IDOLO edicao 62

Page 1

Ivete Maibaze

Ministra da Terra e Ambiente

Ordenamento territorial é chave para planificação

Dário Camal

Enviado especial da UA

Jovem precisa acreditar no seu potencial

Onde Mora a Chama da Esperança

100,00 MT

Periodicidade Bimestral Ano 12 Fundada em 2007 Edição nº 62 Janeiro/Fevereiro 2021

Américo Muchanga PCA da ARECOM

QUEREMOS INFORMATIZAR O ESTADO PUBLICIDADE

A CAÇA FURTIVA ROUBA

DE TODOS NÓS King sweet (embaixador da campanha)

denuncie as autoridades grÁtis

843220837| 874583870

ADMISTRAÇÃO NACIONAL DAS ÁREAS DE CONSERVAÇÃO


2

ÍDOLO | Edição nº59 | Fevereiro/Março 2020 | www.idolo.co.mz


EDITORIAL

Dalton Sitoe Editor Executivo

Tradução dos sonhos

D

iariamente vivemos a recontagem. Há recontagem nos segundos, minutos, e nas horas. Mas o ser humano é aquela coisa, considera mais o que leva mais tempo para mudar. Só para ter uma ideia, a hora tem mais relevância do que os segundos. Nessa ordem de ideias, o ano costuma ter mais relevância do que o mês. O novo ano acaba vindo com aquele impacto de esperança renovada e até é recebido como se de um ser animado se tratasse. Novas expectativas preenchem os nossos corações. Lá no fundo a expectativa é de vinda de coisas melhores em todas áreas. É preciso ter cuidado para separar expectativa vs realidade; e sonhar vs viver. Quando sonhamos, desenhamos em nosso coração e visualizamos perfeição. É tanta perfeição que muitas vezes nem vemos necessidade de um plano b. Alguém

dizia noutro dia: “quando projectei abertura desta escolinha estava ver aqui mais de 500 crianças a aderirem”. Não é em ambientes tranquilos e de inspiração que se implementam planos na vida. A “tradução” da expectativa para realidade é imperativamente feita no meio do barulho problemático e afrontador de sonhos. Isso significa, que o homem não deve apenas estar preparado para implementar o seu plano, mas também para enfrentar a afronta da vida. Isso requer determinação e persistência. Tudo que precisa de determinação e persistência também precisa de paciência. Não podemos confundir o acto de viver, com o de postar no “Facebook”. Para conseguirmos postar os nossos planos e projectos na vida, é preciso enfrentar a afronta circunstancial, ou seja, é preciso pagar um preço. Sonhe, projecte, e planifique, mas esteja ciente dessas coisas

FICHA TÉCNICA IDOLO EI: Directora Executiva Ondina Pereira ondinadejesuspereira@gmail.com | Editor Gervásio de Jesus gervasiodejesus@yahoo.com.br | Editor Executivo Dalton Sitoe | Redacção Rosa Manhique, Hélia Panguiwa e Júlio Saúl | Colaboradores Samuel Sambo e João Chicote | Fotografia Salvador Sigaúque | Arte & Desenho Gráfico Paginação Cláudio Nhacutone | Revisão Linguística Idolo | Web master Paulino Maineque | Marketing Ídolo | Distribuição e Expansão Ídolo | Registo N.º 010/GABINFO-DEC-2011 | Tiragem 4000 Exemplares / Impressão Minerva Print | Endereço Av. Karl Marx nº 1975 – R/C | Contactos +258 87 552 7444; +258 84 574 504 1; +258 84 55 27 437 | Email: idolorevista@gmail.com/ revistaidolo@idolo.co.mz _ www.idolo.co.mz / MAPUTO - MOÇAMBIQUE

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

3


ECONOMIA

BVM disposta a potenciar industrialização da Zambézia

O

presidente do Conselho de Administração (PCA) da Bolsa de Valores (BVM), Salim Valá, disse que a instituição que dirige está disposta a financiar os empresários que pretendem investir na província da Zambézia. A disponibilidade foi divulgada durante a 1.ª Conferência Internacional de Investimentos da Zambézia, no Distrito de Mocuba, tendo como lema "Industrialização como Factor Dinamizador de Desenvolvimento da Província da Zambézia". Salim Valá focou a sua intervenção nas alternativas de financiamento ao sector empresarial da Zambézia, tendo evidenciado

4

as vantagens e benefícios da BVM, nas quais se incluem opções de financiamento específicas do mercado de capitais (venda, emissão e valorização de acções), a criação de soluções essenciais ao acesso das empresas no mercado de financiamento bolsista (terceiro mercado), tendo destacado as empresas que mais recentemente se financiaram na BVM (HCB, CDM, CMH com acções, e o BNI, Grupo Entreposto, Opportunity Bank, SMM e Tyre Partner, com obrigações). Referiu ainda que actualmente o financiamento à economia moçambicana através da BVM foi de USD 2.211 milhões, dos quais 28,8% ao sector privado, havendo por isso muito espaço para

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

o sector privado usar ainda mais este mercado de financiamento. O PCA da BVM sublinhou que a sua instituição tem estado a financiar empresas de diferentes áreas económicas, empresas de várias dimensões e também do sector empresarial do Estado, e que o terceiro mercado está preparado para acolher empresas de pequena e média dimensão, mas que queiram dispersar o seu capital e tenham boa gestão e governação. Terminou a sua intervenção convidando as empresas e os investidores da Zambézia a usar a BVM como um instrumento alternativo de financiamento, investimento e poupança, e uma ferramenta para catalisar a industrialização


