São Remo - Maio/Junho de 2013

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São Remo

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Maio/Junho de 2013 ANO XX nº 3

distribuição gratuita

Notícias do Jardim

Recomeçar fora do “Recomeço”

Fotos: Igor Truz

Especialistas são contra a internação compulsória e apontam alternativas Mulheres

Papo Reto

Esportes

“Marcha das vadias” defende direitos iguais entre os sexos

Lei da Meia-Entrada passa por processo de mudança

Partidas decisivas dos Jogos da Cidade ocorrem na S. Remo

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Notícias do Jardim São Remo Maio/Junho de 2013

debate

“Esse programa significa a privatização do sistema público” GERALDO PEIXOTO, MILITANTE NA LUTA ANTIMANICOMIAL

Novo plano anti-drogas Cartão Recomeço: internar os dependentes é a solução? Breno França Thaís do Vale O governo de São Paulo lançou o “Cartão Recomeço” como parte da política pública de combate às drogas. A iniciativa visa atender cerca de 3 mil dependentes químicos em 11 cidades do estado e, por meio do cartão, repassar a clínicas particulares R$ 1350 mensais para cada usuário que aceitar submeter-se ao tratamento voluntariamente. A medida chamada pejorativamente de “bolsa crack” atenderá apenas maiores de idade, pois o Estatuto da Criança e do Adolescente não permite que estes sejam internados junto a adultos. A Secretaria de Desenvolvimento Social afirma que o Estado já gasta R$ 900 mil com aproximadamente 2 mil adolescentes e os valores com o novo cartão devem atingir R$ 4 milhões/mês. As clínicas que participarão do programa foram selecionadas segundo critérios como estrutura, formas de tratamento e localização geográfica. A internação pode durar, no máximo, seis meses.

Legislação – Segundo o mestrando Ivan de Franco, a lei aplicável aos dependentes não é específica. Logo, a análise para a internação compulsória é feita, caso a caso, por um juiz. Em entrevista concedida ao NJSR, a Clínica Grand House explicou que seu tratamento dura quatro meses e começa com um estudo de caso para compreender o paciente. Dentro da clínica, os remédios são utilizados para amenizar os efeitos da abstinência, na tentativa de estabelecer horários e uma rotina. Porém, há muitos críticos ao tratamento que se procede em algumas comunidades terapêuticas que privam o paciente do convívio social. Geraldo Peixoto é militante da luta antimanicomial e já teve seu filho internado em um hospital psiquiátrico. Ao conhecer a realidade, optou por retirá-lo do local e tratá-lo em um Centro de Atenção Psicossocial. Ele afirma: “As clínicas funcionam da mesma maneira que um hospital psiquiátrico, pois prendem as pessoas e as sedam, criando uma espécie de ‘camisa de força química’. Esse programa significa a privatização do sistema público de saúde”. Igor Truz

Conselho Regional de Psicologia de SP é contrário à internação compulsória

São Remo

O pini ã o

Prisões químicas e concretas Gabriel Lellis

Não é segredo de nenhum paulistano o fato de que hoje a questão das drogas é um ponto complicado na vida da cidade. O número de dependentes químicos tem crescido rapidamente. O aumento da quantidade de jovens usuários também assusta. Sem saber como agir, as autoridades propõem a internação como única forma de tratamento. O “Programa Recomeço”, criado pelo governo do estado, é mais um exemplo do incentivo à internação compulsória. Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos: “toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie”. O dependente químico antes de tudo, é alguém que necessita de apoio familiar e social. “Acorrentá-lo” a uma clínica apenas prejudica sua reinserção na sociedade e dificulta o tratamento. Em seu conto “Um convite à liberdade”, a poeta Cecília Meireles sintetiza o desejo de todos aqueles que estão presos; impossibilitados de viver plenamente: “Ser livre é ir mais além: é buscar outro espaço, outras dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É não viver obrigatoriamente entre quatro paredes” – Este é o mesmo anseio de todos os usuários que buscam tratamento. Querem ser livres, não só das drogas, mas também das prisões impostas a eles.

Notícias do Jardim

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Publicação do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Reitor: João Grandino Rodas. Diretora: Margarida Maria Krohling Kunsch. Chefe de departamento: Mayra Rodrigues Gomes. Professores responsáveis: Dennis de Oliveira e Luciano Guimarães. Edição, planejamento e diagramação: alunos do primeiro ano de jornalismo. Secretário de Redação: Gabriel Lellis. Secretária Adjunta: Maria Pedote. Secretária Gráfica: Yasmin Rivelli. Editor de Imagens: Mauro Barbosa. Editora de Arte: Ana Luísa Abdalla. Editora Online: Ana Carla Bermúdez. Editores: Anaís Motta, Ana Carolina Leonardi, Fabíola Costa, Igor Truz, Rafael Bahia, Sara Baptista. Suplemento infantil: Juliana Meres,Thaís Matos, Thiago Quadros. Repórteres: Ana Carla Bermúdez, Arthur ALeixo, Arthur Pinto da Silva, Breno França, Bruna Larotonda, Carolina Shimoda, Dimitrius Dantas Pulvirenti, Gabriela Romão, Giovana Bellini, Helena Rodrigues, Isabelle Almeida, Júlia Pellizon, Maria Alice Gregory, Maria Beatriz Melero, Otávio Nadaleto, Pedro Passos, Thaís do Vale, Thiago Neves Dias, Victória Salemi. Ilustrações: Maria Alice Gregory, Rafael Marquetto. Correspondência: Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443-Bloco A. Cidade Universitária CEP 05508-990. Fone: 3091-1324. E-mail: saoremo@gmail.com Impressão: Gráfica Atlântica. Edição Mensal: 1500 exemplares.


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entrevista

“A internação compulsória uma forma de desaparecer com o que incomoda a sociedade” Fernando kinker

“Recomeço” é a privatização da saúde Fernando Kinker defende tratamento cotidiano e humanizado para usuários de drogas Igor Truz

Giovana Bellini Professor da Universidade Federal de São Paulo, Fernando Kinker é Terapeuta Ocupacional e atuou no início da década de 1990 na implantação da rede de serviços comunitários de saúde mental na cidade de Santos. Recentemente, como consultor do Ministério da Saúde, apoiou o processo de construção de casas para acolher pessoas abandonadas em hospitais psiquiátricos.

