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A ESTREIA DA COLUNA DE JULIANA WOSGRAUS GUGA E ROLAND GARROS, 20 ANOS DEPOIS AS MELHORES FESTAS DA CIDADE






6 editorial

foto Laura Sacchetti

A ILHA EM REVISTA

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eguindo firme na missão de trazer informação diferenciada e de qualidade, esta edição da Mural traz na capa a inteligência e doçura de Maria Cecília Vieira Boabaid May, filha de Jeanne Vieira e Guido Boabaid May. Aos 19 anos, Cecília acaba de voltar de uma temporada de estudos em Cambridge, na Inglaterra, e atualmente vive mergulhada nos livros que a ajudam a se preparar para o vestibular no final do ano. Vestindo Ninevi, a marca da estilista Nilma Vieira, Cecília posou com desenvoltura para o ensaio que começa na página 18. A Mural se orgulha em anunciar que a partir de agora Juliana Wosgraus passa assinar uma coluna com informações privilegiadas sobre as pessoas que colocam Floripa no mapa das capitais mais legais e badaladas do planeta. Seja muito bem-vinda, Juliana. Urbano Salles traz uma entrevista deliciosa com Lúcia Prazeres, a agitadíssima fundadora da lendária delicatessen Vício da Gula. Lúcia conta histórias de bastidores das festas e grandes eventos que ela atualmente produz, com estrondoso sucesso. Urbaninho também foi a Canasvieiras conhecer o refúgio dos De Vincenzi, uma das mais tradicionais e hospitaleiras famílias do estado. Olavo Moraes emplaca três matérias neste número: uma abrangente retrospectiva sobre os 20 anos do primeiro título de Guga Kuerten em Roland Garros e duas reportagens sobre os costumes, as paisagens e a gastronomia da Serra Catarinense. Marcus Heise, que sempre nos deixa com água na boca com a seção Comer & Beber, foi conhecer os frutos do mar defumados que o bancário aposentado Júlio Cavalheiro está produzindo em Santo Antônio de Lisboa e que tem encantado os paladares mais exigentes. Monique Vandresen voou até Nova Iorque, Barcelona e Madrid e mostra, na seção Mochilão, os encantos dessas três cidades cosmopolitas de rica cultura e arquitetura. Tudo lindamente fotografado pelo craque Claudio Brandão, seu companheiro de vida e de viagens.

Em quadriciclos potentes, os Cobaias Radicais encararam uma trilha motorizada pelo morro da Praia Brava. Monitorados pelo Mosquito e sua equipe da OVNI, que além de voos de parapente tem se especializado em outros esportes de aventura, os Cobaias comeram fruta direto do pé e puderam curtir o visual que o Morro de Deus oferece. Leo Oculto bateu um papo com Mateus Verdelho, misto de rapper, dj, empresário e skatista que acaba de lançar o disco “Família MV”. A dermatologista Mariana Barbatto ensina a amenizar os efeitos nocivos do sol na pele, a nutricionista Ana Carolina Abreu fala da importância de conhecer sua genética na busca de uma vida mais saudável e a dentista Laura Sacchetti mostra os benefícios estéticos das lentes de contato dentais. E como já é tradição em nossas páginas, cobertura completa das melhores festas e shows que rolaram na estação que passou. Tem Donna Dinning Club, Milk, Posh, P12, Acqua Plage, Le barbaron, a festa de aniversário da Luciana Fernandes, o coquetel de inauguração da nova sede da Demaju, a reunião da Turma do Lanche — celebração organizada pelos De Vincenzi que já tem meio século de tradição — e a homenagem ao Ivan Zanardo. Um beijo e um abraço,



expediente

8 DIREÇÃO MARCO CEZAR marcocezar@marcocezar.com.br EDITOR CHEFE MARCO CEZAR

Estilo de vida O refúgio dos De Vincenzi No Norte da Ilha

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personagem Lúcia prazeres, ela é uma festa!

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JULIANA WOSGRAUS RECREIO EM CASA!

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Roland Garros Allez, Gugá

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cobais radicais TRILHA MOTORIZADA

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publieditorial OVNI ESCOLA DE PARAPENTE

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saúde DEPOIS DO VERÃO

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saúde bucal LENTES DE CONTATO DENTAIS

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nutrição O DNA da boa forma

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PHYSIO PILATES Fisioterapia Pélvica após a menopausa

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hora da feira BERINJELA Cebolinha

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comer & beber OS DEFUMADOS DO JÚLIO

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Santa e bela Catarina a Aventura no verão da Serra

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VINICULTURA Vindima na altitude

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EDITOR assistente CAIO CEZAR JORNALISTA RESPONSÁVEL marcos heise (MTb-SC 0932 JP) PLANEJAMENTO GRÁFICO ayrton cruz COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Adriel Douglas Ana Carolina Abreu Angelo Santos Arley Reis caio graça cesar carnero Cláudio Brandão DARLINE SANTOS DANIEL OLIVEIRA FABRíCIA PINHO fernando vargas HEMERSON TOUCHE jefferson almeida juliana wosgraus júlio oliveira laura sacchetti Leo Comin LUCAS MOÇO Marcos Heise mariana TREMEL Barbatto Marisa Naspolini Monique Vandresen Olavo Moraes PAULINHO SEFTO Pedro Mox ROBERTA RUIZ urbano salles vanessa medeiros impressão Maxigráfica | Curitiba/PR marco@marcocezar.com.br www.marcocezar.com.br www.revistamural.com.br 48 3025-1551


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Mochilão MADRID E BARCELONA, VIA NYC

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oculto na pista

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floripa é show O melhor da noite na cidade

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mural da mural A NOITE É NOSSA

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mural Donna Dinning Club MESA E PISTA

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mural milk tipo a

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mural p12 DEZ ANOS DE FESTAS

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mural Posh Club GLAMOUR

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mural Acqua Plage SIMPLICIDADE E SOFISTICAÇÃO

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mural Le barbaron NA BRAVA

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mural DEMAJU O NOVO DEMAJU

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MURAL comemorações FESTANÇA

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MURAL BECO DOS MILIONÁRIOS Turma do Lanche

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homenagem grupo zanardo planeja seus próximos voos

índice

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LG 358.2-141

16 capa cecília boabaid Fotos caio cezar assistente pedro mox cabelo e maquiagem fernando vargas | rossi locação estúdio brandão


Estilo de vida

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Quatro gerações: Ivone d’Ávila cercada pelo carinho da filha Lúcia, da neta Cristina, das bisnetas Helena, Júlia e Betina, e Simara Nienkötter De Vincenzi


Casa de praia em Canasvieiras é o lugar favorito para relaxar em família e reunir os amigos texto URBANO SALLES fotos MARCO CEZAR

Luiz Fernando e Lúcia de Vincenzi: mestres em bem receber

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ara o pintor Juarez Machado, eles simbolizam a “hospitalidade da Ilha”. É nesse clima, cercados por familiares e amigos, que Lúcia e o médico ortopedista e traumatologista Luiz Fernando De Vincenzi passam o verão e a maioria dos domingos durante o restante do ano. A casa foi projetada a pedido do saudoso médico Newton d´Ávila pelo arquiteto modernista Boris Tertschitsch e fica no “Beco dos Milionários”, como é conhecido há décadas o canto esquerdo de Canasvieiras. Os filhos Cristina e Fernando, já casados, são vizinhos próximos e a rotina acaba naturalmente girando em torno do que acontece na casa. Todos os dias as três netas (Betina, Júlia e Helena) vêm tomar café da manhã com os avós. “É a coisa mais gratificante do mundo tê-las conosco à mesa”, orgulha-se Lúcia. Segundo ela, Canasvieiras é onde ela e o marido, que trabalha com frequência das 8 horas até o início da noite, podem descansar e compartilhar momentos de alegria e descontração com o núcleo familiar que passa a temporada na praia (10 pessoas ao todo, somando a matriarca Ivone d´Ávila, o genro Antonio Tutu Homem de Mello, a nora Simara Nienkötter De Vincenzi e as netas). Três animais de estimação fazem a alegria dos donos: as cadelas Kika, Jade e Pipoca. O coração da residência é a cozinha gourmet. Uma coleção de pratos da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança se destaca. O ambiente une-se à sala principal, onde chama a atenção o piano de dona Ivone, que canta e toca canções como “Emoções” e “Marina”. Recentemente, formou dupla com o músico Luiz Meira. Outro parceiro musical é o popular Zequinha.

“Hospitalidade da Ilha ou Final de Semana na Casa dos De Vincenzi”, óleo sobre tela de Juarez Machado (1997)

Estilo de vida

O refúgio dos De Vincenzi No Norte da Ilha

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Cristina De Vincenzi Homem de Mello: classe e charme descontraído com sobrenome forte

Júlia, KIka, Helena, Pipoca, Betina e Jade

Os amplos jardins são margeados pelo costão de pedras, com mesas e um parquinho para as crianças com pula-pula e tudo mais. Ao fundo, há um gazebo idêntico ao da antiga residência no Centro, derrubada para a construção de um prédio. Os grande vidros originais foram reutilizados. Além de galeria de troféus e espaço para convívio e jogos, o gazebo abriga uma academia de ginástica. “Faço sempre, tenho personal trainer. Além disso, caminho todos os dias”, observa Lúcia. Ao lado, Luiz Fernando criou recentemente uma horta com ervas utilizadas na alta gastronomia. Diariamente, os De Vincenzi, mestres na arte de bem receber, recepcionam amigos. Tem a turma de médicos gaúchos veranistas também em Canasvieiras que vêm jogar cartas com o colega anfitrião, os amigos de Cristina, Fernando e Simara, e por aí vai... Os almoços dominicais são uma tradição, inclusive fora da temporada. “Durante a semana eu já venho para cá arrumar a casa, ver o que falta, porque quando chega a hora tem que ter tudo pronto. Minha casa nunca fecha, o ano inteiro recebo aos domingos para um churrasco, uma paella, uma moqueca. Sempre tem algum amigo conosco, e eu adoro. Uma vez uma repórter espantou-se quando eu respondi que o que eu mais gostava na vida era gente”, relembra Lúcia. “Gosto de ouvir e contar histórias, de conversar. Faço amizade até em fila de supermercado!”. Claro, em qualquer festa podem surgir imprevistos. Foi o que aconteceu há poucos meses num jantar na casa de Canasvieiras para 45 pessoas. Quando os primeiros convidados começaram a chegar, Lúcia recorda ter ouvido uma explosão. Um acidente de trânsito havia interrompido o fornecimento de luz em todo o bairro. Os demais convidados chegavam e a energia não voltava. O jeito foi improvisar, sem perder a classe. Por sorte, uma lua ajudava a iluminar a noite. Velas com cachepôs e várias tochas foram colocadas nos jardins e nas mesas. Também ajudaram na operação de emergência as microlâmpadas à pilha que decoram algumas árvores. Elas eram, em princípio, para o período do Natal, mas agora Lúcia resolveu mantê-las para usar em caso de necessidade. “Ficou todo mundo no escuro durante várias horas. Por um lado, foi muito divertido. Na hora em que iríamos acender o último rechaud, a luz voltou”, relata a anfitriã.


Estilo de vida

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Casa dos De Vincenzi é endereço icônico da alta sociedade no tradicional balneário catarinense

Dona Ivone d’Ávila, a matriarca

Helena De Vincenzi Homem de Mello, a caçula, de oito anos

O ponto alto da agenda social da casa de praia dos De Vincenzi são as festas de fim de ano do Clube dos Gourmets de Florianópolis, em dezembro. Luiz Fernando é presidente executivo da confraria há 15 anos. Lúcia enfatiza: “Meu marido é médico, trabalha muito. O que ele gosta mesmo é da medicina. O Clube dos Gourmets é mais uma alegria! Ele viu que, para se entreter nas horas vagas, a cozinha é a melhor coisa para ele, até porque lembra um centro cirúrgico. Tem que ter limpeza, organização. Meu marido sempre diz: você se desestressa fazendo o que gosta”. A localização estratégica da casa, a poucos metros do mar, a quadras da estrada de Canajurê e com trânsito mais rápido para outros balneários do Norte, facilita os passeios e o lazer durante o verão. Um das diversões prediletas da família é sair de lancha para saborear frutos do mar no Bar do Tonho, na praia do Tinguá. Cristina e o marido costumam ir de manhã para a Brava, onde Tutu gosta de pegar onda. O casal curte jet ski e esqui aquático. Badalação? “Vamos nos beach clubs de Jurerê e no Le BarBaron”, aponta Cristina.


Estilo de vida

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Na região do “Beco dos Milionários”, funciona o apart hotel Villa de Vincenzi. O empreendimento era da família, mas foi vendido e hoje é propriedade de estrangeiros. “Eles não mudaram o nome. No tempo do hotel, fiz muitas amizades. Quando sabia que tinha casal em lua de mel ia lá e levava champanhe”, relembra Lúcia. E assim, numa Canasvieiras recheada de boas memórias há quatro gerações, os De Vincenzi seguem fazendo do seu refúgio um lugar especial em Florianópolis. “Nossa casa é gostosa e faz parte da nossa história. Se eu não tivesse meu filhos e netos para compartilhar, nada faria sentido. A coisa mais importante da vida é a harmonia familiar”, conclui Lúcia.



