Narina 30 Anos – Uma história de superação

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30 Anos

UMAHISTÓRIA

DE

SUPERAÇÃO POR GILBERTO DE ANDRADE


ARQUIVO PESSOAL

Cacio, layback rollout na Wave Cat, 1982.

“Um jovem, Cacio “Narina”, que dedicou sua adolescência à prática desse esporte, como também a aprender a confeccionar equipamentos de segurança próprios, inspirou o cunhado Gilberto a elaborar um projeto de trabalho que registrasse e lançasse no mercado a marca Narina. Em 1986 esse sonho se transforma em realidade e começa oficialmente a saga.”

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ARQUIVO PESSOAL

PREFÁCIO

PREFÁCIO

A

ceitar o convite para produzir o texto inicial de uma obra que se propõe a contar a história de uma saga permeada por investimentos pessoal e coletivo, lutas, sucessos, derrotas, recomeços, enfim, uma história de superação, me emociona e me adverte para a importância da persistência e da perseverança. Em meados da década de 80 do século passado, duas famílias resolvem investir todas as suas forças físicas, emocionais e financeiras num projeto que tinha características de vanguarda para aquela época, pois o skate ainda era lenda. Um desafio que envolvia não apenas riscos profissionais mas, sobretudo, a possibilidade ou não de sobrevivência dessas mesmas famílias. Um jovem, Cacio “Narina”, que dedicou sua adolescência à prática desse esporte, como também a aprender a confeccionar equipamentos de segurança próprios, inspirou o cunhado Gilberto a elaborar um projeto de trabalho que registrasse e lançasse no mercado a marca Narina. Em 1986 esse sonho se transforma em realidade e começa oficialmente a saga Narina. Essa obra vai proporcionar a você, leitor, lembranças de fatos vividos, conhecimento de realidades diferentes, enfrentamento de desafios e formas de superação, crescimento do skate no Brasil e suas características próprias, tendências nos equipamentos, vestuários, eventos e a história de superação da Família Narina encabeçada pelo Cacio Narina, Giba e sua esposa, nossa inesquecível e saudosa Marcia. O leitor poderá estar se perguntando quem escreve este prefácio e qual sua relação com a Família Narina. Sou irmã do Cacio e da Marcia e daí a emoção desta oportunidade. Pude acompanhar, bem de perto e desde o início, todo esse percurso. Pude vibrar com as conquistas, os sucessos alcançados, a marca sendo conhecida e reconhecida por seu conceito e qualidade, os atletas que começaram a ser patrocinados por essa empresa genuína e exclusivamente nacional, conhecendo assim uma área até então desconhecida para mim. Pude me angustiar com os tropeços provocados pelo rumo de um plano econômico de governo como o de 1996, por exemplo, que causaria grave crise em muitas pequenas empresas e entre elas a Narina. Cabe salientar que as crises repercutem e atingem tanto as famílias dos trabalhadores das empresas como também, em graus diferenciados, a família do pequeno empregador.

Marcia.

Para além de reconhecer a importância dessa obra para pequenos empresários, admiradores e amantes dos esportes ditos radicais, para empreendedores de qualquer área, para simples curiosos, quero agora deixar registrado minha admiração pelo empreendedorismo, honestidade e fidelidade aos seus objetivos no campo profissional ao Giba e também à sua saudosa esposa e minha irmã, que com sua competência técnica profissional pôde ajudar na reconstrução da Narina, e com sua confiança no marido, não mediu esforços para garantir a sobrevivência financeira da família neste árduo período, a qual já contava com cinco membros, como também foi o alicerce emocional para que a luta continuasse a ser travada, e a SUPERAÇÃO fosse alcançada, consagrando hoje, nacionalmente, a marca Narina, que completou 30 anos no mercado em 2016, sempre inovando e investindo nos pequenos e desconhecidos skatistas, que se tornam ao longo do tempo atletas constituídos e vitoriosos. Com a marca da emoção e da justa homenagem à mulher que se fez parceira de seu companheiro, nas grandes vitórias, nos grandes desafios e nos momentos de retrocesso para avançar, deixo a todos um abraço fraternal. Vera Lúcia de Oliveira

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1

PRIMÓRDIOS......................................................................06 CAPÍTULO 2

MEU INÍCIO............................................................................18 CAPÍTULO 3

SURGE A NARINA...........................................................22 CAPÍTULO 4

ASCENSÃO E RODAS MÁGICAS...........................26 CAPÍTULO 5

TURBULÊNCIAS NA ERA COLLOR.....................28 CAPÍTULO 6

CHEGANDO AO TOPO...............................................30 CAPÍTULO 7

DESCENDO A LADEIRA..............................................32 CAPÍTULO 8

FUNDO DO POÇO: FIM DA NARINA................. 34 CAPÍTULO 9

A RECONSTRUÇÃO......................................................40 CAPÍTULO 10

O RETORNO TRIUNFANTE......................................48 CAPÍTULO 11

COMPLETANDO O CICLO..........................................52 CAPÍTULO 12

OS PRÓXIMOS 30 ANOS........................................... 54 CACIO NARINA.................................................................58 DEPOIMENTOS..................................................................62

Marco Antonio, bs ollie. 2015 Capa: Danilo, Denise, Douglas, Gilberto e Cacio. Foto: Flávio Nascimento 5

ALLAN CARVALHO

SUMÁRIO


CAPÍTULO 1

PRIMÓRDIOS PRIMÓRDIOS

S

REPRODUÇÃO

urfar nas ruas das grandes cidades. Pegar onda nas ladeiras do próprio bairro. Isso parecia uma completa fantasia até cerca de 50 anos atrás. É interessante conhecermos esse caminho. Eu não poderia contar minha história ou da Narina sem antes falar alguma coisa sobre o surgimento e o aperfeiçoamento de nosso instrumento de trabalho: o skate. Claro que isso é apenas um resumo muito modesto, sem grandes referências nem rigor acadêmico, mesmo porque não é minha área. Trata-se de uma introdução ao mundo do skate e seu desenvolvimento no Brasil e no mundo até 1986, quando nossos caminhos se fundiram de vez.

SKATE NO MUNDO REPRODUÇÃO

Ninguém sabe ao certo quem criou ou quando se inventou o skate, mas há registros de 1920/1930 sobre os primeiros carrinhos similares aos que mais tarde se tornariam o que conhecemos hoje. Nos anos 1950 a garotada se divertia com imitações de lambretas e patinetes feitos com pranchas de madeira, caixas de sabão ou laranja e rodas de patins, os “roller scooters”. Aos poucos a garotada começou a deixar a caixa de lado e ficar só com a prancha, ainda com rodas tiradas de velhos patins. Se você assistiu o filme “De Volta para o Futuro”, viu Marty Mcfly, o personagem interpretado por Michael J. Fox, pegar emprestado um roller scooter de uma menina que brincava na rua, retirar a caixa e sair dando um rolê de skate pela pracinha de Hill Valley. Só para constar: as cenas de skate no filme foram feitas por Charlie Croughwell, famoso dublê de Hollywood e grande amigo pessoal de Michael J. Fox, tendo atuado em quase todos os filmes do ator como seu dublê. O ano no filme era 1955, mais ou menos a época em que o skate começava a acontecer de maneira mais efetiva pelos Estados Unidos. Aqui no Brasil tivemos também os patinetes feitos com madeira e rodinhas de patins, principalmente na década de 1970, embora nem de longe tivessem a popularidade dos carrinhos de rolimã. No final da década de 1950 essa prancha sobre rodas chamou a atenção dos surfistas, nos dias de mar flat. Fizeram uma prancha mais elaborada que as tábuas de caixote que a molecada usava, dando o formato arredondado de uma mini prancha de surf e começaram a descer as ladeiras das cidades.

REPRODUÇÃO

Three wheeler, 1920.

Scooter Skate, 1930.

Algumas fontes citam Alf Jensen como tendo iniciado uma produção caseira de skateboards em 1957, em Hermosa Beach, Califórnia, quando eram chamados de “bun boards” (“tábuas de pão”). Uma das versões da história afirma que esse nome se dava porque Jensen fez os primeiros modelos com madeira de um caixote que acondicionava um forno de padaria e que foi descartado depois de instalado (o forno). Em 1959 surgiu a primeira marca comercial de skate pela empresa Roller Derby, na Califórnia, que produzia material para patinação. 6


corpo do skatista. Segundo eles, a sensação era de “usar rodas quadradas” e que sentiam como se fossem eletrocutados, vibrando e chacoalhando cada osso do corpo. Isso durou até 1972, quando Frank Nasworthy, engenheiro químico e surfista, inventou as rodas de uretano já parecidas com as atuais e criou a lendária empresa Cadillac Wheels. Isso mudou para sempre o esporte, com mais controle e aderência do que jamais haviam sonhado. As manobras finalmente poderiam ser mais ousadas, com mais velocidade. Pouco tempo depois surgiram os primeiros trucks específicos para skate que podiam tirar mais performance das novas rodas. Mas ainda existia um problema que eram os rolamentos, simples panelinhas com bilhas com estrutura externa e submetidas à sujeira e travamentos.

“Em 1959 surgiu a primeira marca comercial de skate pela empresa Roller Derby, na Califórnia”

REPRODUÇÃO

REPRODUÇÃO

Em 1973 três amigos, Richard Novak, Doug Haut e Jay Shuirman, fundaram a NHS Inc. para vender material feito de fibra de vidro, principalmente para surfshops. Meio que sem querer receberam uma encomenda de 500 skates para venda no Havaí. Eles já foram produzidos com os novos trucks e as rodas Cadillac e se venderam instantaneamente, gerando novo pedido de mais 500 peças. Até hoje a NHS é um dos grandes produtores de material para skate. Ocorre que apenas um ano depois, em 1974, um certo Anthony Roderick procurou a NHS com um material que havia desenvolvido por conta

REPRODUÇÃO

REPRODUÇÃO

Ele já tinha prancha de compensado e estava disponível em todo o território americano nas arenas de patinação. Logo fez grande sucesso e em 1960 o skate passou a ser vendido nas redes da Thrifty Drugstores e da Sears como o “Roller Derby Skate Board”. Logo outras empresas iniciaram a produção do skate e em 1963 o esporte atingiu sua maior popularidade, iniciando as competições patrocinadas por empresas que produziam skates como Jack’s, Hobie e Makaha. A modalidade preponderante era o freestyle, que era muito diferente do que vemos hoje nas pistas, mais parecido com técnicas de patinação no gelo. As rodas destes equipamentos ainda eram feitas de metal, o que não dava muita aderência e proporcionava tombos espetaculares, a ponto de as autoridades cogitarem a proibição da prática por ser perigosa. Houve um grande crescimento do esporte, com a criação nos Estados Unidos no inverno de 1964 da revista The Quarterly Skateboarder, produtos especializados nas lojas, competições em vários locais, Patty Mcgee na capa da revista Life em 1965 mas em pouco tempo, tudo isso enfraqueceu e por volta do final deste ano a moda do skate diminuiu e grande parte das empresas deixou de fabricá-lo. Quem queria um equipamento tinha que fazê-lo à mão, como nos tempos antigos. Peças eram difíceis de achar e passaram a usar rodas de massa plástica (clay wheels), material parecido com baquelite e tão dura quanto, a qual você deve imaginar como era um pesadelo controlá-las. Praticantes americanos da época relatam que esses skates transmitiam todas as imperfeições do asfalto ou da calçada diretamente para o

Surf print, 1970.

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A roda de uretano.


ARQ. INDEPENDENT

WARREN BOLSTER

WARREN BOLSTER

Tony Alva, 1976. TATCHER

Ellen O”Neal, 1976.

FOLMER

Steve Alba e Scott Dunlap, 1979.

TERREBONE

Christian Hosoi, 1981.

Tony Hawk, 1981.

Duane Peters, 1980. 8


por toda parte. Mas sua popularidade começou a declinar novamente no final da década, em grande medida devido às seguradoras que se recusavam a aceitar os riscos do esporte, considerados excessivos. Menos pessoas frequentavam os parques e muitos acabaram sendo fechados. Mas os amantes do esporte não desistiram. Nos anos 1980 os praticantes começaram a montar rampas caseiras feitas de qualquer material disponível no momento e o skate começou sua trajetória underground. Os praticantes saíam pela cidade usando escadas, corrimãos e muros como seu próprio skate park. O mundo se abriu novamente para o esporte, antes restrito a lugares bem específicos, e o skate se tornou uma cultura pop. Também foi na década de 1980 que começaram a surgir, novamente, empresas dedicadas ao skate e seus acessórios. Eram pequenas manufaturas montadas pelos próprios skatistas, que testavam novas formas de shapes e tipos de rodas. Nessa época apareceu o vídeo-cassete e as manobras começaram a ser gravadas. Em 1984 Stacy Peralta e George Powell montaram um time de jovens skatistas denominado “Bones Brigade” (Brigada dos Ossos). Essa equipe fez uma série de filmes chamada The Bones Brigade Video Show. Alguns integrantes do grupo eram Steve Caballero, Tony Hawk, Mike McGill, Lance Mountain, Rodney Mullen, Stacy Peralta e Kevin Staab. Os vídeos foram produzidos até 1987.

BRICE KANIGHTS

INDEPENDENT 25 YEARS

MORIZEN FOCHE

própria: um rolamento de precisão (utilizado em fotocopiadora) embutido diretamente na roda de uretano, com laterais vedadas. A nova roda assim desenvolvida, batizada de “Road Rider”, explodiu no mundo do skate e extinguiu quase instantaneamente tudo o que existia antes – rolamentos abertos, rodas de massa plástica e rodas de metal. Agora os skatistas tinham rodas e rolamentos à altura de sua criatividade, montados em eixos especialmente produzidos para elas. Tudo estava pronto para o grande renascimento do skate. E foi em 1975 que a nova era do skate começou pra valer, com a organização de um torneio de slalom e freestyle no Ocean Festival em Del Mar, Califórnia. Naquele lugar a lendária equipe Zephyr (os Z Boys) deu um show de técnica, mostrando que o skate estava mudando em todos os sentidos. Os membros mais famosos do time eram Tony Alva, Jay Adams e Stacy Peralta. Três anos depois, Alan Gelfand inventou uma manobra que mudou tudo o que se fazia com o skate, ao apoiar o pé de trás na ponta da prancha, bater o tail (rabeta), levantar o outro lado e fazer o skate saltar. Esse movimento, fundamental até hoje, foi batizado com seu apelido nas pistas: “Ollie”. A febre do skate era contagiante e começaram a ser construídos os “skate parks”, pistas específicas para a prática da modalidade,

Laguna Seca 1980.

Tommy Guerrero, 1987.

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Caballero e Mountain, 1983.


REPRODUÇÃO / A ONDA DURA / NILTON BARBOSA

Erivaldo Maninho, Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, 1975. 10


NILTON BARBOSA / A ONDA DURA

Cesinha Chaves, Nova Iguaçu, 1976.

O SKATE NO BRASIL

bairro da Urca, no Rio; Paulo e Mico Sefton, de Porto Alegre, irmãos que ganharam skates do pai surfista em 1969 e Charles Putz, em 1970, na Escola Americana da capital paulista. A década de 1970 mostrou a ascensão do mundo do skate no Brasil, pegando onda no crescimento do esporte nos EUA e em todo o mundo. A partir de 1973 já começaram a se tornar comuns as cenas da garotada descendo ladeiras do Rio de Janeiro, São Paulo e outras capitais em seus skates. Em outubro de 1975 acontece o que pode ter sido o primeiro grande campeonato de skate na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro. Foi na rua, mesmo, com manobras como salto em altura e salto em

A ONDA DURA / ROBERTO PRICE

Acredita-se que o skate começou a rodar no Brasil a partir de meados dos anos 1960, com pequenas pranchas com eixos e rodas afixados e chamadas de “surfinho”. Esses entusiastas se resumiam basicamente a poucos cariocas e paulistas, principalmente. Algumas vezes se conseguia um ou outro skate “gringo”, fruto de “importação” de quem ia ao exterior. Mas era coisa muito rara. Entre os primeiros skatistas brasileiros estão Wadir “Pinguim” Giannattasio Junior, de São Paulo, que entre 1966 e 67 andou com o skate de americanos no Clube de Campo de São Paulo, na represa de Guarapiranga; Cesinha Chaves, o qual conheceu o skate em 1968 no

Thomas, Alphavile Tênis Clube, 1977. 11

“Em 1976 era construído o primeiro skate park do Brasil, no Alphaville Tênis Clube, em Barueri, inaugurado oficialmente em 2 de setembro, para sócios e convidados entre moradores do bairro que estava surgindo.”


primeira equipe brasileira segue para competir nos Estados Unidos, em Oceanside, em 1979: a DM Skateboards. Nessa época os praticantes nacionais ainda sofriam com a falta de material apropriado. Importações eram complicadas (como sempre foram no Brasil) e em geral os produtos produzidos aqui eram feitos por indústrias de brinquedos que não faziam diferença entre material para skate e para a miniatura do Batmóvel. Demorou para que se entendesse que skate não é um brinquedo de criança. Não havia roupas apropriadas nem tênis e equipamentos de proteção, que quando existiam eram feitos de pano e recheados de espuma do tipo usado em colchões. Quase nada. Muitos andavam de skate descalços, pois os shapes nem lixa tinham.

REPRODUÇÃO/A ONDA DURA

distância (salto sobre barris) e manobras que exigiam precisão e controle do skate (freestyle). Em 1976 era construído o primeiro skate park do Brasil, no Alphaville Tênis Clube, em Barueri (SP), inaugurado oficialmente em 2 de setembro para sócios e convidados entre moradores do bairro que estava surgindo. Já no final deste mesmo ano, é inaugurada a primeira pista pública do Brasil em Nova Iguaçu (RJ), composta de dois bowls de transições suaves conectados por uma área plana. Em 1977 ela recebe o primeiro campeonato de skate em pista, algo inédito no Brasil. Também surgem as primeiras publicações especializadas no esporte: a revista Esqueite (1977), a Brasil Skate (1978) e o Jornal do Skate (1978/79). Os campeonatos se espalham pelo país e a

Campeonato Brasileiro do Clube Doze de Agosto, em Jurerê, Florianópolis, 1978.

Revistas dos anos 70

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A ONDA DURA / ROBERTO PRICE

Jun Hashimoto, bowlzão do Wavepark, 1978, São Paulo. 13


A ONDA DURA / ROBERTO PRICE

ARQUIVO PESSOAL

Os anos 1980 começam com a construção da lendária para criar materiais adequados à prática do esporte, na Wave Cat, em São Bernardo do Campo (SP), uma pista mesma direção em que seguiam os praticantes americanos. particular, mas que foi considerada a maior em concreto Em 1982 o skatista Jorge Kuge cria a Urgh, depois de na América Latina, na época. Ficava nos fundos de um organizar um campeonato na Wave Cat e desenhar a restaurante na Av. Winston Churchill, com acesso por um pista do Paço Municipal de São Bernardo. Neste mesmo corredor lateral. Uma breve descrição do local, segundo ano de 82 surge a Mad Rats, primeira a produzir tênis o site Skate Curiosidade (www.skatecuriosidade.com): especiais para a prática do skate, fundada pelos skatistas “Era um bowl de 3,30m com Marcio Tanabe, Duarte vertical e coping block. Tinha “Os próprios praticantes começaram Yura, Paulo Uda “Pastel” o formato de um feijão com e Fausto Tsi Lin. a se movimentar para criar canyon na parte menor. A Wave E m 8 5 s u rg e a materiais adequados à prática do Cat também tinha um banks Lifestyle, com Reinaldo esporte, na mesma direção em que em forma de 8 e um snake run “Lecuk” Ishida, José que finalizava em um half pipe; seguiam os praticantes americanos.” Mauricio B. Azevedo vestiário, som e loja de skate.” “Mauro Life” e Nelson Em janeiro de 1982 ocorre um último campeonato Tirongue. Nessa época também aparece a Plancton na Wave Cat, que fecharia no mesmo ano devido a (nova nomenclatura da Marysol) do skatista e fotógrafo desentendimentos entre os sócios, segundo dizem. Em Ricardo Barbero, com produtos como roupas, joelheiras 14 de fevereiro de 1982 é inaugurada a chamada “pista e acessórios. velha” de São Bernardo, no Paço Municipal, desenhada As revistas ressurgem depois de um hiato de alguns por Jorge Kuge, e que se tornaria ponto de encontro de anos. Nasce a Overall (1985) e logo em seguida a Yeah! praticantes por muitos anos e ajudaria a colocar a cidade (1986), depois a Skatin’, mais dinâmicas e coloridas. O como referência do skate no Brasil. mercado cresce e em 1986 aparece a Narina, fruto de minha Os próprios praticantes começaram a se movimentar parceria com o Cacio “Narina”. Mas aí já é outra história.

BRASIL SKATE / ROBERTO PRICE

Jorge Kuge na pública de São Bernardo, 1982.

Luis Roberto Formiga, half da Wave Cat, 1981.

Jun Hashimoto, Wave Cat, 1981.

Revistas dos anos 80 14


A ONDA DURA / DANIEL BOURQUI A ONDA DURA / JAIR BORELLI

Delegação brasileira para o Mundial de Vancouver/Canadá, 1986.

Álvaro Porquê?, Campeonato Brasileiro de Guaratinguetá, Itaguará Country Club, 1986. 15


REPRODUÇÃO OVERALL

Antonio Thronn, Guaratinguetá, 1987.

Sérgio Negão, São Caetano do Sul, 1989.

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A ONDA DURA / ANNIBAL NETO

A ONDA DURA / SHIN SHIKUMA

PETRONIO VILELA

Delegação brasileira no Münster Monster Mastership, Alemanha, 1988.

Junae Ludvig, Copa Itaú, Rio, 1989.


A ONDA DURA / SHIN SHIKUMA A ONDA DURA / FERNANDO MORAES

Marcio Tarobinha, Circuito Brasileiro, São Paulo, 1997.

Adelmo Junior, Praça Roosevel, São Paulo, 1999.

Revistas dos anos 90

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CAPÍTULO 2

MEU INÍCIO MEU INÍCIO

N

ão é fácil falar sobre sua própria vida. Mas acho que ficará mais fácil entender o início e o desenvolvimento da Narina a partir de algumas informações básicas sobre minha pessoa. Meus pais são portugueses, da Ilha da Madeira. Meus tios já moravam em São Bernardo do Campo, no bairro de Ferrazópolis. Eles vieram de Portugal, montaram um barzinho e foram tocando a vida. Meu pai veio ao Brasil em 1954 e ficou morando uns quatro meses na casa de minha tia. Logo que pôde, arrumou uma casinha e mandou dinheiro para minha mãe, que veio em 1955 com meu irmão, Manoel, e minha irmã, Lídia. Foram 11 dias de navio em condições nada confortáveis. Nasci nasci em 1955 em São Bernardo e minha irmã Sara em 1957. Meu pai era lavrador em Portugal e quando veio para cá fez primeiramente alguns serviços de jardinagem para manter a família e juntar dinheiro. Era época do ápice do desenvolvimentismo e a indústria metalúrgica crescia em largas proporções. Juscelino Kubitschek se elegeu presidente em 1956 e instituiu o plano “50 anos em 5”, incentivando a indústria a se estabelecer no Brasil. Em 1957

terminavam a construção da pista sul da Rodovia Anchieta, que finalizava a obra que foi um marco da engenharia brasileira. O mais importante nisso é que ela ligava o Porto de Santos a São Paulo, tornando-se um importante corredor de negócios. Logo centenas de indústrias e empresas começaram a se instalar em suas margens, atraindo grandes empreendimentos para São Bernardo. Meu pai resolveu se aproveitar desse frenesi industrial e tentou postos na Volkswagen e em outras montadoras, sem sucesso. Semianalfabeto, as portas não se abriram para ele, exceto uma: conseguiu emprego na Panex, no Ipiranga, tradicional fabricante de panelas. Trabalhava na fundição, exposto o tempo todo a fornos com centenas de graus. Acabou se aposentando por essa empresa. Ganhava pouco, mas conseguiu juntar um dinheirinho e comprar um terreno onde fez duas casinhas, tirando algum ganho do aluguel que ajudava nas despesas. Minha mãe, como boa portuguesa, bordava muito bem. Então ela desenhava, montava os moldes, comprava tecidos, pintava, bordava e vendia, ganhando algum dinheiro também, que era economizado. Quando ela morreu em 2012, tinha uma conta poupança.

Marcia, meu pai, José e minha mãe, Beatriz.

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Primeira comunhão.


Quando teve que ir para uma clínica, já doente, ela mesma pagava suas despesas. Essa era a vidinha de meus pais: ela sempre bordando em casa e meu pai na fundição. Eles tinham uma linha dura na educação em casa, mas não fiquei amargurado nem me arrependo de nada. Pelo contrário, agradeço as palmadas que recebi. Acabei passando um pouco dessa educação rígida para meus filhos, como respeito e disciplina. Eles não são perfeitos, mas têm uma boa conduta. Me orgulho deles, que hoje trabalham comigo na Narina. Toda a minha infância se passou no bairro de Nova Petrópolis, em São Bernardo. Inclusive minha irmã, Lídia, ainda mora em nossa antiga casa. Todos nós crescemos ali, frequentamos escola, vivemos a infância. Naquele tempo era tudo muito aberto, tinha chacrinhas, olaria, pegávamos frutas e passarinhos, jogávamos futebol e se pescava e se nadava no rio próximo, onde hoje é a Av. Peri Ronchetti, junto com o pessoal do bairro. Corríamos com carrinhos de rolimã perto da caixa d’água do bairro e, com o tempo, montamos um campo de futebol do outro lado do rio. Minha mãe costurava e bordava uniformes com sacos de pano que comprávamos. Quando chegou a época de enfrentar a escola aconteceu uma curiosidade: eu não parava em nenhuma. Comecei no Grupo Escolar Maria Iracema Munhoz, na Praça Lauro Gomes. Aí passei para o Grupo Escolar e Ginásio Maurício Antunes Ferraz, em Nova Petrópolis, mais perto de casa, que tinha o apelido carinhoso de “Gegão”, abreviatura de “Grupo Escolar e

Ginásio”. Mas acabei voltando para o Iracema por algum tempo e depois terminando o curso primário no Maurício, novamente. Acompanhou? O vai e vem entre Nova Petrópolis e o Iracema Munhoz aconteceu várias vezes. Depois fiz admissão ali no Maurício Ferraz e durante o ginásio eu fui parar no Ginásio Wallace Cochrane Simonsen, onde comecei outra peregrinação. Eu tinha muita dificuldade em parar e me adaptar em alguma escola. Quando sentia alguma dificuldade eu já saía dali. Estudei no Wallace, no MMDC na Vila Brasília; fui para o Cacique Tibiriçá e de lá para o Leonor Mendes de Barros, onde fiz o curso de técnico em química durante algum tempo. Como não “Acabei passando arrumei estágio nessa área, um pouco dessa acabei desistindo do curso. Certo dia eu estava no educação rígida para banco atendendo e um meus filhos, como professor que trabalhava na respeito e disciplina. Volkswagen e era meu cliente, Me orgulho deles, me sugeriu que estudasse na que hoje trabalham ETI Júlio de Mesquita, em Santo André, no curso técnico comigo na Narina.” para ferramenteiro/torneiro mecânico, porque depois poderia trabalhar na montadora. Mas meu negócio era mesmo a parte administrativa, não me adaptava na área técnica. Depois de alguns meses o próprio professor reconheceu isso. Nesse vai e vem acabei perdendo dois anos e resolvi fazer o supletivo no Santa Inês. Eu tinha que recuperar esse tempo, coisa que eu conseguiria com o supletivo. Mantendo a

Marcia, irmã e mãe. Inseparáveis.

Formatura.