Manifestação antimanicomial

NJSR – Qual é a sua opinião sobre a internação para tratamento de pessoas que sofrem de transtornos psíquicos? FK – As internações psiquiátricas foram durante muito tempo a única oferta de atendimento e fizeram com que muitas pessoas se tornassem moradoras de hospitais psiquiátricos, sendo abandonadas pelas famílias. As pessoas com sofrimento psíquico grave e suas famílias precisam de apoio contínuo, voltado para as necessidades do dia a dia, sempre visando a participação deles na sociedade. Pode ser oferecido por serviços comu-

nitários que trabalham em equipes formadas por profissionais diversos, que devem desenvolver propostas de atendimento, construindo um vínculo de confiança. Devem também conhecer a vida dessas pessoas, onde moram, por onde circulam, e fazer um trabalho de apoio à inserção social. Esses serviços, chamados de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), também podem acolher as pessoas quando elas não estão bem para ficar em casa. Isto é muito melhor que a internação, porque trabalha com as causas do problema, oferecendo um apoio efetivo às neces-

. sidades de cada um. A internação simplesmente não resolve, ela apenas significa que não se está dando o apoio cotidiano que a pessoa que sofre e sua família necessitam.

Qual é sua opinião sobre a política de internação compulsória para usuários de crack promovida pelo governo estadual? Além de negar o direito à liberdade, ela tem demonstrado que não resolve, pois muitas pesquisas indicam que a maioria das pessoas que saem dessas internações logo volta às drogas. Se a pessoa não estiver disposta, nenhuma mudança ocorrerá. Com uma rede de apoio, como o CAPS, casas de recolhimento transitório e consultórios de rua, fica mais fácil para o dependente químico encontrar sentido em modificar sua relação com as drogas. A política de internação compulsória serve apenas como uma forma de desaparecer com o que incomoda a sociedade. O que o senhor pensa sobre o “Programa Recomeço”? Ao invés de criar uma rede de serviços comunitários que pos-

sa estar perto dos dependentes, a proposta os afasta da sociedade e financia com recursos públicos clínicas de caráter duvidoso, que na maioria das vezes forçam os sujeitos a se submeterem a determinada religião, e a passarem por situações de constrangimento. O Conselho Federal de Psicologia fez uma avaliação das comunidades terapêuticas no Brasil e comprovou que na maioria ocorre violência física e psicológica. Esse tipo de tratamento não cuida das pessoas, não resolve o problema do uso de drogas, e representa sim uma forma de privatização da saúde pública. O governo poderia apoiar os municípios com recursos para a implantação de CAPS e outros serviços, contribuindo para a melhoria da condição de vida. Se os usuários recebessem R$ 1350,00 para gastar com suas despesas, mudariam sua relação com as drogas, pois a miséria contribui para o uso prejudicial. Veja a íntegra no site www.eca.usp.br/njsaoremo

Cenas da São Remo JULIANA MERES

JULIANA MERES

MAURO BABOSA JÚNIOR


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comunidade

Resolução ambígua gera dúvida sobre qual deve ser a ação policial na cena do crime

Indecisão sobre norma gera polêmica em SP Interferência na ação de PMs perante vítimas de ocorrências graves é anulada, mas volta a valer Gabriela Romão

O que diz a norma? Nas ocorrências referentes a lesões corporais graves, os policiais deverão: • acionar, imediatamente, a equipe do resgate, SAMU ou serviço de emergência local; • preservar o local até a chegada da perícia, zelando para que nada seja alterado, a não ser pela atuação da equipe de resgate.

Diante da situação, o juiz Marcos Pimentel, da 4ª Vara da Fazenda Pública, atendeu a um pedido do Ministério Público e, em 14 de maio, suspendeu a norma. A decisão não agradou: um dia depois, o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivan Sartori, aprovou uma liminar que anulava a suspensão e a regra aprovada em janeiro voltou a ter validade. “Em defesa da vida” Com a polêmica, o secretário de Segurança Pública, Fernando

São Remo Pergunta

MARIA ALICE GREGORY

As decisões tomadas na última semana sobre a norma que supostamente impede policias militares de socorrer vítimas de crimes graves, como tentativas de homicídio e latrocínio (roubo seguido de morte), reacenderam o debate em torno da questão em São Paulo. A resolução foi aprovada no início de janeiro pela Secretaria de Segurança Pública visando evitar a alteração da cena do crime por policiais e qualificar o atendimento às vítimas, que só poderiam ser socorridas por serviços especializados, como o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). No entanto, a regra gerou problemas. Alguns PMs deixaram de prestar ajuda médica a feridos nas ruas, priorizando o chamado de bombeiros ou profissionais do SAMU, como manda a norma. A Secretaria foi acusada de dar mais importância à preservação de cena do crime do que ao direito à vida.

Grella Vieira, escreveu um artigo para o jornal Folha de São Paulo, no dia 19. No texto “Em defesa da vida”, afirma que a norma não proibe o policial de prestar socorro às vítimas, apenas prioriza o atendimento especializado. Além disso, o secretário assegura que se o resgate não chegar a tempo ou estiver indisponível, “é evidente que ele [o policial] pode e deve prestar os primeiros socorros, sob orientação da equipe médica, a ser dada por rádio ou telefone” e que “deve ser leva-

do em conta, como é óbvio, a avaliação da gravidade do ferimento, a ser feita pela equipe de socorro considerando as informações passadas pelos policiais”. Fernando também diz que nada na norma proibe o policial de transportar a vítima para onde possa receber atendimento médico, se achar necessário. Ele termina o texto garantindo que “a resolução contribuí para a defesa da vida” e que, se não fosse assim, os organismos federais não a aprovariam. Aquilo que a norma não diz... A resolução realmente não proíbe os policiais de prestar socorro às vítimas de crimes graves. Porém, é válido lembrar que a norma não aponta as condições em que seria permitido ao policial realizar a ajuda médica, nem cita detalhes sobre a atuação dele em caso de problemas com o resgate especializado, baseando-se muito no bom-senso policial e nas condições particulares de cada crime.

Envie suas dúvidas para saoremopergunta@gmail.com As questões são respondidas pelo subprefeito do Butantã, Luiz Felippe de Moraes Neto

Um veículo é considerado abandonado depois de quanto tempo na rua? Qual o procedimento para a sua remoção?

Em quais áreas da vida civil uma subprefeitura pode atuar mais intensa e rapidamente?

O veículo é considerado abandonado depois de 5 dias. O procedimento começa com o recebimento da denúncia. São feitas duas vistorias: a primeira verifica a situação de abadono e fixa uma notificação no veículo sobre a irregularidade. Se o carro permanecer lá, fazemos uma segunda vistoria, que gera um relatório com informações e fotos. O próximo passo é identificar o proprietário junto ao Detran, Copom, Cepol ou Distrito Policial. Ele é notificado e intimado para retirada em 20 dias. Se não for encontrado, pelo correio, publica-se um edital intimando-o para retirada do veículo em 30 dias. Se existir alguma ordem judicial sobre o veículo, será informada ao Juiz. Após 90 dias, caso o veículo não seja retirado, será levado a leilão.

