Revista IDOLO Edição nr 53

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Onde Mora a Chama da Esperança

Periodicidade Bimensal Ano 11 | Fundada em 2007 | Edição nº 53 | Novembro / Dezembro 2018

Em Moçambique

VAMOS MONTAR PROJECTO INDUSTRIAL PAULO OLIVEIRA - Administrador Delegado do Grupo Salvador Caetano

150,00 MT R 35


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Ídolo | Edição n⁰ 48 | Janeiro 2018 | www.idolo.co.mz


EDITORIAL

Sem saudades!

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s portas de 2018 vão encerrar com um balanço arrepiante e sem boas lembranças. Sabemos que o mundo todo vive um momento delicado. Mas nós, infelizmente, reunimos quase todas as crises, enquanto outros enfrentam problemas por um ou outro motivo. As lamúrias vêm de todos os lados e ninguém percebe que as forças mais responsáveis da sociedade, nomeadamente empresários, académicos, magistrados, políticos, entidades representativas de classe, não cheguem a um programa comum, uma agenda que endosse confiança ao cidadão. A chamada sociedade civil parece dividida e desorganizada. É preciso uma agenda comum, com aval do governo, para dar fôlego ao país, desacreditado interna e externamente. O ano não foi nada bom a todos os níveis. A instabilidade política mantém-se; a economia, apesar de uma ligeira melhoria, continua longe

de satisfazer o bolso do cidadão, uma vez que cada dia que passa o custo de vida aumenta. Em contraponto, não conseguimos produzir o suficiente para a sobrevivência. Mantemo-nos dependentes da importação. Nós não podemos resolver a questão económica, sem encontrar uma saída política; precisamos da paz social para o entendimento. Muitos episódios tristes e escandalosos registaram-se em 2018 em Moçambique, com particular destaque para às cheias e secas, incêndios, acidentes de viação e o apagão bancário. O país está a precisar de novo oxigénio para se afirmar no concerto das Nações. Apesar da realização das eleições autárquicas, politicamente não estamos bem. Vem aí o ano de 2019 e o cenário progressivo é incerto. Sentimos que o futuro de Moçambique como nação desenvolvida e civilizada passa por introduzir políticas públicas que facilitem o envolvimento produtivo da população..

Gervásio de Jesus

FICHA TÉCNICA

(Jornalista e Psicólogo Educacional)

REVISTA ÍDOLO Directora Executiva Ondina Pereira ondinadejesuspereira@gmail.com | Editor Gervásio de Jesus gervasiodejesus@yahoo.com.br | Redacção Gervásio de Jesus e Mustafá Leonardo | Colaboradores Júlio Saul, Samuel Sambo e João Chicote | Fotografia Salvador Sigaúque | Arte & Desenho Gráfico Valdmiro Vaz e VIV.Consultores de Media, Lda | Paginação Cláudio Nhacutone | Revisão Linguística Leonel Abranches | Web master Paulino Maineque | Marketing Maria Dlamini e Samuel Sambo | Distribuição e Expansão Ídolo | Registo N.º 08/GABINFO-DEC-2009 | Impressão Minerva Print | Tiragem 4000 Exemplares | Endereço Av. Vladimir Lenine nº 530 – R/C | Contactos +258 84 574 504 1; +258 84 55 27 437 | Email: idolorevista@gmail.com/revistaidolo@idolo.co.mz _ www.idolo.co.mz / MAPUTO - MOÇAMBIQUE Ídolo | Edição n⁰ 53 | Novembro/Dezembro 2018 | www.idolo.co.mz

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ECONOMIA

TEXTO: MUSTAFÁ LEONARDO

Para protecção das áreas de conservação

BM DESEMBOLSA USD 45 MILHÕES PARA MOZBIO-II

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OZBIO é uma das iniciativas do governo e seus parceiros de cooperação, em curso, para garantir a sustentabilidade financeira do sistema das áreas de conservação em Moçambique, cuja primeira fase (MozBio I), aprovada em 2015 e implementada com o apoio do Banco Mundial. Dado aos resultados encorajadores no domínio de combate à matança e tráfico que apoquenta a biodiversidade nacional, o Banco Mundial vai disponibilizar mais 45 milhões de dólares para financiar a segunda fase do programa (Moz Bio II). Coube ao Ministro da Terra Am-

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biente e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, fazer o lançamento do projecto, à luz da VII Reunião Nacional das Áreas de Conservação da ANAC, que decorreu em Maputo sob lema “A Vida Selvagem Depende de Mim”. Segundo Celso Correia, o governo está convicto que a segunda fase do Projecto, o “MozBio II”, será capaz de reforçar a capacidade do governo para enfrentar às ameaças a conservação do capital natural de Moçambique e contribuir para a redução dos níveis da pobreza das comunidades locais. Correia destacou que o MITADER tem vindo a implementar programas de geração de rendimentos para uma gestão inclusiva e participativa no

processo de desenvolvimento rural, com enfoque para às comunidades que residem dentro e nas imediações das áreas de conservação através de financiamento de projectos comunitários nas áreas de turismo, agricultura de conservação, produção de mel, tendo nos últimos quatro anos beneficiado cerca de 40.000 pessoas, das quais 39% são mulheres. Aliás, nos últimos quatro anos, as áreas de conservação arrecadaram 259.3 milhões de meticais, sendo de destacar que 135.2 milhões foram arrecadados este ano, representando um incremento significativo na ordem dos 58 por cento em relação ao período homólogo de 2017

