Minha casa é Patrimônio - Caderno explicativo do Patrimônio Cultural Edificado de Curitiba

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MINHA CASA É PATRIMÔNIO

Caderno Explicativo do Patrimônio Cultural Edificado de Curitiba


Produto do projeto cultural Casa dos Gerânios: restauração do edifício e das pinturas parietais. Projeto realizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba REALIZAÇÃO

INCENTIVO

F I C H A T É CN I C A Coordenação de Projeto Inspire-C Arquitetura, Urbanismo e Patrimônio Cultural Produção editorial Núcleo de Mídia e Conhecimento Pesquisa e Argumentação Fábio André Chedid Silvestre Letícia Nardi Paulo Cezar Pereira

Projeto Gráfico e Diagramação Danielle Dalavechia Chedid Silvestre Assistente de edição Fernanda Cheffer Revisão Núcleo de Mídia e Conhecimento

FOTO DA CAPA: DESCRIÇÃO DA IMAGEM: VISTA DO TERRENO DA FAMÍLIA BOSCARDIN, VENDO-SE A DIREITA A CHAMADA "CASA DOS GERANIOS". A ESQUERDA, O MOINHO, INCENDIADO EM 1902. COLEÇÃO: FAUSTINO BOSCARDIN. ACERVO: CASA DA MEMÓRIA DE CURITIBA.


APRESENTAÇÃO Esse caderno foi produzido no âmbito do projeto cultural Casa dos Gerânios: restauração do edifício e das pinturas parietais e tem o intuito de disponibilizar informações de fácil acesso para proprietários e usuários de edificações antigas do município de Curitiba, protegidas pelas legislações de inventário e tombamento. As informações e argumentações foram produzidas por uma equipe com experiência na área da preservação do patrimônio cultural, com participação no Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Curitiba e, principalmente, pelo responsável pela preservação da Casa dos Gerânios, uma Unidade de Interesse de Preservação, o Paulo Cézar Pereira. Ele herdou dos seus antepassados e da sua mãe Bertilla Boscardin Pereira a missão de preservar a propriedade, se tornando, um preservador e, segundo suas palavras, “Os preservadores natos amam preservar, os preservadores natos amam as suas propriedades, gostariam de se sentir mais reconhecidos pelas leis.”

[FOTO] PAULO CÉZAR PE RE I RA N A JA N E L A D A C ASA D OS G E RÂ N I OS. A C E RVO PES S OAL.


MINHA CASA É PATRIMÔNIO O QUE É PATRIMÔNIO Uma definição clássica diz que patrimônio cultural é um conjunto de bens materiais e imateriais que estão intimamente relacionados com a identidade, a cultura ou o passado de uma determinada coletividade. Então, todos nós participamos desse processo, pois fazemos parte de uma ou mais coletividades que tem uma identidade, uma cultura e histórias em comum. A origem da palavra patrimônio tem relação com herança, em seu sentido familiar de transmissão de bens. Ao longo do tempo, o sentido da palavra se ampliou. Patrimônio cultural passou a ser entendido como uma herança comum, uma construção social. Na sua compreensão atual, o conceito de patrimônio transcende a mera transmissão de bens de uma geração para outra, expandindo-se para abranger a herança cultural compartilhada por uma sociedade. Ele se torna uma construção social dinâmica, moldada pelas experiências e ações de cada geração. Como atores sociais, vivenciamos essa herança, interagimos com ela e, por meio de nossas escolhas e contribuições, moldamos sua evolução. Nesse processo, assumimos a responsabilidade de preservar e transmitir esse patrimônio cultural às gerações futuras, garantindo que a identidade, valores e narrativas sejam preservados e cada vez mais valorizados. O patrimônio, portanto, não é apenas um legado do passado, mas uma herança viva que conecta as pessoas através do tempo e reforça a continuidade e a diversidade das culturas humanas.


