Justa e Boa Governanção

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de 21.11. a 4.12.2018, p.31) um óptimo artigo subordinado ao título: ‘O TGV da Inteligência Artificial, sem travão nem destino’; mas, ele próprio, se der conta disso, obterá a mesma impressão que nós: o seu discurso cai, igualmente, nessa heresia moderna (e já muito antiga… porque ela acompanha todo o Processo histórico do que se tem chamado ‘Civilização’). No subtítulo, pode ler-se, com acerto, o seguinte: “o caso da Inteligência Artificial atinge os mitos da neutralidade axiológica da técnica e coloca sérias sombras sobre as esperanças de uma bifurcação entre uma técnica fáustica e uma técnica prometeica’ [a 1ª ousada e letal; a 2ª ousada mas não letal…]”. É o velho problema das Tecnologias Adequadas, de que já escrevemos um livro sobre a problemática das Novas Tecnologias, nos inícios da 1ª década do séc. XXI. Tudo quanto aí escreve o filósofo é francamente positivo e tem a nossa concordância, do ponto de vista da chamada Objectividade científica. Podemos aduzir nacos de texto a confirmar isto: ‒ Na Inteligência Artificial é difícil separar o trigo do joio. A actual vanguarda tecnocientífica apresenta-se como um Triângulo formado pela Inteligência Artificial, biotecnologia e nanotecnologia. Cada um destes vértices, vistos separadamente, apresenta prodigiosas promessas e gigantescas ameaças. Contudo, o futuro aponta para a sua convergência, até à plena fusão, num processo dominado pela IA, por ‘máquinas’ que simulam exponencialmente a inteligência humana, por programas (software) que fazem as suas actualizações com autonomia”. O Autor, evoca, logo a seguir, 5 cientistas/filósofos, que desconfiaram e foram cépticos sobre a temática da IA: Stephen Hawking (recentemente falecido), o empresário visionário Elon Musk, o filósofo adepto do transhumanismo Nick Bostrom, o historiador best-seller Yuval Noah Harari e o filósofo alemão Martin Heidegger. Desde logo, um dos grandes problemas que V.S.-M. põe é o de carácter societário (que nós também púnhamos no livro já referenciado): “… como absorver as dezenas de milhões de desempregados, que vão ser gerados pela substituição de pessoas por algoritmos e robôs inteligentes?” (ibidem). Ele cita, a seguir, a posição do historiador Harari, a partir do seu terceiro Livro conhecido, ’21 Lições para o Século XXI’ (os 2 primeiros são: ‘Homo Sapiens’ e ‘Homo Deus’, onde o autor não conhece o ‘Sapiens//Sapiens’!...). “Perder o controlo sobre as nossas próprias vidas, no entanto, é um cenário muito mais assustador. Apesar do perigo do desemprego em massa, o que nos deve preocupar ainda mais é a mudança de autoridade dos humanos para os algoritmos, o que pode destruir qualquer fé remanescente na história liberal e abrir caminho para o surgimento de ditaduras digitais”. A perspectiva criticista de V.S.-M., a partir desta premissa, vai na linha de um cepticismo confirmado, por total escassez de meios para obviar à densa e agónica problemática!... Será que teremos, apenas, de seguir o lema da liga Hanseática: ‘navegar é preciso, viver não é necessário’!... Em suma, tudo é percepcionado e avaliado sob o diapasão do Objectivo-Objectualismo… E, mais uma vez, nos deparamos com o Enigma moderno da Técnica. “Será que a essência da técnica pertence à mera categoria das utilidades, que desde o homo faber são fabricadas para comodidade da nossa espécie? Será que, apesar da sua sofis90


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