2013 - Who Lives Next Door? - Dédalo#10

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instalação FAUP, 2013 © Carlos Trancoso

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A DÉDALO A Revista Dédalo, plataforma sem fins lucrativos, foi criada em 2006 por um grupo de estudantes da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto – FAUP. Afirmando-se como um espaço de intervenção e crítica, com base no incentivo à discussão sobre arquitectura e aos temas actuais que a disciplina levanta, nunca esquecendo também que a arquitectura não é uma manifestação isolada das outras artes ou ciências sociais.

Número actual No âmbito desta edição – Who Lives Next Door? – a Dédalo decidiu alargar a sua acção à cidade e, centrando-se na zona de Campanhã, procura promover o debate acerca do espaço público e desenvolver ferramentas de transformação urbana que incluam a participação da comunidade.

Paralelamente à publicação da revista, procuramos, numa abordagem inicial, O projecto começou com uma publicação estabelecer contacto com os habitantes e trimestral, de expressão e discussão entre as escolas locais, procurando identificar os alunos, docentes e convidados com base problemas e desejos transversais à comunos temas destacados ao longo dos anos nidade em relação ao espaço que lhes é lectivos mas logo evoluiu. comum. Numa segunda fase, combinando workshops e um ciclo de conferências, Números anteriores e público foram desenvolvidas propostas que priPara além da publicação, a Dédalo tem orizaram a transformação urbana no sentido procurado afirmar-se como um agente de dar resposta às aspirações comuns cultural, promovendo, desde 2009, várias da população. Pretendemos agora, numa instalações, 4 concursos, 2 workshops e 2 ultima fase, concluir todo o processo, mateciclos de conferências internacionais, esten- rializando, em colaboração com a comunidendo a discussão à cidade e ao mundo. dade local, os projectos desenvolvidos na fase anterior. O formato bilingue (português e inglês) permitiu com que a revista integrasse a Para tudo isto, tem sido de vital importânArchizines (exposição internacional de cia para a subsistência da revista, o apoio publicações de arquitectura independentes) do Instituto Português do Desporto e da viajando por Paris, Chicago, Merlbourne e Juventude via Associação de Estudantes Sydney. da Faculdade de Arquitectura. No entanto, os apoios pontuais de outros organismos, revelam-se imprescindíveis para que, ano após ano, este projecto se possa concretizar e evoluir com sucesso.

Venda ao público A revista é comercializada a um preço meramente simbólico, chegando facilmente aos leitores e, deste modo, além dos mais de 1000 alunos e 100 docentes da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, a publicação chegará também a todos as outras instituições de ensino superior de Arquitectura e Artes em Portugal, bem como a inúmeras escolas estrangeiras.

A relação com o público em geral é assegurada através de alguns estabelecimentos comerciais como por exemplo as livrarias Leitura, Index, Clube Literário do Porto, A2mais, pontos de venda com os quais criamos laços comerciais fortes ao longo dos anos, e que pretendemos reforçar e aumentar em número tanto no Porto como noutras cidades de Portugal e do Mundo.

Revista Dédalo #8: Dis:place 2011

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TEMA O tema do próximo número da revista Dédalo define-se pela recusa da abstracção e generalização de princípios, meios e fins no processo arquitectónico. Considerando a interacção e participação locais como elementos fundamentais para a reflexão, decisão e acção sobre a cidade, pretendemos incentivar uma abordagem directa e real baseada na colaboração entre habitantes e profissionais. Desta forma, a ideia de pré-existência assentará, não só nas características físicas do lugar mas também nas condições e aspirações daqueles que o habitam e se adaptam a ele continuamente. A valorização do conhecimento dos habitantes, as subtilezas e particularidades específicas de um lugar, invisíveis ou incompreensíveis ao olhar externo, servem aqui como ponto de partida para a produção de espaços que reavivem a interacção e o diálogo entre vizinhos. Who lives next door? é, assim, a pergunta que se destaca, instigando uma reflexão crítica sobre distâncias e formas de interacção social, bem como o seu papel na construção da realidade actual. É, por isso, importante perceber o porquê do “declínio do homem público” , transpondo e transportando limites e potencialidades provenientes do virtual para a materialização da cidade contemporânea. Procuramos explorar uma abordagem multidisciplinar que permita abrir a discussão arquitectónica a profissionais de diversas áreas, entendendo a pluralidade de visões, prioridades e valores como algo enriquecedor e fundamental para uma visão abrangente e multifacetada da cidade enquanto espaço colectivo. A apreensão e transformação do lugar adquire, deste modo, um carácter contínuo mas não linear, variando de acordo com as potencialidades de uma