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tradição, mudei de escola no meio do curso e fui para o Colégio Anchieta, onde terminei o supletivo. A melhor lição que eu tirei disso tudo é de que não se pode desistir, por maiores que sejam suas dificuldades. Nunca. Meu irmão Manoel sempre falava “seja lá o que for, não deixe de fazer uma faculdade. Aos trancos e barrancos você vai e faz. E vai usar lá na frente”. Nunca me esqueci disso. Com o diploma equivalente ao Ensino Médio atual em mãos, prestei exame em 1978 na Escola Superior de Administração de Negócios de São Bernardo do Campo (ESAN), para administração. Mas como tinha feito um colégio muito fraco, remendado, aos trancos, eu não consegui me adaptar na ESAN. O ensino era muito puxado e fiz só o primeiro ano e acabei tendo que sair. Meus amigos e família me recomendaram a não desistir e tentar a Faculdade Senador, em Santo André, para onde fui em 1979. Terminei o curso de Administração naquela faculdade em 1984, com muita ajuda dos colegas. A matéria em que eu ia melhor era marketing, o que já mostrava algo do que seria meu futuro. Quando estava na ESAN eu já trabalhava no Banco Nacional, dentro da Volkswagen, onde comecei em 1974. Fiquei dois anos lá, junto com vários colegas da faculdade. O meu cunhado Alaor, que também trabalhava lá, saiu desse banco e foi para o Banco Lar Brasileiro, me chamando para acompanhá-lo porque estavam precisando de gente. Fui para o Lar Brasileiro e fiquei por nove anos. Enquanto estava trabalhando na agência em São Bernardo estava tudo bem, perto de casa e da faculdade. Mas de repente eu fui transferido para a agência da Av. Brigadeiro Luiz Antônio, no Centro de São Paulo, para o departamento de cobrança. Então eu fazia a faculdade de manhã,

Batizado do Danilo com tios e avós.

Batizado do Douglas.

“Quando eu estava no último ano de faculdade, fiz um trabalho de marketing sobre o skate. O Cacio compareceu na faculdade com amigos skatistas, fazendo demonstração do esporte. O sucesso foi tão grande que tivemos que apresentar o trabalho em duas outras salas.” Amigos da Comal em São Pedro. 20

Denise e Danilo.


Douglas e tio Cacio.

Douglas em SBC.

Banco Lar Brasileiro.

Toca do Mosquito, em Aracaju.

Danilo, Marcia, Douglas, Denise e Giba.

Com o sobrinho Cacio e Marcia.

Com Denise e Marcia. 21

pegava o trem em Santo André e ia até a Estação da Luz para chegar à Brigadeiro. Fiz isso por quatro ou cinco anos. Em 1981 comprei um pequeno apartamento no bairro do Irajá, em São Bernardo, onde ainda moro. Era um bom investimento e o coloquei para alugar por algum tempo. Conheci a Marcia, que viria a ser minha esposa, em 1982. Nós nos conhecemos na quermesse junina da Igreja Matriz, no centro da cidade. Eu estava com um amigo e vimos duas garotas que chamaram nossa atenção. Eu fiquei com a Marcia e meu amigo com a prima dela. Depois saímos por uns três meses, mas tudo acabou e não nos encontramos mais, a não ser na rua, por acaso. Depois de algum tempo nos reencontramos e alguma coisa se acendeu e começamos a namorar firme. Ela era técnica em enfermagem e trabalhava no Instituto do Câncer, em Nova Petrópolis. Depois teve um concurso na prefeitura de São Bernardo e ela passou, começando sua carreira de professora de costura, profissão que aprendeu com a mãe, costureira profissional de mão cheia. Durante nosso relacionamento conheci seu irmão, José Acácio de Oliveira, conhecido como Cacio “Narina”. Enquanto isso, no banco, eu cuidava da cobrança e do clube esportivo: era encarregado do futebol, montando times e organizando campeonatos. Casei-me em 1984, mesmo ano em que me formei em Administração de Empresas. Nesse tempo todo meu cunhado Cacio “Narina” já andava de skate há anos. Quando eu estava no último ano de faculdade, fiz um trabalho de marketing sobre o skate. O Cacio compareceu na faculdade com os amigos skatistas, levando adesivos e vídeos (coisa rara na época) e fazendo demonstração do esporte. O sucesso foi tão grande que tivemos que apresentar o trabalho em duas outras salas a pedido do professor. Isso me chamou muito a atenção e pensei comigo mesmo: “Caramba, isso aí pode ser um bom negócio”. Em 1985 o Cacio já fazia joelheiras e algumas outras coisas para os amigos. Não existia material de qualidade no Brasil e o grupo de amigos dele comprava os equipamentos que ele fazia com outro colega. Saí do banco no começo de 1986 e propus montar uma empresa de material de skate com ele. Minha vida estava tomando um rumo inesperado.


CAPÍTULO 3

SURGE A NARINA SURGE A NARINA

C

omo eu disse, terminei a faculdade em 1984 e material para skate, pois as lojas exclusivas de skate sabia que precisava montar alguma coisa. Com começaram a rolar mais tarde. o passar do tempo eu via que muitas pessoas Quando chegávamos às lojas para mostrar o material, ligavam de Curitiba, Espírito Santo, Rio de a aceitação era imediata porque o Cacio era conhecido, Janeiro, para a casa do Cacio pedindo material de skate, o logotipo era bem elaborado e os produtos tinham e isso me despertou. Pensei que seria muito bom tentar alta qualidade. Claro, também havia considerável falta montar um negócio nesse ramo. de produtos deste tipo no mercado e, em pouco tempo, Saí do banco no começo de 1986 e propus montar estávamos vendendo para o Brasil todo. uma empresa com ele. Em outubro de 1986 montamos Esse tipo de produto nacional era uma revolução que a Narina. Eu entrei com máquinas compradas com a acompanhava a evolução do skate em 1986. Já existia indenização do banco e ele, que trabalhava na parte de alguma coisa de empresas concorrentes, mas nossas produção da Volkswagen, com sua indenização comprou joelheiras se destacavam porque o Cacio andava em matéria prima. Havia também o Estevão Pereira Lima vertical, então era algo que ele conhecia muito bem. Ele “Steve Lima” que foi convidado para estudou marcenaria no Senai (o pai vir somar com a gente e coordenar a “Quando chegávamos era marceneiro), mas não trabalhou na parte de produção, pois não teria como área, indo para a Volkswagen. Depois às lojas para mostrar unificar o negócio com três sócios. ele aplicou todo esse conhecimento o material, a aceitação técnico na Narina. Em seu começo para Ele aceitou dessa maneira e demos era imediata porque o produzir seus próprios equipamentos, sequência aos trabalhos. Começamos a Narina na casa da tia o Cacio abria e examinava a construção Cacio era conhecido, do Cacio. Ela tinha uma edícula nos dos produtos da Rector americana, o logotipo era bem fundos que foi o primeiro escritório na época uma das empresas top do elaborado e os da Narina. A gente cortava a borracha mundo em equipamentos de proteção. produtos tinham alta das joelheiras em casa, era tudo bem Fundada em 1976 na Califórnia, a caseiro ainda. Compramos matériaRector dominava os equipamentos qualidade.” prima e o maquinário e já soltamos para skate na virada dos anos 1970 o primeiro lote de produtos: 10 joelheiras tamanho para os 80 até aparecerem as marcas nacionais a partir de adulto, 10 joelheiras infantil, 10 cotoveleiras adulto, 10 1982/83. Ou, de modo geral, ter bons equipamentos era cotoveleiras infantil. Quando montamos a marca, o Cacio, na verdade um sonho de consumo muitas vezes distante a princípio, não queria que fosse “Narina”, porque iria da realidade financeira dos praticantes brasileiros. vincular muito pessoalmente a ele, mas eu insisti porque Para fazer os produtos profissionais, no início, fazíamos já era um nome conhecido. Com a primeira produção de os casquilhos artesanalmente, comprando placas de material na mão e pensando nas portas aonde bater, o polipropileno, cortando em placas, colocando num molde, próprio Cacio me sugeriu ir ao Shopping do Coração, em aquecendo e fazendo o resfriamento. O corte e acabamento São Bernardo, e procurar o Ricardo na Wave Wizard e o eram feitos à mão por uma tesoura especial. Os produtos Sérgio na Bottom Turn, e que era certo que eles pegariam de linha, eram acabados com casquilhos fornecidos por algumas peças. Não deu outra: a Wave pegou 70% do que um terceiro. eu tinha em mãos e a Bottom Turn arrematou o restante. Materiais como nylon e borracha achavam-se por aqui, Essa entrada de dinheiro foi totalmente reinvestida na embora os americanos tivessem mais tecnologia. A Flut empresa e pudemos comprar o dobro de material para a Espumas, de Campinas, desenvolveu borrachas iguais às produção. Acrescentamos na lista de clientes a Styllos, estrangeiras, que eles vendiam para a indústria em geral. O de São Caetano do Sul, outra loja ávida por ter o nosso casquilho de PVC, dependendo da qualidade do material, material. No começo eram as lojas de surf que vendiam quebrava muito. Então testamos várias combinações para 22


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melhorar o produto e usamos tecnologia para ele ficar mais A divisão de trabalho na Narina era sempre essa: o Cacio plástico e menos quebradiço. Compramos muito velcro da cuidando da produção e eu na administração, no comercial, Tekla, no Ipiranga. Uma joelheira tem 11 componentes, controlando os muitos representantes no Brasil todo. entre eles espuma, borracha, ilhós, casquilho, cola, linha, Mas os desgastes entre os sócios são normais e foram velcro, elástico, nylon ou lona. Cada componente de um aumentando. Mesmo com toda a atenção da equipe, fornecedor diferente. Eu mesmo comprava tudo no Brás. perdia-se o controle do caixa porque realmente era um As joelheiras se tornaram o principal produto, o carro- absurdo de tantas vendas. chefe, até lançarmos as rodas em 1987. Esta foi a época de vendas na Galeria do Rock, entre a Em um ano já tínhamos 23 funcionários produzindo Rua 24 de Maio e Av. São João, no Centro de São Paulo. Em joelheiras, wrist guards, cotoveleiras, luvas, todos os nosso começo era a fase mais forte do skate, e vendemos componentes de proteção. A carência de produtos no Brasil muito por lá. Nessa primeira etapa vendíamos muito shape e o mercado crescente pela explosão da popularidade também, porque o acesso a material importado era difícil. do esporte faziam com que o nosso Esse lugar foi muito importante em crescimento fosse muito rápido, e isso nosso primeiro período (1987-1997), “A Galeria do Rock atrapalhou não apenas a Narina mas mas a Galeria foi boa também para continua sendo todas as marcas na época, pois nesse todos os produtores de material até uma grande vitrine ambiente se perde facilmente o controle. 2004, mais ou menos. Aí começaram do skate para as Hoje controlo muito mais esse a aparecer os importados e as vendas aspecto do negócio. O sucesso traz muita diretas das fábricas, com preços que marcas nacionais e pressão, todo mundo quer os produtos não podíamos cobrir. Hoje pouco se internacionais. Dita e em muita quantidade. Aí você corre vende por lá, porque só tem material moda, tendências e atrás, mas acaba não tendo 100% de importado ou de fabricantes que abriga várias vertentes vendem a preço de fábrica. rigidez no cadastro dos clientes. Um amigo do amigo indica um cara e você A Galeria do Rock continua sendo da cultura que envolve vende para ele, faturado, por exemplo. uma grande vitrine do skate para as o carrinho.” E aí começaram as inadimplências, os marcas nacionais e internacionais. calotes e os desentendimentos com o Cacio. Ele cuidava Dita moda, tendências e abriga várias vertentes da cultura da produção e produzia muito, mas o dinheiro não entrava que envolve o carrinho. na mesma proporção por causa dos maus pagadores. Claro Nunca tive vontade de diversificar para outras que ele não tinha nada com isso, culpa do administrativo modalidades esportivas, sempre atuei só com skate, senão da empresa, comandado por mim. Não tiro a razão dele na você descaracteriza a marca. É como se, de repente, a época, de suas broncas. Mas aprendemos com isso e hoje Narina patrocinasse um time de futebol: vai parecer que minha filha Denise cuida dessa parte e ela é implacável está mudando de alvo, atirando para todo lado. Como nós na aprovação do cadastro de compradores. enfrentamos todos os muitos problemas que apareceram O Cacio mandava muito bem na produção. Sentava em nossa trajetória sem perder de vista o skate, a marca na máquina de costura e pedia para prepararem as caixas permaneceu forte até hoje. Focamos nossas vendas para para os produtos, alertando a equipe que tirava as linhas as lojas especializadas em skate, mas estamos abertos e limpava as peças para voltar à produção ou seguir para para atender os simpatizantes em outros segmentos. Esse o cliente. E lá ficava ele, horas a fio, costurando. mercado é muito grande.

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Narina & Tracker Skate Attack, 4ª etapa Circuito UBS 89 - Julho. Coberturas das revistas Overall e Skatin’.

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CAPÍTULO 4

ASCENSÃO E AS RODAS MÁGICAS ASCENSÃO E AS RODAS MÁGICAS

E

m 1987 o John (empresário de São Bernardo do Campo) fazia amortecedores e os fornecia para nós. Um dia ele disse que tinha um fornecedor fazendo umas rodas de skate fundidas, muito boas, e que ele já tinha experimentado. Na mesma semana fomos lá ver. Era ali ao lado do Mappin, em Santo André (atual Shopping ABC). Fomos até a fábrica, perguntei sobre a existência da tal roda e pedi para fazer um teste. Ele disse que tinha uma “meia-zero” (60 mm) para nós testarmos. O “shore” é uma medida de dureza. Como exemplo, as rodas para vertical e street em geral são bem duras, já as rodas para downhill têm que ser mais macias pois precisam de muita aderência. Rodas mais duras desenvolvem maior velocidade. Voltando à história, meu cunhado olhou, colocou as quatro rodas no carrinho e saiu andando. “Caramba”, ele disse. Não foi preciso mais que isso. Essa foi a primeira roda fundida feita no Brasil. Antes eram só as americanas, importadas. E como estávamos muito fortes com as vendas de joelheiras e equipamentos diversos, entramos com tudo nas rodas e o Cacio sugeriu criar a série Animal. Isso porque o Billy, que criava nossos anúncios, experimentou a roda e falou “puxa, monta logo um desenho, um logo, essa roda é animal, tem velocidade”. E o nome pegou imediatamente. Em seguida veio a TNT, com bom marketing, um explosivo que levava o praticante a ter uma “explosão de velocidade”. Foi um sucesso tremendo. Buscávamos na fábrica de 2.000 a 4.000 rodas por semana, vendas certas, e eles continuavam produzindo muito. Depois levávamos na tampografia Oscar Flues, em Santo Amaro, para imprimir os logos, uma empresa que hoje conta com mais de 100 anos de existência e ainda é referência nestes serviços. Desde o início procuramos trabalhar com o melhor que havia no mercado. A tampografia é uma técnica de

impressão em vários tipos de objetos e que usa um tipo de carimbo de silicone para imprimir o desenho nas peças. A grande diferença desta roda é que ela foi fundida e não injetada, como as da época. As injetadas são feitas por injeção da matéria plástica em um molde e posterior resfriamento. Você pode soltar 1.000 rodas em meia hora com essa técnica. Já uma roda fundida leva dois dias para ser feita. Depois do poliuretano ser colocado no molde ele deve ficar um dia parado, para a “cura”, a solidificação correta do material através da reação química dos componentes. Depois ela tem que ser usinada para chegar às dimensões corretas. Nós ainda vendemos muita roda injetada, para skates pré-

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montados. Os pais dão para as crianças de seis ou sete internacional das demais e com preços muito competitivos. As rodas são o coração do skate. Elas eram 93 ou 94 anos um skate desses e não um de R$ 500,00. Se a criança gostar da prática, o pai vai melhorando o equipamento e shore no começo, depois passaram para 96 ou 97 shore comprando materiais mais sofisticados. A roda injetada e hoje existem as de 100 ou 101, mais duras, surgidas é de qualidade e ainda vende muito, mas a fundida tem em 2005. Quando são muito moles elas não servem para ainda mais qualidade. Hoje a roda é um complemento todo tipo de piso. Seguram na madeira, por exemplo. A do faturamento da empresa, já não é mais nosso produto 100 anda em qualquer superfície e é muito utilizada pela principal. As primeiras rodas da Narina eram 93 e 94 shore, galera que anda nas praças e ruas, em todo lugar. Creio adequadas para a época. Fizemos rodas rajadas, coloridas, que seja a dureza máxima para esse esporte. Mesmo com esses percalços nas rodas, as vendas que tiveram grande sucesso, pois eram realmente lindas. Mas a evolução tecnológica não para. No final de continuavam a pleno vapor e a Narina crescia cada vez 1988 a Tecpolimer apareceu com rodas melhores do que mais. Tínhamos os serviços gráficos do Billy Argel, que as nossas, com 97 shore como as estrangeiras, porque andava bem de skate e era um grande artista que hoje pinta foram buscar tecnologia nos EUA, montaram uma fábrica quadros. Vendíamos muitas rodas, mas o forte da linha própria de polímeros, aperfeiçoaram os processos que ainda eram as joelheiras. Nesta época já trabalhávamos existiam aqui. Um trabalho notável. Essas rodas, mais com shapes, também, feitos por terceirizados sob encomenda. A parte das roupas sempre teve o corte das duras, andavam mais. A nova roda saiu no mercado, com distribuição para peças feito todo na empresa e a costura terceirizada, por os feras do skate da época. Eles ficaram maravilhados uma questão de custos e espaço. Com a joelheira era com a velocidade, mas a roda diferente, era toda feita durava pouco. Enquanto essa “Como estávamos muito fortes internamente, inclusive a roda andava mais, a da Narina costura. Algumas vezes coisas durava mais. Mas com o com as vendas de joelheiras e tempo o mercado acabou não equipamentos diversos, entramos pequenas e chatas em que se perdia muito tempo, como um aceitando mais rodas 93, 94, com tudo nas rodas e o Cacio nylon ou um elástico, eram 95 shore. Logo que vi o público sugeriu criar a série Animal.” mandados para costurar fora. migrar para as rodas duras, Mas eram exceções. pedi ao nosso fornecedor que Como tínhamos as máquinas, era mais garantido fazer fizesse uma roda igual, com maior resiliência. Não deu certo, a roda esfarelava, quebrava. A mistura não dissolvia as joelheiras todas dentro da empresa, com meu cunhado direito e quando a roda quebrava era pó para todo lado. supervisionando, já que ele costurava, e muito bem por Era esse detalhe que tinham ido buscar nos EUA, pois era sinal. Meu filho mais velho, Douglas, aprendeu a costurar uma tecnologia muito específica da roda de skate. Nosso com ele. O Cacio aprendeu costura com a mãe, que, como fornecedor fazia materiais de primeira linha para empresas disse, era costureira profissional. Ele mesmo ensinou todos do porte da Scania e Volkswagen, mas não conseguiu os nossos funcionários. O pessoal da empresa aprendia reproduzir a dureza da roda por ser algo muito específico. tão bem que tivemos funcionários que saíram da Narina Para aperfeiçoar a nova roda seria necessário buscar e montaram tapeçarias próprias. E nisso, com esse crescimento, começamos a montar tecnologia fora, o que o fornecedor não estava interessado. Ele trabalhava com outros produtos de primeira qualidade equipes de skate. Eram simples, no começo, comparadas e as rodas eram um produto secundário para ele, o qual com a Urgh e a Lifestyle as quais tinham equipes muito não valia a pena o custoso investimento em pesquisa fortes, mas tínhamos uma equipe boa, com atletas que se e desenvolvimento. Com a evolução do esporte e o destacavam. Rodávamos o Brasil todo e alguns eventos crescimento da tecnologia tivemos que nos adaptar à nova fora, também. Muita gente vinha pedir patrocínio e o Cacio fazia a demanda, de qualquer maneira. Quando conseguimos rodas adequadas em outros fornecedores com a dureza desejada, seleção. Tínhamos o Glauco (Veloso) e vários outros de o mercado já estava tomado por outras empresas. Hoje a São Bernardo, além de parceria da Narina com a H.Prol, Narina tem rodas de dureza equivalente, mas o mercado de Santos. Roberto Hoho (RJ), João Amin (SC) Homero Moreschi (PR). Nesse crescimento dentro do esporte está dividido entre várias marcas. Perdemos a hegemonia. A maior diferença com os EUA ainda é tecnologia, surgiram vários atletas. Eles tinham cotas mensais e que avança mais rápido lá do que aqui. Agora a China participavam de campeonatos em seus estados de origem se desenvolveu com força através de consultoria com os e nos nacionais usando os produtos Narina. Isso deu melhores skatistas e fabricantes de produtos do mundo. muito retorno. E a Narina cresceu ainda mais, fortaleceu As rodas chinesas hoje já estão com o mesmo nível seu nome.

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CAPÍTULO 5

TURBULÊNCIAS TURBULÊNCIAS ERA COLLOR NA NAERA COLLOR

“Muitas empresas não aguentaram. Fabricantes de equipamentos, lojas e mesmo revistas especializadas tiveram que fechar. Houve uma queda no mundo do skate, que vinha de uma década muito promissora.”

V

imos como a inflação estava descontrolada em 1989 (1.972,92 %) e foi nesse cenário que Fernando Collor de Melo se elegeu presidente, trazendo ao menos esperança de alguma melhora de vida à população. Mas isso acabou gerando mais confusão do que avanços sociais. Os chamados “Planos Collor” tinham como nome oficial “Plano Brasil Novo” e eram uma tentativa desesperada de derrubar a inflação e gerar crescimento na economia. O Plano Collor I teve início no segundo dia do mandato do novo presidente, capitaneado pela Ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello. O plano consistia em medidas para enxugar o dinheiro a mais existente no mercado (que gerava inflação) e abrir a economia, incluindo o confisco por 18 meses de todos os valores nas aplicações financeiras e poupanças que excedessem NCz$ 50.000,00 (cinquenta mil Cruzados Novos), mudança do nome da moeda para “Cruzeiro”, congelamento de preços e salários, eliminação de incentivos fiscais e privatização de diversas empresas estatais. Nove meses depois a inflação tinha baixado para “apenas” 20% ao mês. Em janeiro de 1991 montaram o Plano Collor II, com mais congelamentos e mudanças em aplicações como a overnight. A inflação cedeu um pouco, mas em maio já estava crescendo novamente. A Zélia caiu e foi empossado um novo ministro, Marcílio Marques Moreira. Ele restringiu as políticas fiscais e aumentou os

juros, liberando preços e contraindo um empréstimo de US$ 2 bilhões com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Em setembro de 1992 mais uma turbulência no país, com o impeachment de Collor. Isso sempre é um trauma político e econômico. Depois de tudo a inflação voltou a crescer até a época do Plano Real, em julho de 1994. Apesar disso, os anos de 1990 e 1991 não foram ruins para a Narina, mesmo com a inflação que o presidente José Sarney (vice do Collor, que assumiu a presidência) havia deixado. Isso atrapalhava bastante porque produzíamos as encomendas e quando o cliente recebia a mercadoria ela já havia se desvalorizado. Por exemplo, alguém pedia R$ 1.000,00 em produtos. Quando ele os recebia já valiam R$ 1.150,00 e quando o cliente finalmente pagava a fatura de R$ 1.000,00, o custo era de R$ 1.300,00 para produzir as mesmas peças novamente. Esse exemplo simples mostra como se perdia dinheiro e se corria atrás do prejuízo. Os prazos dados para pagamento das faturas pelos clientes foram se encurtando e o giro do capital ficou mais complicado. Muitas empresas não aguentaram. Fabricantes de equipamentos, lojas e mesmo revistas especializadas tiveram que fechar. Houve uma queda no mundo do skate, que vinha de uma década muito promissora. Mesmo assim as competições não paravam, com a realização de campeonatos profissionais em 1990 como a II Copa Itaú

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de Skate, no Rio de Janeiro, e o ressurgimento do Circuito Brasileiro, em 1991, com a Taça Londrina de Skate no Paraná e outras etapas em Curitiba, Guarulhos, Piracicaba e Araraquara. Também a Narina não parava. Tínhamos conta no Banco Mineiro e fomos usando o cheque especial e créditos especiais até acabarem os limites. Aí ficamos com uma boa dívida com o banco, mas nenhum grande problema com os fornecedores, o que seria a chave da sobrevivência. Algum atraso aqui e ali, um protesto pedido em algum lugar, mas tudo se resolvia logo e a empresa continuava na ativa e com crédito na praça. A dívida com o banco foi resolvida aos poucos. Meu cunhado, Alaor Mendes Godoy, trabalhava na gerência do Banco Mineiro. Ele propôs que negociássemos a dívida com o banco aos poucos, amortizando com alguns cheques recebidos de clientes. Assim, de tudo o que recebíamos, uma parte era utilizada para diminuir a dívida e uma parte continuava tocando a empresa. Dessa forma continuamos no negócio, não devendo a nenhum fornecedor e podendo pagar o banco. Nossos limites eram estreitos, mas não havia uma restrição real. Saímos das turbulências do governo Collor até que bem rápido; não deu muitos problemas, foi possível avançar. O Alaor também ajudava vendendo roupas de nossa marca dentro do banco. Tudo ajudava nessa época de crise

e mesmo os que não andavam de skate gostavam de usar roupas de qualidade. Começamos com as roupas em 1989, pois era uma demanda do mercado. Começamos fazendo bermudas com velcro, muito disputadas no exterior e sem fabricantes nacionais, e também bermudas de moletom. Em 1992 começamos a linha de camisetas, depois que a crise do Collor se abrandou com o impeachment. A partir daí a confecção realmente decolou de vez. Isso foi muito importante para o auge da Narina, que atingimos com as joelheiras, rodas e confecção como itens mais importantes. Roupas e bonés todo mundo usa, mesmo quem não anda de skate. É um mercado muito amplo e lucrativo. Montamos uma loja de ponta de estoque em Nova Petrópolis, na Rua Paulo Afonso, a partir de 1991. As peças com algum pequeno defeito de fabricação eram vendidas por lá. Muita gente ainda se lembra de ter comprado nessa loja com a mãe quando ainda eram crianças ou adolescentes. Produzíamos muita roupa, mas havia muitas com defeitos. Isso ainda era fruto do problema de grande expansão de vendas sem o aumento do controle administrativo. Fabricava-se muito e vendia-se muito, mas sem o devido controle, que gerava prejuízos. Isso cobraria um preço amargo no futuro. Esse período deu algum trabalho, mas já crescíamos muito em 1993 e 1994, e em 1995 estávamos no topo de novo. E a relação com o Cacio continuou a piorar.

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CAPÍTULO 6

CHEGANDO AO TOPO CHEGANDO AO TOPO

E

m 1995 estávamos novamente no topo, vendendo para o Brasil todo. Foi uma época de grande efervescência para o skate. Foi criado no mesmo ano o “Dia do Skate” na cidade de São Paulo pelo então vereador Alberto Hiar, o “Turco Loco”, que se distinguiu pelo apoio ao skate, ao surf, ao rock, ao hip hop, e por trabalhar com surfwear e streetwear. O Dia do Skate, comemorado na cidade em 3 de agosto, foi depois estendido para todo o Estado de São Paulo em 2003, quando Turco Loco era Deputado Estadual. A data foi criada depois que Bob Burnquist venceu o Slam City Jam, no Canadá, sagrando-se o primeiro brasileiro a ganhar um campeonato internacional de importância e Digo Menezes sagrou-se o primeiro brasileiro campeão mundial, no evento Münster Monster Mastership, na Alemanha. O skate brasileiro estava com tudo. Com os negócios crescendo sempre, mudamos para uma nova sede em 1995/96, ainda em Nova Petrópolis, bem mais ampla, e nela montamos uma mesa de corte para confecção com 11m2. A partir daí nossa linha de skate wear cresceu cada vez mais e nos aperfeiçoamos muito no processo. Costumávamos usar os vizinhos para terceirizar tarefas da confecção. Um apartamento embaixo do meu fazia acabamento e três outros operavam só com bermudas e calças, perto de onde minha cunhada morava. Tínhamos um funcionário só para supervisionar as costureiras, levando peças para

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costurar, pegando material pronto e levando para outro acabamento ou trazendo para a empresa para embalagem e despacho. Os representantes comerciais vendiam em todo o Brasil e trabalhávamos com grandes transportadoras para enviar os produtos para fora da Grande São Paulo. A parte de confecção (bermudas, moletons, calças, camisetas) tinha suas oficinas terceirizadas, mas elas não faziam o acabamento, só fechavam as peças que nós cortávamos. Por isso mantínhamos quatro costureiras revisoras que trabalhavam em suas próprias residências e que tiravam as linhas a mais, verificavam os defeitos, colocavam as etiquetas, passavam e embalavam as peças. Aí nosso funcionário ia de casa em casa recolhendo as peças todos os dias e as pagando por peça. Funcionou muito bem na época. Hoje são as próprias oficinas terceirizadas que fazem isso. Ainda em 1995 a ESPN criou os “Extreme Games” nos EUA, em Rhode Island, o que iniciou o processo de mudança da imagem do skate como contracultura e esporte de rebeldia. Estava nascendo um esporte muito sério, que em nada ficava devendo a qualquer outro transmitido pela imprensa. A atividade começou a transitar pelos canais esportivos e a chamar a atenção da mídia, aumentando ainda mais sua popularidade e atraindo importantes patrocinadores. No ano seguinte o evento passou a se chamar “X Games” e o sucesso só foi aumentando com o passar dos anos.


