Saoremosetembro2013

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São Remo

www.eca.usp.br/njsaoremo

Outubro de 2013 ANO XX nº 6

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Notícias do Jardim

E o São Remano continua esperando... ... por atendimento médico para as crianças e por transporte público para chegar ao trabalho.

Comunidade págs 5 e 6

Mulheres

Sexo é o negócio: moradora investe no comércio erótico pág. 10

Esportes

Outras modalidades despertam o interesse dos moradores JULLYANNA SALLES

pág. 11

Papo-reto

Saiba o que fazer para Sem poder pagar por integração, a solução é enfrentar filas por ônibus para trabalhar evitar o abuso policial pág. 7

MARINA YUKAWA

São Remano

Brincadeiras e distribuição de brinquedos alegraram as crianças dia 12 pag. 8


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Notícias do Jardim São Remo Outubro de 2013

debate

“Não deveriam ter cantadas. Deveriam respeitar a mulher” PRISCILA PAIVA, MORADORA DA SÃO REMO

Cantada divide opiniões A posição de homens e mulheres varia entre assédio e elogio Fernanda Magalhães Mariana Miranda Uma pesquisa publicada pelo site Olga em setembro de 2013, devido a campanha “Chega de Fiu Fiu”, contra o assédio sexual à mulheres em locais públicos, reabriu o debate sobre essa prática. Foram entrevistadas 7762 mulheres, que relataram onde já ouviram cantadas e como ocorreu esse processo. Os depoimentos são diversos, variando de casos de agressão física a adjetivos escutados nas ruas. O jornal Notícias do Jardim São Remo debateu com alguns moradores da comunidade sobre aspectos discutidos pela pesquisa e fez a 50 mulheres do local as mesmas perguntas realizadas pelo Olga. Entenda o que elas pensam sobre o assunto. Das 50 mulheres entrevistadas na São Remo, 24 delas acreditam que receber cantadas é algo legal. Já 26 delas não gostam da prática. “É falta de respeito. Tanto os homens quanto as mulheres mais ousadas são responsáveis pelas cantadas. Quando passa uma menina mais bonita, eles mexem com aquele palavreado horrível: ‘gostosa’. Mas tem mulher que gosta” diz Adriana de Cás-

São Remo

sia Pereira. Quando abordados sobre cantadas, alguns moradores apresentaram outra opinião: “Depende da cantada. Tem mulher que gosta e mulher que não gosta. Mas que mulher não gosta de um elogio? Só tem que ser conveniente. Não passa de um elogio. A vida continua. Mas na balada é diferente. As pessoas estão lá para conhecer novas pessoas”, diz Peterson da Paixão Godoy. Não são todas as mulheres que enxergam as cantadas como elogios. Algumas delas não deixam barato quando escutam algo que as faz sentir ofendidas. “Tava passando na rua e chupando um pirulito. Ai um homem falou: quero chupar o seu pirulito. Ai eu disse: ali é 25 centavos. Ele respondeu: não, quero o da sua boca”, diz Maria Eduarda da Silva. A jovem faz parte das 12 sãoremanas entrevistadas na comunidade que respondem às cantadas que escutam. As outras 38 não respondem, algumas por medo e outras por simplesmente não se importarem com a cantada. Quando perguntadas se já foram xingadas por dizerem “não” ou ignorarem as cantadas, 9 delas responderam que já passaram por situações como essas, onde foram agredidas verbalmente.

OPINIÃO

Desrespeito ou gentileza? Amanda Manara Passar na rua e receber um elogio é algo que divide opiniões das mulheres. A campanha intitulada “Chega de Fiu-Fiu” foi lançada justamente para debater essa ideia. Assim como na questão do estupro, em que as mulheres muitas vezes são culpadas pelas roupas que usam, com o assédio também pode acontecer isso. Uma mulher que passa na rua de shorts ou saia geralmente recebe muito mais cantadas do que uma que passa de calça. Se realmente fosse um elogio à beleza da mulher, este seria feito independentemente da roupa que ela está usando. Mas se for um elogio às partes do corpo que estão à mostra, como as coxas, por exemplo, é de se pensar se a mulher não está sendo tratada como um pedaço de carne, conduta machista que pode levar a crimes como agressão e estupro, e que precisa, urgentemente, de um fim. Até porque as mulheres devem ter o direito de andarem na rua vestidas como quiserem, sem serem desrespeitadas. Outra questão a ser levantada é: porque na maioria das vezes, são os homens que abordam as mulheres na rua, e não o contrário? Isso é outro reflexo da sociedade machista em que vivemos, onde alguns homens se acham no direito de tratar as mulheres como bem entendem. E não é isso que toda a luta das mulheres de anos, por igualdade de direitos busca. Essa luta busca também igualdade de tratamento e respeito de ambas as partes, independente do gênero.

Notícias do Jardim

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Publicação do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Reitor: João Grandino Rodas. Diretora: Margarida Maria Krohling Kunsch. Chefe de departamento: Mayra Rodrigues Gomes. Professores responsáveis: Dennis de Oliveira e Luciano Guimarães. Edição, planejamento e diagramação: alunos do primeiro ano de jornalismo. Secretária de Redação: Amanda Manara. Secretária Adjunta: Pâmela Carvalho. Secretário Gráfico: Sérgio de Oliveira. Editora de Imagens: Beatriz Krieger. Editor Online: Humberto do Amaral. Editores: André Meirelles, João Henrique Silva, Marcela Campos, Mirella S. Kamimura, Murilo Carnelosso, Stella Bonici. Suplemento infantil: Luís Viviani, Vinícius Crevilari. Repórteres: Bianca Caballero, Bruna Eduarda Brito, Daniel Muñoz, Fernanda Magalhães, Fernando de Freitas, Gabriel Carvalho, Giovana Feix, João César Diaz, Jullyanna Salles, Marcelo Grava, Mariana Miranda, Marina Yukawa, Nina Turin, Quéfren Moura, Stefan Andrade, Verônica Mendes, Victória Pimentel, William Nunes. Correspondência: Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443 - Pédio 2. Cidade Universitária, CEP 05508-020. Fone: 3091-4112. E-mail: saoremo@gmail.com. Impressão: Gráfica Atlântica. Edição Mensal: 1500 exemplares.