realidade específica e com a visão individual e colectiva daqueles que a propõem transformar. Who Lives Next Door? pretende, assim, valorizar a inclusão do cidadão no processo criativo, optimizando os meios através dos quais este pode ter uma voz activa e participativa na criação e transformação do espaço público, contribuindo de forma real e consequente para o desenvolvimento de novas práticas e métodos na arquitectura contemporânea. “In design, we need both experience and reason; local knowledge and general knowledge; intuition, art, and love; structure; empathy; and a lot of common sense. Like a collage, each step is pieced together in small increments; each move leads to subsequent moves guided politically and artistically but without any precise knowledge of where it might end.” HAMDI, Nabeel, Housing Without Houses: Participation, Flexibility, Enablement, Intermediate Technology Publications, 1995

OBJECTIVOS

PÚBLICO ALVO

1.Intervenção urbana no território do vale de Campanhã Estas abordagens visam essencialmente tratar ou dotar certos espaços de elementos importantes para o seu melhor funcionamento resolvendo os problemas explorados num workshop desenvolvido na área de Campanhã, com estudantes, arquitectos e outros convidados que foram chamados a pensar o Lugar.

1.Habitantes de Campanhã mais especificamente os moradores da zona da Corujeira; 2.Estudantes Universitários de Portugal e resto do Mundo; 3.Arquitectos, Urbanistas, Sociológos, Filósofos, Geógrafos, Antropólogos, Artistas entre outros das áreas do conhecimento.

2.Publicação da Revista Dédalo #10. Consolidação do trabalho desenvolvido durante o ano lectivo 2012/2013 numa publicação que reunirá textos, intervenções, projectos e crítica sobre o tema escolhido para este ano: Who lives next door?

Lançamento do Briefing, Rua do Almada, 2013

SENNETT, Richard, “O Declínio do Homem Público”, Companhia das Letras, São Paulo, 1988.

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HISTORIAL DE EVENTOS 0. A revista Dédalo foi criada em 2006, e desde então tem desenvolvido, worskshops, conferêcnias e outras actividades, contando com nove publicações. Destacam-se o ciclo de conferências internacionais “Dis:place” em 2011, o workshop internacional “Displacement” em 2010, os concursos “Muro3”, “Porto Collage” e o concurso de ideias “Cobertura Galeria de Paris” em 2009, entre instalações e happenings ao longo dos diferentes números. 1.Lançamento do Briefing Janeiro, 2013 Este evento consistiu na apresentação do tema da décima edição da Revista Dédalo. Teve lugar na Rua do Almada, num edifício em ruínas e sem uso, para o qual se covidaram artistas de diferentes àreas e gerações a intervir com o estímulo do tema.

ciclo de conferências internacionais “Dis:place“, FAUP, 2011

Lançamento do Briefing, Rua do Almada, 2013

2.Aproximação ao lugar escolhido para intrevir Janeiro-Maio 2013 No âmbito desta edição – Who Lives Next Door? – a Dédalo centra a atenção na zona de Campanhã, tendo como intuito potenciar uma fracção esquecida da cidade do Porto. Nesta primeira fase, a Dédalo foi para a rua interagir directamente com a população, apelando aos cidadãos para identificar os problemas e desejos transversais à comunidade através de três abordagens diferentes: A. Pontos Dédalo - São dispositivos materiais de recolha de opiniões onde as pessoas, de forma individual e por escrito, se exprimem sobre os problemas urbanos com que se debatem diariamente. Distribuídos por estabelecimentos que vão desde cafés a farmácias, passando por talhos e cabeleireiros, estes pontos ocupam os lugares que as pessoas frequentam no dia-a-dia. Desta forma, procuramos alargar o leque de opiniões e abranger o maior número de respostas, em prol da diversidade e do rigor. B. Diálogo In Situ - Centrados na zona de Campanhã, passam por abordagens pontuais no espaço público onde, através de uma troca de palavras informal, se discutem os problemas e potencialidades da zona. É, entre todas, a abordagem mais informal, procurando levar as pessoas a reflectir sobre o espaço onde se encontram, o qual percorrem todos os dias e conhecem intuitivamente. C. Parcerias com a Comunidade – Numa abordagem inicial, estabelecemos contacto com as escolas locais, introduzindo a discussão sobre o espaço público nos espaços educativos. Através de desenhos e escritos, alunos, pais e professores pensam nos problemas com que se deparam e equacionam soluções urbanas que contribuam de forma positiva para a sua solução.