“Em 1995 estávamos novamente no topo, vendendo para o Brasil todo. Foi uma época de grande efervescência para o skate.”

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CAPÍTULO 7

DESCENDO A LADEIRA

A

partir de 1996 se intensificaram as brigas familiares. Os atritos com o Cacio por causa do pouco faturamento líquido devido às perdas causadas pelo descontrole administrativo foram ficando mais frequentes. Começaram-se a formar dois grupos na empresa: os partidários dele e os meus. E outros fatos agravaram a situação. Nossa loja de ponta de estoque em Nova Petrópolis começou a dar muitos problemas a partir de 1996. Como a produção era muito grande e o local da loja estava pequeno, com vários outros problemas, inclusive assaltos violentos, montamos uma loja no Centro de São Bernardo, na Rua General Osório, com a ponta de estoque de confecção e os produtos Narina. Ali em volta tinha lojas grandes, o famoso “bar do bolinho” e muito movimento, especialmente da galera do skate. A loja permaneceu lá entre 1996 e 1998, mas depois tivemos que fechá-la. Houve problemas com os estoques e os prejuízos acabaram sendo grandes. Os lojistas da região, em particular de São Bernardo, pararam de comprar nossos produtos porque acharam que estávamos concorrendo com eles, e de forma desleal por sermos fabricantes. Esse tipo de pensamento não é novidade, é coisa corriqueira no mundo dos negócios. Para não perder mercado e irritar os clientes, fechamos a loja definitivamente em 1998. Hoje não temos mais a ponta de estoque, pois os defeitos são mínimos por conta do aumento no controle de qualidade. Mesmo assim algumas peças vez ou outra apresentam pequenos defeitos e são doadas. Mesmo na terceirização da costura tentamos olhar bem para evitar esses problemas e minimizar as perdas. Em 1999 houve algo muito importante para o skate, que foi a criação da Confederação Brasileira de Skate (CBSK), no Paraná. Em 2000 ela se mudou para São Paulo. Eu acompanhei todo esse processo. O Turco Loco, então Deputado Estadual, conseguiu o auditório da Assembleia Legislativa no Ibirapuera e tivemos uma grande reunião para discutir a mudança da sede para São Paulo e os rumos e objetivos que ela teria. Hoje a CBSK tem representação oficial e os campeonatos, para serem oficiais, têm que ser organizados por eles. Fizeram um grande e maravilhoso trabalho, inclusive com a regulamentação da passagem dos skatistas para a categoria profissional. Antes a coisa era mais de boca, alguém anunciava a mudança de categoria e já virava Pro. Hoje é muito diferente, tem critérios bastante rigorosos, um controle muito maior. A CBSK é muito atuante e fundamental para o nosso esporte. No fim de 1999 foi lançado pela Activision o jogo de videogame Tony Hawk’s Pro Skater, para PlayStation e depois convertido para Nintendo 64, Dreamcast, N-Gage, Game Boy Color e finalmente para Xbox em 2001. Foi um sucesso inacreditável. O jogo foi desenvolvido com a ajuda pessoal da lenda do skate mundial, que também cedeu a voz para o personagem da tela. Chamado de Tony Hawk’s Skateboarding no Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e partes da Europa, o skate chegava aos consoles de videogame e prendia a atenção de toda uma geração. O jogo teve muitas sequências e derivações que o tornaria um dos mais vendidos e populares do mundo.

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ALLAN CARVALHO

DESCENDO A LADEIRA


“A partir de 1996 se intensificaram as brigas familiares. Começaram-se a formar dois grupos na empresa: os partidários do Cacio e os meus. E outros fatos agravaram a situação.”

Vanderley Arame, bert. RS.

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CAPÍTULO 8

O FIM FUNDO DO POÇO: DA NARINA! O FUNDO DO POÇO: FIM DA NARINA!

C

om toda essa crise aumentando na sociedade eu via que a coisa não ia acabar bem. A relação entre eu e o Cacio estava cada vez mais distante e fria. Trocávamos apenas monossílabos no trato diário da empresa, não havia mais diálogo aberto. Nessa época eu fazia muitos cursos e participava de palestras no Sebrae, em Santo André principalmente. Recebia muita mala direta deles com cursos e oportunidades. Em uma dessas mensagens anunciaram a montagem de uma cooperativa para levantar fundos e que se tornaria um grupo investidor. Depois de levantar o capital o grupo escolheria empresas ou empreendimentos para investir e fazê-los crescer, gerando lucro para os associados. Achei ótima a ideia. Fui a várias reuniões em grupos diferentes, com dez pessoas no Bairro Assunção, umas dez no Centro, outros em São Caetano ou Santo André e por aí afora. Então surgiu a ideia de juntarmos todos os grupos em um só, maior e mais forte. O Sebrae concordou e apoiou a proposta. Ao longo do tempo em que ia participando, uma ideia ia brotando e crescendo dentro de mim: “essa é a saída para minha empresa”. Um aporte de capital poderia ser a salvação da Narina, mergulhada cada vez mais em crise financeira. Expliquei a ideia para o Cacio, mas ele não deu muita atenção para o projeto. Não tinha muito interesse em aumentar o número de sócios. Juntamos 204 pessoas e montamos uma diretoria com conselho fiscal, formando oficialmente a ABC Holding a partir das cooperativas. Depois vendemos cotas de R$ 500,00, pagas em 10 parcelas. Alguns pegaram uma cota, outros duas, três ou até mais. O retorno seria proporcional ao número de cotas que o participante possuísse. As reuniões aconteciam em vários lugares e depois se concentrou em São Caetano do Sul, onde montamos uma sede. Tudo certo, com funcionários contratados, CNPJ, secretária; faltava encontrar investimentos que fossem interessantes. Fomos até as prefeituras próximas para ver do que precisavam, procuramos lugares para investir o capital que foi de cerca de R$ 150 mil. A cooperativa

montou um negócio de reciclagem, uma oficina de costura em parceira com a prefeitura de São Bernardo e uma empresa de mão de obra terceirizada. Mas ainda existia dinheiro em caixa e buscavam novos negócios quando eu apresentei a Narina como uma opção de investimento. Eles se surpreenderam e perguntaram se eu aceitaria novos sócios. Expliquei que a empresa tinha um nome muito forte no mercado, mas precisava de capital para continuar de pé. A diretoria gostou da ideia. O Cacio não. Ele resistiu muito quando expliquei a ideia, mesmo quando argumentei que a empresa ia quebrar de qualquer forma, não conseguiria se sustentar com o rombo crescente em suas contas. Falei para ele que a Narina não tinha saída: ou aceitava a venda de uma parte para a holding ou ia quebrar. Muito a contragosto, ele acabou aceitando, finalmente. Fizemos uma reunião oficial e a holding se interessou. Fizeram uma ampla pesquisa de mercado durante seis meses em todo o Brasil, para ter uma ideia do potencial e da força da marca. E eu angustiado, querendo que o negócio andasse logo, pois a Narina não suportaria mais muito tempo na ativa. Depois de várias reuniões, sempre com a resistência do Cacio, fechamos o acordo e redigimos um contrato no ano de 2000. A holding ficaria com 51% da Narina e eu e o Cacio com 24,5% cada. Pedi R$ 50 mil para fazer a empresa andar. Eles foram colocando o dinheiro aos poucos até completar esse valor. Mas o descontrole anterior na contabilidade permanecia e os R$ 50 mil que eu achava que dariam para equilibrar o caixa, não deram. Esse valor colocou muitas contas em dia, principalmente junto aos fornecedores, o que foi muito bom para a continuidade da empresa. É bom frisar que eu e o Cacio não vimos a cor do dinheiro, ele foi todo aplicado na empresa. Mas ainda não era suficiente. Os R$ 50 mil que recebemos eram relativos à venda de 51% da empresa. Portanto se quiséssemos mais dinheiro, deveríamos abrir mão de mais uma fatia da Narina. Como o Cacio já estava contra esse negócio desde o início, seria difícil tirar mais uma parte dele. Então eu propus que se vendesse parte de minha própria cota no negócio,

“Um aporte de capital poderia ser a salvação da Narina, mergulhada cada vez mais em crise financeira. Expliquei a ideia para o Cacio, mas ele não deu atenção ao projeto.”

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ALLAN CARVALHO

Gabriel Zina, bs five-O. 35


ALLAN CARVALHO

Vanderley Arame. Monumento Tomie Otake, aeroporto.

deixando a dele intacta. A holding então comprou mais 8% da Narina, de minha cota, e eu fiquei com apenas 16,5%. O negócio foi de R$ 15 mil, que foram integralmente investidos na empresa. No início a coisa ficou mais equilibrada, mas ocorreu um imprevisto. Catastrófico. A holding, quando entrou no negócio, indicou um gestor para supervisionar a empresa e representála, pois tinha a maioria das cotas. Ele auditava tudo, mas o gerenciamento da Narina ainda era meu. Como disse anteriormente a ABC buscou oportunidades de investimento junto a prefeituras e como membros da diretoria tinham contatos com a prefeitura de São Bernardo, resolveram montar uma oficina de costura como negócio e aproveitar para confeccionar os produtos da Narina. A prefeitura topou a parceria e montamos a oficina no CEDESC, com maquinário da prefeitura (que levava sua participação nos lucros), mão de obra fornecida pela empresa de terceirização da holding e a tecnologia de fabricação da Narina. Apenas as joelheiras continuavam sendo costuradas dentro da empresa, como sempre.

Eles não conheciam nada do ramo de costura, mas tínhamos o Cacio. Ele foi no Brás, comprou todo o material e ainda supervisionou o corte das peças e resolvia os problemas de costura que aparecessem. Mas na hora da costura as costureiras notavam muitos problemas no corte do tecido, que eram resolvidos apenas depois de passado muito tempo. O Cacio já não tinha motivação nem vontade de fazer esse trabalho. Desde o início ele não engoliu a participação da ABC. Depois de algum tempo os gestores me comunicaram que a coisa não podia continuar assim, pois o prejuízo em tempo e material estava ficando insustentável. Eu disse que não poderia fazer muita coisa, pois não tinha mais diálogo com o Cacio. Eles então fizeram uma reunião com ele para decidir o que ele queria: ou ficava e atuava normalmente ou saía. Ele optou por sair e vendeu sua participação. A holding ficou com 83,5% da Narina e eu com 16,5%. Aí foram feitas modificações na empresa e a sede foi para o bairro de Jordanópolis, mais perto da Via Anchieta e de São Paulo. Realmente, uma logística fantástica. O 36


“Em uma reunião com a ABC Holding foi levantado que eu é que estava me metendo no financeiro, que não era minha área. Mas o gestor trocou de carro, a secretária andava com joias e seu namorado com filmadoras caras.”

gestor na época era mão fechada, não queria saber de investir em marketing e nos atletas. Eu batia de frente com ele constantemente, pois a divulgação e os patrocínios de atletas eram o coração da atuação no skate. Meu filho Douglas lembra bem dessa época, porque fazia serviços de banco para a empresa e começou a costurar e fazer pequenos serviços. Nesse meio tempo sofri um assalto, na chamada “saidinha de banco”. Havia retirado uma parte do vale dos funcionários e fui abordado na Rua Jurubatuba, Centro de São Bernardo, por dois assaltantes que levaram o dinheiro. O que era pouco ficou mais escasso. Algum tempo depois o gestor saiu e assumiu outro, um rapaz jovem, com MBA e fala macia. Aos poucos a empresa voltou ao normal e começou a vender bastante. Esse profissional trouxe uma secretária de fora, que já tinha trabalhado com ele, e ela trouxe o namorado para trabalhar também. Eu cuidava do comercial e o gestor e sua equipe, do financeiro. Aí esse “tripé” começou a desviar dinheiro, a pegar cheques. Eu percebi e alertei a holding que alguma coisa não estava correta, algo estava acontecendo. Começaram inclusive a atrasar meu pró-labore, o “salário” que o empresário recebe, mesmo com a Narina vendendo bem. O gestor falava que os clientes não tinham pago, o recebimento estava atrasado, não tinha jeito. Em uma reunião com a ABC foi levantado que eu é que estava me metendo no financeiro, que não era minha área. Mas o gestor trocou de carro, a secretária andava com joias e seu namorado com filmadoras caras. Eu tinha que assinar todos os cheques das despesas junto com o gestor e uma vez apareceram com um notebook que compraram não sei de quem e que diziam que era muito importante para a empresa. Não concordei. Disseram que a empresa precisava muito, mas eu não permiti. Já havia computadores na empresa, não se necessitava de um notebook. Eles também queriam que eu deixasse

cheques em branco já assinados, pois como estava na rua, vendendo, eles podiam usar para despesas inesperadas. Não concordei com isso também, claro. O gestor e sua equipe também faziam o preço final de cada produto a ser vendido. Eu estava apenas nas vendas e não tinha mais conhecimento dos custos operacionais, então não podia saber se estava certo ou não. Não estava. Os preços de venda não cobriam os custos. Eu comecei a ficar desanimado com toda essa situação, pois via exatamente onde aquilo tudo ia dar. No final de 2000 os três saíram de férias e o gestor me disse que estava tudo certo, as contas pagas, os boletos recebidos e a relação de cheques a serem depositados já discriminada. Beleza. Trabalhei muito no final do ano e só folguei na virada, quando não tem mais movimento no comércio. Quando entrou janeiro de 2001 e voltei para a empresa no dia 4, fui surpreendido com uma avalanche de telefonemas de fornecedores furiosos reclamando de falta de pagamento dos títulos. Argumentei que o gestor havia dito que estava tudo certo, mas não estava. O gestor e sua equipe iriam voltar no dia 15 de janeiro mas não voltaram mais. A holding acabou não indo atrás dos caras, ficou o dito pelo não dito, e os telefonemas prosseguiam cada vez mais violentos. Me agrediam verbalmente de todas as formas, me xingavam e até ameaças de morte eu recebi. As contas continuaram a atrasar, inclusive o aluguel. Fomos ameaçados de despejo pelo proprietário do prédio, que não recebia o aluguel desde novembro. No final de janeiro de 2001 tivemos que abandonar o prédio às pressas por ordem de despejo. O Douglas chamou seus amigos para ajudar na mudança repentina em troca de camisetas e alguns adesivos, devidamente abastecidos por esfihas do Habib’s. As máquinas e materiais foram alocados de qualquer jeito onde pudessem ser colocados. E a Narina quebrou. 37


ALLAN CARVALHO

Vanderley Arame, fifty-fifty.

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CAPÍTULO 9

A RECONSTRUÇÃO A RECONSTRUÇÃO

N

a época, 2001, várias outras empresas de simplesmente deitado no chão, parado, e eles ficavam em nossa área quebraram por motivos diversos, volta, sem dizer nada, apenas respeitando meu silêncio. principalmente em 2002 com a eleição do Também não conseguia dormir, cheguei a ficar três dias presidente Lula (Luiz Inácio Lula da Silva), completos sem dormir nada. que gerou uma crise financeira com o temor por alterações Muitas vezes eu acordava de madrugada e assistia radicais em seu governo e na economia. a vídeos espíritas, pois eu já frequentava o Espiritismo. Depois da mudança apressada dos despojos da Narina, Assisti a muitas palestras, especialmente de Divaldo Franco. parei de atender ao telefone da empresa, de tanta gente O pessoal me emprestava material e eu assistia a tudo, ou me cobrando e me ameaçando. Fui para casa e me isolei, ficava deitado ouvindo fitas de áudio com aquela filosofia não conseguia mais sair nem atender ao celular. Nesse positiva. Aos poucos isso foi me impregnando e mudando momento a holding me ligou em casa, pois eram os únicos minha condição. Depois de três meses eu comecei a sair de que tinham meu número fixo, e pediram explicações do casa e procurar alguma coisa para fazer. Voltei ao mercado. que acontecia. Eles passaram a intermediar o problema: Muitas pessoas me ligavam oferecendo serviço e minha falavam com os credores e me traziam documentos para família me motivou a aceitar alguma oferta. assinar. Era meu único contato com o mundo. Fiquei O Zé Carlos, da Levitas, marca de skate, longboards completamente isolado por e acessórios para skatistas, três meses. Com depressão e foi me chamar em casa. Me “Nestes momentos difíceis, vergonha das dívidas, passei levava à padaria para tomar minha mulher sempre me apoiou, a usar antidepressivos e café com ele, conversar, trabalhando e mantendo a outros medicamentos de me tirar do silêncio. Era família. Ela foi nosso suporte tarja preta. pastor da Igreja Renascer e Apesar disso tudo, sem me incentivou muito, me quando eu quebrei.” a holding a Narina teria levando para trabalhar em quebrado de uma forma que eu não sei o que seria da sua fábrica, montando skates com parafusos allen, serviço gente. Ela estaria liquidada de vez. A minha participação simples mas que não conseguia fazer direito, pois não naquilo me deu fôlego, principalmente para minha visão tinha a cabeça no lugar. Isso foi logo no início, depois do negócio. Apesar de todos os problemas, a Narina passei a atender clientes, telefonemas, ficar no escritório. quebrou, mas não quebrei sozinho. Isso me deu forças Retomei minha vida gradualmente. para ir ao mercado mais tarde e me levantar de novo, Queria recomeçar com representação, pois não superando tudo, mostrando ao mercado que com 45 anos aguentava ficar ali parado. Tinha que sair para o mundo eu tinha humildade e resistência para pedir emprego e e ter contato com as pessoas. Ele mesmo me convidou poder levantar a empresa novamente. para representar comercialmente a Levitas, mas eu não Nestes momentos difíceis, minha mulher sempre me tinha nem como me deslocar, completamente quebrado. apoiou, trabalhando e mantendo a família. Ela foi nosso Ele então ofereceu R$ 400,00 de ajuda de custo, para que suporte quando eu quebrei. Ela era muito centrada e eu pudesse começar. Devo muito a ele. Eu almoçava em organizada, não apenas no trabalho como em casa. casa e saía depois para vender, muitas vezes a pé para Minha filha, Denise, estava apavorada. Nessa época economizar gasolina. Não foi nada fácil, não. Fez parte do ela começou a apresentar dores e desconforto que processo de retomada de minha vida. Ele foi o primeiro a nenhum médico conseguia descobrir a origem, até me estender a mão. que o diagnóstico de lúpus foi concluído. Essa doença As pessoas continuaram a me ligar cobrando as dívidas, autoimune provavelmente foi disparada pelo forte abalo mas eu dizia “relaxa, vou trabalhar e vou pagar tudo”. A emocional que ela sentiu nessa época de crise, e que ainda holding saiu do negócio, pois não tinha mais dinheiro para traz consigo. Eu mesmo sentia um vazio insuportável se colocar, mas ficou com a marca Narina e negociando todas saísse de casa. Eu só consegui superar isso com apoio da as dívidas para que eu pudesse pagar aos poucos. família, incluindo minha cunhada Vera e minha sogra, Virei representante comercial. Muitas marcas me Terezinha Bassoli de Oliveira. Muitas vezes eu ficava queriam para vender seus produtos, pois eu ainda 40


HEVERTON RIBEIRO

Marco Aurelio Fonseca, o Jeff Cocon, invert no Jurassic Park. 2008.

quebra da Narina, minha mãe nunca deixou nada faltar em casa, por piores que estivessem as coisas. Minha mãe nunca foi de ficar brava, nunca a vimos nervosa. Trabalhava de manhã, de tarde e de noite e nunca reclamava. Nunca ficava de cara feia, nem descontava na gente. Nunca pudemos ter o que as outras crianças tinham na nossa idade. Não podíamos comer na cantina da escola e nossa mãe fazia nossas próprias roupas.” Danilo: “Meu pai não chorou nem quando meu avô morreu, mas chorou quando a Narina quebrou. Nunca passamos fome, mas os limites eram bem duros.” Em agosto de 2002 fui na Gobby pegar material e o Júnior da Freeday, fabricante de tênis para skate do Sul do país, estava por lá para fechar uma representação com a Gobby. Cheguei na empresa e pedi para chamarem o Rogério. Quando o informaram que o “Giba da Narina” estava lá, o Júnior ficou muito interessado em me conhecer, pois a marca Narina era fortíssima em São Paulo e no interior. Depois de feitas as apresentações, eu contei minha história. O Júnior não conseguia acreditar no que

conhecia muito bem o mercado do skate e tinha um leque de contatos enorme. Ainda tinha um automóvel Gol antigo, que não tinha precisado vender, e fui à luta. De empresário a representante comercial foi uma dura queda, mas estava certo de dar a volta por cima. Essa força interior nunca me deixou. Em pouco tempo eu representava a Levitas, mais na parte de longboard; a Gobby com trucks e lixas; a Cush com shapes; a UCR com rolamentos; DVS, tênis; as lixas do John e outros fornecedores que não conflitavam entre si. Desse modo eu podia entrar em uma loja e vender uma gama completa de produtos, de várias das principais empresas do mercado. Meus filhos menores, Denise e Danilo, foram os que mais sentiram essa época de carência. É melhor relatar seu próprio depoimento: Denise: “Era só o salário da minha mãe, que trabalhava na prefeitura, e minha avó que ajudava com a comida. Cortamos todas as despesas, ficou só o básico e a alimentação. Mesmo assim, durante a crise da 41


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“O licenciado havia criado uma marca própria paralela e fazia os produtos da Narina de qualquer jeito, deixando o melhor serviço e a tecnologia para sua própria marca.” eu falava e me disse que então eles que precisavam de um representante em São Paulo. Trocamos cartões e ele achou graça do meu cartão, pois tinha nove logotipos de representações estampadas. Parecia carro de Fórmula 1. A Freeday tinha representante em São Paulo mas não dava certo, era uma marca muito nova e ninguém queria pegar os produtos. Era um convite importante para ser representante direto da fábrica. Eu falei com o Mauro Life da DVS, pois ia deixar sua representação para trabalhar com um concorrente, e ele me disse: “legal, o que está esperando?”. Eu fiquei surpreso e disse que estava comunicando para não deixá-lo na mão. Ele me disse para não esquentar e ir logo atrás da outra empresa, não deixar a oportunidade fugir. Comecei a representar a Freeday a partir de 2002 com imenso sucesso e minha vida se transformou. Devo minha virada final a essa representação. Poderia ter pego esse dinheiro e usado comigo e minha família, mas eu tinha como ponto de honra saldar as dívidas da Narina e voltar ao mercado. Eu queria provar que eu sabia administrar. Eu quebrei, eu errei, vendi errado, não pagaram, não fiz o controle devido. Também confiei demais, sofri muito desvio de material e dinheiro. Mas aprendi a lição e ia pagar tudo o que devia. Nesse período um cara que atuava em nosso segmento me disse que a marca Narina era muito forte e que não podia ficar fora do mercado, oferecendo-se para licenciá-la e pagar os royalties correspondentes a 2% das vendas. A holding, dona da marca, topou o negócio e eu concordei. Ao menos a marca Narina não desapareceria enquanto eu estava lutando para quitar tudo. A holding ficaria com os royalties, pois a empresa ainda estava no nome dela. Eles esperavam que essas porcentagens ajudassem a acertar uma parte das dívidas da empresa. Passei todo o know-how, inclusive da fabricação das joelheiras e as cinco ou seis máquinas que tínhamos, e de proprietário virei representante comercial da Narina, ganhando comissão pelas vendas como qualquer outro. E vendia muito, porque a marca era forte e tradicional no mercado. Mesmo assim eu sofria muita pressão para vender cada vez mais. Ele me acusava de boicotar a marca, o que era uma inverdade e uma grande injustiça. Sempre tive orgulho da Narina e jamais a prejudicaria, mesmo não sendo minha. Apesar das vendas irem bem, depois

Gabriel de Matos “Zina”, nollie heel. Salvador.

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Marco Antônio, fs board.

de alguns meses notei muitas reclamações de clientes, insatisfeitos com a qualidade dos produtos. O licenciado havia criado uma marca própria paralela e fazia os produtos da Narina de qualquer jeito, deixando o melhor serviço e a tecnologia para sua própria marca. A Narina era apenas um trampolim, e totalmente descartável. Nesse momento desisti da representação, pois eu iria acabar queimando meus contatos. Havia trabalhado cerca de um ano nesse esquema. No final o cara parou com a Narina de vez, em 2004/2005, sem pagar os royalties devidos, e ficou apenas com sua marca própria. Algum tempo depois ele fechou e saiu de vez do mercado de skate. Manter uma empresa de sucesso parece fácil, mas não é. Aos poucos eu comecei a me dedicar apenas à Freeday e deixar outras representações, pois ela me tomava muito tempo mas dava um bom retorno. As outras empresas entenderam, sem problemas, e eu comecei a faturar mais e a acertar as dívidas. No começo, quando entrei, eu já deveria acertar as vendas de final de ano, mas estávamos

em agosto, não achei que ia dar tempo. A Freeday me deu uma ajuda de custo de R$ 1.000,00 para que eu pudesse dedicar mais tempo a isso. Eu saía de manhã e voltava muito tarde da noite. Em seis meses eu já tinha 34 pontos de venda do calçado. As vendas aumentaram em ritmo constante e de 200 pares vendidos no início eu acabei vendendo entre 2.000 a 4.000 pares mensais. Comecei a pagar os fornecedores aos poucos e fui acertando tudo. Fiz acordo de ações trabalhistas no valor de R$ 17 mil, no Ministério do Trabalho, tendo que ouvir os desaforos de todo mundo, e deixando 10 cheques de R$ 1.700,00 para quitação. Também tinha os impostos e taxas municipais, estaduais e federais, que foram negociados e pagos aos poucos ao longo dos anos. Ainda devo impostos federais até 2023. Com os fornecedores acertados e parte das dívidas negociadas, em 2003 voltei ao mercado com a marca “Jail”, pois a Narina ainda estava impedida de trabalhar por conta das dívidas. O projeto da Jail já estava pronto,

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com logotipo e tudo, esquecido em uma gaveta ainda do tempo da Narina, em 1999. Era hora de colocar para funcionar. Montei uma equipe e em 2004 a Jail estava plenamente atuante, com equipe de skate e vários produtos. Eu representava a Jail, com todos os produtos que a Narina costumava vender, e a Freeday com os tênis. Já tinha escritório na casa de minha mãe, no bairro de Nova Petrópolis, na Rua Manoel Joaquim Pinto, perto da sede atual da Narina. Alugava um cômodo na parte da frente da casa, que era meu escritório da Freeday, e no final de 2003 reformamos o fundo da casa e montamos uma mesa de corte para confecção com supervisão da Marcia. A costura já era toda terceirizada, só o corte era feito na empresa. O meu filho Douglas cuidava das estampas e ajudava a mãe com as camisetas. Eu já tinha os contatos nas lojas e o know-how para trabalhar os produtos. Montei uma turma do skate e a marca ficou bem conhecida, fazíamos até festas de aniversário da empresa. Ainda hoje mantenho a Jail e ainda acho que ela vai crescer bastante, mas esse foi o recomeço da Narina. A Jail funcionava sempre através de venda direta, nas lojas e pelo site. Ainda era pouca coisa para contratar algum representante, mas para manter a marca viva eu comecei a colocar adesivos com o logotipo da Narina dentro das embalagens dos seus produtos, mesmo com a marca sem atuar no mercado. Era uma forma dos consumidores não nos esquecerem. O desejo de voltar com a Narina, completa e totalmente funcional, nunca deixava meus sonhos. Esta sempre foi minha meta. Essa fase foi também muito movimentada para o skate, que conhecia um novo impulso com uma maior reestruturação e profissionalização. Em 2001 o número de praticantes de skate abaixo de 18 anos nos EUA ultrapassou o número de garotos que jogavam baseball, o principal esporte americano. As grandes competições de skate nos EUA eram transmitidas ao vivo por muitas emissoras de todo o mundo e os prêmios ficaram milionários. Em 2002 Danny Way cria a Megarrampa em um programa americano de TV e vira uma grande sensação. A Confederação Brasileira de Skate (CBSK) continuava o processo de estruturação do esporte no Brasil e criou comitês de profissionais e conselhos para todas as modalidades, em 2003. No ano seguinte estabeleceu os parâmetros de profissionalização para os skatistas. Um trabalho que gerou mais credibilidade para o esporte. Em 2004 também foi criada a International Skateboarding Federation, que representa a modalidade em todo o mundo e esteve em permanente negociação com o Comitê Olímpico Internacional para a inclusão do skate nos Jogos Olímpicos, um grande sonho de todos os admiradores deste grande esporte e que vai se concretizar em 2020 em Tóquio, no Japão.

