entrada, paredes meias com a zona de café e bebidas, cuidadosamente servidos aos ilustres convidados. À chegada do primeiro-ministro a azáfama fez com que os limites fossem pisados, mas nada de grave. As televisões recolheram as imagens que puderam e voltaram para dentro da sua área. A comitiva depressa se pôs a caminho, liderada pelo CEO da MFTE, Jorge Rosa, ladeado por Pedro Passos Coelho, Maria do Céu Albuquerque – presidente da autarquia abrantina - e Wolfgang Bernhard, membro do conselho de administração da Daimler Trucks, accionista maioritária da empresa MFTE, por um percurso afastado dos jornalistas que seguiram para o próximo “miradouro” pelo labirinto entre faíscas de soldadura e braço mecânicos. Minutos depois avistou-se novamente a comitiva. O zelo dos elementos da organização levava a que um pisar das linhas delimitadoras no chão, em busca de um melhor ângulo, fosse prontamente corrigido, mas com amabilidade. A espera, de cerca de 8 minutos, resultou em menos de um minuto de pose para as fotos e filmagens. O circuito seguiria o planeado, até à próxima área. Na fábrica, os trabalhadores produziam, aparentemente alheios ao rebuliço. Cavaco Silva avisou. No IX encontro da COTEC em

Lisboa, na mesma manhã, Cavaco Silva avisava que a “competitividade não pode depender só do ajustamento dos custos de trabalho” e que “não podemos continuar a reduzir o investimento na produção de conhecimento e desenvolvimento tecnológico”. As palavras chegadas de Lisboa aumentaram a agitação junto dos jornalistas que queriam registar reacções de Pedro Passos Coelho. O final da cerimónia estava, no entanto, ainda longe. Jorge Rosa pegou na batuta da cerimónia e visivelmente orgulhoso, falou aos presentes sobre os números da MFTE no Tramagal: 313 funcionários, produção em 2013 de cerca de 4 mil viaturas do modelo Canter e volume de facturação de 100 milhões de euros. Capitais alemães, japoneses e portugueses perfazem um investimento de vinte e sete milhões de euros até final de 2014, apostando na modernização da fábrica. Este investimento, iniciado em 2011, tem por objectivo aumentar a produção e dele 5,5 milhões de euros serão aplicados em novo equipamento e no desenvolvimento de um novo veículo eléctrico - a Fuso Canter E-Cell, sendo Portugal o país que vai ter a rodar 10 protótipos em teste, um projecto de investigação que visa projectar a MFTE para ainda maiores patamares. A MFTE, "espinha dorsal" da Daimler e da Mitsubishi para a Europa, África e América produziu mais de 200.000 veículos durante os 50 anos de vida, dos quais 95% para exportação. O modelo Canter é exportado para 33 países europeus e ainda para Israel. O ambiente era de festa e sucesso, Pedro Passos Coelho ouviu cada discurso atentamente, desde Jorge Rosa a Wolfgang Bernhard, passando por Albert Kirschmann, presidente e CEO da Mitsubishi Fuso Truck and Bus Corporation, e pela homenagem à família Duarte Ferreira, que iniciou a brilhante história de meio século em 1964, com a secção Berliet da então Metalúrgica Duarte Ferreira, produzindo os famosos veículos militares. Vender bem o peixe. Chegada a sua vez, o primeiro-ministro discursou para o interior da fábrica mas também para o país. Perante os representantes estrangeiros,