ECONOMIA

Sector mineiro

BVM quer contribuir na redução de informalidade

A

Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) pode ser um instrumento para reduzir a informalidade no sector mineiro. Esta ideia foi defendida por Salim Valá, presidente do Conselho de Administração da BVM, durante o 45º Conselho Consultivo do Banco de Moçambique (BM), realizado na Cidade de Chimoio, em Manica. No último dia do Conselho Consultivo, o BM debateu com os agentes económicos da província de Manica o tema da mineração artesanal e de pequena escala como factor dinamizador de crescimento da província de Manica, tendo em conta a importância do sector mineiro para a economia nacional. A intenção do banco central, nas palavras do Governador, ao esco-

lher o tema mineração artesanal para debate no Conselho Consultivo, era promover um debate que contribua para incrementar o papel da mineração artesanal e de pequena escala no crescimento económico do país, referindo ainda que apesar da sua importância o sector mineiro ainda não constitui motor de geração de renda, emprego e bem-estar das populações locais. De acordo com o Governador do BM, Rogério Zandamela, tudo passa pela eliminação de excessiva informalidade no sector mineiro e o reforço do papel do Estado na promoção, supervisão e fiscalização. Salim Valá ajuntou que é vital o apoio na formalização dos operadores informais, seu treinamento e

financiamento para que esta actividade económica contribua para a geração de receitas para as famílias locais e para aportar mais receitas para o Estado. O dirigente da BVM referiu que se está a trabalhar com o Instituto Nacional de Minas (INAMI) para o registo dos operadores mineiros na central de valores mobiliários (CVM), um serviço especializado da BVM que trata do registo, compensação e liquidação dos valores mobiliários emitidos em Moçambique. A terminar a sua intervenção, Salim Valá destacou que a transformação estrutural da economia, que tanto se almeja, vai depender da forma como forem potenciadas as actividades como a mineração artesanal na perspectiva da diversificação económica

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

5


ECONOMIA Texto: Dalton Sitoe

BVM de mãos dadas com a BMM

A

Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) passa a fazer o registo, a liquidação financeira e a compensação do certificado de depósito emitido pela Bolsa de Mercadorias de Moçambique (BMM), mercê da assinatura de um memorando de entendimento entre as duas instituições, propiciando, assim, um mecanismo de financiamento directo para o sector agrícola nacional. Trata-se de uma parceria que vai permitir uma melhor colaboração, cooperação e articulação entre a BMM e a BVM, bem como maior apoio aos produtores e comerciantes, no que diz respeito ao seu financiamento. Com a assinatura do memorando, conforme explicou o secretário permanente do Minis-

6

tério da Indústria e Comércio, Jorge Jairoce, estão criadas as condições de partilha do mecanismo de operações da central de valores mobiliários na execução dos certificados de depósitos, que serão emitidos pela BMM e outras entidades públicas e privadas ligadas ao sistema de armazenamento de mercadorias. Assim, "a central de valores mobiliários efectuará o registo e procederá à liquidação e compensação financeira deste instrumento de crédito bancário, tornando-se um mecanismo de financiamento directo para os produtores e comerciantes", frisou Jorge Jairoce, que apelou a uma maior organização, por parte dos beneficiários, de modo a tirarem maior proveito desta oportunidade que se abre com a

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

assinatura do dispositivo. Num outro desenvolvimento, o secretário permanente do Ministério da Indústria e Comércio apelou à materialização do acordo, pois segundo ele “o Governo está a fazer grandes investimentos no sector agrícola, que devem ser consubstanciados com iniciativas do género”. Por seu turno, o presidente do Conselho de Administração da BVM, Salim Valá, realçou a importância desta parceria, na medida em que a instituição que dirige possui, na sua estrutura, um mecanismo especializado para este tipo de operações, neste caso a central de valores mobiliários, na qual todas as empresas em regime de sociedades anónimas devem registar-se, incluindo os seus


ECONOMIA

accionistas, de acordo com a regulamentação vigente no País. “É importante partilhar este serviço especializado, também para podermos incorporar, futuramente, o certificado de posse, que é um instrumento importante para o financiamento, apoio e facilitação do desenvolvimento rural, agrário e da economia rural”,

sublinhou Salim Valá. Na ocasião, a presidente do Conselho de Administração da BMM, Victória Paulo, afirmou que, com a assinatura deste memorando, os pequenos produtores e todos os intervenientes na cadeia de produção, armazenamento e comercialização de mercadorias vão poder usar a central de va-

lores mobiliários para aceder ao crédito bancário. “Este é um acto muito relevante porque estamos no processo de completar o ecossistema de funcionamento da Bolsa de Mercadorias de Moçambique. Estamos de braços dados para fazer crescer a economia moçambicana", disse Victória Paulo

PUBLICIDADE

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

7


ECONOMIA

Mercado de capitais solicitado a financiar infra-estruturas

O

ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH), João Machatine, convidou o mercado de capitais a financiar os projectos de infra-estruturas. O apelo foi feito durante VI conselho coordenador daquele ministério, que aconteceu em Chidenguele, em Gaza. Machatine enfatizou que perante o défice de recursos financeiros para cumprir com as prioridades previstas no PQG 2020-24, particularmente relacionado com o abastecimento de água e saneamento, estradas e pontes, habitação e gestão de recursos hídricos, o MOPHRH solicitou que a BVM fizesse uma apresentação durante o evento, sobre os possíveis mecanismos de financiamento às infra-estru-

