VINHOS & GASTRONOMIA
www.NossaGente.net I 15 de dezembro 2016 I Ano 10 I Nº 117 I Pág. 30
Bebendo as estrelas Para fechar 2016 com chave de ouro, achamos apropriado falar sobre a bebida predileta de fim de ano da maioria esmagadora das pessoas: Champagne. E talvez você já tenha escutado alguém dizendo “Champagne só pode ser da região de Champagne”. Apesar de correta, essa informação na prática, é confusa: quer dizer que o Moet francês é champagne, mas o Chandon americano ou brasileiro não? E agora? Com o que vou brindar o ano novo? Reconhecer o que tes – ou sparkling wines, é ou não champagne como são conhecidos pode ser uma tarefa nos Estados Unidos, e difícil – até porque oueles possuem denomitros vinhos espumantes nações diferentes, dadas querem pegar carona de acordo com regulana glória do primo famentações internaciomoso, e fazem de tudo nais, referentes a região para serem confundide onde vem e a forma dos. Vide o caso da procomo são produzidos. dutora Moet Chandon: A produção se refere originaria da região de basicamente às uvas Daniela e Conrado Ventura Champagne e reconheutilizadas e o método Sommeliers certificados cida por todo o munaplicado para incorpopela United States Somdo como sinônimo de rar o gás carbônico ao melier Association. qualidade, ela mesma líquido, lembrando que E-mail: venturauncolabora com esse deé esse gás que produz corked@gmail.com sarranjo, uma vez que as bolhas. Já a região, Site: www.uncorkedimage.blogspot.com ela tem vinícolas em vádiz respeito ao território rios países, inclusive na específico onde dá-se Califórnia (Napa), e Rio a produção do vinho. Grande do Sul (Garibaldi). Por exemplo: é possível um espumante Então, caso você queira a informafrancês que não seja champagne, como é ção mais importante desse artigo, logo o caso dos cremánts, que podem ser de de cara, aqui vai: vinhos com borbulhas Bordeaux, Alsace, etc. são vinhos ESPUMANTES – inclusive o As borbulhas são resultados de uma champagne. Porém o inverso nem semsegunda fermentação pela qual o vinho pre é verdade… passa. Os dois principais métodos de Existem muitos tipos de espumanfermentação são o Tradicional ou Champenoise (“chan-pe-no-aze”) e o método Charmat (“xar-mah”). Para não complicar: no método Champenoise, a segunda fermentação acontece dentro da garrafa, de forma individual, o que requer mais trabalho e tempo, já que as garrafas têm que ser manuseadas e controladas de forma praticamente artesanal. No método Charmat, a segunda fermentação acontece em tanques pressurizados, e o vinho ja sai dos tanques para ser engarrafado com bolhas. Pense em como a maioria das cervejas são feitas: o método Charmat é muito similar a isso. Por isso, os resultados são diferentes: as bolhas de vinhos produzidos pelo método Charmat são maiores e mais vigorosas. Já os espumantes produzidos pelo método tradicional, são mais aromáticos e tem perlage mais delicada (perlage = borbulhas). Um pouquinho de história: o primeiro Champagne foi produzido acidentalmente. Em um ano, por causa do frio intenso, a fermentação do vinho produzido “adormeceu”. Pensando que os vinhos estavam prontos, eles foram guardados. Quando a temperatura subiu, a fermentação voltou eat nt Co Sugestões? Dúvidas? para: l ai a acontecer, e fez com que as garrafas esem um nos enviando gmail.com d@ ke tourassem por causa do gás carbônico reor nc au ur nt ve sultante. Depois do susto, algum corajoso
experimentou a bebida e reza a lenda que ele teria dito “Venham rápido, estou bebendo as estrelas”. Passados alguns anos, um produtor/inventor de Champagne, criou a cápsula que é colocada em cima da rolha, para a garrafa não explodir, técnica utilizada até hoje. Champagne é exclusivamente feito de Chardonnay (uva branca), Pinot Noir e Pinot Meunier (ambas uvas tintas). As cascas, que dão coloração ao vinho, são rapidamente removidas do processo, logo Champagne sempre apresenta cor clara. Quando feito 100% de Chardonnay, ele ganha a denominação de “Blanc de Blanc”, e essa é reconhecidamente a versão mais light e elegante da bebida. Ja o Pinot Noir traz um pouco mais de complexidade e notas de frutas vermelhas,
BRUT NATURE EXTRA BRUT BRUT EXTRA DRY/EXTRA SEC SEC DEMI-SEC DOUX O Brut é o mais popular, e por isso, seu preço costuma ser o mais acessível: é possível encontrar excelentes garrafas desse tipo de Champagne em diversas lojas, inclusive supermercados atacadistas, com custo entre $40USD e $50USD, dentre eles Veuve Clicquot Brut NV, Moet & Chandon Brut Imperial, Taittinger La Francaise Brut NV, dentre outros. Notaram um NV ao lado de alguns dos nomes acima? Trata-se de uma abreviação para o termo Non-Vintage, ou seja: o
enquanto o Pinot Meunier contribui com aromas florais e de frutas frescas. Quando feito somente dessas uvas tintas, misturadas ou não, ganha a denominação Blanc de Noir. Apesar do caráter glamouroso e quase exclusivo, o Champagne é democrático: tem para todos os gostos. Se você prefere uma bebida mais adocicada, experimente os Champagnes Doux – literalmente traduzidos como “champagnes doces”. Confessamos de antemão que não é fácil encontrá-los, e por isso partimos para a segunda opção que são os Demi-Sec, esses sim amplamente disponíveis no mercado. Para facilitar essa busca, segue abaixo uma tabela com denominações dadas com base na quantidade de açúcar residual em cada garrafa:
SEM ADIÇÃO DE AÇÚCAR EXTREMAMENTE SECO SECO LEVEMENTE SECO LEVEMENTE DOCE DOCE BASTANTE DOCE vinho foi produzido com uma mescla de colheitas de vários anos, e por isso seu custo normalmente é mais baixo do que um champagne de safra especifica. De Oscar Wilde a Kanye West, a opinião sobre champagnes é sempre unanimemente positiva, e talvez melhor traduzida pela frase de Sir Winston Churchill “I could not live without Champagne. In victory I deserve it. In defeat I need it.”. E é nesse espirito que desejamos boas festas e um 2017 estrelado. Cheers!