empresários e políticos, Pedro Passos Coelho congratulou-se com o "casamento feliz entre o Japão e a Alemanha através de Portugal" e vendeu bem o seu “peixe”. "Estamos a viver mais de acordo com aquilo que são as bases da nossa economia", descansando os investidores, e abriu as portas do país dizendo que "os próximos três anos são decisivos. O investimento externo vai ser decisivo para a economia crescer. Nunca conseguimos crescer sem investimento externo". Na plateia as reacções foram mistas. Tímidos aplausos dos portugueses e palmas convictas por parte dos representantes estrangeiros. Já no final do seu discurso houve ainda tempo para uma última chamada de atenção a possíveis investidores com a alusão à conclusão do alargamento do canal do Panamá em 2015, aumentando o tráfego marítimo dos navios pós-Panamax, trazendo mais movimento a Sines, o "primeiro porto de águas profundas do Atlântico", apontou o primeiro-ministro. Novos mercados. O almoço buffet internacional, a aguardar na divisória paralela à dos discuros, não persuadiu o primeiro-ministro a desrespeitar a sua agenda certamente ocupada. Na saída os jornalistas já o aguardavam afunilando o seu percurso, quase ratoeira, mas os seguranças oficiais - vários e bem vestidos - cedo se posicionaram para evitar paragens. Antes da saída, porém, Passos Coelho ainda foi abordado por Maria do Céu Albuquerque que lhe falou sobre alternativas ao projecto inicial de uma nova travessia sobre o Tejo. A autarca sublinhou a necessidade de construção da travessia no concelho de Abrantes e a conclusão do IC9 que o ligaria ao concelho de Ponte de Sôr. A resposta foi vaga, como o NA presenciou, discurso certamente estandardizado perante as muitas solicitações em visitas oficiais, mais ainda tratando-se de uma autarca socialista... No fim, já com o funil jornalístico dispersado, nota para a informação das exportações do modelo Canter produzido para a Turquia e para Marrocos. Se tudo fosse como na Mitsubishi... Mas não é, longe disso.―


020 NA RUA

março 2014

NovoAlmourol

MÚSICA

Os Clã rompem o cerco em Abrantes

OURÉM

Março e Abril dedicados ao Teatro

TEXTO ANDRÉ LOPES

TEXTO ANDRÉ LOPES

Os Clã estão de volta aos discos e aos concertos, dois anos e meio após o lançamento de “Disco Voador”, pensado para um público infanto-juvenil. A banda de Manuela Azevedo e Helder Gonçalves regressa ao Cineteatro São Pedro, em Abrantes, no dia 28 de Março, onde serão ouvidas as músicas que fazem parte do novo disco – “Corrente”, a ser editado no próximo dia 24 de Março. “Rompe o Cerco”, lançado ainda em 2013, e “A Paz Não Te Cai Bem”, o segundo single, já integram as playlist das rádios nacionais e são uma porta aberta

A primeira edição do CenOurém, Festival de Teatro Amador do Concelho de Ourém, realiza-se entre 7 de Março e 25 de Abril no Cineteatro Municipal de cidade. Vários grupos culturais sobem ao palco para apresentar as produções teatrais neste festival que tem como objetivo a promoção artística e cultural. O GATA – Grupo Amador de Teatro Atouguiense, da Associação Recreativa e Cultural Atouguiense, é o primeiro a levar à cena, no dia 7 de Março, a peça “O Ajuste de Contas”. Leiria é representado pelo Nariz, Teatro de Grupo, que apresenta a peça “Panza e de la Mancha” no dia 14. O Grupo de Teatro da Associação Sénior de Ourém representa “O Soldado

para a nova sonoridade do grupo. No sétimo disco da banda participam vários colaboradores como Samuel Úria, Nuno Prata, Sérgio Godinho, Regina Guimarães e Arnaldo Antunes. Os Clã estiveram no Cineteatro São Pedro há seis anos, aquando da apresentação do disco “Cintura”. “Sexto Andar”,

“Dançar na Corda Bamba”, “H2omem” e “Problema de Expressão” são alguns dos temas mais conhecidos do público e que farão parte do concerto em Abrantes. Os bilhetes têm o preço de 10€ e estão à venda no Posto de Turismo ou no Cineteatro São Pedro no dia do concerto. ―