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texto MONIQUE VANDRESEN fotos caio Cezar


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Doce Cecília Nos traços e na figura longilínea, Maria Cecília Vieira Boabaid May é uma bela mistura dos pais, a ex-modelo Jeanne Vieira e o médico psiquiatra Guido Boabaid May, mas na vida profissional, esta aquariana que acaba de completar 17 anos quer traçar um caminho só dela. No fim do ano, Cecília vai prestar vestibular para Arquitetura, profissão com que sonha desde antes de entrar no Ensino Médio. A carreira de modelo, que começou cedo, aos três anos, ficou em stand by neste ano de terceirão, mas é outra paixão, que deve ser retomada em 2018. Agenciada pela Ford, Cecília é focada como poucas meninas de sua geração: “Não posso faltar a nenhuma aula, e a maior parte dos meus livros hoje, são os da escola, que aliás não são poucos”, comenta. A estudante acaba de voltar de Cambridge, na Inglaterra, onde passou uma temporada para aperfeiçoar o inglês. Com os finais de semana livres, acabou viajando e se apaixonando por Londres. Em Florianópolis, ela curte a Lagoa e Jurerê, mas diz que o seu lugar preferido é o seu quarto, não importa se na casa da mãe ou na casa do pai. Do pai, herdou o amor pelo rock e uma cultura musical mais exigente. Da mãe, companheira do dia a dia e de quem é fã incondicional, a paixão pela moda. “Minha mãe é uma inspiração pra mim”, conta Cecília, que mostra que aprendeu direitinho as lições de moda: “Gosto muito das peças da Diesel, mas também curto muito a Zara. Acho que ninguém precisa comprar a coleção toda, com uma peça chave e coisas básicas no armário você consegue sair super bem vestida. Quando o papo muda para acessórios, ela conta que gosta da Coach, da Louis Vuitton e da Chanel. Em Cambridge, Cecília estudou História da Arte, o que só fortaleceu o amor pela arquitetura. Nas viagens pela Europa, comprou muitos livros de arte e design, que dividem o tempo, hoje, com os do vestibular. Fã de Harry Potter e do Pequeno Príncipe, que já leu mais de três vezes, Cecília é calma, objetiva e centrada. No dia a dia, aposta nos looks básicos e quase não usa maquiagem: “penteio a sobrancelha e saio”. Quando o assunto é festa, porém, ela se transforma em uma maquiadora quase profissional. Generosa, equilibrada e com um forte sentido de estética, Cecília Boabaid com certeza ainda vai render muitas capas.


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texto URBANO SALLES fotos MARCO CEZAR

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ecebo Lúcia Helena Coelho Prazeres no meu apartamento para a entrevista. É a segunda vez que me visita. Ela chega no prédio dirigindo seu jipe Suzuki de coleção trazendo de presente duas caixas com CDs dos anos 1980 e 1990. Depois de um tempinho papeando como amigos, cai a ficha: vamos logo ao trabalho! Ela fica descalça, procura a posição mais confortável na poltrona. “Tô me sentindo em casa, tô me adorando aqui”, comenta a fundadora da Vício da Gula, delicatessen pioneira em Florianópolis, hoje dedicada de corpo e alma à produção de festas e outros grandes eventos, entre eles a Feijoada do Cacau, e à família, aumentada nos últimos anos pela chegada dos netos. E assim, com muitas boas histórias para perguntar, começo a gravar a conversa. Detalhe: as fotos foram tiradas em outro dia, um domingo de final de verão, na casa dos Prazeres no Morro das Pedras.

revista mural | Já eras assim, agitada, quando pequena? Lúcia prazeres | Acho que a gente já nasce com uma personalidade.

Eu sempre fui hiperativa. Se tivesse Rivotril, a minha mãe já teria me dado desde os quatro anos e eu hoje eu poderia estar completamente lesada. Como ela não dava conta, procurou um psicólogo e descobriu que eu tinha uma inteligência acelerada e uma energia acelerada. Fui criada no meio de muitos meninos, não virei sapatão, mas fazia todas as atividades dos garotos, por causa dessa hiperatividade. revista mural | Você era “musa” da chamada turma do Beto (Stodieck). Como foram aqueles anos loucos? Lúcia | Foram os anos mais maravilhosos que tive, vi do que eu era capaz, cresci com gente muito mais inteligente que o normal e que sempre respeitou a vida no limite. Tipo: vamos tomar banho de mar às 3 da manhã! Nunca fui retraída ali, sempre pude ser quem eu queria ser. Outra hora eu descia o morro da Lagoa de skate! Aquilo me dava adrenalina, me dava alegria. Os anos com o Beto foram de autoconhecimento porque me envolvi com pessoas magníficas. Até hoje, quando tenho saudade, não tenho medo de ligar para os amigos daquela época.

revista mural | E quando você descobriu que poderia ganhar dinheiro com essa energia acelerada? Lúcia | Quando eu casei, estava grávida do Rodrigo, eu queria fazer um quarto verde, com um berço que balançava, aí descobri que, além de dar aula para crianças, eu podia fazer outras coisas porque o meu tempo não era igual ao das outras pessoas. Meu tempo parecia maior que o dos outros. Aí comecei a trabalhar com a dona Érica (Thiesen) na Foxtrot, passei a gerente, aí fui para Jaraguá vender chapéu da Marcatto. revista mural | Quer dizer, de alguma forma continuas sendo uma vendedora até hoje. Precisas vender tuas ideias, teus conceitos de festas. Lúcia | Hoje é bem mais difícil. Sabe, eu adoro dinheiro, sempre adorei, e não tenho vergonha de dizer isso. Não é que eu seja rica, e também não quero ser rica, quero ter a vida que tenho.


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revista mural | Tens fama de rica... Lúcia | Tenho fama, mas na verdade sou rica de espírito porque tenho

o espírito do porco, e porco sempre traz fartura. Para ter as coisas que eu tenho eu trabalhei muito. Já cheguei a ter três empregos e dei conta de todos. Um tempo atrás, vi que não consigo ficar muito tempo sem vender, se eu fico, eu faço alguém comprar, é uma coisa louca. Hoje tenho que vender um produto muito mais difícil. Além de vender uma ideia, tenho que vender o que o bolso do cliente pode pagar, tirar a fama de que estou vendendo caro e estou ajudando ele a economizar, porque eu faço encomenda de mesa há 15 anos, meu fornecedor, se você for alugar, ele não vai te dar desconto. Nós que somos produtores temos a vantagem de ter desconto, porque fazemos isso quase toda semana, e isso baixa o preço, o que faz o meu cliente pagar mais barato. revista mural | Então é uma lenda urbana que a Lúcia só faz festas caras para ricos e milionários? Lúcia | Superlenda! Não precisa ser rico, precisa apenas acreditar que eu estou querendo fazer mais alguém feliz. Eu já fiz festas para duas pessoas, um casal, decorei a casa como se fosse para 100 pessoas, fazendo uma playlist, chamando o sushiman, botando flores, velas, deixando a casa com um cheiro maravilhoso. Tudo que eu gosto para mim e fica no magic, no sonho, acho que faz bem para qualquer pessoa.

O que algum cliente pode fazer que te tira do sério, que te irrita? Lúcia | Primeiro, cliente sempre pode tudo, mas eu sou muito teimosa e muito das minhas ideias. Exemplo: o cliente quer colocar o bar na descida da escada onde todo mundo vai subir. Eu chego e falo, cara, o teu bar vai ficar lindo na varanda, não dá para ser na escada, e proponho isso. Aí eu monto antes e chego no dia da festa vejo que o cliente botou o bar na escada! Isso me incomoda muito. A história de eu querer ajudar a pessoa a começar a sonhar um dia antes, e quando chego lá ela mudou tudo... Isso acontece com pessoas que acham que podem ser produtoras também. Eu cato tudo, arrumo tudo para ele depois mudar? Mas faz parte da função. É a mesma coisa que um médico me receitar um remédio e eu conversar com um benzedeira e ela me dizer para tomar um chazinho. Quando eu voltar e não estiver legal, é claro que o médico vai ficar muito irritado. revista mural |


revista mural | Como funciona tua rede de contatos no trabalho?

Suponhamos que alguém te liga pedindo uma festa com um prazo apertado. Como você faz para juntar todo mundo? Lúcia | Odeio quando alguém me liga para uma festa daqui a dois anos. Adoro fazer caldo de cana ou pastelzinho frito, quando a pessoa está toda atrapalhada, fala que lembrou de mim e a festa é daqui a uma semana. Aquilo me faz um bem, me traz uma energia, porque adoro saber que eu tenho que entregar o sonho da pessoa rápido, em um mês, dois meses. Às vezes chegam e dizem que vão casar daqui a um ano e querem pagar agora para ficar na agenda. Eu não recebo, sou contra isso. Preciso provar que fiz bem feito e depois receber. Além disso, a noiva pode mudar tudo um mês antes. Tudo que faço é porque tenho uma grande rede de fornecedores em vários estados e tenho transporte, tudo muito rápido. Se eu ligar encomendando calla preta, uma flor dificílima, eu consigo colocar em Florianópolis em uma semana. O bolso do cliente é que vai dizer: quero ou não quero.

O clã: Lúcia e Renato Prazeres com os filhos Rodrigo, Bárbara e Nicholas, o genro Fernando Schultz e a nora Mônica Paulo Prazeres, e os netos Benjamin e Lorena

revista mural | O que mais pesa na hora de fechar um contrato? Lúcia | Hoje é a situação econômica, cada vez mais isso. O cliente

sonha com um jatinho e acaba levando um helicóptero. Ele não abre mão de voar, vai voar igual, mas em outra aeronave mais barata. Qual festa você considera a tua “Monalisa”, a tua obra-prima? Lúcia | Muitas! Para mim a coisa mais legal é quando eu entrego e a pessoa fala assim “meu deus, era isso que eu tinha imaginado, ficou ainda melhor que eu imaginei!”. Há uns meses, no lançamento da loja da Artefacto em Camboriú, eu imaginei um vaso que me desse a impressão de uma saia de bailarina. Tive que correr atrás do vaso, era caríssimo, não tinha como locar. Imaginei também uma espada de são jorge diferente, “chifre-de-viado”, e eu queria que ela tivesse dois metros. Tive que correr meio mundo e quando terminei e vi que ela ficou uma bailarina, eu gritava emocionada, feliz da vida, porque uma coisa que parecia difícil se tornou muito fácil. Às vezes, quando eu vou num cliente e ele me fala, eu vejo aquilo pronto, mas tem sempre um “kinder ovo” nas minhas festas, algo surpreendente. revista mural |

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28 revista mural | Como tem sido a experiência na produção da Feijoada do Cacau? Lúcia | Nesses cinco anos, fizemos interferências pontuais. Por exemplo, colocamos dançarinas, mesa de frutas, um lounge para o Cacau se sentir agradável e poder receber as personalidades. Contando com fornecedores, trabalhadores, faxineiras, nosso trabalho envolve entre 80 e 90 pessoas todos os anos. revista mural |

Teu passaporte é um dos mais carimbados da

cidade. Lúcia | Viajo para tudo quanto é lugar louco quando eu tenho vontade.

Não tenho medo, enquanto tiver saúde vou viajar. Não vou para lugar normal. Só passo por lugar normal para ver tendências. A cidade que mais me impressionou é Singapura, é a nova Nova York! Ando louca para morar em Vancouver. O Renato (marido) deve se aposentar agora e quero trabalhar lá uns três meses no verão como atendente de supermercado, empacotadora, bem palpiteira, aproveitando para melhorar meu inglês, que já é mais ou menos. Tenho muitas histórias loucas. Já acampei no deserto do Saara. Dormi numa medina no Marrocos, parecia um palácio, suntuoso, com jardins internos, banheira de ouro. Já fui três vezes ao Marrocos e duas ao Vietnã. revista mural | Como é a Lúcia avó? Lúcia | Sou superfamília, adoro ter meus

filhos (Rodrigo, Bárbara e Nicholas), meus netos (Benjamin e Lorena), minha nora (Mônica), meu genro (Fernando). Quando o Benjamin, o neto mais velho, nasceu, foi como seu eu voltasse a ser uma adolescente de 14 anos, como se estivesse me apaixonando e descobrindo o amor pela primeira vez, mas de uma maneira que me emociona tanto que não consigo falar... Ele nasceu príncipe. Loiro, olho azul, gordinho, não tinha uma marquinha de joelho! E tem a Lorena, a minha princesa, de uma personalidade fantástica! Tenho a família que queria ter e quando posso estou com eles, dou oportunidade de eles viajarem junto. A Lorena, eu sinto, já é do mundo, tem dois anos e meio e só aos EUA ano passado ela foi quatro vezes.

revista mural | E a conexão Miami? Lúcia | Meu irmão (Aderbal) mora em Miami

há 10 anos. Passamos o último Natal e o ano novo com a família toda lá, 22 pessoas. Gosto de Miami, o grande problema é que lá precisa mais dinheiro, porque lá você se sente num passeio e tem de tudo! Quando vejo já comprei abridor de lata diferente, três budas, 20 vestidos. revista mural | Seria um Lúcia | Assumo. Tenho a

lado acumuladora? Andréa (Coelho) que é minha cunhada e decoradora. Há um ano resolvi arrumar o meu apartamento, então eu disse para ela: quero ser uma pessoa clean! Tiramos tudo o que tinha na minha casa. Mas tem coisas que eu avisei que não poderia dar porque remetem ao meu passado, contam a minha história. Tenho fotos das viagens nas paredes, tenho mania de colecionar galinhas, já tenho 230 na minha cozinha. Aliás, eu testo a empregada, se ela limpar bem minhas galinhas, tá contratada. O Renato também acumula, e aí... Tem mais: odeio comprar coisa um, gosto de comprar sempre dois, para poder emprestar e até porque eu não tenho só uma casa. Hoje eu cuido de três, fora o hostel do Nicholas. Ratones pegou fogo. Além do apartamento no Centro, temos apê na Brava e a casa no Morro das Pedras. A casa no Morro das Pedras é a tua menina dos olhos, não é mesmo? Lúcia | Todo dia, acordo e digo: obrigado, senhor! Eu amo esse lugar. Devo ser muito especial para ter conquistado isso. É um sonho de consumo. revista mural |

Fernando e Bárbara com o filho Benjamin e a cachorra de estimação, Bonna, curtindo o final de semana no Morro das Pedras


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Rodrigo, Lorena e Mônica Prazeres revista mural | Qual o grande charme de Florianópolis? Lúcia | Tem muitos charmes, desde olhar do meu apartamento

revista mural | O que pretendes acumular em 2017? Lúcia | Vou acumular carimbos no meu passaporte. Quero

terminar de conhecer a África, ir ao Quênia e Moçambique, quero ir para a Romênia. Adoro experiências. A Índia me deu desprendimento, voltei tão desapegada que talvez eu volte lá para ficar mais desapegada com as coisas lá de casa.