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ECONOMIA

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CAÇA FURTIVA REDUZ EM ALGUMAS RESERVAS

elso Correia citou a capacitação do capital humano, com destaque para o corpo de fiscalização e judiciário, como de vital importância na melhoria das capacidades de resposta no combate à caça furtiva e comércio ilegal de produtos de fauna bravia. “Deste modo, 609 fiscais foram treinados sendo 232 fiscais foram submetidos ao curso de formação básica, 300 beneficiaram-se de reciclagens, 47 lideres de patrulha, 18 fiscais e agentes da Polícia de Protecção dos Recursos Naturais e Meio Ambiente e das Alfândegas foram treinados em Investigação de Crimes Ambientais no Botswana. Igualmente, foram formados 36 fiscais da ANAC e agentes da Polícia de Protecção dos Recursos Naturais e Meio Ambiente e Alfândegas de Moçambique na colecta de evidências no local do crime. Neste ciclo de capacitação

das instituições envolvidas no combate aos crimes ambientais, foram também formados procuradores de nível distrital na utilização do Manual de Investigação Penal de Crimes contra a Fauna Bravia”. Com estes esforços, segundo o ministro, o nível da caça furtiva decresceu nos últimos nove meses. A Reserva do Niassa, uma das que mais preocupava o Executivo, registou uma redução significativa na ordem dos 73 por cento, como resultado do destacamento, pelo Governo, de uma unidade especializada das forças policiais para compor o comando conjunto, que inclui fiscais do Estado e dos concessionários privados. “No concernente às acções de colaboração com a contraparte sul -africana na gestão da biodiversidade na região transfronteiriça do Grande Limpopo às acções de prevenção empreendidas resultaram na redução significativa dos casos de abate de ri-

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nocerontes entre 2017 e 2018, com enfoque para a área que compreende as concessões privadas do Great Limpopo Conservancies”, sustentou. Correia citou também a introdução de meios aéreos para reforçar a capacidade de monitoria e de fiscalização da reserva que teve também uma importante contribuição para este resultado positivo. Segundo dados oficiais, os esforços no combate à caça furtiva nos últimos quatro anos, resultaram em 1513 casos de detenção de indivíduos indiciados de caça ilegal e também a apreensão de 497 armas de fogo. Conta-se também a destruição de 348 acampamentos de caçadores furtivos, desactivação de 41,967 armadilhas, bem como na apreensão de mais de 5992 kgs de marfim. Neste âmbito, são de destacar a apreensão de um contentor com 3487 kg de marfim, no Porto de Maputo, e 216,3 kgs de corno de rinoceronte

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ECONOMIA

ANAC CRIA UNIDADE CANINA PARA DETECTAR TRÁFICO NOS AEROPORTOS

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NAC lançou uma Unidade Canina, constituída por cães farejadores treinados para neutralizar portadores de produtos ilegais, a actuarem nos pontos

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de entrada e saída do país. É que o cenário não era para menos, os aeroportos nacionais, com destaque para o de Maputo, têm sido a porta de saída dos produtos da fauna bravia, extraídos de forma criminosa nos parques e

reservas. Se, por um lado, a Polícia procura melhorar a sua actuação, os prevaricadores mostram-se cada vez mais ousados na sofisticação do crime, de tal forma que os produtos da fauna bravia, com destaque para marfim chega a ser

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ECONOMIA camuflado em obras de arte para driblar a fiscalização e chegar ao mercado de destino. Só nos últimos quatro anos foram registados um total de 29 casos nos aeroportos nacionais, e destes, 95% dos casos foram no Aeroporto Internacional de Maputo. Segundo o Porta-Voz da ANAC, Mohamed Harun, esta unidade canina vai funcionar no Aeroporto Internacional de Maputo, numa primeira fase, com perspectiva da sua expansão para outros aeroportos e pontos de saída ilegal de produtos de vida selvagem

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ECONOMIA

5ªGala

GORONGOSA CELEBRADA COM POMPA

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uase três centenas de personalidades de diferentes áreas de actividades estiveram reunidas em Dezembro passado, no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, em Maputo, no quadro da realização 5ª Gala do Parque Nacional da Gorongosa. Foi um evento prenhe de vários condimentos, com muita luz, cor, alegria e ar natural: cultura, meio ambiente, premiações, discursos e gastronomia contemplaram o ambiente “Selvagem”. Foi um momento ímpar e apaixonante, porque serviu

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para reforçar a consciência cívica pela conservação da natureza. Os discursos das entidades governamentais, gestores e parceiros do parque tiveram um dominador comum, nomeadamente a necessidade da preservação dos diferentes recursos (ecossistemas, biodiversidade) existentes naquela belíssima reserva. A Gala foi honrada com a presença do Ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER), Celso Correia e Presidente da Fundação Carr, Greg Carr, e representantes do Millennium Bim, O Parque Nacional da Gorongosa

é um dos lugares mais bonitos e especiais de África. Graças ao seu terreno variado, à riqueza do seu solo, e à bênção de chuvas abundantes, a Gorongosa apresenta uma notável variedade de ecossistemas diferentes, cada um com o seu próprio "elenco de personagens": é talvez a maior história de restauração da vida selvagem em África: em 2008 foi estabelecida uma Parceria Público-Privada de 20 anos para a gestão conjunta do PNG, entre o Governo de Moçambique e a Fundação Carr (Projecto de Restauração da Gorongosa), uma organização dos EUA sem fins lucrativos.