“O meu feminismo é simples: ele quer lutar para que as mulheres tenham mais opções de escolha” JULIANA DE FARIA JORNALISTA E CRIADORA DO BLOG OLGA

Outubro de 2013

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Notícias do Jardim São Remo

entrevista

Uma reação feminina diante do assédio Pesquisa feita pelo blog Olga estimula o diálogo entre vítimas dessa violência cotidiana A jornalista Juliana de Faria causou rebuliço ao publicar em seu blog, o Olga, uma pesquisa a respeito das cantadas de rua no Brasil. Aqui, ela fala sobre o blog, a campanha Chega de Fiu-Fiu contra o assédio nas ruas, e as repercussões de seu trabalho. Como começou o blog Olga? Não senti que eu tinha muito espaço para falar das coisas que queria, nas revistas femininas. Muitas vezes, mesmo como leitora, eu me sentia frustrada por sempre me deparar com assuntos que não estavam falando comigo. Quando eu saí das revistas vi que a maneira de eu conseguir falar sobre o que eu queria era fazer um blog. Você considera o Olga um blog feminista? Completamente. Qualquer pessoa que tenha entrado nesse debate, sobre a mulher ter um pouco mais de dignidade de andar na rua, não está fazendo nada a não ser defender ideias feministas. Mas como o feminismo ganhou uma imagem feia, as pessoas querem cada vez

mais distância dessa palavra. Nós temos que primeiro tentar mudar isso, para depois explicar que feminismo não quer dizer que a mulher é melhor que o homem. Quer dizer a igualdade entre gêneros. O meu feminismo é simples: ele quer lutar para que as mulheres tenham mais opções de escolha. 17% das entrevistadas, na Chega de Fiu-Fiu, e 50% delas, na pesquisa do NJSR, afirmaram gostar de cantadas. Na sua opinião, qual é o motivo disso? Talvez seja muito simplista dizer que as mulheres precisem disso para o “ego”. Mas eu acho que, se a gente puder explicar de maneira mais profunda, são mulheres que cresceram e se acostumaram a enxergar o valor delas não como mulheres, não como pessoas, mas apenas como um objeto visto por homens. Então, por isso, elas encontram seu valor nessa cantada, apesar de ela às vezes ser grosseira. Depois desse tempo de experiência e convivência com o assunto, qual você diria que é a diferença entre a mera cantada e o assédio?

ARQUIVO PESSOAL

Giovana Feix

Acho que a diferença entre uma coisa e outra está no respeito: é você entender se pode entrar no espaço de alguém ou não. Eu gosto de fazer esse paralelo: você falaria “oi, bom dia, gostosa” para sua chefe? Você não falaria, não é? Ela provavelmente ficaria irritada, e talvez te mandaria embora. Então por que fazer isso com uma mulher desconhecida na rua? Você pretende organizar debates com o público? Fiz uma pesquisa, mostrei os dados brutos, mas vou continuar. Tenho algumas ações também no “mundo real”, porque eu acho que isso é muito importan-

te. Não dá para ficar só discutindo no Facebook. Mas acho que o começo já foi efetivo. Quando a gente entende que isso é um problema, começa a descobrir esse poder que não tinha, porque achava que era uma coisa que acontecia só com a gente; tinha vergonha de falar; tinha medo. Quando a gente começa a falar sobre isso e as mulheres começam a dar seus depoimentos, a gente estimula as pessoas a pensar em uma possível mudança. Veja a íntegra no site www.eca.usp.br/njsaoremo

Cenas da São Remo BRUNA EDUARDA BRITO

BRUNA EDUARDA BRITO

WILLIAM NUNES


4 Notícias do Jardim São Remo Outubro de 2013..

comunidade

“Eu não imaginava essa quantidade de gente torcendo pelo nosso time” ADRINAO SOBRAL, MORADOR DA SÃO REMO

Uma nova equipe Sons da São Remo Cipotânea FC ganha título no Jardim D´Abril

Aves e moradores compartilham espaços

É com as comemorações abertas à comunidade e com o clima O Cipotânea F.C. é a mais nova “família” entre torcedores e jomania dos moradores da comuni- gadores, que o time vem condade São Remo. Com apenas seis quistando os moradores da São meses de existência, o time já ga- Remo. “Todo mundo vai no nhou três taças, conquistou torce- jogo deles, mesmo quando é dores fiéis e é um dos clubes mais fora da comunidade”, diz a moconhecidos entre os são remanos. radora Viviane Cardoso. No domingo passado, dia 13 Ela também afirma que as de outubro, o Cipotânea con- crianças são apaixonadas pelas quistou a taça da 8ª Copa do Tio camisetas que o Cipotânea lanPedro. A partida final foi con- ça, e sempre querem todas. tra o time Area Verde, que era o “Eu não imaginava essa quanatual campeão do torneio, reali- tidade de gente torcendo pelo zado no bairro Jardim D’Abril. nosso time”, diz Adriano SoA festa de comemoração do tí- bral, mais conhecido como Pitó. tulo foi realizada na rua CipotâA paixão é tanta que o joganea, que dá nome ao time. A rua dor do time Thiago Irineu fez é também onde cresceu a maio- até um rap em homenagem à ria dos jogadores da equipe. nova equipe do São Remo.

João Cesar Diaz

Bruna Eduarda de Brito

ESSOA IVO P ARQU

Os entrevistados do NSJR afirmaram que a São Remo é especial: “Acordo todos os dias com a cantoria deles, e olha que eu nem tenho nenhum aqui em casa” disse uma moradora. E ainda, segundo eles, ao serem perguntados sobre a origem desse costume no bairro, responderam sem hesitar: “Isso é coisa de nortista. Tinham muitos de onde vim. Aprendi com meu pai em Sergipe, Alagoas”. Quando questionados de onde os passarinhos vêm, os que os criam explicam que, na sua maior parte, são apanhados por lá mesmo. “Tem que tomar cuidado para não catar os que estão em extinção pelo IBAMA, senão, além de perder os bichinhos, também pode se levar multa”, afirma um morador que não quis se identificar. Inclusive, em razão disso, o melhor, quando possível, para não se correr o risco de perder os papagaios e passarinhos de gaiola, é procurar registrá-los seguindo o “Cadastro de Criadores Amadoristas de Passeiformes ” registro oficial do IBAMA.

JOÃO CESAR DIAZ

L

ARQU

IVO P

ESSOA

L

BRUNA EDUARDA BRITO

No sentido horário: Confraternização do time; atletas com a taça; comemoração do título no bairro

Nenhum canto do Jardim São Remo escapa do canto dos passarinhos. Por toda comunidade, gaiolas se penduram pelos mais variados estabelecimentos e casas. Cada qual com seu pequenino habitante a ostentar penas com as mais variadas cores.

