Do norte ao sul das Américas – PDPI e ETA: eixos combinatórios da hegemonia estadunidense

Page 17

PREFÁCIO As páginas do livro Do Norte ao Sul das Américas - PDPI e ETA: eixos combinatórios da hegemonia estadunidense na Educação Brasileira nos oferecem uma análise consistente e bem urdida de dois programas que resultaram de acordos entre Brasil e Estados Unidos: o Programa de Desenvolvimento Profissional para Professores de Língua Inglesa nos EUA (PDPI) e o English Teaching Assistant (ETA). Neste estudo, o objetivo de Darllen Silva e Norma-Iracema Ferreira consiste em compreender de que modo tais programas contribuíram para o fortalecimento da hegemonia estadunidense sobre o Brasil. Pela leitura desta obra somos levados a perceber o ensino do Inglês como um as pecto do imperialismo cultural norte-americano e a problematizar as artimanhas da razão imperialista. Uma destas artimanhas é projetar o que é uma particularidade local como dever ser para o restante do mundo. O livro aponta que, dentro do espaço escolar, o ensino da Língua Inglesa é concebido com uma resposta a imperativos criados por processos históricos mundiais supostamente inexoráveis e irreversíveis: modernização e “globalização”. Como destacam os autores Pierre Bourdieu e Loïc Wacquant, na obra Sobre as artimanhas da razão imperialista (1998, p. 19): “A remodelagem das relações sociais e das práticas culturais das sociedades avançadas em conformidade com o padrão norte-americano, apoiado na pauperização do Estado, mercantilização dos bens públicos e generalização da insegurança social, é aceita atualmente com resignação como desfecho obrigatório das evoluções nacionais”. Como é produzida tal aceitação? Essa é uma das questões cruciais que o livro de Darllen Silva e Norma-Iracema Ferreira ajuda a responder. Por baixo do termo-slogan “globalização” o que vemos ocorrer é uma americanização do mundo. Desde meados do século XX, o American way of live foi propagado na América Latina por meio dos mass media, mas igualmente através da criação de programas de cooperação internacional em diversas frentes. O Brasil alinhou-se aos Estados Unidos no contexto da Guerra Fria. Com o Golpe de 1964 teve início uma maior abertura à influência estadunidense. De um lado, ocorreu a fragilização de setores nacionalistas do bloco no po der. De outro, houve a celebração dos ambiciosos acordos MEC-USAID que objetivavam, dentre outras coisas, a formação de capital humano nacional. Neste atinente, as autoras destacam: “O governo militar abriu espaço não somente para o capital internacional, mas especialmente para a interferência estrangeira nas políticas educacionais”. 17


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.