8

turas por via do mercado de capitais. Durante a sua intervenção, o presidente do Conselho da Administração da BVM, Salim Valá, referiu que o órgão que dirige já tem algumas iniciativas de financiamento à indústria de bebidas, alimentar, hidrocarbonetos, construção, seguros, serviços e investimentos, publicidade, energia e gestão de infra-estruturas. Valá destacou que só entre 2019 e início de 2020, a BVM executou a OPV de acções da HCB, a OPS de acções da CDM, cotou a REVIMO SA no Terceiro Mercado (em Janeiro de 2020), e financiou a SMM e a Tyre Partner através do instrumento de papel comercial. Foi partilhado aos membros do Conselho Coordenador do MOPHRH que os fundos públicos de

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

infra-estruturas podem financiar projectos estruturantes através da constituição de veículos de investimento como o fundo de estradas criou (a REVIMO SA), podendo assim atrair outros investidores para a empresa e mais volume de financiamento, tendo-se sublinhado que o terceiro mercado de bolsa pode ser uma solução para que as empresas viáveis, com boas perspectivas de saúde económica-financeira e bem governadas possam usar os serviços da BVM e os produtos do mercado de capitais. A terminar, Salim Valá informou que a BVM vai ter uma “equipa dedicada” para abordar o assunto do financiamento às infra-estruturas por via do mercado de capitais, articulando com o MOPHRH e outras instituições relevantes


ECONOMIA

BVM disposta a trabalhar com estudantes

A

Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) manifestou disponibilidade para trabalhar com “startup’s” (empresas iniciantes) lideradas por jovens estudantes. Durante um seminário organizado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), o BVM evidenciou que as “startup’s” dos jovens graduados podem buscar financiamento no mercado de capitais pela via do Terceiro Mercado da BVM. O presidente do conselho de administração (PCA) da BVM, Salim Vala, apelou a UNE para disseminar esta possibilidade para que as empresas dos jovens graduados possam aproveitar a oportunidade. Na ocasião, Valá falou sobre a importância e va-

lor da educação como vector importante para a mudança de comportamento dos indivíduos, das famílias, comunidades e dos países, em relação a gestão financeira e aos investimentos inteligentes, convidando daquele modo a UNE apostar numa disseminação apoiada na educação financeira. A UNE organizou aquele seminário no âmbito do Dia Internacional do Estudante, sob o lema “Estudantes unidos no combate à propagação da COVID-19: Buscando respostas para os desafios da sociedade”. O evento decorreu na Escola Superior de Ciências Náuticas, em Maputo, e para além da participação da BVM, contou com a presença da Empresa Nacional

de Parques de Ciência e Tecnologia; Associação de Pequenas e Médias Empresas (APME); Huawei; Viga Holding; Associação Moçambicana de Profissionais e Empresas de Tecnologia de Informação (AMPETIC), e acolheu cerca de 50 jovens estudantes, dentre os quais empreendedores. Trata-se de um seminário que teve como um dos objectivos responder aos novos desafios da sociedade impostos pela COVID-19, sendo um(a) deles as oportunidades de financiamento às “startups”, e por isso um dos painéis contou com a presença da BVM, a quem coube fazer uma apresentação intitulada “Mercado de Capitais, Investimento na Bolsa e Oportunidades de Financiamento para as Startups”

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

9


TURISMO

No âmbito da promoção da biodiversidade

Arranca iniciativa de painéis metálicos

e

stá a ser implementada no país uma iniciativa de colocação de painéis metálicos em todo o território nacional visando promover a conservação da biodiversidade e a prática de turismo baseado na natureza. Segundo a ministra da Terra e

10

Ambiente, Ivete Maibaze, que procedeu ao lançamento da iniciativa, no Posto Administrativo de Ressano Garcia, no distrito da Moamba, província de Maputo, os painéis metálicos constituem veículos de comunicação para a mobilização da sociedade para a adopção de práticas ambientais que contri-

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

buem para a conservação e uso sustentável dos recursos faunísticos e florestais existentes no país. A ministra explicou que a escolha de Moamba, para o lançamento da iniciativa, deve-se por um lado, ao registo, com maior incidência,


TURISMO

de casos de caça furtiva e de tráfico de produtos de vida selvagem, quer em território nacional quer no Parque Nacional do Kruger, na vizinha África do Sul, por outro lado, por ser parte integrante da rica região transfronteiriça do Grande Limpopo, habitat para importantes espécies de fauna bravia, com destaque para os chamados “Big Five”. “O descerramento do painel aqui no Ressano Garcia e de outros dois instalados nos distritos municipais Ka Tembe e Ka Mpfumo constitui a primeira fase desta iniciativa. A segunda fase, a ser concretizada ainda este ano, incluirá a instalação de painéis em Machipanda, província de Manica e nas cidades da Beira, Nampula e Lichinga". Para a iniciativa cobrir todo o território nacional estima-se serem necessários 70 painéis bifaciais orçados em cerca de 37.5 milhões de meticais

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

11


TURISMO

ANAC lança estratégia de comunicação

A

Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) procedeu no distrito da Moamba, província de Maputo, ao lançamento da estratégia de comunicação e da iniciativa de painéis com mensagens sobre a conservação da biodiversidade. Esta iniciativa visa assegurar um

12

partilhado entendimento público sobre a pertinência da conservação e exploração sustentável da biodiversidade e providenciar bases estruturadas de intervenção em comunicação e resposta sistemática aos riscos e desafios impostos à conservação da biodiversidade como um bem do povo moçambicano e da humanidade

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

em geral. Trata-se de uma estratégia que reconhece a necessidade e a importância da mudança de comportamento e de atitude da sociedade, a maneira como lidam com a natureza, e a necessidade de reduzir a pressão sobre os recursos naturais, especificamente


TURISMO

em relação à flora e fauna bravia. Na ocasião, a ministra da Terra e Ambiente, Ivete Maibaze, explicou que a estratégia de comunicação para a conservação da biodiversidade surgiu como instrumento para aprofundar e consolidar o trabalho que o sector tem vindo a realizar para garantir o uso sustentável dos recursos biológicos. Ivete Maibaze frisou que os painéis metálicos, que serão colocados em todo o país, constituem uma plataforma de difusão de conhecimento sobre a importância da conservação do património natural, de promoção do desenvolvimento e do bem-estar das comu-

nidades, através de atracção de mais turistas nacionais e estrangeiros para as áreas de conservação, condição fundamental para o incremento de receitas para o Estado e partilha de benefícios com as comunidades. Por seu turno, o director-geral da ANAC, Mateus Muthemba, entende que as acções de comunicação bem concebidas e implementadas, contribuem para influenciar o comportamento social e alavancar o conhecimento sobre a conservação da biodiversidade a vários níveis, bem como catalizar a institucionalização da mudança de comportamentos em relação à conservação como norma social.