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ECONOMIA

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ECONOMIA

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ECONOMIA

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ECONOMIA

TEXTO: MUSTAFÁ LEONARDO

Empresas de Gaza ensaiam entrada na BVM

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Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), esteve em Gaza, há meses para conquistar o empresariado a aderir ao mercado de capitais e Bolsa de Valores para se financiar e os resultados não tardaram a surgir, pois algumas empresas já estão em processo de organização de requisitos para cotação em Bolsa. A boa nova foi tornada pública pelo presidente do Conselho de Administração da BVM, Salim Valá, intervindo na Conferência de Investimentos da Província de Gaza, realizada no início de Dezembro, no distrito de Bilene. Se partirmos de uma análise SWOT do ambiente de negócios na província, tomando como base os factores críticos de sucesso, constata-se que Gaza tem custos altos de fazer negócio, inclusive devido ao nível elevado de corrupção e difícil acesso ao crédito bancário. Isto é a província poderá

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ser um terreno fértil para a Bolsa de Valores, na medida em que apresenta uma solução de acesso ao capital para às empresas em custos. Salim Valá apresentou as alternativas de financiamento via mercado de capitais e os requisitos de cotação para as grandes e pequenas empresas para uma audiência composta maioritariamente por agentes económicos, sem deixar de usar a oportunidade para desmistificar a ideia de que a BVM é só para as grandes empresas e gente endinheirada. Os requisitos exigidos para os dois mercados são os mesmos, mas para o mercado das cotações oficiais (para as grandes empresas) exige-se capitais próprios no valor de 16 milhões de MT, dispersão de 15% do capital social e dois anos de contas auditadas. No segundo mercado, das PMEs exige-se capitais próprios de quatro milhões de MT, dispersão de 5% do capital social e nove meses de contas auditadas, ex-

plicou. Valá mencionou outras condições importantes para a empresa ser admitida a cotação, nomeadamente a transformação em sociedade anónima para ter o capital social representado por acções; a livre transmissibilidade das acções; contas auditadas e a dispersão de uma parte das acções para o público. Sendo uma província com elevado potencial e com grandes projectos na agro-indústria e turismo tem vindo a registar um aumento de investimentos privado nacional e estrangeiro. Só para ter uma ideia, no sector do turismo, a província tem 573 estabelecimentos de alojamento e 5.053 de restauração. Pelo que, o timoneiro da BVM e seu elenco estão engajados em disseminar cada vez mais o seu papel para um vasto leque de operadores económicos, realizando deste modo a sua missão de oxigenar a economia. Dada a sua localização, Gaza tem

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ECONOMIA um clima caracterizado pela predominância de duas estações: uma fresca e seca, que decorre grosso modo de Abril a Setembro, e outra quente e chuvosa, que decorre de Outubro a Março. O seu clima é Tropical Seco em toda a região Centro e Norte, assumindo até características semi-áridas na parte Norte. Dados comparativos entre Chicualacuala e Xai-Xai mostram um aumento da temperatura média e uma diminuição da precipitação de Sul para Norte e da costa para o interior. Isto significa que, apesar de estar num bom caminho no que diz respeito ao desenvolvimento económico e social, Gaza tem um grande desafio relacionado à estiagem e zonas áridas. E já que o PCA da BVM muito entende sobre agricultura e problemáticas de desenvolvimento rural, aproveitou para instar ao Governo local a desenhar, em parceria com o INGC, uma estratégia de desenvolvimento tendo em conta as condições climáticas. “Grande parte do norte de Gaza era uma zona de produção pecuária. É preciso pensar que há culturas que se podem fazer. Há também outras actividades que podem ser desenvolvidas, visto que não dependem muito da queda pluviométrica. Portanto, é um território muito vasto para deixarmos assim à sua sorte. Isto é um trabalho conjunto, que não depende só do ministério ou do governo provincial”. Valá considera a zona do Pernambuco, no Brasil, comparável ao norte de Gaza, onde se produz fruta, criando renda para às famílias e reduzindo a pobreza. “ Nós como província, temos que nos espevitar mais, e apostar no ensino técnico profissional. Este tipo de modelo politécnico tem que ser um pólo de excelência de desenvolvimento económico e criação de empregos. Iniciativas de empreendedorismo e instituições de apoio ao desenvolvimento de negócios, aliados a simplificação e desburocratização dos procedimentos podem ser uma ferramenta de desenvolvimento”, concluiu

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TEXTO: MUSTAFÁ LEONARDO

FOTOS DE SALVADOR SIGAÚQUE

ENTREVISTA

GRUPO SALVADOR CAETANO

É LÍDER NO MERCADO AUTOMÓVEL

O

Paulo Oliveira, Administrador Delegado da sociedade, convicto no crescimento económico de Moçambique

s automóveis estão a evoluir. Do simples conforto ao luxo propriamente dito, em tamanho, modelo e velocidade, eles estão em constante transformação tentando se adaptar às exigências do mundo moderno. Uns mais espaçosos, uns mais econó-

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micos que outros, uns mais para às cidades e outros a todo terreno, de qualquer jeito, hoje, os automóveis são indispensáveis. O mercado automóvel cresce a velocidade do tempo e com consumidores cada vez mais exigentes, porque não só querem encurtar as distâncias, como também querem

viajar com classe e no melhor conforto, é isto que dita a concorrência das marcas no mercado global, mas frisa-se, de passagem, que a Volkswagen, Renault e Amarok são, actualmente, as marcas de veículos ligeiros que mais vendem a nível mundial. Velocidade, resistência, enfim!

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ENTREVISTA

Sobre carros há um mundo infinito para estender a conversa. Mas ninguém melhor para falar do mercado automóvel e suas vicissitudes do que Paulo Oliveira, Administrador Delegado, do Grupo Salvador Caetano, em Moçambique. Em entrevista à Ídolo, o gestor com mais de 25 anos de estrada, seis dos quais dedicados ao sector da distribuição automóvel, vislumbra um grande potencial para o crescimento sustentável da indústria no mercado africano. Oliveira fala dos desafios e projectos do Grupo Salvador Caetano em Moçambique. Aliás, o gestor é crítico em relação ao fluxo de importação de veículos usados em países subdesenvolvidos. Acompanhe! ÍDOLO (I) - Fale-nos do Grupo Salvador Caetano. Há quanto tempo existe e qual é o seu portefólio? Paulo Oliveira (P.O) - É um grupo de cariz automóvel industrial que nasceu em 1946, e hoje a sua actividade está assente na distribuição automóvel, indústria e serviços. Em 72 anos de existência, o grupo tem no mercado cerca de 150 empresas em áreas diversificadas entre elas, fabrico de automóveis, área na qual lidera a construção de automóveis da marca Pólo para os aeroportos, para além de que é parceiro histórico da marca Toyota. Actualmente tem uma forte presença em África, pois está em 16 países, onde é representante e distribuidor oficial de diversas marcas de automóveis. I – Quando é que entrou no mercado moÍdolo | Edição n⁰ 52 | Setembro/Outubro 2018 | www.idolo.co.mz

