JORNAL IDOLO + edição 58

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ídolo + Onde Mora a Chama da Esperança

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40 meticais

Novembro 2019 Edição nº 58 Periodicidade Mensal Ano 12 Directores: Gervásio de Jesus & Jorge Barros

Queremos que os jovens se divirtam e aprendam a jogar futebol com valores

Deizy Nhaquile

Pág.04

Nos Jogos Olímpicos de Tóquio

Anseio estar entre as dez melhores

Joaquin Sagués Director do Campus Experience da Fundação Real Madrid

Marcamos vidas dos jovens s i a m a t n u j z e r d a X s a ç n a i r c de 100 III edição do Torneio de Xadrez, promovida pela Seguradora Ímpar

Pág.10

Ténis

Pág.09

FMT massifica a modalidade nas escolas


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Opinião

Editorial

Texto: Frantz Munyangaju Dalton Sitoe Editor Executivo

Ídolo em papel de jornal

A

Revista Ídolo entrou para o mundo mediático moçambicano em Janeiro de 2010. Passam já nove anos. São nove anos procurando atiçar a chama da esperança no seio do coração de um povo. Esperança não é uma palavra qualquer. É poderosa. Ela tem a força necessária para nortear a vida do ser humano, inclusive o estilo de vida. Por causa da força da esperança abdicámos de determinadas vontades para nos apegarmos às outras alinhadas com o que esperamos alcançar. Podemos assumir a esperança como um dos governadores da nossa vida, pois em face do que esperamos tomamos decisões. Sem esperança não dá para viver. Quando não temos esperança, somos apropriados pelo desespero. É terrível viver desesperado. É por isso que durante estes nove anos, entre as nossas páginas, procurámos colocar a chama da esperança. A ideia é, por meio delas, alimentar a esperança fundamentada na verdade. Por outra, fazer das nossas folhas a moradia da chama da esperança. Durante os nove anos, a Revista Ídolo saiu

às ruas com páginas em formato A4, numa periodicidade bimestral. Hoje, 28 de Novembro, a Ídolo apresenta um conceito inovador em Moçambique, uma inovação à moda inglesa: revista em papel de jornal. É uma inovação que nos permite operacionalizar a nossa visão editorial de forma sustentável. O formato tradicional de revista (A4) sairá apenas em ocasiões especiais. Neste âmbito, a periodicidade passa de bimestral para mensal. Para além disso, neste novo conceito, passaremos a dar mais atenção ao desporto, especificamente às camadas de formação. Será como no princípio, quando as páginas da Revista Ídolo eram dedicadas ao desporto infanto-juvenil. Este regresso às nossas raízes é fruto do relacionamento estabelecido entre a Ídolo e a Madrid Soccer Camps da Fundação Real Madrid. A Ídolo está, também, ligada, através de uma parceria, à Media Mais, tendo, desse modo, um programa de televisão. Esperamos, dessa forma, acrescentar valor ao desporto, na sua dimensão de formação, por meio da mediatização dos seus eventos. Boa leitura!

FICHA TÉCNICA

ídolo + Registo N.º 010/GABINFO-DEC-2011

Directores Gervásio de Jesus & Jorge Barros Directora Executiva Ondina Pereira

Tiragem 2500 Exemplares

Editor Executivo Dalton Sitoe

Endereço Av. Karl Marx nº 1975 – R/C

Redacção Gervásio de Jesus, Filomena de Jesus e Dalton Sitoe

Impressão Gráfica Sociedade do Notícias

Contactos +(258) 84 57 45 041; +(258) 84 55 27 437 MAPUTO - MOÇAMBIQUE

Layout e Paginação Cláudio Nhacutone Revisão Linguística Agy Aly Fotografia Ídolo Marketing Idolo

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Um olhar ao desporto universitário em Moçambique

O

primeiro objectivo das instituições de ensino superior moçambicano é a formação dos seus estudantes, concebida como uma formação integral, englobando as componentes humanas, culturais, científicas e técnicas. A prática desportiva constitui hoje em dia um elemento indispensável para a concretização dessa formação integral, devendo complementar, de forma harmoniosa e saudável, a actividade curricular associada à docência e à investigação. O reconhecimento do papel do desporto e das actividades lúdicas na formação do estudante é hoje em dia consensual e inquestionável. Os modos de estrutura desta função são, porém, diversos e variam de caso para caso. A maioria das grandes universidades insere as actividades desportivas dentro dos currículos. Por razões de vária ordem, as instituições não têm conseguido oferecer aos seus estudantes as condições necessárias para a existência de uma prática desportiva generalizada e sistemática. Com efeito, apenas um diminuto número de universitários se encontra envolvido em competições desportivas federadas, através das respectivas associações académicas, ficando a grande maioria arredada, praticamente por inteiro da prática desportiva de lazer. A promoção de actividades desportivas comporta encargos muito elevados, seja na aquisição de espaço, na construção de infra-estruturas ou na sua manutenção. No caso de uma prática desportiva sistemática e generalizada à toda a população estudantil universitária, os investimentos nela envolvidos correspondem, certamente, a montantes não passíveis de serem suportados pelos orçamentos das universidades. O desporto deve ser concebido como uma prática vocacionada para a formação de todos estudantes, devendo igualmente ser oferecido ao conjunto da comunidade universitária. O desporto nas universidades deve entender-se como uma componente importante da formação dos estudantes e deve, por isso, ser desenvolvido numa dimensão aberta à participação saudável, voluntária e activa da generalidade dos universitários. A política desportiva de cada universidade deve ser definida pelos respectivos órgãos competentes num contexto de diálogo e contextualização com o movimento associativo dos estudantes, respeitando a sua autonomia e iniciativa


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Natação

Natação

Ferroviário de Maputo atento às crianças promissoras O ondular das águas denuncia a presença de crianças na piscina, que não entraram para refrescar, mas para treinar. O técnico, Ivo Matola, está de lado de fora da piscina, atento às crianças. Após soar o apito, ouve-se um som das águas produzido pelo movimento humano na piscina: são as crianças fazendo o exercício que o mister mandou.

E

ste costuma ser um tipo de episódio vivido logo pelas manhãs na piscina do Ferroviário de Maputo, situada na Baixa da cidade de Maputo. É um lugar onde acontece a formação de nadadores, desde pré-iniciados, iniciados, e infantis. Dentro da escola é constituída a equipa de competição composta pelos mais promissores. Quando a Ídolo visitou a piscina, estavam os dois grupos. Havia duas crianças que estavam em aulas e cinco que estavam a treinar com vista a competir no recém disputado torneio Golfinhos Sprint. O responsável pelo departamento de natação, no Clube Ferroviário de Maputo (CFM), Eduardo Santos (Russo), disse que havia mais crianças fora do que as que estavam na piscina. “Para além do turno da manhã, temos o da tarde. Na verdade, a adesão depende muito da época. A temporada iniciou em Setembro e vai até Maio do próximo ano. A partir de 15 de Novembro a afluência aumenta. Na época passada, por exemplo, chegámos a ter 150 crianças de dois aos 13 anos de idade”, revelou. O conjunto de 150 crianças é chamado de escola. Estas crianças são as que são formadas para, futuramente, fazerem parte da equipa de competição do Ferroviário de Maputo. As cinco crianças que estavam a treinar, são as preparadas para competir e resultaram do trabalho de formação. A maioria treina no período da tarde por causa das aulas. As matérias ensinadas às crianças são os quatro estilos básicos da natação desportiva: livres, bruços, costas, e mariposa. “São estes estilos que começamos a ensinar às crianças e se forem talentosas en-

Russo, responsável pelo departamento de natação, no Ferroviário de Maputo (CFM)

tram no treino para terem um desenvolvimento desportivo mais alto”, acrescentou Russo. Segundo Santos, os técnicos alocados aos pré-iniciados, iniciados, e infantis, no CFM, são qualificados e alguns com

o primeiro nível de treinador, mas a maioria pertence ao grupo dos considerados monitores, também, qualificados. Os que trabalham ao nível da formação são, no total, cinco. “Gostávamos de ter mais

dois ou três técnicos a trabalharem com as crianças, mas isso tem a ver com a capacidade logístico-financeira do clube. Mas mesmo assim estamos a conseguir fazer um trabalho de relevo. Só para ter uma ideia, na época passada conseguimos federar 16 crianças para equipa de competição. Isso é muito bom”, avaliou o responsável pelo departamento de natação no clube. Para quem olha para a piscina de seis pistas pode considerá-la pequena para a quantidade de crianças que procuram aprender a nadar na expectativa de serem nadadoras. “A piscina é pequena, não há dúvidas. Mas nós temos horários. A piscina tem seis pistas e em cada horário podemos ter dentro da água e à-vontade, cerca de 40 crianças. Gere-se muito bem, sem, inclusive, precisar utilizar as seis pistas”, assegurou Santos. Russo, também técnico principal de natação no clube, afir-