São atribuições das subprefeituras planejar e executar os sistemas locais, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Plano Estratégico da Cidade; atuar como indutoras do desenvolvimento local, implementando políticas públicas a partir dos interesses manifestos pela população; facilitar o acesso aos serviços públicos, tornando-os mais próximos dos cidadãos; fiscalizar o cumprimento das leis em suas respectivas regiões administrativas; convocar audiências públicas para tratar de assuntos de interesse da região; promover ações visando ao bem-estar da população local, especialmente quanto à segurança urbana e defesa civil.


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“Vão tirando nossa terra aqui e ali, daqui a pouco deixam a gente na rua só com os móveis” helena silvestre, do movimento luta popular, durante a assembleia

Notícias do Jardim São Remo

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comunidade

Assembleia volta à questão da creche Com o terreno da antiga Sabesp disponível, o tema é novamente levantado na comunidade OTÁVIO NADALETO

Falta de estrutura em foco na SR

Bruna Larotonda A Assembleia de Moradores da São Remo ocorreu em 18 de maio, no Circo-Escola e discutiu em especial a falta de creches na comunidade e o antigo terreno da Sabesp.

Segundo dados levantados pela equipe do Aproxima-Ação, a demanda existe desde 1998, e piora com o aumento do número de crianças. Além disso, o fechamento do Girassol também contribuiu para intensificar o problema. Assim, está em andamento uma pesquisa a respeito da quantidade de crianças e gestantes que moram na comunidade e precisam da creche. Na Assembleia, foram destacados quatro fatores fundamentais que motivam e dão suporte à reivindicação: há muitas crianças que ficam em casa porque não encontraram vagas nas creches mais próximas; alguns pais têm altos

gastos com transporte escolar para manter os filhos em creches mais distantes; o projeto de construção da creche na São Remo já existia e já havia sido aprovado em 2007, apesar de não ter sido posto em prática pela falta de espaço disponível; hoje, o terreno da antiga Sabesp, localizado dentro da comunidade, encontra-se desativado e inutilizado. Destaca-se ainda que, apesar de o terreno pertencer à USP, é necessário o envolvimento e a união dos moradores para que eles consigam conquistar esse direito e decidir a melhor solução a ser tomada. Assim, se não houver cola-

boração, acredita-se que as reivindicações da comunidade ficarão cada vez mais restritas. Foram levantadas também durante a discussão algumas questões secundárias, como o problema do lixo, também antigo e recorrente, o debate sobre a possibilidade de construção de um ecoponto nas proximidades e as dificuldades dos moradores do Riacho Doce. Neste sábado, 25 de maio, a comunidade promove o Forró da SR, festa a ser realizada em frente ao antigo terreno da Sabesp para integrar os moradores e promover maior conhecimento e debates a respeito do tema.

Projeto de rádio engatinha na São Remo Formato incerto e falta de equipamentos dificultam a evolução da iniciativa comunitária Otávio Fernandes Nadaleto Moradores da São Remo tentam criar uma rádio comunitária local em parceria com estudantes da USP. Além de universitários, são parte do grupo de idealizadores alguns dos responsáveis pela Associação de Moradores, pela quadra esportiva e pelo Sarau da Remo. O plano surgiu há dois meses, mas só foi possível realizar duas transmissões até o dia de hoje, sendo a última delas há quinze dias. Com o estilo “Rádio Poste” (isso é, com o sistema de som voltado para as ruas), ela envolveu, durante o dia todo, cerca de 800 pessoas em sua última atividade. Hoje, as reuniões para a discussão do projeto costumam ocorrer

na sede do Projeto Alavanca e da Associação de Moradores. Caso tudo dê certo, a programação deve tornar-se semanal e seguir a mesma linha das anteriores: ter duração de três horas e trazer informações dividas em blocos. Um deles será voltado para a população de bolivianos do local, outro para discutir os problemas relativos a creches, mais um para tratar do esporte da região, outro para o falar das questões envolvendo o Riacho Doce e um último bloco que envolve os problemas gerais da São Remo. Como sede do projeto, o grupo quer utilizar uma das salas disponíveis da Associação. Eles pretendem, de início, fazer programas cooperativos, com debates e

informações voltadas a todos os segmentos da comunidade. Estuda-se, também, se a programação será “ao-vivo” ou se contará com reproduções de programas gravados e com espaço para músicas. Outro tema ainda não definido é se a rádio deve manter seu formato ou tornar-se uma Webradio. Existem, porém, problemas que dificultam a concretização do projeto. A burocracia para a criação desse tipo de veículo de comunicação atrapalha, bem como o custo para mantê-lo no ar. Ainda, a falta de equipamentos impede que a ideia avance com a velocidade que os idealizadores gostariam. Para tentar viabilizá-la, o grupo aceita a doação de computadores. Além disso, planeja-se fazer um roda de

samba com o grupo “Inquilinos do Universo” no feriado de corpus christi para arrecadar dinheiro para bancar a estrutura.

Contribua com a ideia! A Rádio Comunitária aceita doações de computadores e equipamentos eletrônicos nos seguintes endereços: Associação de Moradores do Jardim São Remo Rua Aquianes, 35, Butantã Centro Acadêmico Lupe Cotrim Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Cidade Universitária Centro de Estudos Geográficos Capistrano de Abreu Av. Prof. Luciano Gualberto, 315, Cidade Universitária


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comunidade

As crianças são as maiores lesionadas por acidentes domésticos

Acidentes dentro de casa podem ser graves 75% das lesões em idosos atendidos na rede pública são resultado desse tipo de ocorrência Acidente doméstico, conforme definido pela OMS (Organização Mundial de Saúde), é todo acontecimento causal independente da vontade humana que se dá nas imediações da residência. Isso ocorre, principalmente, devido ao descuido das pessoas em relação a detalhes que poderiam evitar tais ocorrências. Os grupos mais suscetíveis são as crianças e os idosos, os quais têm uma sensibilidade maior à, por exemplo, traumas causados por quedas. As crianças são as maiores lesionadas por acidentes domésticos, como indica uma pesquisa recente feita pelo Ministério da Saúde. Cerca de 140 mil são internadas por ano em hospitais da rede pública por causa desse tipo de acidente. Dentre os motivos freqüentes estão: quedas, afogamentos, choques elétricos, asfixia e ingestão de medicamen-

tos. Apesar do último levantamento, feito pelo mesmo órgão no período entre 2000 e 2010, afirmar que houve queda de 31% dos casos de mortes por

acidentes domésticos, a população ainda não está preparada para lidar com esse tipo de emergência. Por isso, o Corpo de Bombeiros aconselha que os pais ou responCuidado com o piso molhado no banheiro!

