M1_Anatomia do Cão. A pele e o Pelo.

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CABELEIREIRO E ESTÉTICA CANINA Módulo I

Anatomia, pele e pelo www.nova-etapa.pt


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Ficha Técnica

TÍTULO Cabeleireiro e Estética Canina

AUTORIA Sofia Arvela

COORDENAÇÃO GERAL E PEDAGÓGICA Nova Etapa – Consultores em Gestão e Recursos Humanos, Lda.

ANO DE EDIÇÃO 2014

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ÍNDICE DO MÓDULO 1 OBJETIVOS

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1. A Magia dos Afetos e Cumplicidades

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1.1. Nós, Os Cães e Os Gatos

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2. Anatomia Básica do Cão

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2.1. A Cabeça

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2.2. Cabeça, Pescoço e Membros Anteriores

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2.3. A Linha Superior, Caixa Torácica e Abdómen

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2.4. Os Membros Posteriores e a Cauda

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2.5. A Dentição

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3. A Pele e o Pelo

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3.1. As Diferentes Funções da Pele

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3.2. Os Anexos da Pele

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3.3. Estrutura do Sistema Piloso do Cão

22

3.4. Manutenção do Pelo

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3.5. A Muda do Pelo

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3.6. Os Diferentes Comprimentos de Pelo

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3.6.1. Pelo Raso ou Liso

26

3.6.2. Pelo Curto e Duro

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3.6.3. Pelo Semi - Longo ou Comprido

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3.7. Os Diferentes Tipos De Pelo

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3.7.1. Pelo Duro

29

3.7.2. Pelo Heterogéneo

29

3.7.3. Pelo Liso

29

3.7.4. Pelo Sedoso

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3.7.5. Pelo Lanoso

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AUTOAVALIAÇÃO

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No final deste módulo o formando deve ser capaz de: 

Reconhecer as diferentes zonas anatómicas da espécie canina;

Designar os diferentes dentes que compõem a dentição canina e identificar a altura que ocorre a sua erupção;

Definir as três camadas que compõem a pele;

Explicar o ciclo de vida do pelo;

Descrever as diferentes características que a pelagem canina pode ter.

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1. A Magia dos Afetos e Cumplicidades

1.1.

Nós, os Cães e os Gatos

Companheiros de vida, de cumplicidades, de brincadeiras e até de conversas os cães e gatos partilham os nossos afetos e recheiam de emoções o nosso dia-a-dia.

Damos por nós, às vezes, a conversar com os nossos animais de estimação como se fossem gente, como se percebessem tudo aquilo que lhes dizemos. Olham para nós, espantam-se, voltam as cabeças, porque as perguntas são estranhas: “É ótimo este programa de televisão, não é?”, “Não acham que está um belo dia?”

Não sabem do que falamos. Naturalmente. E abanam as cabeças de forma condizente. Outras vezes, falam-nos eles, em voz muito baixa e chorada, de coisas que não sabemos. Pela insistência, pelo tom, pelo trémulo do fraseado, percebemos que deveríamos ter percebido à primeira. Nunca sabemos se é comida, se mimos, se mimos e comida. Talvez água...

Quer sejam dóceis ou irreverentes, os cães, com a espontaneidade e alegria de viver que os caracteriza, têm a capacidade de “puxar” por nós mesmo quando temos aqueles dias em que tudo parece correr mal. Basta vê-los a fazerem as suas tropelias ou participarem nas suas brincadeiras para, de repente, nos sentirmos mais felizes e como eles, gozar o momento, esquecendo as preocupações. Sabem como ninguém o que é ser companheiro. “Derretem-nos” com aquele olhar morno pousado sobre nós, sempre à espera de um carinho. Proporcionam-nos momentos de cumplicidade com passeios a dois, em caminhadas pontuadas por correrias e descobertas de novos recantos e cheiros, ao longo do percurso que há muito fazemos e tão bem conhecemos.

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Os gatos, independentes e afetuosos, brincalhões, temperamentais e, às vezes, com uma reserva de quem precisa de estar sozinho no seu espaço. Passam por nós como se não soubessem quem somos, arrastam o seu andar fascinante e silencioso pela casa até se aninharem num sítio do seu encanto. Ali ficam, perdidos, até que a fome – mesmo que seja de carinhos – os faça regressar, num ondear espantoso do corpo, num esticar de unhas quase de meter medo e depois não é nada: voltam a deixar-se cair noutro lugar de eleição, num desfalecimento feito de indolência. Até que uma mão ao correr do pelo os desperte para um longo espreguiçar, um enorme bocejo e uma lambidela do mais puro afeto.