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mou que o Ferroviário oferece condições mínimas para se trabalhar com as crianças. “Temos condições razoáveis. Não digo das melhores. Mas não nos falta nada. Temos o equipamento necessário para trabalhar”, sustentou. Contudo, nem todas as crianças afluem ao Ferroviário de Maputo na expectativa de serem futuras nadadoras. Umas aderem por questões de saúde, outras querem aprender a nadar, e outras ainda, como passatempo no período de férias. Há, porém, quem acaba se apaixonando com o fim de ser profissional na modalidade. “Não tem sido fácil. Hoje em dia, há muitas actividades, oportunidades e muitas opções para as crianças. A afluência tem sido grande, mas nem todas querem ser profissionais. Só querem aprender natação para férias. Algumas acabam gostando e passam a seguir a vida profissional que é de federados”, disse Ivo Matola, técnico da formação no Ferroviário de Maputo. O nadador Victor Roy, por exemplo, iniciou a sua vida na natação em 2011, porque tinha asma e era muito forte. Actualmente quer ser um Adam Peaty. “Este é um desporto muito bom. Requer concentração e dedicação. Aqui encontrei treinadores com paciência para ensinar e, facilmente, apaixonei-me pela natação”, revelou o menino de 12 anos de idade. A história não é igual para Kiannu Marques, de 11 anos de idade, que deseja, no próximo ano, mudar-se para o futebol, apesar de estar desde 2014 a praticar natação. “Estou a nadar para aprender e para ganhar forças. Quando eu vim pensei que fosse só para brincar, mas depois começou a ser frequente, e acabei habituando. Para o ano praticarei futebol e natação”, revelou o pequeno Kiannu. Gabriela Zimila, aos três anos de idade, começou a praticar natação e actualmente tem nove. Dos quatro estilos, domina o bruços. “O meu sonho é ser uma grande brucista”, expressou Gabriela. A esperança de ser referência faz, também, parte da vida de Nelo Magumane, de 14 anos de idade. Começou a nadar em 2015, e, à semelhança dos outros três, afirmou que tudo o que sabe sobre natação aprendeu no Ferroviário de Maputo, e o seu desejo é, um dia, alcançar os patamares da sua figura de inspiração, Michael Phelps


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VELA

Nos Jogos Olímpicos de Tóquio

“Quero estar entre as dez melhores” - ambiciona Deizy Nhaquile, campeã africana É jovem apaixonada por ganhar. Gosta do ambiente que se instala em si ao ganhar. Vencer dá-lhe uma sensação de máxima alegria. E ela está a crescer ganhando.Acumula já seis títulos de campeã no Campeonato Africano de Vela.

A

última vitória deuse, este ano, na Argélia, e fez com que conquistasse uma vaga para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Deizy Nhaquile acolheu a Ídolo, no Clube Marítimo dos Desportos de Maputo, para conversar sobre a sua carreira, qualificação e preparação para a sua presença em Tóquio, no próximo ano. Acompanhe o diálogo.

O grupo que aceitou cá vir, tinha apenas a intenção de aprender a nadar Ídolo (I) – Quando é que surgiu a vontade de praticar vela? Deizy Nhaquile (DN) – Com o andar do tempo. Comecei a fazer natação em 2010 a convite do coach, Ernesto, treinador do Clube Marítimo. Ele foi para a minha sala, na escola onde estudava, e perguntou por crianças que queriam fazer natação. Então, no início era só natação. Eles tiveram uma reunião com os nossos pais para explicar o que as crianças iam fazer mas não falaram nada sobre vela.

Texto: Dalton Sitoe/ Fotos: Idolo

Gosto de ganhar. Quando se ganha, há uma felicidade enorme dentro de si, algo difícil de explicar. É o máximo! É a melhor sensação da vida O grupo que aceitou cá vir, tinha apenas a intenção de aprender a nadar. Com o tempo, depois de aprender a nadar, eles disseram: “já sabes nadar, agora vais aprender a fazer vela”. Não tínhamos ideia do que era vela, pois para nós, barco era só para pescador. Comecei a fazer vela porque o meu pai obrigou-me. Com o tempo fui gostando, depois de uns dois, três anos. I – Porquê que o seu pai a obrigou? DN – O meu pai acredita que a criança deve ser ocupada, sobretudo durante o fim-de-semana. Frequentava a quinta classe, na altura, e ele queria ver-me preenchida. Durante a semana ia à escola e ao fim-de-semana ia praticar desporto. I – Em que ano passou da natação para a

Encontrava-me no meio do mar, reparei que o meu treinador estava quase na ilha, e depois olhei para a terra e vi que estava distante, por isso preferi virar o meu barco e voltar para o clube

vela? DN – No mesmo ano. I – Como foram os primeiros dias na vela? DN – Nos primeiros dias só se anda por andar. Está tudo baralhado. O instrutor diz-te isto e aquilo, mas vem o vento no meio de tudo. Não entendes nada. Não é difícil, com foco e tempo a pessoa acaba aprendendo. I – Que memórias guarda dessa época de aprendizagem? DN – Íamos fazer o trajecto Maputo – Ilhas Xefina. E, no meio do mar, desisti. Era das mais novas e o vento estava forte. Encontravame no meio do mar, reparei que o meu treinador estava quase na ilha, e depois olhei para a terra e vi que estava distante, por isso preferi virar o meu barco e voltar para o clube.

De 2012 a esta parte, tenho ganho todos os campeonatos africanos de vela em que participo Disse ao treinador que aquilo estava a ser um sofrimento e que não queria mais. Quando cheguei a casa conversei com a minha mãe, explicando que não queria mais e que estava a sofrer. A minha mãe concordou porque percebeu que ter uma filha de 10 anos entre ventos fortes no meio do mar era complicado. Mas o meu pai olhou para nós e disse: “amanhã ela vai treinar.” I – Qual foi o motivo que a levou a apaixonar-se pela vela?


Novembro 2019 DN – Eu ganhava. E não há melhor sensação do que ganhar. Gosto de ganhar. Quando se ganha, há uma felicidade enorme dentro de si, algo difícil de explicar. É o máximo! É a melhor sensação da vida. Coincidiu que no ano seguinte tínhamos Jogos Africanos aqui em Moçambique. Durante a preparação para o Campeonato Africano, começámos a treinar todos os dias. Tivemos algumas clínicas (estágios) na África do Sul. Nos Jogos Africanos, a Maria ficou com o terceiro lugar. Foi quando começaram a perceber que, afinal, temos talento para a vela. De 2012 a esta parte, tenho ganho todos os campeonatos africanos de vela em que participo. Fui campeã no “Africano” da Tanzânia (2012); África do Sul (2013); Marrocos (2014); Algéria (2015). Nestes países, disputei na classe optimist. Depois passei para a classe laser 4.7, que é uma categoria olímpica. Nessa classe, fui campeã no “Africano” disputado em Moçambique, em 2016. O “Africano” de Vela de

VELA Entrei para a última regata jogando pelo seguro, que era procurar manterme em segundo lugar e qualificarme para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020

2014 foi o melhor campeonato da minha vida e dos meus colegas, porque ganhámos tudo. Depois da vitória, de 2016, não tive mais campeonatos africanos, comecei então a preparar-me para o “Africano” da Algéria de 2019. A minha preparação baseou-se mais na competição fora do país,

em eventos internacionais de vela na China (em 2017); Dinamarca (2018); Alemanha (2019); e Japão (2019). I – Sabendo que o “Africano” da Algéria era para si o mais esperado, como foi o primeiro momento de envolvimento na competição?

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DN – Fui para lá dias antes. Era mais para treinar também no local e conhecer o mar. Não estava com medo, mas transportava comigo a noção de ter deixado a minha vida social para aquele campeonato, durante três anos, e não podia ser em vão. A primeira adversária com que deparei foi a que competi com ela no Japão. Era Kholoud Mansy, a egípcia. Tínhamos competido, de igual para igual, no Japão, e nesse confronto directo eu ganhei. Não venci a prova, mas derrotei-a. Percebi que iria querer dar tudo para que eu não lha ganhasse de novo. Não sabia como as outras oito adversárias eram, só conhecia a ela. Na verdade, eu e ela é que dominávamos as regatas (provas náutica). No último dia do “Africano”, fomos à regata com ela em vantagem, porque tinha mais regatas em primeiro lugar. No entanto, se eu vencesse aquela regata seria campeã, mas eu não podia lutar para ganhar, porque noutras cometi algumas irregularidades que me fizeram ter


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VELA

duas bandeiradas. À terceira bandeirada ficava desclassificada e perdia tudo. Então, entrei para última regata jogando pelo seguro, que era procurar manter-me em segundo lugar e qualificar-me para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Não gosto de perder, mas daquela vez era o sonho do país que estava em jogo e era melhor jogar pelo seguro. Mas a meio da prova, a minha principal adversária, por me querer vencer, acabou perdendo a cabeça e eu aproveitei, e conquistei o título africano.

O “Africano” de Vela de 2014 foi o melhor campeonato da minha vida e dos meus colegas, porque ganhámos tudo

I – Como está a preparar-se para o Tóquio 2020? DN – A Federação é que está a organizar. Provavelmente irei preparar-me num centro de alto rendimento, fora do país. Seria bom que assim acontecesse. Para os Jogos Olímpicos a preparação tem de ser redobrada, porque quero estar entre as dez melhores, em Tóquio. I – Que tipo de trabalho é feito fora do mar para conquistar títulos? DN – Cuidado com a alimentação, ginásio, e o treino em si. Basicamente, acordo as 4:00 horas para ir à faculdade, e antes de sair tomo uma refeição e suplementos. Tenho um intervalo, quase ao meio dia, e uso esse tempo para ir ao clube. Aqui varia. Vezes há em que vou ao mar treinar ou vou ao ginásio; mas nessa hora

tomo a segunda refeição e suplementos. Volto depois para a faculdade, e, às 14:00 horas tomo a terceira refeição. Perto das 16:00 horas tenho de voltar a comer. E quando volto para

casa tenho de jantar. Por outra, por dia tenho de ter umas cinco refeições e treinar. Comer não é vida fácil para mim. Há vezes em que não há vontade, mas tenho de

comer senão fico prejudicada. Se não comer perco peso, e se comer de qualquer maneira também crio problemas. O peso é muito determinante na vela