ALLAN CARVALHO

Jailson Café.

Gabriel Zina.

“O desejo de voltar com a Narina, completa e totalmente funcional, nunca deixava meus sonhos. Esta sempre foi minha meta.”

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Gabriel Santos, pop shovit drop.

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CAPÍTULO 10

O RETORNO TRIUNFANTE O RETORNO TRIUNFANTE

E

m 2008 conseguimos recuperar o crédito por conta das quitações de dívidas, e a Narina pôde retornar. Quase tudo o que eu ganhava na Freeday eu usava para pagar os credores, manter a Jail e depois para levantar a Narina. Mantivemos então a Jail e a representação da Freeday, mas o eixo central passou a ser a Narina. Chamei o (Flávio Nascimento) Piuí e tratamos de montar um catálogo da história da Narina e criar um anúncio para divulgar seu retorno. Não tinha capital suficiente para manter duas marcas, então resolvi manter o foco principal na Narina e deixar a Jail, por enquanto, com os acessórios e complementos do skate como lixas, shapes, parafusos etc. A Narina ficava com material de proteção, confecção, rodas profissionais. Entre 2009 e 2010 crescemos muito com os skates montados, vendemos milhares. O pessoal falava “que legal, a Narina está voltando!”. O skate aparecia muito na mídia por conta das primeiras edições do evento Megarrampa em São Paulo em 2008 e 2009. Nessa época a CBSk mandou fazer uma pesquisa pelo Datafolha para saber quantos skatistas existiam no Brasil. Em 2009 havia mais de 3.800.000 skatistas no país. Minha esposa Marcia sempre trabalhou fora e não se metia na empresa. Meu filho Douglas começou a trabalhar conosco na linha de joelheiras, ainda na época da holding. Apenas com a montagem da Jail, a Marcia começou a participar à noite depois do trabalho, com o Douglas. Ainda era pouca coisa. A família teve uma participação maior depois de 2008, com a volta da Narina. Até então a Denise e o Danilo ainda trabalhavam fora, em outras empresas. Só se dedicaram mais à Narina a partir de 2010. A Marcia se aposentou em 2011 e passou a atuar o tempo todo no corte da confecção com o Douglas. A Marcia se aposentou exclusivamente para se dedicar à empresa. Ela trabalhava bastante com meu filho definindo o que fazer e como montar as novas peças. Em 2013 fizemos uma viagem ao Nordeste, em agosto, e ela começou a sentir algumas dores. Fomos para Salvador, Ilhéus, Aracaju e Natal, passeando e aproveitando também para visitar lojistas e clientes da Narina. E ela sempre com dores lombares e achando que era o nervo ciático. Mas

tomava um analgésico e prosseguia. Quando voltamos, as dores persistiram e começaram a piorar, sem que os médicos pudessem descobrir a causa. Pediram uma ressonância e ela mostrou uma hérnia muito grande na coluna e alguns pontos próximos. Recomendaram então que procurássemos um oncologista para analisar o que poderia ser e o Pet-Scan mostrou a hérnia e o que na verdade eram tumores espalhados. Já estavam presentes no pulmão e no fígado e os ossos da coluna estavam esfarelando. O diagnóstico era o pior possível. A Marcia foi com a Denise nesse dia, final de 2013, buscar os resultados. Eu, o Danilo e o Douglas estávamos no escritório quando elas chegaram com a notícia. Depois das lágrimas, levantamos a cabeça e decidimos lutar todos juntos. Foi uma profusão de consultas médicas e exames até começar a radioterapia em janeiro de 2014. Em fevereiro começaram com a quimioterapia. Nesse período mudamos a sede da empresa para o local onde estamos hoje, a um quarteirão de distância da casa de minha mãe. A Marcia já não conseguia subir escadas e por isso ela conseguiu entrar na nova sede uma única vez. Ela passava muito mal, cada vez mais, com dores terríveis e emagrecendo rapidamente nos meses seguintes. Acabou sendo internada, e no hospital davam morfina em doses cada vez maiores. Todos nós nos revezávamos no quarto, incluindo minha sogra e cunhada. Em agosto ela veio a falecer. Tivemos que unir forças e seguir em frente. Não adiantava ficar nos lamentando. A Denise pode resumir o que sentimos: “A perda de minha mãe foi dolorosa, mas aprendemos muito. Tudo foi um aprendizado e nos fez mais fortes”. Já estávamos todos trabalhando juntos na Narina, e assim prosseguimos. O importante é a força. Vamos buscar forças em qualquer lugar para continuar,

“Entre 2009 e 2010 crescemos muito com os skates montados. O pessoal falava “que legal, a Narina está voltando!”.”

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Gabriel de Matos “Zina”, bluntslide.

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CAPÍTULO 11

COMPLETANDO O CICLO COMPLETANDO O CICLO

A

Narina é um processo. Desde 2008, com tudo Paulo (capital e interior), Minas Gerais, Espírito Santo, pago, continuei investindo em anúncios e Ceará (Fortaleza). observei as vendas crescentes, o aumento da Entre 2012 e 2013, o que o mercado mais pedia eram equipe, dos atletas, do número de produtos. bonés. Fizemos alguns para experimentar e não duraram De 2014 para cá ela conquistou mercado no Brasil todo. nada, vendiam como pão quente. Temos ao menos uma loja em cada estado, pois o mercado Em 2015 lançamos uma nova linha de bonés, bem mais de skate cresceu muito e hoje podemos ir até cada cidade completa. Os lojistas pediam muito. Na volta da Narina do Brasil. Esse mercado é uma indústria muito poderosa o skate montado “bombou” e tudo corria bem, mas os hoje em dia. pedidos de bonés eram insistentes. Aí um fornecedor Nosso projeto agora é ter alguém vendendo Narina me mostrou um protótipo e em uma semana tínhamos em cada cidade do Brasil, pois toda cidade tem alguém o primeiro boné. E foi um sucesso muito grande, não vendendo material de skate. Hoje, 2016, até em aldeias paravam de chegar pedidos e a produção crescia o tempo indígenas tem pessoal andando de skate. todo. Hoje o carro-chefe é o boné. Entregamos o tecido e Atualmente (2016) a identidade da marca é defendida a estampa e o fornecedor fornece o boné pronto. pelos atletas patrocinados de ponta como Vanderley Arame A Denise montou nosso escritório e ainda organiza (pro), de Ribeirão Pires; Marco todo o espaço da Narina no Antônio (pro), de Guarulhos; dia a dia. O Douglas controla “A Denise montou nosso escritório e acompanha toda a parte de Gabriel de Matos “Zina” (amador), Itaquaquecetuba; confecção. O Danilo cuida da e organiza o espaço no dia a dia. Elias Batista (am), de Santo pesquisa e desenvolvimento, O Douglas acompanha a parte André. Na equipe “flow” com as novas linhas e de confecção. O Danilo cuida da (apoio), ajudamos em alguma estampas que devem ser pesquisa e desenvolvimento das coisa ao Maurício Teodoro introduzidas. Eu fico na parte novas linhas. Eu fico na parte (am), de Jacareí; Sandro Rafael comercial. (am) de São Mateus, São Paulo; Eu não sou um cara triste, comercial.” Alexandre Brownzinho (freeeu não tenho tristezas. Não sou style pro), São Paulo; Cid Sakamoto (ativista do skate), de de brigar, sou da paz, do bem. Não tenho ressentimento Mogi das Cruzes; Jodir Damasio (pro), de São Bernardo de nada que aconteceu. Passei uma borracha no passado do Campo, que é professor de Educação Física e dá aulas e vamos em frente. Tenho orgulho de haver quebrado em em pistas; irmãos Geleia, de Diadema, que na verdade são 2001 e voltado com a Narina. Essa garra é uma coisa que o João Victor e o Gustavo (ams), ainda muito jovens (9 e vem de dentro. Eu gosto do skate e eu acredito nele. 12 anos), mas muito bons. Temos também o Jonas Mateus Eu falo sempre para meus filhos que eles devem andar (am), de Guararema, um show de “bowlrider” com 12 de skate. Eu me sinto frustrado por não andar, mas acho anos de idade; Jair Santana (am) de Salvador; Geovanni importante conhecer o esporte, poder “remar”, conhecer dos Santos (am), de Aracaju; Ilzeli Confessor (old school), manobras, terrenos e modalidades. A Narina hoje é uma de Natal; Edmar Sorriso (am), de Jacareí, mas radicado potência muito maior do que era no seu auge anterior, em Dallas, EUA. Os profissionais ganham salário e alguns em 1995. Está mais estruturada, controlada, e ampliando assinam pro models - equipamentos personalizados com o cada vez mais seus horizontes. seu nome e muito disputados pelos consumidores. Hoje a família controla a empresa e a leva cada vez Temos representantes hoje em Santa Catarina, Paraná mais à frente. Não tenho preocupações para o futuro, pois (Curitiba), Rio Grande do Sul (Porto Alegre), Bahia sei que ela estará sempre em boas mãos. (Salvador), Sergipe (Aracaju), Pernambuco (Recife), São

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CAPÍTULO 12

OS PRÓXIMOS 30 ANOS OS PRÓXIMOS 30 ANOS

A

s pessoas veem a marca Narina o tempo todo, alguns desde o início na década de 1980, e não têm ideia de tudo o que aconteceu com sua história. Para os consumidores e a maioria dos lojistas, a marca sumiu um tempo, mas voltou. Só isso. Espero que essa história sirva como memória de tudo o que aconteceu com essa empresa até hoje e que possa servir de inspiração não apenas para o pessoal de skate, como também para qualquer pessoa que tenha seus próprios grandes problemas na vida. Tropeçar e cair nunca é tão importante quanto se levantar. Para os próximos 30 anos, tenho um conselho para quem quiser entrar nesse mercado: hoje, se o cara não tiver nome conhecido no meio, não for skatista, não vai conseguir entrar tão facilmente. Tem que fazer parte do segmento e ter dedicação e foco nisso. Tem que conhecer também a parte financeira e administrativa tão bem quanto a parte técnica. E ainda vai ter muito dinheiro circulando no mercado do skate. A coisa vai andar muito bem, pois estamos sempre inovando e nos reinventando, sem perdermos a essência. A Narina já anda sem mim. O skate cresce cada vez mais, com pistas pipocando em todos os lugares. Recentemente fiz uma viagem pelo litoral do Sul do país e tem muitas pistas surgindo. Incrível. O skate ainda vai crescer muito ainda mais agora como esporte olímpico. Tem muitos skatistas que criaram empresas especializadas em construção de pistas, como o Fabrício “Fuska”, Daniel Arnoni, (José Acácio) Cacio, (Sergio) Negão, George Rotatori (arquiteto que fez as montagens da Megarrampa no Brasil) são apenas alguns exemplos. Cada vez mais estão fazendo skate parks maiores e melhores. Hoje temos skatistas que se tornaram jornalistas, professores, profissionais das mais diferentes áreas. As gerações estão crescendo no skate. É infinito. A proliferação das pistas espalha-se por todo o país. Em São Paulo elas crescem o tempo todo em Santo Amaro, no Palácio das Indústrias, na Lapa, Bom Retiro, Mooca, Chácara do Jockey. Estão reformando todas em São Bernardo do

“O skate ainda vai crescer muito ainda mais agora como esporte olímpico.” Campo. Agora tem pistas também em chácaras e sítios, onde passam o fim de semana com churrasco e skate. O Sandro Dias, o “Mineirinho”, nascido em Santo André e hexacampeão mundial pela World Cup Skateboarding, tricampeão europeu e medalha de ouro dos X Games de Los Angeles, inaugurou um dos maiores centros de esportes radicais do Brasil, o Sandro Dias Camp, um acampamento para jovens na cidade de Vargem (SP), próximo da capital. Exemplo da proporção que o skate está tomando no Brasil. Estou vendo meus filhos andando de skate e se empenhando na empresa. Eles vestiram a camisa e isso é tudo para mim. A Narina está garantida pelos próximos 30 anos e muito mais. Nas palavras deles: Douglas - “Quando a Narina quebrou, meu pai fez questão de pagar tudo. Nós achávamos que não precisava, tínhamos outra visão. Mas ele nunca abriu mão disso e sempre teve como ponto de honra a volta por cima, e isso nos ensinou muito. A volta por cima do meu pai foi a coisa mais legal que aconteceu na Narina em seus 30 anos. Pelo que vejo, o skate continua em alta e crescendo. E nós com ele.” Denise - “Estamos tentando criar uma identidade com os atletas junto com a marca, pensando no futuro. Investimos mais em anúncios para a Narina aparecer cada vez mais e, quando acabar essa crise e o mercado estourar, estaremos lá. É muito gratificante quando o skatista fala com orgulho que usa Narina. A nossa Narina.” Danilo - “A tendência é o skate não parar, tem pistas surgindo em todos os lugares, muitos projetos sociais usando o skate. E trabalhar em família é a melhor coisa do mundo. Em todo lugar em que vamos somos reconhecidos como ‘da Narina’. A Narina é um projeto para a vida toda.” E para você, que leu essa história, espero que tenha sempre em mente que não existe desistência. Tem que persistir e se levantar. Agora e nos próximos 30 anos.

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JULIO DETEFON

Isabelle Menezes, bs feeble. Street League SP/2019.

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ALLAN CARVALHO

Do baú: Carta convite para o skatista Jorge Myiake participar da última etapa do Circuito UBS 89, enviada pela Narina, com assinatura do Steve Lima.

Vanderley Arame, 360 flip to fakie.

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CACIO NARINA CACIO NARINA

Antes de mais nada, a autenticidade de uma marca de skate se faz pela necessidade do skatista. E foi por precisar garantir seus rolês com maior tranquilidade que José Acácio de Oliveira, o Cacio Narina, reformou sua primeira joelheira lá por volta de 1983. Seus colegas de session, ao lhe verem de equipamento “novo”, acabaram pedindo que ele fizesse o mesmo com suas joelheiras usadas. Daí para a confecção de suas primeiras peças, com pesquisa de material, ajustes e costuras, foi um pulo. Antes mesmo de se associar ao seu cunhado Gilberto, em 86, Cacio já atendia as necessidades dos skatistas mais próximos com seus produtos. Cria de uma cena efervescente do ABC Paulista, das rampas de madeira e várias gangues espalhadas pelos bairros de São Bernardo do Campo, Cacio foi conquistando respeito com um skate consistente, aéreos, manobras de borda, inverts, ollies e linhas criativas. Das rampas improvisadas para as primeiras pistas de concreto, como a Wave Cat e depois a pública do Paço Municipal, cresceu na cultura do skate atuando nos dois lados, como skatista e como um incipiente empresário. Sempre com a “mão na massa”, entre os altos e baixos da Narina, Cacio foi descobrindo outros talentos e atualmente divide-se entre a construção de pistas e sua nova marca, a Naras. Depois de ler sobre os 30 anos da Narina do ponto de vista do seu cunhado Gilberto, temos agora a oportunidade de saber um pouco mais da história pelas lembranças do Cacio. São ideias complementares, assim como os depoimentos de tantos personagens que testemunharam, vibraram e sofreram com o vai e vem desta autêntica marca do skate nacional. por Cesar Gyrão / fotos Eduardo Braz

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me falava: “Cara monta uma empresa de equipamentos, você sabe fazer, os produtos são bons. Sai desse trampo.” E assim foi. Saí do trabalho e com meu know-how, aí começou a Narina. Com muita dificuldade.

stamos registrando os 30 anos da Narina desde o seu encontro com o Gilberto, quando a marca ganhou contornos mais profissionais, mas você já produzia peças alguns anos antes. Quando foi que você percebeu que estava criando uma marca? Em 1983, com a falta de material nacional, meus equipamentos de segurança já estavam se acabando e tive a ideia de reformar minhas Rector. Meu amigo Steve trabalhava em um fábrica de bolsas e acessórios e lá tinha nylon semelhante ao das joelheiras Rector. Fomos para São Paulo e compramos todo material necessário para a reforma. Na pista de SBC, quando a galera viu, pensou que eram peças gringas! Aí começaram a pedir que eu reformasse seus equipamentos. Foi então que eu e o Steve montamos a N&S (Narina & Steve). Aí percebemos que criamos uma marca de skate. Ficamos uns dois anos e pouco confeccionando os equipamentos.

Nesse período você circulava o Brasil andando de skate, competindo em eventos como o Brasileiro de Guaratinguetá. Chegou a correr como semi-profissional ou foi direto de amador para pro? Quando? Desde 83, quando corri meu primeiro champ em São Bernardo, sempre viajávamos, na medida do possível, para correr os campeonatos. Guará era o melhor evento do Brasil. Em 90 passei para profissional direto, porque na época ou você era amador ou pro. Além da produção, você direcionava uma parte do marketing, inclusive na composição das equipes e nos desenhos gráficos e publicidade? Toda parte de criação da Narina, estilo de roupas, equipamentos, desenhos gráficos e publicidade era minha responsabilidade. Eu sempre busquei informação no mercado de skate nacional e gringo para desenvolver as coleções. Qualquer peça de roupa que saía eu desenhava, criava a modelagem, fazia peças piloto e corte. As estampas, eu direcionava com vários desenhistas até sair com a identidade da marca.

Quando a Narina começou na casa da sua tia, você entrou com o know-how de como fabricar os produtos, mas também com uma parte da matéria prima, com o dinheiro do seu trabalho na Volkswagen. Como foi esse início? Em 85 fui trabalhar na Volkswagen para ganhar uma grana fora do skate, mas não era minha praia. Nessa época o (Jorge) Kuge já fabricava a Urgh há tempos e ele sempre 58


Bs transfer. 59


Num dos anúncios da série Animal de rodas, você aparecia ao lado do Dalton Pig e do Glauco. Quais as campanhas e produtos mais significativos da Narina no seu entendimento? O produto de maior repercussão da Narina, sem dúvida, foram as rodas Animal e TNT. A qualidade das rodas na época estava entre as melhores, chegando em nível bem aproximado das gringas.

Hoje em dia você está trabalhando como um doido na construção de pistas. Algumas delas têm atraído a atenção dos amantes do bowlriding, que é mais a sua praia, mas você também fez a reforma do half pipe de SBC e algumas “plazas”. Como surgiu esse seu lado construtor? Em 81, com o fechamento da Wave Cat, a melhor pista pra mim, veio o Polídromo, o skatepark de São Bernardo do Campo (a pista velha), o errado que deu certo. Eu, o Steve e o Joe resolvemos construir nossa própria pista, um half de madeira na casa do Steve. Ele mesmo já havia construído sozinho uma pista antes disso. O projeto foi de um amigo nosso, o Lumbra, e nós colocamos a mão na massa. Cortamos, parafusamos, pregamos, pintamos e o flat fizemos de cimento queimado. Tudo isso com o apoio total do senhor Olivio e dona Carmen (pais do Steve). Segui os anos construindo algumas rampas, caixotes etc. Em 89 construí a área de street de uma das etapas do Circuito Brasileiro da UBS (União Brasileira de Skate) em Pirassununga. Eu e o Steve ficamos um mês lá pra fabricar tudo. Depois essa área foi usada em outra etapa em São Paulo, no Pacaembu. Em 90 fiz a mini ramp para um champ no Clube Banespa. Quando saí da Narina trabalhei com o George Rotatori, que pra mim é um dos melhores construtores de pista de skate no Brasil. Aprendi muito com ele. Desde 2008 comecei a carreira solo nas construções de picos de skate. Como você disse, gosto muito de bowls. Tem algumas pistas aí que fiz desde essa época. O half pipe de SBC com material à prova d’água, obras em madeira, concreto e ferro, mini ramp, street, plaza. Mista de bowls e street… Construo, faços os projetos e assessoria técnica.

Os altos e baixos do mercado afetaram a marca e alguns momentos foram pesados. Como eram divididas as funções? Quais foram os episódios mais marcantes e os mais difíceis? As funções sempre foram divididas comigo na parte de criação, produção e publicidade e o Gilberto na administração. Na época do maldito presidente Collor sofremos muito, porque a estrutura da empresa estava começando a se firmar com apenas quatro anos de mercado e o baque do seu primeiro plano econômico foi grande. Até começar a nos levantarmos de novo, demorou muito, como para todos no Brasil. Quem mais sofreu foram os pequenos, como sempre. Um dos motivos deste livro é justamente apaziguar partes atingidas pelos maus momentos, foi o que eu senti ao ler os relatos, os depoimentos (de tantas pessoas diferentes!) e mostrar uma história de superação. Como foi deixar a Narina em 2000, quando ela estava nas “mãos” da holding ABC? Bom essa parte foi a pior, pois eu estava deixando de lado um sonho. A empresa estava passando por dificuldade financeira e tivemos que abrir a sociedade para um grupo empresarial, uma holding. Essa holding veio através do Gilberto e foi a pior coisa que poderia acontecer. Abrimos a sociedade com uma promessa de melhora, mas foi o contrário. Mostraram uma determinada proposta e agiram de outra forma, querendo mudar até a identidade da marca, torná-la popular (só pensavam no retorno do que tinham investido sem prever o que poderia acontecer com a marca, a descaracterizando). E começaram e me colocar de lado nas decisões em tudo, praticamente. Por terem a maioria das ações da marca eu fiquei sem ação. E quem eu esperava estar do meu lado, não estava. Pra ser um empregado qualquer de uma marca que criei em 83, resolvi sair fora.

Duas situações que eu participei com você como skatista, em épocas bem distantes: em 1987, no Brasileiro de Guaratinguetá, temos uma participação no vídeo “Skate Esporte Emoção”, depois, em 2008, se não me engano, você correu conosco o “Swell Old School”, em Viamão, no Rio Grande do Sul e foi o campeão em nossa faixa de idade. Por que você não está sempre nos eventos old school? Guará sempre foi muito bom. Em 2008 e 2009 corri bastante eventos como o da Swell. Me dei bem em todos. Era muito bom. Diz o Ed Scander que fui até campeão brasileiro legend de bowl (risos)! O trabalho tomou muito o meu tempo e coisas do dia a dia me fizeram distanciar das competições. Fiquei mais na diversão. Mas esse ano voltarei a competir. Quer dizer, fazer parte da festa, porque hoje em dia é mais festa, porque a competição é você com você mesmo. Depois dos 50 é superar seus próprios limites.

Passados tantos anos, como você vê a marca sendo recuperada pelo Gilberto e seus filhos? Eu espero que façam um bom trabalho e continuem com a mesma qualidade e identidade que criei no início. Foi com isso que a marca se firmou no mercado, pois é o meu nome (apelido) que batiza a marca Narina.

Faz vários anos que você faz parte do time de

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Fs smith.

O legado é uma marca nacional com nome autêntico que foi o que sempre desejei e ainda mantenho essa ideia: dar valor ao que é nosso sem ficar babando ovo de tudo para os gringos. Nós também temos o nosso valor, como eles têm, de ter a identidade do skate, de ter equipe de skatistas e não de atletas. Antes de qualquer coisa, sou e sempre fui skatista de alma. Como o meu amigo Daniel da Kemp fala, eu não me importava com a colocação em campeonatos, o importante era a amizade entre meus amigos skatistas que se identificavam com a marca. Isso sempre deu prazer pra mim e a quem fez parte da equipe. Levamos o nome no peito com orgulho e respeito. São tantos e tantos nomes que só tenho a agradecer a vocês que fizeram parte dessa história. De verdade, obrigado! Espero que a Narina de hoje em dia continue fazendo isso, com amor ao skate acima de tudo. “Que Deus os ilumine, deixando de lado toda a mágoa ocorrida no passado.” Eu escolhi outro caminho para minha vida e estou feliz, realizado, mas sem esquecer que comecei e fiz a história da Narina Skateboard Brasil.

responsáveis pelo skate park público de São Bernardo. Como é ser funcionário da prefeitura e ao mesmo tempo ter uma foto clássica sua na parede do parque? Em 2007 me tornei funcionário público. Todos que trabalham lá são gente envolvida com esportes radicais, sendo skate, bike, patins e escalada. Fazer parte dessa galera é muito bom, pois aprendemos a lidar com diferenças das modalidades que muitos ainda discriminam. Agora o mais difícil é você ver o quanto é fácil fazer coisas boas para esses esportes e não conseguir nada porque infelizmente os gestores públicos não se importam e não têm vontade política para isso. Mas não vamos desistir nunca, seja quem for, qual a sigla (partido) for; estaremos lá batalhando para o melhor. A foto eu vejo como reconhecimento pelo que eu e muitos e muitos fizemos e continuamos a fazer pelo skate. Falta espaço pra colocar muitas fotos ainda. A caminhada não é feita sozinha; tem muita gente junto nessa. Para finalizar, o que você diria que é o maior legado da Narina para o skate brasileiro? 61


DEPOIMENTOS DEPOIMENTOS

A NARINA SEGUNDO TESTEMUNHAS Quantos personagens passaram pela história da Narina? Parceiros, amigos, funcionários, admiradores, skatistas do time em épocas diferentes, representantes da mídia, desde 1986 são testemunhas do que foi retratado até aqui. Os depoimentos a seguir, corroboram o que foi escrito e acrescentam temperos que nem mesmo o Gilberto ou o Cacio imaginavam no início. Vale a pena ler um por um, para entender definitivamente a importância da marca para a história do skate brasileiro, com tantas vivências diferentes envolvidas. Este documentário foi escrito para os 30 anos em 2016, mas as idades e tempo de skate dos depoentes foram atualizadas para meados de 2019.

André de Luca Bergamini “Peixe”, 48 anos, 36 de skate, Atibaia/SP 1986, época boa, eu estava com 15 anos de idade e já andava de skate há uns três. Em 85 comecei a andar com um board mais largo, porém era uma época onde não se encontravam peças de skate em qualquer lugar, como nos dias de hoje - era rara uma loja que vendia algo. Lembro-me bem da Narina entrando no mercado. Campon foi dominada pela marca durante anos, todo mundo ali usava algo da Narina. Eu mesmo usei rodas, roupas, equipamentos de proteção. Vivenciei a marca nesses 30 anos e posso dizer que é uma das poucas que fizeram muito pelo skate e pelos skatistas, superou crises, passou por desmembramento de sócios, caiu e subiu por algumas vezes no mercado, mas esteve sempre lá fortalecendo o skate brasileiro, sempre procurando trabalhar com produtos de qualidade. Formou muitos skatistas de ponta; ajudou muita gente que não era destaque também. Recentemente, em 2013/2014, tive o prazer de formar uma parceria com o Giba e a marca, momento que me ajudou muito e só tenho a agradecer à força! Uma das poucas marcas brasileiras das quais temos que nos orgulhar pelo skate que temos hoje em dia! Parabéns Narina pelos 30 anos de skate na veia! Yeahhhh!

Marcio Natividade, 53 anos, 42 de skate, DHS Sports, São Paulo/SP Falar de uma marca que tem na sua essência o skate e está há mais de 30 anos no mercado, se reinventando a cada ano, não é tarefa fácil. Resumo da seguinte forma: muita dedicação e trabalho sério para segurar essa responsa! Por volta de 1988 (nossa, quanto tempo!) as minhas sessões no Pico do Jaraguá já eram com produtos Narina - joelheiras e wrist guards. Era ela que segurava o tranco na época com os equipamentos de proteção. Hoje, a cada coleção a Narina oferece uma gama de produtos para o consumidor, fortalecendo ainda mais o mercado nacional! Parabéns Giba! E mais 30 anos...