Na sua intervenção, a secretária de Estado de Maputo, Vitória Diogo, congratulou a iniciativa e acredita que servirá de veículo de comunicação e chamada de atenção aos utentes das vias públicas sobre a importância de se ter uma convivência saudável com a natureza. Vitória Diogo lembrou aos presentes que na província de Maputo, existem 15 áreas de conservação de uso sustentável que ocupam cerca de 410.000 hectares, sendo a Reserva Especial de Maputo (REM) a maior seguida da Reserva Marinha Parcial da Ponta de Ouro. “É nestas áreas de conservação que encontramos paisagens únicas, entre pântanos, lagoas, pequenos riachos, uma variedade de espécies florestais, algumas das quais endémicas que albergam uma diversidade de espécies faunísticas de pequeno porte e também emblemáticos, os chamados BIG 5 (leão, elefante, leopardo, rinoceronte e o búfalo) que caracterizam a riqueza e pujança da África Austral”, destacou a governante. A administradora do distrito da Moamba, Guilhermina Kunaghwelo, considera que a estratégia de comunicação para a conservação da biodiversidade vai levar o conhecimento de toda a sociedade em geral e das comunidades em particular sobre as boas práticas de conservação e protecção do meio ambiente para a sustentabilidade da vida na terra. Guilhermina Kunaghwelo vincou a necessidade de proteger a vida selvagem visto que em todo território nacional verifica-se a acção da caça furtiva por indivíduos pouco esclarecidos sobre a importância de conservar a biodiversidade

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

13


TURISMO

Bazaruto com novas infra-estruturas

A

ministra da Terra e Ambiente, Ivete Maibaze, procedeu, no Parque Nacional do Arquipélago do Bazaruto (PNAB), a inauguração de infra-estruturas de gestão e a entrega as comunidades locais dos 20% das receitas do turismo de 2019. O PNAB situa-se no distrito de Inhassoro e de Vilankulo, na província de Inhambane. O Parque possui uma área de 1.430km2 e foi criado a 25 de Maio de 1971 sendo o primeiro parque marinho no país. As infra-estruturas de gestão inauguradas incluem quatro pequenas casas de madeira (chalets), um bloco de escritórios com cozi-

14

nha e refeitório, um acampamento para acomodar 15 fiscais com a respectiva cozinha e refeitório em Sitone, enquanto em Chitoane as infra-estruturas consistem em um acampamento para acomodar cinco fiscais com respectiva cozinha e refeitório e um posto de operação de rádio. O valor total do investimento para a construção das infra-estruturas foi de um milhão de dólares e constituem a contribuição do Governo de Moçambique através do Projecto Mozbio 1, implementado pelo Fundo Nacional do Desenvolvimento Sustentável (FNDS), que visa melhorar a conservação da biodiversidade e os meios de vida

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

das comunidades locais. Durante a cerimónia, Ivete Maibaze deu cheques gigantes simbolizando a entrega dos valores de 20% das receitas do turismo às comunidades locais, bem como inteirou-se do estágio de construção do lodge comunitário de Zenguelemo, a Ilha Santa Carolina, e Ponta Dundo. A ministra testemunhou igualmente a assinatura de um acordo de colaboração entre a Administração Nacional das Aéreas de Conservação (ANAC) e o Instituto Nacional do Turismo (INATUR) visando a criação de condições para


TURISMO

a construção de instalações de gestão do Parque Nacional do Arquipélago do Bazaruto na área terrestre de Vilankulo. O evento contou com a presença da Secretária de Estado da província de Inhambane, administradores dos distritos de Vilankulo e Inhassoro, quadros seniores da ANAC e do PNAB, bem como representante do Ministério do Interior, parceiros de cooperação, representantes do sector privado e de outras instituições que operam no sector de conservação. No Bazaruto ocorrem mamíferos marinhos emblemáticos e outras espécies de mega fauna, devido as condições proporcionadas pela combinação de águas rasas e profundas, bem como pela disponibilidade de nutrientes e tranquilidade da zona

ÍDOLO | Edição nº 59 | Janeiro/Fevereiro 2020 | www.idolo.co.mz

15


TURISMO

Ordenamento territorial é chave para planificação - considera Ivete Maibaze, ministra da Terra e Ambiente

A

ministra da Terra e Ambiente, Ivete Maibaze, afirmou que o ordenamento territorial desempenha um papel chave na planificação do desenvolvimento económico e social do país, garantindo a complementaridade entre os diferentes sectores sócio-económicos e a sustentabilidade ambiental na utilização dos recursos naturais. Ivete Maibaze falava, em Maputo, na cerimónia de abertura da formação dos magistrados do Ministério Público em matérias de ordenamento territorial, ecossistemas marinhos e pescas. Adiantou, na ocasião, que é neste sentido que o Governo tem vindo a adoptar políticas de ordenamen-