Dificuldades A redação do NJSR, em princípio, teve dificuldade de conseguir informações dos entrevistados. Ressabiados, tinham medo de que talvez, ao dar a entrevista, fosse se dar meio para perder seus passarinhos. De início, estranho, mas de fácil compreensão, visto que, numa cidade como São Paulo, onde milhares de pessoas não têm acessos à cultura e lazer. As pessoas se apegam de tal forma a seus animais como uma maneira de abrandar a solidão e as preocupações cotidianas. Elas procuram algo que as ajudem a lidar com a violência do dia a dia, característico dos centros urbanos. Registrar essa cena de integração com a natureza, embora esses animais estejam aprisionados, foi fruto de temor e de desconfiança. Entretanto, após troca de papo e esclarecimento do propósito da presença do jornal ali, os moradores sentiram-se mais à vontade para discorrer sobre seus animais de estimação.


..Outubro de 2013 . Notícias do Jardim São Remo 5

comunidade

“Não vou no HU porque lá demora pra conseguir passar e nunca dá pra marcar” ANTÔNIO LUIZ JESUS SILVA, MORADOR DA SÃO REMO

Posto da região dificulta atendimento infantil Pais ainda desconhecem abrangência dos serviços de saúde disponíveis para os pequenos Moradores da São Remo têm apontado dificuldades de acesso a serviços de saúde para as crianças nas unidades básicas de saúde da região. Além disso, são remanos reclamam da burocracia no processo de marcação de consultas, demora para agendar atendimento ou retorno para os filhos e revelam estresse e cansaço decorrentes de longas esperas. Para os moradores, uma das principais opções quando necessitam levar os filhos ao pediatra para consultas periódicas é o Centro de Saúde Escola Samuel Barnsley Pessoa (CSESBP), conhecido como “Posto Butantã”, localizado na Vital Brasil. Muitos são remanos que fazem uso dos serviços do CSESBP elogiam o atendimento médico prestado aos seus filhos. Esta é a opinião de Antônio Luiz Jesus Silva,

pai de Ágata, 3: “Não tenho que reclamar dos médicos do ‘postinho’. Sempre que vamos lá somos bem atendidos. Não vou no HU porque lá demora pra conseguir passar e nunca dá pra marcar. ” No entanto, a maioria dos ouvidos pelo NJSR reclamou de dificuldades para conseguir marcar consultas simples e mostrou pouco conhecimento acerca dos tipos de atendimento ou programas de saúde realizados pelo CSESBP. Alguns pais esperam meses por uma data disponível para passar com o pediatra, mesmo quando seus filhos precisam de retorno. Assim, acabam dependendo de possíveis “encaixes”, que minimizem o tempo de espera. Márcia Meira, mãe de Ana Beatriz, de 3 anos, conta que levou a filha ao CSESBP há um mês, mas só conseguiu marcar retorno para ela daqui a seis meses. “É difícil marcar consulta lá no postinho. A Bia precisa voltar, mas

só vai daqui a seis meses. Eu espero conseguir um ‘encaixe’ antes, porque é muito demorado assim.” Uma outra moradora, que não quis se identificar, confirma as dificuldades para marcar consultas. Segundo ela, “para conseguir a gente precisa tentar um ‘encaixe’ e ficar lá o dia inteiro com a criança esperando. É muito difícil e cansativo. O atendimento é bom, mas só quando a gente insiste muito.” O CSESBP possui o “Projeto São Remo”, que contempla a comunidade com assistência mais direcionada a uma população de risco, abrangendo todas as especialidades da Atenção Primária. Para diminuir as problemáticas destacadas pela população, o CSESBP criou o projeto “Porta Rápida”, com objetivo de diminuir o tempo de espera para o atendimento a demandas administrativas e, consequentemente, minimizar o estresse vinculado à espera pelos usuários.

QUÉFREN DE MOURA

Quéfren de Moura

Antônio com sua filha, Ágata O cidadão tem o direito de pedir informações básicas para que receba um atendimento de qualidade, num prazo adequado às suas necessidades. Para mais informações, o telefone do CSESBP é 3061-8578. O e-mail para contato é csesbp@usp.br e o site é http://www.fm.usp.br/cseb/.

Órgãos públicos dizem não saber de obra na São Remo Antigo prédio da Sabesp, pertencente à USP, passa por reformas mas seu destino é incerto Veronica Mendes Uma construção situada na Rua Baltazar Rabelo, aparentemente abandonada, passa por reformas, porém seu destino ainda é incerto. O terreno pertence à USP, mas era antes utilizado pela Sabesp. Parte do lugar está vazia, com exceção de alguns prédios abandonados. Os portões estão fechados a cadeado. Atualmente, há obras em andamento. Segundo um res-

ponsável pela segurança do local, há previsão para a construção de uma AMA (Assistência Médica Ambulatorial) ali. Os órgãos públicos não possuem nenhuma informação sobre o destino do terreno. A Subprefeitura do Butantã afirmou não ser responsável por qualquer construção no local. A Coordenadoria Regional de Saúde Centro Oeste desconhece a obra. De acordo com Francisco Xavier de

Carvalho, supervisor técnico de saúde, não há projetos de construção de AMAs ou outros centros de saúde na comunidade, ou no restante da região. Moradores da SR não foram informados sobre o assunto. Ao serem questionados alegaram desconhecer a finalidade das obras ou a autoridade responsável por elas. É prevista por lei a colocação de placa indicativa, constando: endereço completo da obra, data de

seu início e término, nome da empresa, junto ao CNPJ e endereço, nome do engenheiro responsável e seu registro no CREA, valor da obra e sua finalidade, entre outros dados. Porém, no terreno não há maiores detalhes sobre a obra em andamento. Uma placa no portão informa que a área está “destinada para atendimento à saúde da comunidade”. Não é possível identificar o órgão responsável pela obra nem seu objetivo final.


6 Notícias do Jardim São Remo Outubro de 2013..

comunidade

“Se tem gente trabalhando, tem que ter ônibus” MARIA ODETE RODRIGUES, MORADORA

Situação de ônibus e metrô é precária Os principais problemas enfrentados todos os dias pelo usuário de transporte público em SP Jullyanna Salles A média de passageiros de ônibus por dia útil na capital paulista chega a 9,6 milhões, segundo a Prefeitura de São Paulo. O são remano participa ativamente desta estatística, já que o transporte público é o principal serviço utilizado por ele. Dos vários pontos que precisam ser melhorados, destacam-se os mais importantes. Maria Odete Rodrigues, moradora da São Remo, reconhece que a estação de metrô Butantã próxima à comunidade foi uma melhora, mas que não é suficiente: “O metrô ajudou bastan-

te, mas não é todo mundo que pode pegar, fica mais caro”. Ela explica que normalmente o vale transporte pago pelas empresas não cobre a integração ônibus-metrô, assim se o trabalhador quiser usar os dois serviços deve sustentar parte dos custos, comprometendo sua renda. A moradora aponta outro problema: o horário de circulação dos ônibus. Alega que muitas pessoas saem do trabalho tarde e que têm dificuldade para conseguir conciliar estes horários com o das últimas saídas do transporte coletivo, conclui que: “se tem gente trabalhando, tem que ter ônibus”.