Onde estão as pessoas da chamada “alta sociedade” hoje em Florianópolis? Lúcia | Estão em casa, querendo sair. Tem muita gente chique, bacana, mais jovem, que às vezes nem vem de uma família tradicional, mas se destaca porque tem bom gosto. Chique é ser educado, ter respeito pelos outros, saber usar as palavras mágicas, por favor, muito obrigada, dar a mão à pessoa mais velha, ter um olhar diferente. Não é chique só porque comprou com dinheiro. revista mural |

revista mural | A figura da socialite ainda existe? Lúcia | Isso acabou. Zury Machado e Celso Pamplona morreram. Hoje

tem muita gente que não é conhecida e tem tanto élan quanto as de antigamente. Se for na APAE, no Joana de Gusmão, vai encontrar as verdadeiras socialites. Socialite hoje é quem pode doar um pouco do seu tempo para fazer alguma coisa para os outros.

e ver o Morro da Cruz até passar pela Beira-Mar, que embora não tenha uma marina, mesmo assim acho linda. O manezinho é tudo “deixa sossegado”, mas tem pessoas de um outro estado querendo dar palpite e dizer que a gente não pode ter uma marina ou um canal para ter o barco em frente de casa. Esse pessoal de fora, do contra, nunca viajou ou é incompetente. Tem ainda o problema da política, ao invés de ficarem a favor de fazer o belo, ficam a favor de amigos, e aí a coisa não anda. Isso me incomoda profundamente. revista mural | Defina Donald Lúcia | Louco, megalomaníaco.

Trump. Mas vou te falar, ele fez no Panamá uma cidade nova bacanérrima. Conheço muitos empreendimentos do Trump, inclusive me dei ao luxo agora em Miami de ir ao edifício que ele tem na Collins Avenue. Acho que ele vai fazer os EUA ficarem super bem na foto durante dois ou três anos e depois levar o país à bancarrota porque ele gosta de fazer dívidas. O cabelo é cafonérrimo! Achava engraçada a mulher anterior dele, era uma Imelda Marcos. A atual é uma manequim. Mais não quero saber, porque sei que nunca vou chegar perto dela. Qual o conselho que darias a um jovem que planeja ser produtor de festas? Lúcia | Primeiro, ter um bom conhecimento na área de fornecedores de festas. Em segundo, tomar (calmante fitoterápico) passiflora para não ter problema. Em terceiro, tem que topar tudo, seja lá qual for a ideia. Eu acho bem difícil juntar as três coisas, tem que ser uma pessoa super admirável. Energético, nunca tomei. Não bebo em festa que faço. É bom que os mais jovens saibam que produzir festa não é só um mundo de champanhe e brindes. revista mural |


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“Socialite hoje é quem pode doar um pouco do seu tempo para fazer alguma coisa para os outros.” Lúcia prazeres



JULIANA WOSGRAUS

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RECREIO EM CASA!

Férias, malhação & filhos Marcelo Scherer e sua linda mulher Flávia Manfro continuam firmes tocando a academia de ginástica no Beiramar Shopping, e passaram o mês de janeiro bem instalados em Jurerê Internacional. Com o fim das férias dos filhos Antônio, 10 anos, e Bernardo, sete; no início de fevereiro o casal voltou para seu endereço no centro da cidade. E dá pra imaginar a Flavinha com um filho quase pré adolescente? Pois é.

U

m verão atípico. Dias de calor descomunal intercalados com semanas que lembravam o outono. E os atores, modelos e afins que vinham em massa pra cá agora tomaram o rumo norte e uns poucos ainda voltaram. Nesta alta temporada em Floripa quem brilhou mesmo foram os catarinenses!

Bebê a bordo Marcelo e Mariana Schwartz Gomes em contagem regressiva para a chegada da primeira filha. Nascerá em abril a pimpolha que até o momento — por escolha da mamãe, arquiteta consagrada — vai se chamar Clara. E será a primeira princesa da Pedra Branca, empreendimento em Palhoça que é uma verdadeira cidade sob a direção executiva do papai da fofa que vem aí.

Dupla que faz história Nos dias de férias que passou em Floripa, antes de ser escolhido líder da bancada do PSDB, o senador catarinense Paulo Bauer aproveitou pra curtir no Le BarBaron, na Praia Brava. E este brinde com Cacau Menezes é para poucos. O champanhe nas mãos do colunista que completou 20 anos da sua concorrida feijoada nos sábados de Carnaval é do selo Cristal, um dos mais caros do mundo. Coisa de dois mil a garrafa.


Sintonia fina

Legendário

As irmãs Giuliana e Gabriela Santos vivem em sintonia no lazer e no trabalho. As duas atuam na diretoria financeira da Formacco, construtora da família. Detalhe: Giuliana é formada em Arquitetura e a Gabriela em Direito. Mas ambas são feras nos negócios desde cedo, E o verão elas passam em Jurerê Internacional. Durante o dia curtindo a praia e à noite os locais badalados do bairro. Gabriela circula também com seu namorado, o médico Fábio Lhamby.

Ex-governador e engenheiro Colombo Salles, nome e mentor da ponte imprescindível pra quem sai da Ilha sobre rodas, circulando descontraído mesmo de terno. Em maio, ele completará 91 anos. E a ponte construída sob seu mandato não tem nem a metade da sua idade: está com 42 anos.

Isabela Soncini não é apenas uma bela catarinense, modelo de trabalhos internacionais e filha de família tradicional. A Bela é uma paisagem em si...

Adeus pretendentes Desde que mudou o status para divorciado, no ano passado, Marcelo Petrelli era o solteiro mais cobiçado do Estado inteiro e além dele. Mas agora o assédio ganhou freio, e ele um novo amor. Ao que tudo indica vai longe o namoro do presidente do Grupo RIC SC com Judite Bussolo.

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Bem resolvidos, bem em tudo Lindos e nascidos em berços esplêndidos, André Bornhausen e Marina Furlan não se intimidam com cobranças de qualquer ordem. E assim, lá se vão sete anos de um feliz namoro.

Germana Toniollo Amorim está animada com projetos pessoais e profissionais para 2017. Mas no momento quer mesmo é seguir em lua de mel com o maridão, o advogado e também empresário Marcelo Amorim. Indo pro segundo ano de casamento e curtindo o verão em Floripa!

Clã Eles nasceram privilegiados, já que todo menino adora carros e a família sempre atuou neste ramo. Hoje são eles, os irmãos Fernando e Nelson Füchter Filho que comandam a Le Monde, concessionária da Citröen por aqui, junto com o irmão Rodrigo. Nelsinho é casado com Andréa Biasuz Füchter, o irmão Fernando é marido da Bruna, nascida Hoepcke da Silva Grillo, e ela atua na construtora da sua família. Ali ninguém fica parado.


foto vanessa medeiros

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Maioridade Isabella Scherer, primeira filha de Fernando Scherer, o Xuxa, comemorou 21 anos nesse dia 17 de fevereiro, em São Paulo, onde mora. Os avós Rosalba e Antônio Carlos Scherer foram pra comemoração, junto com a mãe da linda, Vanessa Medeiros. E o Xuxa tem mais parabéns a você daqui a pouco. E em 26 de março sua filha com Sheila Mello, a Brenda, completou quatro anos. Ela já está aprendendo a dançar com a mãe e fazendo sucesso no YouTube. Ali mesmo onde a mana Isabella tem canal com mais de 100 mil acessos. A catarinense cursa faculdade de moda e é atriz, na TV estreou em série do Disney Channel no ano passado. Com certeza vai longe.

Leonardo chegou! A família da querida Eva Trindade já aumentou em 2017. Nasceu em 14 de fevereiro seu primeiro bisneto, Leonardo, filho da neta Carolina Nesi Cansian e o marido, Felipe Cansian. O pimpolho é também o primeiro neto de Ana Luiza Trindade, banqueteira e dona de cozinha industrial com alta tradição na boa gastronomia made in Floripa. E os papais estreantes são médicos, ela oftalmologista, mesma especialização do seu pai, também vovô estreante Otávio Nesi, em cuja clínica Carol trabalha ao lado ainda do irmão, Thiago, casado com Fabiana Auvino Nesi. É uma família de visão, e crescendo.

O que seria do verão na Praia Brava sem a presença de Dulce e Jorge Bornhausen? Não posso nem imaginar.


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Allez, Gugá

Há duas décadas Gustavo Kuerten conquistava Paris e encantava o mundo com o primeiro de seus três títulos no sagrado saibro francês


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texto OLAVO MORAES

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uadra Filippe Chatrier lotada na primeira rodada do torneio de Roland Garros, em 2008. Gustavo Kuerten encara o anfitrião Paul Mathieu. Silêncio geral, e ouve-se uma voz ao fundo: “Allez, Paul” (vai, Paul). De pronto, outra ecoa e se impõe em tom mais alto: “Paul non, Gugá”. Reverência ao brasileiro que se despediria do circuito profissional após conquistar três títulos em finais na arena número 1 do complexo francês. O primeiro deles completa duas décadas este ano. O dia 8 de junho de 1997 entrou para a história do tênis mundial. Gustavo Kuerten subverteu a ordem. Com talento e determinação, carisma e improviso, passou de zebra a campeão. Conquistou o coração dos franceses. Número 66 do mundo, tornou-se o vencedor de Roland Garros com ranking mais baixo desde o início da Era Aberta, em 1969. Surpreendeu a todos. Inclusive a si. Superou estrelas do circuito em disputas épicas, para conquistar o primeiro título profissional. Logo no saibro sagrado de Roland Garros. Bateu o austríaco Thomas Muster, ex-número 1 do mundo e campeão em Paris dois anos antes. Passou pelo ucraniano Andrei Medvedev até esgrimir seus melhores golpes para superar o russo Yevgeny Kafelnikov, número 3 do mundo e então atual campeão de Roland Garros, em um jogo duríssimo de cinco sets. Com moral alto e confiança inabalável, atropelou o espanhol Sergi Bruguera na decisão. Três sets a zero e um baile no saibro francês: — O espírito avassalador, a confiança, a intensidade, e a adrenalina que foram sendo construídos naqueles dias, em cada desafio que passei até chegar lá, me deram a certeza da vitória. Depois, na final, parecia que estava em casa. Na sala, brincando, sorrindo, feliz da vida. Guga ergueria o troféu de Roland Garros em outras duas oportunidades. Em 2000 veio o bicampeonato e em 2001 o tri. Ao todo foram 20 títulos de simples da ATP e oito de duplas, em 13 anos no circuito profissional (de 1995 a 2008). Em 2012 entrou para o Hall da Fama. Número 1 do mundo por 43 semanas, conquistou a Masters Cup com requinte: foi o primeiro e único tenista a bater os mitos norte-americanos Andre Agassi e Pete Sampras, na sequência, e chegar ao título.


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Ele chegou de mansinho, com roupas coloridas, talento e muita simpatia. A medida em que derrubava favoritos ganhou o apoio da torcida e reconhecimento internacional. Há 20 anos Gustavo Kuerten, apenas o 66 do mundo, erguia pela primeira vez o troféu de Roland Garros. — Acho que o tênis se tornou muito profissional a partir dos anos 70 e todo mundo se tornou pragmático demais, mas o Guga mudou essa cara. E como organizadores, adoramos isso. Vimos em 97 o tênis como tênis novamente, que agradou a todos que estavam aqui. Se não trouxe ganhos imediatos, foi importante para trazer um ar fresco para o torneio — diria Alain Riou, então diretor adjunto da Federação Francesa de Tênis. E a emoção do título segue viva em sua memória. Para falar da conquista do título, a batalha e os desafios de vencer o aberto francês com o ranking mais baixo desde o início da Era Aberta do Tênis, em 1969, Guga conversou com a reportagem durante a realização do torneio juvenil Rendez-vous, no Lagoa Iate Clube, em Florianópolis. A seguir alguns trechos do bate-papo com o tenista que permaneceu por 43 semanas como o número 1 do mundo.

A emoção da primeira conquista do aberto em Paris

CAMPANHA DO TÍTULO

Catarinense ergueu a taça de campeão por três vezes em Paris

1a rodada Guga

3 x 0 Slava Dosedel (CZE)

6/0, 7/5 e 6/1 2a rodada Guga

3 x 1 Jonas Bjorkman (SUE)

6/4, 6/2, 4/6 e 7/5 Guga

3 x 2 Thomas Muster (AUT)

6-7 (3), 6/1, 6/3, 3/6 e 6/4 Oitavas-de-final Guga

3 x 2 Andrei Medvedev (UCR)

5/7, 6/1, 6,2, 1/6 e 7/5 Quartas-de-final Guga

3 x 2 Yevgeny Kafelnikov (RUS)

6/2, 5/7, 2/6, 6/0 e 6/4 Semifinal Guga

3 x 1 Filip Dewulf (BEL)

6/1, 3/6, 6/1 e 7/6 (4) Final Guga

3 x 0 Sergi Bruguera (ESP)

6/3, 6/4 e 6/2


LEMBRANÇAS 20 ANOS DEPOIS — Tudo ainda é muito vivo na minha cabeça. A emoção toma conta. Cada partida, os grandes lances, as bolas importantes. O desenvolvimento do campeão, que foi surgindo. Desafiando Muster, depois encara Medvedv, e passa por Kafelnikov até chegar ao título. Cada detalhe se torna eterno, inesquecível. Os lampejos principais, de estar lá pela primeira vez na quadra central (nas oitavas-definal), depois sair vencedor para ir à semifinal.