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FOTOS DE SALVADOR SIGAÚQUE

ENTREVISTA

çambicano? P.O - O Grupo Salvador Caetano começou em Moçambique há 20 anos. Inicialmente dedicava-se à construção de autocarros, esta actividade encerrou em 2007 e, depois de um período de muito abrandamento, voltou em 2014 virando-se para a área de distribuição de automóveis. I – Sabemos que em 2014 houve uma injecção de capital na ordem de MZN 72 milhões, como está actualmente a empresa depois deste input? P.O - Há bons indicadores. Testemunhamos uma reacção positiva do mercado e esperamos, em termos de resultados, reforçar a nossa liderança no sector de ligeiros de passageiros e continuamente fechar o nosso exercício económico com re-

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sultados maravilhosos. Importa referir que para o mercado de África, onde Moçambique é a capital, ganhamos um concurso da Renault em 2012, uma marca que atingiu, em 2017, a liderança da venda dos veículos ligeiros de passageiros. Antes disso, em 2016 o Grupo Salvador Caetano ganhou o concurso para a distribuição da marca Volkswagen. I – E, actualmente, como está a saúde das vendas, considerando o desequilíbrio financeiro que tem afectado a economia moçambicana? P.O - Vamos fechar o ano 2018 com aproximadamente 240 viaturas vendidas, o que corresponde a uma cifra de oito por cento da cota de mercado.

“…aquilo que não mata, torna-nos mais fortes” I – Os agentes económicos vivem uma fase de lamentação, no sector automóvel. Por exemplo, assistiuse ao encerramento de alguns parques de venda de viaturas, como é que o Grupo Salvador Caetano tem sobrevivido a este cenário sombrio? P.O - Os últimos anos têm sido muito difíceis, nunca conhecidos antes. O sector automóvel é um dos mais afectados quando isto acontece. A empresa, como todo sector, passou os anos de 2015 e 2016, num ambiente muito calmo devido à crise económica e financeira. Naturalmente, sobrevivemos a estas dificuldades. Mas aquilo que não mata, torna-nos mais fortes.

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ENTREVISTA Ultrapassamos com mestria porque tivemos o apoio dos nossos parceiros. A Renault, ao aperceber-se das dificuldades do mercado, como o custo do financiamento bancário em mercados e economias mais débeis, onde à procura por produtos mais baratos é maior, lançou, em 2016, um modelo que veio combater à importação de veículos usados, porque era de baixo custo. I - O Grupo é distribuidor oficial das marcas de automóveis que mais vendem a nível mundial. Qual é a experiência de representar conceituadas marcas como a Renault, Volkswagen e Amarok em Moçambique? P.O - A Renault é

líder nos automóveis. A Volkswagen é líder mundial na construção e venda de automóveis, então nós temos as marcas que mais vendem no mundo, isso dá-nos vantagem competitiva em relação a muitas agências e importadores.

Nosso sonho é desenvolver um projecto industrial em Moçambique” I - Numa perspectiva futurista, qual é a visão do Grupo? P.O - Nos mercados em que o Grupo Salvador Caetano actua é líder. Tem sido assim em Angola, Cabo Verde, onde actua desde 1992,

na Península ibérica, onde vendeu mais de 90 mil viaturas. A ambição em Moçambique é liderar a área de distribuição de viaturas e desenvolver um projecto industrial para além da distribuição. I - Dê-nos mais subsídios deste projecto. P.O - O nosso sonho é desenvolver um projecto industrial em Moçambique. O Grupo Salvador Caetano é líder mundial na construção e distribuição de veículos, com forte engenharia, que catapulta a nossa liderança. Em muitos mercados somos um forte player no fabrico de autocarros para os transportes urbanos, esta é uma área que gostaríamos de desenvolver em Moçambique e fazer deste país uma referência na região.

“Moçambique deveria rever as políticas de entrada de veículos usados” I - Em economias não desenvolvidas, como é o caso de Moçambique, há uma concorrência desmedida no ramo de viaturas, com proliferação de parques de importação de viaturas usadas. Como fazer frente a este mercado paralelo? P.O - A concorrência é um desafio para todos os importadores. Para a visão do Grupo Salvador Caetano, Moçambique deveria rever as políticas de entrada de veículos usados. A principal razão tem muito a ver com a proliferação da economia informal, e pelo facto da maioria dos veículos já terem saído do circuito comercial nos países mais evoluídos. Entretanto, aproveitam-se da nossa fragilidade para exportarem o lixo que já não precisam nesses países. São veículos, por vezes, com mais de 15 anos, e normalmente os importadores oficiais já não dispõem de peças

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ENTREVISTA nem de know how, porque são veículos já ultrapassados. I - Que impacto isto pode causar no nosso país? P.O - Como sabe, a indústria automóvel é das mais evoluídas e, ao importarmos viaturas de 15 a 20 anos, a indústria formal já não dispõe de peças e meios de assistência e criase uma economia informal para dar vazão a esta necessidade de reparação e o consumidor, que comprou barato, acaba pagando caro. Isto é, cria-se um mercado que não contribui com impostos para às finanças do país. Não ajuda a desenvolver às empresas e formar os quadros e técni-

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cos que poderiam estar nas empresas e aumentar a contribuição em impostos e empregos formais. Outro elemento tem a ver com o factor poluição, pois tratando-se de viaturas com altos níveis de emissão de carbono (co₂) são prejudiciais ao ambiente.