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Paulo Davi, 51 anos, 41 de skate, Gold Coast, São Caetano do Sul/SP Bem, falar da marca Narina é remeter a memória aos anos 80 e 90. Inicialmente a marca surge levando o nome de seu criador, o Cacio, vulgo Narina. Skater vertical de São Bernardo do Campo, um dos maiores redutos do skateboard nacional. Como toda marca nestas décadas, cito a própria Narina, Urgh, Lifestyle, Rude Boy, Maha, Drop Dead e outras, surgiram cada uma delas suprindo a necessidade dos skatistas e adeptos da cultura de rua a terem produtos para prática do skateboarding e/ou que levassem sua mensagem de liberdade e radicalidade. Em específico, a Narina surge inicialmente da necessidade de suprir skatistas com equipamentos de segurança, já que comprar as famosas Rector Pads era uma missão quase impossível. Lembro que o Cacio, na fundação da marca, começa de forma quase artesanal, como boa parte das outras marcas que já citei. Mas algo de diferente desde o início fez com que a marca já tomasse o caminho do reconhecimento. Acredito eu que dois fatores foram primordiais: O primeiro, “ter um fundador skatista”, jovem, no auge de sua performance como vert skater, cheio de ideias. Este, sabendo que a magia do skate em nosso país só iria propagar se os ativistas, neste caso os próprios skaters, tomassem a frente construindo uma indústria nacional com estrutura, visando o progresso da disciplina e pensando no futuro, mas com raízes fortes e verdadeiras e que só os próprios skaters defenderiam com unhas e dentes tais ideais. Foi o que o Cacio fez. Segundo, “a qualidade”. Sabendo que para ter performance é necessário um equipamento de alto nível é fundamental, a Narina desde o início primou em ter produtos que correspondessem aos skatistas mais exigentes. Tal qualidade mais tarde, se estenderia a todos as outras linhas de produtos da marca. Como todas as marcas que surgiram repentinamente pelo ímpeto de skaters visionários, mas ainda amadores em gestão empresarial, ainda mais deparando com um mercado em crescimento vertiginoso, com uma demanda reprimida, fez com que seu proprietário, neste caso o Cacio, sofresse principalmente com a parte administrativa e burocrática na gestão de sua empresa. Foi aí que me lembro da entrada do Gilberto na Narina. Na época o cunhado do fundador, também conhecido como Giba, teve a incumbência de transformar um sonho de um skatista numa realidade! Com a união do Cacio e do Gilberto a Narina toma corpo e se constitui numa verdadeira companhia do skateboard. Na época cada

marca criada por skatistas inspirava uma à outra, havia uma competição sadia, e que foi, em minha opinião, responsável pela estrutura que o skate brasileiro carrega até hoje. Foi nesta época, por exemplo, que houve o reconhecimento da Narina da importância em ver que o mercado nacional não se restringia só ao eixo Sul e Sudeste. A marca foi uma das precursoras em ter membros da equipe de origem nordestina! Sim o skateboard do Norte e Nordeste deve muito à marca, pois foi uma das primeiras a ter a visão do skate como uma modalidade nacional e não de duas ou três regiões. A ação da Narina, fez com que outras marcas tomassem o mesmo caminho, fazendo com que skatistas e eventos das mais variadas regiões em nosso país passassem a ter reconhecimento. Ainda falando da competitividade sadia, a procura de ter o melhor produto, os melhores anúncios, a melhor equipe etc, foi o impulsionador para que a indústria brasileira do skateboard se tornasse o que é hoje! Entre o final dos anos 80 e início dos anos 90 surgiram as marcas que forjaram a identidade da indústria e do estilo do skateboard nacional, isto foi gerado através da cultura make by yourself (faça você mesmo). Sem contar com a tecnologia que já havia na América, o mercado nacional começa a criar a própria indústria e mercado. Me lembro bem que produtos como joelheiras, cotoveleiras, wrist guards e rodas da Narina eram definitivamente produtos top de mercado. Tudo através de tecnologia, pesquisa e ferramental criados e desenvolvidos pelo próprio Cacio. Me recordo da busca incansável destes novos empresários, até cito a minha pessoa, já que na época era um dos sócios na Rude Boy, de me encontrar com o Gilberto em várias palestras, cursos, enfim tudo que pudesse nos auxiliar a levar o sonho da cultura e indústria do skateboard adiante. A Narina sem dúvida ajudou a forjar o skateboard nacional, sempre primando pela qualidade e continuidade da nossa cultura. Uma marca que sempre viu a importância em ter uma equipe de skatistas de primeiro nível, skaters como o seu próprio fundador, Cacio Narina, Nilton Neves, Dalton Pig, Nenê, Vanderley Arame e muitos outros deixaram marcas na história. Afinal o que é uma modalidade sem ídolos? Nada! E a Narina contribuiu com a criação de vários ídolos do skate brasileiro. Para não me alongar muito e o que comprova tudo que mencionei, é ter a marca atuante até hoje no mercado, sempre zelando pelos seus princípios desde sua criação. Parabéns Gilberto e família por estarem conduzindo a marca até hoje; parabéns Cacio, por ser visionário e fundar umas das mais longínquas marcas do skate em nosso país. O legado da Narina, jamais será esquecido por aqueles que realmente conhecem a história do skateboard brasileiro. 63


Lemuel “Dinho” Ribeiro Gonçalves, 54 anos, 44 de skate, Santos/SP Meu nome é Lemuel Ribeiro Gonçalves, tenho 51 anos e sou natural de Campos do Jordão, SP. Aos 4 anos de idade minha família mudou-se para São Vicente, litoral paulista. Cresci na rua com toda liberdade que as crianças de hoje não têm mais: jogava bola, taco, rouba bandeira, brincava de carrinho de rolimã e aos 7 anos já tinha uma habilidade acima da média. Meu irmão já era esportista e me deu um skate pequeno de fibra e rodas transparentes. Conheci o surf dos 8 para os 9 anos, andava de skate nas calçadas e rampas de carros quando não tinha ondas. Fiz surf e esportes variados até os 17 anos, quando conheci o Fred (Hillweg) e o (Luciano) Kid na praça onde tinha as rampas de madeira que fazíamos para andar. Nessa época minha vida iria mudar com a chegada da rampa da Twin para a praia do Itararé. Em seis meses de treino, com meus amigos indo em vários points como Cubatão, São Bernardo e várias pistas até mesmo em minha garagem em casa, eu ficaria em segundo lugar no campeonato amador na mesma rampa da Twin em nível nacional. Então a equipe H.Prol, que já tinha Kid e Fred, decidiu me agregar a ela. Henrique Prol era um empresário que tinha andado de skate e amava o esporte de verdade. O sonho de fazer o que a Powell Peralta fazia nos EUA era real. Com o tempo e a construção do Velô Skate Park e toda história que vocês conhecem, nós nos tornaríamos uma das melhores e pioneiras equipes de skate do Brasil. Então vieram as parcerias. Como a H.Prol vendia skates, nós precisávamos de equipamentos de proteção. Aí entra nossa querida Narina, que aliás, por sinal, na minha carreira inteira foi o segundo melhor patrocínio. Os mesmos ideais e sonhos da nossa equipe estavam se agregando aos ideais de Gilberto e Cacio, os donos da Narina Equipamentos. A amizade e a utopia de um skateboard melhor no nosso país era real, a luta por um equipamento bom, mas que também tivesse o equilíbrio financeiro necessário para crescer, custavam a mais para quem amava o skate de verdade. A Narina e a H.Prol foram pra mim exemplos de empresas precursoras no crescimento do skate no país. Deixo aqui minhas declarações verdadeiras e sinceras, o respeito e agradecimento a essas duas empresas que foram, são e sempre vão ser umas das responsáveis pelo que o skate do nosso país é hoje.

Robledo Silva “Velho Joe”, 49 anos, 34 de skate, guia turístico na Chapada dos Veadeiros/GO Narina, quando as rodas no meu skate já me colocavam em lugares mágicos, trinta anos depois ainda estou no paraíso com você.

Fábio Franja, 42 anos, 32 de skate, Shore, Mogi das Cruzes/SP Tenho 40 anos e sou gerente de vendas do grupo Boardxtreme, skatista desde os 9 anos de idade e logo uma das primeiras marcas nacionais que me chamou atenção foi a Narina. Hoje poder fazer parte dessa história trabalhando com a marca no meu grupo é uma honra. Marca que me enchia os olhos de ver nas revistas dos anos 80, Skatin, Overall, Yeah! Giba, parabéns por você manter essa chama acesa. Você faz um ótimo trabalho, apoia a quase todos sempre que pode em prol do skate. Você é um cara do bem, faz bem hoje à frente dessa grande marca nacional, a Narina. Tamujunto. Parabéns da Boardxtreme e família Costa. 64


ARQUIVO PESSOAL

Paulo Roberto da Cruz “Hoho”, 56 anos, 43 de skate, Hoho Skates, Campo Grande, Rio/RJ Uma das mais antigas marcas de skate, a Narina atravessou décadas mantendo sua linha. Fizemos parte dessa evolução. Produzir em um período em que só os materiais gringos eram respeitados, era mais que um desafio. Era convicção. O que eu mais gostava era estar em lugares distantes da cidade de São Paulo e alguém perguntava “É Narina?”. Satisfeito em fazer parte dessa história, de um período em que só empresário skatista investia de verdade. Hoje a marca é reconhecida dentro e fora do Brasil, resultado de muito trabalho. Parabéns, Narina. Somos todos skateboard.

Rogerio Grothe de Castro, 44 anos, 30 de skate, DJ, São Paulo/SP Comecei a andar de skate na cidade litorânea de Peruíbe, sendo um dos primeiros skatistas do local da época, mais ou menos 1984. Recordo-me que sempre acompanhava as revistas de um período anterior: Brasil Skate, Overall, Yeah até a Tribo Skate no início dos anos 90. Sempre via as marcas que chamavam a atenção, mas uma em especial, foi a que cresci no skate e que nunca vou poder esquecer, a Narina. Pelo fato de não ter seus produtos na cidade onde residia quando pequeno, eu pegava seus logotipos nas revistas de skate, recortava-os e os colocava no shape com papel contact para dizer que meu skate era da marca. Quando peguei minhas primeiras rodinhas Narina Animal já todas gastas porque ganhei de um amigo de São Paulo, aquilo para mim foi como se eu estivesse descobrindo o mundo. Comecei a perceber que essa marca iria fazer parte da história do skate, pois já começara a mudar a minha história. Daí em diante fui vendo pessoas usando produtos da marca, ia nos eventos na Baixada e alguns em São Paulo, às vezes correndo campeonatos e às vezes para assistir, e sempre via o apoio aos eventos ou os moleques usando seus produtos. Lembro que a primeira vez que estive nas pistas de São Bernardo e São Caetano vi alguns profissionais da época andando muito e vários deles usando a marca Narina. Assim a marca foi crescendo e fazendo diferença no skate brasileiro e principalmente para mim que sempre a curti. Hoje posso dizer com toda convicção e alegria que a marca ainda continua firme e forte, passando por todas as crises do mercado, mas sem perder a identidade, permanecendo inabalável. Moro em São Paulo desde 2005 e me sinto totalmente realizado por fazer parte dessa história onde estou podendo dar continuidade no trabalho com uma das maiores marcas do skate brasileiro. Obrigado Narina por escrever a história do skate brasileiro.

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Lusivanio da Silva “Geleia” Santos, 48 anos, São Bernardo do Campo/SP São 30 anos de Narina, sendo que há oito vocês estão com a gente. São 30 anos de muito skateboard e Campon. Foi essa marca que nasceu no berço do skate e que nos acompanha até os dias de hoje. Eu e meus moleques só temos a agradecer pelo que veio e pelo que está por vir! Valeu, Narina, por tudo!

Paulo Henrique de Lima Costa, 49 anos, 35 de skate, veteranskater.com.br, Natal/RN A marca Narina, como todos que viveram o skate brasileiro dos anos 1980 pra cá sabem, teve uma grande importância para a estruturação e autoafirmação do skate nacional com seus produtos de alta qualidade, sejam vestimentas, equipamentos de proteção ou peças de skate. É uma marca originalmente brasileira, porém o nome Narina, pra mim, representa também respeito e desenvolvimento do skate nordestino. De forma visionária e corajosa a marca investiu agressivamente em uma equipe no Nordeste, com membros em todos os estados e com um excelente suporte! Tive o privilégio de ver isso de perto através dos amigos de sessão que eram da equipe, o que me estimulava a evoluir para conseguir o que meus amigos tinham com a Narina e creio que, como eu, vários pensavam da mesma forma. Então a ação dela ia muito além dos seus patrocinados. Aquilo tinha uma proporção exponencial. Com a importância que a marca tinha, a saída temporária de cena da Narina (assim como outras marcas originais brasileiras) foi como se uma parte da história do skate nacional tivesse morrido também. Já imaginou se a Santa Cruz, Independent ou Vans sumissem? Pois bem, aquelas marcas dos 80 tinham a mesma importância para o nosso skate e a Narina era uma das principais. O retorno dela é muito importante pra memória do skate brasileiro e um orgulho pra nós tê-la no presente fazendo parte do mercado e da nossa cultura. Desejo todo sucesso e agradeço por tudo que fez e ainda fará pelo skate brasileiro e nordestino.

Cesar Bragança Gyrão, 57 anos, 44 de skate, Tribo Skate, São Paulo/SP Temos muito com o que nos orgulhar quando uma marca como a Narina completa 30 anos de existência. Quanta história vivida e construída ao longo de três décadas! Quando Gilberto e seu cunhado José Acácio colocaram seus primeiros produtos no mercado, beneficiavam aqueles que queriam andar de skate como o (Cacio) Narina já fazia com dedicação e amor pelo carrinho. A marca tomou forma e ganhou espaço pelo seu real envolvimento com as causas do skate nacional, conquistando respeito com o envolvimento de tantos skatistas que marcaram suas épocas e continuam sendo referência para muito além de São Bernardo do Campo, a origem de tudo. Foram tantos nomes e produtos legais que é difícil enumerar. Mas alguns vão saltando da memória sem precisarmos abrir a coleção de revistas para lembrar: Nilton Neves, Glauco Veloso, Adelmo Junior, Sergio Garb, Dalton Pig, Henrique Banana, Flavio Piuí entre tantos outros. A Narina esteve por trás de muitas ações do skate brasileiro, promovendo eventos, apoiando artistas e músicos, revelando talentos, participando das iniciativas de organização do esporte e tanta coisa que merece todo o respeito por sua história e por estar se reinventando sempre, seguindo a sina de ser uma verdadeira marca de skate, com influência real sobre os destinos de nossa cultura. Parabéns, Gilberto e família. Muito antes de a Tribo Skate existir, nós acompanhávamos a Narina em nossa época de revista Overall. Mas, isso é outra novela! 66


Sandro Soares “Testinha”, 41 anos, 28 de skate, Social Skate, Poá/SP Sou o Sandro Soares “Testinha”, tenho 41 anos e ando de skate há 28 e acompanho o skate há mais de 30 anos. Lembro-me de quando bem pequenino somente via alguns caras andando de skate no bairro em que morava (isso em 88/89). Logo depois comecei a comprar antigas revistas de skate da época e assim vi os primeiros anúncios da Narina. Achei iradas tanto as roupas quanto as rodas Narina Animal, um sonho de consumo que nunca pude ter. Em 92/93 consegui meu primeiro skate, comecei a andar direto e a desbravar a cidade de São Paulo e suas pistas de skate conhecendo várias cenas. Lembrome uma vez na época das roupas muito, mas muito grandes, que consegui dinheiro para comprar uma camiseta em uma skateshop, não tinha uma marca preferida mas por coincidência ou não acabei levando uma da Narina, branca com uma estampa do logo nas costas. A usei durante muito tempo e logo após essa época conheci um skater recém profissionalizado e muito técnico, o Giancarlo Naccarato, que tinha patrocínio da Narina. A partir daí me inteirei mais sobre a marca que não apoiava somente o skate e sim toda cultura urbana usando em suas camisetas a arte do grafitti e apoiando grupos como os rappers Doctor Mcs. Enfim, a Narina foi uma das poucas marcas que ajudaram a manter o skate vivo nos tenebrosos anos 90 e sua economia incerta. Tenho muito respeito pelas marcas que mantiveram a chama acesa nesse período, pois sem elas o skate brasileiro não estaria onde está hoje. Parabéns Narina e Gilberto por tudo que fizeram pelo skate nacional.

Wanderley Duarte Rodrigues “Bolão”, 51 anos, 37 de skate, Big Ball Projeto Social, São Paulo/SP A Família Narina e eu, Wanderley Duarte Bolão, fazemos parte da história do skate brasileiro com a formação e também como nomes de referência dos nos 80! Dessa época até hoje vimos um skateboarding de evolução no Brasil e no mundo, possibilitando os novos níveis técnicos e novas categorias. Uma delas que hoje chama muita atenção e tive a chance de ver de perto: a Megarrampa no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Ali vi que o skate chegou no maior patamar seletivo e reconhecido no mundo dos esportes em geral. Hoje o Brasil gera vários campeões mundiais em todas as modalidades do skate. Eu como ex-skater profissional uso o esporte como ferramenta de inclusão social e propagação do Evangelho. Agradeço a Deus por fazer parte dessa história. Obrigado, Narina, por ser nossa parceira nessa empreitada e acreditar em nosso trabalho.

Deley Melo, 56 anos, 24 de mercado de skate, Mauá/SP (Sucata Brazil) Marca tradicional no mundo do skate, a Narina já faz parte de várias gerações. Hoje existe skatista que o seu avô, quando andava de skate, já usava a marca. Uma das poucas marcas que se manteve e continua representando o skate brasileiro há décadas. Nasceu em um dos berços do skate, São Bernardo do Campo (ABC Paulista), região formadora de opinião com atletas de excelente nível nacional e, por que não dizer, internacional. A Sucata Brazil se orgulha de fazer parte dessa história de sucesso e parceria há cerca de 22 anos. A marca hoje é sinônimo de experiência. Gostaríamos de parabenizar o Sr. Gilberto e família pelo sucesso. 67


Everaldo Marques “Ratones”, 45 anos, 32 de skate, Ratones Art, São Paulo/SP Eu comecei a andar de skate em 1985. Trabalhava em uma empresa e os filhos do dono andavam de skate. Um deles fabricava shapes bem toscos, sem resina, mas foi meu primeiro. Comprei um, comecei a colar uns adesivos, fui comprando peça por peça, montando meu carrinho no intuito de me engendrar com a galera que andava e aprender a andar também. Mais ou menos um ano e meio depois, comecei a me ligar nas marcas; quem era quem, quem eram os atletas, quais eram seus produtos. Em 87 fui ao primeiro campeonato de skate da minha vida. Chegando ao evento, ganhei um adesivo da marca Narina, achei muito legal o nome, autêntico, original e era bem a cara do nosso skate brasileiro! Comecei a ir para a pista pública de São Bernardo do Campo, onde reinava a localidade dos skatistas de lá. A primeira vez que fui já pude perceber dois skatistas muito importantes em nossa história, que eram o Glauco e o Cacio Narina, um dos sócios da marca. Fiquei impressionado vendo os caras andar e pude ver que eram patrocinados por ela. Essas coisas são engraçadas, como que sem querer a gente vai pegando afinidade por uma marca de skate. Comecei a comprar seus produtos para usar; joelheiras, camisetas, quase tudo que tinha da marca fui comprando, por me identificar e gostar do rolê dos seus atletas. Eu sempre desenhei, e no final dos anos 80, comecei a sonhar em ter meus desenhos em shapes, camisetas e, claro, na Narina também. Afinal é uma das marcas mais importantes do nosso skate e de grande expressão no cenário. Não me esqueço quando comecei a trabalhar de verdade, de receber meu primeiro salário e pensar em comprar um jogo de rodas novo, algo que eu nunca tive. Já falavam das rodas Narina série “Animal”. Pois bem, recebi, fui até a extinta loja Hammerhead e comprei as ditas. Realmente, as rodas eram «animais», me adaptei muito bem. Comprei um jogo de cor mesclada, verde e preto. Nem acreditava; andavam muito e com certeza pude evoluir usando-as! No começo dos anos 90, dei início ao meu trabalho como artista do meio do skate, desenhando para algumas marcas e sempre com desejo de trabalhar para as que curtia. Depois de muitos anos, em meados de 2000, pude conhecer uma figura das mais importantes da nossa história, o Giba, proprietário da marca, e depois de algumas conversas, chegamos ao acordo para desenvolver algumas estampas para eles. Após anos de skate, pude realizar um de meus sonhos: ter uma arte minha na Narina e, de alguma forma, fazer parte dessa história. Obrigado Giba e Narina Skateboards.

Paulo “Anshowinhas” Oliveira de Brito, 55 anos, 41 de skate, Anshowcom, São Paulo/SP Narina, uma marca de skate para vencedores. A Narina é uma marca de sorte, tanto que surgiu em uma época do renascimento do skate nacional, a década de 80. Nesses 30 anos de estrada, a Narina foi protagonista mais do que apenas mais um nome na prateleira. Uma dessas ações memoráveis foi a participação da marca como anunciante da revista Yeah! Skate, a qual fui o editor/fundador. A revista se manteve apenas por 11 edições. A Narina continua no mercado até hoje exibindo seu glorioso logotipo anárquico que representa bem o skate. E não apenas isso. A marca atuou ativamente na formação de outras revistas, e de associações como a UBS – União Brasileira de Skate e da U.S.E. – União de Skatistas e Empresários. Hoje a Narina disputa espaço com marcas estrangeiras em um mercado extremamente pulverizado e com uma grande variedade de preços e produtos, mas mesmo assim continua firme e forte, como o skate deve ser. Vamos celebrar!

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Adelmo Santos Jr, 40 anos, 31 de skate, Plural e RAS, Aracaju/SE e EUA Ter andado pra Narina foi algo muito especial pra mim. Não só porque era fã do que a marca fazia na sua campanha de anúncios, assim como era fã da equipe, e um deles era meu amigo de infância, o Mosquito. Quando um dia recebi a ligação do Gilberto fazendo o convite foi como se aquela ligação fosse um trote; tinha 14 anos e nem almejava ser de alguma marca, e estar recebendo a ligação de um dos donos da marca pela qual tinha tido um carinho e respeito, foi muito especial. A partir dali foram alguns anos como amador e tive a oportunidade de passar pra profissional com eles, o que sem dúvida marca a vida de qualquer skatista. Com eles, além do meu primeiro modelo de shape, veio o primeiro anúncio numa revista especializada, a primeira viagem internacional as primeiras aparições em revistas e tudo isso fez com que outras portas fossem se abrindo. Agradeço de verdade à Narina por tudo que aconteceu na vida como skatista. E mesmo quando tive que andar pra uma marca nos Estados Unidos ainda continuei na Narina por um bom tempo, pois pra mim ultrapassava a ideia de ter dois patrocínios de shape, mas a Narina era como se fosse uma família pra mim. Obrigado irmãos por tudo! Bênçãos!

Anderson Fernandes “Dentinho”, 44 anos, 31 de skate, representante Narina, MC Twist Decks, Aracaju/SE Meu primeiro contato com o skate foi exatamente em 1986, ano em que nascia no Brasil uma marca que faria história na vida de milhares de brasileiros, skatistas e simpatizantes. Em 1988, decidi que era mesmo o skate que havia escolhido como estilo de vida. Não pensava em ser profissional, apenas em ser skatista e viver esse lifestyle, o que pra mim já era mágico! Quando assisti em 1993 aos vídeos gringos pude entender melhor o que era mesmo ser skatista e viver disso e aí comecei a traçar um destino pra minha vida. Queria ser skatista profissional e ter patrocínio de uma marca de skate de verdade! Foi quando comecei a ser influenciado pela mídia do skate e pelos skatistas que eu admirava e com eles as marcas que eles usavam. E uma marca que ficou marcada na minha história como skatista foi a Narina! Primeiramente por ser uma marca que tinha um conceito “animaaaal” desde as roupas, as rodas manchadas, os camisões alucinantes e as bermudas de flanela com velcro na cintura... Eu não queria usar outro estilo de roupas, adorava os skatistas da marca como o old skater Glauco, Dalton Pig, Nilton Urina, Adelmo Junior (SE), Gueléu (BA) dentre tantos outros que fomentavam a cena nos anos 90 e foram as minhas influências pra continuar praticando esse estilo de vida até hoje! Para mim a Narina representou uma geração de caras que amavam ser skatistas, com atitude, com amor, e fez com que simpatizantes do skate idolatrassem esses caras e desejassem vestir o que eles vestiam e até hoje isso se mantém. Impressionante como a Narina após 30 anos conseguiu passar por altos e baixos e ainda manter a chama acesa com a mesma vibe desde o começo. O skate brasileiro deve muito a essa marca. O sonho de qualquer skatista era ser patrocinado pela Narina. Marcas novas surgiram, fizeram barulho, acabaram, skatistas ficaram velhos, muitos saíram da cena, mas a Narina continua aí firme e mais forte do que nunca! O meu sonho de ser profissional acabou passando, o que não passou foi o amor que sinto pelo skate e a admiração pela Narina, que foi a primeira marca de skate que eu vesti e tenho um imenso orgulho de vestir até hoje e ver meus filhos vestindo também. E orgulho por ter a chance de fazer parte do departamento comercial desta empresa maravilhosa ajudando a criar conceito e fortalecendo o skate brasileiro! Meus parabéns Narina Skates. Que venham mais 30 anos de muito amor ao skateboard vestindo gerações e gerações. 69


A Narina acreditou no Nordeste! Como representante comercial e atleta da Narina no Nordeste, recebi a missão de conseguir um skatista em casa, capital nordestina, para ser o atleta local, o que ajudou e muito o desenvolvimento do skate no Nordeste com apoio aos skatistas e nos campeonatos que eram patrocinados, e muito bem, pela Narina! Alguns skatistas foram descobertos para o mundo graças ao patrocínio da marca como o Lúcio Mosquito, Adelmo Juninho, Marcelo Agra, Lourival Primitivo, Charles Reginaldo. Os equipamentos de segurança nos deixavam mais tranquilos para evoluir, já que nas quedas os equipamentos eram e ainda hoje são os melhores, sem sombra de dúvidas! As roupas que nos vestiram por muitos anos nos vestem até hoje e é o que tem de melhor e todo skatista quer ter uma camisa Narina! Hoje me sinto um privilegiado por fazer parte desta história do skate brasileiro! A Narina acredita nele!

ARQUIVO PESSOAL

Ilzeli Confessor, 59 anos, 43 de skate, representante, Natal/RN

Arilton Ribeiro da Fonseca “Ari Bason”, 51 anos, 41 de skate, 1968 Skateboards, São Paulo/SP 1986, ano que o skate brasileiro via uma grande transformação acontecer no mercado. Uma explosão de praticantes e poucas marcas para suprir esses sonhos. Lembro que a Narina revolucionou o mercado com equipamentos de segurança de primeira qualidade e um time de garotos com skate progressivo e técnico. Comandado pelo visionário Cacio Narina, e também gerenciada pelo Giba Narina, que também acompanhava a molecada nos eventos. Parabéns Narina, por fomentar e acreditar no skateboard brasileiro!

Daniel Arnoni, 45 anos, 35 de skate, Arnoni Skateparks, São Paulo/SP A Narina foi uma marca que contribuiu muito para o skate, sendo muito conhecida no final da década de 80. Através da mistura de uma equipe com skatistas que possuíam muito skate no pé e atitude, produtos diferenciados e marketing criativo. Em uma época em que as revistas tinham grande força e o marketing corpo a corpo levava até cidades e lugares desconhecidos o skateboard como uma contracultura. Glauco Campon, Dalton Pig, Cacio Narina, Nilton Neves e depois Adelmo Juninho foram alguns (que me lembro) que viajaram por muitas cidades pelo Brasil afora e contribuíram para criar uma das marcas que se tornou referência na cena do skate nacional e faz parte da história do skate brasileiro.