Mais uma reclamação recorrente é a feita pela comerciante Elane Moura de Freitas: “Tem muito motorista que não respeita”. A são remana relata que é comum o ônibus não parar quando o sinal é dado por idosos ou cadeirantes. Diz também que é possível notar certa falta de responsabilidade destes profissionais quando não dirigem com cuidado ou promovem brigas de trânsito com outros motoristas, “acabam colocando em risco as pessoas que estão dentro do ônibus”, afirma. Em 20 de Setembro foi implementado um serviço chamado Corujão na metrópole. Trata-se

de um projeto da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) que torna cinco das linhas intermunicipais disponíveis em período integral na capital paulista durante as sextas-feiras e aos sábados. A disponibilidade de todas as linhas de ônibus em período integral não faz parte dos planos de governo estadual ou municipal, de acordo com as metas dos governantes atuais. Desta forma, não há previsão para um completo sistema de transporte público disponível vinte e quatro horas por dia na capital de São Paulo.

Aposentados da SR continuam na ativa Empregos informais são a saída para idosos complementarem a renda e continuarem ativos O número de idosos no Brasil cresce. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) entre 2001 e 2011, a quantidade de brasileiros com 60 anos ou mais atingiu 55%. A expectativa de vida também aumentou: é em média 74 anos. Também aumentou o número de aposentados que continuaram trabalhando. Muitos deles ainda são responsáveis por sustentar a família ou a si mesmos. Maria das Dores, 65 anos, trabalhou durante 45 anos, mas ainda não pode parar. “Eu vendo essas coisinhas para ajudar no salário”, diz Maria, que colabora para o sustento da casa e de seus dois netos.

O dinheiro da aposentadoria costuma não suprir as necessidades básicas do idoso. É o caso da são remana Carmelita Francisca da Cunha (Anita), de 69 anos. Assim como Maria das Dores, Anita tem um comércio que complementa sua renda, “Aposentadoria não dá pra viver”, afirma. O trabalho também ajuda os idosos a se manterem ativos. Ondina Ferreira, 86 anos, ajuda a cuidar da quitanda de sua filha. Essa atividade ajuda a exercitar sua memória “lembro de todo mundo que compra fiado, ninguém me passa a perna”, garante Ondina. O idoso também precisa estar atento à sua saúde física. Praticar atividades como caminhada, natação e alongamento, ajuda a fortale-

BRUNA EDUARDA BRITO

Bruna Eduarda Brito

Apesar da idade, Maria das Dores não para: passa o dia no seu comércio cer os músculos. Além disso, previne doenças como hipertensão, osteoporose e diabetes. Maria afirma se sentir mais disposta após começar a caminhar. O

exemplo veio de seu pai, “ele tem 97 anos e levanta cedinho para caminhar na Cidade Universitária”. Seguindo esse exemplo, outros idosos viverão cada vez mais.


..Outubro de 2013 . Notícias do Jardim São Remo 7

É extremamente necessário que todo caso de excesso ou abuso de poder seja denunciado

papo reto

Abusos policiais ainda são frequentes Pelo menos três casos de violência contra cidadãos são enviados diariamente à Ouvidoria Denúncias de abusos recebidas na Ouvidoria - Polícia Civil e Polícia Militar - 1° Semestre 2013

Como denunciar Por telefone: 0800-177070 (das 9h às 17h) Por carta: Rua Japurá, 42 - Bela Vista - São Paulo - SP - CEP: 01319-030 Pessoalmente: No endereço acima, das 9h às 15h Por e-mail: ouv-policia@ouvidoria-policia. sp.gov.br Formulário: www.ouvidoria-policia.sp.gov.br

Gabriel Carvalho Você deve conhecer alguém que já sofreu violência policial, não é mesmo? Ou, talvez, você mesmo foi a vítima? Você sabe para quem denunciar? Infelizmente, é de conhecimento de todos que alguns policiais se aproveitam da farda para abusar de seu poder, principalmente dentro das comunidades. O cidadão fica impotente diante de policiais agressivos, até porque qualquer reação contra a agressão pode ser motivo para os policiais alegarem desacato e, quem sabe, até te prenderem. Só no primeiro semestre desse ano, foram registrados mais de 470 casos de abusos policiais – enquanto o número de elogios foi inferior a 130 -, segundo o relatório da Ouvidoria da Polícia

do Estado de São Paulo. Para se ter uma ideia, isso corresponde a mais de 3 casos de abuso por dia. Ainda assim, há inúmeras pessoas que não denunciam por medo de serem descobertas e acabarem sendo mais prejudicados ainda. A abordagem correta Apesar de serem frequentes, ainda não há muita clareza sobre o que é excesso em uma abordagem policial. Primeiramente, o policial deve se identificar ao abordar qualquer pessoa. Se ele não fizer isso, repare na identificação com o nome dele na farda. Seus documentos podem ser solicitados apenas para averiguação e não podem ser apreendidos, exceto em caso de suspeita de falsificação. Nesse caso, é dever do oficial fazer um registro do que foi apreendido. Além disso, você

não pode ser preso por não portar seus documentos. O policial tem direito de revistar você ou seu automóvel, mas não tem direito de te constranger – seja com gestos ou palavras. Revistas íntimas só podem ocorrer em delegacias ou lugares adequados; mulheres só podem ser revistadas por mulheres. A polícia só pode entrar em sua casa de manhã e com um mandado judicial, exceto em casos que você mesmo libera a entrada ou em casos de emergência. Você não pode ser preso por suspeita ou para averiguação. Prisões só podem ser feitas com mandado judicial ou em situações de flagrante. Denunciar é importante A Ouvidoria é responsável por receber e encaminhar as denúncias e reclamações, acompa-

nhando e cobrando da Corregedoria que se tenha agilidade nas investigações. Por não ter ligação com as estruturas policiais, é um órgão totalmente independente e que garante o sigilo da denúncia. Para denunciar, é interessante reunir o maior número de informações possível: local, data, horário, nome dos policiais, se são civis ou militares, número ou placa da viatura, entre outros. Quanto mais informações, mais chances do caso ser resolvido. É extremamente necessário que todo caso de excesso ou abuso de poder seja denunciado. Somente assim os casos poderão ser investigados e punidos. Dessa forma, teremos cada vez menos casos de violência ou abuso de autoridade, que atingem principalmente a população da periferia.


