Manuel Reis | CELEBRAÇÃO

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14. ─ Ao longo de séculos e milénios do Processo dito civilizatório, o fenómeno do Poder tem-se configurado como o Leviatão, que desencadeia todos os medos e terrores, ou como uma Incógnita, em todos os azimutes, das Equações que procuram contornar a Civilização e a Cultura das Sociedades humanas. O que, aí, assoma é a sempiterna dialéctica entre opressor e oprimido. Movido pelo desespero, o segundo, para sobreviver, toma o lugar do primeiro. O adágio popular só confirma, sibilinamente, os factos: ‘Se queres ver o vilão, põe-lhe a vara na mão’!... É conhecida a cartilha segundo a qual actua o Poder e seus agentes: “O que sai fora dos cânones dos dirigentes do Poder não é oficialmente reconhecido. E quem protagoniza tais práticas e se rege por tal sabedoria, tem de ser morto! A sabedoria de Jesus não é dele. É-lhe dada de fora do âmbito do Poder. Só o Saber vem do Poder. A sabedoria vem de fora do âmbito do Poder. Vem das suas vítimas, com as quais Deus Abba-Mãe sempre se identifica!” (Idem, ibi, p.73). Ora, “os seres humanos, nascemos todos de Deus Abba-Mãe. O Poder não. Apenas do Deus Ídolo, projectado e criado pelos sacerdotes e imposto por eles aos povos. De Deus Abba-Mãe, só vêm os seres humanos, dos quais Jesus é o paradigma universal. Os seres humanos, nascemos, todos, de Deus Abba-Mãe. Já os dirigentes do sistema nascem todos do Poder, mais concretamente, da sua ideologia/idolatria”. (Idem, ibi, p.75). 15. ─ As Sociedades humanas balizadas e orientadas pelo ‘Poder Seco’, ou seja, pela Cultura do Poder-Dominação d’abord, segundo a cartilha objectualista moldada pela Ideologia/Idolatria, só podem funcionar (em termos geométricos) à escala dos 180 graus (ângulo raso), quando se dizem ‘democráticas’ (democracia liberal/representativa); essas Sociedades nunca poderão funcionar à escala (plena e completa) dos 360 graus, como é próprio da Espécie Sapiens//Sapiens, onde cada Indivíduo-Pessoa é dotado (porque para isso foi formado e educado por Sistemas Educativos dignos do nome), de Consciência reflexiva e crítica. Como diz muito bem o Mário (este é um dos seus ‘clichés’ predilectos, ao lado do ‘Projecto político maiêutico de Deus Abba-Mãe’), Jesus é o ‘Ser humano pleno e integral’. Ele opera à escala completa da Circunferência dos 360 graus: segundo a gramática da Espécie humana circunscrita na fórmula do ‘Homo Sapiens//Sapiens’. Não há, aí, quaisquer modalidades de Poder (sacro) separado. Com efeito, só quando o Poder é engendrado como entidade separada, ele se arroga, pesporrentemente, o privilégio da sacralidade!... É, efectivamente, neste horizonte da ‘Potestas separata’, que logo surdem e se instalam a Ideologia e a Idolatria (objectualistas), como irmãs gémeas. O Poder, qua tal, gera a Ideologia e a Idolatria: ‘dividir para reinar’ é o refrão dos Poderes Estabelecidos; por sua vez, a Ideologia e a Idolatria alimentam e justificam a doutrina do Poder, com todo o seu cortejo de vítimas humanas e terrestres/planetárias. Tudo começa no horizonte da Demagogia na Linguagem humana. Comentando Jo. 4,48, escreve M.O. (op. cit., p.46): “A reacção de Jesus é imediata! Não pode tolerar que o tomem por messias/cristo/Poder invicto. Ele é o ser humano pleno e integral, por isso maiêutico. Recusa a via Poder, para resolver os problemas das populações e da sociedade, a única via que todos os do Poder e todas as suas vítimas 22


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