José Maurício Bortolato Azevedo “Mauro Life”, 57 anos, 32 de skate, Lifestyle Skates, São Paulo/SP Narina, uma marca core do skate, que considero e vejo com uma parceira e não como concorrente. Eu e Gilberto sempre nos ajudamos com informações e troca de know how durante essas três décadas. Passamos várias crises e o Gilberto soube, com sua sabedoria e seu suor, vencer todas as barreiras e finalmente ter o sucesso merecido com a Narina. Parabéns, você é merecedor. 70


Henrique Rogério Migliano “Banana”, 45 anos, 31 de skate, Amais Skateboards, São Paulo/SP Nasci no bairro do Cambuci, em São Paulo, mas aos nove anos de idade fui morar na Vila Monumento - bairro próximo ao monumento do Ipiranga. Quando eu tinha por volta de 15 anos, tive o meu primeiro contato com o skate vendo uma galera que descia as ladeiras do bairro à milhão. Não demorou muito pra eu ir atrás e conseguir montar o meu; era um skate todo adaptado com trucks e rodas de um Bandeirantes e shape H.Prol modelo freestyle. Aos poucos fui melhorando, e junto dos amigos da escola, consegui um shape Sims e uns trucks e rodas melhores, tudo na base do rolo com video game e peças de bicicross! Duas irmãs maiores, de dois irmãos e grandes amigos, vendo a fissura daqueles moleques na época, resolveram nos levar de carro até a pista do Paço Municipal em São Bernardo do Campo. Nessa época só havia a pista velha, onde bikers e skaters dividiam o espaço sem muita treta. Foi “virose” à primeira vista. Nesta ocasião vimos andar ali caras como o (Aurélio) Orelha, Glauco, (Carlos) Limpa-Trilho, Baseado, Zé Bolha, Cofox entre outros, que já arrepiavam o pico. Como as meninas eram bem estilosas, ficamos amigos fáceis desta galera (risos). E assim o skate foi evoluindo na minha vida. Aprendemos a pegar o busão pra Pista de São Bernardo e ao menos três vezes por semana, saíamos da aula no meio da tarde e colávamos lá pra fazer a sessão. Sempre os caras perguntavam: “Cadê as suas irmãs, elas não vão trazer vocês mais?!”. A gente só rachava, queríamos mesmo era andar de skate. Pouco tempo depois a pista sofreu uma grande reforma e foi ampliada, agora com halfpipe, tribanks, duas partes de street, minirrampa etc! Esse foi um marco para o skate paulista. Nessa altura o skate já estava na veia e não podíamos mais parar. Mesmo sendo do Ipiranga, éramos praticamente locais do pico. Após alguns campeonatos em São Bernardo, Aclimação, Mooca, e com o rolê melhorando cada vez mais, começaram a surgir alguns patrocínios. Tive um apoio de shapes de uma antiga marca da Mooca, Onda, que também fazia os shapes da “PigCity”, na época. Mas era só um apoio, pegava um ou dois por mês. Então, o Cacio me chamou pra entrar na equipe Narina como iniciante. Nessa época, caras como o Glauco, Dalton Pig e Nilton Urina já eram skatistas da marca. Obviamente isso me incentivou ainda mais. Logo no início já fiz um primeiro anúncio para a revista, junto com o Cacio Narina e o Nilton Neves (nessa época um pivete de uns 12 anos!), dando impulso em fila, um atrás do outro. Nesse dia eu estava com um tênis bem zuado, e pra não ficar feio na foto o Paulo Bassi me emprestou um Nike Dunk muito style pra fazer a foto do anúncio... foi muito maneiro! Até aí, eu recebia alguns materiais lá na pista mesmo, direto das mãos do Cacio. Depois de um tempo, um dia fui chamado pra ir até a fábrica escolher minha cota. Nessa ocasião conheci o Gilberto, um dos sócios da marca, um cara muito sangue bom, que até já me conhecia da pista, mas que me deixou muito à vontade lá na empresa. Ele falou: “Vai lá no estoque, escolhe o que você quer e traz aí pra gente liberar...!” Foi muito louco, nunca tinha visto aquilo, era muito material. Camisetas, bermudas, meias, camisas de botão, bonés, jogos de rodas... Cara, sem dó, moleque folgado mesmo, separei um montão de coisas. Cheguei lá na frente, ele olhou pra minha cesta e deve ter falado: “caramba moleque, caprichou hein!?”. Mesmo assim liberou a maior parte das coisas. Quando eu cheguei em casa minha mãe viu aquela sacola e queria até me dar uma surra. Chegou pra mim e disse gritando: “Aonde você pegou tudo isso, todas essas roupas!? Tá roubando agora moleque?!” Ela ficou realmente brava e muito encafifada. Até eu conseguir explicar pra ela que era patrocínio, que eu havia ganhado tudo aquilo, demorou uma cota (risos). E assim foi continuando minha evolução constante no skate. Comecei a andar mais no vertical e ficava sempre em boas colocações no circuito amador de São Bernardo. O patrocínio durou bastante, realmente foi uma das coisas que mais me incentivaram naquele começo do skate pra mim. Com certeza a Narina fez uma grande e importante parte na minha vida como skatista, e essas paradas a gente nunca esquece. Vida longa!

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Cid Sakamoto, 43 anos, 32 de skate, Mogi das Cruzes/SP 1986 foi o ano, uma época em que o skateboard brasileiro estava se solidificando e o mercado nacional se estruturando cada vez mais... É nesse mesmo ano que o skate no Brasil vai ganhando força com um dos primeiros programas de skate na TV, destinado a um público jovem alternativo, o lendário e ainda vivo “Grito da Rua”, apresentado pelo irreverente Eduardo Dardene, o “Badeco”, que ia ao ar todas as noites de sábado pela TV Gazeta. É nesse mesmo ano que surge a Narina Skateboards, uma marca brasileira que foi criada por skatista e que tinha o comprometimento de oferecer equipamentos de segurança, priorizando sempre a qualidade, aliada a um bom custo-benefício, investindo em uma equipe de atletas que tivesse, além de um nível evolutivo e técnico, a atitude e o prazer em representar e “vestir a camisa” da marca. A Narina, então, vai se consolidando no mercado de vez, revelando e tendo uma grande participação no processo de evolução de muitos atletas que fizeram e ainda fazem história no skateboard brasileiro. Skatistas lendários como a extinta equipe H.Prol, Lemuel Dinho, Panqueca, Fred Hillweg e Luciano Kid, os lendários streeteiros Glauco Veloso, Cofóx, Adelmo Jr., Nilton Urina, Lúcio Mosquito, Renato Pulguinha, Giancarlo Naccarato e Paulinho Barata são apenas alguns exemplos de atletas que já integraram a marca. O desenvolvimento e o investimento em seus produtos revolucionaram o mercado com a criação das famosas rodas Narina da “Série Animal” e as “TNT”, com as suas cores e bicores chamativas e de muita qualidade. No decorrer do tempo, a marca foi uma das poucas e pioneiras que também sofreram com uma das maiores crises econômicas do nosso país, o “Plano Collor”, e seguiram respirando, sobrevivendo e atualmente se firmando no mercado nacional. Acreditamos que a solução para o fortalecimento e a evolução do skate brasileiro é que as marcas precisam ter o comprometimento com os principais requisitos básicos que a Narina sempre tentou seguir: ser original, feita por skatistas, apoiando e acreditando em atletas, produtos de qualidade, apoio aos eventos, tudo isso feito com o coração e a alma de um skatista! Obrigado Narina Skateboards, por estar há 30 anos acreditando e investindo sempre no Brasil com muita ética e humildade! Respeito e orgulho de ser originalmente brasileira.

Daniel Marques, 30 anos, 19 de skate, adidas, São Bernardo do Campo/SP Acredito que andei pra Narina pelos anos de 2001 até 2003, ou 2004, tinha uns três anos de skate e era mirim. Por coincidência a base da marca ficava no meu bairro, Jordanópolis, em São Bernardo do Campo, bem pertinho de casa. Achava da hora a marca, era muito forte, e tinha skatistas que eu curtia na época, o Adelmo Jr., Homero Moreschi, Arame, Denis Silva, entre outros, era um time foda. Foi muito louco quando o Flávio Piuí, que era skatista amador e team manager na época, tocou a campainha de casa um dia pra me entregar uma sacola com uma calça, uma camiseta e um boné da Narina. Não me recordo se tinha um shape também, mas fiquei felizão, usei muito essas roupas. Não era uma cota, foi do nada, um presente porque me curtiam, e uma espécie de convite pra entrar pro time. Tinha patrocínio de uma rede de lojas que não aceitava eu entrar na Narina e continuar andando pra loja, então não pensei duas vezes e sai da loja. Foram boas experiências nos tempos de Narina. Era moleque e tinha algum tipo de compromisso, era uma pressão leve, que motivava a andar mais ainda de skate. Logo no começo tive que filmar uma manobra pra um comercial do vídeo Chiclé. Foi minha primeira experiência de filmar para um vídeo. Muito respeito à Narina e todo seu trampo. Com certeza faz parte da história do skate brasileiro, só tenho a agradecer a todos que estavam envolvidos, principalmente ao Flávio Piuí e ao Gilberto! 72


Ricardo Cabral Solino, 43 anos, 32 de skate, RCSSKT, São Paulo/SP A lembrança e primeiro contato que tive com a marca Narina foi em 1988 quando comprei um jogo de rodas Narina Animal (mas já conhecia a marca através das saudosas revistas Yeah!, Overall e Skatin). Nós éramos uma turma muito grande de skatistas da zona norte do Rio de Janeiro, mais precisamente dos bairros do Lins, Engenho Novo e Méier, e naquela época qualquer sessão de skate não tinha menos que 20 caras andando juntos e desbravando as ruas de todo o Rio. Era praticamente 24 horas de skate por dia; bons tempos! E com esse novo jogo de rodas da Narina consegui evoluir e subir vários degraus no meu skate. As rodas eram muito boas para o street, para descer as ladeiras que encontrava pelo caminho e andar pelas transições, que todo carioca que se preze tem no sangue o amor pelas curvas. Agora com a loja que temos da RCSSKT aqui na Avenida Paulista, desde 2014, recebemos diversos fãs da marca, e sempre dividimos nossas histórias dos tempos que andar de skate era só andar de skate.

Pedro Nuñez, 50 anos, skate desde os 14, Necrópole e K-Tranc!, São Paulo/SP Para mim, escrever a respeito da marca Narina é um grande privilégio. Uma marca do ABC com o skater Cacio e o Giba, que há gerações representam o esporte e arte de andar de skate desde os anos 80. Eu desenhava para diversas marcas do mercado na época e tive um grande prazer em desenhar para a Narina. Aprendi com o Billy [Argel] em anúncios, a arte do pontilhismo, arte final no nanquim, arte em geral, na veia! Trabalhamos em shapes, rodinhas, logotipos, desenvolvendo e criando junto ao Rafael Pica Pau, por exemplo a linha de rodas TNT Narina, by Highgraph. Essa foi uma grande fase da minha vida. Andávamos de skate, tocávamos na Necrópole e Lobotomia, puro skatemusic e fazíamos o que mais queríamos. Estávamos perto do skate, da música e nos divertíamos trabalhando sério desenhando para a Narina, uma “lenda” tão importante no cenário nacional, onde grandes skaters representavam. Parabéns pelos 30 anos, e quem sabe fazemos uma parceria novamente, nesse futuro próximo (risos)?

Adriano Brandolini Gorba, 44 anos, 36 de skate, Diet Skateboards, São Paulo/SP Comecei a andar de skate no início dos anos 80, quando tive meu primeiro contato com as revistas Overall e Yeah!. A Narina já estava em pleno vapor patrocinando skatistas de ponta. Uma marca totalmente nacional e que 30 anos depois continua contribuindo com o skate no Brasil através de sua originalidade e essência totalmente skateboard! Que venham mais 30!

Helio Medrado Guerra, 55 anos, 47 de skate, São Paulo/SP A Narina é uma grande marca de skateboard, que conheço desde o início de sua produção de equipamentos de segurança nos anos 80. Inclusive usei a joelheira da marca que, para mim, foi uma das melhores já produzidas no Brasil. Acompanhei mais de perto a produção das rodas por estar envolvido na concorrência e posso dizer que sua embalagem inovadora da roda Narina TNT foi um marco na história do marketing skateboard no Brasil. Até hoje a Narina continua produzindo produtos de qualidade e com design inovadores que são sua marca registrada. 73


Ricardo Machion “Banana”, 45 anos, 26 de skate, São Paulo/SP Cresci na Zona Norte de São Paulo e ainda não conhecia a ZN (pista) e o saudoso Sr. Afonso. Meu primeiro contato com o carrinho aconteceu através de uma loja localizada na Avenida Nova Cantareira, a Fronday. Nela tinha um half, se não estiver enganado. Meu mundo mudou quando vi aquela galera, não só as manobras, mas a energia da moçada ao redor da rampa. Comprei meu primeiro skate logo após ver um evento, por volta de 84/85, se não estiver enganado. Conheci a Narina através dos equipamentos, mas o que sempre me chamou a atenção era o seu logo. Nunca fui um skatista, sou um surfista que anda de skate, pois para mim esse sempre foi o sentido, na história do surf o skate era uma forma de representá-lo nas ruas. Mais tarde conheci na escola o Bob (Burnquist), o (Ricardo) Pinguim, o (Fabio) Schumacher e o Alexandre Ribeiro. Éramos uma turma grande de surfistas e nos dávamos muito bem com a galera do skate, apesar de roupas um pouco diferentes, o ideal era o mesmo, a diversão. Mais adiante essa turma ficou maior com o (Marcelo) Barnero, o Português pilotando a famosa 64, o Samuca e o Daniel Trigo. Nos finais de tarde nos misturávamos sem qualquer discriminação e lá conheci o (Robson) Reco, (Marcio) Tarobinha e o (Fabio Cristiano) Chupeta. Os anos 90 formaram um caldeirão cultural, baladas, trips, só diversão. Naturalmente envelheci e entre 2004/2005 mudei-me de São Paulo para o Rio Grande do Sul, mas parece que essa minha ligação quase umbilical não se quebraria tão cedo e fui contratado para trabalhar na Freeday. Foi lá que pude acompanhar talvez um dos momentos mais difíceis da Narina, mas foi lá também que descobri que sua persistência a traria à tona novamente, renovada, organizada, melhor posicionada. Tivemos a chance de conversar bastante. Você (Giba) me ensinou muito coisa, eu com um temperamento contestador e você sempre calmo como um velho marinheiro que leva o barco devagar. Essa data merece ser comemorada, ela é o reconhecimento do seu amor ao skate. Aos 45 anos ainda ando de skate e continuo surfando pelas ruas como sempre fiz. Essas nossas histórias de amor pelo carrinho parecem não ter fim.

Edson Davi “Edsinho”, 54 anos, 43 de skate, Connexion Skateboards, Costa Mesa, CA, EUA Anos 80, tempo de diversão com o skate e encontro de uma paixão. Garotos que sonhavam com algo que na época parecia ser impossível se tornar realidade. De skatista para o desafio de ser empresário do mesmo, e o desejo de adicionar para o lifestyle que vivíamos. Cacio Narina, um grande skater e incentivador do esporte, partiu para a guerra junto do seu sócio e cunhado Giba. Com todo conhecimento e sabedoria do skate trouxeram para o mercado os melhores produtos, com melhor qualidade, e sempre buscando acrescentar algo que estivesse de acordo com que os praticantes gostavam e precisavam para ter sua evolução. As batalhas foram e são muitas até hoje, mas há a alegria e satisfação de sempre poder saber que foram boas batalhas e ver os resultados positivos. Hoje, depois de muitos anos, Cacio e Giba seguem por marcas diferentes, mas para o mesmo objetivo que é primeiramente o futuro do skate. Jornada longa e dura e uma guerra para ser vencida, mas o mais importante é que o skate sempre veio em primeiro lugar, e não a ganância de ganhar dinheiro, fama e status com o mesmo, pois estas conquistas você pode ou não conseguir. A satisfação que a intenção foi certa nos traz paz. Parabéns, meus irmãos, pelos 30 anos e que se Deus quiser possamos celebrar 60 (risos). Grande abraço a todos da Narina Crew e seguimos firmes e fortes ! United We Skate!

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Lúcio Flávio Andrade Santos “Mosquito”, 43 anos, 31 de skate, Connexion Wheels, Aracaju/SE Para mim, ainda quando amador no final dos anos 80, era um grande sonho de qualquer skatista ser um atleta da marca Narina. Essa oportunidade me foi dada ainda como apenas um nome local através do representante da marca no Nordeste, o Ilzeli, e a partir dali começava o sonho de um dia me tornar profissional e viver do skate. A profissionalização também veio através da Narina, que foi a primeira marca a acreditar por quatro anos que um amador do Nordeste poderia vir a se destacar no cenário nacional e em 1994 me tornei o primeiro nordestino a ser skatista profissional e vice-campeão brasileiro no ano de estreia. Depois do meu primeiro desligamento da marca, ainda tive a oportunidade de andar pela marca mais seis meses em 2013. Graças à visão de Cacio e Gilberto e à Narina, as portas se abriram para que outros atletas nordestinos pudessem andar por marcas do Sul e Sudeste do país e também realizarem os seus sonhos. Muito obrigado à Narina pela sua contribuição na minha vida profissional e pessoal, como também à sua rica contribuição na história do skate brasileiro. Parabéns Narina pelos seus 30 anos de uma bela história.

Allan Macedo da Rosa “Careca”, 41 anos, 32 de skate, Liga Skate, Santo André/SP Eu me chamo Allan Macedo da Rosa “Careca”, tenho 40 anos de idade e ando de skate desde os 9. Venho aqui com muito orgulho e prazer, a pedido do Giba Narina, compartilhar com vocês o que a Narina representa no cenário do skate desde quando iniciei no skateboard até os dias atuais. Meu primeiro contato com a marca foi na pista velha de São Bernardo do Campo por volta de 1988. Eu me lembro de que via pessoas usando os equipamentos de proteção da Narina recém lançados nas cores vermelha e amarela irados, e eu só consegui comprar os meus primeiros equipamentos quando um dos meus amigos foi morar no Japão. Explico: a família dele fez um mega bazar de vendas e nisso consegui comprar um jogo usado, mas era bem conservado. Muito irado aquilo pra mim, pois na época foi um sonho realizado que conciliou com a construção de um half de madeira no Mappin, onde adquiri minhas bases no vert. Além dos equipamentos de segurança da Narina, marcaram muito para mim as famosas rodas Narina Animal e Narina TNT. Não tenho os números, mas acho que essas rodas foram das mais vendidas na época. Tinha uma propaganda irada numa revista com os skaters de São Bernardo que representavam a marca. As rodas mescladas em duas cores eram o que tinha de melhor no skate; o barulho que elas faziam com um slide eram exclusivos e irados, e tinham ótima qualidade, não ficavam quadradas e duravam muito. Na década de 90 como um todo o skate deu aquela parada, eu mesmo me afastei muito tempo da cena e andava muito pouco, assim como muitos skatistas. Além disso eu sofri um acidente em que fiquei alguns anos sem condições físicas de andar de skate. No meu retorno, já em uma disposição de conseguir melhores condições para a modalidade, junto com alguns amigos locais da pista de Santo André, o Ana Brandão Skatepark, formamos a Liga de Skate, uma instituição sem fins lucrativos fundada para fomentar o skate na cidade, cuidando da pista na medida do possível com intervenções, reformas, criando novos obstáculos e buscando parcerias para realizar eventos de qualidade na área. Quando rolou nosso primeiro evento entramos em contato com várias marcas inclusive a Narina, que de imediato, através do Giba entrou com apoio. Além da cota muito boa para a premiação, a Narina veio com todo o seu time de atletas dando suporte aos mesmos do início ao fim do evento. É por isso que a Narina é diferenciada no cenário do skate e completou 30 anos no mercado sempre evoluindo com sua linha de produtos. 75


Alexandre Ramos “Fumaça”, 45 anos, 33 de skate, São Paulo/SP A Narina é uma das mais conceituadas marcas do skate nacional, fabricando equipamentos de segurança desde os longínquos anos 80. É claro que eu, como muitos outros, usei nas sessions. No meu caso foi no Natal de 1987, quando minha tia, depois de me ver com os joelhos ralados, me levou na loja High Point de Santana e me deu um jogo de joelheiras e cotoveleiras da marca Narina. Nossa, foi a salvação da lavoura, apesar da cor, que era muito louca, amarelas com casquilho preto - imagina quando eu usava o destaque que dava (risos)! Mas, cara, como foi bom usar essas joelheiras, em especial quando eu fazia downhill no morro Guapira. Na época eu empedrava nos knee slides. E com as novas joelheiras a evolução ficou garantida. Tenho muitas saudades dessa época; meu primeiro skate, as primeiras manobras, e é claro meu primeiro kit de equipamentos que era Narina Bless. Giba, continue assim fazendo esse trabalho maravilhoso pelo skate nacional. Tamos juntos. Skate sempre.

Luiz Calado, 55 anos, 43 de skate, jornalista, CA/EUA “Narina são os caras do ABC!” Era mais ou menos essa a impressão que havia quando a marca surgiu no mercado, na segunda metade da década de 80. Na época, o skate brasileiro era bem segmentado em regiões geográficas e, como aconteceu em muitas outras indústrias, a concentração foi maior em São Paulo. Como as mídias especializadas estavam em Sampa, os eventos locais tinham uma chance muito maior de serem expostos ao público. Assim sendo, a pista de São Bernardo – naquele tempo, a maior área pública dedicada ao carrinho – exerceu um papel fundamental na consolidação do esporte. O Cacio, além de local de Campon, era um pro de vert que se destacava constantemente nos eventos e, dessa forma, meio que virou a “cara” da marca. Eu que trabalhei nas revistas Yeah! e Skatin’, participei na publicação de várias reportagens e fotos onde ele aparecia. Em SP também rolaram vários esforços para a organização do esporte – associações, uniões, federações e outros “ões”. E foi na UBS que eu tive a chance de colaborar com o Giba que, através da marca, fez uma contribuição indispensável para realização dos eventos. Sem dúvida, Narina é sinônimo de skate.

Tatiane Marques “Tat”, 35 anos, 18 de skate, Amee Skt Art, São Bernardo do Campo/SP A Narina para mim foi o início de muitas coisas boas, tanto como skatista quanto para a minha profissão. Eu tinha apenas três meses de skate e logo fui apresentada pelo Flávio Piuí para entrar na equipe principal da Narina, que na época era bem foda. Acreditaram no meu skate e deram o meu primeiro patrocínio, o que me deu oportunidade de correr muitos campeonatos, conhecer muitos lugares, estados e pessoas que são minhas amigas até hoje como a galera de Brasília. Lá também me deram oportunidade para eu fazer estágio como designer de produto, onde estagiei quando o Alemão era o estilista e aprendi muito. O Cacio Narina cuidava da modelagem e cortes e o Gilberto de vendas, fora toda a equipe que a Narina tinha, e isso foi muito bom para o meu aprendizado com o mercado do skate e como funciona uma marca desde uma equipe de skatistas até as vendas. E os altos e baixos de uma marca... Depois do estágio, assumi as coleções e lá fiz a minha primeira, que foi bem aceita pelo público e logo vieram outras. Fiquei muito feliz e grata pela oportunidade. Eu era skatista e também a estilista da marca. Isso me fez crescer e aprender muito! Pura vivência. Aprendi a ter uma visão muito sólida sobre o mercado. Muito obrigada por acreditar no meu skate e no meu trabalho. Parabéns e vida longa! 76


Mauro Moraes, 41 anos, 33 de skate, Dual Footwear, São Paulo/SP Minha singela conotação referente à Narina é de que realmente precisamos em nosso país de mais marcas que sejam autênticas. Pra mim a Narina é isso, nascida na década de 80, idealizada e até hoje conduzida por verdadeiros skatistas. Chega até a “arrepiar” quando falo disso, pois só quem viu a trajetória desta marca sabe realmente o que ela fez pelas categorias de base e pela profissional, lutando no cenário sócio político e econômico turbulento do nosso país. A Narina foi valente e resistiu a tudo e a todos! Sinto-me honrado de poder falar da marca. Obrigado Gilberto pelo convite, saiba que se o nosso mercado tivesse mais pessoas como você, nosso faturamento e investimentos diretos seriam algo estratosféricos e imensuráveis. Todo o meu respeito à grande e importante Narina!

Leonardo Tadeu Batista “Tabacow”, 41 anos, 31 anos de skate, São Paulo/SP No ano de 1988 eu vi no skate de um cara umas rodas de duas cores. Eu ainda era um garoto de 10 anos que só andava na rua de casa quando vi aquelas rodinhas pretas com branco, fiquei maluco e me apaixonei. Achei muito loucas e alguns meses depois descobri que aquelas rodas eram da marca Narina. No ano de 1990, já com a pista de skate de Diadema, vi o ídolo e profissional Glauco Velloso andando com rodas e shapes da Narina. Sempre achei a marca show e sempre curti demais tudo que eles faziam: as bermudas xadrez, as camisetas com desenhos muito loucos e as rodinhas que eram sonho de consumo para qualquer skatista no comecinho dos anos 90. Alguns anos depois tive a oportunidade de conhecer os mentores e criadores da Narina Skate, o Cacio e o Giba, e fico muito feliz em saber que a marca completou 30 anos e está aí até hoje no mercado e apoiando o skate! Parabéns família Narina Skate. Obrigado por tudo que vocês fizeram e fazem pelo skate.

Vildner de Santis, Styllos, 55 anos, São Caetano do Sul/SP Parabéns Narina pelos 30 anos! Iniciamos nossa parceria nos anos 80. Lembro que o produto mais procurado eram os equipamentos de proteção; o Cacio era a figura do skatista e o Gilberto era o cara da área comercial. O mercado do skate crescia e se consolidava e a Narina sempre antenada com os lançamentos de produtos, atletas e eventos. As rodinhas eram uma referência de qualidade. O tempo passou e a Narina está aí! Cada vez mais forte e sintonizada com o que há de melhor em lançamentos e principalmente sem perder a essência do sk8. Muito obrigado por todos esses anos de parceria e que venham muitos mais. Narina, skate na veia!

Edmar Sorriso, 34 anos, 21 de skate, Narina, Jacareí/SP Pra mim é um orgulho fazer parte da Narina, porque me lembro quando comecei a andar de skate e ver revistas. Via uns anúncios do Adelmo Juninho, pela marca e com o passar do tempo vi o mesmo Adelmo na América (EUA), nas marcas internacionais. Isso era uma motivação pra mim. Vi o Nilton Neves “Urina”, também, que era da Narina. Narina é uma marca que passou por muitas gerações de skate. Pra mim ela sempre manteve o mais importante: as suas raízes e a identidade. 77


Daniel Kim, 50 anos, 41 de skate, Vans, São Paulo/SP Lembro da Narina desde o seu início, pois andávamos de skate juntos na pista do Paço Municipal em São Bernardo do Campo e foram muitas sessões ao lado do Acácio Narina, Sonso, Steve, Joe, entre outros. Presenciei o início da marca, quando eles começaram a desenvolver os seus próprios equipamentos de proteção e consequentemente outros artigos como rodas, roupas... Também me lembro de ter participado de um champ em Pirassununga, isso nos anos 80, que por sinal foi muito legal com várias rampas e obstáculos inéditos. Vários skatistas se formaram nesse tempo com a parceria da marca, a exemplo do Glauco, Pig, Urina e outros. Com o trabalho e persistência do Gilberto a marca comemora seus 30 anos de vida, apoiando o skate em toda a região do ABC e no Brasil todo! Parabéns à Narina e continuem apoiando o skate. Que venham mais 30 anos!

Carlos Alberto Sabino, 54 anos, 41 de skate, SWL Mountainboards, São Bernardo do Campo/SP Salve galera. Sou o Beto Radical, ou Limpa-trilho pra galera do skate, e estou aqui para dar os parabéns à Narina pelos seus 30 anos no esporte, apoiando atletas e eventos e ajudando o skate a acontecer no Brasil. Lembro da Narina no seu início na pista de São Bernardo do Campo onde praticávamos o skateboard quase sem infra alguma para tal façanha na época. Foi quando o Cacio Narina, junto do Steve e Joe iniciaram um trabalho de pesquisa e modelagens de joelheiras, cotoveleiras e wristguards que deram início à Narina de hoje. É muito gratificante lembrar da época onde ao embalo da banda punk 190 (Joe, Narina, Sonso, Baseado e Steve), botávamos pra quebrar nos ensaios e esse espírito esportivo da época foi a inspiração do Cacio para a Narina de hoje. Nas mãos do Giba vem mantendo a tradição no estilo, segurança e na prática do esporte que é nossa história. Parabéns, Narina!

Mauricio Teodoro, 30 anos, 20 de skate, Jacareí/SP Meu primeiro contato com a Narina foi no final de 1999, no dia em que minha mãe me deu meu primeiro skate e onde eu ganhei uma meia que era da marca. Depois disso, em 2004, eu conheci o Gilberto, proprietário das marcas Jail/Narina, que me dava um apoio muito importante no início. Nessa época eu nem sabia a relação entre as marcas e a Narina entre 2001 até 2008 passou por turbulência no mercado nacional. Nesse período de retorno eu entrei pra marca e fiquei sabendo de toda a história. Agradeço muito a toda a família por essa força durante tanto tempo e fico muito feliz em ver que a marca voltou ainda mais fortalecida no mercado nacional!