PAT R IMÔN I O MAT E R IA L No âmbito oficial, a preservação do patrimônio requer a identificação e a classificação de bens culturais. Em várias partes do mundo, adotou-se a distinção entre patrimônios de natureza material e imaterial. Cidades, edifícios, sítios arqueológicos, obras de arte, esculturas, objetos antigos, acervos documentais e fotográficos abrangem o universo dos patrimônios de natureza material protegidos por legislações de tombamento ou inventário. Na essência, a sua materialidade é um forte símbolo da herança cultural, histórica e arquitetônica de um determinado grupo. O poder público tem a responsabilidade de proteger o patrimônio material, no âmbito dos governos municipais, estaduais e federal, considerando a participação ativa de organizações da sociedade civil, de comunidades locais, de proprietários e indivíduos. Medidas como a restauração, conservação e gestão adequada são adotadas para garantir a integridade desses elementos ao longo do tempo. Ao proteger o patrimônio material, estamos não apenas salvaguardando objetos físicos, mas também preservando as narrativas que moldaram as sociedades, contribuindo para a construção de uma compreensão mais profunda e rica da nossa história coletiva.

1 PAT RIMÔNIO ARQ UEOLÓGICO PONTA DE F LECHA - FOTOS: A C ERVO EPPC

2 PAT RIMÔNIO EDIF ICADO - ANT IGO PAÇO MUNICIPAL - FOTO: PATRI M ÔNI O RM C

3 PAT RIMÔNIO NAT URAL - PICO PARANÁ - S ERRA DO MAR – PARANÁ, 2 006 FOTO: SÉRGI O L. F. DA ROSA ( W I KI M EDI A C OM M ONS)

4 PAT RIMÔNIO BENS MÓVEIS -

A C ERVO C OLEÇ Ã O DAVI D C A RNEI RO M U SEU PA RA NA ENSE


PAT R IM ÔN I O I M ATE R IAL Os patrimônios culturais imateriais abrangem uma ampla variedade de manifestações culturais, como expressões orais, práticas rituais, festivais, danças, músicas, conhecimentos tradicionais, técnicas artesanais e até mesmo culinária específica. O patrimônio imaterial é uma parte essencial da herança cultural, representando a vitalidade e a criatividade de uma sociedade. Ao reconhecer, respeitar e preservar esses elementos intangíveis, contribuímos para a construção de um mosaico cultural rico e dinâmico que reflete a verdadeira diversidade e unicidade de cada comunidade. O poder público também é responsável pela preservação destes patrimônios, que são identificados pela realização de estudos e inventários, seu reconhecimento se dá pelo instrumento do Registro e há instrumentos de salvaguarda que envolvem de forma permanente os grupos que vivenciam as manifestações culturais. Na realidade, essas classificações são uma forma de possibilitar a gestão dos patrimônios culturais, mas analisando as categorias, é possível identificar muitas imaterialidades nos patrimônios materiais, assim como muitas materialidades nos patrimônios imateriais.

Grupo de Capoeira no Largo da Ordem, Curitiba, Brasil.

Foto: Wirestock.

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FANDANGO CAIÇARA PATRIMÔNIO CULTURAL DO BRASIL (IPHAN, 2012)

PROCISSÃO DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DO ROCIO LEI MUNICIPAL Nº 3679 (PARANAGUÁ, 2017).

Documentário Mestre Leonildo e o Fandango Caiçara. Vídeo disponível Youtube: Iphan (2023). Link: https://www.youtube.com/ watch?v=-tBDiJ2qMrA

Procissão do Rocio: religiosidade e tradição (2023). Video disponível no Instagram @marcozerodeparanagua Link: https://www.instagram. com/p/C0KZeKjOxgU/

FEIRA DO LARGO DA ORDEM PATRIMÔNIO IMATERIAL DE CURITIBA. (CMPC, 2018)

Parada turística obrigatória, Feira do Largo da Ordem completa 50 anos (Tribuna do Paraná, 2023). Foto: Arquivo/Gazeta do Povo. Link para Reportagem CADERNO EXPLICATIVO