“O potencial do país está na juventude” I – Gostaríamos de terminar com uma pergunta descontraída. Sendo um cidadão português radicado em Moçambique, como olha para este

país? P.O - Tenho um olhar de esperança. Uma esperança que eu depósito nos jovens que são a maioria, cerca de 70% da população. Por vezes, sinto que o potencial que Moçambique tem não é todo explorado. Hoje olha-se para o gás e outros recursos como o único potencial para o desenvolvimento do país. Eu acho que o potencial de Moçambique está na juventude, uma juventude que precisa de ser apoiada pelos nossos empresários, porque se eles partirem com as mesmas oportunidades que outros jovens têm, teremos muitos a contribuírem para o desenvolvimento do país

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Quem é

ENTREVISTA

Paulo Oliveira?

P

AULO OLIVEIRA nasceu em 1973, em Portugal. É licenciado em Gestão com especialização em Marketing e, hoje colhe frutos dos mais de 25 anos de carreira de gestor de empresas, com passagem pela distribuição alimentar, restauração e hotelaria. Mas, para além de administrar, Paulo Oliveira fundou empresas em África e na Europa, algumas com sucesso internacional. No seu currículo, desponta a passagem pelo sector de distribuição automóvel, ao abraçar o desafio de representar o Grupo Salvador Caetano em Moçambique, há sensivelmente seis anos. Oliveira define-se como um homem da natureza, e sente que carrega dentro de si uma costela de África, isso sem falar da sua outra costela, a do desporto motorizado, sua paixão de todos os tempos. Entretanto, o fascínio que tem por Moçambique não se limita à admiração pela natureza, a cultura e a gente que faz a pátria amada. É também apaixonado pelo desenvolvimento, por isso desde sempre tem-se revelado actor dedicado em projectos empresariais e de associativismo, o que o leva a sacrificar à família e amigos para responder ao chamamento do trabalho. Só para citar alguns exemplos, é membro da Câmara de Comércio Moçambique - Portugal, e recentemente foi empossado no cargo de vice-presidente do pelouro da Política Financeira da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA). Entusiasmo, é como Paulo Oliveira encara as novas funções na CTA, certo de que o know how aliado à sua larga experiência de gestor e conhecedor de outras realidades económicas e organizações são, de certeza, um contributo a considerar. É com muito gosto que trabalha para promover a ligação entre Moçambique e Portugal, enquanto membro da Câmara de Comércio. É uma ligação muito antiga e o gestor é conhecedor da história, mas prefere não carregar fantasmas, por considerar que o desenvolvimento é, efectivamente, aquilo que une os dois povos. Em suma, o seu sonho é que esta ligação propicie um ambiente de negócios favorável para que empresários portugueses invistam em Moçambique e empresários moçambicanos invistam em Portugal, como se estivessem em casa

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TEXTO: MUSTAFÁ LEONARDO

FOTOS DE SALVADOR SIGAÚQUE

ECONOMIA

ABRIU NO BAÍA MALL

Inovar conceitos de restauração

Restaurante BRASA-RIO

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á novos sabores no mercado da restauração, vindos de longe, mas sabem bem que basta os degustar para reviver a Europa e América para quem já lá esteve. São sabores de uma gastronomia cultivada nas terras de Camões e do Samba, isto é, Portugal e Brasil. Uma experiência que se pode

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provar nos dorsos do sul de África, mais concretamente no complexo Comercial Baía Mall, na capital moçambicana. Este casamento gastronómico é trazido por uma marca portuguesa de sucesso comprovado, a Brasa -Rio que, nos últimos tempos, acreditou no mercado nacional e decidiu trazer novos conceitos na restau-

ração, baseados em aspectos como qualidade, rapidez e diversidade. Conversa à parte, vamos é saber o que de melhor se degusta nos restaurantes Brasa-Rio, e ninguém melhor para explicar esses sabores do que Victor Manuel da Silva, representante da marca. Victor começa por explicar que o foco principal do restaurante são as carnes

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ECONOMIA

em rodízio brasileiro e, diga-se para o abono da verdade, as carnes são cuidadosamente seleccionadas em tipos e qualidades para merecerem o selo Brasa. As sugestões de cardápio são várias, mas que tal falarmos de uma picanha acompanhada de feijão preto, banana frita e salada de vinagrete. Ou, um prato cheio, composto por um pouco de tudo que faz o rodizio, a carne de vaca, porco, galinha, sem descartar os acompanhamentos,

arroz, feijão, banana frita e ananás grelhado. Isto é completamente diferente do que a culinária moçambicana serve, mas Victor da Silva afiança que este conceito de servir, baseado em diversidade, está atrair cada vez mais os moçambicanos. Aliás, pelas suas particularidades, a marca já tem um nível de aceitação invejável, apesar de competir com os tradicionais e decanos restaurantes e, mais, é frequentado por um público misto, desde brasileiros,

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portugueses e sul-africanos, para além dos nacionais. E, esta gente “é atraída, principalmente, pelo rodízio porque, para além da qualidade das carnes, implica a partilha, as conversas, o convívio e animação, acompanhados de um bom vinho”. Afinal, o Brasa arrasa com isto de carnes na brasa faz tempo. Victor conta que em Portugal, a marca está presente em todas as regiões e tem muita aceitação. A marca faz parte do Grupo Alentejo e foi pela primeira

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FOTOS DE SALVADOR SIGAÚQUE

ECONOMIA

vez experimentado em Moçambique, em 2015, quando o Grupo decidiu abrir um restaurante no coração da cidade da Matola, bem ao lado da Mesquita Hamza em direcção a 1ª Esquadra. “O restaurante da Matola é um dos melhores, por isso tem uma aceitação muito boa. O que mais as pessoas pedem é o rodízio, porque o moçambicano gosta muito