Atente-se ao óleo quente e ao vazamento de gás

MARIA ALICE GREGORY

Júlia Pellizon

Preste atenção a fios elétricos e lajes sem proteção Cuidado para não tropeçar!

sáveis tomem cuidado com a movimentação de crianças pequenas, que normalmente sofrem quedas na tentativa de descer do berço ou subir em móveis altos. Além disso, objetos cortantes, medicamentos e produtos de limpeza não devem ficar acessíveis a esse público. Em relação aos idosos, as quedas são as principais causas de acidentes domésticos. Pisos molhados, degraus, tapetes e até chinelos podem potencializar esse tipo de acidente. De acordo com o SUS (Sistema Único de Saúde), 75% das lesões que levam os idosos aos hospitais públicos têm sua origem dentro de casa. O Corpo de Bombeiros disponibiliza uma cartilha no site (http:// www.corpodebombeiros.sp.gov.br) que ensina como evitar e prevenir acidentes nos domicílios.

Problemas respiratórios aumentam no inverno No período de outono-inverno, a qualidade do ar na região metropolitana de São Paulo apresenta seus piores índices. A diminuição da taxa de umidade somada aos altos níveis de poluentes presentes na atmosfera faz com que o ar da região traga riscos à saúde da população. Como melhorar o ambiente: • Manter a casa ventilada e iluminada • Limpar o ambiente com panos úmidos; evitar espanadores • Não utilizar produtos irritantes (tintas, perfumes, produtos de limpeza etc.) em locais fechados • Não fumar dentro de casa

A fim de combater a má qualidade do ar, o governo decretou no Diário Oficial do Estado, no dia 24 de abril, novos padrões para a qualidade do ar no Estado de São Paulo. A proposta que foi elaborada pela CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) segue os padrões estabelecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Segundo a CETESB, em nota disponível em seu site, “Os padrões atuais tem mais de 20 anos e estavam até três vezes menos rígidos do que os estabelecidos pela OMS em 2005”.

Doenças respiratórias Viviane Mandarino Terra, pediatra do Centro de Saúde-Escola “Professor Samuel Bransley Pessoa”, afirma que nessa época do ano a incidência de doenças respiratórias aumenta a procura por inalações nos postos de saúde. São comuns casos de gripes provocadas por vírus espalhados no ar. Seus sintomas são cansaço, dores musculares, tosse, coriza e mal-estar. Para trata-los é preciso consultar um médico e se alimentar bem, já que só há vacinas para a prevenção de alguns tipos da doença. Há também casos de alergias como a asma e a rinite alérgica.

ANA CAROLINA LEONARDI

Maria Beatriz Melero

Elas tendem a melhorar com o passar da idade, porém não há cura. É possível fazer um acompanhamento médico e manter o ambiente saudável para o alérgico.


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papo reto

“Defendemos que todas as entidades estudantis possam emitir carteirinhas” Marcela Carbone, ativista da ANEL

Meia-entrada em pauta no Congresso Regulamentação do desconto para estudantes ainda precisa ser aprovada no Senado Isabelle Almeida Victoria Salemi Foi aprovado pela Câmara dos Deputados o projeto de lei que altera o caráter da venda de meias-entradas em eventos culturais e artísticos do país. Se passar pelo Senado, a nova lei limitará a venda de ingressos pela metade do preço a 40% do total disponível para as atrações. Além da limitação de meias-entradas, a produção dos documentos que comprovam que a pessoa é estudante será restrita à União Nacional dos Estudantes (UNE), à União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), à Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e a alguns Diretórios Centrais de Estudantes (DCEs) autorizados. Outra mudança que o projeto propõe é a de que não só idosos com mais de 60 anos, estudantes e deficientes terão direito às meias-entradas. Caso aprovada, a lei dará o direito a jovens de 15 a 29 anos, inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, a usufruir dos descontos nos ingressos. Se aprovada, a nova lei será válida para todos os eventos, a não ser a Copa do Mundo de 2014. Para o campeonato, o Governo instituiu a Lei Geral da Copa, que possui artigos especiais que estarão em vigor nos jogos da competição. A favor da nova lei Aqueles que são favoráveis à proposta de lei apontam que o excesso de meias-entradas impede a previsão da receita e diminui

a margem de lucro das empresas promotoras dos espetáculos. Isso resulta em um aumento do preço dos ingressos para arcar com o elevado número de espectadores que tem o desconto. Outro ponto ressaltado pelos defensores da nova lei é o de que, com a não obrigatoriedade de as carteirinhas serem confeccionadas por determinadas instituições, sua falsificação é facilitada. Dessa maneira, muitas pessoas que nem teriam direito à meia-entrada acabam por pagar a metade do preço só porque têm uma carteirinha falsa. A grande inovação da lei é a de que jovens de baixa renda também terão direito ao benefício, incentivando a cultura às classes mais baixas da sociedade. Contra a mudança Alguns produtores de eventos culturais acreditam que, por mais que não tenham tantos lucros com o elevado número de meias-entradas, a cultura ainda não é um hábito no Brasil e, por isso, precisa ser estimulada. A existência de uma lei que assegure descontos a estudantes é uma forma de chamá-los para esse tipo de atração. Com apenas 40% dos ingressos disponíveis pela metade do preço para quem possua o benefício, muitas pessoas correm o risco de precisar pagar o preço inteiro caso cheguem depois que a cota já tenha se esgotado. Outro ponto problemático é o de centralizar a confecção das carteirinhas de estudante, o que pode fazer com que as instituições responsáveis cobrem preços muito altos para isso.

Mesmo com o argumento de que a limitação no total de ingressos pode diminuir o preço das inteiras, esse é um fator que não está assegurado na proposta da nova lei. Dessa forma, nada garante que a restrição de 40% para os ingressos com desconto implicará uma queda no preço das inteiras. Se aprovada a nova lei, resta esperar para ver o que as empresas de entretenimento decidirão fazer. Posição dos estudantes Para Marcela Carbone, ativista da ANEL (Assembleia Nacional de Estudantes ­– Livre), essa nova lei é prejudicial ao direito dos estudantes, uma vez que visa beneficiar o lucro de empresários e não garantir o acesso justo dos jovens à cultura. “Hoje a juventude já não tem acesso fácil aos eventos culturais e, mesmo que o preço da entrada inteira de fato diminua, não vai cair pela metade, o que permitirá que as empresas lucrem ainda mais. Além disso, essa restrição de

40% pode ser o fim da meia entrada, nada garante que a cota estabelecida será efetivamente respeitada”. Outra questão destacada por Marcela é o monopólio de carteirinha da UNE que a lei prevê: “A UNE que já não mais organiza a luta dos estudantes, colocou nosso direito num balcão de negócios para reconquistar o monópolio de carteirinhas, que certamente trará muito dinheiro à entidade. Defendemos que todas as entidades estudantis possam emitir carteirinhas”. A UNE foi procurada pela reportagem, mas não respondeu até o fechamento desta edição. Como funciona em outros países O Brasil é o único lugar do mundo a garantir a meia-entrada como um direito. Em países como México, Espanha e França, esse benefício não existe. Neles, a cultura é algo forte entre os cidadãos; existem promoções na venda de ingressos, mas não há uma lei que institua e regulamente isso.