TORRES NOVAS

Luísa Sobral, Noiserv e Pedro Abrunhosa no Teatro Virgínia TEXTO ANDRÉ LOPES

A programação do primeiro trimestre do Teatro Virgínia, em Torres Novas, termina com os concertos de Noiserv e Luísa Sobral e para Abril, que contempla a programação do próximo trimestre, está marcado um espetáculo de Pedro Abrunhosa. O Café Concerto recebe Noiserv, o projeto de David Santos, no dia 15 de Março, pelas 23h30. O músico, sozinho em palco, apresenta o disco “Almost Visible Orchestra”, lançado em 2013 e aclamado pela crítica especializada, mas não deixará de recordar temas de álbuns anteriores – “Hundred Miles From Thoughtlessness” (2008) e o EP “A Day In The Day Of The Days” (2010). Luísa Sobral atua no Teatro Virgínia a 22 de Março e na bagagem traz o disco “There´s a Flower In My Bedroom”, o seu segundo disco de originais. Em palco, a cantora tem a acompanhá-la ao piano, João Salcedo, no contrabaixo, João Hasselberg e

na bateria Carlos Miguel Antunes que, juntos, celebram a música e os êxitos de uma carreira discográfica que começou em 2011. Já em Abril, dia 5, é a vez de Pedro Abrunhosa e a banda Comité Kaviar subirem ao palco do Teatro. Com salas esgotadas por todo o país, o cantor de “Para os Braços da Minha Mãe” promete surpreender neste concerto da tour “Contramão”.

Noiserv

O mais recente disco de originais conta com as participações do fadista Camané, do cantor Catalão Duquende, do Saint Dominic Choir e do Quarteto de Cordas de Matosinhos, mas em palco, Pedro Abrunhosa apresenta-se com a banda Comité Caviar. A programação do trimestre Abril, Maio, Junho conta ainda com um concerto de Cristina Branco no dia 3 de

Raso” no dia 21 de Março, enquanto o Grupo de Teatro “Movimento P´ro Palco”, do Centro Cultural e Recreativo do Olival leva à cena “O Catavento” no dia 28 de Março. A abrir o mês de Abril, no dia 4, o Grupo de Teatro do Grupo Cultural e Desportivo de Seiça mostra “O candidato” e, uma semana depois, no dia 11, é a vez do Grupo de Teatro Apollo, do Centro Cultural e Recreativo de Peras Ruivas, apresentar “O sexo dos gansos”. A primeira temporada do CenOurém termina no dia 25 de Abril, com o Grupo de Teatro “Os Pepétos”, do Grupo Desportivo Sobralense, a exibir a peça “O Costa d’África”. Os espetáculos têm início marcado para as 21h30 e os bilhetes custam 2 euros, sendo que as receitas revertem inteiramente para os grupos de teatro. ―

TOMAR

Associações são elenco principal na Mostra de Teatro TEXTO ANDRÉ LOPES

Durante o mês de Março o Cineteatro Paraíso, em Tomar, recebe mais uma edição da Mostra de Teatro Concelhia. O evento, que decorre de 7 a 22 de Março, conta com peças de teatro, workshops e leitura encenada por algumas associações do concelho. No primeiro fim-de-semana sobe ao palco do Cineteatro a peça “Os dois Menecmos”, pela Companhia ULTIMAcTO, dia 7, às 21h30, e “Leandro, O Rei da Helíria”, pelo Grupo de Teatro da ACD S. Silvestre, dia 8, às 16h. A Mostra de Teatro continua no dia 12 de Março, com “O Tesouro dos Templários”, pelo Grupo Fatias de Cá, enquanto na Sex-

ta-feira, 14, é a vez do Grupo Espaço Zero levar à cena a peça “À espera de Godot”. No dia 15, a sala de espetáculos de Tomar recebe, pelas16h, “A Comédia da Marmita”, pelo Grupo de Teatro e Convívio da AR Abobereiras, e, pelas 21h30, “Jacques e o seu Amo – Leitura dramatizada”, por “O Capítulo”. Na quarta-feira, 19, “Uma Floresta de Enganos” é representada pela Oficina de Teatro Canto Firme. A Mostra termina no dia 22 de Março com uma tarde recheada de atividades, que começa às 14h com um workshop de Teatro, logo seguido da peça “Ana no Jardim Encantado”, ambas as atividades pelo CIRE. Para terminar, o Grupo de Teatro O Capítulo apresenta “A Casa do Lugar de Cima” – Leitura Encenada, na Nabantina, pelas 18h30. Os bilhetes têm o preço de 1,50€. ―