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A. Pontos Dédalo


3.Festival Urbano: Dédalo Re-Act_ Take 2: Building to Transform – 23-27 Maio, 2013 Durante o Festival Urbano conduzido pela Dédalo #10 Who Lives Next Door foram desenvolvidos projectos de intervenção urbana, com foque em vários problemas actuais. Depois de um percurso pelo lugar, percebeu-se que o isolamento cultural dos habitantes, a progressiva situação de marginalidade em que aquela zona se tem visto, e a sua condição periférica, determinaram o atraso cultural do vale de Campanhã. Estes seriam os temas para o trabalho.

No final, a título de encerramento, e através da apresentação pública das soluções encontradas, houve espaço para uma reflexão sobre a sua exequibilidade e respectivos apoios necessários para o fazer.

Conduzidos pelo colectivo de convidados nacionais e internacionais, nos workshops colaborativos em que participaram não só estudantes de arquitectura, mas também outros interessados provenientes de várias áreas de pensamento, resultaram várias propostas que, para já, consideramos exequíveis. Na sua generalidade, tratam-se de pequenas intervenções que visam essencialmente tratar ou dotar certos espaços de elementos importantes para o seu melhor funcionamento resolvendo os problemas em foco.

RE-ACT em Campanhã, Auditório da Junta de Campanhã e Faculdade de Arquitectura da UP

Paralelamente ao trabalho que estava a ser realizado durante o dia no auditório da Junta de Campanhã, acontecia, à noite, o ciclo de conferências na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Nestas, os intervenientes expunham o seu trabalho de referência, e posteriormente, abria-se a discussão de auditório, debatendo temas pertinentes para o desenrolar do trabalho de campo. Assim, e amplificando as possibilidades de exploração espaciais e temáticas que cada grupo tinha a seu cargo, estes dois momentos do dia funcionaram como complemento um do outro.

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MOTIVAÇÃO

PARTICIPANTES

Motivações para a nova iniciativa: Estando praticamente toda a equipa no último ano do Mestrado Integrado em Arquitectura, a iniciativa surgiu como resposta à vontade de agir. Exceder o âmbito académico, pôr em prática métodos e conceitos que foram sendo apreendidos ao longo do curso, e aventurarmo-nos no mundo real. Paralelamente a popularização da falta de emprego na àrea, e o não-futuro para os recém licenciados arquitectos, serviu como estímulo para reagir, experimentar e constatar que realmente não faltam coisas para fazer, e que se pode contribuir.

número esperado de participantes e origem geográfica: 1.Espera-se um número de aproximadamente 150 participantes para a realização do workshop, vindos de diversas áreas do conhecimento, como aconteceu na primeira fase. Relativamente à sua localização geográfica e dada a origem dos conferencistas pretendemos abrir o concurso de participação num sentido internacional, tendo sempre presente que o maior número de inscrições serão de nacionalidade portuguesa, mais especificamente do Centro e Norte do País. 2.Os workshops deverão impreterivelmente incluir habitantes locais, no sentido de uma auto-construção participativa.

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ORGANIZAÇÃO

PROGRAMA

1.Equipa da Revista Dédalo #10 direcção: Ariana Marques da Silva / Joana Varajão / Jorge Alves / Pedro Tomé / Sara Neves equipa: Ana Estrela / Elói Gonçalves / Sofia Travassos colaboradores / Marta Martins / Nuno Almeida / Sofia Moreira equipa de design: MAAN design: Hélder Dias / Pedro Ferreira / Vítor Claro

1. 15 de Outubro – Apresentação do projecto na Trienal de Arquitectura de Lisboa 2. 23 a 28 de Outubro – Dédalo Re-Act_Take 2: Building to Transform * 3. Novembro – Publicação da Revista Dédalo #10 * Esta segunda fase pretende concretizar os projectos desenvolvidos noTake 1: Planning for Action. À semelhança da primeira fase, propõe-se que a construção das propostas envolva estudantes, docentes e profissionais de arquitectura, artes, ciências sociais e outros interessados, nacionais e internacionais. Paralelamente re-incentiva-se a participação dos habitantes locais, acreditanto que contrubui para o sentimento de pretença em relação às transformações e à sua posterior conservação. Os projectos, sujeitos a uma selecção em função do financiamento conseguido, são apresentados a seguir em “PROPOSTAS“.