8 Notícias do Jardim São Remo Outubro de 2013..

são remano

“A festa é uma coisa que não dá para deixar de fazer” FATINHA, ORGANIZADORA DA FESTA

Festa das crianças chega à 20ª edição MARINA YUKAWA

A criatividade dos organizadores superou a falta de doações na comemoração deste ano

A celebração contou com atividades recreativas no palco e prêmios Marina Yukawa A tradicional festa de dia das crianças da São Remo, organizada por Rosa de Fátima dos Santos (Fatinha), aconteceu no sábado, 12/10, na Avenida São Remo. A comemoração começou à tarde e

foi até a noite com diversas atividades e apresentações de música e dança. Neste ano, a festa contou com brinquedos infláveias, como pula-pulas e piscina de bolinha, além de recreação no palco, distribuição de brinquedos, lanches e do esperado bolo de metro.

No palco, os animadores Wagner Antônio de Oliveira, Luciano Farias dos Santos e Andréa Aparecida Santos comandaram a farra dos pequenos que participavam de brincadeiras de “vivo ou morto”, “dança das cadeiras”, contação de piadas, cirandas, entre tantas outras. As crianças dançavam e cantavam animando a festa, e todos que subiam ao palco saíam com brinquedos e doces como prêmio pela participação. As principais atrações da festa foram a bateria da escola de samba Tom Maior, os grupos musicais Samba Loco, Mais Estilo, Doce Pegada e Luz do Luar, os MC’s Bruninho, Japa e Lídio e o grupo de capoeira Baraká. Alguns grupos são da própria comunidade.

Os brinquedos infláveis e as atividades para as crianças no palco foram as grandes novidades desta edição, alternativas pensadas para que se conseguisse superar as poucas doações arrecadadas. “Esse ano consegui pouca doação. A maioria dos brinquedos que estão vindo, quem comprou fui eu”, afirmou Fatinha. Entre os doadores estão alguns moradores da própria São Remo, além de alunos da Escola Politécnica da USP (Poli). Os organizadores do evento se mobilizaram para que ele acontecesse, ainda que houvesse uma falta de brinquedos, porque, como a própria Fatinha comentou, a festa “é uma coisa que não dá para deixar de fazer”.

PERFIL

Fatinha, organizadora da festa das crianças na SR Moradora antiga, ela sonha com mais projetos sociais e celebrações para a comunidade Rosa de Fátima dos Santos, a Fatinha, é a principal responsável pela festa do Dia das Crianças da São Remo. No ano de 1994, junto com sua irmã, Fatinha resolveu fazer um “bolinho” para a criançada comemorar o dia. Desde então, a celebração aumentou e acabou se tornando tradição nos dias 12/10. Natural de Jaú, cidade do interior paulista, Rosa de Fátima veio para São Paulo aos 8 anos de idade. Moradora antiga da comunidade, a “tia” simpática e

sorridente conta que sempre gostou de ajudar as pessoas. Além da festa das crianças, ela também comanda a ONG “Amas de Leite”. Fundado antes da festa – há tanto tempo que Fatinha nem sabe dizer – o projeto distribui leite para crianças e idosos. Mesmo com o trabalho bem sucedido, Fatinha quer aumentá-lo. Busca, agora, ajuda de algum órgão do governo para conseguir um espaço físico maior. A ideia é fazer um trabalho mais específico com crianças e adolescentes. Em relação aos projetos sociais que já existem na São Remo, ela

não poupa elogios e críticas. Para o Pamplona, por exemplo, diz que “tira o chapéu”. Mas lamenta que outros, como o Alavanca, encontrem dificuldades para manter-se em atividade. Sempre rodeada de crianças, Fatinha soa tranquila e otimista mesmo nos raros momentos em que faz alguma crítica. Mas não esconde o orgulho quando comenta o crescimento da festa das crianças ao longo dos anos. Sobre projetos futuros, ela conta que planeja fazer um almoço de Natal (a partir de 2014) e talvez uma festa no Dia das Mães.

MARINA YUKAWA

Marcelo Grava

Fatinha comanda a festança E pede que eventos culturais e de lazer recebam mais destaque. “As coisas boas quase ninguém divulga”, lamenta.


..Outubro de 2013 . Notícias do Jardim São Remo 9

são remano

“Já fiz pedidos e deu certo. É a fé da gente né?” MARIA HELENA ALVES SANTANA DEVOTA DE NOSSA SENHORA

As donas da festa A fé na São Remo MARINA YUKAWA

Diversão toma conta de crianças e adultos

Como é vista a religião entre os moradores William Nunes

Festa de todos: evento teve presença de crianças com e sem deficiência Marina Yukawa O dia das crianças é um dos dias mais esperados por todos que gostam de farrear, seja criança ou adulto. E na São Remo a data é mais aguardada ainda por causa da comemoração organizada por dona Fatinha. O dia é tão especial que os pequenos se preparam, alguns até se fantasiam, para aproveitar as brincadeiras. E todos puderam desfrutar a festa, inclusive a pequena Rita Vitória Rodrigues, 10 anos, que tem microcefalia e paralisia infantil. A menina foi ho-

Programação Cultural CEU Butantã

menageada e presenteada com um urso gigante de pelúcia. Até os pais puderam se divertir e lembrar de seus tempos de meninice. A festa de duas décadas marca a infância de gerações de moradores, como a de Viviane Santana, que disse: “Na primeira festa eu tinha 7 anos, agora eu estou com 27 e hoje vim com minhas filhas”. O evento da São Remo já tem muita história, e um desejo comum é que continue e se aperfeiçoe por muitos anos, para que todos sejam felizes para sempre, como num conto de criança.