Perfil

Deizy Nhaquile

Deizy Nhaquile nasceu a 30 de Julho de 2000. É a segunda filha de Justino Nhaquile, e Cremilda Malendza. Ela passou os seus primeiros anos de vida na Costa do Sol, na cidade de Maputo.Vivia no Triunfo. Gostava muito de brincar. A rotina dela era: escola-casa, e ir brincar na praia da Costa do Sol com as amigas e, por vezes, com a mãe. Gostava de ficar na água da praia. Em 2013, a família mudouse para Khongolote, na cidade da Matola. Por ter iniciado a prática desportiva aos 10 anos de idade, a sua história de vida está intimamente ligada à vela. Deizy não tem tido uma vida social muito activa, porque várias vezes está envolvida com o treino. A família acostumou-se a isso, tanto é que já é raro convidarem-lhe a festas de família, pois acreditam que já têm a resposta: tem de descansar para o treino do dia seguinte. A campeã africana entrou, em 2019, para a Universidade Eduardo Mondlane (UEM), uma das mais prestigiadas instituições de ensino superior no país. Na UEM está fazer o curso de Licenciatura em Ciências do Desporto


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VELA

“Escola e desporto devem andar juntos” – adverte Justino Nhaquile, pai da Deizy Dá-se por contente pela forma como os seus filhos estão a trilhar os caminhos da vida. Sente-se lisonjeado por, com a sua esposa, Cremilda Malendza, ter gerado atletas de vela, através dos quais Moçambique tem,hoje, seis títulos africanos. O seu nome é Justino Nhaquile. É pai de Deizy Nhaquile, a campeã africana de vela. Acompanhe, nas próximas linhas, a entrevista que concedeu à Ídolo. Ídolo (I) – Como recebeu o envolvimento da sua filha na vela? Justino Nhaquile (JN) – A Deizy, primeiramente, conversou com a mãe. Depois de terem concordado, abordaram-me. Da forma como me explicaram, não me tinham elucidado que era para ser velejadora. A ideia era natação. E autorizámos. Afinal de contas, a natação fazia parte da iniciação. Depois de ser aprovada na natação passou para o barco. A mãe é que ficou espantada quando soube que já estava a velejar e, no princípio, não aceitou. Achava perigoso ver a nossa filha no alto mar. Mas conversei com a mãe e chegámos ao consenso de que podíamos deixar ela treinar, porque, de certeza, havia algum controlo. Algum tempo depois, o clube chamou os pais dos atletas. Nessa altura, explicaram-nos e, inclusive, eu e outros encarregados, fomos, com os nossos filhos, ao alto mar para vermos como treinavam. I – Houve um dia em que a Deizy quis desistir e já tinha combinado tudo com a mãe. Mas ao chegar a casa impôs que ela continuasse. Porquê recorreu à autoridade naquele dia? JN – Vi que outras crianças do bairro, depois de voltarem da escola, envolviamse em brincadeiras. E não queria que fosse assim com à Deizy. Entendi que ir treinar vela era uma ocupação benéfica para ela. Por isso, quando me disse que queria desistir

Depois de ser aprovada na natação passou para o barco. A mãe é que ficou espantada quando soube que já estava a velejar e, no princípio, não aceitou.Achava perigoso ver a nossa filha no alto mar

não aprovei a ideia. A mim, o que importava era ela estar ocupada com qualquer coisa após o período escolar. Como pai, incentivei-a a continuar e, inclusive, falei com o treinador dela, alertando-o que houve algo que a assustou num dos treinos. Depois tudo voltou à normalidade e ela continuou com os treinos. I – Como é que a Deizy se enquadrou com os seus irmãos? JN – Ela tem uma irmã mais velha. A Deizy foi a primeira e procurou puxar os outros três consigo para a vela. Participou com a irmã mais velha nos Jogos Africanos de Maputo, em 2011. A irmã que a segue é que não se interessou muito pela vela.

Mas em casa o ambiente é tranquilo. Há um bom relacionamento entre eles. Inclusive, quando o clube precisou de mais atletas, a Deizy conseguiu levar o irmão mais novo para começar também a treinar. Ele já teve duas participações e, em equipa, ganhou terceiro lugar por duas vezes. I – Como é que olham para a trajectória da Deizy? São seis títulos africanos! JN – Olhamos como propósito de Deus. Em 2005, vivíamos numa residência arrendada, em Khongolote, houve um vendaval e a casa desabou. Por isso, passámos a viver no Triunfo, próximo ao Clube Marítimo. Dois anos depois da Deizy entrar para a vela, no Clube Marítimo, na procura de terreno para construir a nossa casa, encontrámos um atrás da casa onde estávamos antes de sairmos de Khongolote. Quer dizer, só fomos para o Triunfo para a Deizy estar naquela escola aonde o Clube foi procurar talentos. Ficámos muito emocionados quando ela ganha. É uma menina que vem do nada e, de repente, já tem nome na praça, e representando um país inteiro. E é um nome com dimensões internacionais. I – A Deizy vai para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Como é que a família recebeu esta notícia? JN – Com muita alegria. Muita alegria. E desta vez foi diferente. Nos anos anteriores ia sem telemóvel. Quando quiséssemos falar com ela tínhamos de falar com o treinador mas os técnicos não nos diziam o resultado. Ela ganhava, e só conhecíamos o resultado quando íamos buscá-la no Aeroporto. Quando passou a ir com o telemóvel, ela também tinha a mania de não dizer o resultado e guardava-o para o fim. Desta vez, no final de cada dia, telefonávamos para saber como foi, e ela contavanos. No primeiro dia, disse que estava tudo bem. No segundo, ela telefonou a chorar porque tinha levado bandeiradas, mas demos-lhe força e aconselhámo-la a ter mais cuidado. Faltavam dois dias. No último dia, telefonou-nos para dizer que ficou no primeiro lugar e qualificou-se

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para o Tóquio. I – Nos anos que ia sem telemóvel, como é que vocês ficavam? JN – Era preocupante para a mãe. Aquela saudade e inquietação, porque de qualquer das formas era uma menor longe do país. Para mim, que ia sempre às reuniões e tratava dos documentos para ela viajar, era mais fácil gerir a situação, porque sabia como a coisa funcionava. Mesmo assim, procurávamos telefonar sempre para o treinador. Ela tinha o problema de não se alimentar quando estava na categoria optimist e, por vezes, o treinador tinha de passar o telefone para ela para motivá-la a comer. I – E nos estudos, como é que se tem orientado? JN – Sou rigoroso nessas coisas. Primeiro é escola depois desporto. Na prática desportiva o prazo expira. Não é possível ser velejadora para toda a vida. Um dia a carreira desportiva vai terminar. Portanto, a escola é fundamental. E ela tem conseguido conciliar as duas actividades. Fiquei desapontado, no ano passado, porque ela acabou perdendo o ano. Haviam prometido uma bolsa para Portugal. A ideia era ter treinos intensivos lá. A bolsa do Comité Olímpico contemplava apenas a componente de treino. Eu disse que não ia autorizar. Sem escola, não. Mas depois informaram-me que estavam à procura de financiamento para também estudar, porém não conseguiram. Naquela conjuntura toda de procura de financiamento para os estudos, acabou perdendo o ano. Mas neste ano, ela entrou para a UEM onde está a fazer a licenciatura em Ciências do Desporto. I – E como reagiu à escolha do curso? JN – Por acaso, não fiquei assim muito satisfeito. Mas está na área dela e é preciso dar-lhe a oportunidade de materializar o seu desejo. Os seus irmãos estão também a caminhar. A que lhe segue está a concluir o ensino médio, e o mais novo está a concluir o básico. A mais velha é empreendedora, tem uma loja na cidade de Maputo. Estamos contentes com a forma como estão a caminhar


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Ténis

Ténis

FMT massifica ténis nas escolas A Federação Moçambicana de Ténis (FMT) está a implementar um projecto de massificação da modalidade. A iniciativa consiste em levar o ténis às escolas primárias. Actualmente, o propósito envolve directamente mais de quatro mil crianças dos oito aos 14 anos de idade.

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ma raquete na mão, um terreno plano, uma rede esticada, e campo delineado, lá vai a FMT despertando a paixão pelo ténis no coração das crianças, de ambos os sexos e procurando futuros campeões. O projecto de massificação está em marcha desde 2018, tendo arrancado com seis escolas e este ano está em 12 instituições de ensino, localizadas fora do centro da cidade de Maputo. Com isso, a ideia é desmistificar o pensamento de que o ténis é para gente de elite. “Estamos no nosso melhor momento de sempre no que diz respeito ao movimento de crianças no ténis. Temos uma parceria estratégica com o Standard Bank, o que nos permite levar o ténis às escolas, sobretudo as que estão mais longe do centro da cidade, onde o ténis é visto como modalidade fora do alcance”, disse Jonas Alberto, vice-presidente da FMT. Em coordenação com os ministérios da Educação, e da Juventude e Desportos, a FMT tem acesso às crianças nas escolas, nas horas da disciplina de educação física. A Federação envia técnicos formados, duas a três vezes por semana, para treinarem as crianças durante duas horas. Para além de enviar profes-

sores e equipamento, Alberto explicou que os professores de educação física das escolas primárias beneficiam também de capacitação. “Temos desenvolvido formações para o mini-ténis, que é a iniciação, e escalão de nível 1, tendo em conta este movimento de expansão da modalidade. À medida que o ténis vai expandido é necessário que haja mais técnicos capacitados para darem continuidade ao projecto. Os professores de educação física nas escolas, também, beneficiam de alguma capacitação para que o movimento seja sustentável”, esclareceu. No ano passado, foram formados 10 professores para o primeiro nível. E no ano em curso, mais 10 professores foram capacitados para o mesmo nível. A certificação que os formados obtêm é de dimensão mundial, ou seja, podem trabalhar em qualquer parte do mundo como técnico de formação de ténis. Depois do período da apresentação da modalidade nas escolas, onde as crianças