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PATRIMÔNIO CULTURAL EDIFICADO DE CURITIBA O QUE SÃO UIP'S? As Unidades de Interesse de Preservação são edificações inseridas no Inventário de Bens Imóveis do Patrimônio Cultural do Município de Curitiba e representam um conjunto significativo com papel crucial na preservação da identidade histórica e cultural da cidade. Estas preciosidades arquitetônicas constituem o patrimônio cultural edificado de Curitiba e enriquecem o tecido urbano ao estarem dispersas por diversos bairros, exibindo uma diversidade marcante de portes, períodos construtivos e estilos arquitetônicos. Atualmente, o Inventário de Bens Imóveis do Patrimônio Cultural do Município de Curitiba conta com 592 imóveis catalogados, enquanto o Inventário do Patrimônio Moderno de Curitiba destaca outros imóveis relevantes para a compreensão da arquitetura mais contemporânea da cidade. No que tange à legislação, a proteção do patrimônio edificado em Curitiba é respaldada pela Lei 14.794/2016, que trata dos instrumentos do Inventário e do Tombamento. A Fundação Cultural, em colaboração com o Comissão de Avaliação do Patrimônio Cultural (CAPC) e o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (CMPC), desempenha um papel ativo na implementação dessas diretrizes. Além disso, no âmbito estadual e federal, a Coordenação do Patrimônio Cultural (CPC), pertencente à Secretaria de Estado da Cultura (SEEC) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), respectivamente, desempenham papéis cruciais na proteção e preservação do patrimônio cultural em Curitiba e no Estado do Paraná. 8

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SOU PROPRIETÁRIO E/OU RESPONSÁVEL POR UM EDIFÍCIO INVENTARIADO OU TOMBADO, POSSO VENDER, ALUGAR OU USAR O IMÓVEL COMO EU QUISER? Sim, o imóvel poderá ser vendido, alugado e plenamente utilizado. É um mito acreditar que a partir da proteção por meio de tombamento ou inventário, o imóvel passa a ser propriedade do poder público. Os proprietários seguem tendo a tutela dos edifícios. O uso de edifícios inventariados ou tombados é bastante incentivada, visto que para a preservação do patrimônio edificado e para a dinâmica urbana é muito mais interessante que os edifícios estejam em uso pleno. Assim, são melhor cuidados e não geram vazios urbanos e lugares abandonados. POSSO TROCAR TELHAS QUEBRADAS, REFORMAR OU MUDAR ALGUMA COISA NO EDIFÍCIO? Pode trocar as telhas que estiverem quebradas sim, mas com critério e bom senso. As ações de conservação e manutenção são sempre bem-vindas para a preservação de edificações antigas. Então, se observar algumas telhas quebradas, alguma infiltração de água, algum sinal de presença de cupim, alguma janela ou porta emperrada, é importante executar consertos, porém, sem alterar os elementos, com o máximo respeito aos materiais e técnicas construtivas existentes. Outras intervenções de maior porte, precisam de autorização, como as descritas a seguir, descritas na legislação municipal específica: INTERVENÇÃO DE MANUTENÇÃO Caso o edifício estiver precisando de uma pintura externa, a substituição de telhas ou a substituição de esquadrias, é importante verificar as orientações do Setor de Patrimônio Histórico do IPPUC e da CAPC. Há tipos de tintas que são incompatíveis com as superfícies de reboco antigas. Há tipos de telhas que não podem ser utilizadas em sistemas de cobertura antigos. Nesse caso, é importante verificar todas as etapas necessárias para a Intervenção de Manutenção (Reforma Simplificada). INTERVENÇÃO DE REABILITAÇÃO OU DE RESTAURO Se o edifício precisar de mudanças mais radicais, como a recomposição da cobertura ou alguma alteração de sua composição interna, será necessário elaborar previamente um projeto arquitetônico para a Intervenção de Reabilitação ou Intervenção em Restauro. CADERNO EXPLICATIVO

