Para ibri, equipes são mais sobrecarregadas no brasil

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26/11/2015 ­ 05:00

Para Ibri, equipes são mais sobrecarregadas no Brasil Por Beatriz Cutait

Karen, do BNY: busca de empresas locais por investidores socialmente responsáveis está atrelada a foco no longo prazo

Se de um lado o orçamento e o tamanho das equipes são maiores, de outro, as atribuições se multiplicam. Pelo menos é essa a visão apresentada pelo presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), Geraldo Soares, sobre os departamentos de RIs no Brasil. Segundo ele, as equipes assumem papéis diversos no país principalmente em relação ao mercado mais desenvolvido, o americano, assumindo funções que vão além do atendimento a investidores, com a elaboração de relatórios para órgãos reguladores, formulários de referência, coordenação de programas de American Depositary Receipts (ADRs, recibos de ações de empresas estrangeiras negociadas nos EUA), dentre outros. E o próprio tamanho dos orçamentos justifica a necessidade de as áreas brasileiras assumirem mais tarefas que no exterior. "Não temos uma cultura de investimento, então o esforço do profissional é muito maior se compararmos com Estados Unidos, Canadá e Europa. Sobra para o RI fazer o papel mais básico de educação financeira", afirma. O presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), Mauro Cunha, defende que o escopo de atuação do RI deve ser de fato mais amplo. "Ele não deve ser encarado simplesmente como uma interface da companhia com investidores financeiros. É uma visão até um pouco preconceituosa de que o dono é controlador e que o acionista é outra coisa. O investidor é dono", diz. "Ele tem direito a voto, pode influenciar na companhia, e o RI é o canal para isso." Geraldo Colonhezi, diretor de operações da MZ Group, que presta consultoria para empresas na área de RI, avalia que o mercado brasileiro está mais maduro, com departamentos dedicados e equipes especializadas. "Depois do boom dos IPOs, muitas empresas não tinham RIs. O mercado foi amadurecendo e hoje a companhia faz a consultoria na área de legislação, de novos produtos, como se comunicar melhor, como fazer um road show. As empresas nos procuram para um pacote de serviços", conta. Em sua avaliação, uma das principais diferenças dos profissionais de RIs do Brasil diz respeito à necessidade de viajar mais para ter contato com investidores, justamente porque o mercado de capitais do país não é tão forte e padece de falta de liquidez. A busca principalmente por estrangeiros precisa ser mais ativa. "Nosso departamento


sempre vai ter que estar com a mala na mão e apresentando a empresa para fundos estrangeiros", observa Colonhezi, que diferencia o caso de companhias estrangeiras. "Lá fora, o papel do RI é fazer relacionamento, a empresa já tem liquidez e quer manter a base e deixá­la feliz." Karen Bodner, especialista sênior de mercados de capitais da equipe de consultoria do BNY Mellon para RI, chama atenção para o fato de as companhias brasileiras se mostrarem mais focadas em buscar investidores socialmente responsáveis e/ou preocupados com questões ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) que seus pares globais. E o racional por trás disso, aponta, está em buscar investidores de longo prazo. Um total de 67% dos entrevistados do Brasil utilizou esse argumento para justificar a abordagem desse tipo de investidor. Em relação à visão mais crítica das empresas brasileiras sobre a cobertura do "sell­side", Colonhezi, da MZ, assinala que as áreas de análise estão cada vez mais enxutas, com profissionais mais sobrecarregados e cobrados para acertar especialmente no curto prazo. Soares, do Ibri, tem visão semelhante e enfatiza que a menor cobertura reduz a visibilidade das ações e provoca perda de liquidez das empresas no médio prazo, o que remete ao objetivo principal das equipes de RI do Brasil atualmente. Mais crítico, Cunha destaca que eventuais erros de cobertura de analistas são uma declaração de incompetência das empresas. "Se o analista não está fazendo a conta direito, a companhia não está passando a informação corretamente. E acho que há um pouco de confiança excessiva sobre saber o quanto o negócio vale", comenta.


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