CULTURA 021

março 2014

facebook.com/Jornal-Novo-Almourol

SARDOAL

De Lá

Acervo de pintura doado ao Município em exposição

Miguel Borges (dir) presidente da autarquia e Maria Conceição Pires Coelho

TEXTO andré lopes

Os quadros de pintura de Maria Conceição Pires Coelho, patentes no Centro Cultural Gil Vicente, Sardoal, até 30 de Março, são um reflexo do trabalho da pintora ao longo dos anos: de 1954 a 2014. A exposição “Retratos e Paisagens de uma Época” tem quadros em desenho, acrílico, pastel de óleo ou pintura, obras que já estiveram expostos em

museus e coleções particulares um pouco por todo o mundo. Na inauguração da exposição, a 21 de fevereiro, o Presidente da Câmara Municipal de Sardoal, António Miguel Borges, revelou que grande parte do espólio de Maria Conceição Pires Coelho foi doado ao Município e que é intenção ter um espaço próprio onde possa ser visitado o acervo da artista. A pintora nasceu na Ilha de São Miguel, Açores, mas as raízes familiares ligam-na ao

Sardoal: o seu avô paterno, João Pires Coelho, era natural de Cabeça das Mós. Licenciada em Direito pela Universidade de Lisboa e Doutorada em História de Arte pela Universidade Católica de Milão, Maria Conceição Pires Coelho começou por expor, em 1954, na Galeria Domingues Alvarez, no Porto, e já participou em exposições em homenagem a Fernando Namora, David Mourão-Ferreira, Luís Dourdil e Amália Rodrigues, por todo o país.―

10 Anos de vida e de experiências internacionais. Bruno G. M. Neto Filantropo

Fez este mês 10 anos que saí da minha zona de conforto para partir para um mundo meio desconhecido mas imensamente apaixonante que é o da cooperação, da interculturalidade, de viver e sorver dos processos de integração, de andar e aprender a andar entre o caos e o cosmos interior. Sem contar com uma ou duas visitas a Espanha para ir ali comprar um par de caramelos, saí pela primeira vez de Portugal para ir a um intercâmbio intercultural na Jordânia. (Sim, o primeiro país que visitei foi a Jordânia, onde desconfiava que pouco mais havia que havia camelos, petróleo, um atentado ou outro para animar a malta e mulheres lindas ou tapadas algo assim). Quando cheguei e fui recebido de braços abertos, casas abertas, mentes abertas e muita comida, bom pão, bom azeite - e se todos os mais velhos falassem português - os seus comportamentos, as suas crenças, as suas filosofias, poderiam ser perfeitamente confundidos com os meus avós...

TOMAR

Poemas para bocas pequenas TEXTO NA

Nos dias 13 e 14 de março, quinta e sexta feira, realiza-se no Teatro Virgínia o recital de poesia “Poemas para Bocas Pequenas”, de Margarida Mestre e António-Pedro, espectáculo integrado na programação do Lab Criativo do Teatro Virgínia e que se destina a crianças do pré-escolar. Um projecto construído a partir de poemas de autores portugueses viajando pelo universo dos mais pequenos, como a família, a casa, o corpo, e o que os rodeia como a natureza, os ciclos, o espaço, o medo, o desconhecido

Ana Margarida Mestre e António Pedro durante um dos espectáculos

e tudo o que faz de conta. , Margarida Mestre e António-Pedro orientam-nos por simples formas sonoras, espaciais e visuais que, ora enquadram, ora escondem, ora revelam palavras faladas, entoadas ou cantadas. Este espectáculo é destinado

a crianças com idades entre os 3 e 5 anos e tem uma lotação máxima de 75 pessoas, oportunidade para realizar uma viagem ao universo dos mais pequenos. No dia 13 Março, o espectáculo realiza-se às 10h30 e no dia 14 às 10h30 e 14h30.―