Quero daquela ração de que gosto – juramos que os ouvimos pedir – e dá-nos a ideia de que se riem, por saberem que não é o momento para a dar, e que acabaremos por dá-la na mesma, por ser uma ternura, como se houvesse um jogo entre nós.

Vemo-nos mergulhados neste mundo de cães e de gatos, mesmo quando se sentam debaixo do nosso mundo, da nossa cadeira, mesmo quando quase não damos pela sua existência, nos momentos de silêncio e de calma que partilhamos no mais puro encantamento e harmonia.

Fig.1: Cão e Gato

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Mas, por vezes, o olhar alongado que um dos cães nos deita do sofá, ocupado por ele desde que chegou a casa, vigia-nos, atento ao menor movimento, ao mais pequeno indício que lhe diga que temos que pôr a conversa em dia. Então, abandona a aparente preguiça que por momentos o dominou e corre para nós, de cauda a abanar e, num rosnar baixinho, diz-nos que está pronto – seja para o que for.

Outras vezes é o passear manso, com a cauda levantada, de um dos gatos e as marradinhas que nos dá nas pernas que indicam como está feliz e que nos convidam à brincadeira.

Nós e os cães, nós e os gatos, somos companheiros aparentemente estranhos, numa competição pelo espaço, pelo afeto, por tudo. Uma disputa que, em vez de afastar, nos une cada vez mais a cada dia que passa.

Não sabemos o que havemos de fazer deles, verdadeiramente. Mas não sabemos o que faríamos sem eles.

O que sabemos é que temos cães e gatos que, de uma forma que nos parece mágica, nos entendem, nos preenchem a vida e são companheiros incondicionais em todos os momentos.

Pudessem eles dizer exatamente o mesmo de nós!!!

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2. Anatomia Básica do Cão

O corpo do cão é descrito por regiões. Cada uma corresponde a um sector anatómico preciso. Encontram-se, assim, definidas cinquenta e duas regiões que permitem, nomeadamente ao perito de certificação ou ao juiz de exposição, apreciar o espécime apresentado e explicar as decisões tomadas ao seu proprietário.

Fig.2: Regiões Anatómicas do cão

2.1.

A Cabeça

A região crânio-frontal pode ser arredondada (Beagles, Cockers), convexa (Boxers), plana (Dálmatas), oval (Caniches) ou ampla (Rottweiler).

O “stop” ou quebra do nariz, vai da zona frontal à região superior do chanfro. É visível lateralmente e pode ser mais ou menos acentuado: de 90º (brevilíneo) a 180º (longilíneo). Nos Galgos é praticamente inexistente.

O focinho ou chanfro contém as cavidades nasais que deverão ser espaçosas nos cães de parar (Setters) e mais pequenas, por exemplo, ao nível do Bulldog que

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possui um focinho espalmado. A face totalmente plana (Pekinois) provoca anomalias de ajuste entre os dois maxilares (prognatismo inferior, dentes encavalitados) assim como dificuldades respiratórias.

A trufa comporta duas narinas, que devem apresentar-se bem abertas, e um sulco mediano. A trufa de um cão saudável deve ser flexível, húmida e fria.

Os lábios deverão apresentar-se justapostos e não flácidos. Bem pigmentados e recobertos por pelos e vibrissas (pelos mais duros com recetores sensoriais na base). O interior deverá ser de uma tonalidade rosada (azul no caso dos Chow Chow).

As orelhas podem apresentar diversas formas e comprimentos, com portes e inserções variadas. Podem ser pontiagudas (Pastor Belga), mais arredondadas (Pastor Alemão), muito redondas (Bulldog) mais ou menos finas e guarnecidas de pelos por vezes muito longos (Cocker). Desempenham um papel fundamental na audição. As orelhas eretas captam melhor as ondas sonoras. Os Podengos frequentemente apresentam orelhas pendentes, facto que lhes confere uma melhor proteção do interior do ouvido contra a vegetação evitando assim a penetração de corpos estranhos no canal auditivo. Os Terriers possuem orelhas curtas que não os estorvam quando penetram nas tocas.

Fig.3: A cabeça

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2.2.