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são remano

São remanos têm gosto musical variado; instituto usa música como forma de ensino

Qual o ritmo da SR? Música também educa Do gospel ao rock: tudo toca na comunidade

Maria Alice Gregory

Gostos Musicais Gospel 18, 75 o/o

Sertanejo

Fabíola Costa

Para responder a difícil questão sobre qual seria o gênero de música mais apreciado na comunidade, o NJSR foi às ruas para perguntar: O que os são remanos mais gostam de escutar? Como resposta houve uma variedade enorme de gêneros apontados, o que mostra a diversidade de gostos dos moradores. Os que receberam os maiores votos foram o gospel, sertanejo e funk. Entre o primeiro e o terceiro estilos mais votados notou-se uma rivalidade. Quem escolheu a música religiosa, costumava alfinetar esse outro grupo de ouvintes, caracterizando-o como vulgar. Mesmo com eventuais ressalvas quanto a gêneros específicos, os entrevistados se mostravam abertos às diferentes músicas. A maioria achou melhor não opinar, por não possuir um tipo de música preferido. A resposta mais ouvida foi: “Eu ouço de tudo”. Houve também a presença bem vinda de estilos considerados menores, como pagode, forró e brega. Tratam-se de gêneros de música popular deixados de lado pela maioria dos analistas, mas que ainda são ouvidos pela população. A propagação desses estilos é positiva, pois eles estão na base de grande parte das musicas atuais. A importância dessa enquete é mostrar a importância da variedade cultural para uma comunidade. Exceto por alguns atritos, é esse convívio pacífico de múltiplas culturas que fortalece o dialogo entre os diversos tipos de sons possíveis.

13, 75 o/o

Funk 10 o/o

, Forro

7, 5 o/o

Pagode 7, 5 o/o

Brega 6, 25 o/o

Samba 3, 75 o/o

Black 2, 5 o/o

Pop 2, 5 o/o

Rap 2, 5 o/o

Reggae 1, 25 o/o

Rock 1, 25 o/o

^

Sem preferencia

Thais Azevedo

Pedro Passos

Instituto Rolling Stone dá aulas para crianças

22,5 o/o

A educação musical constitui um importante fator para a formação acadêmica e cultural do jovem de hoje. Felizmente, crescem as oportunidades de aprendizado nesse campo, de forma totalmente gratuita, para os estudantes de escolas públicas. O Instituto Rolling Stone, por exemplo, vem desde 2010 levando a cultura musical a crianças e jovens de baixa renda, dando a eles a oportunidade de aprender a tocar um instrumento e estudar sobre a história da música. Nele, o jovem pode realizar o curso de forma gratuita em um horário compatível com o de sua escola, além de ter transporte e alimentação garantidos, para que possa aproveitar da melhor maneira o que o Instituto tem a oferecer. Além disso, são oferecidos o acompanhamento pedagógico e reuniões bimestrais com os pais para entender melhor a situação de cada família e ajudá-los a aprimorar o desenvolvimento pessoal e intelectual de seus filhos.

Alunos antes da exibição final

Se interessou? Garanta já sua vaga! Custo: gratuito Duração: semestral Como se inscrever: a escola deve requisitar uma visita do Instituto Rolling Stone, que disponibilizará fichas de inscrição a serem avaliadas pela equipe. Ao concluir o curso, o aluno ganha uma guitarra, um amplificador e acessórios. R. Ferreira de Araújo, 202, 9º andar

institutorollingstone.com.br

Sarau da Remo marca presença na Virada Carolina Shimoda O Sarau da Remo se apresentou na Virada Cultural que aconteceu no dia 18 de maio no centro da cidade de São Paulo. O grupo, convidado pelo Sarau di Favela, contou como foi sua trajetória e mostrou um pouco do que acontece no dia a dia da comunidade.

Com performances variadas, o Sarau da São Remo levou para a Virada Cultural a identidade dos moradores e a noção do que a comunidade enfrenta. “Contamos como construímos o nosso sarau e explicamos nossa relação com a USP”, conta Janete, uma das idealizadoras do projeto cultural são remano.

O tema de abertura foi cantado por Joab e, logo após, houve músicas cantadas em forma de protesto. Ivan, parceiro do projeto e estudante da USP, foi um dos participantes que deram esse tom às representações. Ainda houve um rap, interpretado por Luciano Ribeiro, que confirmou e fortaleceu o ideal do sarau.


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são remano

“Nosso Sarau tem de tudo, é muito democrático” Janeide, Idealizadora do sarau São remano

Museus gratuitos são opção de lazer Exposições não são pagas todos os dias: oportunidade para visitar acervos atrai o público Pedro Passos Para os que diziam ser muito caro visitar os museus paulistas, há uma uma oportunidade de conhecê-los sem gastar um centavo. Trata-se da iniciativa de alguns deles de inaugurar dias de visita gratuitos. Com essa proposta visam atrair um público cada vez maior e, assim, democratizar o acesso ao espaço artístico. O Museu da Língua Portuguesa e a Pinacoteca são dois dos melhores exemplos de centros já consagrados, que conseguiram se

reinventar para conseguir mais visitas. Ambos aliaram dias gratuitos com instalações que fazem o publico se aproximar das obras, conseguindo aumentar o alcance de suas exposições. Vale a pena aproveitar a catraca liberada dos museus para incentivar outros centros a aderirem essa proposta. Também com o objetivo de atrair mais público, o Museu da Imagem e do Som (MIS) oferece cursos e workshops gratuitos sobre temas diversos do mundo da arte. Esses cursos abertos possibilitam aprendizado profissional.