Giancarlo Naccarato, 40 anos, 31 de skate, pro skater, São Paulo/SP A Narina foi praticamente meu primeiro patrocínio em 1992, juntamente com o Mancha que foi quem me apresentou e Urina, Glauco e Pig na época. Graças à Narina fui competir em 1994 na Bélgica, Inglaterra e Alemanha onde fiz minha primeira turnê europeia que foi única e inesquecível. Muito style ver a Narina até hoje patrocinando atletas, desenvolvendo produtos, fazendo acontecer. Tenho um carinho especial pela marca, respeito mesmo e gratidão por fazer parte da minha história e honrado por fazer parte da sua história. Valeu Giba e família, tamos juntos para o que precisar. Congratulações máximas e sucesso sempre! 78


Paulo Rogério “Paulinho Barata”, 41 anos, 32 de skate, Levi’s, São Paulo/SP Minha entrada na equipe Narina foi por volta de 98, já como profissional. Lembrome de ter sido um sonho realizado, pois sempre acompanhei a Narina através da seus produtos e da sua equipe e me lembro de que na minha infância nos anos 80 era sonho de consumo poder ter uma roda Narina ou uma joelheira, sempre sinônimo de muita qualidade em seus produtos. A equipe sempre foi formada por skatistas com personalidade como Glauco, Pig, Gian, Urina. Sempre me respeitaram e me apoiaram como atleta e foi uma honra poder representar junto com Adelmo Jr, Sérgio Garb, Renato de Moraes, o time da época. Um abraço a todos e que venham muitos anos de skateboard de uma marca original como vocês. Narina animal!

Cleyton Ribeiro “Keu”, 40 anos, 24 de skate, CA/EUA Verdadeiramente umas das melhores marcas de skateboard do Brasil, tanto nos materiais de ótima qualidade como na equipe que é nota 10! Fico muito feliz de um dia ter feito parte dessa grande família que me deu a oportunidade de crescer no skate e ter viajado para vários lugares representando a equipe. Hoje moro na Califórnia, a Mecca do Skateboard, e parte dessa grande conquista eu devo à Narina! Obrigado Giba, Cacio, Alemão e toda a equipe por todo o apoio, só tenho a agradecer a todos. Saúde, felicidades e muito skate.

Marcio Meiado, 39 anos, 24 de skate, Dubrasa, Osasco/SP O skate sempre me trouxe energia positiva e felicidade e a Narina me ajudou a compartilhar tudo isso passando para pessoas através desta cultura. Não vejo apenas como uma marca e sim como uma escola de talentos, dentro e fora. Só tenho a agradecer a todos: Gilberto, Cacio, Alemão e todos da equipe. Tenho só lembranças boas de muito skate, viagens pelo Brasil afora, amizades, vídeos e muito mais. Muito obrigado por tudo, de coração. Paz!

Eduardo “Badeco” Dardenne, 59 anos, 43 de skate, Grito da Rua, São Paulo/SP No que me lembro da Narina me vem sempre a imagem de Campon, sempre apoiando a máfia do ABCD, que é de onde vem a maior força do skate nacional, sejam os skatistas ou o mercado consumidor. E neste mundo ele foi crescendo, apoiando um evento aqui, outro lá, e a marca crescendo. Um detalhe, é que sempre vi a Narina apoiando muita gente, sempre na dificuldade, mas sempre apoiando. Não sei ao certo quais foram os campeões que a marca fez, mas tem muita gente aí que agradece a esta marca pelo apoio recebido. Isto é história. E história vai... E passamos por uma crise. Em meu retorno com o Grito da Rua na internet, chego em Campon e quem encontro? Giba! O mestre da Narina, meio que olhando de longe, olho de águia, talvez pensando quem será o seu novo patrocinado. Parabéns Narina! Os produtos estão bons, o mercado está aí e quero ver você divulgando-os para a nova máfia que está aí investindo no Grito da Rua Skateboard Show! O Canal do Skate na Internet! 79


Flávio Damião do Nascimento “Pee Wee”, 39 anos, 27 de skate, Studio Cria, São Bernardo do Campo/SP O meu primeiro contato com a Narina foi nos campeonatos interbairros da ASSBC entre 1988 e 1989. Eu não sabia andar de skate direito, só subia em cima. Mas sua logomarca era marcante, era a cara do skate na época e fixou bem na minha mente. Nessa época a Narina era uma das primeiras marcas que vinha à cabeça de qualquer skatista. Comentavam que a rodinha Narina Animal andava muito, que seus skatistas patrocinados eram cascas, que suas joelheiras eram as melhores... enfim, era a marca mais top! Dez anos depois, por volta de 1998, eu já disputava campeonatos e tinha alguns patrocínios. Um dia fui treinar na área vertical da extinta pista de São Caetano e o Cacio Narina me ofereceu um par de joelheiras profissionais e me convidou para visitar a fábrica. Quando fui, saí com uma sacola cheia de roupas! Eu nem acreditei. Foi “foda”, porque poucos anos antes era algo inatingível, mas naquele momento eu fazia parte da marca. Com o tempo eu conheci melhor o Gilberto, o cara não tinha tempo ruim! Metia a mão na massa fazendo de tudo um pouco, desde separar a cota para atleta (regulava, mas “trincava!”, risos), até a embalar e expedir pedidos em meio à correria da empresa. Na época, meados de 1999, a Narina estava em reestruturação, com novos sócios e administradores. Então o Gilberto sempre procurava conversar comigo sobre como estava a marca no meio da galera, me perguntava o que os skatistas estavam usando e precisando. Ele fazia questão de me colocar em contato direto com o departamento de desenvolvimento de produtos e em reuniões com a diretoria da empresa. Isso me fez ter um contato maior com o dia a dia da Narina, onde o meu interesse em marketing acabou resultando em um cargo precoce de team manager dos atletas. Conheci e convivi com muitos grandes skatistas que passaram pela marca, como Adelmo Juninho, Vanderley Arame, Daniel Marques, Aron Marcel, Tatiane Marques, Leandro Almeida, Denis Silva, Paulo Barata e Homero Moreschi. Muitos mantêm contato comigo e são amigos meus até hoje. O que foi triste de ver foi a saída do Cacio da sociedade, em 2001. Além de fundador da marca, era um grande skatista da história do skate nacional. Presenciei desentendimentos, queda das vendas em função da crise do mercado de skate, inadimplência e, por fim, decadência da marca e o afastamento do Gilberto da administração, o que pareceu a falência da Narina. Mas o que mais gosto de lembrar são as coisas legais que aconteceram, como a retomada da marca. A Narina era uma das poucas marcas sobreviventes do skate de outra época, voltando a subir no topo do mercado com desenvolvimento de produtos, investimentos em atletas, as trips, os campeonatos e os amigos. O Gilberto sempre disse que teria de volta a Narina. Era algo pouco provável, considerando o que aconteceu com outras empresas de skate que tiveram quedas parecidas. Mas ele, anos depois e de forma surpreendente, retomou a marca em 2008 e a colocou no mercado novamente. Entre 2011 e 2012 eu trabalhei em uma série de anúncios chamada “De volta às raízes” para a revista Tribo Skate, cuja inspiração era o formato dos anúncios da Narina do final dos anos 80; com uma linguagem para o público da antiga e nova geração falando que a marca voltou e ainda, na essência do início de sua história. Na época da campanha toda marca se dizia ser old school, é claro, porque esse estilo voltou à moda e todos querem vender, mas a Narina é uma das poucas marcas no mercado atual que realmente viveu essa época histórica. Pode-se dizer que é realmente “original old school”. Criamos um selo frisando isso em todos os anúncios. Hoje tenho uma agência de fotografia publicitária. Além do mercado do skate, trabalho com grandes empresas multinacionais. Tenho muito a agradecer à Narina pela experiência, não só como skatista, mas também pela oportunidade de trabalhar no marketing e no departamento comercial. Definitivamente isso tudo influenciou a escolha da minha formação acadêmica, na profissão que exerço, e me ajudou a ter o skate no pé pra toda vida.

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Ricardo Lima “Alemão”, 39 anos, 28 de skate, Insideout Garage, Itapevi/SP Narina é sinônimo de nariz grande, contador de história, não marca dos anos 80. Quem viveu esses anos dourados sabe do que estou falando. Enquanto jogávamos taco de rua, andávamos de bike, tínhamos um skate tubarão pra dividir com os colegas e naquela época, já de 89 pra 90, nos reuníamos para ver quem mandava mais com o skate. Um por vez, skate tubarão, rodinha de sabão e por aí vai. Quando de repente surge um mano já remando no maior suflê, no estilão, o cara me arranca um slide daqueles corridões no galeto, e a molecada “caramba, whohoo, yeah”. E o cara voltou com as rodas intactas, respirando fundo, e até comentamos “nossa, por que damos slide e nossa roda se despedaça?”. O mano malucão se chamava Renato e respondeu “porque vocês não usam Narina”. Isso sim é roda! Fiquei procurando o maior tempão essas rodas até encontrá-las, mas as condições não eram tão boas na época para comprá-las. Hoje tenho uma loja chamada InsideoutGarage e vendo material Narina e é um prazer ter a marca de um long time e saber a sua história e trajetória no mercado do skate.

Renato de Moraes “Pulguinha”, 37 anos, 30 de skate, Osasco/SP Entrei na Narina em 1997 por indicação de Clayton Keu, na época em que eu estava me aplicando nos campeonatos. O Gilberto e o Cacio sempre deram uma força beeeem grande, pagando pra eu viajar pra campeonatos quase todos os fins de semana. Fiquei nesse ritmo até 1999 quando fiquei mais em Osasco. Ainda viajava pra campeonatos mas não ia com intenção de me dar bem, ia com intenção de me divertir. Acabei saindo da Narina no final de 1999, quando a marca estava passando por uma fase de transição financeira, mas acabamos em bons termos. Tenho muito a agradecer, pois se não fosse pela Narina, quem sabe se um dia me tornaria Pro? Um abração e tudo de bom... que a Narina continue forte no skate.

Fábio Luiz “Parteum”, 43 anos, 32 de skate, músico, São Caetano do Sul/SP Uma das minhas lembranças mais legais, do meu começo no skate, tem a ver com a Narina. Eu comecei a andar no Natal de 1988. Ganhei um skate comprado num posto de gasolina e nunca mais olhei para trás. Entretanto, na minha primeira visita à antiga pista do paço (São Bernardo do Campo), vi alguns skatistas da equipe Narina por lá. Eu levei um tempo pra entender os caminhos da pista, pra descer e varar o cotovelo, sair da grade do half pipe, pegar impulso, e seguir em direção às rampas e tal. Numa dessas tentativas, alguém perguntou se as rodas que eu estava usando eram “Animal”. Dias depois, na escola, vi a propaganda das rodas numa Overall. Era um tempo mágico… Grito Da Rua estava começando a passar na TV, as roupas eram coloridas, os skates também. E o meu setup era bem precário. Minhas rodas não eram “Animal”. Eu usava bilhas, as rodas nem marca tinham. Para minha surpresa, num domingo daqueles, meu pai começou a conversar com um moço que estava do lado de fora da pista, explicando como montar bons skates, informando sobre os campeonatos da associação de skate local e tudo mais. O moço era o Giba, um dos proprietários da Narina. Quando cheguei mais perto, ele estava apontando para o Cacio na pista… Foi com ele, Álvaro (Codevilla) e Glauco que aprendi a descer a parte rasa do banks. Alguns anos depois, após ter me profissionalizado, já na faculdade, criei algumas estampas para a marca. Tive o prazer de trabalhar com uma marca tão emblemática para a história do skate brasileiro. Giba, muito obrigado pelos papos em São Bernardo, em São Caetano, nos campeonatos Brasil afora. Obrigado pelo empenho trabalhando pelo bem do skate. Vamos em frente! 81


Ijaguaraci Gueléo, 46 anos, 34 de skate, Salvardor/BA Fui atleta da Narina por aproximadamente três anos, no período de 1998 a 2001, que pra mim foi como ter feito uma faculdade. Aprendi e cresci muito como atleta e como pessoa. Houve muitas transformações tanto na minha pessoa como nos meios onde eu representava a Narina (nas lojas e no mercado nordestino), onde muitos skatistas baianos se espelharam no estilo das roupas e até mesmo em mim. Agradeço muito a equipe Narina daquele período, principalmente ao Giba, Cacio e ao meu amigo Luiz Benedito (de Salvador) que foram os principais personagens para que tudo acontecesse: as viagens, os campeonatos de skate em quase todo o Brasil e as pessoas que me proporcionaram conhecer. Até hoje encontro pessoas que me perguntam sobre a Narina, pois foram anos fantásticos para mim, para o mercado nordestino e na formação de skatistas. Grande abraço a todos e obrigado por tudo.

Flávio Antônio Ascânio Lauro, 54 anos, 38 de skate, professor, São Paulo/SP A história da Narina nestes 30 anos é de uma marca “core” que sempre apoiou o skate e inovou no mercado. Mesmo em épocas muito difíceis em termos financeiros, de locais para andar de skate e até mesmo de divulgação e aceitação do skate. Um dos grandes diferenciais da Narina foi estar presente na pista pública do Paço Municipal de São Bernardo do Campo (SP), que durante muitos anos foi uma das poucas opções de skateparks. “Campom” como o principal local de testes e o investimento na cena local e nacional apoiando e patrocinando skatistas, publicações especializadas e eventos fez toda a diferença. A Narina ajudou muito o skate a se manter vivo e depois a crescer nas épocas difíceis dos anos 1980 e 1990. E o skate deu ainda mais “gás” para a Narina continuar a crescer e evoluir. Os produtos testados e aprovados por grandes skatistas amadores e profissionais demonstram o comprometimento das pessoas que passaram e ainda estão na Narina. Longevidade numa marca não acontece por acaso. É produto de muito trabalho, compromisso, criatividade e paixão. Os produtos da Narina sempre foram feitos por skatistas e para skatistas. Sk8 or die!

Thiago Rodrigues Lima Dias “Cocó”, 36 anos, Sixtrucks, Smoke, Hotspice, São Paulo/SP Sou Thiago, mais conhecido como Cocó. Sou skatista de downhill slide. Fui apresentado ao Gilberto por um representante da Narina em meados de 99. Aí conheci o Denis Silva na pista da Tracker, numa rua sem saída, lá em São Judas. Então comecei a fazer parte da equipe da marca, o que para mim foi muito importante, pois comecei a correr pelos campeonatos que a Narina patrocinava e vários eventos que rolavam na Zona Leste. Além disso, me dava um suporte muito grande nos equipamentos e roupas também. Eu cheguei a ir do Terminal São Mateus até São Bernardo do Campo remando pra levar material pra um campeonato no Itaim Paulista. Foi muito bom fazer parte dessa equipe com pessoas do bem como o Piuí, que sempre estava na fábrica e me recepcionava “da hora”. Tenho muito respeito pela marca e pelas pessoas que estão por trás dela. Só tenho a agradecer por ter passado por essa equipe que não só construía atletas, mas também construía amigos!

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Vanderley Faria de Oliveira Júnior Arame, 34 anos, 20 de skate, Narina, São Bernardo do Campo/SP A Narina pra mim significou grande parte da minha evolução no skate. No começo, ainda na categoria mirim, a Narina foi o meu primeiro patrocínio, e com ela surgiram várias oportunidades. Foi através da Narina, como a minha condição na época não era tão boa, que me levou para vários campeonatos. E com isso fiz anúncios para revistas e pude conhecer outros estados. E isso fez com que eu fosse para outras categorias. Então isso significou para mim que ter entrado na Narina naquela época fez parte da evolução do meu skate, pois foi uma marca que sempre acreditou em mim. E hoje voltando para ela, fico bem feliz pois é uma marca que nunca deixou de acreditar em mim. Hoje fazendo meus pro models sempre aceitando novas ideias e sempre com uma mente aberta. É uma marca em que eu me sinto bem feliz de estar participando até hoje!

Denis Silva, 32 anos, 20 de skate, São Paulo/SP Entrei na Narina através de um representante de São Miguel (Rubens); na época tinha 12 anos de idade. A Narina foi praticamente meu primeiro patrocínio e a partir daí me deu suporte para correr os melhores eventos do Brasil como o Circuito Paulista, Drop Dead, entre outros. Nisso eu fui sendo muito conhecido no cenário. Eram muito styles as viagens. Viajávamos juntos, sempre eu, Vanderley Arame e Flávio Piuí, que era o amador da marca na época e cuidava da gente. Me sinto muito grato por ter feito parte dessa história, agradeço o suporte que na época foi a peça-chave para eu chegar até aqui e admiro a Narina por estar no mercado até hoje, sempre patrocinando skatistas e lançando produtos e pro models. Isso é muito importante para as marcas! Obrigado à toda a família Narina.

Carlos Alberto de Lima Pretto, 50 anos, 35 de skt, S. Bernardo do Campo/SP Hoje, somos uma potência, temos vários atletas brasileiros de destaque na cena mundial, isso porque somos guerreiros e graças ao trabalho de vários profissionais do skate e marcas 100% brasileiras, que lutam para manter a chama sempre acesa. Um exemplo é a marca Narina, que desde os anos 80 atua no mercado, sempre apoiando as categorias de base e profissionais e isso teve um grande valor para o crescimento do esporte até os dias de hoje. Vale citar o apoio aos campeonatos em todo Brasil, sempre bem vistos pela marca. Parabéns, Narina, pelos 30 anos e que venham mais 30 em prol do skate, sempre incentivando e somando.

Ivan Takahagi, 40 anos, 31 de skate, Deadless, Mogi das Cruzes/SP e Japão É uma grande honra e um imenso prazer falar desses 30 anos de Narina. Iniciei no skate exatamente no mesmo ano, em 1986, e desde então a Narina sempre foi uma marca de referência no mercado de skate. Me lembro do lançamento das rodas Narina série “Animal”, aquilo era o sonho de consumo de todos os skatistas. A Narina é uma marca de skate que é, sem sombra de dúvida, uma referência, um nome que se perpetua no mercado sempre se aperfeiçoando e se atualizando. Parabéns, Narina, pelos 30 anos e espero continuar a tê-los como referência no skate por mais longos anos. 83


Cesar La Topre, 45 anos, São Bernardo do Campo/SP É um grande prazer falar da primeira empresa ao qual comecei a trabalhar, com apenas 13 anos (1986). Lembro-me como se fosse hoje e meu apelido ainda permanece: La Topre. Estávamos instalados em dois cômodos no fundo da casa da tia do Acácio. Na época éramos quatro: além dos sócios, eu e a dona Carmem, uma costureira de mão cheia (uma família pra mim)! Tão novo em meio a tantas novidades no mundo do skate, não demorou muito e logo nos mudamos dali para um lugar maior e melhor e em questão de tempo éramos uma empresa muito conceituada no ramo de equipamentos e acessórios esportivos. Ganhei muita experiência e fiz muitas amizades neste período de 12 anos. Quero agradecer muito ao Gilberto e ao José Acácio, grandes personalidades e profissionais que trabalharam muito em prol do skateboard. Já se passaram muitos anos, muita coisa mudou, mas a marca está aí com toda a força. Parabéns e vida longa à Narina Skateboard!

José Carlos Pimenta, São Bernardo do Campo/SP Nos anos 80 o movimento do skate começou a despertar no Brasil. A partir daí começaram a surgir várias marcas nacionais, entre elas a Narina Skateboard, com Gilberto e Cacio, que se consolidou no mercado com produtos de qualidade desenvolvidos por skatistas conceituados. Muitas crises aconteceram em nosso país, mas apesar de tudo isso e dificuldades decorrentes de várias situações, o sonho não acabou! Gilberto Andrade não desistiu e com muito trabalho e muita garra consolidou a Narina como uma das mais importantes marcas do cenário brasileiro. Parabéns, Narina, pelos 30 anos!

Paulo Rosin Citrangulo “Folha”, 55 anos, 44 de skate, proprietário FLH, Planet Skate, PS Trucks, Casper 360º, São Paulo/SP Foi memorável eu ter feito parte da equipe Narina, que começou nos anos 80, e na época tive o apoio da marca que faz parte do meu curriculum. Sempre com seus equipamentos de proteção, confecções etc. Eu saí em fotos nas revistas usando os equipamentos. É uma empresa que tem uma enorme importância pra história do skateboard nacional. Houve várias transições internas na marca e a mesma continua deixando seu legado no mercado brasileiro.

Homero Moreschi, Cana Paraná, 37 anos, 25 de skate, Maringá/PR Narina sempre foi referência para o skate. Desde quando comecei a andar, em 1994, já era a marca muito falada e desejada pela molecada. A Narina foi muito importante para mim, pois, andando de skate no interior do Paraná não tive muitas oportunidades e com o patrocínio da marca pude conhecer os locais e as pistas que assistia nos vídeos, os atletas que admirava; tive a oportunidade de participar dos principais campeonatos. Tenho carinho especial pela marca. Agradeço de coração o tempo que fui atleta da equipe, em especial ao Flávio Piuí, que me acompanhou nesta jornada. Parabéns pelos 30 anos e sucesso nos próximos 30 anos. 84


Masterson Felix “Magrão”, 45 anos, 33 de skate, Sp011 Sk8 Beer, São Paulo/SP Quando comecei a andar no final dos anos 80, eu só queria me divertir e não tinha muita ideia do que era competir e do mercado que rolava em volta do skate, mas aos poucos conheci pessoas, lugares e tudo foi se encaixando com o que eu queria para o restante de minha vida. Na época havia um mercado grande e com os ídolos do skate nacional perto, as marcas faziam questão de patrocinar skaters e eventos. A Narina marcou essa época junto com outras marcas nacionais que faziam o skate acontecer e com certeza teve uma grande influência na minha formação como skatista. Vê-la hoje em dia ainda em atividade é muito bom pois vejo que vão continuar dando um gás em nosso mercado e abrindo portas para os mais novos darem continuidade no que os olds fizeram lá atrás . Vida longa e muito skate para a marca, hoje e sempre.

Ary Machado, antigo UCR Rolamentos, São Paulo/SP É um grande prazer poder falar de um amigo que ganhei durante o tempo em que trabalhei no marketing da UCR Rolamentos: Gilberto da Narina. Foi desta maneira que o conheci, um jovem empreendedor muito respeitado por todos os skatistas e também pelo setor, fosse pelas lojas ou pelas outras marcas do segmento. O profissional que acreditava nas pessoas e entendia que tinham o que contribuir, e o fazia da melhor maneira investindo em todas as categorias do skate onde ele podia participar, mas principalmente na base, no início, onde o skatista geralmente não tem condição nenhuma. A visão de colaborar para que o skatista pudesse realizar o seu sonho era compartilhada de uma maneira muito simples, que contagiava quem estava junto. Assim como tantas empresas, de todos os segmentos, a Narina também sofreu com os percalços da vida econômica brasileira, e depois da sua “quebra” conheci um outro Gilberto, ainda mais determinado e decidido a virar a sua história. Ficou conosco como representante da UCR Rolamentos, levando e contribuindo com nossa marca e pouco a pouco liquidando suas pendências financeiras perante o mercado. Fico muito feliz hoje de saber do sucesso da Narina, de novo no mercado brasileiro. Parabéns, Gilberto, sua trajetória é um exemplo de que nunca podemos desistir de nossos sonhos, e tenho plena convicção que a Narina continuará sendo sucesso por muito tempo. Sucesso a você e seus filhos, que certamente continuarão esta exemplar história de fé.

Rubens Versolatto, 64 anos, Versolatto Assessoria Contábil, São Bernardo do Campo/SP 30 anos de serviços prestados e as dificuldades vencidas, respeito conquistados e o constante aprendizado. Agradeço à Narina Indústria e Comércio de Equipamentos Esportivos Ltda, por ter proporcionado o privilégio de atuar como contador durante esses 30 anos. Foi um tempo de muitas realizações na minha vida profissional e também de crescimento pessoal. Deixo aqui meus cumprimentos a todos, e em particular ao fundador Gilberto de Andrade. É um privilégio fazer parte desta família Narina. Quando penso nestes 30 anos de contador, tenho uma certeza: sou um profissional que faço o que amo, por isto procuro fazer sempre o melhor, e a Narina proporciona estas realizações. Obrigado por estes 30 anos de convivência.

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Devanir Salani, 55 anos, ABC Holding, São Paulo/SP Nesses últimos 19 anos de convivência com o Giba, encontrei nele uma pessoa sonhadora, desafiante, responsável, perseverante e vencedora. Digo isso, pois o resultado profissional que se vê hoje é fruto de suas qualidades pessoais que foram colocadas cada uma a seu tempo: pai, amigo, profissional e, por que não, sua resiliência. Junto de seu cunhado Cacio, tomaram de um sonho comum, juntaram suas experiências profissionais e trilharam um dos caminhos mais difíceis no Brasil que é ser empresário. Visto as dificuldades que passaram nas décadas de 1990/2000, a Narina sobreviveu a essas tantas situações difíceis como dissolução de sociedade, novos sócios controladores etc, porém superadas de forma honrosa por ele, tanto que hoje a marca continua forte e querida entre os praticantes e simpatizantes do skate. Sem a perseverança do Giba e de sua família que sempre o apoiou nos momentos difíceis, o sucesso que se vê hoje não teria acontecido. Hoje, após esses anos, o que posso declarar é que o exemplo dado por ele é que não devemos desistir do sonho, pois, as realizações e conquistas só acontecem depois de muito trabalho. Parabéns Giba e filhos pelo sucesso.

Cristiano Áfrico, 38 anos, 22 de skate, C.A Skateshoponline, Itaquaquecetuba/SP Tenho 12 anos como profissional e há muitos anos atrás, quando aprendi a gostar de skate e quando me interessei pelo esporte, via muitas marcas e muitas coisas relacionadas ao skate em São Paulo. O mercado de skate era complicado, tinha muita coisa legal no mercado americano e nossas peças nacionais caminhando na qualidade até que vi uma marca que todos usavam e todos gostavam: Narina Skateboard. Uma marca style com cores fortes e rodas coloridas e com desenhos que chamavam a atenção pelo visual e também por ser feita com material de primeira. Foi umas da pioneiras a fazer rodas com a mesma qualidade de material gringo e também umas das primeiras a investir em bons atletas e formar equipes! Foi através da Narina que pude conhecer vários atletas profissionais que atuam até hoje no mercado e ver a marca formando bons nomes até hoje. Parabéns Giba Narina por fazer a marca que até hoje dá continuidade ao nosso esporte!

Edson “Ed” Scander, 51 anos, 35 de skate, CBSK, São Paulo/SP Parabéns à Narina pelos seus 30 anos de vida! Lembro-me que na época em que morava em Londrina (PR) já me simpatizava pela marca. Um fato marcante naquele tempo, nos anos 80, foi quando comprei minhas rodas Narina TNT, que felicidade foi! Também o que dizer de uma marca que sempre investiu e acreditou no skate brasileiro? Grandes skatistas do Brasil fizeram ou fazem parte da equipe da Narina como o próprio Cacio Narina, fundador e que tenho a honra de ser seu amigo, Dalton Pig, Glauco Velloso, Nilton Urina, Adelmo Juninho, Renato Pulguinha, Giancarlo Naccarato, Denis Buiu, Denis Silva, Daniel Marques, Homero Moreschi, Vanderley Arame e tantos outros. Além disto foi uma marca que acreditou no Nordeste através do amigo Ilzeli Confessor. Alguns percalços aconteceram no meio do caminho em função de nossa economia, mas com determinação e muito trabalho, o Gilberto conseguiu sanar tudo da empresa e hoje junto com seus três filhos toca a Narina. Então é com muita satisfação que vejo a Narina completar 30 anos, algo que poucas marcas conseguiram alcançar no Brasil! Que venham mais 30 anos! 86


Marcelo Agra, 50 anos, 33 de skate, Magra Skates, Recife/PE A Narina teve uma grande importância no início da minha carreira como skatista. Eu lembro como se fosse ontem, há mais de 30 anos, quando recebi do meu grande amigo Ilzeli de Natal, uma cota de equipamentos e ouvi a frase que mudaria a minha vida: “Foi a Narina que mandou pra você!” Daí em diante passei a enxergar o skate de outra forma e pouco tempo depois me tornei o primeiro skatista profissional do Nordeste. É uma grande honra fazer parte da história dessa marca que revolucionou o skate nacional, fabricando equipamentos profissionais de proteção, skate bags, rodas, roupas etc, na época que só existiam importados caros e difíceis de achar. Além disso, era a marca que mais investia no skate nordestino elevando o nível de skatistas como Lúcio Mosquito, Adelmo Jr. entre muitos outros. Parabéns Narina pelos 30 anos de luta e dedicação pelo skate brasileiro. Muito obrigado por tudo!