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INTERVENÇÃO NOVA O projeto arquitetônico também será necessário caso a ideia seja construir uma edificação nova no mesmo terreno da edificação antiga considerada UIP ou tombada. A maior parte dessas intervenções, desde a elaboração do projeto até a execução da obra devem ser de autoria e responsabilidade técnica de profissionais formados em Arquitetura e Urbanismo1. A depender das intervenções necessárias, haverá demanda para o envolvimento de outros profissionais – restauradores, engenheiros, historiadores, arqueólogos, sob a coordenação de arquitetos. PUBLICIDADE Os edifícios classificados como UIPs podem ter uso comercial e nesses casos é necessário atentar para os padrões de publicidade que podem ser instalados em suas fachadas. É necessário a aprovação da CAPC e da SMU para a instalação de placas nas fachadas. APROVAÇÃO DE PROJETOS Os projetos para a execução de intervenções de restauro nos edifícios cadastrados como UIPs tem caráter diferente dos projetos arquitetônicos para edificações novas. Eles demandam duas etapas anteriores à definição da proposta para o maior conhecimento da edificação que será objeto da execução da obra de restauro, conforme o esquema na página ao lado. A aprovação desses projetos específicos ocorre em duas instâncias distintas: a primeira relativa às intervenções de restauro, passando pela análise do Setor de Patrimônio Histórico do IPPUC e da CAPC e a segunda relativa aos parâmetros definidos pela legislação urbana, com análise da Secretaria Municipal de Urbanismo. Proprietários, responsáveis ou profissionais que estiverem elaborando projetos e tiverem dúvidas específicas referentes ao seu imóvel, poderão agendar horário para atendimento na CAPC, por meio do Plantão Técnico (Agenda Online) ou poderão consultar pessoalmente o Setor de Patrimônio Histórico do IPPUC. 1 NO S I T E D O C O N S ELHO D E A R Q U ITE TU R A E U R B A NIS M O ( C A U ) É P O S S ÍV E L C ONSULTAR O B ANC O D E D AD OS SOB RE OS PROFIS S I O N A I S Q UE AT UA M EM C U R ITIB A , NA A B A A C H E U M A R Q U ITE TO . H T T P S:/ / AC HEUM ARQ UI TETO. C AUB R. GOV. B R/

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LEVANTAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DO BEM - Relatório de Pesquisa Histórica - Levantamento Arquitetônico - Relatório fotográfico

DIAGNÓSTICO - Mapeamento de Danos - Identificação de estado de conservação

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO - Memorial Descritivo - Projeto Gráfico - Maquete Volumétrica

Mais informações sobre cada uma dessas etapas, pode ser encontrada no documento Manual de Intervenção em Imóveis Integrantes do Inventário de Bens Imóveis do Patrimônio Cultural do Município de Curitiba.

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TEM INCENTIVO PARA PRESERVAR AS EDIFICAÇÕES ANTIGAS?

Preservar edificações antigas contribui para a valorização da identidade cultural de uma região, por isso, é de interesse público sua preservação. Assim, municípios e os demais entes federativos incentivam proprietários para a conservação dessas edificações especiais.Entre os incentivos disponíveis, destacam- se três importantes, no âmbito do município de Curitiba: IPTU, Potencial Construtivo e as leis de incentivo à cultura. IPTU O IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) é um dos instrumentos fiscais que pode ser utilizado para incentivar a preservação de edificações antigas. Em Curitiba, a legislação permite a solicitação anual por parte dos proprietários para a redução do imposto para imóveis considerados como Patrimônio Histórico e Cultural. POTENCIAL CONSTRUTIVO As UIPs são imóveis que possuem restrição de ocupação do lote, visto que deverão ser preservadas na íntegra e em sua ambiência. O município de Curitiba prevê o incentivo para que os proprietários possam utilizar o potencial construtivo do lote da UIP no mesmo lote ou em outro lote. Esse potencial construtivo também pode ser vendido pelos proprietários do imóvel, gerando recursos para a preservação do edifício antigo. Todas essas operações deverão ser autorizadas pela Prefeitura Municipal de Curitiba, conforme a legislação vigente. LEIS DE INCENTIVO À CULTURA As leis de incentivo à cultura podem desempenhar papel estratégico no contexto de preservação do patrimônio edificado. No âmbito municipal, a Lei Municipal de Incentivo à Cultura (PAIC) é gerida pela Fundação Cultural de Curitiba e todos os anos lança editais para o mecanismo do Mecenato Subsidiado, com abrangência da temática do Patrimônio Cultural, que podem abarcar projetos de preservação do patrimônio edificado. 12

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No Estado do Paraná, o Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (PROFICE) representa uma fonte adicional de recursos para iniciativas culturais, incluindo a preservação de edificações antigas. A legislação é gerida pela Secretaria de Estado da Cultura e, normalmente, abre editais a cada dois anos. No âmbito federal, o Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC) e o Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura (SALIC), que abrangem a Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet, são importantes ferramentas que abrangem projetos culturais em todo o país, proporcionando recursos significativos para a preservação do patrimônio. O sistema federal é contínuo, portanto, recebe a inscrição de novos projetos durante boa parte do ano. Assim, a combinação desses incentivos – seja através do alívio fiscal, benefícios de construção ou apoio financeiro direto por meio das leis de incentivo à cultura – demonstra um compromisso conjunto em reconhecer, valorizar e preservar as edificações antigas que desempenham um papel vital na construção da identidade cultural e histórica de uma comunidade.