SURFANDO A ONDA — A hora que derrubei o (Thomas) Muster na quadra 1, que loucura. Olhava para o meu irmão (Rafael) e vibrava junto com ele. O Medvedev, a mesma coisa. Esse foi um dia em que senti a presença de meu pai (Aldo). Parece que ele estava dentro de quadra, comigo. Depois, veio a semifinal, um jogo mais tenso, porque, por incrível que parecesse, eu era favorito. Consegui lidar um pouquinho mais com a tensão, com os nervos, e passar à final. Até o ponto de ficar, 20, 30 minutos contra o Bruguera (Sergi), sabendo que ia ser campeão. Dominando o jogo do início ao fim. Surfando aquela onda.

TÍTULO DE 1997 E O TRI — O primeiro título foi minha maior façanha como tenista, disparado. Porque os outros caras que eu venci eram muito melhores do que eu. Essa situação acontece no tênis em uma partida, as vezes em um set, mas não em um Grand Slam. Ninguém ganha Grand Slam sendo 60, 70 do mundo, correndo por fora. É o número 1, número 3, número 5. Sempre fica entre os 10. O que aconteceu (a conquista do título, entrando como 66 do ranking) marca o mais inesperado possível do tênis. Se contar nos dedos tem quatro, cinco casos, em 100 anos da história. De um coadjuvante chegar lá para brincar — e eu mesmo nunca tinha ganho nenhum torneio (sorriso), se for juntar os fatos. Ainda bem que aconteceu, né?

CERTEZA DA VITÓRIA — Foi o conjunto da obra que me fez ter a certeza que seria campeão. De superar os desafios impossíveis. Na hora em que eu consegui ganhar do Kafelnikov, que era hiper master favorito, campeão do ano anterior, e “nadando de braçada para cima de todo mundo”, me senti auto-suficiente para me colocar como o grande detentor do título. — São as ações que o jogador precisa executar. Tudo foi muito intuitivo. O Larri me indicava alguma situação: “Cavalo, vai pra cima dele”. E eu ia “entrando”na cabeça dele, encaixando algumas peças, que me transformaram no campeão que apareceu depois, em 1999, 2000 e 2001.

FLORIPA NA CABEÇA — Durante aqueles 14 dias (do torneio) foi no improviso. Foi no improviso que cheguei na quadra central e falei: “Bruguera, hoje, cara, vai dar nós aqui (esfrega as mãos e dá um sorriso). Floripa na cabeça, não vai ter jeito.” Não tinha como vir (uma vitória) do outro lado. Precisa ser tão forte do nosso lado para consumir o cara a cada ponto, a cada momento, que, nos últimos 20 minutos, já estava dentro da cabeça dele, contaminado. Só estava esperando terminar.

DESCOBERTA E CONSAGRAÇÃO — O primeiro título é o da descoberta, um abre alas. De chegar lá sem conhecer direito. De surpresa e gratificação. A emoção de disputar Roland Garros). Investigando a cada dia e conhecendo. Depois é a consagração. Em 2001 (no tricampeonato) é entender bem a dimensão de disputar um Grand slam. Como funcionam os detalhes para sair de enrascadas. Se o campeonato de 2001 (ano do tri) tivesse acontecido em 1997 (no primeiro título) não sairia de todas as encruzilhadas que apareceram. Principalmente por lidar com o fato de ter entrado no torneio como favorito — minha maior vantagem em 1997 (ser surpresa). A diferença é gritante: de um momento chegar para conhecer Roland Garros (e vencer), e o outro, confirmar que tem condições de repetir o feito. De ganhar, independente como, de enfrentar os melhores do mundo. É lidar com um plano mais denso da equação.

saiba mais

ENCAIXANDO PEÇAS

Data de nascimento: 10/09/1976 Local de nascimento: Florianópolis, Santa Catarina Residência: Florianópolis, Santa Catarina Profissional: 1995 a 2008 Títulos de simples: 20 (três Grand Slams / Roland Garros, um Masters Cup e cinco Masters Series) Títulos de duplas: 8 Melhor ranking: 1o (dezembro de 2000 — permaneceu por 43 semanas) Como juvenil foi vice-campeão do Orange Bowl e chegou a número 3 do mundo em simples, e número 2, em duplas. Campeão de duplas juvenil, em Roland Garros, com Nicollas Lapentti. Vitórias e derrotas (em simples) Total — 358 e 191 Quadra rápida — 147 e 88 Saibro — 181 e 75 Carpete — 23 e 20 Grama — 7 e 8 Copa Davis — 34 e 18 Melhores resultados em Grand Slams Australian Open — 3a rodada 2003 Roland Garros — Campeão 1997, 2000 e 2001. Quartas-definal em 1999 e 2004 Wimbledon — Quartas-de-final em 1999 US Open — Quartas-de-final em 1999 e 2001 Masters Cup — Campeão 2000 (Lisboa)

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Federação Francesa de Tênis promove torneio em Floripa texto OLAVO MORAES

O

s franceses valorizam seus ídolos. Mesmo fora do país. Para abrir o ano de homenagens oficiais aos 20 anos da conquista do primeiro título de Guga no saibro parisiense, a Federação Francesa de Tênis trouxe para o Brasil o torneio Rendez-vous à RG. E foi no LIC, um dos clubes que costumava frequentar durante a infância, que Gustavo Kuerten participou da solenidade de encerramento do torneio juvenil, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. O tricampeão do Grand Slam francês entrou na quadra para entregar aos campeões João Ferreira (MG) e Nathália Gasparin (PR) a premiação. Os dois tenistas viajam em maio a Paris para participar das finais entre nações, que reúne os campeões de China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Índia e Japão, em busca de uma vaga na chave principal do torneio juvenil de Roland Garros. Realizado no Brasil, durante os dois últimos anos, em São Paulo, o torneio veio para Florianópolis, em homenagem a Guga.

— Roland Garros se tornou um grande símbolo do tênis para o brasileiro. Cultivar a esperança e dar oportunidades para os meninos para vivenciar as experiências do tênis é muito bacana. Ao analisar o momento crucial de transição dos tenistas juvenis para o circuito profissional, Gustavo Kuerten também lembrou que esse é um dos momentos mais sensíveis na vida de um tenista. — De uma hora para outra eles deixam de estar nessas competições, entre meninos, para enfrentar tenistas do ranking profissional. É uma fase de muita dúvida, de amadurecimento, em que há muita exigência — explicou, lembrando sua própria trajetória entre 1994 e 1995. Guga frisou que o tenista brasileiro precisa de cuidado ainda maior. — É preciso desmistificar o tênis e dar condições para que o treinador possa conduzir esse processo que é muito delicado — esclareceu o tenista brasileiro, que, antes de se profissionalizar, venceu o torneio juvenil de Roland Garros, formando dupla com o equatoriano Nicolás Lapentti, em 1994.



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TRILHA MOTORIZADA Cobaias se aventuram com quadriciclos no morro da Brava

fotos Marco cezar

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o último domingo do verão de 2017, seis Cobaias Radicais foram recrutados pela equipe da OVNI para uma trilha motorizada no costão da Praia Brava. Acelerando os quadriciclos, os felizardos passaram a tarde num passeio especial, que terminou no Morro de Deus, com uma das vistas mais bonitas da Floripa.


Veja o depoimento de quem participou da aventura: LAURA SACCHETTI Domingo nublado de despedida de verão dá aquela vontade de ficar na cama assistindo filme e descansando para a jornada da semana. Mas esse domingo foi diferente. A convite da Revista Mural fui fazer uma trilha com quadriciclo no Morro de Deus, lado direito da paradisíaca Praia Brava. Foi um misto de emoções: adrenalina por nunca ter pilotado um quadriciclo num terreno de rally e encantamento pela natureza e pelo privilégio de comer pitangas e goiabas direto do pé no meio do caminho. Foi sensacional. A equipe da OVNI dá toda a segurança e suporte para o passeio se tornar seguro e inesquecível. Recomendo.

STEFANIA SIQUEIRA NASCIMENTO O domingo começou devagar, nublado, mas acabou rendendo uma aventura surpreendente. O passeio de quadriciclo é radical, a trilha mistura na medida certa natureza e adrenalina. Fez o domingo valer a pena, ainda mais rodeada de amigos. Sem contar que depois do rally” ainda fomos surpreendidos com a vista do Morro de Deus, de onde dá pra ver a Praia Brava inteira, mais a Ilha do Arvoredo e Lagoinha. É de deixar qualquer um babando. E olha que o dia estava nublado, imagina com sol. Recomendo aos aventureiros de plantão, vale a pena.

DIEGO ARAGÃO A trilha de quadriciclo foi uma experiência diferente para locais ou turistas que curtem adrenalina em contato com a natureza. Após os primeiros minutos de adaptação a gente ganha intimidade com a máquina e aí é só aproveitar. A vista panorâmica no final é um dos pontos altos do passeios. Recomendo muito e pretendo retornar com amigos e familiares de fora que vierem visitar a Ilha.

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AMANDA FARIA DE CAMPOS Muito legal, ótima opção de passeio para quem gosta de fazer algo diferente e com muita aventura. Recomendo a todos que desejam conhecer um pouco mais as trilhas de Florianópolis. Ótimo programa para se fazer aos domingos. É bem seguro também, porque eles dão instruções para o uso do quadriciclo e tem um guia que nos acompanha por todo o percurso.

VANESSA VIRíSSIMO Adorei a experiência. Bem diferente dos programas bem mais calmos que estava habituada a fazer aos domingos. Mesmo com o tempo chuvoso, a trilha com quadriciclo foi muito divertida, pelo contato com a natureza e a companhia dos amigos. Fiquei, inclusive, com vontade de repetir o programa e tentar outras aventura com a OVNI, como o salto de parapente. Nasci na ilha e não conheço nem metade dos lugares e opções de lazer que ela oferece. O visual lá de cima do Morro de Deus é belíssimo. De bônus é possível avistar animais ao longo da trilha e comer algumas frutas direto do pé. Experiência incrível.

LUCAS MOURA LEITE Já tinha andado de quadriciclo antes, mas essa trilha foi muito melhor que imaginava. Andar no meio da mata, com a trilha molhada e uma vista incrível fizeram toda a diferença pro passeio ser único. Valeu demais sair do sofá no domingão chuvoso e fazer um passeio diferente. Recomendo a todos!



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OVNI ESCOLA DE PARAPENTE 20 anos de esportes de aventura

fotos Marco cezar

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OVNI vem com tudo em 2017. No mirante da Praia Brava, a escola está com espaço ampliado para receber nossos alunos com ainda mais conforto. A rampa foi reformada e agora contamos com quadriciclos para tornar a operação mais rápida e segura.

“Quando você provar a sensação de voar estará condenado a andar pelo chão com os olhos voltados para o céu, pois um dia você esteve lá e sonha lá voltar.” LEONARDO DA VINCI


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O QUE TEM NA OVNI: FLORIPA OFF ROAD O Floripa Off Road é um conjunto de pacotes turísticos criados pela OVNI, onde são percorridas as mais incríveis estradas em praias e trilhas 4x4, levando aos picos mais lindos e sensacionais de Florianópolis e região. São diversos tipos de terrenos em busca das mais iradas rampas, onde são realizados os saltos de Parapente. Um contato direto com a natureza, proporcionando a você momentos inesquecíveis, com adrenalina e emoção.

VOO DUPLO O passeio é realizado com acompanhamento de um instrutor, num parapente desenvolvido para voo duplo. Dura aproximadamente 20 minutos e pode ser realizado por pessoas de qualquer idade. O passageiro fica sentado e com as mãos livres, podendo levar uma câmera fotográfica ou filmadora para registrar os momentos inesquecíveis.

20 anos voando alto

5 http://www.ovniparapente.com/ f ovni escola de parapente X +55 (48) 99985-8393 1 48 09618-1880 / 99696-1112

QUADRICICLO 4X4 Em parceria com Júlio Marques Vieira, a OVNI oferece um incrível passeio de quadriciclo 4x4 pelas trilhas dos morros da Praia Brava. Sempre zelando pela segurança de seus clientes, a OVNI disponibiliza um guia que acompanha o grupo durante todo o trajeto.

COMBO Subir o morro da brava com quadriciclo 4x4 e voar de parapente.

PARATRIKE Nova opção de voo com a OVNI, o Paratrike é ideal para os dias de pouco vento. É um “carrinho” com hélice suportado pelo parapente.

ESCOLA Além dos passeios e voos duplos a OVNI também é uma escola, com alvará de funcionamento e instrutores habilitados para formação de novos pilotos de parapente. Fomos responsáveis pela homologação do espaço aéreo da Praia Brava único sítio de voo homologado da ilha. Nossa escola conta com equipamentos de última geração e 5 pontos de decolagem mantidos pela escola.


saúde

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DEPOIS DO VERÃO Como amenizar os efeitos nocivos do sol na pele

texto dr.a mariana TREMEL Barbatto (CRMSC: 10877 / RQE: 6741) fotos banco de imagens/RM

U

ma queixa frequente no consultório, principalmente depois dos meses de verão, é o foto envelhecimento causado pelo sol. O ressecamento da pele e o aparecimento de manchas e rugas no rosto, pescoço, colo, braços e mãos, as áreas mais frequentemente danificadas pelas radiações ultravioleta do tipo A e B (UVA e UVB). Muitas pessoas já tem o hábito de utilizar o protetor solar diariamente na face, mas ainda é muito comum os pacientes esquecerem do uso do protetor nas outras áreas expostas do corpo. É comum observarmos pacientes com a pele do rosto clara e bem cuidada e com áreas como o colo e as mãos extremamente envelhecidas. Quando os sinais de envelhecimento cutâneo se instalam ainda é possível recuperar a integridade e a beleza da pele, desde que o médico seja procurado precocemente. É importante salientar que no aparecimento de pintas escuras, sangrantes, com bordas irregulares, o dermatologista deve ser consultado prontamente para avaliação clínica e dermatoscópica da lesão. A detecção precoce de um câncer de pele é de suma importância para a cura da doença, principalmente do melanoma, o câncer de pele mais agressivo. A prevenção é sempre o melhor caminho.

