

DUZENTOS ANOS DEPOIS
Sinopse
Camilo Castelo Branco Duzentos Anos Depois De Famalicão para
Este E-Book é o testemunho criativo de uma geração que leu, sentiu e reinventou Camilo Castelo Branco. comemorando os 200 anos do nascimento do escritor e uma prova de que os estudantes da rede de educação do concelho de Vila Nova de Famalicão aceitaram o desafio de criar narrativas, ilustrações e bandas desenhadas inspiradas na sua vida e obra.
Entre palavras e imagens, cruzam-se memórias locais, inquietações do presente e a imaginação do futuro.
Um livro coletivo onde a escola encontra a arte, e os jovens tornam-se autores da sua própria voz.
Camilo Castelo Branco
Prefácio
No ano em que se assinalam os duzentos anos do nascimento de Camilo Castelo Branco, propusemo-nos mais do que comemorar uma efeméride: quisemos convocar a memória, despertar a criação e lançar raízes para o futuro.
Inserido no projeto educativo e De Famalicão para o , este concurso de produção artística, em duas vertentes, na modalidade de produção escrita narrativa e na modalidade de expressão plástica (ilustração e banda desenhada), para os alunos do território do concelho de Vila Nova de Famalicão, em quatro escalões, do pré-escolar ao 12.º ano de escolaridade e ainda em formato individual ou coletivo - nasceu da vontade de promover uma relação viva e criadora entre os jovens, o território e o património literário que nos identifica. Não se tratou apenas de homenagear um escritor consagrado, mas de abrir espaço à expressão pessoal, à invenção e ao diálogo entre gerações.
Assim, com os objetivos de rentabilizar a obra de Camilo Castelo Branco numa perspetiva de promoção dos valores de liberdade, responsabilidade e integridade, cidadania e participação, excelência e exigência, curiosidade, reflexão e inovação previstos no Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória (PASEO); contribuir para a consciencialização da comunidade escolar sobre os significados da obra de Camilo Castelo Branco promovendo a partilha de conhecimentos, memórias e interpretações; promover, juntos dos alunos a reflexão sobre a vida e a obra de Camilo Castelo Branco; incentivar a reflexão sobre a importância da Literatura no contexto de realidades locais e nacionais; despertar nos alunos o sentido crítico, o espírito criativo, o sentido estético e liberdade de expressão, incentivando a participação social e cultural ativa na comunidade; promover a criação artística e literária, também pretendeu que todos os trabalhos pudessem ser consubstanciados no âmbito de projetos de escola/turma/disciplina ou de outros concursos promovidos por outras entidades.
Camilo Castelo Branco, cuja vida e obra se cruzam com o tecido humano, histórico e simbólico de Vila Nova de Famalicão, foi um autor intensamente ligado à experiência vivida. Alimentou-se da memória dos lugares, dos conflitos das gentes e das contradições do seu tempo. Ao desafiarmos os jovens a inspirarem-se no universo camiliano, estávamos também a convidá-los a pensar sobre si mesmos, sobre as suas raízes e sobre o mundo que habitam.
Ao longo da sua vasta obra, Camilo reconheceu repetidamente a importância da leitura, da escrita e da arte como instrumentos de compreensão do mundo e de expressão interior. Escreveu, com a lucidez que o caracterizava:
*(Camilo Castelo Branco, 1866, in A Queda de um Anjo)
E também:
(Camilo Castelo Branco, correspondência pessoal)
Esta crença profunda no poder transformador da leitura e da criação está no centro deste projeto. O resultado está nas páginas deste eBook: textos, ilustrações e bandas desenhadas que revelam talento, sensibilidade e, sobretudo, intencionalidade artística. Cada criação aqui reunida é fruto de um processo de descoberta e afirmação, onde a herança literária se transforma em ponto de partida para uma nova linguagem pessoal, contemporânea, crítica.
A arte seja ela literária, visual ou narrativa era, para Camilo, um ato de resistência íntima e de revelação. Como ele próprio escreveu:
(atribuído a Camilo em notas biográficas de contemporâneos)
Importa sublinhar que este trabalho não se fez sozinho. Por detrás de cada página estão professores que guiaram, alunos que ousaram criar e famílias que apoiaram e incentivaram. Os encarregados de educação desempenharam um papel silencioso, mas fundamental: deram tempo, espaço e confiança aos jovens para que pudessem participar com liberdade e envolvimento. Esta é também uma celebração da vossa presença.
acredita numa escola que educa para além dos conteúdos, que valoriza a cultura como pilar do desenvolvimento humano, e que liga o passado à criação do futuro. Ao fomentar o encontro entre o património camiliano e os jovens criadores, afirmamos a identidade local como espaço fértil de inovação e de pertença.
Este e-Book é mais do que um registo digital. É um testemunho da imaginação das novas gerações, da força da arte como forma de conhecimento e da importância de criarmos pontes entre a memória e o futuro. Que este livro inspire outros olhares, outras histórias e outras formas de pensar o mundo a partir de Famalicão, com raízes no passado, olhos no presente e vontade de futuro.