16

to do território, com vista a uma correcta localização das actividades económicas e sociais, como forma de estabelecer e consolidar um modelo de desenvolvimento sócio-económico equilibrado. Assegurou igualmente que o Governo está ciente das suas responsabilidades no que toca à correcta administração do território e aos investimentos que se registam um pouco por todo o país, por isso, elaborou e submeteu à apreciação e aprovação da Assembleia da República, o primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento Territorial (PNDT). Este é um instrumento que estabelece as perspectivas e as directrizes gerais do uso de todo o

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

território nacional, incluindo as prioridades de intervenção à escala nacional. Noutra abordagem, Ivete Maibaze afirmou que a formação dos magistrados reveste-se de um papel fundamental, visto que, nos dias que correm, o país tem estado a registar vários casos de exploração desenfreada dos recursos naturais, caça furtiva, destruição de mangais, não observância dos instrumentos de ordenamento territorial na implantação das infra-estruturas sociais e económicas, o que exige de cada interveniente, a aplicação dos mecanismos apropriados, para fazer face a estas situações, com impacto directo e negativo na vida das comunidades


TURISMO

Garganta de Chimanimani

O

nome é devido ao formato de uma garganta. A força das águas rompeu as rochas da cordilheira, criando caminho por baixo do monte. A água que ali circula tem a cor que reflecte o verde das plantas. Outra curiosidade que atrai muitos turistas ao local é a água que circula por baixo do monte, de onde saem vários rios

A nossa biodiversidade!

A

s áreas de conservação são uma ferramenta crítica para salvaguardar a biodiversidade, manter o equilíbrio do ecossistema, preservar habitats importantes, construir resiliência às mudanças climáticas, fornecer segurança

alimentar, manter a qualidade da água, conservar recursos naturais, impulsionar o sucesso económico, reduzir a propagação de doenças e pragas e fornecer muitos outros benefícios para a vida selvagem e a saúde humana ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

17


ENTREVISTA

Queremos influenciar informatização do Estado – revela Américo Muchanga, PCA da ARECOM

A

Autoridade Reguladora das Comunicações (ARECOM) pretende influenciar na informatização das instituições do Estado, a fim de facilitar a recepção e resposta dos pedidos dos cidadãos por meio digital. O processo já começou e está em uso na ARECOM, Governo de Vilankulos, e algumas instituições públicas. Trata-se de um balcão virtual, por meio do qual o cidadão, a partir de qualquer parte do mundo com acesso a internet, pode submeter o seu pedido e ser acolhido pela

18

recepção que por meio digital encaminha para o departamento responsável pelo assunto.

Nosso plano é introduzir o sistema nos hospitais “É um sistema que permite celeridade. O documento circula por meio digital e a pessoa responsável por dar a resposta pode dar seguimento a partir de qualquer lugar, ou seja, não precisa mais de

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

estar no escritório para atender. Nosso plano é introduzir o sistema nos hospitais”, disse o Presidente do Conselho de Administração da ARECOM, Américo Muchanga, em entrevista exclusiva à ÍDOLO. A ideia de montar o sistema nos hospitais tem como fundamento principal as dificuldades de controlar o fluxo de pacientes e evitar que um hospital tenha de transferir um doente, enquanto a partir dos sintomas o médico pode atender o paciente sem se deslocar da unida-


Fotos: IDOLO

ENTREVISTA

de sanitária onde estiver. “Preocupa-nos o facto de quando uma pessoa vai a dois departamentos diferentes do mesmo hospital é contado como um novo paciente, levando o hospital a pensar que recebeu 40 doentes quando na verdade podem ter atendido apenas 20 que se movimentaram em vários departamentos. E precisamos também poupar recursos com a transferência de doente, para que só aconteça em casos graves podemos utilizar a comunicação digital”, propôs Muchanga. Esta preocupação da ARECOM tem a ver com o facto de como regulador pretender promover a transformação digital, para além da colocação do serviço por parte das empresas de comunicação. “Nossa acção de regulação para os próximos anos vai consistir em assegurar que as telecomunicações em geral não só coloquem acesso, mas também coloquem serviço e encoraja investimentos de valor acrescentado. Por exemplo, quando a pessoa poder marcar consulta no hospital ou pedir

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

19


Fotos: IDOLO

ENTREVISTA

DUAT num determinado município pela via online a qualidade de vida do cidadão será muito melhor”, fundamentou.

Cartões SIM clandestinos serão bloqueados Noutra abordagem, Muchanga partilhou que mais de um milhão de cartões SIM estão a ser utilizados de forma clandestina em Moçambique, sendo que boa parte deles realizam chamadas a partir da província de Cabo Delgado, aonde acontecem actos de terrorismo. Duas telefonias móveis, uma com 7% e outra com 8% de seus clientes por registar, foram multadas e receberam ordens de bloqueio dos clientes que não se registaram. A outra empresa de telefonia móvel foi contactada para prestar esclarecimento, porque tem mais de 900 mil números não registados. “As operadoras é que realizam os registos, mas nós temos conhecimento de todos números em funcionamento através do sistema de controlo de tráfego de teleco-

20

municações. Cerca de um milhão e trezentos contactos, de um universo de 14 milhões de números em funcionamento, não aparecem registados na base de dados que as operadoras nos passaram. Demos ordem de bloqueio e multamos as operadoras, também solicitamos a operadora com mais de 900 mil números clandestinos para esclarecer, porque há possibilidade de terem registado uma parte mas haver algum problema com fornecimento da base de dados”, explicou.

nós temos conhecimento de todos números em funcionamento através do controlo de tráfego de telecomunicações Muchanga também alertou aos cidadãos a cuidarem dos cartões registados e dos seus documentos, porque pessoas de má fé muitas vezes utilizam documentos perdidos para registar números para prática de crimes, bem como uti-

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

lizam cartões de telemóveis roubados para práticas de crimes. “É necessário aproximar à polícia e informar imediatamente”, alertou.