Cabeça, Pescoço e Membros Anteriores

A cabeça pode ser redonda (Cavalier King Charles), comprida (Galgos) ou quadrada. Desempenha um papel importante em termos de equilíbrio. As raças de cabeça comprida evidenciam, geralmente, um nariz pontiagudo e as de cabeça quadrada, maxilares curtos e musculados (aplica-se essencialmente no caso das raças destinadas ao combate). Distinguem-se na cabeça duas grandes regiões: na zona posterior, o crânio que alberga o encéfalo e na zona anterior a face onde se situam as cavidades nasais. A região média está situada entre as duas órbitas. As diferentes proporções crânio - faciais definem os dolicocéfalos (focinho alongado), os braquicéfalos (focinho curto e espalmado) e os mesocéfalos (situado entre ambos). MESOCÉFALO

BRAQUICÉFALO

DOLIGOCÉFALO

Fig.4: Proporções Crânio-Faciais

A cabeça compreende outras regiões menos definidas. As têmporas (região temporal) situam-se lateralmente por trás dos olhos sendo limitadas por baixo pelas arcadas zigomáticas que tocam na caixa craniana, bastante determinantes na morfologia da cabeça. A região das parótidas situa-se por baixo das orelhas, atrás da região massetérica que, por sua vez, está situada por trás das bochechas, muito restringida devido à grande abertura da boca do cão. A nuca é moderadamente saliente na parte posterior ao nível do pescoço e a garganta pode evidenciar pregas cutâneas a que se dá a designação de barbela.

O pescoço tem a forma de um cilindro, caracterizando-se por um diâmetro na extremidade torácica superior ao diâmetro na extremidade cefálica. A nível dorsal,

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termina na cernelha formando um ângulo mais ou menos aberto com o dorso. Trata-se de uma região importante em termos de apreciação da beleza do cão. Reveste-se de influência quanto ao porte da cabeça e equilíbrio do animal uma vez que vai regular a posição do centro de gravidade. O eixo cabeça - pescoço desempenha assim o papel de fiel da balança cervico - cefálica que equilibra o resto da coluna vertebral e que o cão utiliza quando se encontra em movimento. (por exemplo, se um cão for forçado a manter a cabeça e o pescoço contra o solo, é incapaz de se levantar). Prossegue pelos ombros, garrote e peitorais. A sua posição muda em função da locomoção do animal erguido durante a fase de propulsão e em tensão na fase de receção.

Os membros anteriores são geralmente compridos e ligeiramente achatados. A espádua (ombro) é oblíqua na vertical, de cima para baixo e na horizontal, da parte posterior para a parte anterior, apresentando-se ligeiramente convexo. O braço é limitado, na parte superior, pela espádua e, na inferior, pelo codilho (cotovelo) que se apresenta sensivelmente colado à parede das costelas. Os dois dedos medianos são mais compridos e mais fortes do que os dois laterais. As almofadinhas dérmicas (constituídas por uma camada córnea espessa e gordura) são salientes e um pouco bombeadas. As unhas apresentam-se recurvadas e córneas e constituem a terminação dos dedos. Não devem tocar no solo quando o animal apoia o membro no solo.

Os peitorais, que constituem a face anterior do tórax, variam em altura e em posição em relação aos membros anteriores. Apresentam a forma de um quadrado perfeito no Bulldog francês e de um arco de ponte no Bulldog inglês.

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2.3.

A Linha Superior, Caixa Torácica e Abdómen

A linha superior está constituída pelo conjunto dorso – lombar. Apresenta-se sensivelmente horizontal nos animais medilíneos, curvada nos animais jovens, ascendente nos cães robustos. O dorso evidencia um perfil retilíneo ou horizontal e pode apresentar-se ligeiramente inclinado em direção à zona posterior e abobadado nos animais longilíneos. A zona lombar (rim) prolonga o dorso para a zona posterior e, tendencialmente, é um pouco mais largo. A garupa situa-se no alinhamento da zona lombar. É uma zona oblíqua e sensivelmente arredondada, contudo, vista de cima, tem uma conformação retangular. Termina pela inserção da cauda.

Fig.5: Anatomia Canina

A caixa torácica inclui o peito (ou costelas), região bastante convexa formada pelas 13 costelas. Um peito profundo deve ser longo (ponta do ombro até à última costela) e deve representar 2/3 do comprimento do animal. O esterno desenha um semi – círculo de raio amplo (arco do esterno). Esta região inclui a zona cardíaca que deve ser bastante ampla nos cães que realizam esforços consideráveis.

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O abdómen é uma cavidade situada na parte posterior do diafragma. Encerra em si diversos órgãos indispensáveis às funções biológicas (aparelho urogenital, o baço e o aparelho digestivo). O flanco é uma região ligeiramente côncava que varia de comprimento em função do tamanho do cão. A linha limite do flanco acaba por se confundir com o ventre sendo de difícil identificação no cão. A face inferior apresenta mamilos nas fêmeas e sustenta o aparelho genital na região posterior do macho.

Fig.6: Bedlington Terrier

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2.4.