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de carne. Quando surgiu a oportunidade de ter um espaço no Baía Mall, fizemos uns pequenos ajustes, e o conceito pegou. Por tratar-se de um shopping, houve necessidade de adaptar os serviços para que sejam mais flexiveis, isto é, ao entrar, o cliente pede a refeição, faz o pagamento e de seguida senta-se à mesa. Ou então pede o rodízio e tem o serviço de atendimento à mesa ”,

explicou. Victor Manuel da Silva, de nacionalidade portuguesa, está em Moçambique desde 2012, trazido pelo desafio de representar a marca, porém, após desembarcar, na mesma terra onde há séculos desembarcou Vasco da Gama, não pretende sair daqui. Aliás, constituiu família cá e uma filha, que vai nascer em Fevereiro próximo, será moçambicana

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ECONOMIA

TENTAMOS SEMPRE SUPERAR A CONCORRÊNCIA

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jovem Rute Nhampulo apaixonou-se pela restauração no primeiro contacto e por acreditar que o futuro reservava muito para si nesta área, desafiou-se a servir com fidelidade e orgulho a marca Braza Rio, desde o ano 2015. O resultado não podia ser diferente, foi promovida a gerente do recentemente inaugurado restaurante no Baia

Mall. “Meu dia, começa quando abro às portas do estabelecimento… segue a coordenação da equipa para iniciar às actividades de modo a garantir que até a hora certa (11h) tenhamos o restaurante aberto e com todos pratos prontos”, explicou. Para si, o desafio de lidar no dia-a-dia, com clientes de diferentes nacionalidades, obriga-a a inovar nas formas de servir. Aliás, reconhece a riqueza gastronómica do país, mas sente que o Brasa tem algo por acrescentar. A multiplicidade de restaurantes no Baia não é para menos, mas Rute é optimista e não se deixa intimidar. “A concorrência faz-nos bem, para que estejamos atentos, melhoremos a cada dia e tentemos sempre superar os nossos concorrentes”, concluiu

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TEXTO: MUSTAFÁ LEONARDO

FOTOS DE SALVADOR SIGAÚQUE

ECONOMIA

FIKANI GERA NOVAS EXPECTATIVAS

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cair do pano sobre o palco da 6ª edição da Feira Internacional de Turismo (FIKANI) foi de forma memorável, porque não havia melhor maneira de brindar o sucesso do evento senão através de jantar de gala (na noite do último dia da exposição), juntando personalidades ligadas ao sector do turismo, governo e diplomatas. Nisto, há que realçar o ambiente festivo que predominou no espaço, considerando a forma como se celebravam as potencialidades de Moçambique, porque, para além da promoção da fauna, flora, mar e paisagens, houve também espaço para o desfile das artes e cultura da Pérola do Índico, onde a música e gastronomia provaram ser parte dos atractivos

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turísticos. O Presidente da FEMOTUR, Quessanias Matsombe, encarregue pela organização do FIKANI, deu-se por satisfeito com o sucesso da feira, mas revelou-se sedente em ver mais investimentos no panorama turístico, referindo-se sobre a necessidade de criação de pólos de atracão turística como prioridade para o desenvolvimento do sector. Matsombe reconhece o fascínio das maravilhas que a natureza depositou em Moçambique, mas chama atenção para os moçambicanos não caírem na lógica de que as praias, parques, reservas podem de “per si” atrair turistas, sem que haja investimentos. Com isto, é a favor de uma maior envolvência de todos os sectores de actividade na criação de condições de

Quessanias Matsombe, Presidente da FEMOTUR, satisfeito com o sucesso do evento

acesso, limpeza, organização da população, infra-estruturas e segurança, por entender que estes são os alicerces para tornar os pólos de atracão apetecíveis globalmente. “É preciso desmistificar o conceito de que o turismo faz-se nos hotéis, o turista quer desfrutar da gastronomia, as praias e se misturar com a população para conhecer a sua cultura”, avançou. O responsável destacou a melhoraria dos serviços que o país coloca à disposição dos turistas, desde a migração, os serviços aeroportuários, os transportes para chegar ao hotel, a gastronomia e o artesanato, como elementos fundamentais para alavancar o fluxo de turistas no país.

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ECONOMIA

VAMOS PROSPERAR COM APOIO DO SECTOR PRIVADO - Silva Dunduro, Ministro da Cultura e Turismo

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que se pode dizer da VI Edição do FIKANI é que “foi concretizado um dos objectivos de Moçambique”. Estas são as palavras de Silva Dunduro, Ministro da Cultura e Turismo, em alusão à meta de provar que o turismo é um sector fundamental para o incremento da economia nacional, até porque o Governo elegeu o turismo como quarto pilar de desenvolvimento. Segundo o ministro, a VI Edição trouxe a nu a verdade de que há capacidade interna para revolucionar o sector, reconhecendo o papel do Governo na aprovação de políticas públicas que facilitem o desenvolvimento do turismo. Para Dunduro, o facto de o Governo ter permitido que a feira fosse organizada pelo sector privado, constitui um reconhecimento da contribuição dos operadores do turismo na economia. Entretanto, o ministro reconheceu que ainda persiste um grande desafio, o de aumentar a contribuição do

sector na economia. Dados actuais apontam que o turismo contribui em 5% para o Produto Interno Bruto (PIB). “O turismo é transversal, quando fazemos comparação com países onde a contribuição do turismo chega a 20% do PIB. Há uma série de ambiguidades. Há um conjunto de indicadores associados criados para impulsionar o turismo, não é só alojamento e restauração. A cultura, o transporte e gastronomia são elementos que quando associados dão o peso ao turismo, no nosso caso ainda persiste avaliação tendo em conta o alojamento e restauração”, explicou. Apesar deste cenário, o governo avança que o turismo tem estado a evoluir a medir pelos níveis de colecta de impostos. “Estamos a construir uma conta chamada conta satélite. Através dela em 2015 colectamos uma contribuição de 4.1%, este ano já temos 2.2%, mas porque o período de pico está aproximar-se estes números poderão aumentar”. Este crescimento foi também influenciado pelo aumento do fluxo