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PROPOSTAS 1. VIZINHAR propõe o mapeamento e catalogação das competências profissionais em desenvolvimento ou em potência, dos habitantes do bairro do Falcão (artes, ofícios, prestação de serviços), no sentido de os partilhar e divulgar publicamente. Promovendo a sociabilidade e o desenvolvimento sustentável da zona, propõe-se a construção participada de elementos de sinalética urbana que indiquem onde estes se encontram localizados e quem os desenvolve. Paralelamente, propõe-se a construção de uma oficina móvel que servirá de suporte físico pontual às várias actividades, sob um sistema de rotatividade a definir pelos participantes. Cada participante desta iniciativa teria, deste modo, a possibilidade de usufruir deste instrumento para a divulgação do seu trabalho e de contribuir para a dinamização da zona através da criação de open days, orientados para a partilha de conhecimentos e divulgação de actividades entre profissionais e o público em geral. Projecto coordenado por: MakerLab (Berlim) e Ateliermob (Lisboa)

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2. PINTAR CAMPANHÃ parte de um mapeamento e selecção de alguns postes de iluminação pública da zona, propondo a sua caracterização colectiva através da pintura. Evidenciando a unidade do sistema, propõe-se a pintura de uma facha azul em cada um deles, e a disponibilização e incentivo à pintura de uma outra facha, na parte inferior dos mesmos, por parte da população local. Neste sentido pretende-se instigar a mobilização colectiva de vários agentes sociais que, mantendo a sua identidade e individualidade, contribuirão para um projecto comum que revitalizará culturalmente o espaço urbano colectivo. Integrando esta iniciativa, pretendemos reunir escolas, associações de moradores, artistas locais e personalidades de destaque nesta arte, que se disponibilizem e demonstrem interesse em participar na criação de uma identidade simbólica renovada para esta fracção da cidade do Porto. Projecto coordenado por: Studio Weave (Londres) e Arq. Nuno Travasso – Investigador da F.A.U.P. (Porto)

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3. MICRO RE-ACTIVATORS OF SOCIAL SPACE tem como objectivo primordial o incentivo e promoção da autonomia local dos habitantes do Bairro do Monte da Bela. Procurando responder às necessidades específicas de uma micro-comunidade localizada no limite do bairro, destacou-se como prioridade a criação de estruturas e infra-estruturas que potenciassem a abertura da comunidade à cidade. Através da qualificação do espaço público desta área, pretende-se criar espaços de reunião e partilha, auto-geridos e construídos pelos próprios, sobre a orientação de arquitectos e estudantes. No sentido de incentivar a manutenção dos mesmos, desenvolveu-se a ideia de criar um prémio para o espaço mais bem conservado, instigando o interesse do projecto e dinamizando a zona através do aumento do seu valor cultural. Projecto coordenado por: Map-it (Bruxelas) e Os Espacialistas (Lisboa)

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4. REAGE CORUJEIRA propõe reactivar a área de estudo através da exploração agrícola colaborativa de espaços públicos em desuso. Neste sentido, propõe-se o desenvolvimento de uma rede de parcerias que permitam a partilha de sementes, ferramentas e conhecimentos entre habitantes, produtores e comerciantes. Procurando contrariar o isolamento e desconexão social através da promoção de um estilo de vida mais autónomo e colaborativo, a reactivação do espaço público através do cultivo permite desenvolver a zona oriental, económica e socialmente. Decorrendo da activação deste hábito e dos ganhos que daí advêm, propõe-se também a criação de mercados e eventos que promovam a identidade e a produção local, potenciando novas parcerias sociais, comerciais e culturais com reflexos na ecologia urbana da cidade. Projecto coordenado por: Failed Architecture (Holanda) e Arq. Bernardo Amaral (Porto)

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5. ÁGORA Ágora surge da conclusão da necessidade de reforçar a visibilidade e exposição dos habitantes junto dos órgãos de decisão, bem como de melhorar a relação entre os bairros em estudo. Esta aproximação pretende reforçar a participação política da população e o desenvolvimento colectivo de capital simbólico do lugar. Contrariando as fronteiras inscritas nos limites do urbano, pretende-se criar um itinerário de partilha, rede que interliga pontos de partilha e associações locais. O ágora, oficina itinerante, apresenta-se como dispositivo móvel multiusos e integra um conjunto de elementos modulares, os quais permitem a sua adaptação a diversos programas. O matadouro, potencial arquivo cultural, assume-se como local de paragem e abrigo da oficina itinerante. Enquanto campo de operações e arquivo do material recolhido e produzido, poderá também apresentar-se como foco de desenvolvimento cultural e social. Projecto coordenado por: Todo Por La Praxis (Madrid) e Arq. Pedro Bismarck – Investigador da F.A.U.P (Porto)

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DESPESAS

Festival Urbano Take 2 material de construção dos projectos

10.000€

(cerca de 2000€ para cada, sujeitos a uma selecção em função do financiamento conseguido) Impressão da revista

3000€

2. Receitas Venda dos bilhetes para o festival Venda das revistas

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APOIO

APOIO DÉDALO RE-ACT URBAN FESTival: TAKE 1

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