A todos os que participaram e tornaram possível este projeto o nosso mais sincero agradecimento.
Notas e Referências
1.
2.
Camilo Castelo Branco, A Queda de um Anjo, 1866.
Camilo Castelo Branco, citação atribuída em correspondência pessoal (referida em estudos camilianos e em antologias de pensamento literário).
3. Citação atribuída a Camilo Castelo Branco em recolhas biográficas e ensaísticas de autores seus contemporâneos; de caráter interpretativo, ilustrativo da valorização da arte visual no percurso camiliano.
Nota: Algumas citações de Camilo Castelo Branco circulam por via indireta em epígrafes de obras, antologias escolares, crónicas de contemporâneos ou estudos literários sem que estejam sempre diretamente localizadas em manuscritos ou edições críticas. Neste prefácio, essas passagens são utilizadas com valor representativo, procurando respeitar o espírito e a visão do autor em relação à leitura, à escrita e à expressão artística.
Cultura, Educação e Reflexão para uma Cidadania Ativa
Introdução
reconhecimento de que a cultura é um pilar essencial da educação e de que a reflexão é uma das ferramentas mais poderosas para a formação de cidadãos livres, conscientes e participativos. Criado no contexto das políticas educativas e culturais de Vila Nova de Famalicão, em 2018, o projeto articula escolas, instituições culturais e comunidade, promovendo uma ligação profunda entre o conhecimento, o território e a identidade. Tem como parceiros a Associação de Professores de História (APH), universidades e centros de investigação nacionais e internacionais: CITCEM/FLUP; IHC-NOVA de Lisboa da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; Universidade do Minho; Universidade de Coimbra e LER /Universidade de Paris 8.
Num tempo marcado por transformações rápidas, desafios globais e riscos de esquecimento da memória coletiva, este projeto propõe-se a criar espaços de fruição cultural, pensamento crítico e valorização do património, tanto material como imaterial, com os olhos postos no futuro e os pés firmemente assentes nas raízes locais.
Cultura que Educa, Educação que Transforma
procura criar experiências educativas transformadoras, onde o ato de aprender é também um ato de questionar, sentir e criar. A cultura, aqui, não é tratada como um acessório do currículo, mas como um meio privilegiado de reflexão e de desenvolvimento pessoal e coletivo.
As maletas pedagógicas, os percursos históricos, as visitas de estudo, os concursos escolares, as oficinas com artistas, as mostras de artesanato, as exposições e as palestras educativas são desenhados não apenas para informar,
mas para provocar nos alunos o desejo de compreender, de debater, de interpretar e de construir sentidos próprios a partir da realidade que os rodeia.
A cultura, enquanto prática viva, é colocada ao serviço da cidadania, da memória e da liberdade de pensamento.
A Educação como Ensaio de Liberdade
O projeto investe também na formação contínua de professores e na organização de encontros, colóquios e conferencias, não apenas como atualização profissional, mas como caminho para repensar práticas, questionar paradigmas e renovar o compromisso ético e cívico da docência.
Edição 2021/2022 - «Aristides de Sousa Mendes e outros salvadores portugueses - Holocausto, valores universais, humanismo e justiça», e contou com o apoio do Projeto Nunca Esquecer, uma rede nacional que promove a educação para os Direitos Humanos, a Memória e a Democracia. Este reconhecimento reforça o posicionamento do projeto como modelo de pedagogia crítica e humanista, capaz de articular a herança do passado com os desafios do presente.
Memória, História e Humanismo
Através de concursos interdisciplinares, o projeto tem criado oportunidades únicas de reflexão histórica e cidadã:
- No ano letivo de 2021/2022, os estudantes das turmas do 12.ºano, da disciplina de História A, do Curso Científico e Humanístico, e do 11.ºano, da disciplina de História da Cultura e das Artes, do Curso de Artes Visuais, participaram no concurso ortugueses Forçados no III Reich e selecionou-se uma turma para fazer parte da Delegação Oficial portuguesa nas comemorações evocativas da libertação do campo de Concentração de Mauthausen no aniversário da sua libertação, na Áustria, representando Portugal num momento de memória universal.
- Em 2023/2024, o foco esteve nos 50 anos do 25 de Abril, com um concurso que mobilizou os alunos para pensar os valores da democracia, a importância da liberdade de expressão e a atualidade do legado de Abril. As criações refletiram maturidade crítica, criatividade e consciência histórica.
Estas ações, a título de exemplo, demonstram que a escola pode e deve ser um espaço de pensamento, de sensibilidade e de diálogo com o mundo.
Ler, Pensar, Sentir: A encenação da peça de teatro e o Valor da Literatura
Uma das dimensões mais poéticas e reflexivas do projeto no presente ano letivo foi a encenação do ator Diogo Ribeiro (colaborador do projeto educativo e obra de Camilo Castelo Branco, com o texto adaptado pela professora Ana Paula Afonso, foi uma viagem literária e emocional pelos espaços da vida e obra de Camilo Castelo Branco. Através de leituras encenadas, visitas guiadas e atividades artísticas, os alunos foram convidados a ler com o corpo, com a voz e com o coração.