Temos desenvolvido formações para o mini-ténis, que é a iniciação, e escalão de nível 1, tendo em conta este movimento de expansão da modalidade

têm o primeiro contacto visual com o ténis e regras básicas, as crianças são postas a competir por meio de torneios inter-escolares. A primeira competição entre elas deu-se em Outubro do corrente ano. “Cada uma das 12 escolas tem um técnico a trabalhar com elas. Depois de algum tempo fazemos um campeonato inter-escolar. As escolas juntam-se no Clube de Ténis de Maputo, no Jardim Tunduro, e faz-se uma competição

para avaliarmos o nível de cada uma das escolas. Depois damos um intervalo de aproximadamente dois meses e voltamos a juntar e a realizar outra competição”, detalhou. O objectivo é que pelo menos os melhores de cada uma das escolas, possam participar no “Standard Bank Open”, que é o grande torneio internacional realizado em Moçambique. Espera-se que até à data da competição, as crianças já estejam capacitadas para, pelo menos, jogarem num dos escalões de formação. “Estamos a promover este movimento todo para depois colhermos o fruto. E o fruto são os atletas que se destacam fazerem parte daquilo que é o bolo de tenistas que podem ser escolhidos para a selecção nacional ou algum clube. Estamos conscientes de que o movimento é um funil. Podemos ter quatro (4) mil crianças e no fim colhermos cinco como fruto. Então, quanto mais abrangentes formos, maior será o fruto”, acautelou. O vice-presidente da FMT acrescentou que numa primeira fase o projecto abrange escolas primárias situadas na província e cidade de Maputo. A visão é gradualmente aumentar as províncias abrangidas até atingir todo o país


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Guaxene animada com ténis A Escola Primária do 1.º Grau de Guaxene é uma das abrangidas pelo projecto de massificação do ténis. É uma escola que fica doutro lado da Baía de Maputo, na Ka Tembe. Aquela instituição está envolvida com o desporto, sobretudo o futebol e o atletismo, tendo, inclusive, alguns alunos na selecção nacional.

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ontudo, as crianças daquela escola ainda não tinham tido a oportunidade de se beneficiarem de uma experiência com o ténis. Nos meados de Agosto, os alunos de Guaxene tiveram o seu primeiro contacto com o jogo da bolinha e raquete. Segundo o técnico alocado para Guaxene, Stélio Carlos, o ténis foi recebido com hospitalidade e entusiasmo, sobretudo pelas meninas que não se sentiam bem jogando futebol e que, por isso, estavam a praticar atletismo por falta de opção. “Senti mais entusiasmo da parte das meninas. O futebol de 11 não lhes cativava e, por causa disso, engrenaram no atletismo. Percebeu-se que o ténis foi visto como uma alternativa ao atletismo e, actualmente, vejo que o ténis é já a primeira opção para muitas crianças de Guaxene”, analisou Carlos. Para a prática do ténis em Guaxene utilizam-se redes portáteis montadas numa área pavimentada da escola. Durante um mês e meio, o tenista Stélio Carlos atravessou a baía para ir ensinar ténis às crianças da Escola Primária do 1.º Grau de Guaxene. Eram cerca de 300 alunos da terceira a sétima classes. “Estas cinco classes são as que tinham maior disponibilidade. Foi complicado trabalhar com crianças da primeira e segunda classes, por causa dos pais. Os alunos, às vezes, voltam com um colega para casa percorrendo longas distâncias. Então, trabalhei com o grupo de crianças que conseguiam ir para casa sozinhas”, justificou o tenista. Acabar os movimentos e a posição da base foram as principais adversidades que as alunas de Guaxene manifestaram durante os primei-

Wilsa Leonor

de Guaxene, aderiu ao ténis porque no dia do lançamento do movimento da modalidade, na sua escola, ficou encantada ao ver os treinadores a jogarem e decidiu experimentar. “É um pouco complicado ficar toda a hora a esticar o braço. Por isso, para mim foi difícil jogar nos primeiros dias. Mas com o andar do tempo ficou normal”, disse a menina Wilsa. O técnico Stélio Carlos classificou positivamente o desempenho das crianças de

Melita António

Rosa Maria

ros dias de aprendizagem do ténis. Actualmente, a aluna Melita António, por exemplo, assegura que já ultrapassou as dificuldades e já sabe fazer os movimentos, fruto da prática que foi tendo ao longo do tempo. A pequena Melita está a estudar em Guaxene, porque veio à cidade de Maputo para viver com os tios. Segundo Melita, os pais, que moram em Chimoio, ficaram contentes em saber que a filha está a praticar ténis em Maputo, para além de estudar. “Quando voltar para Manica irei procurar um lugar

onde se pode jogar ténis. Gostei do ténis pois é muito bom. Não vou parar. Quero ser uma campeã”, revelou Melita António. Outra aluna atraída para o ténis é Rosa Maria. Ela praticava futebol, mas quando soube que havia um movimento de ténis na sua escola tratou de mudar. Rosa Maria disse que no princípio foi difícil. “Foi difícil aprender a jogar ténis. Mas procurei dedicarme. Treinava todos os dias na escola. Com a prática acabei dominando”, acrescentou a aluna da sétima classe. Wilsa Leonor, outra aluna

Stélio Carlos, técnico

Guaxene em relação à forma como reagiram ao ensino transmitido. Carlos disse ainda ser gratificante ver que algumas das crianças que fizeram parte das aulas já atravessam de Ka Tembe para o centro da cidade de Maputo, para ir praticar a modalidade no Clube de Ténis, no Jardim Tunduro. Para o tenista é o sinal de que os passos que têm sido dados para levar o ténis a ser uma modalidade incluída no desporto escolar está a ter resultados palpáveis


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XADREZ

Em Maputo

Xadrez junta mais de 100 crianças Mais de 100 crianças de diferentes escolas primárias da cidade de Maputo participaram na III edição do Torneio de Xadrez, promovida pela Seguradora Ímpar. O torneio juntou alunos provenientes de seis escolas primárias e quatro de ensino especial da capital moçambicana.

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coordenador das acções de responsabilidade social da Ímpar, Bruno Santos, disse que a seguradora apoia a prática de xadrez nas escolas por tratar-se de uma modalidade que ajuda a desenvolver o raciocínio e a criar relações sociais saudáveis. “Xadrez é um aliado importante na educação infantil, visto que, a partir deste, a criança desenvolve técnicas de observação, cálculos e execução, itens que poderá aplicar em diferentes áreas”, observou Santos. Inúmeras escolas ensinam as crianças a jogar xadrez, mas por falta de material a prática fica comprometida. Com o torneio, as escolas recebem material para os jogos de xadrez. As três edições já realizadas abrangeram apenas as escolas da cidade de Maputo, mas para as próximas edições espera-se que o torneio aconteça noutras províncias do centro e norte do país. Nos Jogos Escolares, realizados na cidade de Chimoio, neste ano, participaram pela primeira vez, alunos que se destacaram nas edições passadas do torneio da Seguradora Ímpar. Para a melhor formação dos alunos, a Ímpar aposta num trabalho de base que consiste primeiro na formação dos professores, para a posterior formação

Texto: Filomena de Jesus

dos alunos. “Quando lançamos o torneio, organizámos um workshop que tinha como objectivo instruir aos professores como leccionar as aulas de xadrez, pois há uma necessidade de se aprimorar o ensino, principalmente pelo número de alunos das escolas especiais que temos, pois é necessário desenvolver técnicas que facilitem a sua compreensão”, explicou o coordenador. “Durante as aulas fizemos visitas às escolas para acompanhar o processo de formação dos alunos e, após isso, realizámos o torneio cujo encerramento aconteceu no dia 28 de Setembro último. Importa clarificar que o ponto forte deste torneio é a formação e não a competição”, acrescentou. Embora a competição não seja o alvo da acção, os participantes receberam alguns prémios de participação como o seguro Ím-

Durante as aulas fizemos visitas às escolas para acompanhar o processo de formação dos alunos

par, material didáctico, e material para a prática de xadrez. Não obstante envolver, essencialmente, a cidade de Maputo, não são as mesmas escolas que se beneficiam do evento. Anualmente,

novas escolas são escolhidas. A iniciativa nasceu da parceria com o Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano, Federação Moçambicana de Xadrez e Associação de Xadrez da Matola


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SUPLEMENTO

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Campus Experience F. Real Madrid Videogame "Futebol e Jogo Responsável" O projecto “Futebol e videogame responsável”, organizado pela Fundação Real Madrid em colaboração com a Microsoft, é mais um atractivo a juntar ao futebol real em que os jovens que são apaixonados por jogos de futebol interactivos poderão também participar na cidade desportiva.

Fernanda Delgado, directora do Xbox para Espanha e Portugal, Enrique Sánchez, vice-presidente executivo da Fundação, Joaquín Sagués, director mundial do Campus Experience Emilio Butragueño, director de relações institucionais do clube

Real Madrid aproxima-se do ESPORTS O Real Madrid continua com um pé dentro e outro fora dos desportos electrónicos. A gigante do desporto tradicional ainda não se envolve a 100% nesse novo sector, mas aposta, pouco a pouco, nele. Contudo, a Fundação Real Madrid anunciou que incluirá a modalidade “Futebol e Jogo Responsável” na sua oferta do Campus Experience. A cerimónia de apresentação aconteceu no Santiago Bernabéu, onde estiveram Enrique Sánchez, vice-presidente executivo da Fundação, Emí-

lio Butragutgueño, director de relações institucionais do clube, Joaquin Sagués, director mundial do Campus Experience F. Real Madrid, e Fernanda Delgado, directora do Xbox para Espanha e Portugal. O Campus de Futebol e Jogo Responsável é co-organizado pela The Global Sports Academy, uma das mais poderosas escolas de desporto e jogos da Espanha. A sua ajuda será essencial para orientar o projecto da Fundação, que terá profissionais experientes no ensino do sector. O programa é baseado numa mistura de aprendizado

Participante do Campus Experience em Valdebebas - Madrid

de futebol e videogame, e decorre na própria cidade desportiva de Valdebebas, para crianças de sete a 13 anos de idade. Os participantes realizam actividades de treino e desporto físico pela manhã, enquanto as sessões de videogame ocorrem pela tarde. Especificamente, a Fundação Real Madrid decidiu concentrar-se no FIFA 19 como o título veicular do curso. A relação entre o jogo da EA Sports e o futebol é bastante clara, portanto a decisão não é surpreendente. Juntamente com a Global Esports Academy, outras marcas uniram-se para apoiar este projecto, nomeadamente:

Xbox, Razer, NewSkill, Samsung, e FriendlyScreens. “Eles não apenas jogam videogame. Os jovens que participam do Campus são ensinados a usar e proteger-se das redes sociais. Aprendem ainda sobre quantas horas devem jogar, bons hábitos, e apoio psicológico”, explicou Joaquin Sagués, director do campus. “Trata-se de educação profissional e treino em algo que penetrou na nossa cultura”


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2020 vai ser o 6ºano de participação consecutiva Jovens moçambicanos no Campus Experience F. Real Madrid O Campus Experience, na cidade desportiva do Real Madrid em Valdebebas, receberá, mais uma vez, os jovens de vários países dispostos a viver uma experiência inesquecível. Em 10 anos deste projecto Moçambique participa, pela terceira vez, através da Madrid Soccer Camps. Os atletas vão treinar uma vez mais sob a supervisão dos treinadores do Real Madrid, e com as actividades programadas pela equipa de educadores e treinadores da Campus Experience. As jovens promessas aprenderão os verdadeiros valores do clube “blanco”.