Alguns procedimentos podem ser utilizados: 1. Hidratação intensiva: cremes com ureia, lactato de amônia,

aquaporinas, aloe vera, vitamina E e outros antioxidantes podem ser utilizados no rosto e corpo. Máscaras hidratantes também são uma ótima opção para a pele ressecada pós-verão.

2. Luz intensa Pulsada (LIP): Para melhorar o viço, estimular

colágeno e clarear manchas do rosto, colo, pescoço e das mãos a luz pulsada é uma excelente opção. É o tratamento de escolha para pacientes que possuem pescoço e colo manchados, com vasos dilatados (poiquilodermia), pois a LIP tem a capacidade de tratar os vasinhos, melhorando, assim a vermelhidão da região afetada.

3. Ácido hialurônico injetável para hidratação: áreas como o colo

e mãos com sinais iniciais de envelhecimento — rugas finas e desidratação — podem se beneficiar com injeções de ácido hialurônico fluido (skin booster) que alisam e estimulam colágeno na derme. O ideal é realizar 3 aplicações com intervalo mensal.

4. Peelings: podem ser utilizados diversos tipos de ácidos,

dependendo do tipo de pele para renovar, remover manchas e devolver o brilho.

5. Cauterizações/ crioterapia: indicada para pacientes que

apresentam lesões pré-malignas (casquinhas) em áreas cronicamente expostas ao sol e que devem ser tratadas para evitar a evolução para um câncer de pele. Nesses casos mais avançados, com muitas lesões, temos opções de cremes com ativos como 5-fluoracil e imiquimod, que tratam lesões suspeitas. mariana TREMEL Barbatto Rua Ferreira Lima, 238, 6.o andar, Florianópolis 1 (48) 3223-6891 e 9933-7000 0 contato@marianabarbato.com.br



saúde bucal

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LENTES DE CONTATO DENTAIS

O que essa novidade pode fazer pelo seu sorriso texto Laura Sacchetti – CRO-SC 12391 fotos banco de imagens/RM

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abe aquele sorriso “perfeito”, com dentes brancos e alinhados, tipo artista de cinema? Muitas vezes são obtidos com lentes de contato dentais, um tratamento que vem ganhando espaço entre os famosos e chamando atenção dos pacientes que buscam um sorriso perfeito. As lentes de contato são laminados de porcelana ultrafinos, de 0,2 a 0,4mm de espessura. São indicadas para pacientes com dentes levemente desalinhados, restaurações antigas, sorriso escurecido (pelo tempo, tabagismo, medicamentos ou corantes),

diastemas (espaço entre os dentes) e desgastes incisais causados pelo bruxismo. A partir do momento que o dentista e paciente decidem pelo tratamento com as lentes, o paciente passará por pelo menos três sessões de consultas: na primeira a moldagem e planejamento do novo sorriso; no segundo encontro o dentista reproduz na boca do paciente, através de uma prova estética (mock up), qual será o resultado quando as lentes forem instaladas. Assim ambos poderão avaliar formato, cor, estética, fonética e fazer os ajustes necessários. Depois que o paciente e dentista chegarem num acordo, o laboratório protético confecciona os laminados e na terceira consulta são instaladas as lentes. As lentes dentais mudam o sorriso, nosso melhor cartão de visitas, e por isso paciência e cautela, além da escolha de um bom profissional são essenciais para um resultado satisfatório. Laura Sacchetti ( 4Life Odontologia) Ed. Planel Towers, 2o andar, sala 204. Torre I. Av. Rio Branco, 404 — Centro — Florianópolis/SC 1 (48) 3030-1440 / 99130-2077 0 laurasacchetti.implante@gmail.com



nutrição

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O DNA da boa forma

O conhecimento de sua genética pode ser um grande aliado para uma vida saudável

textos Ana Carolina Abreu fotos banco de imagens/RM

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tire a primeira pedra quem nunca culpou a genética pelo excesso de peso, metabolismo acelerado e até por doenças crônicas. Com a medicina cada vez mais avançada, hoje é possível analisarmos nossos genes e utilizarmos a genética como aliada. É possível emagrecer mesmo que sua genética não seja favorável. Ao invés de culpar todas as gerações passadas, através de exames genéticos é possível conhecer melhor seu corpo, perder peso e evitar doenças. Alguns laboratórios já são capacitados para fazer a análise genética de acordo com as necessidades de cada paciente. Podemos avaliar os genes da obesidade, melhorar a condição física de atletas, avaliar a predisposição a alguns tipos de câncer, e doenças neurológicas, e atuar na gestação. Um bom exemplo é o acúmulo de gordura na região abdominal. Existem genes que favorecem este acúmulo e são chamados obesogenes. Em um passado distante precisávamos deles para a sobrevivência, mas atualmente eles se tornaram grandes vilões. Os obesogenes mais estudados hoje são MC4R, PPARG e FTO, pois contribuem não só para o aumentos de gordura corporal no abdômen, mas também para o aumento do índice de massa corporal. Portadores do gene FTO (fat mass and obesity-associated gene) tem 70% a mais de chances de apresentarem sobrepeso. No entanto, culpar a genética pelo sobrepeso parece ser apenas uma desculpa para não sair da zona de conforto. Certamente esses indivíduos terão um pouco mais de dificuldade, mas é possível, com dieta e exercício físico, emagrecer mesmo com uma herança genética desfavorável. Outras características que parecem estar associadas ao FTO são aumento da ingestão de comida e grande dificuldade de saciedade. Indivíduos com uma variante do gene FTO apresentam os níveis de grelina mais elevados, mesmo após as refeições. A grelina é um hormônio produzido pelo estômago. Durante o jejum ela age no cérebro e parece estimular a sensação de fome. Para esse grupo, dietas tradicionais ou da moda (como a cetogênica, que tem alto teor de gordura), não irão trazer os resultados desejados. Pode parecer algo raro, mas essa variante do gene FTO está presente em aproximadamente 20% das populações estudadas. Outro exemplo interessante está ligado às famosas dietas detox. Já existem estudos de mais de 288 genes relacionados com a capacidade do corpo para detoxificação. É importante saber a composição genética para que se saiba como cada organismo irá responder ao detox. Algumas pessoas nascem com uma genética que as torna mais vulneráveis a toxinas e substâncias químicas. Algumas alterações genéticas herdadas impedem o organismo de realizar a desintoxicação corretamente. Um dos genes é o que codifica a enzima MTHFR, responsável pela metabolização do ácido fólico, da metionina e por diversos processos relacionados à metilação do DNA. Uma alteração nesse gene faz com que a enzima não exerça sua função da maneira adequada, prejudicando diversos processos metabólicos, entre eles a detoxificação do organismo. Este gene também está relacionado a trombofilias e má formação fetal. E assim como este, vários outros genes exercem mais de uma função no nosso organismo, e é isto que faz nossa genética ser única. Claro que temos vários fatores importantes a serem levados em consideração, mas cada vez mais tenho utilizado os exames genéticos na minha prática, com excelentes resultados. Aqui em Florianópolis trabalho em parceria com a Biogenetika, que já viabiliza análises para dieta, exercícios, prevenção e diagnósticos.

Ana Carolina Abreu, CRN 1453, é graduada em nutrição pela UFSC e pós-graduada em nutrição clínica funcional pela CVPE/ Unisul. Pós-graduanda em Nutrição Funcional Esportiva, pós-graduanda em Fitoterapia e membro do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional. Centro Médico Florianópolis 1 (48) 3371-0711/ 9155-0711 0 anacarolinaabreu@clinicanut.com.br C @anabreu11



PHYSIO PILATES

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Fisioterapia Pélvica após a menopausa

Atividade pode amenizar os sintomas desagradáveis desta fase As principais alterações em que a fisioterapia texto ROBERTA RUIZ foto banco de imagens/RM Pélvica irá atuar são: enopausa é o termo usado para definir a última menstruação,

M

e climatério é o período após a menopausa, em que a mulher começa a vivenciar os sintomas das alterações hormonais. A menopausa pode ocorrer em torno dos 50 anos e junto com ela começam a aparecer os sinais e sintomas do climatério. Junto com o climatério vem uma avalanche de mudanças físicas e emocionais, com vários sintomas que podem causar angústia na maioria das mulheres. A fisioterapia pélvica tem sido cada vez mais procurada entre os vários tratamentos que buscam amenizar e melhorar significativamente a qualidade de vida neste período.

wR essecamento vaginal; w d ispareunia (dor durante o ato sexual); w a norgasmia (não consegue atingir o orgasmo); w a umento do numero de frequência urinária; w d ificuldade no ato de urinar; w d isúria (dor, ardor ou desconforto ao urinar); w a umento da frequência urinária; w n octúria (acordar a noite para urinar); w i ncontinência urinária por esforço.


PHYSIO PILATES

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A fisioterapia pélvica usa várias ferramentas para prevenir e tratar as disfunções decorrentes do climatério: Terapia comportamental: Orientações focadas na disfunção apresentada. Através de modificações comportamentais, o paciente é orientado a praticar atividade física, controlar a ingestão de líquidos durante o dia e à noite, controlar os intervalos entre as micções, diminuir o consumo de café, chá, refrigerantes e álcool, controlar a alimentação, consumindo alimentos mais saudáveis e ricos em fibras, diminuindo o peso corporal e melhorando os hábitos intestinais. Terapia manual: O assoalho pélvico é uma musculatura estriada esquelética que também gera pontos de tensão e de dor. Com a terapia manual diminuímos a tensão desta musculatura, promovendo o relaxamento e melhorando o quadro de dor e desconforto. Fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico (MAP): A musculatura do assoalho pélvico atrofia e enfraquece com as alterações hormonais, e este enfraquecimento leva a vários dos sintomas descritos acima. Quando fortalecemos e coordenamos esta musculatura melhoramos significativamente todos estes sintomas. Neste fortalecimentos usamos também exercícios com cones vaginais e o Ben Wa (bolinhas vaginais). Eletroterapia: A estimulação elétrica é usada tanto para acordar e fortalecer o assoalho pélvico como para analgesia de pontos dolorosos.

Biofeedback eletromiográfico: A utilização do Biofeedback Eletromiográfico no treinamento do assoalho pélvico tem como vantagens capacitar o paciente a identificar os músculos a serem trabalhados, aumentar a percepção sensorial e reestabelecer a coordenação e o controle motor voluntário, resultando numa melhora funcional e, consequentemente, dos sintomas. Utilizando eletrodos de superfície ou intracavitários, que captam a atividade elétrica das fibras musculares dos músculos do assoalho pélvico, o Biofeedback Eletromiográfico permite uma leitura e interpretação em tempo real das disfunções pélvicas através de sinais auditivos e/ou visuais. Utilizando-se destas técnicas iremos promover conscientização, coordenação, controle e fortalecimento da musculatura de assoalho pélvico, melhorando todos os sintomas relacionados à fraqueza e diminuição da eficácia destes músculos, além da diminuição de pontos dolorosos, aumento da sensibilidade e melhora da oxigenação tecidual local, levando a uma melhora da qualidade da vida sexual. Realizar exercícios específicos de fortalecimento para a MAP é algo fundamental para que sejam minimizados os efeitos nocivos do envelhecimento, não só sobre a MAP, mas sobre todo o aparelho urogenital feminino. Uma MAP forte provém um apoio melhor à bexiga, diminuindo as chances de incontinência urinária, infecções urinárias e prolapsos genitais. Hoje já existem comprovações científicas dos benefícios da fisioterapia pélvica no tratamento das disfunções já instaladas e na prevenção de possíveis disfunções causadas pela alteração hormonal desta idade. Roberta Ruiz é fisioterapeuta, com pós-graduação pela USP, e instrutora de pilates pela Physio Pilates — Polestar (USA). Acesse o blog e veja notícias e artigos sobre pilates, http://robertaruizstudiodepilates.blogspot.com/ 0 ropidias@gmail.com


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BERINJELA Versatilidade saudável textos Ana Carolina Abreu fotos banco de imagens/RM

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berinjela é tão versátil que até seu nome pode ser escrito de duas formas. Em Portugal é com G, no Brasil é com J. Deixando as brincadeiras de lado, vamos ao que interessa. Nativa da Índia, a berinjela é cultivada há 4 mil anos e inicialmente seu uso era apenas ornamental. Faz parte da família das solanáceas, assim como o tomate e o pimentão. Eles contém algumas substâncias tóxicas, como as solaninas, alcaloides tóxicos, que funcionam como um mecanismo de defesa para a planta. Por isso o consumo excessivo desses alimentos com alta dosagem de solanina ou seu consumo prolongado pode causar efeitos adversos no trato gastrointestinal. Elas inibem a ação de uma enzima (acetilcolinesterase), provocando um estímulo neuromuscular. Em pessoas com predisposição genética à inflamação do intestino ou articulações, as solaninas podem ser ainda mais prejudiciais. Quanto aos benefícios nutricionais, a berinjela é rica em vitaminas do complexo B, além das vitaminas A e C, o que faz dela uma excelente opção para memória, sistema imunológico, pele e cabelos. Possui minerais como cálcio, zinco e magnésio, que participam de diversos processos bioquímicos no organismo, atuando no sistema nervoso e também metabolismo ósseo. Ela também tem ação diurética e pode auxiliar no controle da pressão e do colesterol. Por ser rica em fibras e água ajuda no controle da glicemia, prevenindo o diabetes. Pode ser consumida cozida, assada, grelhada, como prato principal ou acompanhamento, em inúmeras receitas.

Caponata Ingredientes w 3 berinjelas em cubos w 2 abobrinhas em cubos w 2 cebolas picadas w 1 pimentão amarelo w 10 dentes de alho w ½ xícara de castanhas de caju w ½ xícara de azeite de oliva w sal w pimenta Modo de preparo w Pré-aqueça o forno, corte todos os vegetais em cubos e coloque em uma assadeira. Coloque os dentes de alho inteiros com casca. Acrescente os temperos e o azeite de oliva mexa e leve ao forno por 20 minutos. Mexa e deixe por mais 10 minutos ou até que estejam macios.