Os Membros Posteriores e a Cauda

Os membros posteriores são mais compridos e maciços do que os membros anteriores evidenciando, também, maior amplitude dos ângulos articulares. As coxas são, de forma geral, largas e a articulação do joelho define o limite entre a coxa e a perna que é longa e oblíqua. O jarrete delimita o início da extremidade inferior do membro; o metatarso, oblíquo na direção anterior, apresentando, por vezes, um esporão no rebordo interno. O pé é, geralmente, mais curto que nos membros anteriores.

A cauda pelo seu comprimento, tamanho e porte, é específica de cada raça. Pode apresentar-se em forma de saca – rolhas (Spitz), franjada e comprida (Setter), encurtada (Terrier). Os cães que nascem sem cauda recebem a designação de anuros; os que apresentam uma cauda curta designam-se por braquiúros.

Fig. 7: Perfil Canino

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2.5.

A Dentição

O cão adulto possui 42 dentes, 20 no maxilar superior e 22 no maxilar inferior. A sua distribuição constitui a dentadura, distinta da dentição que representa o fenómeno da erupção dos dentes nas diferentes etapas da vida.

Os dentes são duros, de aparência óssea e desempenham um papel funcional extremamente importante, pois servem para a preensão, dilaceração e trituração dos alimentos. Os cães são mamíferos heterodontes, ou por outras palavras, possuem dentes diferenciados para uma utilização específica. Os molares são dentes permanentes enquanto que os incisivos, caninos e pré – molares são decíduos.

A fórmula dentária para metade do maxilar é a seguinte: I 3/3; C 1/1; PM 4/4; M 2/3. Esta fórmula pode variar consoante as raças (face curta ou face comprida). Os incisivos, mais volumosos no maxilar superior do que no inferior, denominam-se, partindo do centro: pinças, médios e cantos. Os caninos possuem uma forma cónica mais são mais finos e ásperos no cachorro. Os molares e pré – molares são também designados por pré – carniceiros, carniceiros e pós – carniceiros.

Fig.8: Crânio Canino

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A fórmula dentária dos dentes do cachorro é a seguinte: I 3/3; C 1/1; M 4/4. O cachorro não possui dentes à nascença. A partir do 20º dia apresenta os dentes de leite.

O ritmo de eclosão é o seguinte (tomando como exemplo um cão de tamanho médio):

• Os caninos surgem à 3ª semana, • Seguidamente os pré – molares (PM3, PM4) entre a 3ª e a 4ª semana; • Os cantos às 4 semanas; • Os médios, pinças, e pré-molares (PM2) entre a 4ª e 6ª semanas; • O PM1 surge por volta dos 4 meses conservando-se no animal adulto.

Seguidamente todos os dentes são substituídos entre os 3 e 5 meses. Com efeito, os primeiros dentes, na sequência da reabsorção das raízes, caiem e são substituídos pelos dentes definitivos. Verifica-se também a eclosão dos :

• Molares, incisivos e caninos entre os 4 e 5 meses, • M2 inferiores aos 5 meses, M2 superiores e PM entre os 5 e 6 meses, • Os últimos molares entre os 6 e 7 meses.

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DENTES

ERUPÇÃO

SUBSTITUIÇÃO

INCISIVOS PINÇAS

30 dias

4 meses

INCISIVOS MÉDIOS

28 dias

4 meses e ½

INCISIVOS CANTOS

25 dias

5 meses

CANINOS

21 dias

5 meses

1º PRÉ MOLAR

3 a 4 meses

Persistentes

2º PRÉ MOLAR

4 a 5 semanas

6 meses

3º PRÉ MOLAR

3 a 4 semanas

6 meses

4º PRÉ MOLAR

3 a 4 semanas

6 meses

1º MOLAR

4 meses

2ºMOLAR SUPERIOR

5 a 6 meses

2ºMOLAR INFERIOR

4 meses e ½ a 5 meses

3º MOLAR

6 a 7 meses Tab. 1: Erupção da Dentição Canina

As datas de erupção podem variar em função da raça. A dentição pode apresentar anomalias numéricas. O excesso é raro, em contrapartida, a redução pode provocar uma recusa em termos de confirmação. Na realidade, é habitual a ausência de determinados molares, do ponto de vista funcional a sua importância é crescente da parte posterior para a anterior, verificando-se, frequentemente, a inexistência do primeiro pré – molar. Sobretudo nos cães de raças pequenas pode ser observada a ausência de um ou dois incisivos.

