Percurso da Zona de Ramalde e Boavista

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Percursos de Azulejaria pelo Porto

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Percurso da Zona de Ramalde e Boavista Locais

Sugestão

Igreja Velha de Ramalde

Para facilitar a chegada às Igrejas de Ramalde poderá optar pelo autocarro da STCP nº 208, que parte dos Aliados e termina viagem em Aldoar. Saia na paragem Igreja de Ramalde e retorne no mesmo autocarro até à Casa da Música. Para chegar à Igreja Velha do Carvalhido pode optar pela autocarro nº 209 ou 803 e sair na paragem do Carvalhido. Quando terminar o percurso poderá optar pelo metro e então dirigir-se à estação da Carolina Michaelis ou à da Casa da Música.

Igreja Nova de Ramalde Igreja Velha do Carvalhido Avenida de França Casa da Música Rua de Oliveira Monteiro

Este percurso inicia-se na Igreja Velha de Ramalde. A nave e o nártex da Igreja Velha de Ramalde são percorridos por um silhar de azulejo de padrão. É formado por motivos florais e percorrido por um friso com motivos que se assemelham a ferronneries. Junto a este templo situa-se o Cemitério de Ramalde onde foram aplicados, em algumas capelas, conjuntos azulejares interessantes. Aproveite e desloque-se até lá para assim os poder observar.

Revestimento interior da Igreja Velha de Ramalde.

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Ao sair do adro da Igreja Velha de Ramalde atravesse a rua para poder ver mais de perto os painéis azulejares aplicados na Igreja Nova de Ramalde. O conjunto azulejar desta igreja é composto por quatro painéis figurativos. Neles estão expostos episódios que se relacionam com a Paixão de Cristo. Assim é visível o momento em que Cristo inicia a sua subida para a cruz, o sofrimento das diversas personagens que o acompanham, a crucifixão e a lamentação sobre o Seu corpo. Todos eles apresentam uma linguagem, desenho e pintura de pendor contemporâneo.

Pormenor de painel da Igreja Nova de Ramalde.

Painéis da Igreja Nova de Ramalde.

Saindo então na paragem do Carvalhido, siga pela Rua da Prelada até à Praça do Exército Libertador, deparando-se assim com a Igreja Velha do Carvalhido. O conjunto azulejar da fachada da Igreja Velha do Carvalhido, colocado em 1944, é obra produzida na Fábrica de Águeda que, segundo Alexandrino Brochado, se limitou a imitar gravuras. Nos painéis desta fachada estão representados episódios da Vida da Virgem, como a Anunciação e a Assunção, a Imaculada Conceição e ainda, envolvidas por cercaduras, duas composições alegóricas do Coração de Jesus, patrono da paróquia, e de Maria. Ao lado desta fachada, uma varanda curva foi também revestida a azulejo, em data que se desconhece mas que se aponta como anterior à da fachada. Aqui a ornamentação cinge-se a elementos como festões e urnas floridas. Igreja Velha do Carvalhido. 3


Pormenor do revestimento exterior da Igreja Velha do Carvalhido.

Segundo Alexandrino Brochado, o conjunto de painéis do interior da Igreja Velha do Carvalhido foi aí colocado em 1949, sendo o seu autor F. L. Pereira. Tanta a Nave como a Capela-Mor são revestidas a azulejo, não tendo nós conseguido apurar se o seu autor será o mesmo e qual a fábrica onde foram produzidos. Na Capela-Mor foram colocados dois grandes painéis:

Lado do Evangelho Instituição do Santíssimo Sacramento: Neste painel foi representado Cristo ao centro de uma mesa e rodeado pelos seus Apóstolos. Sobre a mesa encontram-se dois pratos recheados com pão e, no meio destes, um cálice. Cristo procede então à bênção do pão e do vinho, cena que é acompanhadas pela legenda – INSTITUIÇÃO DO SS.MO SACRAMENTO/EU SOU O PÃO VIVO QUEM COMER DESTE PÃO VIVERÁ ETERNAMENTE. Instituição do Santíssimo Sacramento.

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Lado da Epístola Comunhão da Virgem: Neste painel foi representada a Virgem recebendo o pão e o vinho que personificam o Santíssimo Sacramento. Esta cena, tendo como elemento central a mesa onde a ação decorre, tendo novamente um cálice com o vinho no seu centro, é enquadrada por um coro de oito anjos, todos de feições diferenciadas. É acompanhado pela legenda – COMUNHÃO DA SS.MA VIRGEM/A SAGRADA EUCARISTIA ERA PARA NOSSA SENHORA A ETERNA TERRA. Comunhão da Virgem.