EXEMPLO DE PROJETOS INCENTIVADOS

Patrimônio Cultural Edificado da Região Metropolitana de Curitiba. (Catálago 1977 • 2016/2022) https://abre.ai/catalogormc

Plataforma de Comunicação sobre o Patrimônio Cultural de Curitiba e Região Metropolitana. https://www.nossopatrimonio.org/

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GLOSSÁRIO CAPC: Câmara Técnica do Patrimônio Cultural Edificado e Paisagem Urbana - Órgão vinculado à Secretaria Municipal de Urbanismo de Curitiba responsável por analisar e deliberar sobre questões relacionadas à preservação do patrimônio cultural em Curitiba. CMPC: Conselho Municipal do Patrimônio Cultural - Entidade vinculada à Fundação Cultural de Curitiba que atua proteção do patrimônio cultural da cidade de forma colegiada, com representantes do poder público e da sociedade civil. CPC: Coordenação do Patrimônio Cultural - Setor responsável pela gestão e coordenação das ações voltadas à preservação do patrimônio cultural em âmbito estadual ou municipal. FCC: Fundação Cultural de Curitiba - Instituição dedicada ao desenvolvimento e apoio de atividades culturais, incluindo a preservação do patrimônio cultural na cidade de Curitiba. IPHAN: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Órgão federal brasileiro responsável pela preservação do patrimônio cultural em nível nacional. IPPUC: Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba - Entidade municipal responsável pelo planejamento e desenvolvimento urbano em Curitiba. PMC: Prefeitura Municipal de Curitiba - Órgão executivo responsável pela administração e governança do município de Curitiba. SEEC: Secretaria de Estado da Cultura - Órgão estadual que coordena as políticas culturais em nível estadual, incluindo a preservação do patrimônio cultural. SMU: Secretaria Municipal de Urbanismo - Órgão municipal responsável pelo planejamento urbano e gestão do espaço urbano em Curitiba. UIP: Unidade de Interesse de Preservação - Edificações consideradas patrimônios culturais que fazem parte do Inventário de Bens Imóveis do Patrimônio Cultural do Município de Curitiba.

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CONCEITOS 1. Bens Materiais: Refere-se a objetos físicos, como edificações, monumentos, esculturas, pinturas e artefatos, que têm valor cultural e histórico. 2. Monumentos Históricos: São estruturas notáveis e representativas de uma determinada época, local ou evento, que desempenham um papel crucial na preservação da memória coletiva. 3. Sítios Arqueológicos: Áreas que contêm vestígios de atividades humanas antigas, proporcionando insights valiosos sobre civilizações passadas e modos de vida. 4. Estilos Arquitetônicos: Representam as características distintivas e estilísticas aplicadas à construção de edifícios em períodos específicos da história, como o gótico, renascentista ou modernista. 5. Conservação e Restauração: Envolvem práticas para manter a integridade física dos bens materiais, equilibrando a preservação autêntica com intervenções necessárias para combater o desgaste natural. 6. Inventário do Patrimônio Cultural: Uma compilação detalhada de bens materiais, proporcionando uma base documental para a gestão e proteção do patrimônio. 7. Leis de Preservação: Regulamentações que visam proteger e conservar o patrimônio cultural material, muitas vezes incluindo restrições ao uso e alterações das estruturas. 8. Educação Patrimonial: Iniciativas para promover o entendimento e o apreço pelo patrimônio cultural, envolvendo a comunidade na preservação e na transmissão de conhecimento às gerações futuras. 9. Valor Cultural e Identidade: Os bens materiais não são apenas testemunhos históricos, mas também expressões da identidade de uma sociedade, refletindo suas crenças, tradições e conquistas. 10. Turismo Cultural: A visitação a locais de patrimônio cultural material como forma de apreciação estética, aprendizado histórico e contribuição para o desenvolvimento econômico local.