As arcadas superiores e inferiores dos maxilares encaixam uma na outra e não devem ser observados movimentos laterais. Os incisivos superiores cobrem parcialmente uma parte dos inferiores. Em caso de prognatismo real ou prognatismo inferior, o maxilar inferior ultrapassa o superior, também designado por mandíbula avançada. Pelo contrário quando os incisivos superiores se apresentam proeminentes, estamos em presença de um prognatismo superior, também designado por mandíbula recuada.

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Os dentes desempenham um papel importante na determinação da idade do cão. Os incisivos apresentam uma coroa de forma trilobada denominada flor-de-lis. Com efeito, os incisivos são primeiro nivelados (desgaste do lóbulo mediano), seguidamente aplainados (desaparecimento dos três lóbulos). Pode, assim, determinar-se a idade a partir de uma tabela dentária.

Fig. 9: A evolução da Dentição do cão em função da idade

Existem também afeções dentárias. O tártaro consiste numa acumulação de sais cálcicos da saliva ao nível da base do dente. Provoca descarnação dentária e gengivites. Os dentes amarelos são observáveis nos animais mais idosos e, em outros, vítimas de doenças graves e tratados com determinados antibióticos. A descalcificação por placas surge em consequência de algumas doenças. As cáries são raras em virtude da extrema dureza do esmalte. As fístulas dentárias resultam da necrose da parede alveolar e provocam abcessos. A persistência de dentes caducos pode impedir o desenvolvimento dos dentes e sua substituição.

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3. A Pele e o Pelo A pele, no sentido mais lato, representa o limite entre o organismo e o meio exterior. Inclui duas estruturas: a pele, no sentido estrito, ou seja a estrutura queratinizada e os seus anexos (pelos e diversas glândulas).

Podem distinguir-se três camadas da pele:

[1] A Epiderme. Comporta por uma camada basal, constituída por células em divisão e células produtoras de melanina (pigmento responsável pela cor da pele); uma camada clara (duas a três camadas celulares) muito espessa ao nível da trufa e das almofadinhas. Trata-se de células resultantes de divisões anteriores e de macrófagos (responsáveis pela “eliminação” dos elementos estranhos); de uma camada granulosa em que as células se aplanam; de uma camada córnea composta por células muito planas sem núcleo, contendo uma quantidade considerável de queratina; uma camada superficial onde se situam as células de descamação.

[2] A Derme. Separada da estrutura anterior por uma lâmina basal e que representa uma camada espessa da pele: 1.3 mm no dorso até 2.5 mm nas almofadinhas. Contém fibras elásticas e colagénio que asseguram a elasticidade e a resistência da pele.

[3] A Hipoderme. Que forma a camada mais profunda, rica em adipócitos (células gordas).

Apenas a derme e a hipoderme são vascularizadas e enervadas, atuando como recetores das informações provenientes do exterior mas também do interior.

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Fig. 10: Regiões da Pele

3.1.

As Diferentes Funções da Pele

A FUNÇÃO DE BARREIRA Impede a saída de determinados elementos tais como a água, iões e macro moléculas. No sentido inverso, também não permite a entrada de água, de determinadas moléculas e bactérias. É importante ter conhecimento que as células da epiderme podem ingurgitar-se de água e, por consequência, permitir a entrada de determinadas moléculas; este sistema revela-se útil em situação de pensos líquidos. Contudo, a barreira é também mecânica, assegurando um papel de proteção face às agressões, tais como os infravermelhos (intervenção de camadas superficiais), ultravioletas (através dos pelos e da pigmentação) e dos agentes biológicos. A FUNÇÃO DE INTERCÂMBIO POR VIA DAS SECREÇÕES O suor e o sebo. O suor é proveniente das glândulas apócrinas e exócrinas (estas últimas situadas exclusivamente sobre a trufa e as almofadinhas plantares). No cão, esta secreção parece permitir unicamente o arrefecimento cutâneo local. O sebo é produzido pelas glândulas sebáceas ao nível dos folículos pilosos desempenhando

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um papel de proteção contra as bactérias promovendo a sua destruição. Promove, também, intercâmbios por via de absorção de medicamentos ou tóxicos, tais como o álcool, por exemplo, mas também de vitaminas lipossolúveis, hormonas sexuais, etc. Finalmente os intercâmbios térmicos são possíveis por via da transferência de calorias sempre que se verifiquem alterações da temperatura. A FUNÇÃO METABÓLICA A pele participa na armazenagem de gordura graças aos adipócitos da hipoderme, mas também, numa reduzidíssima proporção, na síntese da vitamina D3 por ação dos raios ultravioletas sob as camadas superficiais. A FUNÇÃO SENSORIAL Através das terminações nervosas situadas na derme e na hipoderme, a pele pode transmitir informações ao organismo sobre a temperatura, a pressão, a dor ou, ainda, sobre o contacto com determinado objeto.