E então descobri que precisava de sair de Portugal já sem ser em visitas mas sim para viver outras realidades, receber outros inputs que me fizessem crescer, que me fizessem aprender mais, que me pudessem fazer evoluir e subir mais degraus do conheci-

mento e da humildade de querer saber mais. Fase 1 A descoberta do Eu. Em 1998 fui um dos sócios fundadores de uma Associação Juvenil de Apoio ao Desenvolvimento Local - Cistus em Tramagal e foi através dela que iniciei todos estes intercâmbios, todas estas formações internacionais. Então, preparei tudo com a Cistus, preparei tudo com os parceiros locais na Jordânia e... um dia sento-me à mesa do jantar e digo para a minha família: bem, vou para a Jordânia. E dizem eles, vais à Jordânia outra vez? E eu digo, não, vou 1 ano como voluntário para o médio oriente e já tenho bilhete de ida comigo, parto dentro de 1 mês e meio. (Lembro-me das caras de cada um deles, lembro-me das expressões pesadas como se acabassem de receber a carta de chamada para o filho mais velho seguir para a guerra colonial), com os meus amigos igual...

(...)precisava de sair de Portugal já sem ser em visitas mas sim para viver outras realidades, receber outros inputs que me fizessem crescer, que me fizessem aprender mais (...) 90 por cento das pessoas acharam que eu estava a ter mais um acesso de loucura, um ou dois, despediram-se de mim como se lhes tivesse dito que estava com uma doença terminal e que nunca mais as ia ver... No fundo tudo me pareceu uma das melhores cenas da melhor peça de teatro que vi - a vida em cru. (a continuar na próxima edição) e para seguir as estórias diárias entre em http://www.facebook.com/br1neto ―


022 CARDÁPIO GASTRONÓMICO

MAÇÃO

março 2014

NovoAlmourol Crónica de Enologia

Lampreia é rainha gastronómica TEXTO ANDRÉ LOPES

O Festival da Lampreia está de volta à mesa de 10 restaurantes do Concelho de Mação entre 1 de Março e 20 de Abril. Os restaurantes aderentes, em Cardigos, En-

vendos, Mação, Ortiga e Penhascoso, estarão devidamente identificados com bandeiras alusivas ao festival. O Arroz de Lampreia é um prato típico do Município de Mação, onde o arroz é feito com o sangue da lampreia e servido, separado da mesma.

Mas do concelho de Mação fazem parte outros produtos gastronómicos de excelência como o presunto Marca Mação, as Fofas de Mação, consideradas uma das Estrelas do Médio Tejo, o Arroz Doce, as Tigeladas ou o Bolo Finto. ―

A sul do Tejo Eng. Teresa Nicolau Enóloga

VILA DE REI

O Bacalhau no seu melhor TEXTO NA

Em época de Páscoa Vila de Rei serve com os melhores pratos de bacalhau na sétima edição do Festival Gastronómico do Bacalhau e do Azeite que decorre nos restaurantes Vilarregenses de 5 a 13 de Abril. A Câmara Municipal organiza e seis restaurantes

do Concelho – Albergaria D. Dinis – Vila de Rei, Churrasqueira Central – Vila de Rei, O Cobra – Vila de Rei, O Eléctrico – Relva, O Paraíso do Zêzere – Zaboeira e Toca do Coelho - Estevais –

Reserva Tinto 2011 abrem as suas portas aos visitantes, que se imitarem anos anteriores, serão aos milhares. Vila de Rei é um concelho também conhecido pela sua excelente gastronomia e Paulo César, Vice-Presidente da Autarquia, afirmou que esta é mais uma oportunidade para “comprovar a enorme qualidade dos nossos restaurantes.”―

OURÉM

III Feira Produtos da Terra TEXTO ANDRÉ LOPES

A iniciativa decorre nos dias 29 e 30 de Março no Centro de Negócios de Ourém com muitos e bons produtos

produzidos na região, animação e várias novidades para todos os visitantes. Vinhos, azeites, doçarias, queijos, enchidos, frutos secos, hortícolas, e muito mais, além de um espaço de restauração dinamizado

por associações locais. A organização é conjunta, do Município de Ourém, OurémViva e da ADIRN (Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte), com entrada livre.―

Quinta Casal da Coelheira Centro Agricola de Tramagal, SAG, Lda www.casaldacoelheira.pt Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Cabernet Sauvignon Enólogo: Nuno Falcão Rodrigues Gastronomia: Cabrito assado e pratos de caça