Erick Bonilha (Adidas/Dozape), 42 anos, 30 de skate, São Paulo/SP A primeira vez em que eu ouvi falar na marca Narina foi em 1988, através do meu primo Fábio Nanico, um dos melhores skatistas de São Miguel na época. Ele trabalhava como office-boy na Rua São Bento e sempre trazia as novidades do skate. Lembro-me de quando ele chegou na vila com o modelo de roda Narina Animal, a melhor roda nacional da época. Isso marcou muito a minha vida, pois eu era uma criança de 12 anos. A Narina foi referência para toda aquela molecada da época, juntamente com outras marcas como Lifestyle e Urgh, entre outras. Hoje eu vejo a Narina como uma marca clássica, mas atuando como uma moderna marca autêntica skateboard. Tenho o maior respeito pela Narina, pois marcou a minha infância. Sempre que vejo a marca isso me traz ótimas lembranças, me faz reviver um pouco dos anos 80. Quero agradecer ao Giba e parabenizálo pelos 30 anos de uma das marcas mais legais e tradicionais do skate brasileiro.

Wesley Cardoso “Gelol”, 30 anos, Barcelona/Espanha Narina é uma marca que sempre fez pelo skate. Desde os tempos dos vídeos Chiclé me chamava atenção e eu curtia muito os comerciais no vídeo. Depois de um tempo tive a oportunidade de fazer parte da equipe. O respeito que tratam o skate e o skatista lá dentro não se acha em qualquer lugar! Muito obrigado, Narina Skate, pelos anos que vivi lá dentro!

Giba Cossia, 56 anos, 44 de skate, São Bernardo do Campo/SP Meu contato com a Narina se deu de uma maneira super saudável, tinha contato direto com o Gilberto e o Cacio. Na época da fundação da ASSBC (Associação de Skate de São Bernardo do Campo) já andava com o Cacio e ele começou a sociedade com o Gilberto. Logo houve um contato profissional, pois atuava na área de informática e fornecia para a Narina. Através de nossa amizade, tinha um esquema de apoio, quando necessitava de material para usar e fui muito ajudado por eles. Tenho muita gratidão e respeito por ambos. Quanto aos produtos, só tenho elogios, pois tinha um verdadeiro skatista à frente da marca, isso fazia a diferença. Ótimos produtos, com qualidade e inovação constante. 87


João Luiz Germani “John”, 65 anos, 31 de skt, John Skates, São Bernardo do Campo/SP Estou no skate desde 1988 e desde esse tempo venho trabalhando para ajudar o skate a crescer no Brasil. A verdade é uma só: o skate se desenvolveu muito até agora, com atletas brasileiros ganhando vários campeonatos pelo mundo afora. Mas vou falar de uma marca que ajudou muito o skate a se desenvolver desde a minha época e que é a Narina, que tinha entre seus vários produtos as rodas série “Animal”, as joelheiras e cotoveleiras, camisetas, calças e bermudas. Marca que tinha atletas patrocinados já naquela época. Houve uma fase em que a Narina teve problemas financeiros e que balançou como todo mundo que estava no skate e sofreu um pouco com o mercado, já que o pessoal não botava muita fé no skate. Só que hoje as coisas mudaram, teremos até o skate nas Olimpíadas. Nesse pequeno depoimento que dou para a marca digo a vocês que hoje forneço lixas para a Narina, orgulhosamente fazendo parte dos fornecedores da marca.

Decio Luciano de Oliveira Mendes “Kid”, 54 anos, 40 de skate, Kid Skateboards, São Vicente/SP Skate sempre foi muito extremo, algo que quando praticávamos, poderíamos estar realmente em algumas situações a correr riscos. Nós, como skatistas profissionais, procurávamos sempre proteção para a hora dos treinos, principalmente, e quando pensávamos nisso, lembrávamos muito da marca Narina. Sinônimo de segurança e experiência pelo fato de ser um equipamento feito por verdadeiros skatistas. Esta é a diferença e por este motivo com o tempo se tornou tradição no meio dos skaters reais. Eu usei por diversas vezes seus equipamentos, pela segurança e tradição que acompanhava e ainda acompanha a Narina. Muito obrigado pela participação em nosso esporte tão amado, vocês deram uma nova visão para os skaters pioneiros como eu fui. Obrigado.

Sergio Bellinetti, 54 anos, 44 de skate, Crail Trucks, São Paulo/SP “Quando vejo ou ouço alguma coisa sobre a Narina, a primeira pessoa que tenho em mente é o Cacio. Em seguida eu vejo dedicação e uma super dose de DIY (do it yourself) porque começar um negócio do zero, 30 anos atrás e ainda no skateboard era tarefa para quem amava e acreditava que ele poderia vir a ser um negócio algum dia. Na sequência do meu pensamento, tem a coisa da visão intuitiva que é característica de alguns poucos skatistas daquela época que se tornaram desbravadores de mercado e, por fim, eu vejo a colaboração fundamental do Giba que tinha uma bagagem profissional maior e transformou o amor, a curiosidade e a visão do Cacio em negócio. Um negócio que teve lá os seus altos e baixos, seus conflitos, seus amores e dissabores como todo e qualquer negócio tem, mas que de alguma maneira vem tentando se manter fiel ao propósito inicial de espalhar a palavra do skateboarding e levar segurança para o skatista evoluir no vert, nas transições. Isso é o que eu acredito que o Cacio mais queria quando idealizou a Narina e pra ela emprestou o seu nickname… Coisa séria isso! Eu vejo no Gilberto um profissional dedicado e responsável que pode até ter tomado algum atalho errado na caminhada com a marca, mas que sabe e reconhece a importância do propósito dela e reflete isso à frente da Narina atualmente. O Cacio já trabalhou comigo; tive o prazer de dividir incontáveis horas ao lado dele. É um brother firmeza mesmo, tenho carinho enorme por ele. É um cara comprometido e um skatista natural que merece todo respeito e reconhecimento pela marca que criou e pelo que ainda faz no cenário do skateboard. Sucesso, sorte e longa vida para os dois e pra Narina.” 88


Ulisses Muricy, 44 anos, 33 de skate, Roosevelt Skateshop, São Paulo/SP Por volta de 88/89 a Associação de Skate de São Miguel Paulista (ASSM) fez um campeonato amador onde pude participar no clube Seme na Curuçá Velha onde tínhamos construído uma pista junto com o Rubens da Action Now. Nesse dia o campeonato bombou, vários skatistas locais e da região foram, público grande, sol, dia lindo! Dei minhas voltas e como era local, a torcida estava do meu lado incentivando e tudo mais, muita vibe. Ao fim do campeonato não ganhei, mas devo ter ficado em segundo ou terceiro, mas mesmo assim todo mundo aplaudiu. Aí, do nada, apareceu o Giba. Eu não o conhecia, mas chegou perguntando se eu tinha patrocínio e se eu queria fazer parte da equipe da Narina. Na época a marca era muito foda, era de ponta. Pois bem, marcamos um dia para ir no escritório e quando cheguei na Narina o Giba me atendeu, conversamos, fomos até o estoque e ele disse: pega aquele carrinho e enche. Eu pensei “nossa vou fazer a boa”. Meio tímido, peguei calça, bermuda, pochete, rodas Narina Animal, boné, duas camisetas e, beleza, tava bom. Quando o Giba viu perguntou: “o que é isso?”. Eu respondi: “o que preciso!”. Ele falou de novo: “pode encher esse carrinho!”, e foi o que fiz. Saí de lá com duas malas cheias de produtos. Depois disso fui mais duas vezes e não fui mais porque tinha estudos em tempo integral. O mais importante foi o que ele fez por mim no momento, no meu começo; mostrou que eu poderia estar andando de skate como ando até hoje! Enfim, depois disso minha vida se transformou e comecei a trabalhar no mercado de skate. Sou skatista lifestyle há 33 anos, representante comercial do mercado de skate e action sports e tenho o Giba como exemplo de profissional e dono de marca. Agradeço a possibilidade de contar minha história com a Narina. Só tenho a agradecer ao Giba, uma pessoa do bem, iluminada, e espero que a Narina tenha muitos e muitos anos de vida. Obrigado.

Marcelo Chibaba, Space Skateshop, Suzano/SP Me lembro que quando comecei a andar de skate, via muito revistas como Overall, Skatin e Yeah!. Nessa época não existiam meios de comunicação digital, como computador, internet e celular. Era muito bom viajar em uma revista de papel! Enfim, me lembro que em 1989 a Narina lançou rodas excelentes e com anúncios irados da série “Animal” com os atletas monstros da época. Me lembro da equipe Narina da década de 80 como se fosse ontem, com os skatistas profissionais Glauco, Dalton Pig, Lemuel Dinho e o Narina, e skatistas amadores como o Biano Bianchin, Nilton Neves, que ainda eram crianças usando Narina. Nos anos 90, quem eu via se destacar na Narina eram os atletas Adelmo Junior, Vanderley Arame e Denis Favela. A marca sempre fortaleceu com o meio e hoje como lojista posso constatar que continua fortalecendo o skate nacional. Que venham muitos outros anos de história. Parabéns, Narina!

Marco Aurelio Jeff, 50 anos, 40 de skate, São Bernardo do Campo/SP Agradecimentos à Narina, por seus mais de 30 anos dedicados ao skateboard, trazendo material de qualidade. Eu que tive uma vasta experiência junto da Narina, pois na minha adolescência eu tive apoio com seus equipamentos e tudo com referência pros skatistas. Então fico muito agradecido à marca e feliz por vê-la atravessar três décadas de dedicação ao skate!

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Leone Creazzo, 66 anos, 43 de skate, Six Trucks, Tracker, São Paulo/SP Giba, foi um grande prazer conhecê-lo há aproximadamente 32 anos, quando ambos começamos nossa história na industrialização de produtos diversos do skate. Nosso primeiro contato foi em um campeonato que o Rogério Antigo realizou no Colégio Levy, pela extinta marca Brand-X. Ali me deparei com uma pessoa aguerrida pronta a vencer, pois você estava vendendo seus produtos em uma bancada improvisada de caixotes. Seguimos rumo à regulamentação do skate para que se transformasse em um esporte de verdade. Fundamos juntos a USE (União dos Empresários e Skatistas e logo em seguida fundamos juntos a UBS (União Brasileira de Skate). Foram muitas, mas muitas mesmo, reuniões em uma casa alugada por nós (em seu nome), onde nos reuníamos periodicamente todas as quartas feiras. Conseguimos juntos realizar em 1989 uma das etapas do primeiro Circuito Profissional de Skate do Brasil. Nos custou muitas dívidas, mas conseguimos realizar uma etapa em Pirassununga. Gastamos muita energia e ambos deixamos que a UBS continuar seu rumo. Obrigado, Giba, por ser essa pessoa incrível, prestativa, honesta que tanto me orgulho te ter encontrado na minha caminhada. Falou, titio! Creio que é mais ou menos isso: parabéns para nós!

Fabio Henrique Britto Araujo Bolota, 53 anos, 33 de skate, Ação Concreta, São Paulo/SP No Brasil, principalmente no mercado do skate, uma empresa ou determinada marca que alcança a longevidade de existir (talvez a palavra “sobreviver” seja a mais adequada) por mais de uma, duas ou até três décadas, é chamada de guerreira. Muitas vezes, essa palavra soa um pouco pejorativa, mas o fato é que em um país onde estatisticamente a grande maioria das empresas não sobrevive mais que cinco anos, o termo certo, deveria ser “vitoriosa”! Com isso, vejo a Narina, como uma marca vitoriosa por atravessar esses 30 anos e continuar com suas portas abertas... Não é fácil, mas não impossível e assim, está aí até hoje, desafiando as estatísticas do mercado e das empresas brasileiras. Esse desafio, potencializa, quando a marca não é constituída na grande capital, mas que por mérito, a cidade de São Bernardo do Campo, de onde é originária, foi responsável pela sobrevivência do skate no início dos anos 80, quando uma das únicas opções pra se andar de skate na modalidade vertical, era a pista da Wave Cat e a pista pública do Paço Municipal. Isso fez com que a região do ABC se tornasse um grande pólo do skate nacional e resultou no surgimento de diversos skatistas de qualidade. Com esse cenário, fomentou o surgimento de diversas marcas, entre elas, a Narina no final dos anos 80. Como particularmente, eu participava de campeonatos e tinha patrocínios, sempre soube da importância que uma marca fazia na evolução, aprimoramento e desenvolvimento do mercado do skate como um todo. Essa visão potencializou ainda mais, quando ajudei a criar e lançar a primeira revista de skate dos anos 80, a Overall Skate Mag (Editora Trip) em 1985 e era fundamental que marcas existissem investindo no cenário do esporte e estilo de vida, tanto nas equipes, quanto patrocinando campeonatos e as mídias existentes. A Narina agregou muito no fortalecimento ao skate nesses ítens desde o seu surgimento e vale ressaltar ainda mais, que foi algumas das poucas marcas nacionais que não utilizou da facilidade de pegar sem autorização o nome de uma grife americana, prática essa que foi muito comum nos início dos anos 80. Uma marca não é um conceito fácil de se definir. Para os profissionais de marketing, o estabelecimento de uma marca é a arte e a essência da entrega de valor. Assim, parabéns a Narina e sua contribuição ao skate nacional e mundial!

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FLÁVIO NASCIMETO

Alvaro Codevilla Goffi, 56 anos, 42 de skate, natural de Montevideo, Uruguai, responsável pela ASSBC desde 1987 Primeiramente felicitações pelos 30 anos da Narina. Gilberto com sua perseverança e coragem manteve essa chama acesa como empresa consolidada, possuidora de nome, know-how e história. Quando o skate virou coisa séria eu já andava de skate há quase dez anos. Foram anos incríveis, muitas ladeiras, free style e muitas rampas de madeira. Éramos de São Bernardo do Campo e em 1979 a primeira geração do skate era dividida em cinco grupos diferentes, os quais intitulavam-se Turma da Funerária, Rudge City, Silence Skateboard, Ventura Ramp e Wave Cat. Essas turmas disputavam o skate entre si, e como toda guerra gera evolução e possui seguidores, cada um naquela época fazia o que podia. Em 1981 apareceu a primeira pista pública de São Bernardo; foi ali onde conheci o Cacio (Narina), Ricardo (Joe), Amauri (Sonso) e o Steve. Eles já eram a segunda geração do skate de São Bernardo, provindos dos Ventura Ramp. Esses amigos tinham algo em comum, era algo que tinha que acontecer, eles tinham a modelagem e a costura como coisas que cada um podia fazer na sua vida de skatista. O Joe fazia seus próprios tênis e o Cacio fazia suas joelheiras, entre outras coisas. Passado um tempo, Gilberto, cunhado do Narina, se juntou à equipe. Como Associação de Skate de São Bernardo do Campo, só tenho a parabenizá-los pela longa jornada em conjunto. Foram quase 20 anos de campeonatos nos quais a Narina nunca esteve ausente. A Narina foi responsável por sempre apoiar e patrocinar importantes skatistas do cenário nacional. A família Narina cresceu e o skate se solidificou em São Bernardo. Parabéns, Gilberto, por ter superado as rudezas de um capitalismo selvagem.

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Falar sobre a Narina é falar sobre as marcas raízes do cenário nacional, as quais ainda acreditam no nosso esporte. Cacio Narina, juntou sua dedicação e habilidade em desenvolver novos produtos e apoio ao esporte com a dinâmica profissional do Gilberto. Os dois fizeram desta marca um dos maiores nomes do Brasil, conquistando um espaço nestes mais de 30 anos que marcaram a história do skate. Como skatista, posso falar sobre a qualidade dos equipamentos de segurança, joelheiras e cotoveleiras inigualáveis e as rodas animais, estes produtos entre outros se destacaram na história do skate nacional, aliando-se a grandes atletas e investindo no esporte. Entre altos e baixos que vivemos neste período, a marca Narina permanece no cenário até hoje. Tivemos uma parceria por décadas, como empresas e amigos. Parabéns, Narina pela dedicação e profissionalismo ao esporte. Forte abraço aos meus dois grandes irmãos, Narina e Giba.

Jorge Kuge, 56 anos, 44 de skate, Urgh Skates, Jacareí/SP A Narina é uma das poucas marcas dos 80 originalmente de skatistas, nascida numa época que nem existiam muitos produtos, lojas ou pistas de skate, acreditando na evolução, fortalecendo as bases do skate brasileiro. O tempo sempre mantém aqueles que são relevantes. Parabéns Narina, Gilberto e equipe pelos 30 anos!

Júlio César Gentil da Cruz Detefon, 42 anos, 27 de skate, CBSK Minha história do skate tem capítulos importantes com relação à Narina. Nascido em uma família onde dois dos meus tios são desenhistas, também puxei um pouco para esse lado e como um fã das marcas de skate que marcaram meu início neste mundo incrível, aprendi a desenhar alguns logos. Para citar um exemplo, a H-Street por causa do vídeo Hokus Pokus. Além de outras marcas, o logo mais legal de se fazer era o da Narina. Por conta disso, acabei até mesmo pintando logotipos, primeiro na parede do meu quarto e em seguida em rampas de skate. Lembro de ter desenhado o da Narina na extinta pista Toca do Mosquito em troca de andar de graça. Essa permuta me proporcionou andar de skate praticamente todos os dias, ajudando muito em minha evolução na época de iniciante. Se eu já era fã da marca, imagina ter duas grandes referências de skatistas como Lucio Mosquito e Adelmo Jr, na época o nosso Juninho ET, ambos no time da Narina. Ídolos que que se tornaram meus amigos, irmãos que o skate me deu até hoje. Lembro das bermudas de moletom com o logo da Narina grande; eu ganhei uma usada e não tirava para nada! Até andava sozinha de tanto que eu gostava. Meio que me sentia como o Mosquito e Adelmo. Isso me motivou muito e sempre fui agradecido e feliz por saber que meus amigos tinham patrocínio de uma marca tão importante. Para mim as marcas eram a Narina, Urgh, Rude Boy e Lifestyle. Elas marcaram meu início no mundo do skate. Muito feliz em saber que lá se vão 30 anos (agora 33) de história e com gás para muitos outros que ainda estão por vir, muitos novos capítulos de uma marca que merece todo nosso respeito e gratidão. Obrigado por me proporcionar fazer parte dessa história! 92

ARQUIVO PESSOAL

Osmar Ramos Fossa, 58 anos, 45 de skate, Kranio Skates, Atibaia/SP


Julio Cesar Vasconcelos Feio, 40 anos, 30 de skate, Narina, Rio de Janeiro/RJ

EDUARDO BRAZ

A Narina foi fundada em 1986 e eu comecei a andar de skate entre 88 e 89. Quando eu comecei a ter contato com o mundo do skate, com as revistas especializadas, os vídeos de skate nacionais, eu vi que existia uma marca chamada Narina, assim como diversas outras. Percebi que a Narina incentivava bastante o skate, tinha vários atletas patrocinados e estes caras andavam bastante. Ver bons skatistas com a marca associada a eles faz você achá-la muito style, né? Logo a Narina lançou as rodas TNT e a linha Animal. Foi a primeira vez que eu vi na minha vida rodas bicolores, ou seja, a metade preta e a metade branca e isso, pra mim, era uma questão de estilo. Era totalmente diferente, brasileira e com um estilo muito forte. Aquilo ali virou uma febre, todo mundo queria ter, então eu peguei um jogo destes e fui andar. Isso aí bem no começo da minha vida de skatista, no início dos 90. A Narina está no mercado desde 86, sempre presente nos campeonatos, sempre apoiando os skatistas, sempre envolvida com tudo relacionado a skate e atualmente com umas roupas muito style. A marca tem uma história e está sempre fomentando o esporte e o mercado. Eu considerava seu estilo muito legal e gosto de associar a marca à minha pessoa, então eu visto a Narina com felicidade. Desejo que a marca continue crescendo e vendendo bastante no Brasil inteiro, porque a galera do skate tem que ajudar quem ajudou e quem continua ajudando até hoje. Skate sempre.

Sandro Dias, Sandro Dias, 44 anos, 34 de skate, Dual Footwear, Santo André/SP A minha relação com a Narina começou muito cedo; foi um dos meus primeiros patrocinadores. Logo na minha infância, no meu início de carreira no skate foi muito importante pra mim, por algumas marcas verem a Narina me patrocinando, me apoiando de alguma forma. Eu lembro que (da Narina) foi um dos primeiros salários que eu tive no skate. Ganhava, sei lá, um valor numa sigla que eu não lembro direito o nome (URV?), o equivalente a uns 300 reais hoje em dia, o que já era uma ajuda muito boa, além de me darem todo o material de segurança. Era uma marca que todo mundo gostava e gosta até hoje. Tem um nome tremendo. É uma marca muito bacana e tem uma bela de uma história e no início da minha carreira foi uma das que acreditaram no meu potencial, no meu skate, numa criança que estava começando a andar. Eu sou muito grato a tudo que eles fizeram por mim no passado e feliz de ver que continuam no mercado. Enfim, eu torço por eles pra caramba. Gosto muito do Gilberto, mas na época em que me patrocinavam ainda era o Cacio e ele e foi uma história muito bacana lá atrás. Usei por muitos e muitos anos Narina.

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RAFAEL MURADOR

Flávio Nascimento, lien mellon, tribanks, SBC

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EXPEDIENTE NARINA 30 ANOS – UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO Por: Gilberto de Andrade Pesquisa e redação: Gilberto Antônio Silva Edição: Cesar Gyrão Diagramação: Edilson Kato Fotos: Allan Carvalho, Flávio Nascimento, Heverton Ribeiro, Rafael Murador, Julio Detefon///Livro A Onda Dura: Shin Shikuma, Fernando Moraes, Petronio Vilela, Nilton Barbosa, Roberto Price, Jair Borelli, Daniel Bourqui/// Livros Independent 25 Years, Thrasher 25 Years e Skateboarding Vancouver Museum (Skull Skates): Kevin Tatcher, Brice Kanights, Ted Terrebone, Folmer, Morizen Foche, Warren Bolster Agradecimentos Ao Serginho, proprietário da Crail Trucks, ao Ciro, proprietário da Tecpolimer que fabrica as rodas Moska e ao Mário, fabricante de shapes, que tiveram a paciência de esperar alguns anos para que eu pudesse fazer o acerto de pendências da Narina na terceirização de seus produtos. Sinésio, proprietário da empresa de poliuretano Hausthene, que lançou a primeira roda fundida no Brasil, rajada, série Animal (multicores). Um agradecimento especial ao meu ex-sócio Cacio Narina, que me colocou no mercado de skate onde tive a oportunidade de conhecer, vivenciar, viajar e aprender com os eventos de skate. Aos muitos amigos que conquistei ao longo destes anos: Toshiro, Rogerio Mancha, Spirro, Beto Alva, Rubens Action Now, Sandro Froner, Rogério (ex Gobby), George Rotatóri, Marcelo e Mauricio Campos “gêmeos da Slide, Banzai, Hélio Greco, Ronaldo Pobreza. Aos atletas que fizeram parte da Narina como Glauco R. Veloso, Nilton Neves, Aron Marcel e tantos outros. E a todos que deveriam aparecer aqui mas que escapam de minha memória no momento, mas não de meu coração. Muito obrigado. Giba Narina

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2019 - Mais Agradecimentos: (A) Adailton Cush, Adriano Mateiro (Manifesto Skatepark), Adriano Vieira, Alberto Turco Loco, Alexandre Brownzinho, Alexandre Gato, Alexandre Lira, Alexandre Sobral, Alexandre Vianna, Alexandre Zikkzira, Alvaro Porquê, Alysson Ossada, Anderson Tuca, André Aranha, André Boy, André Hosoi, André Skilo, Annibal Neto, (B) Beto Alva, Beto Alves, Biano Bianchin, Bidy Intruder, Binho Sakamoto, Bruno Araujo, (C) Cae Almeida, Calderon, Carlos “Baseado” Nascimento, Carlos Magno, Carlos Minhoka, Carlos Sabiá, Cesar Cebola, Claudinei Bio, Cesinha Chaves, Claudio Sêcco, Cleber Evangelista, Clebson Cofox, Clenio, Cleo Costa, Cris Fernandes (BSC Skatepark), Cristian Crisão, Cristiano Indinho, Cristiano Mateus, (D) Dan Cezar, Daniel Bourqui, Daniel Mendes (Bowlhouse), Davison Bob, Diego e Diogo Gema, Diego Repolho, Dinho Negrão, Dino MG, Duda Chiclé Vídeos, (E) Edgard Vovô, Ed Gralha, Eder Botelho, Eduardo Braz, Eduardo Brutus, Eduardo Drop Dead, Edu Tchintcha, Elias Lauriano, Erick Guedes, Ernani Tai Tai, (F) Fabio Calaza, Fabio Castilho, Fabio Cristiano, Fábio Galinha, Fabio Leal, Fabio Schumacher, Fabio Sleiman, Fabricio Ferreira, Fabricio Gota, Fabrizio Cara de Sapo, Família Yuppie, Ferbson Brito, Fernando Galinha (in memorian), Fernando Juruna, Fernando Moraes, (G) George Hato, Geninho Amaral, Gê Ratosburguer, Giba Monta, Guilherme Tremante (É o Grito Skatepark), Gustavo Sorriso, Guto Jimenez, G. Vergueiro, (H) Hamilton Osso, Helder Zucatelli Zhel, Helio Greco, Herbert Kiss, (I) Ilton Junior, Irmãos Cana, (J) Jackson Cleber, James Bigo, Jair Borelli, Jefferson Albuquerque, João Amin, Jodir Damasio, Jonas Carneiro, Jorge Joca, José Maria, José Pompeu Dé Sims, José JR, Julio Branco, Junior Dekton, (K) Kao Tai, Kiko Codina, (L) Leandro Figueiró, Lecuk Ishida, Leo Fernandes, Lincoln Ueda, Lucas Costa, Lucio Flavio de Lima, Luis Roberto Formiga, (M) Mailton dos Santos, Marcelo Barnero, Marcelo Índio, Marcelo Just, Marcio Pontes, Marcio Tanabe (Skate City Skatepark), Marcio Tarobinha, Marco Cruz, Marco Maguila, Marcos Fracchetta, Marck, Marcus Cida, Mario Hermani, Mario Marques, Marquinhos Fast Plant, Massau, Mauricio Cebola, Mitsuo, Monica Polistchuk, (N) Nando, Natanael Rodrigues, (O) Oliver Bráz, Osmar e Oscar Lattuca, (P) Paçoca, Patrick Mazzuchini, Paulo Bassi, Paulo Galera, Paulo Kamisa, Paulo Nobre, Per Canguru, Pepeu, Petrônio Vilela, Plinio Higuti, (R) Rafael Sevilha, Ragueb Rogerio, Ramon 40”, Reginaldo Tomitake, Renatinha Paschini, Renato Taroba, Ricardo Mikuin, Ricardo Porva, Ricardo Tomate, Ricardo Tossi, Roberto Maçaneiro, Roberto Maldonado, Roberto Tatto, Robson Reco, Rodney Shock, Rodrigo Bigo, Rodrigo Kbça, Rodrigo Maluf, Rodrigo Nunes, Rodrigo (R2 Skatepark), Rodrigo Rosales, Rogerio Troy, Roger Tilskater, Rodrigo Guga, Rodrigo Leal, Rodrigo Xixo, Rogerio Antigo, Rogerio Lalau, Romulo Pereira, Ronaldo Dog House, Ronaldo Pobreza, Rudinaldo Garofalli, (S) Sandro Sobral, Sandro Tesser, Sergio Negão, Sergio Roque, Shin Shikuma, Sidney Simão, Silas Ribeiro, (T) Tadeu Ferreira, Thronn, Tioliba, Tiago Cristian, Tom Deal, Toninho Terrysol, (V) Vavá Freguesia, Victoria Bassi, Vitor Sagaz, (W) Wagner Cegão, Wagner Preto, Waguinho Profeta, Wanderley Mendes, Wellington Tom, Wendell Junkies, Wilson Ito, Wilson Neguinho, (Y) Yuji Kuge. Especial à Família Freeday, através do Sr. Freitas, Daniel e Felipe.

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desde 1986

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