Mais do que compreender os textos de Camilo, os participantes foram incentivados a pensar a condição humana, os dilemas morais, os contextos sociais e as tensões políticas do século XIX muitos dos quais continuam ressoando na atualidade. A literatura torna-se, assim, um espelho e uma janela, abrindo caminhos de reflexão sobre o amor, a justiça, a liberdade e o sofrimento.
A Cultura como Responsabilidade Cívica
Ao promover palestras com especialistas, oficinas criativas, exposições e mostras de trabalhos escolares e atividades em espaços culturais do concelho, o projeto aproxima a escola da cidade, os saberes escolares do mundo real, e os alunos da sua condição de autores da cultura, e não apenas consumidores.
A cultura é aqui pensada como responsabilidade cívica um bem comum que se constrói no diálogo entre gerações, na preservação da memória e no compromisso com a liberdade.
Conclusão: De Famalicão, pensar o Mundo
-se, assim, como um projeto de educação estética, ética e política, que reconhece o valor do território, mas não se fecha nele. Pelo contrário: a partir da escola, da memória local e da cultura, desafia os alunos a pensar o mundo, a intervir no presente e a imaginar futuros possíveis.
Após a entrega dos prémios chegou-nos ao email uma reflexão, em modo de testemunhos, de um grupo de alunos do Agrupamento de Escolas de Gondifelos [Ambar Abrahamowwicz, Carolina Lima Cruz, Isabelly Hartmann L. Gonçalves, Lara Freitas Costa e Matilde Leal Costa], do 9º 1, concorrentes e vencedores na Narrativa - Coletiva, do 3.º escalão, da o concurso e que partilhamos em modo de conclusão:
duzentos anos depois foi uma experiência única e muito especial. Não foi o primeiro texto que escrevi, mas foi a primeira vez que escrevi em grupo, e isso tornou tudo ainda mais interessante. Trabalhar com as minhas colegas, partilhar ideias, ro trabalho de equipa e aprendi imenso com isso. Inspirarmo-nos na vida e na escrita de Camilo fez-nos olhar para a literatura de outra forma, com mais atenção e respeito. Quando soubemos que vencemos o concurso, foi uma mistura de surpresa, alegria e orgulho. Foi um momento que nunca vou esquecer e que me fez acreditar ainda mais na força das palavras, especialmente quando são escritas em conjunto. Isabelly
Participar no concurso foi uma experiência única e enriquecedora. Em conjunto com quatro amigas, imaginámos a personagem Maria Moisés com temas atuais como igualdade, educação e empatia. O processo foi marcado por trabalho em equipa, criatividade e muita dedicação. Vencer este desafio foi um momento de grande emoção e orgulho, pois conseguimos homenagear Camilo Castelo Branco de forma autêntica
e significativa. Esta experiência mostrou-nos que Camilo continua vivo e capaz de nos inspirar a mudar o mundo.
Carolina
A experiência de participar no concurso foi uma muito boa, porque desafiou-me a tentar escrever um texto que há um ano não pensava que podia conseguir. Gostei muito de participar no concurso, já que, graças a ele, tive a oportunidade de conhecer a casa de Camilo Castelo Branco. Acabei por ir embora antes da entrega de prémios, pois tinha um compromisso, mas consegui ver a apresentação da peça de teatro feita por alunos mais novos e foi muito interessante ver como representaram a vida de Camilo.
Ambar
Estou super feliz por partilhar que eu e quatro amigas participámos no e ganhámos! Foi uma experiência incrível, desde o momento em que começámos a trabalhar no projeto até ao dia em que recebemos a notícia da vitória. Aprendemos imenso sobre a vida e a obra de Camilo Castelo Branco, e foi muito giro ver como conseguimos dar um toque nosso a algo tão importante. Trabalhámos em equipa, rimos, pesquisámos e, acima de tudo, divertimo-nos. Foi mesmo especial ver o nosso esforço ser reconhecido. Nunca pensei que ganhar um concurso literário pudesse ser tão emocionante!
Lara
Participar no concurso de escrita sobre Camilo Castelo Branco foi uma experiência muito especial. Nunca tinha escrito nada inspirado na vida de um escritor tão importante, por isso foi um desafio diferente, mas muito interessante. O que tornou tudo ainda melhor foi ter feito o trabalho com as minhas amigas. Cada ideia partilhada e cada parte do texto que criámos juntas ajudou-nos a crescer e a aprender umas com as outras. Aprendemos a ouvir, a colaborar e a melhorar em grupo. Quando soubemos que ganhámos o concurso, ficámos muito felizes e orgulhosas. Foi um momento único que nunca vou esquecer.
Percebi que escrever em conjunto pode ser uma experiência bonita e forte.
Matilde
Neste projeto, aprender não é decorar: é perguntar. É escutar. É criar. É sentir.
uma visão educativa onde a cultura e a reflexão são ferramentas de transformação individual e social.
Arminda Ferreira
(Coord. Projeto Educativo e
Bibliografia:
Freire, P. (1996). Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra.
Santos, B. de S. (2003). A crítica da razão indolente. Coimbra: Almedina.