Visite os Museus

Masp Avenida Paulista, 1578 Dia gratuito: terça-feira Aberto das 10h às 18h

Museu do Futebol Estádio do Pacaembu Dia gratuito: quinta-feira Aberto das 9h às 17h

Museu da Imagem e do Som Avenida Europa, 158 Dia gratuito: terça-feira Aberto das 12h às 22h

Pinacoteca Praça da Luz Dia gratuito: sábado Aberto das 10h às 17h30

Museu da Língua Portuguesa Praça da Luz, s/ n° Dia gratuito: terça-feira Aberto das 10h às 18h

Paço das Artes Avenida da Universidade, 1 Gratuito todos os dias Aberto das 12h30 às 17h30

PERFIL

Antes expectadoras, irmãs criaram o próprio sarau Janete e Janeide idealizaram um projeto que exprime a identidade dos moradores Carolina Shimoda

Janete

pel e o primeiro Sarau da Remo surgiu com a colaboração dos amigos, dos irmãos e também com o palpite dos moradores. O retorno que recebem dos moradores, querendo auxiliar, é um dos maiores incentivos para darem continuidade ao projeto. “A comunidade ajuda bastante a realizar e organizar o sarau”, conta Janete. Cheias de perspectivas, batalham para mostrar o que o mundo pode oferecer à São Remo e o que a comunidade pode exportar para o mundo. Janeide

Juliana Meres

Juliana Meres

A trajetória das irmãs Janete e Janeide sempre esteve ligada a cultura e educação. Apreciadoras de MPB e música Black, saíram da Zona Sul de São Paulo e traçaram um caminho regado de crianças e engajamento social. “Nós vamos mostrar que o mundo é maior” é a definição de Janeide para o trabalho que elas vêm realizando com as crianças da comunida-

de. Esse trabalho, porém, vai muito além da organização dos saraus e começou bem antes da ideia desse projeto cultural. Assim que se estabeleceram na São Remo, passaram a criar um vínculo muito forte com os moradores, principalmente com os mais novos. Levavam as crianças aos parques da cidade, organizavam lanches e festas de carnaval, e ainda ajudavam com a alfabetização. Esse espírito acolhedor é reflexo de como as irmãs cresceram. “Nossa família é muito grande e os nossos vizinhos se juntavam e iam viajar, brincar. Acabamos trazendo esse nosso jeito para a São Remo, porque aqui as pessoas são muito receptivas”, diz Janeide. Esse é o contexto em que surgiu o Sarau da Remo. Sentadas na calçada e com vontade de ir a um sarau da cidade, alimentaram o desejo de criar um projeto próprio da comunidade, que fosse de fácil acesso e que abrangesse um público variado. Conhecidas pelo comprometimento social, tiraram a ideia do pa-


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Notícias do Jardim São Remo Maio/Junho de 2013

mulheres

“No Brasil, doze mulheres são mortas todos os dias e nós precisamos mudar ” XÊNIA MELLO, ADVOGADA

ES MER NA JULIA

Marcha das Vadias Organizadora fala sobre criação do evento e machismo no Brasil Helena Rodrigues Na ilusão de viver em uma sociedade justa, as pessoas tendem a colocar a culpa de um crime na vítima, tirando a responsabilidade do criminoso. Somado ao fato de a mídia constantemente veicular a imagem da mulher com a função de satisfazer o desejo masculino, ainda é comum que vítimas de abuso sexual sejam culpabilizadas por se vestirem de determinada maneira ou se comportarem de modo que indicaria estarem disponíveis para o ato sexual. Contra esse pensamento, surgiu em abril de 2011, no Canadá, a Marcha das Vadias. O nome, que pode parecer um tanto ofensivo, foi escolhido como forma de protesto e reflexão em oposição às campanhas do departamento de polícia canadense que orientavam as mulheres a se vestirem de maneira que não se parecessem com “vadias”, evitando, assim, o estupro. O movimento defende o fato de que toda mulher tem direito sobre seu próprio corpo, podendo escolher que roupa usar e o momento e parceiro com quem manter relacionamento. Xênia Mello, advogada que participa da organização do evento, falou ao NJSR: NJSR – Como teve início a Marcha das Vadias aqui no Brasil? XM – Tal movimento foi gerado em razão de que a vítima não pode ser culpabilizada pela violência, que não podemos reforçar uma ideia de mulher estuprável. Apesar do movimento ter origem no exterior, aqui acabou ganhando muita força já que existe um alto índice de violência contra a mulher. Somos o sétimo país que mais mata mulheres e a impunida-

de é muito alta. A Marcha das Vadias no Brasil começou em São Paulo, junho de 2011, mas hoje todas as capitais dos estados e inúmeras cidades do interior já realizam suas marchas. Esse ano haverá as terceiras edições. Como são as repostas que você recebe em relação à Marcha? Em geral, as visões são negativas por conta do nome dado: “Vadia”. Mas as pessoas acabam compreendendo o caráter de questionar, ressignificar a palavra. Com o tempo, cresce a importância dada ao combate da violência contra a mulher, e começa-se a assimilar a contribuição da Marcha das Vadias nesse confronto. No Brasil, doze mulheres são mortas todos os dias e nós precisamos mudar. Na sua opinião, quais os motivos do machismo no Brasil? A questão do machismo é muito complexa. Ela é reproduzida em todos os espaços que participamos. Na família quando o marido é violento com a mulher, ou quando as filhas não podem fazer várias coisas permitidas aos filhos. No trabalho quando as mulheres ganham menos para exercer o mesmo cargo. Na escola, quando aprendemos que todos os heróis e cientistas são homens, como se as mulheres não tivessem participado da História. Outra questão é que o machismo é intensificado quando presente outras opressões, as mulheres negras por exemplo são mais assassinadas que as mulheres brancas no Brasil. Mulheres pobres também têm seus direitos creceados.

Apenas por igualdade Ana Carla Bermúdez Um erro comum é pensar que o feminismo prega a superioridade das mulheres sobre os homens. Na verdade, ele é um movimento social, filosófico e político que tem como meta a igualdade de direitos entre ambos os sexos. Dentre as suas formas de protesto contra a sociedade machista e patriarcal está a Marcha das Vadias, que acontece em São Paulo neste sábado (25). No entanto, a Marcha ainda é muito mal vista pela sociedade, principalmente pela polêmica que envolve o nome, mas também porque o senso comum é de que as mulheres já conquistaram todos os seus direitos – o que não é verdade. De acordo com Nádia Lapa, blogueira feminista, o tema da Marcha diz respeito a qualquer mulher. “Penso que se sentir parte de algo maior, percebendo que certas opressões são comuns a todas as mulheres, é uma forma de trazer mais militantes para o feminismo”, afirma. O feminismo e a comunidade O discurso feminista existe, também, no funk. Muitas funkeiras têm erguido a bandeira do movimento: dentre elas, Valesca Popozuda, que deu declarações feministas à mídia e é foco de um projeto de mestrado da UFF-RJ que estuda as relações entre o funk e o feminismo. Para as blogueiras do Feminismo Sem Demagogia, “a importância das funkeiras para o movimento é que elas propagam o discurso nas comunidades, para quem não tem acesso às teorias. O funk sofre preconceito em razão da ideia de que tudo que é desvalorizado pela classe média é ruim. É possível não gostar de funk sem menosprezá-lo.”