Dentre todas as crenças dentro da São Remo, uma delas merece destaque: a religião evangélica ou, para algumas pessoas, o protestantismo. Ao caminhar pelas ruas da comunidade, é possível encontrar, pelo menos, seis igrejas deste tipo, além de um ponto de pregação. Este último é um local em que se presta auxílio para necessitados com problemas variados. O ponto é cuidado pela Irmã Célia, moradora antiga que, no começo, fazia pregações em sua própria casa, mas posteriormente começou um projeto maior a pedido dos frequentadores. Além do protestantismo, algumas outras religiões também são acessíveis para os moradores. Uma delas é a Umbanda, na casa de Everaldo da Silva (ou Pai Everaldo), que funciona do mesmo jeito que funcionava o ponto da Irmã Célia no começo. A religião católica também está presente e conta com um ponto dentro da São Remo e outro nos entornos. Fora dos seus arredores, a Paróquia de São Patrício é a mais próxima e fica a 15 minutos, ainda no bairro do Rio Pequeno. Segundo Iraci Mascarenha Abreu, fiel e moradora da

comunidade, lá é o único lugar onde podem ser realizados batismos, casamentos, velórios e missas de sétimo dia. Os devotos de Nossa Senhora Como em outubro se comemora o dia da Nossa Senhora Aparecida, no dia 12, o Notícias do Jardim São Remo saiu em busca de devotos dessa Santa. Nessa procura, encontramos a doméstica Maria Helena Alves Santana. Lena, como é conhecida, acompanha uma excursão realizada anualmente para a cidade de Aparecida, junto a outros moradores da comunidade. “Já fiz pedidos e deu certo”, diz. Desta vez ela fará uma segunda viagem para lá, ainda em outubro, não só por questões religiosas, mas também pela beleza do lugar. Já se tratando da única igreja católica encontrada dentro da São Remo, na Rua Aquianês, é tradicional celebrar uma missa para a Santa no domingo após o feriado. Na festa do Dia das Crianças, já aconteceram até apresentações teatrais homenageando Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. E em algumas das igrejas evangélicas, pela questão religiosa de não acreditarem em santos, o que fica mesmo é uma comemoração para os pequeninos.

Tarde Ação Rap - Shows e batalhas de MC’s

Circuito Paulistano de Skate Overall

Avenida Engenheiro Heitor Antônio Eiras Garcia, 1870

Sábado - 19/10 15h

Sábado - 26/10 9h às 18h

Tel: 3732 4549 / 3732 4550


10 Notícias do Jardim São Remo Outubro de 2013..

mulheres

“Esse é o meu sonho, sempre foi” VIVANE CRUZ CARDOSO, MORADORA DA SÃO REMO

Debaixo dos lençóis: o comércio erótico Entre vestidos e artigos eróticos, Viviane Cruz tira seu sustento e se destaca na comunidade A loja Vivi Modas, de Viviane Cruz Cardoso, abriu há apenas dois meses e fica na Rua Aquianés, no Jardim São Remo. Entretanto, seus produtos já chamam atenção: além de roupas femininas, a loja também vende roupas íntimas e artigos eróticos. Segundo ela, a ideia inicial era ter uma loja que fosse só um sex shop, mas depois decidiu vender mercadorias variadas. Mesmo assim, a maior parte das vendas da loja é de roupas íntimas e itens eróticos.

Viviane ainda afirma ter sofrido preconceito por ser considerada muito nova para ter um negócio próprio – ela tem apenas 21 anos. Outro motivo foi por querer investir todas suas economias em algo sem garantias de que daria certo. A demanda feminina tanto pela moda quanto pelo erotismo atraiu Viviane para o ramo. Apesar de reconhecer as dificuldades, ela não pensa em desistir e completa: “mesmo assim esse é meu sonho, sempre foi”.

Problemas enfrentados Mas como qualquer dono de um negócio próprio, Viviane também tem problemas. O maior deles é negociar com os clientes as formas de pagamento. Muitos pedem para comprar fiado, o que às vezes causa prejuízo para ela no final do mês. Outra dificuldade enfrentada é não possuir máquina para passar cartão. Viviane afirma que já fez o pedido da máquina, mas a instalação ainda não foi feita. Além disso, outra desvantagem é o salário depender do quanto se vende, e isso varia por mês. NINA TURIN

O empreendimento Viviane começou trabalhando em lojas de roupa e de calçados como atendente. Na profissão de vendedora, encontrou a chance de trabalhar para si mesma e de estar junto ao público, o que sempre quis. “Meu sonho sempre foi trabalhar para mim mesma. Nunca gostei de trabalhar para ninguém.” e completa: “sempre trabalhei com público. Nossa, eu adorava. Eu me identificava muito, então eu pensei: eu preciso ter o meu próprio negócio”. Ela também diz que trabalhar como atendente a ajudou a ter experiência nesse mercado. Depois, Viviane começou a vender roupas em sua casa. Fez economias suficientes junto com seu marido, Wagner Rodrigues Soares, e conseguiu abrir um negócio próprio na São Remo. Segundo ela, a ajuda de Wagner foi essencial para a realização do seu sonho: “ele viu que eu queria muito abrir a loja e pediu as contas. Com o dinheiro que ele rece-

beu, eu abri a loja para mim. Ele via que eu queria tanto, e ele decidiu que me ajudaria”.

Viviane arruma seus manequins

Filhos atrapalham a carreira? Segundo uma pesquisa da companhia de recrutamento Catho, 53% das profissionais com filhos deixam o mercado de trabalho para se dedicar à criança. Destas, 18,6% não voltam ao trabalho. Porém, para Viviane, o nascimento de sua filha foi um incentivo a mais para sua carreira: “me ajudou porque tudo o que eu dou para ela até hoje é devido ao meu trabalho. Foi um incentivo”. Sex Shop Viviane teve a ideia de vender produtos eróticos ao frequentar sex shops. Ela percebeu que esse tipo de item vendia muito. E garante: “eu tenho clientes que falam que o marido deixa de comprar o que for no final do mês, mas tem que ter o dinheiro das coisas que eles usam” - se referindo aos artigos eróticos. Alguns deles ficam expostos na loja e outros são encomendados através de catálogos. Viviane optou por esse esquema pela grande quantidade de crianças frequentando a loja, e também porque a

BRUNA EDUARDA BRITO

Nina Turin

Os sucessos nas vendas da loja venda de produtos mais caros é mais segura se for feita sob encomenda. Entre os mais vendidos, estão as chamadas “bolinhas explosivas”, que servem como lubrificante vaginal, além de pomadas e vibradores. Quando perguntada sobre o preconceito em relação a esse tipo de comércio, Viviane confirma: “tem pessoas que não gostam e ficam criticando”, e completou: “algumas pessoas nem conhecem, acho que é por isso que ainda existe preconceito”. Ainda segundo Viviane, a loja é mais frequentada por mulheres do que por homens. Porém, independentemente disso, ela sempre procura deixar os clientes a vontade, explicando como utilizar os artigos e dando conselhos. Ela também afirma que alguns clientes se sentem envergonhados na hora de comprá-los, mas outros, já têm costume: “Tenho cliente fiel aqui já, que sempre encomenda as coisas”.