Apagão do analógico previsto para este ano A ARECOM prevê que até Dezembro, do ano em curso, em nenhum lugar do país as famílias vejam televisão através do sistema analógico. O apagão irá acontecer de forma faseada a partir de Junho, próximo. O plano foi revelado por Américo Muchanga, tendo sublinhado que a ideia ainda será submetida ao Governo para apreciar e tomar a última decisão. Realizar o apagão de modo faseado tem a ver com o facto de existirem zonas mais preparadas para migração digital comparativamente as outras. Assim os pontos do país aonde há famílias prontas para ver televisão digital vão ser os primeiros abrangidos. Para assegurar que nenhuma família fique de fora no processo da migração, há planos de expansão do acesso a televisão via digital, no qual a ARE-


ENTREVISTA

COM pretende envolver todas operadoras de televisão a satélite presentes em Moçambique.

ARECOM espalha praças digitais Moçambique conta actualmente com mais de 90 praças digitais. Trata-se de espaços públicos, como jardins, onde a população pode usufruir do acesso a internet a custo “0”. Muchanga partilhou que a instituição que dirige pretende também implementar a ideia de montagem de praças de televisão digital em todos postos distritais, um desafio colocado pelo Chefe do Estado, Filipe Nyusi

Para assegurar que nenhuma família fique de fora no processo da migração, há planos de expansão do acesso a televisão via digital

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

21


SOCIEDADE Texto: Hélia Panguiwa

Jovem precisa acreditar no seu potencial

É

– defende Dário Camal, enviado especial da UA

enviado especial para a juventude da União Africana (UA) e é igualmente presidente do comité da juventude da Commonwealth. Actualmente, é um dos jovens mais influentes de África e do mundo. Referimo-nos ao jovem Dário Camal, que devido a sua dedicação e entrega aos assuntos nobres, rompeu barreiras e destaca-se no seio da juventude mundial. A ÍDOLO puxou um dedo de conversa com Camal para perceber o seu posicionamento sobre questões que afectam a camada juvenil. Para ele, falar da juventude é tratar de um assunto transversal que agrega a educação e o desenvolvimento do capital humano, e não se pode debruçar de desenvolvimento sem envolvê-los. De acordo com o enviado especial da UA, o maior passo para superar as adversidades que a vida impõe é acreditar no seu potencial e não desistir dos seus objectivos. “Eu nunca esperaria chegar na

22

UA, mas acreditei em mim e nas minhas capacidades”, disse, acrescentando que o jovem, principalmente de Moçambique deve olhar a vida com responsabilidade independentemente dos problemas que possa enfrentar. Camal sublinhou que na vida existem coisas negativas e positivas que podem influenciar jovens e cabe a cada um saber fazer escolhas certas. “Posso falar por exemplo dos ataques em Cabo Delgado como uma negatividade que envolve jovens que podiam estar a fazer coisas positivas para o desenvolvimento do nosso país”, referiu. Na qualidade de enviado especial da juventude da UA, acredita que tem capacidades para influenciar nas políticas da juventude em Moçambique, uma vez que a União Africana é uma das principais organizações do continente. “Felizmente a juventude africana não é só moçambicana, mas eu como patriota sempre vou puxar a sardinha para minha praia”, frisou, afirmando que há países mais po-

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

bres que Moçambique, mas conseguem apoiar os jovens. Dário Camal lamentou o facto de alguns jovens buscarem protagonismo individual, o que na sua abordagem, não ajuda para o desenvolvimento das próprias iniciativas e sempre saem frustrados pelo facto de não conseguirem satisfazer as suas expectativas. “Precisamos ser mais humildes, associarmo-nos e traçar directrizes para o bem comum. Só assim podemos vencer, mas se procurarmos protagonismo individual podemos entrar e sair pela mesma porta sem nenhum resultado”, advertiu. Contudo, advogou que os jovens precisam defender causas nobres e os objectivos que tem na vida devem ser, também, nobres, fazendo isso podem ter a certeza que deixarão um legado para as próximas gerações, mas se procurarem ser materialistas no que fazem, a caminhada será uma sequência de frustrações e o fim será reclamar da vida


SOCIEDADE

Fotos: IDOLO

o jovem deve olhar a vida com responsabilidade independentemente dos problemas que possa enfrentar no dia-a-dia

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

23


REPORTAGEM

Marracuene atrai investimento nacional

O

administrador de Marracuene, Shafee Sidat, disse aos empresários moçambicanos que o seu gabinete está aberto para recebê-los sempre que tiverem projectos para implementar no distrito que dirige. A abertura foi manifestada num almoço com a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), realizado em Marracuene, na província de Maputo. Na oca-

24

sião, Sidat explicou que a abertura consiste no célere tratamento da documentação e acesso a terra. “Os nossos empresários têm de ter toda nossa atenção e carinho. Como governantes se não dermos oportunidades aos empresários daqui, estamos a cortar-lhes as pernas. Pela natureza das questões do mercado, o investimento estrangeiro fica enquanto pode, agora o moçambicano resiste um pouco mais. Por essas

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

razões queremos incentivar os moçambicanos para virem investir em Marracuene”, justificou o administrador. Durante o almoço, Sidat revelou que Marracuene irá receber investimento estrangeiro nos próximos anos em vários sectores, entre ele destacou o da educação, onde já há uma instituição estrangeira que vai construir uma universidade dedicada a medicina naquele distrito


REPORTAGEM

Empresários reagem de bom grado

Os empresários moçambicanos, que se fizeram presentes ao almoço organizado pelo administrador de Marracuene, reagiram de bom grado ao convite feito por Shafee Sidat para investir naquela parcela do país. Acompanhe de seguida partes relevantes dos depoimentos do empresariado.