Nesta edição, continuamos a desfrutar de grandes néctares da Região do Tejo. Agora, e passando as águas do Tejo para sul paramos no Tramagal, nomeadamente no Centro Agrícola do Tramagal – Casal Coelheira. Do portfolio desta quinta o Enólogo Nuno Rodrigues, seleccionou um dos seus vinhos, que iremos degustar nesta crónica. O vinho tinto “Casal da Coelheira” Vinho Regional Tejo- Reserva Tinto 2011 oriundo de uvas das castas Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Touriga Franca revela-se de cor rubi, no seu aroma estão presentes notas de frutos vermelhos bem amadurecidos ao sol denotando a criteriosidade com que foram vindimadas as uvas em pleno

estado de maturação. Na boca é persistente enaltecendo-se a fruta confluída em taninos redondos denotando estágio em barrica.

(...) estão presentes notas de frutos vermelhos bem amadurecidos ao sol denotando a criteriosidade com que foram vindimadas as uvas em pleno estado de maturação. Sem dúvida um vinho para disfrutar bons pratos da nossa gastronomia nomeadamente cabrito assado e pratos de caça destacando-se o javali e o veado.―

GASTRONOMIA

Festival Ibérico TEXTO ANDRÉ LOPES

No dia 1 de Março iniciou-se um festival gastronómico ibérico em mais de 50 restaurantes dos territórios situados nas margens do Tejo, resultado de uma parceria Tajo/Tejo Vivo, que visa promover a gastronomia e os produtos

associados ao rio, envolvendo os estabelecimentos de restauração, produtores de vinho, azeite, enchidos e fumeiro locais. O evento português e espanhol realiza-se durante todo o mês de Março e abrange municípios desde Castilla (Espanha) ao Ribatejo (Portugal). O 1º Festival Gastronómico de-

correrá em 57 restaurantes localizados em Talavera, Sierra de San Vicente y la Jara, Castilla la Mancha (Espanha), Raia Centro Sul, Pinhal Interior, Sôr e Ribatejo (Portugal). O projecto é apoiado pela abordagem LEADER, do Programa de Desenvolvimento Rural (ProDeR). ―


CARDÁPIO CULTURAL 023

março 2014

facebook.com/Jornal-Novo-Almourol

Março M ús ica

t e at r o/ da nça

saber

C I NEMA

pat r i m ó n i o

e t n o g ra fia

a r liv r e

ga st r o n o m i a

Feira do Livro de Ourém

L I T ERAT URA

e xp o s i ção

y

“Território Comum” Espólio da Ordem dos Arquitectos Até 25 Maio

Escola Ciência Viva de Vila Nova da Barquinha

XX Mês do Sável e da Lampreia Até 20 Abril

Restaurantes aderentes concelho de Vila Nova da Barquinha

Mostra de Teatro Concelhia de Tomar

Até 31 Março Tomar -

Até 22 Março

Sala de exposições dos Paços do Concelho, Ourém -

“Obras Completas de William Shakespeare em 97 minutos”

Cineteatro Municipal de Ourém 21h30

Cine-Teatro São Pedro abrantes 21h30 (8€)

-

Até 25 Maio

Galeria do Parque Vila Nova da Barquinha -

“Exposição comemorativa dos 150 anos de Roque Gameiro”

Até 29 Março

Biblioteca António Botto Abrantes -

-

Palestra “Dia Mundial dos Direitos do Consumidor”

“Enigmas” pintura de Laurinda Oliveira

Galeria Municipal do Entroncamento terça a sexta-feira das 13h às 19h fim-de-semana das 15h às 19h -

“Voando” cerâmica de António Vasconcelos Lapa Até 24 Abril

quARTel Galeria Municipal de Arte, terça a sábado, das 10h às 13h e das 14 às 19h -

-

Plaza

Cineteatro Paraíso Tomar 22h00

Luísa Sobral apresenta “There´s a Flower in My Bedroom”

Cinema

Abrantes Cine-Teatro São Pedro Org. Espalhafitas 21h30 12 de Março “O Sonho de Wadjda” 19 de Março “A Pedra da Paciência” 26 de Março “Água” -