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Fig. 11: Chinese Crested Dog

3.2.

Os Anexos da Pele

Os anexos da pele são compostos por diversas formações:

OS FOLÍCULOS PILOSOS Constituídos por um pelo e sua respetiva bainha, uma glândula sebácea e um músculo eretor, responsável pelo eriçar do pelo.

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AS GLÂNDULAS SUDORÍPARAS As apócrinas, situam-se na derme profunda e o seu canal desemboca a jusante da glândula sebácea. Estão presentes em todo o corpo. As exócrinas, localizam-se na junção da hipoderme e da derme profunda. Encontram-se, apenas, sobre as almofadinhas plantares e a trufa. Os seus respetivos canais desembocam ao nível da epiderme independentemente do folículo piloso.

AS OUTRAS GLÂNDULAS Compreendem as glândulas anais, que servem para a marcação territorial, e as glândulas supra – caudais, situadas sobre a base da cauda.

3.3.

Estrutura do Sistema Piloso do Cão

No cão, os folículos pilosos agregam-se em grupos constituídos, individualmente, por um pelo principal central, mais grosso e mais comprido, e por pelos secundários (inexistentes no cachorro).

A densidade do pelo depende da raça e da idade. Quanto mais macio for o pelo, maior será a sua densidade. Por exemplo, o Pastor Alemão possui 100 a 300 grupos foliculares por centímetro quadrado enquanto um cão com pelagem mais macia pode ter 400 a 600 grupos por centímetro quadrado. O número de grupos foliculares é determinado desde a nascença. Em contrapartida, os cachorros têm apenas pelos principais (ou pelos exteriores) facto este que explica a suavidade característica da sua pelagem. Durante o crescimento, o ângulo formado pelos pelos e a pele diminui, situando-se aproximadamente a 45º no animal adulto.

A cor do pelo é determinada a nível genético através de processos de dominância de uma determinada cor sobre outra ou mesmo várias, o que explica a paleta de

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cores do cão e certo tipo de manchas características de algumas raças, por exemplo; as manchas do Beagle não têm qualquer semelhança com as de um Pastor Alemão.

Quem é que nunca retirou um grande tufo de pelos do tapete no início do Verão? Efetivamente, os pelos não são eternos. A muda é uma atividade cíclica com perda de pelos. No cão, tal como nos animais selvagens, verificam-se duas mudas por ano que produzem uma pelagem de Verão e outra de Inverno. Esta sazonalidade pode ser explicada pela atividade dos folículos piloso, que se processa em três fases:

• A Anagénese; período de crescimento do pelo e da respetiva bainha – o folículo insere-se sob a derme. Tem uma duração aproximada de 130 dias na maioria dos cães e 18 meses no Galgo Afegão. • A Catagénese; fase de repouso – o crescimento cessa e a bainha sofre uma regressão. • A Telogénese; o folículo diminui até ao orifício das glândulas sebáceas, a base do pelo retrai-se em forma de cone e cai. Neste momento, outro pelo inicia a sua anagénese evoluindo no mesmo canal que o seu antecessor.

Fig. 12: As três fases de crescimento do pelo

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É óbvio que os pelos não caiem todos ao mesmo tempo, a muda ocorre progressivamente da zona posterior para a dianteira do animal. A pelagem de Inverno é consideravelmente mais abundante do que a de Verão, de forma a proteger o animal contra os rigores do frio.

Esta mudança de pelagem não se processa de forma aleatória. O fator determinante da muda parece residir no fotoperíodo (duração do período de luz solar comparativamente à escuridão). O prolongamento das horas de luz desencadeará a muda de Primavera e a sua diminuição provocará a muda de Outono. As alterações ao nível da temperatura apenas intervirão no que se refere à densidade e velocidade da renovação pilosa, mas não como um fator precipitante das mudas.

Ainda que os pelos mudem, a pelagem de um cão conserva a cor original, muito embora surjam pelos brancos no focinho dos animais mais idosos. É importante não esquecer que a pelagem do cão deve ser cuidada com regularidade para evitar a aparição de qualquer patologia.

Fig. 13: Rough Collie

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3.4.

Manutenção do Pelo

O pelo é um filamento córneo, flexível e elástico: a parte situada acima da pele é, efetivamente, o elemento morto.