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de turistas no país, só para ter uma ideia, em 2017, registou-se a entrada de cerca de 1.5 milhão de turistas e, este ano até o primeiro semestre deram entrada 1.6 milhão de turistas e espera-se até o fim de ano, atingir a meta de 2 milhões de turistas com uma contribuição de aproximadamente USD 2 milhões. Segundo garantiu o ministro, a contribuição do sector poderá aumentar nos próximos tempos em virtude da implementação do projecto-piloto para o repatriamento dos pagamentos feitos fora do país, à luz do memorando de entendimento entre o MICUTUR e o Banco de Moçambique. A finalizar, Silva Dunduro, enfatizou a necessidade de investir mais no marketing Turístico porque “perguntamos aos estrangeiros se já esteve em Moçambique, e responde que não, mas afirmam que já estiveram em Bazaruto, porque a pessoa vai para fazer turismo na África do Sul e de lá vai para Bazaruto sem saber que está em Moçambique. Então, precisamos de inverter o cenário”

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SOCIEDADE

TEXTO: SAMUEL SAMBO

VSO e MJD homenageiam Voluntários moçambicanos

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organização não-governamental VSO, em parceria com o Ministério da Juventude e Desporto, prestou no mês de Dezembro de 2018, numa das instâncias hoteleiras da capital do País, uma homenagem a voluntários moçambicanos, no âmbito da comemoração dos 20 anos da organização, que actua no território nacional e sessenta a escala internacional. O acto contou com a presença do Vice-Ministro do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Osvaldo Petersburgo, em representação de Nyelete Mondlane, Ministra da Juventude e Desporto, ausente por força maior, quadros do Ministério da Juventude e Desporto e INADE. Estiveram também presentes, Kaday Sibanda, directora regional da operação da VSO, ao nível da África

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Austral, representantes dos voluntários da zona centro, norte do país, voluntários da cidade e província de Maputo e membros da sociedade civil. Durante a gala, Osvaldo Petersburgo defendeu que o evento representa o reconhecimento dos trabalhos desenvolvidos pelos voluntários de diferentes áreas de desenvolvimento no território nacional, com particular destaque para às áreas da saúde, ajuda humanitária e educação. Por sua vez, Ria Kulenovic, a directora nacional da VSO em Moçambique, revelou que a agenda 2030 reconhece os voluntários como actores chaves para a implementação dos objectivos do desenvolvimento sustentável, o que é somente possível com a participação do voluntariado. Na mesma gala, foi distinguido Bruno Wilson Chaicomo, como voluntário -revelação. Actualmente, Chaicomo

reside no bairro das Mahotas e é natural da Ilha de Ka Nhaka. O prémio é-lhe atribuído graças a uma acção de salvamento de 32 pessoas, no naufrágio que aconteceu na baia de Maputo, em 2016. O premiado deslocava-se para o local de trabalho, na zona da Ka Tembe, onde acabou por perder um dos membros inferiores durante o naufrágio, mas mesmo ferido o herói de Ka Nhaka não desistiu de ajudar as outras pessoas. “Estou feliz com o prémio e confesso que não o esperava. Salvei as pessoas, no mar, por um acto voluntário, pois aprendi a nadar desde criança, na Ilha de Ka Nhaka onde nasci. Agora, sou deficiente, mas isso não pode ser motivo para deixar de ser voluntário. Acho que as pessoas com deficiência não devem se limitar de ser voluntários”

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SOCIEDADE

É difícil ser voluntário em Moçambique - revela Foguete Mavila, premiado em representação da zona norte Voluntário há sete anos, o vencedor do prémio pela Zona Norte revela estar surpreso com a premiação que lhe vai incentivar mais a exercer a actividade. “É difícil ser voluntário em Moçambique, particularmente na minha cidade, Lichinga, onde todo mundo pensa em remuneração, mas, por um lado, estou feliz porque o voluntariado está melhor em relação aos anos anteriores”

Prémio para mulher voluntária - Matilde Gaspar, da Zona Centro “Sinto-me orgulhosa pelo prémio, pois é sinal de que às pessoas reconhecem o meu trabalho. Dedico este prémio a toda mulher voluntária. O nível de voluntariado está a crescer ao nível da Zona Centro em várias áreas tanto nos empreendedores, como na educação”, reagiu à premiação Matilde Gaspar, representante da Zona Centro

Todo músico devia exercer o voluntariado - defende Justino Ubakka Um dos músicos convidados para abrilhantar a gala foi Justino Ubakka. Ele não escondeu a sua satisfação por fazer parte da festa. “Estou feliz por estar aqui, porque, de alguma forma, é uma homenagem para mim, pois este tem sido o meu lado social, sou parceiro do MJD e VSO. Sinto-me orgulhoso em fazer parte desta família. Acho que todos os fazedores da arte deviam assumir o lado do voluntariado”, sublinhou o músico. A gala foi também abrilhantada pela jovem Marlen mais conhecida por Preta Negra Ídolo | Edição n⁰ 53 | Novembro/Dezembro 2018 | www.idolo.co.mz

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DESPORTO

TEXTO: REDACÇAO

VILA DO SONGO É RAINHA DO FUTEBOL MOÇAMBICANO

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uma obra inédita escrita com letras douradas na história do futebol nacional: uma vila sem tradição desportiva e em dois anos consecutivos consegue arrebatar o maior galardão do desporto-rei moçambicano. Cerca de 2000 convidados estiveram presentes na festa da consagração do título da União Desportiva do Songo que esta época começou por ser orientada por Chi-

