Justa e Boa Governanção

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(Índia), em 1955, movimento fundado sob os auspícios de Josip Broz de Tito (18921980). Ora, em 1962, foi editado pela ‘Civilização Brasileira’, no Rio de Janeiro, um Livro de J.K. Galbraith, com o título ‘O Novo Estado Industrial’. Aí se mostra o erro em que se caiu: O que ocorria na URSS e na China não passava de ‘capitalismo monopolista de Estado’: (a outra face escondida do Sistema capitalista). A partir deste Livro foi o Despertar crítico, o Eureka necessário. No art. de V. Soromenho-Marques (in ‘JL’, 21.11 ‒ 4.12/2018, p.31) escrevia V.S.-M.: “Chamo a atenção do leitor para esta raridade: quatro das personalidades mais brilhantes da vertigem tecnocientífica, em que desde a modernidade embarcámos, primeiro na Europa e agora no planeta inteiro, convergem num profundo cepticismo em relação aos perigos existenciais para a humanidade representados pelo crescimento exponencial da IA: o falecido físico Stephen Hawking, o empresário visionário Elon Musk, o filósofo e adepto do Transhumanismo, Nick Bostrom, e o historiador e autor de best sellers, Yuval Noah Harari. Seria irónico, se não fosse trágico, verificar a coincidência destas preocupações com o teor dos oraculares murmúrios de Martin Heidegger, quando confessou à Revista Der Spiegel, em entrevista publicada postumamente em maio de 1976, que perante os riscos da técnica ‘apenas um deus nos pode salvar’ (Nur noch ein Gott kann uns retten)” (ibidem). Esse Deus que nos pode salvar é a 3ª parte da nossa Consciência individual-pessoal. Contra a heresia modernaça do Objectivo-Objectualismo. É essa Consciência que funda a Subjectividade do Sujeito Livre e Responsável. “Perder o controlo sobre as nossas próprias vidas, no entanto, é um cenário muito assustador” (ibidem) ‒ “Será que a essência da técnica pertence à mera categoria das utilidades, que desde o homo faber são fabricadas para comodidade da nossa espécie? Será que, apesar da sua sofisticação, a IA poderá ser vista no quadro de uma racionalidade instrumental, subordinada a uma racionalidade teleológica, que tenha como centro a dignidade humana, no seu sentido kantiano, de fim-em-si-própria, de fim final (Endzweit) da Natureza?” (ibi, pp.31-32). A dissidência de Tito perante a URSS, diante da sua exigência de normativizar todas as construções do Socialismo em cada Nação, foi um grito com promessas de futuro, que a História oficial não registou. E colheremos todo o sabor das diferenças se tivermos em conta a primeira dissensão de Trotzsky em confronto com Lénine. O 1º respeitava o quadro das Pátrias e das Nações, apostava na singularidade individual-pessoal de cada Ser humano; não se passava o mesmo com o segundo!... Havia, por certo, muito a aprender com os Movimentos de Libertação de todas as ex-colónias. Isso já era património do Socialismo… Esquema em três actos: 1º centro polarizador (os Chefes mais sábios e responsáveis) com a sua experiência no quadro da Pátria-Nação novel a emergir; 2º Planos nacionais de Libertação, promovendo sempre a Liberdade Responsável (o livre arbítrio é uma farsa…); 3º Cooperativas socialistas (segundo o padrão das de António Sérgio). Ora este simples esquema mostra bem a analogia e a sintonização com o Movimento titista. Foi uma pena enorme a História passada, recentemente, não haver todo o cuidado de valorizar todo este espólio!... Poderá, até, dizer-se que a pós-contemporaneidade começou, precisamente, aí: em Bandung, 1955, com os dois Movimentos considerados gémeos, apesar das diferenças. Não esquecer que Tito, como Chefe respeitado do Grupo, já se havia adestrado neste modus vivendi et 120


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