Aberto de terça a sábado.

Avenida dos Búzios . 1136 . Jurerê Internacional . Florianópolis . SC 48 3364.5997 . jaybistro@hotmail.com . www.jaybistro.com.br


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Cebolinha O coringa dos temperos

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difícil achar quem não goste ou não utilize cebolinha no dia a dia. Prática e aromática, ela é um coringa na alimentação, pois combina com tudo. De origem europeia, ganhou o mundo nas navegações portuguesas. A melhor forma de utilizá-la é fresca. Mesmo congelada, prefira colocar a cebolinha ao fim da preparação, assim as propriedades nutricionais e o sabor se mantém. Em relação aos benefícios nutricionais podemos destacar seu efeito anti-inflamatório e antioxidante, auxiliando na prevenção de diversos tipos de câncer. Rica em quercetina, também tem ação anti-histamínica, ou seja, melhora e previne alergias. Por ser rica em cromo, pode ajudar no controle da glicemia e diminuir a vontade de doces. Também é rica em luteína e zeaxantina, importantes para a saúde dos olhos por prevenirem catarata e degeneração macular. É fonte de alicina, que tem atividade antiviral. Possui vitamina C, manganês, potássio e vitamina B6. Por ser tão utilizada, vale a pena cultivar numa hortinha doméstica ou até mesmo ter um vasinho com o tempero.

Como plantar w O tempero cresce em vasos e jardineiras, com mudas ou sementes. É preciso regar com abundância, não deixar no calor excessivo e garantir muita luz para a planta. Na hora de colher, deixe sempre 1/3 do comprimento das folhas para que voltem a brotar. Ana Carolina Abreu, CRN 1453, é graduada em nutrição pela UFSC e pós-graduada em nutrição clínica funcional pela CVPE/Unisul. Pós-graduanda em Nutrição Funcional Esportiva, pós-graduanda em Fitoterapia e membro do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional. Centro Médico Florianópolis. 1 (48) 3371-0711/ 9155-0711 0 anacarolinaabreu@clinicanut.com.br C @anabreu11



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OS DEFUMADOS DO JÚLIO

As iguarias produzidas na Freguesia do Ribeirão da Ilha

texto Marcos Heise fotos Marisa Naspolini

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eduto histórico de Florianópolis, localizado no Sul da Ilha de Santa Catarina, o Ribeirão da Ilha ganhou fama também por se ter transformado em berçário de ostras e mexilhões, pelo seu contato direto com a Baía Sul e por seus fortes atrativos gastronômicos. E foi nesse lugar de tempero mané que nasceu o pendão culinário de Júlio Cavalheiro, bancário aposentado e que há quatro anos desenvolve um laboratório de produção de frutos do mar defumados, tudo artesanal e ao seu gosto. Tudo é feito junto à sua própria casa, uma propriedade localizada à beira da praia do Ribeirão. Hoje sua produção varia, podendo chegar a 120 kg/mês. A paixão pela cozinha vem de bastante tempo. Julio já teve restaurante e prepara uma das melhores moquecas de garoupa

da Ilha. Ele contabiliza nos seus registros a criação de 29 pratos autorais. No tempo de bancário, quando tinha que lidar com as pressões do trabalho, Julio buscava refúgio na cozinha enquanto pensava em soluções para os problemas. A trajetória dos defumados, no entanto, começou assim meio sem querer, numa viagem de turismo para a Alemanha. Lá ele provou o salmão defumado. Encantou-se e começou a pesquisar e estudar, já enxergando uma oportunidade de negócio. Os primeiros testes começaram em casa mesmo, com a esposa Márcia e o casal de filhos. Daí os defumados começaram a ser compartilhados com vizinhos e amigos. Nesta época, por timidez, não assumia que era o autor, embora todos desconfiassem. Dizia que quem preparava era um amigo meu — desconversava. Só que a “mentira” não durou muito. E as encomendas começaram. E o preço?


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— Veja bem — defende —, aqui no meu laboratório são feitas iguarias. A matéria-prima são pescados frescos. E são processos lentos, artesanais, pensados nos mínimos detalhes. O preço dos produtos vai até onde eles devem ir e como são iguarias, é claro que não custam pouco. Exemplo: o polvo defumado perde 70% do seu peso até chegar ao preparo final. Tem todas as etapas, custos dos produtos, equipamentos, não tem como ser uma mercadoria com preço parecido com algo que é produzido em escala —, afirma. Os detalhes fazem a diferença. A serragem utilizada na produção vem de um fornecedor de madeira certificada de Chapecó. E na hora do uso ela ganha o acréscimo de ervas e temperos, com destaque para um grão importado da Alemanha. O forno é importado e tem capacidade para 24 kg. Os produtos, depois de prontos, são embalados a vácuo. Essas embalagens igualmente são importadas da Alemanha. A validade é de seis meses em freezer ou de 30 dias em geladeira. As grelhas utilizadas para a defumação foram feitas em inox, com espessura mínima para acomodar inclusive ostras e camarões. A limpeza e os cuidados sanitários na hora de manipular os pescados são outra obsessão. Julio buscou o auxílio de um profissional da Vigilância Sanitária de SC para dotar o seu laboratório com todos os pré-requisitos necessários. — Qualidade e higiene são questões fundamentais. Faço os produtos como se fossem para mim. E os próximos passos? Julio fala pouco sobre isso, mas já pensa em profissionalizar o negócio através da criação de uma pequena fábrica, ali mesmo no Ribeirão, para criar uma espécie de linha de montagem industrial toda automatizada, coisa para daqui a um ano, estima ele.

Portfólio ampliado O salmão é o carro-chefe da produção artesanal de Cavalheiro, cerca de 90 quilos por mês. São peças padronizadas com cerca de 8 kg cada. O produto chega importado do Chile através de um distribuidor de Itajaí. Ano passado, Julio viajou ao Chile para conhecer todo o processo de produção do peixe, que é feito em cativeiro. Depois do salmão consolidado, o portfólio foi ampliado, incluindo até o camarão, seu mais recente desenvolvimento. Atualmente ele produz: salmão, marisco, ostra, polvo, anchova, tainha, ova de tainha e camarão.


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Degustação O processo O sequencial de produção da JM Defumados segue estes passos: w Chegada dos produtos, sempre frescos. w Manuseio, limpeza e preparação. w 30 horas de maturação já com a solução de temperos. w Fase de cura, 72 horas a zero grau. w Defumação (tempos variáveis de acordo com o produto). w Novo resfriamento w Etapa final de embalagem a vácuo.

E qual a melhor maneira de preparar os frutos do mar defumados? Seguindo sua instrução, com a menor interferência possível, já que eles já estarão prontos para consumo. Compõe muito bem em saladas ou combinados com molhos agridoces. Julio gosta muito da combinação entre o mel e a mostarda, mas sempre oferece os complementos em potinhos separados, onde cada comensal se serve ao seu gosto. É claro que um bom azeite de oliva é indispensável, mas ele recomenda um azeite tipo virgem, não o extra virgem, que tenha mais corpo e sabor para fazer o contraste com a pegada dos defumados. Somente um restaurante, lá mesmo no Ribeirão da Ilha, tem o produto dele no seu cardápio, aliás, devidamente batizado: Salmão defumado à moda Júlio Cavalheiro. Ele explica: — Sou criterioso em relação a isso. Não quero fornecer matéria prima para que um restaurante faça o seu preparo. Para fornecer, faço questão que o restaurante siga a instrução de uso, como eu vou indicar. Isso tem o objetivo de preservar a qualidade. Se não for assim, prefiro não fornecer o produto. Marcos Heise é jornalista metido a cozinheiro e vice-versa. Autodidata na cozinha, faz atendimentos gastronômicos nos finais de semana em festas e espaços gourmet de condomínios. Suas especialidades são receitas exclusivas e pratos nada ortodoxos como o alemão hackepeter, o lusitano arroz de pato, a mediterrânea caponata e novidades como o bolinho de marreco, sua última criação.





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a Aventura no verĂŁo da Serra

textos e fotos OLAVO MORAES

Pedra Furada ĂŠ um dos destaques da paisagem do Morro da Igreja


Curtir a natureza exuberante e o friozinho do Planalto Serrano tornou-se opção para fugir do calor excessivo do início do ano

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escobrir os encantos do verão na Serra Catarinense é uma grande aventura. Natureza exuberante, paisagens repletas de araucárias, gastronomia de primeira, vinhos de qualidade e temperatura amena. A atmosfera agradável exibe a mais bela face do verão longe do litoral e suas praias paradisíacas — ofuscadas pela temperatura escaldante e o clima abafado do início de 2017. A viagem ao Planalto Serrano é bela. Seus caminhos, por vales, serpenteando montanhas, estradas sinuosas e longas retas, é de encher os olhos. O azul do céu, em contraste com o verde da mata, é um espetáculo. Mesmo a chuva e a neblina têm seu charme. Há muitos pontos de parada ao longo do caminho, ideais para a contemplação da natureza. Em locais mais altos, onde mesmo no verão a temperatura pode ser inferior aos 15 graus, a sensação térmica é cartão de visita da região. Você sente que está na Serra. Curte o friozinho e se afasta do calor excessivo do badalado litoral catarinense. E à medida que avança, rumo ao coração do Planalto, a generosidade da natureza encanta e apaixona.

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Pinheiro brasileiro A começar pela mata de Araucária, o pinheiro brasileiro. É uma oportunidade rara de observar essa espécie centenária, hoje amplamente devastada. Resta pouco do que um dia foi a maior floresta do sul do país. Decisões políticas equivocadas, desmatamento desenfreado e descaso pela natureza destruíram imensas áreas de vegetação. E quase nada está sendo feito para reverter esse quadro. Outra atração inesquecível são os morros. Os quatro mais altos de Santa Catarina estão na região, nas cidades de Urubici e Bom Retiro. Todos na faixa dos 1.800 metros. Entre eles o Morro da Igreja. Com paisagem incrível, no pico, a 1.822 metros de altura, a sensação é de alcançar o céu. Destaque para a Pedra Furada, formação rochosa com enorme furo no meio. Há também a base aérea, que abriga o controle do tráfego aéreo de toda a Região Sul, o Cindacta 2. Para subir o Morro da Igreja é preciso uma autorização do ICMBio, em Urubici, que pode ser pedida ser via e-mail. Há outros morros igualmente deslumbrantes na região, como o da Boa Vista, o mais alto do Estado, com 1.827 metros, o da Bela Vista do Ghizoni, com 1.823 metros, e o Campo do Padres, com 1.790 metros.

Cachoeiras exuberantes Na descida do Morro da Igreja a natureza proporciona um show das águas do Planalto Serrano. Na cascata Véu de Noiva, com 62 metros de altura, não há queda livre. A água desliza com suavidade por grandes rochedos. Quando há maior vazão, a espuma branca faz a água se assemelhar a um grande véu de noiva. Por seu visual, se destaca entre as mais de 80 quedas d`água de Urubici. Na caminhada até chegar à cascata,

é possível vislumbrar a fauna e a flora da região, com pássaros e vegetação típicos. Próximo dali, na estrada que leva à cidade de São Joaquim, há outras duas atrações no Morro do Avencal. Um sítio arqueológico, com inscrições rupestres, e uma cachoeira. Com 100 metros de queda livre, é possível observar o salto do Avencal a quilômetros de distância. Paraíso dos praticantes de rapel, o nome da cachoeira deriva da avenca, vegetação comum na região. É possível chegar de carro na parte de cima da cachoeira, cercada por um muro de taipa, e a pé na parte de baixo, por uma trilha no meio da mata.

Cascata Véu de Noiva

Cachoeira do Avencal


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Garganta da Serra do Corvo Branco

Portal da Serra

Outra atração imperdível é o Portal da Serra do Corvo Branco. Ali, a natureza deslumbrante foi esculpida pelo homem. A “garganta” de entrada começa entre dois paredões de pedra e proporciona visão impressionante. A obra exigiu corte de 90 metros de rocha basáltica. A lendária estrada, ligação pioneira entre litoral e serra, continua em atividade. É também um dos poucos lugares onde é possível observar a afloração do Aquífero Guarani. Descer a Serra do Corvo até a cidade de Grão-Pará é emoção única. Com altitude de 1.440 metros, as descidas exigem cuidado e perícia dos motoristas. As curvas fechadas são de tirar o fôlego. A pequena largura da estrada remete ao tempo em que era conhecida como “a mais temível” do Brasil. O tempo passou e ela não perdeu a imponência. Morro da Igreja

Corvo Branco


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Delícias da gastronomia Um dos muitos prazeres da serra é a gastronomia. Mesa farta e bebida de ótima qualidade é uma tradição no Planalto Serrano. Destaques para os vinhos, consagrados no Brasil e no Exterior. O suco de uva também faz bonito. Entre os pratos típicos, a tríade pinhão, frescal e truta é imbatível. O frescal é carne bovina de preparo especial, mais macia e suculenta. Antigamente, a preparação incluía pedaços do boi em mantas, amarrados sob a barriga dos cavalos dos tropeiros para que o suor do animal salgasse a carne. Hoje em dia se utiliza sal grosso por 12 horas para desidratar a carne. Estendida ao ar livre por uma noite, se transforma em iguaria. O pinhão é a semente comestível das araucárias. Pode ser cozido em água fervente, assado ou feito na chapa. Os tropeiros e, antes deles, os indígenas, criaram o pinhão sapecado, assado diretamente em fogueiras. Em pedaços pequenos, o pinhão acompanha pratos de carne; moído, recheia a paçoca da região, com linguiça, cebola e alho. Também serve como cobertura de alguns pratos, como pizza. Melhor ainda acompanhado de queijo serrano. Criada nos lagos e rios gelados da região, a truta é servida de várias formas. Pode ser recheada com alcaparras, tomate e cebola, ou com molho de amêndoas. O peixe também é encontrado à moda portuguesa: com batata, ovos cozidos, pimentão, tomate, cebola e azeitonas. Truta com risoto quatro queijos

Pôr do sol em São Joaquim

Montagna Dessert no Bistrô Baco


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Inscrições de mais de 4.000 anos Na região há também inscrições rupestres. O sítio fica no Morro do Avencal, com acesso no quinto quilômetro da estrada que vai para São Joaquim. São marcas deixadas por povos que habitaram a região há pelo menos 4.000 anos, um importante registro

Máscara do Guardião

arqueológico em território catarinense. Presume-se que esses povos considerassem sagrado o local das inscrições. Destaca-se a imagem perfeita de um rosto, a “Máscara do Guardião”, que deve ser procurada atentamente pelo visitante.