Ganhane e Erneast com colegas de equipe de vários países na cidade desportiva do Real Madrid

Moçambicanos pelo 6º ano consecutivo Os atletas de Moçambique têm participado nas categorias infantis, iniciados e juvenis. Chimoio, Nampula, Beira e Maputo, foram as cidades que participaram até ao momento, no C.E.F.R.M e, este ano, pretende-se ampliar a participação a outras cidades moçambicanas, por isso a MSC procura parceiros locais e patrocinadores. Onde treinam os jovens futebolistas? Os jovens têm a oportunidade de treinar na cidade desportiva do Real Madrid, a maior do mundo, situada em Valdebebas, nas imediações do Aeroporto de Madrid. A cidade possui cinco campos de relva natural, cinco artificiais, o Estádio Alfredo DiStefano, centro de treino, zona de aquecimento, cafetaria, centro médico com as mais recentes inovações, e mais de 15 vestiários. No entanto, o maior atractivo é o de poderem treinar perto dos seus “ÍDOLOS”. No Campus faz-se um treino matinal, de uma hora e meia, e outro da parte da tarde, de cerca de uma hora. São treinos com bola de futebol, mas, durante as 15 horas diárias de formação, passam ainda por actividades de entretenimento para fortalecimento mental, união do grupo, treino no pavilhão Multi Sports. Há, ainda, formação em sala de aulas, de técnica, táctica e a obrigatória

altamente qualificados tanto no campo desportivo quanto nos aspectos educacionais. Os treinadores pertencem às Escolas de Futebol da F. Real Madrid e são especialistas em treino desportivo. Eles têm a missão de melhorar o estilo de jogo dos participantes, tanto técnico como táctico, mas o mais importante é o ensino do trabalho em equipa.

Jovem Austríaco carrega o colega moçambicano Césio Manhiça durante actividades físicas e de união entre atletas de vários países

passagem dos valores do Real Madrid, como por exemplo, o espírito de equipa, respeito pelos outros, auto-controlo e esforço. Além disso, estes jovens têm a oportunidade de conhecer, pessoalmente, os jogadores da equipa principal do Real Madrid, e a história do clube ao visitar o mítico Estádio Santiago Bernabéu e o seu museu que se situa dentro do mesmo complexo, assim como a loja oficial do clube “Merengue”. Faz parte do programa, uma visita à cidade de Madrid e, claro, aos pontos de festejo da equipa quando comemora a vitória de algum troféu conquistado, como por exemplo, a PlazaCibelles, Município ou o Palácio do Rei.

Programa Durante a sua estadia, os jovens atletas são treinados por profissionais

O programa voltado para a formação integral dos participantes, tem quatro áreas principais: parte técnicotáctica, em que há um plano de trabalho para que cada participante possa desenvolver todas as suas habilidades de uma forma dinâmica e equilibrada; parte das habilidades físicas e motoras, de modo que eles estejam cientes da importância da melhoria física e sua influência sobre o seu desempenho. Está incluso no programa o ensino sobre saúde, para que os participantes tenham a consciência da sua importância na sua carreira desportiva, valores de educação, através da forma de ensino mais eficaz, a fim de serem treinados não só como atletas, mas também, e acima de tudo, como pessoas, na passagem de valores que servem para toda a vida

Al Faed, de Chimoio mostra suas habilidades técnicas


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C.E.F. Real Madrid em imagens Jovens Moçambicanos a participar Desde 2015 Uma imagem vale mais do que mil palavras, por isso contamos aqui em algumas fotografias um pouco da participação de jovens moçambicanos nesta experiência fantástica no Real Madrid, declarado pela FIFA o maior clube do Sec. XXI

Maalik, de Maputo

Zidane, de Nampula

Teólo, Manuel e Jorge Barros

Oito moçambicanos participaram da foto com a equipa principal do Real Madrid

Shelton, de Chimoio

Edmilson, de Maputo

Equipe de Sub-10 com quatro moçambicanos

Bruno, de Nampula

Ana Flávia, vice-ministra da Juventude e Desportos, com os jovens atletas

Imprensa na chegada a Maputo

Abdulah Bicá, de Maputo


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Campus Experience F. Real Madrid INSCRIÇÕES 2020 I MADRID I 09 aos 19 anos Já estão abertas as inscrições para o C.E.F Real Madrid 2020. Entra já em contacto para saber como pode participar em Madrid nesta 11ªEdição. A MSC irá também abrir em 2020, numa primeira fase, as suas Academias de futebol em Maputo e em Dakar, Senegal. O basquetebol e o ténis são outros objectivos para o ano que se avizinha.

Despedida dos jovens atletas, no Glória Hotel, em Agosto 2019

Partida de Moçambique Saída de Maputo: 10 de Agosto 2020 Saída para estágio: 11 de agosto Mini-Bus do aeroporto de Madrid até ao Estádio Santiago Bernabéu e depois autocarro até ao estágio na Cidade Desportiva Real Madrid, com outros participantes de vários países e STAFF Fundação Real Madrid. Regresso a Maputo a 25 de Agosto 2020. Alojamentos As acomodações são na residência Erasmo, Universidade Autónoma de Madrid. A acomodação é feita em quartos duplos (2 por quarto) e são equipados com casa de banho e ar condicionado. A residência dispõe de uma sala de TV e DVD, mesa de trabalho, computadores e salas de jogos, lavandaria e vigilância nocturna. Treinos Cidade Desportiva do Real Madrid Campus relvados, pavilhão, piscina, cantina e aulas técnicas e táticas em sala de aulas. Refeições Os jovens atletas têm 4 refeições diárias preparadas segundo as regras dos nutricionistas profissionais do Real Madrid O que recebem no estágio? Um KIT de treino Real Madrid composto por calções, meias, camiseta, mochila e bebedor de água. No final do estágio, um diploma de participação assinado pelo departamento de futebol. Visto Para o visto são necessários os seguintes documentos a reunir para entrega na Embaixada de Espanha: Seguro de viagem, 01 fotografia Reserva de passagem aérea Carta convite de participação no C.E.F. Real Madrid e declaração de autorização de saída do país.

Chegada a Madrid para participação no C.E.F Real Madrid

SEGUE AS NOSSAS PÁGINAS Moçambique Madrid Soccer Camps e Campus Experience F. Real Madrid

Mais Informações Representante Oficial em África Madrid Soccer Camps MSC Sports & Events, Lda. Av.24 de julho 1837 - 1º - Nº 102 Maputo - Moçambique Mail: barros@soccercampsmadrid.com Cel: +258820071879 Tel/Fax +25821328688


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“NBA (USA), NBA (Europe), FC Porto e Boavista FC, são alguns dos clientes da PG Stars“ A PG Stars é uma empresa portuguesa de design e produção de artigos desportivos. A marca preocupa-se não só com a qualidade e conforto do equipamento desportivo, mas também com a performance dos atletas dentro e fora dos campos. A empresa entrou para o mercado não só para adquirir lucros com a produção dos artigos desportivos, mas também para ganhar almas para a prática de desporto, sendo esta uma actividade que garante mais saúde e bem-estar. E para tornar o seu objetivo alcançável, a PG Stars trabalha afincadamente na divulgação da importância da prática desportiva. A marca acredita que o objectivo pode ser facilmente atingido praticando actividade física ainda em tenra idade e, por isso, as suas campanhas de sensibilização são voltadas para as camadas mais jovens. Para a marca, o seu público-alvo é o seu patrão, fazendo com que o mesmo participe no design do material desportivo, através das respostas dadas às questões relativas aos seus gostos e preferências, quer no material usado, quer no modelo do equipamento. Esta postura contribuiu para o surgimento de uma legião de fãs e uma rede de contactos ao nível de Portugal e do mundo. Para fazer jus ao seu produto, que é fundamentalmente português, a marca potencializa a indústria têxtil local que cresce exponencialmente com o aumento da demanda pelo equipamento desportivo. A PG Stars é uma marca que reflecte a alma e o coração dos desportistas do mundo e está presente na vida dos que praticam desporto de forma individual, aos pares, entre família ou entre amigos.

transformar espaços desportivos Há sensivelmente 15 anos nasceu no mercado a marca desportiva Sports Partner. Um produto particularmente português que velozmente “furou” o mercado internacional dado o seu conforto e qualidade. A Sports Partner é um sonho concretizado de Rui Vicente, um jovem atleta que pela curiosidade em saber a origem do equipamento que trajava durante a prática desportiva teve a ousadia de criar a sua própria marca, e o seu engenho ganhou espaço no mercado. A empresa é especializada no fabrico de pavimentos e materiais desportivos. Para se firmar num mercado com muitas marcas estabelecidas, lançou produtos com qualidade diferenciada, reconhecida através dos atletas, clubes ou federações. Como forma de marcar passos galopantes, a Sports Partner fez da inovação a chave certa para se firmar no mercado, por isso aposta não só no material desportivo e em pavimentos como também em outros elementos afins. No âmbito do fabrico de pavimentos, a empresa buscou formas de fazer com que os pisos estejam preparados para reduzir lesões e minimizar a fadiga do desportista. Para além de preocupar-se com o desportista, a companhia decidiu inovar trazendo as cadeiras de bancada ERGO com conforto, qualidade e segurança para evitar casos de vandalismo entre os espectadores. E para garantir melhor visibilidade dos resultados do jogo, a empresa dispõe de marcadores electrónicos com tecnologia LED de alta luminosidade. A Sports Partner inspira-se nos atletas de qualquer que seja a modalidade, e a sua missão é corresponder às suas exigências fornecendo produtos de qualidade reconhecidos não só na Europa mas em todo mundo.