– Teodósio Rey, director-geral da Evolution

– Faruk Remane, empresário do ramo da restauração

A minha empresa, a Evolution, está baseada aqui em Marracuene e desde 2012 que monta a estrutura da FACIM. Recentemente, o administrador desafiou-nos a requalificar o jardim e colocamos aqui uma tenda, porque no distrito não tínhamos lugares assim, onde as pessoas podiam celebrar eventos como festas de casamento, por exemplo. Isto era grande matagal e requalificamos. Como empresário, tenho muito gosto em trabalhar com o administrador. É acessível, sem burocracia e quer ver as coisas a acontecerem. Se o nosso país tivesse mais políticos ou administradores com esta maneira de trabalhar, Moçambique estaria noutro patamar

Marracuene é uma vila muito bonita e com muito potencial. Tem em si elementos muito atraentes na área do turismo. Embora seja um sítio de passagem, temos a praia. A vila começa a ter algumas atracções em termos de restauração. O desenvolvimento de Marracuene já é um facto. E está bem representado com grandes empresas e fábricas que estão na vila. E há um aumento muito grande de novos investimentos em várias áreas e esta abertura do administrador em cooperar com o empresariado vem num bom momento

– Evaristo Madime, presidente da Sociedade Moçambicana de Medicamentos

– José Chicurrane, director-geral da União Comercial Zanda

Nos últimos dois anos, Marracuene virou destino do investimento ao nível da província de Maputo. Tem muito, também, a ver com a dinâmica trazida pelo novo administrador. Vemos nova fileira de negócios a virem para aqui. Antes destes dois anos que me referi, recebemos aqui as duas principais cervejeiras do país, o que é um factor de indução de investimento, porque há muitas outras actividades por detrás. A manifestação de abertura é positiva. O administrador tem experiência empresarial e sabe o que precisamos como empresários para crescer. Está aplicar as práticas do sector privado na administração pública, o que é muito importante

A continuar neste ritmo, Marracuene tem tudo para tornar-se uma outra capital económica do nosso país. Esta abertura vai alavancar ainda mais esta dinâmica, porque muitos empresários encontram barreiras na questão de documentação. Muitos até têm dinheiro para investir, mas é uma dor de cabeça para ter acesso a terra e a morosidade de vários outros processos relacionados com o licenciamento. Mas Marracuene melhorou muito nesse aspecto, e essa possibilidade que o administrador coloca de ter acesso a ele apenas batendo a porta do seu gabinete é bem-vinda

– Feito Tudo Mal, Coordenador da APME na província de Maputo O Governo é quem gere a terra e é praticamente impossível implementar projectos sem acesso a terra. Quando a administração aparece publicamente manifestando esta disponibilidade de cooperar com o sector privado é um acto a enaltecer.

É uma grande oportunidade e vamos capitalizar este pronunciamento junto dos nossos associados. Iremos ver em função das áreas que são possíveis explorar no distrito de Marracuene e iremos apelar os empresários para aderirem

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

25


REPORTAGEM

Primeiro-Ministro

Quer soluções para projectos estruturantes da Zambézia

O

Primeiro- Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, instou os participantes da primeira conferência internacional de investimentos da Zambézia, a encontrarem soluções para projectos estruturantes daquela província do centro do país. De entre os projectos estruturantes da Zambézia destacam-se,

26

nomeadamente a linha-férrea, Chitima – Sopinho, com o respectivo porto de águas profundas de Macuse, e o porto seco de Mocuba. Falando no evento, que concentrou investidores nacionais e estrangeiros, Carlos Agostinho do Rosário, potenciou a conferência, afirmando que a mesma, para além de debate de ideias deve também estabelecer parcerias para a con-

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

cretização de novos projectos. Estiveram presentes na conferência internacional de investimentos da Zambézia, cerca de trezentas pessoas entre as quais governantes, empresários nacionais e estrangeiros, representantes de embaixadas e académicos. Foram identificados projectos avaliados em mais de 4,3 mil milhões de dólares americanos


REPORTAGEM Texto: Júlio Saul

SEJE E Fundação Gago firmam parceria

J

ovens das zonas periurbanas e rurais vão beneficiar de capacitação em matéria de empreendedorismo e atribuição de kits para o auto-emprego. O auxílio resulta da parceria assinada entre Secretaria de Estado da Juventude e Emprego (SEJE) e a Fundação Sérgio Gago. A secretária permanente da SEJE, Ivete Alane, destacou que a aposta no empreendedorismo e no auto-emprego, ou trabalho independente, está a ganhar cada vez maior relevância e mostra-se como alternativa viável e recomendável para resolver o problema do desemprego urbano, particularmente na camada juvenil. Ivete Alane disse que a SEJE tem vindo a desenvolver o programa “Emprega”, composto de

um conjunto de programas que visam impulsionar a criação de oportunidades para os jovens desenvolverem o seu próprio negócio e contribuir na geração de mais postos de trabalhos. “Esperamos que esta parceria sirva como mecanismo orientador da colaboração entre as duas instituições e sobretudo, como plataforma para a resolução do problema de escassez de trabalho que afecta a nossa juventude através da oferta de kit para o auto-emprego”, expressou a secretária permanente. O presidente da Fundação Gago, Sérgio Aníbal, alertou que num país em desenvolvimento como Moçambique, não é possível haver emprego para todos, por isso acredita que se toda atenção estiver virada para o empreende-

dorismo, é possível mitigar a problemática que afecta maior parte da juventude moçambicana. “A nossa fundação está virada para a juventude e trabalhamos com vários ministérios e empresas na promoção do auto-emprego e acreditamos que com este memorando, poderemos trabalhar juntos para esta causa nobre para os jovens”, referiu. Anibal acrescentou que a sua fundação junto com o SEJE, através do Instituto Nacional de Emprego, Instituto Público (INP e IP), irão trabalhar em conjunto para encontrar alternativas para que os jovens possam encontrar meios para a criação do seu próprio emprego a fim de satisfazer as suas necessidades e das comunidades onde se encontram inseridos