Da mesma forma que existem diferentes raças de cães existem também, texturas e distribuições de pelagem distintas. O pelo varia em comprimento, diâmetro e textura e, também, no formato (liso, flexível, ondulado ou frisado). A sua distribuição pode, igualmente ser muito variada. Os cães podem apresentar um penacho na cabeça, uma crina no pescoço (Chow Chow), uma pelagem com franjas que se caracteriza por pelos longos na parte posterior dos membros, sob o ventre, cauda ou ainda uma pelagem espigada quando os pelos da cauda são mais longos do que os do resto do corpo.

Existem diversos fatores que contribuem para as variações ao nível do pelo. A idade pode efetivamente ter influência uma vez que em determinadas raças a pelagem do cachorro é diferente da do cão adulto. Por exemplo, o pelo mosqueado surge com o avançar da idade (Braque de Auvergne) e numerosos Dálmatas não possuem as manchas características da raça à nascença, enquanto que o Yorkshire nasce completamente negro.

O pelo embranquece com a idade, sobretudo ao nível da cabeça, começando pelo focinho. Num animal mal alimentado ou que não esteja de boa saúde, o pelo apresenta-se baço e quebradiço. A luminosidade pode, também, tornar o pelo quebradiço e avermelhado. É constatável que, após a tosquia, a cor do pêlo se apresenta mais clara e uniforme.

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O pelo não para de crescer. A pelagem do cão renova-se por ocasião da muda que se verifica geralmente na Primavera e Outono. Este processo decorre durante um espaço de tempo compreendido entre as quatro e as seis semanas. 3.5.

A Muda do Pelo

Qualquer que seja o tipo de pelagem do seu animal, o pelo morre, cai e renova-se. Os cães de exterior mudam a pelagem duas vezes por ano (na Primavera e no Outono) correspondendo a uma alteração da luminosidade. Os cães de interior encontram-se menos expostos às variações de luminosidade: por isso, vão perdendo pelo ao longo de todo o ano com dois picos de maior intensidade na Primavera e no Outono. Os cuidados regulares – banho e escovagem – permitem remover os pelos mortos. A frequência destes cuidados e o material a utilizar variam consoante a natureza da pelagem. 3.6.

Diferentes Comprimentos de Pelo:

3.6.1. O Pelo Raso ou Liso

Com um comprimento de 5 a 15 mm. Podem ser muito finos – caso do Pinscher, finos e curtos no Whippet e mais espesso nos cães de parar. Ainda que este tipo de pelagem não requeira cuidados regulares, é necessário escová-lo uma ou duas vezes por semana. A utilização de uma escova de borracha, no sentido contrário ao pelo, permite remover películas e pelos mortos. Para retirar essas impurezas, escove toda a pelagem com uma escova de cerdas no sentido do pelo do animal. A operação da escovagem deverá ser concluída com a passagem de um pano de camurça humedecida para puxar o lustro à pelagem.

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Fig.14: Pinscher

3.6.2. O Pelo Curto e Duro Com um comprimento de 15 mm a 4 cm no máximo. Lisos, espetados e bastante duros como no caso do Pastor Alemão. Designa-se por áspero quando é ainda mais curto, como é o caso do Beagle. Devido à densidade da pelagem (existência de sub – pêlo e pêlo de cobertura), o cão deve ser escovado em dias alternados. Passe uma escova de cardar no sentido contrário ao pelo para soltar o maior número de pelos e células mortas e desembaraçar o pelo de cobertura. A passagem de uma escova de cerdas no sentido do pelo permite a total remoção dos elementos previamente descolados. Poderá utilizar um pente de dentes grossos para pentear os pelos da cauda e patas. A pelagem dos cães de pelo duro deve ser desbastada duas vezes por ano por meio de um utensílio de desbaste que permite arrancar os pelos mortos situados entre o instrumento e o polegar. Este processo, quando corretamente realizado, no sentido do pelo, não é doloroso.

Fig. 15: Pastor Alemão

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3.6.3. O Pelo Semi-longo ou Comprido

O pelo semi-longo têm entre 4 e 7 cm, enquanto o pelo comprido tem mais de 7 cm. No Setter são finos, sedosos e ondulados. Podem ser mais compridos do que a altura ao nível da cernelha, por exemplo no Yorkshire. Podem ser frisados como no Barbet, mais lanoso no Spitz ou encordoados, como é o caso do Puli Komodor. Os cães de pelo comprido são muito bonitos, no entanto, requerem uma escovagem diária. No caso dos Galgos Afegãos, por exemplo, poderá demorar até 1 hora diária. Esta operação realizada no sentido da pelagem com uma escova de cardar permite remover nós e pelos superficiais. Devido ao comprimento dos pelos, ao tentar desembaraçar os nós poderá, involuntariamente, puxar apele do animal pelo que a escovagem deverá ser realizada com muito cuidado para não o magoar. No caso dos cães de pelo sedoso (Yorkshire Terrier, Galgo Afegão), a utilização da escova de cerdas permite puxar o lustro à pelagem.