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11. Expressões Orais e Tradicionais: Narrativas, lendas, contos populares, músicas e cantos que são transmitidos oralmente ao longo das gerações, contribuindo para a riqueza cultural de uma sociedade. 12. Práticas Ritualísticas e Festivais: Rituais, cerimônias e festivais que têm significado cultural profundo, muitas vezes associados a crenças religiosas, ciclos agrícolas ou eventos históricos. 13. Conhecimentos Tradicionais: Saberes transmitidos de geração em geração, como práticas agrícolas, medicina tradicional, métodos artesanais e técnicas específicas, que refletem a relação de uma comunidade com seu ambiente.

INFORMAÇÕES INSTITUIÇÕES Fundação Cultural de Curitiba (FCC) - Diretoria de Patrimônio Cultural - Endereço: Rua São Francisco, 319, São Francisco, Curitiba-PR, CEP 80020-190. - Telefone: (41) 3233-6982 - Site: http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) — Setor de Patrimônio Histórico Edificado - Endereço: Rua Bom Jesus, 669, Curitiba-PR, CEP: 80035-010. - Telefone: (41) 3250-1414 - Site: http://www.ippuc.org.br Coordenação do Patrimônio Cultural — Secretaria de Estado da Cultura (SEEC) - Endereço: Rua Bruno Filgueira, 850 (Casa Gomm), Batel, Curitiba-PR, CEP 80440-220. - Telefone: (41) 3312-0416 - Site: https://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/ Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) - Endereço: R. José de Alencar, 1808 - Juvevê, Curitiba-PR, CEP 80040-070. - Telefone: (41) 3264-7971 - Site: https://www.gov.br/iphan/pt-br 16

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Igreja Casa dos Arcos Casa dos Gerânios

MAPA 01 - ADAPTADO COM LEGENDA CORRELACIONANDO AO PORTAL DE SANTA FELICIDADE PELA ADPCC, À PARTIR DO LIVRO ARQUITETURA DO IMIGRANTE ITALIANO.

Mais conteúdo como este? CASA DOS GERÂNIOS Instagram: @casadosgeranios Facebook: @casadosgeranios Site: https://casadosgeranios.com.br/

CADERNO EXPLICATIVO

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A CASA DOS GERÂNIOS O VERDADEIRO PORTAL DO BAIRRO ITALIANO SANTA FELICIDADE, EM CURITIBA A imigração italiana em Santa Felicidade celebrou 145 anos em 2023, marcando definitivamente as relações entre os povos europeus e americanos, brasileiros e italianos. Esta ponte étnica está em nosso cotidiano, na língua, tradições, genealogias e, finalmente, na paisagem cultural, como a Casa dos Gerânios, que representa uma das primeiras marcas italianas significativas no território curitibano. Construída no final do século XIX, foi a primeira edificação imponente do bairro e está ligada à chegada das primeiras 15 famílias italianas na localidade. A Casa dos Gerânios é uma Unidade de Interesse de Preservação do Município de Curitiba, como Patrimônio Histórico Edificado, listado na categoria de Arquitetura Eclética. A história da Casa dos Gerânios mescla também a saga da família Boscardin em Curitiba. A tradição profissional dos Boscardin representa significativa contribuição aos aspectos culinários da cidade, durante o século XX, por meio das atividades de moagem, em especial o milho branco, base da gastronomia típica (polenta). Atualmente, o imóvel está passando por uma série de ações com o objetivo central de revitalização social e cultural, e o projeto gráfico deste caderno foi ambientado a partir das pinturas parietais reveladas no processo de preservação e restauração da Casa dos Gerânios. Dessa maneira, o patrimônio cultural edificado guarda alta capacidade de memória, tanto arquitetônica, como urbanística, mas principalmente social, refletindo as diversas gerações de pessoas que com ele se relacionaram ao longo da história. Preservar para coligar gerações. 18

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[FOT O] M U RO D A P RA Ç A VI A VE N E T O Q UE ES TAMPA DES TAQ UE PARA CAS A DOS GERÂNIOS .


Projeto realizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba.

INCENTIVO

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