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No Campus Experience do Real Madrid

“Marcamos vidas dos jovens” – afirma Joaquin Sagués, Director do Campus Experience Em Agosto de cada ano, crianças moçambicanas dos 9 aos 19 anos de idade têm ido participar do “Campus Experience do Real Madrid”, em Espanha. Trata-se de um evento que reúne jovens de vários países do mundo para um estágio de duas semanas a fim de conviverem com o ambiente futebolístico do clube, treinarem e aprenderem os valores do Real Madrid. Joaquin Sagués, Director do Campus Experience da Fundação Real Madrid, e Ana Flávia, vice-ministra da Juventude e Desportos

Texto: Gervásio de Jesus

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Director do Campus Experience da Fundação Real Madrid, Joaquin Sagués, concedeu uma entrevista à Ídolo, em que explica o conceito e a finalidade do “Campus Experience”. Acompanhe-a nos parágrafos que se seguem:

Ídolo (I) – O Campus Experience da Fundação Real Madrid já está na 11ª edição. Como surgiu o conceito? Joaquin Sagués (JS) – A Fundação Real Madrid assumiu a realização do Campus em 2009, que anteriormente era concretizada pelo Real Madrid. Para aprimorá-la, a Fundação Real Madrid promoveu um concurso que foi ganho pela nossa empresa porque incluímos conceitos e valores relacionados com o indivíduo.

Esta projecção internacional é que permite a todos os jovens de ambos os sexos, de qualquer país do mundo, ter acesso a estes treinos em futebol e valores, tanto no Campus que fazemos em Madrid quanto no que realizamos noutros países

I – Qual é o objectivo do projecto Campus Experience? JS – Queremos que os jovens se divirtam e aprendam a jogar futebol, mas, acima de tudo, que aprendam os valores relativos ao indivíduo. Estes valores ajudarão no seu desenvolvimento pessoal como trabalho em equipa, a liderança, o esforço, a solidariedade e o respeito pelos outros. I – Considera importante o carácter internacional do projecto? Quantos jovens e quantos países participam do Campus Experience? JS – Sim. Esta projecção internacional é que permite a todos os jovens de ambos os sexos, de qualquer país do mundo, ter acesso a estes treinos em futebol e valores, tanto no Campus que fazemos em Madrid quanto no que realizamos noutros países. Quando assumimos o Campus do Real Madrid este tinha a participação de 400 jovens durante todo o verão. No ano passado conseguimos alcançar a meta de 3 500 jovens provenientes de 103 países. I – Qual a sua opinião sobre os jovens moçambicanos que já participaram no evento? JS – Eles estão sempre muito animados e integrados, desde o primeiro minuto, quando vivem essa experiência. O futebol é um desporto capaz de encantar todas as crianças e, claro, as crianças moçambicanas que também praticam o futebol, e para aquelas que viveram esta experiência com a mar-


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FUTEBOL

ca Real Madrid através da Fundação, é algo que irão lembrar-se para toda a sua vida. I – Pode explicar um pouco o projecto “futebol e jogo responsável”? JS – Os videogames são uma realidade e foi por isso que lançámos, no ano passado, o primeiro “campus de futebol e jogo responsável”, para que essas crianças possam compartilhar mais os seus dois momentos de lazer importantes como o futebol e os jogos. E dizemos com responsabilidade porque se deve trabalhar os hábitos, correctamente, para passar um número de horas determinadas jogando videogame sem ser demais. Esta é a razão pela qual no nosso Campus, o futebol é jogado durante aproximadamente três horas por dia, e nos videogames, também, e propomos um máximo de três horas por dia, dedicando o tempo restante para a piscina e outros jogos ao ar livre.

Crianças que vêm a Madrid têm a oportunidade de visitar o Estádio Santiago Bernabéu e seu Museu, bem como a cidade desportiva do Real Madrid I – Em quantos países o Campus Experience é organizado localmente? Qual é a diferença entre ir a Madrid ou participar no próprio país de origem? JS – Enquanto Campus Experience Internacional chegamos a ter 24 sedes, desde a Argentina à China, do Canadá à Grécia, da Irlanda ao México ou de outras como Arábia Saudita a Singapura. A diferença fundamental entre ir ao Campus

A diferença entre ir ao Campus de Madrid e frequentar o Campus local é que qualquer criança com poucos recursos financeiros para ir a Madrid pode participar

de Madrid e frequentar o Campus local é que qualquer criança com poucos recursos financeiros para ir a Madrid pode participar. É verdade que as crianças que vêm a Madrid têm a oportunidade de visitar o Estádio Santiago Bernabéu e seu Museu, bem como a cidade desportiva do Real Madrid, em Valdebebas. Mas tentamos fazer com que o resto do programa, independentemente do país onde se realize, seja exactamente o mesmo que o de em Madrid. I – As crianças moçambicanas podem esperar pelo Campus Experience local? JS – Há cinco anos, quando estive em Moçambique, conversei com a vice-ministra da Juventude e Desportos, Ana Flávia. Naquela altura falou-nos da importância de, no futuro, buscar a possibilidade de se realizar um Campus Experience em Moçambique. Isso dar-nos-ia uma enorme satisfação, mas respondi que para começar, seria bom que os primeiros 40 ou 50 participantes de Moçambique tivessem a oportunidade de vir a Madrid para viver a experiência deste campus.

I – Além do Campus Experience, existem outros projectos desportivos que poderiam passar por Moçambique? JS – Os programas desportivos que gerenciamos actualmente no Campus Experience são o campus de futebol, o de basquete e futebol, e jogo responsável. Qualquer um desses três projectos desportivos encaixa-se perfeitamente em Moçambique, que é, de facto, um país com uma cultura de basquete muito gran-

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de, para além do futebol e videogame, porque, como sabemos, eles são jogados em todo o mundo. I – Que mensagem deixa para os jovens moçambicanos? JS – Encorajo toda a criança a praticar desporto e a formar-se como indivíduo para que o desporto que pratica tenha um papel fundamental. A alimentação, o exercício e valores como respeito pelos outros, trabalho em equipa, esforço, autodisciplina e autocontrolo trabalham com o futebol e com o desporto. É por isso que incentivo a participar do projecto Campus Experience. E para as mães e pais, encorajo-vos a investir no futuro da educação dos vossos filhos, matriculando-os no campus da Fundação Real Madrid


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A Academia da Madrid Soccer Camps reabre no início de 2020. O futebol será a modalidade de entrada e gradualmente serão introduzidas outras disciplinas, tais como o basquetebol, andebol, futsal, e outras práticas desportivas. Para além de reatar em Moçambique, a academia será aberta no Senegal, a mesma altura.

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rata-se de uma academia que privilegia o conceito de treino em campo relvado durante as férias, fins-de-semana, e feriados, para permitir às crianças concentrarem-se nos estudos. Anteriormente, os treinos aconteciam no Estádio Nacional do Zimpeto e no Campo Municipal do Zimpeto, e agregavam crianças dos sete aos 17 anos de idade. No novo ciclo, o local mantém-se, porém o representante da Madrid Soccer Camps em África, Jorge Barros, fez saber que em breve a academia terá instalações próprias. Sobre a idade, disse que passa a acolher crianças dos sete aos 18 anos. “Esta é uma academia de acesso pago, porém iremos patrocinar aos que não têm condições para o efeito. A idade limite passou de 17 para 18, porque 18 anos é uma boa idade para fazer a transferência para um clube”, justificou Barros. Em termos de matérias a serem ensinadas às crianças, segundo Barros, o foco será a passagem de valores. “Uma criança dos sete a 18 anos não deve ter a pressão de ganhar. Deve ter a passagem de valores desde treinar bem; assiduidade e dedicação ao treino; respeito pelos outros; e foco”, acrescentou. Madrid Soccer Camps (MSC) é a organização que, há cinco anos, tem levado

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FUTEBOL

Madrid Soccer Camps relança academia em Maputo anos ou menos. “É evidente que para um jogador começar a actuar no estrangeiro é necessário que tenha 18 anos de idade. Senão a única alternativa é ir pela via dos estudos. Nós representamos, em África, com exclusividade, um colégio privado de uma universidade da região do Porto. Quando for conveniente, as crianças que forem quando mais novas, poderão estudar lá com a ligação ao clube”, explicou o representante da MSC - África. Barros disse que pretende estabelecer uma relação de amizade e de entreajuda com às várias academias que já estão a actuar em Moçambique. “Tenho boas relações com o Tico-Tico e Gonçalves Fumo. O nosso desejo

Já levámos atletas para jogar fora do país. Há cinco anos que seleccionamos crianças para participar do Campus Experinces do Real Madrid

adolescentes moçambicanos para o “Camps Experinces do Real Madrid”, um evento que reúne jovens de vários países do mundo, no período de Agosto, num estágio de duas semanas para conviverem com o ambiente futebolístico do clube, treinarem e aprenderem os princípios de disciplina no Real Madrid. A MSC actua no agenciamento de jogadores, organização de eventos desportivos, e representação de marcas desportivas.