Cinema 22 Março

Sardoal, Centro Cultural Gil Vicente, 16h e 21h30

22 de Março “Frozen – O Reino do Gelo” -

-

22 Março

Teatro Virgínia Torres Novas 21h30 (15€) -

12, 19, 26 Março

Cineteatro São Pedro Abrantes 21h30 (10€)

28 Março

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“Retratos e Paisagens de uma Época” pintura de Maria Conceição Pires Coelho

Clã

28 Março

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Posto de Turismo de Constância

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15 - 30 Março

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Até 6 Abril

Centro Cultural Gil Vicente Sardoal

Alcanena Museu de Aguarela Roque Gameiro

Meia Via, Riachos e Torres Novas 21h30

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Até 30 de Março

Até 30 Abril

“Objetiva: Entroncamento de José Neves” exposição de fotografia “Álvaro Cunhal vida, pensamento e luta”

14 Março

27 - 29 Março

Teatro Virgínia Torres Novas 23h00 (5€)

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7 Mar - 25 Abril

“Bustos e Cabeças” Desenhos e Esculturas de Rui Sanches

15 de Março

Biblioteca Municipal de Alcanena 15h

CenOurém Festival de Teatro Amador do Concelho de Ourém

Bons Vizinhos Mostra de Teatro

Café concerto com Noiserv

15 de Março

-

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“Proteção Civil” fotografia Óscar Rodrigues

10 a 21 Março Praça D. Maria II, Ourém Conversas com escritores, apresentação de livros, concurso de leitura, oficinas pedagógicas, teatro e música num só evento.

Apresentação da obra “Os Donos Angolanos de Portugal” com Jorge Costa 25 Março Sr. Chiado Abrantes 21h30 -

Pedro Abrunhosa 5 Abril

Teatro Virgínia Torres Novas 21h30 (20€) -

GestART

1 a 10 Abril museu de mação

Dia 1 Ateliê de Cerâmica Dia 2 e 3 Jornadas de Arqueologia Iberoamericana Dia 3 Concerto de Jazz Dia 4 e 8 Gestão Integrada do Território Dia 5 Música Napoletana Dia 7 Mostra de Cerâmica Dias 9 e 10 Seminário de Arte Rupestre -


024 POR AGORA É TUDO

março 2014

Novo

­Almourol

Título Jornal Novo Almourol Propriedade CIAAR - Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo Director Luiz Oosterbeek Sub-Directora Cidália Delgado Editor Ricardo Alves Chefe de Redacção André Lopes Redacção Maria de Lurdes Gil Jesuvino, Ana Tomás, Paulo Varino, Rafael Ferreira, Patrícia Bica, Núcleo de Comunicação ESTA Opinião António Luís Roldão, Alves Jana, Augusto Mateus, António Carraço, Teresa

Nicolau, João Gil, Luís Mota Figueira, Luís Ferreira, João Geraldes Marques, Joaquim Graça, Bruno Neto, Humberto Felício, Tiago Guedes, Carlos Vicente, Miguel Pombeiro Edição Gráfica Pérsio Basso e Paulo Passos Fotografia Flávio Queirós, Ricardo Alves, Ricardo Escada Paginação Novo Almourol Publicidade Novo Almourol Departamento Comercial 249 711 209 - novoalmourol@gmail.com Jornal Mensal do Médio Tejo Registo ERC nº 125154 Impressão FIG - Indústrias Gráficas SA Tel. 239 499 922 Fax. 239 499 981 Tiragem Média Mensal 3500 ex. Depósito Legal 367103/13 Redacção e Administração Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo - Largo do Chafariz, 3 - 2260-419 Vila Nova da Barquinha Email ciaar.vnbarquinha@gmail.com

ABRANTES

Conselho Intermunicipal contra novo mapa judiciário O Conselho Intermunicipal do Médio Tejo, deliberou repudiar o diploma que procede à regulamentação da Lei da Organização do Sistema Judiciário