Passe lá Vivi Modas R. Aquianés, 98 – Jd. São Remo São Paulo – SP


..Outubro de 2013 . Notícias do Jardim São Remo 11

“A televisão influencia muito nos esportes praticados no país” ALEXANDRE AUGUSTO DE SÁ, EDUCADOR SOCIAL DO CIRCO ESCOLA

esportes

São Remanos buscam outros esportes Falta de estrutura e incentivos são as principais dificuldades para atletas da comunidade O futebol é a grande paixão nacional. Para uma partida, por vezes basta um terreno baldio, enquanto esportes como vôlei e basquete exigem uma estrutura mais complexa. Isso mantém as pessoas mais distantes de tais modalidades. Além disso, a constante presença do futebol na mídia faz com que o interesse por esse continue grande. Alexandre Augusto de Sá, educador social do Circo Escola, afirmou perceber que as crianças querem praticar o que veem na televisão. Campeonatos de diferentes esportes chamam a atenção delas, mas a presença constante do futebol ainda causa grande influência. Isso fica claro, se considerarmos que ao perguntar a jovens da

VICTÓRIA PIMENTEL

Bianca Caballero

comunidade de 8 a 13 anos quais esportes mais gostam de praticar, o futebol foi na maioria dos casos a primeira e única resposta. Entretanto, logo descobrimos que há são remanos que também se interessam por outras modalidades. Gideone Manuel do Nascimento faz parte do projeto social Ski na Rua. Esse já existe há um ano e possui 12 membros, os quais praticam roller ski, uma adaptação do ski normal com rodinhas. Para conseguir treinar os participantes usam a USP, mas apenas aos finais de semana por conta da quantidade de carros, vão ao Parque Villa Lobos e chegam a viajar para São Carlos. Indagado sobre que espaços de treinamento faltam na comunidade Gideone fala da necessidade de uma pista de skate, já que a São Remo pos-

sui muitos skatistas e reforça que “para o futebol tem os campos”. Outra modalidade diferente que possui praticantes na comunidade é o atletismo. Gilvan Manuel do Nascimento, 27, treina desde os 13 e afirma que no atletismo “você depende de si mesmo”. Ele vem lutando para diminuir seus tempos e conseguir o difícil apoio do governo. Sobre o espaço que utiliza para treinar, ele afirma que o CEPE USP basta para os treinos, mas o acesso a esse às vezes é difícil. O atletismo é um esporte que também vem sendo incentivado no Circo Escola da São Remo. Alexandre Augusto de Sá afirmou que no começo as crianças resistem a praticá-lo, pois querem jogar bola, mas com o tempo conhecem melhor as modalidades e começam a se interessar.

Jogadores contestam calendário da CBF O movimento Bom Senso F.C. busca reformular ritmo desgastante do futebol brasileiro Daniel Muñoz O novo calendário para o futebol em 2014 liberado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) causou reação de vários atletas de grandes clubes brasileiros. Estes atletas se reuniram no que se chamou de Bom Senso F.C., um movimento para reivindicar a mudança do calendário esportivo de maneira a garantir férias e pré-temporada para os atletas. Existe uma ameaça de greve dos jogadores deste grupo caso suas reivindicações não sejam

atendidas pela CBF. Eles alegam que esta pouca disponibilidade de tempo de preparo para as partidas diminui a qualidade do esporte oferecido para o público. Outras questões que o movimento trata são da representação dos jogadores nas diretorias e comissões técnicas dos clubes e do fair play financeiro, que seria uma medida que impediria clubes que contraíssem dívidas com os jogadores de participarem de jogos oficiais, uma medida muito parecida está funcionando na Europa desde 2009. Foi levantada também a questão

de colocar um máximo de 7 jogos em um período de 30 dias e de dar um maior tempo entre campeonatos para permitir a recuperação e preparação dos jogadores. Os times muito pequenos, que por isso participam apenas dos campeonatos estaduais, acabam por estar em atividade por muito pouco tempo, deixando os jogadores presos a pequenos contratos de apenas 3 meses que dificultam sua qualificação como esportistas profissionais. Estes clubes também são prejudicados por este fator, pois ficando “para-

dos” por todo o resto do ano, dificilmente conseguem crescer e acabam presos à condição que estão. O movimento se reuniu com o presidente da CBF, José Maria Marin, sendo representado na reunião pelos atletas Cris (Vasco), Dida (Grêmio), Juninho Pernambucano (Vasco), Seedorf (Botafogo) e Paulo André (Corinthians). O movimento conta com o apoio de figuras de fora do mundo esportivo também, como o presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Wadih Damous.


12 Notícias do Jardim São Remo Outubro de 2013..

esportes

“Quer consagrar o Mariano?” TORCEDOR DO BARCELONA COBRANDO ATACANTE APÓS JOGADA PERDIDA

São Remo e Barça empatam na Copa SR Em partida muito disputada, o resultado foi decidido com gol contra no segundo tempo Em mais uma rodada válida pela fase de grupos da Copa São Remo disputada no dia 13 de Outubro, domingo, se enfrentaram dois times são remanos: São Remo e Barcelona. O jogo começou equilibrado mas logo aos cinco minutos o São Remo saiu na frente com um gol de cabeça do camisa 4, Mariano, melhor jogador em campo. O Barça buscou a reação partindo para o ataque ameaçando a meta do São Remo. Em dois lances perigosos, o Barça não perdeu tempo e conseguiu acertar a trave do São Remo, desperdiçando a chance de empatar o jogo. Em cobrança de escanteio, o time do São Remo quase conseguiu aumentar o placar mas a bola bateu caprichosamente na trave e foi para a fora. E assim, o primeiro tempo acabou com leve vantagem do São Remo.

VICTÓRIA PIMENTEL

Victória Pimentel

Disputa intensa foi a marca da partida entre as duas equipes na SR Na segunda etapa, após início de grande pressão por parte do Barça que, no entanto, não levou a nada, o São Remo voltou a equilibrar a partida na esperança de marcar mais um gol. Em momento apreensivo, um jogador do São Remo chocou-se com

o goleiro do Barça. O camisa 1 do Barcelona, contundido, ficou no chão por alguns minutos, esfriando o jogo na hora em que o adversário vinha pressionando mais. Porém, além de não garantir um segundo gol, o São Remo viu as

chances de sofrer um empate aumentarem novamente. Numa dessas, Mariano habilmente evitou um gol ao desarmar atacante do Barça na grande área. O jogo foi ficando tenso e as disputas de bolas cada vez mais acirradas. A insistência do Barça deu resultado e aos 22 minutos, em lance infeliz de Bahia, camisa 13 do São Remo, que ao tentar tirar a bola de sua área acabou marcando um gol contra de cabeça. Mesmo disputado e com chances para os dois lados, o jogo terminou empatado em 1 a 1.