A Academia que vai funcionar no Senegal terá o mesmo conceito com a de Moçambique

“Já levámos atletas para jogar fora do país. Há cinco anos que seleccionamos crianças para participar do Campus Experinces do Real Madrid. E já encaminhámos, também, seis adolescentes para irem fazer testes no Boavista, em Portugal. E três deles foram aprovados, embora um não tenha conseguido ir por motivos familiares”, revelou Barros. Através da academia pretende-se também recrutar crianças para projectá-las fora do país ao atingirem 18

é ter uma boa relação com todas as academias que estão em funcionamento em Moçambique. Pretendemos ter momentos de partilha de experiências e meios de trabalho”, manifestou. A Academia que vai funcionar no Senegal terá o mesmo conceito com a de Moçambique, e estará sob a liderança do ex-jogador da selecção do Senegal, Ibou Wade. Iniciará arrendando um campo relvado, na perspectiva de, em breve, ter o seu


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Estreia ídolo+ na MEDIA MAIS TV Os conteúdos do Ídolo + vão ganhar animação no canal televisivo Media Mais. Dois órgãos de comunicação unidos pelos mesmos propósitos: passar o conteúdo desportivo do papel para as telas e fazer com que o desporto ganhe mais notoriedade e inspire os seus seguidores. Texto: Filomena de Jesus

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dolo + é um programa de televisão que terá como foco as camadas de formação, sem descurar aqueles que têm um vínculo afectivo pelo desporto. No programa, serão transmitidos conteúdos nacionais e internacionais, podendo as informações da diáspora ser enviadas previamente para a equipa de produção pelos vários clubes desportivos espalhados pelo mundo. Para o Administradordelegado do Canal Media Mais, Simão Anguilaze, a iniciativa traz uma outra dinâmica para os programas desportivos nacionais. “Foi com enorme entusiasmo que nos filiámos a esta causa. Trata-se de um programa que poderá orientar e inspirar as camadas juvenis apaixonadas pelo desporto a fazerem melhor. E esta união vai trazer também novas oportunidades de negócios ao nível do desporto, bem como alavancar a posição dos dois órgãos envolvidos face ao mercado”, avançou. Anguilaze apontou o facto de serem transmitidos conteúdos internacionais, durante o programa, como o grande diferencial face à concorrência. “Este será um programa global, que vem com um grande diferencial perante os demais, pois teremos rubricas nas quais iremos encaixar matérias enviadas por clubes desportivos de outros cantos do mundo, o que nos leva a afirmar, sem sombra de dúvida, que será um projecto diferente,

robusto e com qualidade mais do que suficiente para atrair o público”. E para inspirar as camadas de formação, a equipa de produção irá potenciar boa parte do seu tempo de antena na transmissão de conteúdos das modalidades individuais ou colectivas, e a outra parte será dedicada aos comentários e interacção com o telespectador. O programa está a cargo de uma vasta equipa que serve como elo entre o telespectador e os fazedores das diversas modalidades desportivas. Uma parte do grupo está encarregue de aspectos técnicos como a preparação do estúdio, cenário, som e luz, e a outra está incumbida pelos conteúdos, como é o caso de repórteres que sairão à rua para colher informação, fazer entrevistas que, posteriormente, serão transmitidas para o telespectador. “O programa é formado por uma equipa jovem composta por um apresentador, comentadores de renome na área desportiva

Simão Anguilaze, Administrador Delegado da MEDIA MAIS TV

O programa é formado por uma equipa jovem composta por um apresentador, comentadores de renome na área desportiva e uma vasta equipa técnica que funciona atrás das câmaras

e uma vasta equipa técnica que funciona atrás das câmaras. Durante o programa será estabelecido um contacto com o telespectador através de chamadas telefónicas, envio de mensagens em tempo real através do Facebook”, revelou Anguilaze. Com a apresentação de informações internacionais é quase que indispensável a transmissão do programa a nível global, e isso poderá ser feito através das plataformas digitais. E por se tratar de um programa direccionado à camada mais jovem, a que está mais voltada para o mundo digital, a produção irá maximizar a transmissão do programa a partir dessas esferas em tempo real e com a possibilidade de interacção. “A juventude está mais familiarizada com o mundo digital, por isso queremos apostar nas novas tecnologias para a transmissão dos conteúdos em tempo real. Através dessa emissão poderemos avaliar o nível de audiência e de qualidade do

próprio programa pelo número de likes que iremos receber. Iremos estabelecer uma interacção com o público para estimar se o programa vai bem ou não. Assim, estaremos aptos para corrigir rapidamente as nossas falhas e, naturalmente, oferecermos o melhor ao telespectador”, argumentou Anguilaze. E porque existem modalidades pouco exploradas, ao nível das televisões moçambicanas, a promessa que fica do Administrador-delegado da Media Mais é que as modalidades que atraem massas e trazem resultados positivos, ainda que pouco divulgadas, terão os seus conteúdos expostos no programa. “É verdade que o futebol é a modalidade rainha, mas, por isso, não deixaremos de abordar, todas as outras modalidades, como o hóquei em patins, basquetebol, ténis, e muitas outras, que mesmo sem atrair massas trazem resultados positivos, e serão muito bem exploradas no programa”, completou Anguilaze


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FUTEBOL

Black Bulls focada na formação Ao meio da tarde, o sol estava intenso. Mas em direcção ao campo do Matchedje, na Matola, caminhavam grupos de crianças e adolescentes. Andavam enquanto trocavam conversa, uns com os outros. Os moradores daquele bairro já têm aquela movimentação como comum, tanto mais que quem procura pelo campo do Matchedje àquela altura do dia tem como resposta: é só seguir este grupo pois vai para lá.

Estes miúdos quando chegarem aos 18 anos de idade já terão uma bagagem muito grande

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o local do treino, os treinadores da Black Bulls já se faziam presentes e ao verem os atletas entrando no campo verificavam o relógio para se certificarem se ainda estavam a respeitar a pontualidade. Ao chegarem ao relvado sintético do Matchedje, casa emprestada, as crianças equiparam. Os técnicos dividiram o campo em partes e em cada lado treinava um dos quatro escalões programados para aquela hora. Estavam em campo os escalões Sub13A e B, Sub15, e Sub10, sendo este último ainda em fase de ensaio para a oficialização no próximo ano. Em todos os escalões, havia um a dois treinadores atentos para a introdução de novo exercício ou fazer alguma advertência. Quem aprecia os movimentos das crianças em

campo pode perceber que, apesar de serem orientados por vários técnicos, os princípios são semelhantes. Eles procuram privilegiar o contacto “criança-bola”, promovendo jogos, dois para dois, com “balizinhas” e a troca de passes através do “fica no

meio” com um determinado número de passes de bola. Porque fazia muito sol, havia momentos de paragem para beber água. “Dentro da nossa organização temos princípios. Maioritariamente saímos a jogar curto, depois temos a

criação de espaços, entrada no espaço e a finalização. Depois há subprincípios dentro disso. Desenvolvemos o nosso treino sempre nessa linhagem. Por isso, cada exercício feito aqui tem o jogo em vista. Treinamos sempre com bola. A parte fí-

sica está inserida no próprio exercício”, explicou Hélder Duarte, técnico principal da Black Bulls. “Estes miúdos, quando chegarem aos 18 anos de idade já terão uma bagagem muito grande. Quando falarmos de apoio frontal ou lado vazio vai ser algo normal para eles, porque estão a aprender ainda cedo”, perspectivou Duarte. À semelhança da matriz nos métodos de treino e de instrução dos jogadores possibilita que um jogador Sub-16 possa actuar, naturalmente, na equipa Sub-18, por exemplo, sem necessariamente ter de se adaptar a um outro método de trabalho. Foi nesse âmbito que a equipa Sub-23b da Black Bulls actuou no último campeonato com mais de 50 jogadores. Para além dos Sub-23 menos utilizados na equipa principal, jogaram quase todos os juniores e dois atletas de juvenis. “Nós trabalhamos numa ideia conjunta de clube. A abordagem dos seniores é semelhante com os outros escalões. Aqui o jogador sobe e desce de escalão normalmente. Quando sentimos que um atleta de 16 anos já tem domínio no seu nível, colocámo-lo no escalão superior para experimentar


Novembro 2019 outro tipo de dificuldades. Queremos que ele aplique o mesmo exercício enfrentando atletas num grau mais elevado do que ele”, explicou o treinador. Foi trabalhando desta forma que, este ano, a Black Bulls ganhou o campeonato em todos os escalões, à excepção da equipa de iniciados que ficou no segundo lugar. Não só ganhou como também forneceu cerca de 20 jogadores distribuídos em vários escalões da Selecção Nacional de Futebol. O destaque vai, ainda, para o facto de ter ascendido ao Moçambola 2020 com a sua equipa de Sub-23. O projecto Associação Black Bulls (ABB) começou há três anos. Antes de ser ABB, fez-se uma parceria com o FC Porto e aquele clube português enviou quatro treinadores para Moçambique com a ideia de “caçar talentos” para serem integrados no FC Porto. Nessa iniciativa, foram levados três atletas: Geny (está no Sporting CP); Abel (Amora FC); Chamboco (Bragança). Depois pretendeu-se criar uma escola do FC Porto e para o efeito foram enviados de Portugal os técnicos Hélder Duarte e Inácio Soares, dois dos quatro que fizeram parte dos primeiros enviados para o “caça talentos”. Nessa altura, havia um protocolo entre a ABB e o FC Porto no sentido da criação da escola, um protocolo que já expirou. Com o acordo terminado, os dois técnicos passaram a pertencer totalmente ao ABB. “O nosso método de trabalho tem muito a ver com a nossa raiz como treinadores.