No caso dos cães com subpelo abundante (Scottish Terriers) as descamações podem ser removidas com uma escova de metal. Um pente de dentes grossos permite desembaraçar os pelos situados na zona posterior dos jarretes. O comprimento da pelagem pode ser igualado com recurso a uma tesoura assim como a eliminação de pelos que, na maior parte das vezes, acabam por formar nós e reter impurezas (jarretes, peito, espaços interdigitais e almofadinhas plantares). Após cada utilização, deverá proceder-se à limpeza dos instrumentos guardando-os seguidamente num local seco.

Para evitar o enferrujamento das escovas de metal, deverá secá-las e esfregá-las com um pano embebido em óleo vegetal.

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Fig. 16: Puli

3.7.

Os Diferentes Tipos de Pelo

3.7.1. Pelo Duro Áspero ao tato. A pelagem é desordenada e contém uma camada de ar. Pode ser observado no Berger Picard, com pelagem semi–longa, ou no Podengo Português.

3.7.2. Pelo Heterogêneo Composto por 2/3 de um pêlo bastante duro e 1/3 de um pelo mais macio de tipo filamentoso como, por exemplo, no caso do Dinmont Terrier e do English Cocker Spaniel.

3.7.3. Pelo Liso Possui um aspeto brilhante e límpido como, por exemplo, no caso do Rottweiler e do Pinscher.

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3.7.4. Pelo Sedoso Muito fino, flexĂ­vel e macio como no caso do Setter.

3.7.5. Pelo Lanoso Menos brilhante e com um aspeto mais espesso como no caso do Caniche

BERGER PICARD

DINMONT TERRIER

SETTER

PISCHER

CANICHE

Fig. 17: Exemplos de diferentes tipos de pelo

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Referências Bibliográficas:  Done, S.H., Goody, P.C., Evans, S.A., Stickland, N.C. (2010). Espanha: Elsevier. Atlas en Color de Anatomía Veterinaria. ISBN: 978-84-8086-662-0

 Grangeia, M.E., Reves, H.R. (1987). All-Breed Dog Grooming. USA: TFH Publications, Inc. ISBN: 978-0-7938-0647-8

 Stone, B. (1981). USA: Hungry Minds, Inc. The Stone Guide to Dog Grooming for All Breeds. ISBN: 0-87605-403-3

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AUTOAVALIAÇÃO MÓDULO 1 1. O que são os cães e os Gatos em relação ao ser humano? a) Completamente indiferentes b) Companheiros incondicionais c) Seres da mesma espécie d) Nenhuma das respostas anteriores está correta 2. Qual das seguintes raças apresenta a região crânio-frontal arredondada? a) Beagle b) Dálmata c) Caniche d) Rottweiller 3. Como se deve apresentar a trufa de um cão saudável? a)Flexível b) Húmida c) Fria d) Todas as alíneas anteriores estão corretas 4. Indica qual a região anatómica que a nível dorsal termina na cernelha formando um angulo mais ou menos aberto com o dorso. a) Pescoço b) Espáduas c) Tórax d) Flanco 5. Indica qual das seguintes raças têm a cabeça comprida: a) Galgo b)Cavalier King Charles c) Boxer d)Pequinois 6. Em relação aos diferentes tipos de crânio que estudou indique a característica que define o focinho dos cães dolicocéfalos. a) Focinho curto e espalmado b) Focinho alongado c) Focinho quadrado d) Nenhuma das respostas anteriores está correta

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7. A cabeça compreende regiões bem definidas. Indica a que se situa lateralmente por trás dos olhos. a) Nuca b) Têmporas c) Parótidas d) Orelhas 8. Em que zona do corpo do cão se situa a garupa? a) Cabeça b) Zona lombar c) Garupa d) Tórax 9. Refere como são os membros posteriores relativamente aos anteriores. a) Mais compridos b) Mais curtos c) Com as unhas mais compridas d) Nenhuma das respostas anteriores está correta 10. O que caracteriza a cauda do cão de raça Setter? a) Com franjas e curta b) Com franjas e comprida c) Com pelo curto e curvada para trás d) Com pelo curto e amputada

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CORREÇÂO DA AUTO-AVALIAÇÃO MÓDULO 1

1- B 2- A 3- D 4- A 5- A 6- B 7- B 8- B 9- B 10- B

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