Texto NOvo almourol

Os autarcas do Médio Tejo decidiram instaurar uma ação popular subscrita por todos os municípios e pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) para defender os interesses das populações, e apresentar uma queixa ao Provedor de Justiça pela necessidade de salvaguardar o direito fundamental de

acesso à justiça, que é colocado em causa com a reforma. Em comunicado, a CIMT informa que os municípios do recusam “o encerramento dos tribunais de Mação e Ferreira do Zêzere, a passagem do tribunal de Alcanena a secção de proximidade e o desmantelamento do actual círculo judicial de Abrantes”, alterações que provocam “o grave esvaziamento de competências de âmbito criminal e civil em toda a região, pondo em

causa o acesso à justiça por parte das nossas populações.” "Esta reorganização fomenta a dispersão e a não fixação de muitos técnicos na região, incentiva o desinvestimento, nomeadamente de empresas" Os municípios alegam que “mais uma vez é posto em causa o desenvolvimento do interior do país” e exigem a manutenção dos tribunais existentes e a rejeição da reforma programada para o mapa judiciário na região.―

Editorial

Cultura da iniciativa

Luiz Oosterbeek Director

O ano de 2014 ficará na memória como o ano em que os grandes media descobriram que Portugal pode acabar. De facto, sem filhos, com cada vez mais idosos e menos pagadores de impostos, com cada vez menos serviços sociais, o risco está aí: cerca de 2050 poderemos ter perdido mais de 2 milhões de habitantes e seremos pelo menos 40% de idosos. Não há limites para o que podemos fazer, mas há sempre consequências para o que fazemos. Portugal é hoje, cada vez mais, o “interior” de um continente que, também ele, se vai despovoando: o hangar de partida dos jovens e local de descanso dos idosos (por enquanto), um espaço em que “tudo é bonito e está a correr bem”, excepto a desertificação e as rupturas sociais.

"Portugal é hoje, cada vez mais, o “interior” de um continente que, também ele, se vai despovoando" Educação

Vila de REi

Inscrições Maiores de 23

Melhor água

O Instituto Politécnico de Tomar (IPT) já abriu as inscrições para as provas especialmente adequadas e destinadas a avaliar a capacidade para a frequência do Ensino Superior dos Maiores de 23 anos para todos os seus Cursos. As inscrições podem ser efectuadas até ao dia 31 de Março nos Serviços Académicos do IPT ou na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes. Para informações mais detalhadas visite www.ipt.pt.

A Câmara vilarregense implementou um sistema de telegestão e monotorização do sistema de abastecimento de água. O investimento de 75 mil euros vai permitir a implementação dos serviços de captação e tratamento de águas do concelho, a melhoria nos sistemas de bombagem de água e a aquisição dos instrumentos de tratamento com cloro, sendo que este novo serviço vai permitir o controlo dos níveis de água dos reservatórios principais das estações de captação bem como uma melhoria no seu tratamento.

sardoal

Cartão Jovem municipal A Câmara de Sardoal está a desenvolver um projecto para a implementação do Cartão Jovem com descontos no acesso a equipamentos municipais. O cartão terá a imagem personalizada dos jovens e pretende-se que seja uma forma de estímulo para utilizarem os equipamentos municipais. O município encontra-se a fazer o levantamento de todas as vantagens possíveis que poderão disponibilizar aos jovens para que depois possam aderir a este cartão.

entroncamento

Gabinete de Reinserção O Município disponibiliza à Direcção Geral de Reinserção Social e Serviços Prisionais, um gabinete de atendimento na Rua da Junta de Freguesia, 10, para a equipa de técnicos do Médio Tejo realizar entrevistas a utentes, no âmbito da assessoria técnica aos tribunais, relativas a medidas de prestação de trabalho a favor da comunidade e de substituição de multa por trabalho e prestação de serviços de interesse público, no âmbito da suspensão provisória do processo. RF

A crise da Europa pode, ainda, ser uma oportunidade para perceber que não é possível manter estratégias desintegradas, desarticuladas, que vão sempre culpar “os outros” pelo que nos acontece. A crise pode, ainda, ser uma oportunidade para afirmar a cultura como eixo da economia, porque ser culto é isso: ter capacidade para mudar de forma consciente e com visão de longo prazo. Como diz neste número o director do Bons Sons, é preciso coesão regional para concretizar projectos com futuro. É tempo de passar da acomodação da resistência à cultura da iniciativa.


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