Guia do Azulejo na Cidade

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Este tratado levou ao aparecimento de inúmeras fábricas de cerâmica, quer em Lisboa, com as Fábricas Constância, de Sacavém e Viúva Lamego, quer no Porto, onde o maior surto cerâmico se deu aquando do regresso de emigrantes do Brasil que, enriquecidos, adquiriram ou fundaram fábricas, como a de Massarelos, a de Miragaia, do Carvalhinho e das Devesas. Estas fábricas acabariam por adotar modelos industrializados e estrangeiros que, de certo modo, descaraterizaram os motivos ornamentais até aí utilizados. Os azulejos produzidos por estas indústrias, devido à sua aplicação em grande escala, acabaram por ser considerados de mau gosto e medíocres, no entanto são uma das manifestações mais interessantes do azulejo português.

Apesar destes azulejos serem mais baratos e de mais fácil execução, acompanhando este fenómeno da produção em série, houve também quem se dedicasse à execução de painéis figurativos destinados a locais específicos. Aqui destaca-se Luís Ferreira, o dito Ferreira das Tabuletas e Manuel Joaquim de Jesus. A partir destes exemplares de cariz figurativo teve inicio a produção romântica, iniciando-se com a obra de Pereira Cão, aluno de Ferreira das Tabuletas, e na de outros artistas como Henrique Casanova.

Pormenor de Colunas com Símbolos Maçónicos. Faiança. Ferreira dos Tabuletas, Lisboa, c. 1860. MNAz. (Proveniente da Casa de Moreira Garcia, Rua Nova da Trindade, Lisboa).

No final do século XIX desenvolver-se-á nas Caldas da Rainha um importante centro de produção cerâmica – a Fábrica de Cerâmicas. Fundada em 1884 por Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905), o seu fabrico inspirouse nos modelos produzidos internacionalmente, sendo que o artista os reformulou e lhes incutiu um gosto eclético e as lições da Arte Nova de inspiração francesa. Seguindo um revivalismo e historicismo, artistas, como Jorge Colaço, Leopoldo Battistini, Francisco Pereira, Licínio, Gilberto Renda, J. Alves de Sá, L. Lima e Oliveira e A. Mourinho Pinto, Vitória Pereira, José Baralisa, César da Silva, Benvindo Ceia, Pedro Jorge Pinto e Gabriel Constante, farão permanecer estes valores em diversas obras produzidas até ao 2º quartel do século XX.

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