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A quase extinta Mata de Araucária A beleza da Serra Catarinense está diretamente ligada à presença da Araucária, espécie que, apesar de estar ameaçada de extinção, traz contorno ímpar à região. O desmatamento da mata de araucária começou com a colonização alemã e italiana. Nas primeiras décadas do século 20, os colonos utilizavam a madeira para a construção de casas, prédios, móveis e artigos de uso geral. Houve também o desmate de pequenos trechos, para a prática da policultura de alimentos. Com o avanço da agricultura, vastas áreas de floresta cederam lugar ao cultivo de milho, trigo, videiras e árvores frutíferas, à medida que a região se transformava em importante fornecedora de madeira nativa para os mercados nacionais e internacionais.

fotos ayrton cruz

Restam apenas 2% Dos 100 mil quilômetros quadrados de matas de araucária que cobriam São Paulo e os estados da região Sul restam apenas 2%. Nos últimos 70 anos foram derrubados 100 milhões de exemplares dessa espécie para a fabricação de móveis. Em 2001, uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) proibiu a extração e a comercialização de espécies da mata atlântica ameaçadas, como a araucária.



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Colheita de uvas é atração no Meio Oeste

Vindima na altitude VÍNICOLA VILlA FRANCIONI

textos e fotos OLAVO MORAES

foto divulgação Vinhedos do Monte Agudo

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pós um ano de cuidados com as uvas e acompanhamento intensivo dos parreirais, chega a hora da colheita. Este ano em sua quarta edição, a Vindima de Altitude levou mais de 50 mil pessoas a São Joaquim e vinícolas da Serra e do Meio Oeste durante o mês de março. “É uma oportunidade para apreciar bons vinhos, visitar uma das regiões mais bonitas do Estado e conhecer um pouco mais de um segmento que cresce rapidamente”, afirma Guilherme Grando, presidente da Vinho de Altitude — Produtores Associados, e diretor comercial da Vinícola Villaggio Grando, de Água Doce. Além de oferecer vinhos de diferentes uvas, as vinícolas realizaram programações especiais. Almoços e jantares harmonizados, degustações, sunsets e visitas guiadas aos vinhedos movimentam o mês de março na Serra. Um circuito cultural itinerante e gratuito movimenta os finais de semana com música erudita e instrumental, jazz, choro, MPB e nativista, assim como dança contemporânea e folclórica.


foto divulgação Vinícola Leone di Venezia

VINICULTURA

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Qualidade reconhecida Próxima de obter o selo de Identificação Geográfica (IG), a produção de uvas de altitude em Santa Catarina ocupa aproximadamente 500 hectares. Está localizada entre a Serra e o Meio Oeste, em altura entre 900 e 1,3 mil metros acima do nível do mar. Neste ano a expectativa de safra é 30% maior, com previsão de colheita de 1,6 milhão de quilos. As principais uvas produzidas são Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc, mas a partir deste ano começam também a ser colhidas variedades italianas (Sangiovese e Montepulciano) e portuguesa (Touriga Nacional). Das 35 vinícolas produtoras de uva da área de atuação da Associação dos Vinhos de Altitude, 20 produzem e comercializam cerca de 160 rótulos, alguns deles premiados no Brasil e no exterior. São 1,4 milhão de garrafas, com faturamento estimado em R$ 150 milhões.


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Três cidades que não dormem recebem um casal flâneur apaixonado por arte e arquitetura


texto Monique Vandresen fotos Cláudio Brandão

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m “Paris é uma festa”, depois de conhecer um F. Scott Fitzgerald que não para de chorar e reclamar, Hemingway enxerga o que todo viajante um dia acaba encontrando: a certeza de que nunca deve-se viajar com alguém que não se ama. A frase de Hemingway é especialmente verdadeira se esta viagem começa com um voo incrivelmente barato que te obriga a passar um dia em Nova Iorque, quando o destino final é Madrid, do outro lado do Atlântico. Nós já antecipávamos a delícia que seria a primeira parte da viagem, mas, aos quase 48 e aos 60, ignorávamos em que estado chegaríamos na segunda. Depois de um voo relativamente vazio, em que eu ocupei quatro poltronas mais o colo do meu companheiro de viagem, o voo da American aterrissa no aeroporto John F. Kennedy. Pegamos um metrô e descemos no Soho, com um frio de pouco menos de zero Celsius. O SoHo, ou South of Houston, é um bairro que fica entre a Hudson Square, Nolita, Little Italy e Tribeca, bem ao sul da Ilha de Manhattan. Cheio de bistrôs, patisseries, restaurantes e bares, é o lugar ideal para ir caminhando pelas ruas de paralelepípedo e descobrindo lugares. Depois de um belo café, muitas galerias descoladas e uma caminhada até o Eataly, nosso dia em Nova Iorque chega ao fim. Se não fôssemos “flanando”, seriam 2,5 quilômetros. Mas sem flanar não tem graça, não é mesmo?

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Nossos guias de viagem poderiam ser o relato de Hemingway sobre sua experiência parisiense ou The Mind’s Eye, em que, além do famoso texto sobre o momento decisivo da fotografia, CartierBresson fala de suas passagens por Moscou, Cuba e China com a mesma sensação de imediatismo e intensidade que caracterizam suas fotos. Não seria possível (re)ler nenhum dos dois no voo lotado para Madrid, mas já tínhamos dado sorte em um bom pedaço da viagem. E eu iria fazer 48 em algum lugar sobre o oceano. Madrid é o coração da Espanha, núcleo intelectual e político e capital cultural de um dos idiomas mais falados do planeta. É

a cidade onde se localiza um conjunto de museus que não tem comparação: o Prado, de Goya e das meninas de Velásquez, o Reina Sofia, da arquitetura que mistura o novo e o velho e abriga o Guernica, e o Thyssen-Bornemisza, com uma coleção incrível de arte moderna e contemporânea. A gastronomia é um espetáculo vibrante, com tapas, paellas, doces e presuntos. Come-se bem, e bebe-se bem. A cidade é cheia de barzinhos, e todos estão não apenas cheios todos os dias da semana, mas comportam uma freguesia animada que ocupa as calçadas. Madrid também é uma festa. E Madrid não dorme.


A agitada vida cultural madrilenha tem ainda shows, teatro e exposições. É possível sair para caminhar com segurança em qualquer horário da noite, e com pouco dinheiro sair de “cañas e tapas” na célebre “Marcha Madrileña”, bebendo e comendo muito bem. La Latina, Chueca e Salamanca são as áreas mais divertidas da cidade. Nosso caminho diário passava pela Plaza Mayor, cenário, no passado, de procissões, festas e julgamentos da Inquisição. Alguns dos apartamentos desta praça “cercada” funcionam como salas do Governo e outros são habitados por moradores locais. O Parque do Retiro, a mais importante área verde de Madrid, é o local do Palácio de Cristal e do Palácio de Velázquez, onde encontramos “sem querer” uma das exposições mais interessantes da viagem: Another Family Plot, de Txomin Badiola. Outra parada interessante é a Fundação Caja Forum, que fica em um prédio ultramoderno do escritório suíço de arquitetura Herzog & de Meuron, que tem um jardim vertical surpreendente. Vale a pena conferir ainda a região ao redor do Callao e o Bairro das Letras, que conta um pouco da história da literatura da cidade. Morando em uma cidade — e um país — onde os problemas de trânsito parecem não ter solução, passei boa parte das duas horas e meia que nos levaram de Madrid a Barcelona (são 623,9 quilômetros) pensando em como um país que se livrou da ditadura há pouco mais de três décadas pode ter se transformado em um líder mundial na área de tecnologia para o transporte público. A resposta é simples: a democracia foi bem gordinha nestas três décadas, e o país abraçou ideias progressistas para o planejamento urbano e o transporte. A passagem do trem rápido entre Madrid e Barcelona custa entre 30 e 100 euros, dependendo da antecedência com que se compra.

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Barcelona oferece uma coisa que poucas cidades ocidentais oferecem hoje a um viajante: o estranhamento. Olhar um cartaz em catalão é bombear o coração com ingredientes que sumiram das viagens com a chegada do Starbucks. A cidade é animada e junta, em seu traçado, sinais dos romanos, dos bairros medievais e os mais esplêndidos exemplos do modernismo e das vanguardas do século XX. Barcelona é a capital cultural e administrativa da Catalunha. À beira do Mediterrâneo, moderna e bem organizada, é praticamente um museu a céu aberto. A alma da cidade é cosmopolita, e os prédios que parecem estranhos castelos de areia colaboram para que Barcelona seja única, apesar das H&Ms, Forever 21s e outros não lugares.


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A parte antiga, formada pelo Barri Gòtic e os bairros da Ribera e do Raval, é famosa pelos seus edifícios históricos. É preciso caminhar pelas ruas para entender os diferentes períodos da história, contemplar a muralha romana e os edifícios perfeitamente conservados e para poder sentir a atmosfera boêmia que caracteriza Barcelona.


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A La Rambla é uma avenida que começa junto ao mar e segue até à Praça Catalunha. Considerada o coração da cidade, viva e diversa, tem o mercado de La Boqueria, o Gran Teatre del Liceu e centenas de bares e restaurantes. Subindo chega-se ao Eixample, bairro que até hoje é modelo de planejamento urbano único. Projetado em 1860 por Ildefons Cerdà, possui uma das maiores coleções da arquitetura modernista do continente europeu. No Passeig de Gràcia encontram-se as obras dos artistas mais representativas deste movimento: Antoni Gaudí, Puig e Cadafalch e Domènech e Montaner. As casas Batlló, Amatller e Milà — mais conhecida como La Pedrera — são alguns dos edifícios que contam esta história. O modernismo está por toda a cidade. A Sagrada Família, obra inacabada de Gaudí, o Palau de la Música Catalana e o Parque Güell constituem um legado que só se pode observar em Barcelona. Mas é hora de voltar para Madrid, e de lá para casa, onde um de nós já planeja a próxima viagem.



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foto jefferson almeida

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Mateus Verdelho lança disco “Família MV”

foto angelo santos

isto de modelo, Dj, rapper, empresário e skatista, Mateus Verdelho não para quieto, nem quando está de folga com sua mulher Shantal Abreu, com quem administra a Suable, sua loja em Ribeirão Preto. Em parceria com o Dj Nizz, agora Mateus está na estrada pelo Brasil com o projeto Hollywood Dogz, que lota as pistas com repertório finíssimo, levando muita gente bonita e boa vibe por onde passam. Mateus e eu sempre nos encontramos por aqui nas festas Like a Boss na Safe, e no Hip Hop Chic no Vintage Pub. O cara também tem um grupo chamado Família MV, que tem um disco lançado, onde Mateus solta a voz com os rappers Diamante e Mael. Com produção caprichada, o disco teve a participação do Pixote e do Edi Rock, dos Racionais. Vale a pena escutar. Contato para shows 0 atendimento@mateusderdelho.com.br 1 (48) 99972-6657 (Leo) foto angelo santos

texto Leo Comin



floripa é show

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O melhor da noite na cidade fotos ADRIEL DOUGLAS, MARCO CEZAR, HEMERSON TOUCHE e CAIO GRAÇA

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a estação mais quente do ano, nossa ilha virou um palco estrelado. Nas casa noturnas e beach clubs artistas nacionais e internacionais de vários estilos fizeram a alegria do público, que lotou os shows da diva pop Anitta, do duo Elekfantz, do pagodeiro Thiaguinho, do roqueiro Nando Reis, do sertanejo Wesley Safadão, do ídolo pop internacional Jason Marz e muitos outros. As próximas páginas estão recheadas de imagens das festas mais legais que rolaram em Floripa na última estação. Entre e fique à vontade.


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A NOITE É NOSSA

ROBERTA FERREIRRA, SARAH OLIVO, LAURA SACCHETTI e DANIELLE COSTA

Revista Mural 71 é lançada com festa no Donna fotos Marco Cezar

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ais uma pra conta. Lançamos a edição número 71 da Revista Mural em alto estilo. A festa rolou no Donna Dinning Club, em Jurerê Internacional, com lua cheia, gente linda, bebida boa e som de qualidade comandado pelos dj’s Pinho Menezes e Du Oliveira. Aguardamos vocês no lançamento da 72.