TRABALHOS VENCEDORES















































TRABALHOS SUBMETIDOS A CONCURSO

TRABALHOS SUBMETIDOS A CONCURSO
1.º ESCALÃO






TRABALHOS SUBMETIDOS A CONCURSO
2.º ESCALÃO















TRABALHOS SUBMETIDOS A CONCURSO
3.º ESCALÃO



















































































TRABALHOS SUBMETIDOS A CONCURSO
4.º ESCALÃO






Ficha Técnica
Autor
Arminda Ferreira (Coordenadora do projeto educativo e cultural “De Famalicão para o Mundo”
Coordenação do concurso municipal “Revisitar Camilo Castelo Branco duzentos anos depois – De Famalicão para o Mundo”
Arminda Ferreira (CMVNF) e Luís Alberto Alves (CITCEM/FLUP)
Agrupamento de Escolas / Escolas participantes
Agrupamento de Escolas Camilo Castelo Branco
Agrupamento de Escolas D. Maria II
Agrupamento de Escolas D. Sancho I
Agrupamento de Escolas de Gondifelos
Agrupamento de Escolas de Ribeirão
Agrupamento de Escolas Padre Benjamim Salgado
Agrupamento de Escolas Terras do Ave
Colégio Didáxis
Colégio Machado Ruivo
Escola Profissional do INA – OFICINA
ANO LETIVO 2024/2025