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Todos treinam devidamente equipados. Tem equipamento para treino e de saída. Os que vir sem equipamento é porque ainda não pertencem ao clube, porque estão na fase de teste Nós trouxemos para cá muito conhecimento adquirido da nossa experiência no FC Porto”, revelou Duarte. Eram quatro os escalões que estavam a trabalhar no campo, porém o técnico fez saber que o ABB tem nove equipas, começando de Sub10. Para além de providenciar condições para as camadas de formação treinarem em campo relvado, o clube procura dar diversos incentivos aos atletas. “Aqui todos treinam devidamente equipados. Têm equipamento para treino e de saída. Os que vieram sem equipamento é porque ainda não pertencem ao clube, porque estão na fase de teste. Depois recebem dinheiro para transporte e têm um cartão por meio do qual recebem um subsídio para as suas despesas mínimas. Por

estas coisas temos de elogiar o lado humano caracterizado pela nossa direcção”, enalteceu. Ao nível das camadas de formação, o ABB tem 16 treinadores, três fisioterapeutas, quatro delegados, sete cozinheiras, dois motoristas, e outros integrantes. “É uma máquina montada e o projecto tem tudo para dar certo. É um investimento muito grande feito na formação de atletas”, acrescentou. A visão do ABB passa por identificar crianças talentosas, integrá-las no clube, formá-las tecnicamente enquanto atingem a idade aceite no mercado de transferências, e depois vendê-las para clubes fora do país. Aliás, a ABB está a construir as suas instalações, onde será estabelecida a academia. As obras estão na fase conclusiva. A academia vai ter cerca de quatro campos, dois sintéticos e outros de relva natural; 16 casas T2; 1 refeitório com capacidade para cerca de 200 atletas; 1 estádio com seis balneários; e outros compartimentos. A academia vai ter a vertente de formação de jogadores (Sub-17 aos Sub-12), competição profissional (equipa sénior, B, e Sub-19), e a escola de futebol, esta última será de acesso pago. Há no ABB 35 crianças de outras províncias que estão sob a responsabilidade da organização. A Black Bulls realiza eventos de “caça talentos” ao longo de todo o país e depois integra os melhores para receberem uma orientação técnica e crescerem jogando dentro dos princípios técnicos de percepção de jogo do clube

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Allan Perreira mostra-se nos treinos

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llan Perreira é jogador Sub-13 da Black Bulls. Ele mora em Infulene A, na cidade da Matola, perto do local de treino. Fazia parte da Escola do Benfica, mas depois apaixonou-se pelo ABB e decidiu integra-se nos “touros negros”. A ambição de Allan é ser um dos melhores jogadores do clube. Ele envolve-se activamente nos treinos e em cada exercício procura fazer como o técnico orienta. Fez saber que gosta dos exercícios e vê-os como exequíveis para a sua idade


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Novembro 2019

FUTEBOL

“Falsificação de idades prejudica o nosso futebol” – adverte Adil Dassat, técnico da Escola do Benfica em Maputo O técnico da Escola do Benfica em Maputo, Adil Dassat, defendeu que o futebol moçambicano não evolui devido à falsificação de idades ao nível dos escalões infanto-juvenis. Para o treinador, é necessário manter as idades reais das crianças para viabilizar uma avaliação mais realística do potencial dos jogadores.

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assat explicou que ao nível da formação é necessário preocupar-se mais com os resultados a longo prazo do que os imediatos, pois ao se investir na falsificação de idade para ganhar jogos o atleta fica prejudicado. “Quem compete com 10 anos de idade no meio de crianças com oito, certamente terá uma melhor prestação. Mas poderá encontrar dificuldades ao competir com juniores, pois está habituado a competir com jogadores mais novos. É comum os jogadores em formação preocuparem-se com vitórias mais do que com a melhoria das suas capacidades. Contudo, não devemos pensar apenas nas vitórias, é preciso ter em conta a formação a longo prazo”, alertou. A Escola de Formação do Benfica conta actualmente com cerca de 250 crianças com idades compreendidas entre os cinco e os 19 anos. Segundo Dassat, a missão da escola é permitir que as crianças tenham oportunidade de conhecer as metodologias de jogo do Benfica por meio da prática, uma forma de disseminar o nome do clube em vários cantos do mundo. Moçambique viu nascer o “Pantera Negra”, Eusébio da Silva

Ferreira, por isso a Escola do Benfica acredita que possa encontrar outros talentos escondidos. No que respeita à assimilação das metodologias do clube, Dassat fez saber que há também uma capacitação dos treinadores para permitir melhor compreensão dos jogadores. “A escola, para além de formar jogadores, investe na capacitação dos seus treinadores. Com técnicos altamente qualificados é mais fácil a transmissão do seu conhecimento o que permitirá melhor assimilação”, justificou. Dassat apelou aos pais para que direccionem os seus filhos aos relvados das escolas de formação ainda com idades inferiores. “As crianças precisam de começar a formação desde cedo, porque o jogador para chegar a um alto nível de competição tem de ter muito tempo de prática, começando nos cinco ou seis anos de idade. Aqueles que começam, por exemplo, com 12 anos, nem sempre atingem o alto rendimento”, completou Dassat. A Escola do Benfica está, actualmente, apenas na cidade de Maputo mas pretende, nos próximos anos, expandir-se para as cidades da Beira e Nampula

Foto:Ver Angola

Sporting de Portugal busca talentos em África Mais de 100 crianças e adolescentes beneficiam-se de formação futebolística na Academia do Sporting Clube de Portugal. A mesma está baseada em Nelspruit, na África do Sul, e conta com a participação de atletas moçambicanos, sul-africanos, britânicos, e nepaleses, que fazem parte dos escalões Sub-5 a Sub-19.

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academia leonina em Nelspruit está situada num complexo escolar com diversos compartimentos desportivos. Ao seu dispor estão cerca de três campos. Segundo o coordenador da Academia, Ricardo Sousa, alguns jogadores com boa prestação são levados a estagiar, por uma semana, na academia mãe, em Portugal. “Há dois anos levámos um jogador moçambicano para estagiar em Portugal e queremos levar mais três até ao final do presente ano. Estamos convictos de que com mais empenho eles poderão ir mais longe”, revelou Sousa. Naquele centro não são preparados apenas atletas para o estrangeiro. A academia procura qualificar os atletas para fazerem parte da Selecção Nacional. A Academia do Sporting tem três atletas que, para além de terem oportunidade de estagiar em Portugal, actuam

nos “Mambinhas” Sub-20 e Sub-17. “Ter esses jovens a enfrentarem grandes desafios torna-os referência na academia, servindo de bom exemplo para os outros”, acrescentou o coordenador. Como forma de manter a dinâmica dos treinos, a academia tem promovido torneios locais nos diversos escalões, os quais contam com o apoio do Sporting Clube de Portugal. A academia tenciona atingir um número maior de jogadores, contudo aponta o facto de não haver aulas aos finais de semana como sendo a grande dificuldade. “Se continuássemos a trabalhar dessa forma e se tivéssemos 200 ou 250 jogadores a treinarem de segunda a sábado, seria um cenário perfeito, mas tudo deve acontecer a seu tempo para não estarmos sujeitos a riscos. À medida que se cresce, exponencialmente, também se perdem algumas potencialidades e claramente que essa não é a nossa vontade”, concluiu Sousa


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Basquetebol

Moçambique disputa acesso aos Jogos Olímpicos

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Selecção Nacional feminina de basquetebol disputa de 6 a 9 de Fevereiro as três vagas de acesso aos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. O Pré-Olímpico feminino vai acontecer em quatro cidades: Bourges (França); Ostend (Bélgica); Belgrado (Sérvia); e Foshan (China). São ao todo 16 selecções que irão competir, nomeadamente: Moçam-

bique; Nigéria; Brasil; Canadá; Porto Rico; Estados Unidos; Austrália; China; Japão; Coreia do Sul; Bélgica; França; Inglaterra; Sérvia; Espanha; e Suécia. As 16 selecções serão separadas em quatro grupos. As três primeiras de cada grupo garantem vaga para Tóquio. A excepção fica para os grupos onde estiverem o campeão do Mundo FIBA 2018, Estados Unidos, e o anfitrião, Japão, que terão apenas duas vagas em disputa

Automobilismo

Trentyre vence Picanto Cup

O Foto: Dércio Cossa

s pilotos André Bettencourt e Cristian Bouché, da Trentyre, venceram o troféu de automobilismo denominado Picanto Cup. O evento aconteceu no autódromo do ATCM, no último domingo, e teve a participação de 14 equipas e 28 pilotos, dos quais 14 eram suplentes.

Futebol

Campeão do Moçambola é conhecido em Dezembro

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uas equipas lutam para vencer o Moçambola, a maior competição futebolística do país. Trata-se do Costa do Sol e da UD de Songo. Há 12 anos que os canarinhos não sentem o sabor do título do Moçambola, e por outro lado os hidroeléctricos conquistaram os últimos dois títulos da prova. Ao Costa do Sol restam seis pontos por disputar, enquanto a UDS tem nove pontos. Isto porque a UDS tem jogos em atra-

so devido a sua participação nas afrotaças. Vale referir que estas duas formações ainda têm um jogo entre elas. O confronto está marcado para 4 de Dezembro, próximo. Para além do jogo entre eles, a UDS vai cruzar o caminho do Ferroviário de Maputo, e o Chibuto. Por seu turno ao Costa do Sol, depois do jogo do dia 4 de Dezembro, restará enfrentar o Ferroviário de Nampula. A última jornada está marcada para o dia 8 de Dezembro

Completaram os lugares do pódio os pilotos Bruno Campos e Luís Moreira, da Motul, no segundo lugar, e André Almeida e Marco Abreu, da RaceCorp, que terminaram a corrida no terceiro lugar. Trata-se do regresso de um troféu de referência em Moçambique e que estava parado há 25 anos


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