ANA PAULA e PAULO DINIZ

ODILON SOUZA e DANI SANTOS

LUCIANA E ORLANDO FERNANDES

MOIALE GUARDINI

THAY MARTORANO

EGIDIO MARTORANO e RO CAMPOS

HELOÍSA MESQUITA

ALUíSIO GUEDES, LIA LEMOS, SHIRLEI ALBUQUERQUE e CLáUDIO SABONETE

THIBULT CUNY


mural da mural

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TURMA DA NILMA VIEIRA

GABRIELA HUMERES

FéFI NASCIMENTO e DIEGO ARAGÃO

ANINHA MACHADO

DÉbora Schondermark

MARINA GONZAGA e MIRKA

MARIZE FERNANDES e JEFERSON

KAROL e CESAR CARNEIRO

NANY MACHADO e PAULO ALCEU

NATHALIA ERN

PINHO MENEZES e NANDA CAMACHO

XIMENA e DOUGLAS

FéFI e joão NASCIMENTO

VITOR PAMPLONA e GERSON PAMPLONA

LU MARQUES

Alice Harger


mural Donna Dinning Club

90

MESA E PISTA

alexandra lischoten

SARA HUMERES

BERNARDO AMORIM E GIULIA COSTA

thiago tavares

alana rizzardi e mayara pellenz

Donna: gastronomia e balada no mesmo endereço fotos PAULINHO SEFTON, LUCAS MOÇO e DANIEL OLIVEIRA

O

Donna Dinning Club em Jurerê Internacional vem se consolidando a cada ano como o queridinho do público local e dos turistas. Aberto de terça a domingo durante toda a temporada de verão, realizou grandes festas nos finais de semana, arrancando elogios tanto para os chefs quanto para os dj’s.

dryka almeida

ANDRÉ BARRETO E GABI FLORIANI

FRANCIELI PERÃO

ARTHUR MAGALHÃES E JúLIA PALMA

THAIS LENTZ E MONIKE KRETZER

bruna olívo e francisco eduardo freitas

GUSTAVO E LUANA PUEL

CAMILA BELLIARD

Antonella Bellucci



mural milk

92

GIOVANA HERNANDES

TIPO A

PAULA BERTOLDI

Carolina Bastos, Victoria Steinhaus, Maria Menezes e Caroline Forneroli

Milk é o destino do primeiro time em Jurerê Internacional

BRUNA SCHMIDT

TABATA DURIEUX

gabriela losekan

Cristina youssef

jéssica martins

GUTO LOPES E TAYANA CANTU

João Reis e Manu Deschamps

fernanda riffel

GABRIELLE VERAS

STEFANI DALTOÉ

fotos LUCAS MOÇO

B

alada que reúne os mais vips entre os vips, a Milk caiu de vez no gosto do público mais exigente do Brasil e do mundo, e se consolidou no verão de 2017 com casa cheia em todas as noites em que abriu.

Priscila Carvalho

zoo

RENATA GASSEN



mural p12

94

DEZ ANOS DE FESTAS

JúLIA E MONIQUE ULYSSEA

ELISA HONORATO

camille de leon, giu, jaqueline lavina e beatriz vali

P12 comemora mais uma temporada de sucesso

Carol Azevedo

THAIS GARCIA RIBAS

joel e fernanda menezes

daniel bornhausen e ana luiza botelho

fotos ADRIEL DOUGLAS

A

10a temporada de verão do P12 teve festas, shows, atrações nacionais e internacionais. Como foi um verão longo, com Carnaval somente no final do mês de fevereiro, o Grupo Novo Brasil apostou numa programação bem eclética. Foram 30 eventos, com nomes como os top dj’s Kolombo, Jamie Jones, Lost Frequencies, Elekfantz, Robin Schulz, Jonas Blue, Vintage Culture, Galantis, Gui Boratto, Duke Dumont, além dos Shows do Skank, Natiruts, Playing For Change, Jorge & Matheus, Bruninho & Davi, Matheus & Kauan, Wesley Safadão, Jota Quest, Lenine, Jason Mraz, Gusttavo Lima, Titãs, Thiaguinho, Maiara & Maraisa, Henrique & Juliano e muito mais.

carla fey e gerson krieger filho

Fernanda Amorim e Maiara Rosendo

JANAINA E IAN STOTZ

Julia Araújo e Davi Guimarães

CINTHIA HEINZEN E RENAN LIMA

Letícia Becker e Renata Peters

Gabriela Vieira

Iza Kulkamp



mural Posh Club

96

Fabiola Pagani e Gustavo Sarti

GLAMOUR

Beatriz Becker, Maria Eduarda Lima e Vanessa Lemos

Aberta apenas no verão, Posh é reduto de colunáveis

Moyale Guardini e Márcio Escher

fotos ANGELO SANTOS e daniel oliveira

A

Posh Club é consolidada como uma das casas noturnas mais exclusivas do Brasil e funciona somente durante o verão. A cada temporada, a Posh Club atrai um público seleto, composto por turistas, formadores de opinião e colunáveis de todo país e exterior, que buscam diversão aliada ao glamour.

Luiza Almeida e Ricardo Goldfarb

Diennefer Weissheimer

Ligiah Saporski

Bruna Lecardeli

Kamila Hansen

João Luiz Lummertz e Maurício Machado

Melisa Smitto e Agostina Smitto

Luísa Macário e João Lummertz

Maria Alice Petrelli

Jéssica Waldow


mural Acqua Plage

97

Bruninho e André Sada

Flávia Viana

Gabriella Vanti

Gabriella Lenzi

Gabriel Wickdold

Dado Prisco e Livia Cunha

Paulinho Veloso e Léo Ribeiro

Nora en Pure

Jack.E

Lu Tranchesi

Mariana Paboan

Leo Lanvin

Tabata Pizzetti

Manuela Mendes e Sorocaba

Francine Pantaleão

Mariana Krause e Edo Krause

Mário Veloso


mural Acqua Plage

98

Ana Paula Guimarães

SIMPLICIDADE E SOFISTICAÇÃO

GABRIELLA VANTI

Fernanda Coltro

Restaurante Acqua Plage chega em Jurerê Internacional fotos DANIEL SILVA, LUCAS MOÇO, FABRíCIA PINHO, DARLINE SANTOS e ANGELO SANTOS

I

naugurou no mês de dezembro em Jurerê Internacional o Acqua Plage, localizado no primeiro posto de praia, do lado direito do balneário. O mais novo restaurante do bairro foi idealizado e projetado em cima de uma célebre frase de Leonardo da Vinci: “A simplicidade é o último grau da sofisticação”. As referências são mediterrâneas, tanto para a gastronomia quanto para decoração. O menu de frutos do mar foi desenhado pelos chefes peruanos Hugo Olaechea e Sarah Sanchez, que comandam a cozinha do Donna. O projeto arquitetônico foi desenvolvido pela renomada Taty Iriê. Mesa, banho, tecidos de decoração e revestimentos são assinados pela Karsten. Outro destaque é a Moët & Chandon Ice Impérial Rosé — aquela champanhe para ser degustada com gelo e especiarias, lançada na temporada de verão europeia, que chegou ao Brasil para o verão e em Florianópolis é vendida no novo point de Jurerê.

Arícia Silva

Karen Medeiros

Edmilson Pereira, Gean Loureiro e Cintia Serra de Queiroz

THAIS FURTADO

Bruna Pellenz

Amanda Sasso e Roberta Kuzolitz

Ana Paula Correa e Tamara Sperafico



mural Acqua Plage

100

ALINE SERAFIM

ADRIELLE GUIMARÃES

Alissa Martini e Betina Muniz

Fabiola Pagani

SARAH GESSER

CINTHIA HEINZEN

João Lummerts e Luisa Maccario

Maria Eugenia Amaral

luisa schwartz e leandro piva

Bea Becker e Edoardo Almeida

Marcelo Tiscoski e Gabriela Gomes

Valentina lummertz, Sofia Gomez e Beatriz Dias

Renata Villar

Monique Amim

VERôNICA ZARDO

CAMILA SEGURO

Marina Furlan e André Bornhausen

Pinho Menezes e Nanda Camacho

Jorge Librelotto e Vanessa Slovinski


Ano 16

Inovando sempre!

Rua Joe Collaço, 1.034, Santa Mônica, Florianópolis/SC 0 rossi@rossicabeleireiros.com.br 5 www.rossicabeleireiros.com.br f rossicabeleireiros

3334-3459 3024-3459

48.


mural Le barbaron

102

Dot Larissa e Dai Aldebrand

NA BRAVA

Carolina e Felipe Melo

dj anão casa da praia

Le barbaron festeja mais uma temporada de sucesso

Oscar Borges e Débora Borges

Angela Zill e Kadu Almeida

Raquel e Márcio Schaefer

Cesar Abreu e Maria do Rocio

fotos MARCO CEZAR

E

lá se vai mais um verão e mais uma temporada de festas no Le Barbaron, o beach point que reúne a raça da ilha. Consolidando o sucesso de seu terceiro ano, o bar da praia mais charmosa da cidade teve festas memoráveis. O Réveillon foi um estouro, os domingos se transformavam na Casa da Praia comandada pelo Dj Anão e O Bailinho de Carnaval rolou até o amanhecer de segunda-feira.

Claudio Zolli

Eduardo Pinho Moreira e Nicole

Paulo Bauer e Débora

Fernanda Riffel e Claudia Riffel

Douglas Aguiar e Francisco Ferreira

WALTINHO KOERICH e ANINHA

Linda Freitas e João Paulo Freitas

Vitor Koerich e Jaqueline Coelho



mural DEMAJU

104

Jussara de Carli e Cláudio Batista

O NOVO DEMAJU

Thiago e Juliana Tramontin

Coquetel marca a chegada no bairro Santa Mônica fotos júlio oliveira

O

Demaju abriu as portas de seu novo endereço no bairro Santa Mônica. Amigos, clientes e colaboradores estiveram presentes no coquetel que marcou a inauguração do novo empreendimento, projetado por Jussara De Carli, Larissa e Thiago Tramontin, com mais de 300 metros quadrados, de um ambiente aconchegante, moderno e sofisticado. Localizada em área nobre, a nova casa oferece, além da facilidade de estacionamento, novidades como o espaço masculino e o espaço privativo — voltado para casamentos, festas e atendimentos especiais.

Equipe Demaju Santa MÔnica

Juliana Tramontin

Rita Morfin, Jussara de Carli e Luciana de Menezes


mural DEMAJU

105

Gabriela Linhares, Caroline Tramontin, Marina Paulo e Jussara de Carli

Jussara de Carli e Tânia Bonato

Fernanda Felipetto, Elisa Cancelier, Kaimberly Floriani e Lysia Lacerda

Gustavo De Carli e Jussara de Carli

Kaimberly Floriani, Bianca Barbosa e Lysia LAcerda

Larissa Tramontin, Thiago Tramontin e Mariana Paulo

dona Nena e Iara da Silva

Equipe Demaju Santa MÔnica

Paula Conradi, Elisa Cancelier, Betina Costa e Caetano Costa

Jussara de Carli, Dona Nena e Larissa Tramontin

Jussara de Carli e Maristela Cechetto

Jussara de Carli e Débora Moreira de Oliveira

Thiago Tramontin e Paula Gomes

Lucas Mendez, Cesar Carneiro, Larissa Tramontin e Patrícia Lucena

Iara da Silva, Tânia Bonato e Luciana De Menezes

Jussara de Carli e Giselle Gasparino

Paula Conradi e Eveline Paese


MURAL comemorações

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FESTANÇA

Luciana Fernandes comemora aniversário rodeada de bons amigos

fotos MARCO CEZAR

E

m uma terça-feira atípica, Lu Fernandes comemorou seus 44 anos rodeada de amigas em sua casa no Bosque das Mansões. Festa regada a bebida de primeira, com um cardápio árabe especial a cargo da chef Dani Santos e a presença especial da cantora Isadora Porto, que arrasou no The Voice Brasil.


MURAL comemorações

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MURAL BECO DOS MILIONÁRIOS

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Turma do Lanche Famílias mantém tradição há mais de meio século

fotos MARCO CEZAR

F

ormada por um grupo de senhoras da sociedade de Florianópolis, a primeira “Turma do Lanche” se encontrou pela primeira vez há mais de 50 anos. São reuniões com muito boa comida e onde se cultiva a amizade genuína, daquela que passa de geração para geração. Mesmo com toda a correria típica do século 21, voltou em setembro de 2015 rebatizado de Lanche das Descendentes, com a participação assídua das filhas e noras das criadoras.


MURAL BECO DOS MILIONÁRIOS

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homenagem

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Investimento em relações humanas, treinamento e novas tecnologias são prioridade fotos marco cezar

C

om clientes do porte do McDonald’s, Magazine Luiza, Tractebel Suez e Habitasul, o Grupo Zanardo atua nas áreas de vigilância patrimonial, segurança pessoal, segurança eletrônica, rastreamento veicular, serviços terceirizados com mão de obra especializada em serviços de limpeza e higienização, entre outras. No início do ano, as 21 unidades do grupo, posicionadas estrategicamente nos três Estados do Sul do Brasil, reuniram-se em Joaçaba para planejar os próximos voos do gigante catarinense da segurança. Marcos Zanardo, diretor do Grupo, explica que a ideia é “continuar investindo cada vez mais nas relações humanas, em nossos colaboradores e nas áreas de treinamento. As novas tecnologias também são prioridade”. Uma das meninas dos olhos da empresa nos próximos anos deve ser a área portuária. Zanardo diz que esse setor significa um ponto fundamental e estratégico para a interação, nacional e internacional, do mercado brasileiro, em todos as áreas: “é pelos portos que passa

a maior parte das exportações e importações brasileiras, são os portos que garantem que tenhamos relações comerciais pujantes e competitivas diante dos atuais cenários da economia mundial e brasileira. É uma honra para o Grupo Zanardo fazer parte do cotidiano do setor portuário no Brasil, até pelo desenvolvimento que este setor proporciona às empresas do Grupo”, diz Zanardo. Com mais de três mil colaboradores, o grupo investe constantemente em inovações tecnológicas, priorizando as áreas de RH e a diversificação do portfólio. Presente no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o Grupo nasceu em 1976 e, desde então, não parou de inovar na prestação de serviços voltados à segurança e mão-de-obra terceirizada. Com mais de dez mil clientes, as empresas do grupo utilizam modernos sistemas e softwares, tanto para agilizar processos internos, integrando todos os departamentos da empresa, desde setor financeiro, custos e documentos eletrônicos, quanto para que o atendimento ao cliente e as adaptações às constantes transformações do mercado sejam mais rápidos. (MV)


homenagem

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