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quinho Conde e terminou sabiamente campeã pelas mãos de Nacir Armando. A festa de consagração de bicampeão arrastou consigo, além de 2000 convidados, jogadores, técnicos, equipa de apoio, representantes da Liga Moçambicana de Futebol, Federação Moçambicana de Futebol, Ministério da Juventude e Desporto, Governo provincial, distrital, trabalhadores da HCB, as claques, autoridades tradicio-

…pelo segundo ano consecutivo vence título do Moçambola nais do distrito, entre outros. A organização foi exímia e os convidados de honra saíram do local bastante honrados pela digna recepção. Foi o terceiro troféu nacional conquistado no seu curto trajecto no futebol nacional. Primeiro foi a Taça de Moçambique e depois os dois títulos consecutivos do Moçambola. O presente título ocorre num ano atípico, visto que se registou a demissão em bloco da direcção do clube, depois

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DESPORTO

de esta ter afastado a equipa técnica orientada por Chiquinho Conde. A União Desportiva do Songo foi briosa, porquanto mesmo estando a representar o país nas Afrotaças, nos 30 jogos do Moçambola registou apenas uma derrota caseira. A sua grandeza ficou vincada pelo estoicismo dos seus jogadores que foram obreiros pela linda festa proporcionada pela empresa patrocinadora – a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), que na sua missão de responsabilidade social soube prestar o devido apoio a parte desportiva, por acreditar piamente no projecto. Apesar de ter perdido no jogo da consagração, diante do Maxaquene,

por 1-2, na última jornada do Moçambola, a UDS soube elevar o momento da exaltação, com a festa a prolongarse pela noite adentro, em ambiente ímpar e inolvidável. A empresa patrocinadora prometeu premiar os jogadores com o valor monetário de 500 mil meticais para cada um, enquanto a direcção do clube assegurou a continuidade do técnico Nacir Armando para a próxima temporada. Em 30 jogos, a UD Songo registou 17 vitórias, sete empates, seis derrotas, marcou 38 golos, sofreu 26 e somou 58 pontos. Houve fortes motivos para a pacata vila do Songo rejubilar-se pelo feito, porque dá duplo gosto. A Vila do Songo está localizada na

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província de Tete, distrito de Cahora Bassa. É aqui onde se situa a sede da empresa Hidroeléctrica de Cahora Bassa, visto que a cerca de uma dezena de quilómetros da vila se situa a barragem e, no seu ventre, a central com os seus cinco potentes geradores. Trata-se de uma vila que em tudo se confunde com a própria história do gigantesco empreendimento. O distrito de Cahora Bassa tem como limite, a norte o distrito de Marávia, a oeste o distrito de Magoé, a sul o Zimbabwé, a leste o distrito de Changara e a nordeste o distrito de Chiuta. De acordo com o Censo de 2007, o distrito tem 89.956 habitantes e uma área de 10.598 km²

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DESPORTO

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TENISTA ARGENTINO VENCE PRIMEIRO FUTURE DO STANDARD BANK OPEN

tenista argentino Matias Descotte, que ocupa a 381ª posição do ranking da Associação de Tenistas Profissionais (ATP), sagrouse vencedor do primeiro Future do Standard Bank Open, em singulares masculinos, cuja final teve lugar no dia 10 de Novembro de 2018, nos courts do Jardim Tunduro, na cidade de Maputo. Para o efeito, Matias Descotte derrotou o zimbabweano Benjamin Lock, 446° no ranking da ATP e vencedor desta prova em 2015, por 7-6 (6) 6-2. Com este feito, o argentino recebeu um cheque no valor de 132.800 meticais. Visivelmente cansado depois da partida, que durou cerca de três horas, o argentino mostrou-se satisfeito com o resultado. “Foi uma final bem disputada, mas com o calor do público consegui vencer”. Matias Descotte considerou, na ocasião, que a qualidade do jogo da final é resultado da competitivida-

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de que caracteriza o Standard Bank Open, que conta com a participação de atletas internacionais de renome e com uma pontuação assinalável no ranking mundial. Apesar de ter sido derrotado em singulazres masculinos, o zimbabweano Benjamin Lock teve, também, motivos para celebrar pois venceu, ao lado do seu irmão, Courtney Lock, a final em pares masculinos. A dupla recebeu um prémio no valor de 57.000 meticais. Na ocasião, Courtney Lock disse que a dupla se sentia privilegiada por participar no Standard Bank Open, “um torneio que proporciona aos atletas da região, e não só, a oportunidade de participar numa prova como esta (em alusão ao Future)”. Por seu turno, o director de Marketing e Comunicação do Standard Bank, Alfredo Mucavela, afirmou que os jogos disputados, da qualificação à final, superaram as expectativas.

Nesse sentido, Alfredo Mucavela reiterou “o sonho de vermos os tenistas nacionais a competirem ao nível dos atletas estrangeiros que participam na prova, em particular os finalistas, que nos proporcionaram um grande jogo”. Já o presidente da Federação Moçambicana de Ténis (FMT), Valige Tauabo, considerou que a participação de atletas estrangeiros no Standard Bank Open é uma oportunidade para os tenistas nacionais se profissionalizarem. “Este é o caminho para a profissionalização dos nossos atletas. Assistimos, hoje, a um ténis de qualidade e esperamos que os tenistas nacionais e os alunos que fazem parte do projecto de massificação de ténis nas escolas consigam atingir este nível e que participem em torneios mundiais, tais como o Davis Cup e o Fed Cup”, disse Valige Tauabo. Importa realçar que, para além da final do primeiro Future, realizaram-se em Maputo

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ENTREVISTA

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Ídolo | Edição n⁰ 50 | Maio/Junho 2018 | www.idolo.co.mz


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