Maio/Junho de 2013 Notícias do Jardim São Remo

“As semifinais já foram emocionantes e a final, um jogo só... A decisão vai ser um jogão” J.S., morador do Jardim São Remo

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esportes

Futebol estrangeiro conquista espaço Emoção e grandes jogadores levam brasileiros a acompanhar campeonatos internacionais Arthur Silva Thiago Neves Levantamentos recentes indicam que, no Brasil, nunca se assistiu tanto futebol internacional. A audiência da semifinal Barcelona x Bayern de Munique pela UEFA Champions League foi maior do que a do ano anterior e, após a conversa da equipe do Notícias do Jardim São Remo com alguns moradores, nota-se que a tendência é o crescimento desses números. Quando questionados se assistiriam à final do torneio europeu programada para este sábado (25/05), a resposta foi positiva da

maioria dos entrevistados. F.A., morador da São Remo, não poupou elogios aos clubes presentes na final: “Um jogo com dois times que nem os de sábado não tem como ser ruim”. J.S., por sua vez, afirma que estará ligado na partida: “Não perco esse jogo por nada. As semifinais já foram emocionantes e a final, um jogo só... A decisão vai ser um jogão”. Não é de se estranhar que partidas como essa chamem a atenção do público. O nível dos times e o fato de que os maiores craques do futebol jogam na Europa estão entre os principais motivos dos espectadores para acompa-

nhar campeonatos internacionais. Perguntados sobre os seus jogadores favoritos, os moradores da comunidade pouco mencionaram atletas que atuam no Brasil. Lionel Messi, argentino do Barcelona, Cristiano Ronaldo, português do Real Madrid, Lucas, brasileiro do PSG, e a dupla espanhola Xavi e Iniesta, também do Barcelona, são os mais lembrados. Neymar, atleta do Santos, é muito comentado também; todavida, divide opiniões positivas e negativas. O crescimento da popularidade do futebol internacional deve-se, principalmente, ao aumento das transmissões de seus jogos por ca-

nais de televisão. A partir disso, os mais diversos campeonatos estrangeiros passaram a interessar os amantes de futebol, compartilhando a atenção dos telespectadores com os campeonatos disputados nacionalmente, como a Copa do Brasil e o Brasileirão. Além disso, a internet também se tornou uma ferramenta para os interessados em competições estrangeiras. Por meio dela, é possível conhecer melhor os jogadores, as estatísticas, datas e horário dos jogos. Tudo indica que, daqui em diante, o futebol nacional concorrerá igualmente com o estrangeiro pela atenção dos fãs do esporte.

Perfis distintos marcam final da Liga dos Campeões Organização administrativa do Borussia Dortmund desafia o poder financeiro do Bayern A final da Liga dos Campeões, neste sábado, 25, no estádio Wembley, colocará frente a frente duas equipes alemãs: o Bayern de Munique e o Borussia Dortmund. Apesar de serem do mesmo país, os times chegaram à disputa do principal título europeu de formas diferentes: enquanto o clube de Munique é o mais rico do país e disputa a terceira final da Liga dos Campeões em quatro anos, a décima no total, o Borussia volta à final após 15 anos, depois de se aproximar da falência em 2004, quando foi salvo pela implantação de uma gestão cujo objetivo é gastar menos do que fatura.

Tal diferença espelha-se dentro de campo: o Dortmund gastou 56,2 milhões de euros para montar seu elenco, apostando na observação de jogadores como o polonês Robert Lewandowski, autor de 10 gols na Liga dos Campeões e que custou 4 milhões de euros (Wesley, do Palmeiras, por exemplo, custou 50% a mais). O Bayern, por sua vez, gastou 227,8 milhões de euros, focando na contratação de astros como o holandês Arjen Robben. Para a próxima temporada, tem acertada a contratação da grande estrela do rival de sábado, a promessa alemã Mario Götze, que não enfrentará seu futuro clube na decisão devido a uma lesão sofrida na semifinal.

FLICKR.COM/RAYAND

Dimitrius Pulvirenti

Robben: um dos astros da final Fora das quatro linhas, o jogo marca também a aposentadoria do técnico do Bayern, Jupp Heynckes, que dará lugar ao badalado

Pep Guardiola, ex-técnico do Barcelona e responsável pela formação do time composto por Messi, Xavi e Iniesta. O retrospecto de Heynckes, porém, não deixa a desejar: nas três vezes que disputou a competição, chegou à final em todas, sendo campeão em uma. Apesar do aparente favoritismo da equipe de Munique, os resultados mostram equilíbrio: o Bayern é o atual campeão alemão, enquanto o Borussia Dortmund foi vitorioso nos dois anos anteriores. Sucesso elogiado pelo presidente da UEFA, Michel Platini, em entrevista recente: “São os modelos. Não estão no vermelho, têm bons estádios e estão vencendo. É uma ótima imagem”, resumiu.


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Notícias do Jardim São Remo Maio/Junho de 2013

esportes

“Sem um custo alto, é possível ter um campeonato volumoso” Edson Tadeu da Silva, organizador dos jogos da cidade

Vagas definidas nos Jogos da Cidade Vumo Caxingui classifica-se nas penalides; Muvuca decide confronto no primeiro tempo Nesse último sábado, 18, a São Remo recebeu outras duas partidas válidas pelos Jogos da Cidade. Disputados em ida e volta, os duelos decidiram quais times se classificariam para as oitavas-de-final da fase regional. O vencedor dessa etapa participará da fase municipal com os campeões das outras regiões de São Paulo. O primeiro jogo, entre Vumo Caxingui e Cisne Negro FC, foi disputado; a bola se dividia entre as duas áreas, com lances polêmicos e uma arbitragem que gerou discussão. O time do Caxingui saiu na frente com dois gols, ambos de Ediney, sendo um deles olímpico, e seguiu pressionando mesmo após a expulsão de dois de seus jogadores. Contudo, no segundo tempo, Fábio Luiz, do Cisne Negro, emplacou dois gols num intervalo de três minutos, para desespero da equipe do Vumo. O jogo seguiu fervendo, porém não saiu do empate e se encaminhou para os pênaltis. A reação, entretanto, parou por aí. Nas penalidades, o Vumo Caxingui levou a melhor com uma defesa de Fausto na terceira cobrança e agora segue para as oitavas-de-final da competição. O segundo jogo ocorreu entre o CDHU É Assim e Muvuca FC e logo se teve a impressão de que seria tão disputado quanto o primeiro. Já no ínicio, o time do CDHU fez pressão e acertou um chute no travessão do adversário. Entretanto, o Muvuca respondeu à altura e partiu pra cima, domi-