Ainda na Capela-Mor foram colocados quatro outros painéis azulejares que têm continuação na Nave. É aqui que se inicia a narração dos Passos da Via Sacra com a 1ª e 2ª Estações tendo depois continuidade pelo lado do Evangelho e terminando no lado da Epístola da Capela-Mor. Este conjunto é formado por painéis que apresentam num registo superior a representação do episódio corresponde, seguindo num registo intermédio a legenda que o identifica e, na parte inferior, encontram-se elementos decorativos, exceto nas 6ª e 9ª Estações, onde foram representados outros episódios que analisaremos posteriormente. Foram assim representadas: Lado do Evangelho

Lado da Epístola

Capela-Mor

Nave

1ª Estação: Jesus condenado à morte

8ª Estação: Jesus consola as mulheres de Jerusalém

2ª Estação: Jesus com a cruz às costas Nave 3ª Estação: Jesus cai pela primeira vez 4ª Estação: Jesus encontra sua mãe 5ª Estação: Jesus ajudado por Cireneu 6ª Estação: A Verónica limpa o rosto de Jesus 7ª Estação: Jesus cai segunda vez

9ª Estação: Jesus cai terceira vez 10ª Estação: Jesus despido e recebendo fel

11ª Estação: Jesus pregado na cruz 12ª Estação: Jesus morre na cruz Capela-Mor 13ª Estação: Jesus nos braços de sua mãe 14ª Estação: Jesus no sepulcro 5


Pormenor do revestimento interior da Igreja Velha do Carvalhido.

Na nave foram ainda aplicados mais 12 painéis. Dois deles, já referidos, colocados sob as 6ª e 9ª Estações: Lado do Evangelho

Lado da Epístola

Coroação de Nossa Senhora de Fátima, cena acompanhada da legenda – AOS XIII DIAS DE MAIO DE MCMXLVI, NA COVA DA IRIA, PIO XII CORÔA A IMAGEM DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE FÁTIMA.

Eleição da Virgem como Padroeira de Portugal, sendo a cena acompanhada pela legenda – AOS XXV DIAS DE MARÇO DE MDCXLVI, EM VILA VIÇOSA, EL-REI DOM JOÃO IV ELEGEU PADROEIRA DE PORTUGAL A SANTISSIMA VIRGEM MARIA, SENHORA DA CONCEIÇÃO.

Os restantes dez painéis são a representação de diversos santos que se relacionam com o templo e a sua invocação, sendo estes representados com os respetivos atributos ou num episódio que tenha sido marcante na sua vida. São eles: Lado do Evangelho

Lado da Epístola

S. João de Brito

Beato Nuno Álvares

Santa Luzia

Santa Teresa

Senhor dos Aflitos

Santa Isabel

Nª. Senhora de Fátima

Santa Rita

Santo António

Santa Filomena

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Pormenor do revestimento interior da Igreja Velha do Carvalhido.

Saindo da Igreja Velha do Carvalhido volte para a Avenida de França. Neste longo arruamento encontrará curiosos revestimentos e terá acesso ao quinto local deste percurso, a Casa da Música.

Exemplares de azulejaria da Avenida de França. 7


Percorrida a Avenida de França chegará à Casa da Música. A Casa da Música é o mais ambicioso projeto da Porto 2001. Inaugurada apenas em 2005, no dia 15 de Abril, é da autoria do arquiteto holandês Rem Koolhas. A sua construção foi formalmente anunciada em 1998 pelo então Ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho. Este edifício é, sem dúvida, um dos mais importantes legados da Capital Europeia da Cultura, acabando por transformar toda a envolvente e valorizar a zona da Boavista. Integra-se assim na renovação urbana do Porto e insere-se numa rede de equipamentos culturais à escala metropolitana e mundial. É uma instituição que recebe um projeto artístico e educativo abrangente e dinamiza o meio musical nacional e internacional. Salientando-se em toda a arquitetura cultural e contemporânea portuense, a Casa da Música é um edifício em forma de poliedro de faces irregulares. No panorama da urbe é um edifício inovador, quer a nível da própria arquitetura, quer da engenharia. Envolvendo nove pisos, apresenta paramentos e cobertura em betão branco e grandes aberturas envidraçadas. A sua entrada principal volta-se para a Avenida da Boavista e o espaço exterior circundante é pavimentado em mármore amarelo com veio castanho, conferindo assim dimensão, dinâmica e destaque ao imóvel.

Casa da Música.

No conjunto da Sala Vip, Koohlaas conseguiu estabelecer uma ponte entre as culturas portuguesas e holandesa. Para tal escolha pesou o facto do Porto e de Roterdão terem sido Capitais Europeias da Cultura em 2001. Desta forma, o arquiteto da Casa da Música, de forma a relembrar e celebrar a arte da azulejaria portuguesa e holandesa, revestiu a sala com réplicas e pormenores de obras maiores da azulejaria portuguesa, algumas delas na cidade do Porto, e da azulejaria holandesa. Encontram-se assim aqui pormenores de temática sacra, histórica e etnográfica que relembram a ligação entre os dois países e entre os ceramistas, pintores e oleiros que estabeleceram contato entre os séculos XVI e XVII. Assim sendo, Fernando Humberto revestiu toda a sala, com exceção das paredes laterais envidraçadas, conjugando através de frisos os diferentes painéis. Para facilitar a identificação dividimos então os painéis pelo local onde foram colocados: Parede de Entrada, Parede Fundeira e Teto. Na primeira pode ver a Conquista de Lisboa, original de Manuel dos Santos, e situada no Mosteiro de S. Vicente de Fora, Egas Moniz apresentandose com mulher e filhos ao Rei de Leão e a Tomada de Ceuta, painéis executados por Jorge Colaço para a Estação de S. Bento. Aqui estão também uma Cena Campestre, painel da Escadaria e Acesso ao Antecabido da Sé do Porto, um Cavaleiro, exemplar do conjunto do Palácio dos Marqueses de Fronteira e ainda A Lição de Dança, de Willem van der Kloet e hoje musealizada no Museu Nacional d Azulejo. 8


Egas Moniz apresentando-se com mulher e filhos ao Rei de Leão.