COPA SÃO REMO 1º da Oeste 1x2 Morro FC Barça 1x1 São Remo Unidos do Ester 5x0 Havai Trilha 4x2 Poera Atlético 4x0 Nova Aliança

Em jogo tenso, Trilha vence Poera por 4x2 Poera disputa com raça, mas perde no final para a superioridade técnica do adversário Fernando Magarian Desde o início do jogo o Trilha criou mais, com bom toque de bola e jogadas rápidas no ataque. Logo aos nove do primeiro tempo abriu o placar com o atacante Carlos Alberto e, cinco minutos depois, Luis Rogério ampliou. Com jogadores habilidosos e rápidos, parecia que a equipe ia colocar na roda um Poera pouco ofensivo e pouco dinâmico. Mas sem desanimarem, os jogadores do Poera deram muita raça

em campo, disputando todas as bolas e, mesmo sem atacar muito, segurando as ofensivas do Trilha até o final do primeiro tempo, que acabou dois a zero. No início do segundo período, o Poera entrou revigorado e empatou a partida, com gol de Ezequiel aos dois minutos e de Rodrigo aos sete. Na jogada seguinte o Trilha marcou um gol impedido, e houve discussões com o juiz. A partida ficou mais tensa, mas com um novo ânimo do Poera,

também ficou mais disputada e emocionante. Os dois times atacavam, e o Trilha parecia um pouco perdido em campo. A marcação ficou mais forte, e houve contusões em entradas mais violentas, o que aumentou os desentendimentos entre jogadores adversários. Já perto do final da partida, um jogador do Trilha caiu sem bola na área, o que gerou muitas reclamações com o juiz e com os bandeiras. Com os jogadores nitidamente nervosos, prevaleceu a superiori-

dade técnica do Trilha no final do jogo, que aos vinte e oito minutos encaixou uma jogada e marcou o terceiro novamente com Luis Rogério. O time do Poera se perdeu em campo, e logo em seguida o defensor Ezequiel derrubou o atacante adversário na área, sendo expulso e discutindo muito com os companheiros, que reclamavam. O árbitro marcou o pênalti, que foi convertido pelo zagueiro Jota e definiu a partida em quatro a dois a favor do Trilha.


são reminho Parte integrante do Notícias do Jardim São Remo – outubro de 2013

reciclagem ajude a resgatar o cão reminho no jogo de tabuleiro! e mais: uma história em quadrinhos com o super remo enfrentando o dr. sujeira e seus monstrinhos!


JOGO DE TABULEIRO Galerinha, o mais novo vilão do Super Remo, o malvado Doutor Sujeira, sequestrou o Cão Reminho com a ajuda de seus terríveis monstrinhos. Ele ainda poluiu todas as ruas da São Remo com seu poder de “Raio do Lixo”. Só vocês podem ajudar a liberar o Cão Reminho nesse jogo de tabuleiro, e assim o fiel cachorro poderá encontrar nosso glorioso Super Remo e ambos vencerem esse desafio contra o mal. Quem entre você e seus amiguinhos chegará antes nessa corrida maluca?

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Regras do Jogo:

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6

Reciclar é transformar objetos usados em novos produtos para serem utilizados novamente. IO ÍC

IN

aa po demor m e t o t n a is Veja qu os materia d o ã iç s o decomp semanas 4 a 2 Papel: de e fósforos: Palitos d 6 meses tificado: s la p l e p Pa 5 anos de 1 a : 5 anos Chicletes anos Latas: 10 nos 0 a Couro: 3 lástico: p e d s n e Embalag 40 anos a 0 3 de mínio: lu a e d s Lata s 100 ano nos de 80 a e 100 a d a c r e c os Tecidos: .000 an 4 : s o r Vid finido e d n i : T PE Garrafas

FIM

1 – Pinte as bolinhas acima de acordo com a cor de sua preferêcia, recorte-as e escolha uma para ser seu jogador. Ou use botões de cores diferentes. 2 – Em seguida, recorte os números de 1 a 6 e embaralhe-os de cabeça para baixo. O número que você tirar é o número de casas que andará no jogo. Ou use um dadinho. 3 – O primeiro a chegar ao final liberta o Cão Reminho e vence o jogo. Boa Sorte.

Um monstrinho do Dr. Sujeira está no caminho. Volte Para o Começo.

Com uma vassoura, o lixo foi recolhido. Ande 3 casas.

Pneus pegando fogo atrapalham o caminho. Volte 6 casas.


s cidades têm e d n ra g s a is a m z e Cada v conseguir m e s e d a ld u c ifi d o encontrad de lixo. s to si ó p e d m re la a locais para inst presenta como a se m e g la ic c re a Portanto, correta. te n e lm ta n ie b m a o uma soluçã

Exemplos de Produtos Recicláveis – Vidro: potes de alimentos, garrafas, frascos de medicamentos. – Papel: jornais, revistas, folhetos, caixas de papelão, embalagens de papel. – Metal: latas de alumínio, latas de aço, pregos, tampas, tubos de pasta, cobre. – Plástico: potes de plástico, garrafas PET, sacos pláticos, embalagens e sacolas de supermercado.

Sofá jogado no meio da rua. Fique 2 rodadas sem jogar.

Foi derrubado lixo e chorume no chão. Volte 5 casas.

Lixo eletrônico é um obstáculo. Fique uma rodada sem jogar.

Você pegou uma bicicleta, que não polui o meio. Ande 4 casas.

Garrafas de vidro também sujam o meio ambiente. Volte 3 casas.

Para c recic olabora r l em 4 agem, o no proc esso lixo lat pape as difer é sepa de ra l, vid entes : me do ro e ta plás Cad tico. l, a lat a uma é repres cor d entad a ifere nte: por Pap Met el – Az al ul Vidr – Amare o lo Plás tico – Verde – Ve rme lho


uma batal

ha contra a su jeira Mas você não irá me deter!

Depois de libertar o Cão Reminho...

Meu fiel amigo, finalmente nos encontramos! Agora vamos deter o Doutor Sujeira!

Super Remo, achei que nunca chegaria até aqui! Hahaha!

Não, seu raio de sujeira não me vencerá, pois aprendi o significado da reciclagem!

E assim, mais uma vez a comunidade foi salva pelo Super Remo e pelo Cão Reminho!

FIM

O Super Remo, junto com o Cão Reminho, conseguiu derrotar o Dr. Sujeira, mas todos nós precisamos enfrentar esse inimigo no dia-a-dia! Seja um super herói você também: jogue lixo no lixo e, se possível, recicle!


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