GABRIELA ROMÃO

Arthur Aleixo

Atletas do Vumo Caxingui comemoram gol contra o Cisne Negro nando a posse de bola e minando as chances do CDHU. A partir daí, a equipe tomou conta da partida e não encontrou muita re-

sistência para marcar dois gols, um de Roberto Johny e outro de Wesley, ambos na primeira etapa. Após o intervalo, os dois ti-

mes voltaram com tudo; a equipe muvucana perdeu o domínio da partida e começou a sofrer muita pressão do CDHU. Mesmo assim, a defesa foi eficiente e afastou todas as jogadas de perigo, garantindo a vitória e a classificação do Muvuca, que agora segue nos Jogos da Cidade visando à grande final no Estádio do Pacaembu. Além do Vumo Caxingui e do Muvuca, o Vem Que Tem FC também assegurou vaga e deixou o Flamengo da Vila Dalva para trás. Das equipes da São Remo, segue na competição o time do Vila Nova, que já tinha conseguido a vaga devido à eliminação do Barcelona do Parque Fernanda.

Organizador valoriza cultura de paz Para Edson Tadeu, Jogos provam capacidade de realização na SR Dimitrius Pulvirenti Enquanto os atletas se esforçavam dentro de campo em busca de uma vaga nas oitavas-de-final da etapa regional dos Jogos da Cidade, Edson Tadeu da Silva também não podia ficar parado. Edson é o responsável da Subprefeitura do Butantã pela realização das partidas dos Jogos da Cidade, maior torneio amador do país. Além do campo do Jardim São Remo, ele acompanha partidas por toda a região. “Nós temos jogos aqui, no Parque Raposo, no campo do Vertentes, na quadra do Daniel, na quadra do Sólon Borges e começa no CEU,

semana que vem.”, numera, carregando no rosto o motivo de ser conhecido como Edson Sorriso. No Butantã, apenas para a disputa da fase regional, o número de equipes inscritas para a disputa do futebol de campo chegou a 57. Na cidade inteira, o número de times registrados para esportes como handebol e basquete, nas modalidades masculina e feminina está em torno de 500. “Os Jogos da Cidades são o maior do país porque abrangem várias modalidades. Além disso, para o futebol de campo, a referência é boa, porque a final é no Pacaembu. Então o pessoal almeja chegar lá”, relembra. Para alcançar esse objeti-

vo, times como o Vila Nova, da São Remo, precisam vencer a fase regional, que termina no dia 18 de agosto, conseguindo, assim, a vaga para a fase municipal. Já na 11ª edição, o sucesso, segundo ele, é a demonstração da viabilidade de realizar um torneio capaz de abranger toda a cidade de São Paulo. Para 2014, ano de Copa do Mundo no Brasil, a Prefeitura de São Paulo espera fazer a maior edição dos Jogos. “A ideia do campeonato público estar na várzea é mostrar que, sem um custo alto pra eles, é possível ter um campeonato volumoso, valorizando a cultura de paz entre os participantes”, conclui.


e o Folclore Brasileiro

Parte integrante do Notícias do Jardim São Remo - MAIO/JUNHO DE 2013

Nesta edição: Você sabia que o Sítio do Picapau Amarelo existe de verdade? O local em que morava Monteiro Lobato, autor do Sítio do Picapau Amarelo, agora é um espaço aberto a visitas que abriga um museu do folclore brasileiro

Super Remo está de volta! O Cão Reminho e seu super herói favorito encaram uma nova aventura com as criaturas do folclore brasileiro


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São Reminho

O verdadeiro Sítio do Picapau Amarelo

Não venha me dizer que nunca ouviu essa música. E muito menos que você não se divertiu com alguma das confusões da Emília e de toda a turma. O “Sítio” também é cheio de personagens folclóricos. O Saci você já conhece, mas não é só ele que foi inspirado na cultura brasileira: a Cuca também. Monteiro Lobato, autor do Sítio, foi o maior escritor

DIVULGAÇÃO - PREFEITURA DE TAUBATÉ

“Marmelada de banana, bananada de goiaba, goiabada de marmelo, Sítio do Picapau amarelo”

construído no local em que Lobato brincava quando era pequeno. O espaço tem um parque, um coreto e um casarão colonial, que abriga o Museu Histórico, Folclórico e Pedagógico Monteiro Lobato. Além disso, os personagens do sítio fazem inúmeros shows para o público. Vale a pena conhecer. Quer visitar?

infanto-juvenil do Brasil, um dos principais divulgadores do folclore e especialista na figura do saci-pererê.

E se eu te contar que o sítio existe de verdade? E melhor, que ele está pertinho? Pois é, ele fica em Taubaté e foi

Avenida Monteiro Lobato, s/nº Chácara do Visconde -- Taubaté (SP) (a 130 km de São Paulo) (12) 3625-5062

Conheça algumas criaturas folclóricas

Boitatá

Boto Rosa

Curupira

Iara

É uma cobra gigantesca de fogo e couro transparente. Protege as matas e os animais, queimando os que desrespeitam a natureza.

O Boto sai do rio nas noites de festa junina e se transforma em um belo jovem que veste roupas brancas e encanta mulheres.

É o protetor da natureza, persegue e castiga quem a desrespeita. É um anão de cabelos longos e ruivos com os pés virados para trás.

Sereia de pele morena, cabelos negros e olhos castanhos que vive no rio Amazonas. Atrai os homens para o rio com seu canto.

Jogo das silhuetas Você sabe quem são os seres do folclore brasileiro que aparecem ao lado? Tente descobri-los! Com seus amigos, aposte para ver quem consegue descobrir a maior quantidade de criaturas folclóricas. As respostas estão na página 4!


São Reminho

Onde estão os personagens do folclore? Ajude o Cão Reminho a encontrar os seguintes personagens que estão participando da festa no campo de futebol: • Saci-Pererê • Iara • Mula sem cabeça • Cuca • Lobisomem

• Curupira • Boitatá • Negrinho do pastoreio • Boto Rosa • Corpo-seco

As respostas estão na página 4. Confira!

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São Reminho

Onde estão os personagens do folclore?

A partir das pistas deixadas na floresta, desvende o enigma do Curupira e encontre uma frase ultra secreta sobre o folclore. A resposta está no rodapé! Pistas

, .

Respostas

Enigma

Lobisomem

Jogo das silhuetas

Boto Rosa 1. Caipora

Saci-Pererê

Iara

Cuca

Mula

Corpo Seco

Curupira

Boitatá

Negrinho

3. Cuca

5. Saci-Pererê

2. Mula sem cabeça

4. Lobisomem

6. Negrinho do pastoreio

Resposta: Para conhecer um povo, conheça seu folclore.


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