A Lição de Dança.

Já na Parede Fundeira poderá ver A Fonte Milagrosa, também de Jorge Colaço e na Estação de S. Bento e ainda A Morte de Santa Teresa de Ávila, de Jan can Oort e aplicado na Igreja do Convento dos Cardais.

No Teto estão representados, a exemplo, o Prémio Final, de Valentim de Almeida e um dos painéis do Claustro Gótico da Sé do Porto, e pormenor do revestimento exterior da Igreja da Ordem Terceira do Carmo do Porto, focando a figura da Virgem e do Grupo de Religiosos executados por Carlos Branco e Silvestre Silvestri. A Morte de Santa Teresa de Ávila.

Panorama do Teto. 9


Depois desta visita à Casa da Música dirija-se até à Rua de Nossa Senhora de Fátima. Ao percorrer este arruamento, até ao último local deste percurso, a Rua de Oliveira Monteiro. Na Rua de Nossa Senhora de Fátima repare na Casa nº 349 e nos seus singulares painéis azulejares. Siga então para a Rua de Oliveira Monteiro e observe todos os seus exemplares azulejares.

Pormenor do revestimento da Casa nº 349 da Rua de Nossa Senhora de Fátima.

Pormenor do revestimento da Casa nº 466 da Rua de Oliveira Monteiro.

Pormenor do revestimento da Casa nº 58 da Rua de Oliveira Monteiro.

Pormenor do revestimento da Casa nº 52 da Rua de Oliveira Monteiro. 10


Pontos de Interesse São escassos os Pontos de Interesse durante este percurso. Aqueles que mencionamos são a Casa de Ramalde e o Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular. Além destes poderá visitar também a Casa Museu Marta Ortigão Sampaio na Rua de Nossa Senhora de Fátima. Quanto à Casa de Ramalde, foi em 1746 D. Florência Leite Pereira de Melo e os filhos tomam a decisão de remodelação do solar e a capela, encomendando-a a Nicolau Nasoni. O arquiteto integra na construção setecentista a torre da primitiva edificação e transfere a capela de modo a liga-la ao edifício habitacional. Em 1809 durante as invasões francesas as tropas de Soult ateiam fogo à casa e capela de Ramalde ficando ambas destruídas. Em 1870 foram realizadas as obras necessárias para recuperar ambos os edifícios. Em 1968, pertencendo à família Távora, descendente dos Leites Pereira, deixa de ter função habitacional. É adquirida pelo Estado, juntamente com a quinta, de forma a instalar aí o Museu Nacional de Literatura. Este encerra as suas atividades em 1988 devido a uma má gestão, sendo substituído pelos serviços do IPPAR e da DRCN. O Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular contou com a colaboração do arquiteto José Marques da Silva e do escultor Alves de Sousa, sendo executado pela Cooperativa dos Pedreiros e pela Fundição do Bolhão. Inaugurado em 1951 alude à Guerra Peninsular, travada entre 1807 e 1814, unindo-se os portugueses aos espanhóis e ingleses contra os franceses. Na base assenta um grupo escultórico onde estão representadas cenas de guerra envolvendo civis. Deste conjunto ergue-se uma coluna de granito sobreposta por um leão sobre uma águia, simbolizando a vitória nacional sobre o Império de Napoleão. Na coluna encontram-se também soldados e cenas das guerras napoleónicas em relevo.

Casa de Ramalde.

Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular.

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Informações Igreja Velha de Ramalde

Igreja Nova de Ramalde

Alameda de Aquilino Ribeiro

Rua da Igreja de Ramalde, nº 55

41°10'06.4"N 8°38'52.3"W

41°10'07.9"N 8°38'51.9"W

Seg.-Sex.: 10:00-19:00 Gratuito

Ter.-Sex.: 19:30 (Missa) Sáb.: 16:30/19:00 (Missa) Dom.: 10:00/12:00 (Missa)

+351 918 743 362

Gratuito +351 918 743 362

Igreja Velha do Carvalhido

Casa da Música

Praça do Exército Libertador

Avenida da Boavista, nº 604-610

41°10'00.9"N 8°37'31.2"W

41°09'32.0"N 8°37'50.1"W

Seg.-Dom.: 8:00-19:00

Seg.-Sáb.: 9:30-19:00 Dom. e Feriados: 9:30-18:00

Gratuito 6€ (Visita Guiada) +351 228 313 073 +351 220 120 210

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Nisa Félix © 13


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