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

27


ENTREVISTA Texto: Rosa Manhique

Trabalhar com jovens é gratificante – expressa Cosme Nyusi

C

osme Nyusi ocupa, actualmente, o cargo de director da justiça e trabalho da Cidade de Maputo, mas a sua carreira profissional começou como guarda de segurança privada. Procurou o emprego, porque, na altura, precisava de garantir sustento para sua família, porque o seu pai acabava de perder a vida, em 2001. Antes de ser guarda, Cosme Nyusi, sobrinho do actual Chefe do Estado moçambicano, era bailarino e guitarrista. Mas o sonho dele era ter um emprego que lhe concedesse a oportunidade de trabalhar no escritório. “Ambicionava ser um trabalhador de escritório e nunca me passou pela cabeça trabalhar como guarda, mas porque estávamos a passar necessidades tive que fazer isso para ajudar a família, princi-

28

Ambicionava ser um trabalhador de escritório e nunca me passou pela cabeça trabalhar como guarda

palmente aos meus irmãos mais novos”, explicou. Uma parte do salário que ganhava destinava-se ao pagamento das propinas na faculdade e o resto ia para o sustento familiar. “Paguei apenas os primeiros seis meses na universidade, depois al-

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

guém passou a pagar para mim. Curioso que até hoje não sei quem foi. A bolsa de estudo ajudou a aliviar o aperto e ter mais recursos para a família”, esclareceu. Cosme Nyusi fez a sua licen-


Temos feito formações com a juventude e adolescentes onde debatemos assuntos relacionados com todas as áreas da vida

ciatura em Direito, na Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Após concluir o curso, foi afecto ao Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica (IPAJ) na província de Maputo, onde dirigiu vários sectores a nível provincial e em 2017 foi convidado para exercer as funções de director nacional da justiça, assuntos constitucionais e religiosos.

Fotos: IDOLO

ENTREVISTA

Desempenhando as suas funções, trabalha em coordenação com a Secretaria de Estado da Juventude e Emprego (SEJE), o que lhe possibilita interagir com jovens. “Trabalhar com jovens é uma nova experiência. Tenho aprendido que o conceito da juventude é muito amplo. Tenho colhido sensibilidades de muitos deles. Temos feito formações com a juventude

e adolescentes onde debatemos assuntos relacionados com todas as áreas da vida”, reflectiu. Cosme Nyusi apela aos jovens a serem proactivos, a lutarem pelos seus ideais e a serem mais activos no desenvolvimento das suas próprias iniciativas. O dirigente provincial acredita que os jovens são capazes de abrir o seu próprio negócio e gerar emprego para as suas comunidades

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

29


DESPORTO

Sub-20

Moçambique quer brilhar no CAN da Mauritânia

A

Selecção Nacional de Moçambique de futebol de Sub-20, campeã da COSAFA da categoria, está motivada para uma representação condigna na fase final do Campeonato Africano da modalidade, a ter lugar em Fevereiro próximo na Mauritânia. Os comandados de Dário Monteiro têm vindo a preparar a prova com entusiasmo, prometendo um bom desempenho. O conjunto tem estado a cumprir um calendário de preparação com intuíto de ganhar maior vigor para fazer face à competição. A preocupação da equipa técnica incide na harmonização e interpretação correcta do sistema de jogo, por isso considera-se fundamental a resposta efectiva dos seleccionados sobre

30

os mecanismos tácticos exigidos. A ambientação do clima e do piso sintético constituem outros aspectos vitais para o sucesso nesta campanha. Para não enfrentar tantas dificuldades em termos de adaptação do piso e do clima, os “Mambinhas” estagiaram em Songo, na província de Tete, e em Nampula. Nestas regiões, os jogadores pré-seleccionados tiveram um comportamento à altura, demonstrando boa capacidade física e qualidade técnica. Na Mauritânia vão encontrar um clima quase semelhante a de Tete e os jogos serão realizados em relvados sintéticos. Dário Monteiro, sem menosprezar a qualidade dos adversários, mostrou-se confiante em relação a possibilidade de os Mambinhas chegarem longe na

ÍDOLO | Edição nº62 | Janeiro/Fevereiro 2021 | www.idolo.co.mz

competição em perspectiva, visto que o grupo de trabalho se tornou mais forte, após a conquista da Taça Cosafa-2020. Nesta prova, Moçambique ultrapassou na fase do grupo a África do Sul, Zimbabwe e Lesotho, tendo vencido nas meias-finais a poderosa Zambia, no desempate por pontapés da marca de grandes penalidades, após um nulo no final do tempo regulamentar. No jogo da final derrotou a Nâmbia, por 1-0. O “Africano” de Sub-20 será disputado pela primeira vez na sua história por doze selecções, que serão divididas em três grupos de quatro equipas cada. Transitam para os quartos-de-final os dois primeiros classificados de cada série. A este grupo deverão juntar-se os dois melhores terceiros classificados.


ECONOMIA

ÍDOLO | Edição nº 59 | Janeiro/Fevereiro 2020 | www.idolo.co.mz

31



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.