2 minute read

42. Herdeira da compaixão

42 Herdeira da compaixão

“Bem-aventurados os humildes de [em] espírito, porque deles é o reino dos céus”. Mt 5:3

Advertisement

Tita, a menina de tranças e fitas

Na tenra idade, Bel aprendeu a ler e a escrever não por si próprio. Nem tampouco involuntariamente, é claro! Para isso teve exemplos de Branca Alves de Lima (19112001), nos primeiros passos da cartilha Caminho Suave. E ainda, sendo o caçulo da casa e privilegiado pela irmã que frequentava a mesma escola e que era muito aplicada nos estudos, aprendeu com a Tita o básico. No ambiente familiar, entremeio de tanta virilidade (ela era a única filha entre cinco irmãos homens) não deveria ser fácil Tita manter sua delicadeza e feminilidade. Suas amigas vizinhas companheiras de despertamento e de segredos juvenis, entre elas Nininha (filha de seu Niquim) e Irene (filha de seu José), compensavam a liberdade e a expressão essenciais a alguém por florescer. Cabelos que nunca conheceram uma tesoura se estendiam pela sua cintura delgada. Negros e cuidadosamente penteados, com tranças repartidos, quase sempre adornados com fitas de cetim. A compostura pessoal e o arranjo de seu vestido e adereços eram impecáveis. - A menina de tranças e fitas com sorriso contido e pintinhas no rosto era finesse, e bonita! (à direita da foto abaixo) Antes mesmo de formada, já no corte e costura empregava seu talento promissor: desenhava, modelava e formas criativas na costura davam ao tecido que suas mãos talentosas cortaram. Já na idade adulta, na atenção especial com a mãe, apoiando o pai, respeitando os irmãos, amando os filhos e o marido, com todos sempre manteve espontânea afeição. Excedia os cuidados com todos aqueles com quem se relacionava. Sempre hospitaleira, bem recebia quem em casa chegava: podia ser um desconhecido ou um parente distante, ao vizinho idoso ou à amiga constante. Cumprimentava com um sincero e cativante sorriso, acolhedor abraço e palavras de incentivo. E todos reconheciam e retribuíam o que dela recebiam. Pois ela cumpria, em espontâneo, valoroso mandamento: “amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Lv 19:18 Hoje, não mais a chamariam por seu apelido: Tita. Aliás, ao longo da vida as pessoas trocam de nome ou apelido, em função dos papéis que desempenham e do contexto em que se encontram. Entretanto, esse era o seu chamamento em família: Tita! Há pessoas notadas pela aparência exterior e há aquelas outras notáveis pela compleição interior, da alma, cujo temperamento é acurado graças à prática da compaixão. Esta é a índole da Tita: ‘um sentimento piedoso e participação espiritual na infelicidade alheia, um impulso altruísta de ternura para com o outro sofredor’. Herdara de D. Conceição, exemplo de caridade e compaixão, esses sentimentos que levaria por toda a sua vida na busca por amenizar as mazelas do próximo (ou distante), seu semelhante: “Ao aflito deve o amigo mostrar compaixão…” Jó 6:14 A Tita de outrora é hoje uma vovó senhora na expressão serena da menina que fora. Pela vida bem-aventurada, na paz da sua morada na alpina vila, ainda desfruta o bem das suas muitas sementes plantadas e granjeadas em santidade e graça.

João Antônio, o bonachão Antônia Neusa, Miguel, Bel e Tita (Neuza Maria)

This article is from: