Os Romanos em Valongo | Volume II

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Contributos para reconhecer os topónimos e os lugares de Valongo, dos romanos à atualidade

VOLUME II

Lino Tavares Dias • Cristina M adureira

Paula Costa M achado • Pedr o Aguiar

Título: Contributos para reconhecer os topónimos e os lugares de Valongo, dos romanos à atualidade

Coordenação: Lino Tavares Dias

Textos de: Lino Tavares Dias, Cristina Madureira, Paula Costa Machado, Pedro Aguiar

Revisão: Isabel Santos Moura

Edição: Câmara Municipal de Valongo

Primeira Edição: Setembro de 2025

Tiragem: 500 exemplares

Produção e Impressão: Tipografia Lessa – www.tipografialessa.pt

ISBN 978-989-35263-7-8

Investigador do Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura Espaço e Memória» (CITCEM) (unidade de I&D 4059 da FCT). DOI institucional: https://doi.org/10.54499/UIDB/04059/2020

Depósito Legal: 553085/25

ÍNDICE

01. RECONHECER OS TOPÓNIMOS

1. OBJETO E MÉTODO DE TRABALHO

2. TOPONÍMIA

3. FONTES TOPONÍMICAS

4. ESTADO DA ARTE E PESQUISA BIBLIOGRÁFICA.

5. CATEGORIZAÇÃO E ANÁLISE TOPONÍMICA

ORIGEM DOS TOPÓNIMOS E RESPETIVOS SIGNIFICADOS POR ORDEM ALFABÉTICA E POR FREGUESIA: ALFENA, CAMPO, ERMESINDE, SOBRADO, VALONGO

6. TRATAMENTO ESTATÍSTICO E CONCLUSÕES

7.

03. RECONHECER A PAISAGEM CULTURAL

NOTA INTRODUTÓRIA

Este livro é a continuação do trabalho iniciado em “Os Romanos em Valongo”, e aprofunda a reflexão sobre as marcas deixadas pelo homem neste território ao longo do tempo.

Nele é revelada a origem e importância dos topónimos, a localização dos lugares no espaço físico e de que forma estas características se fundiram para dar origem a camadas de história, designadas por Momentos.

Como ponto de partida estiveram os topónimos, tendo a pesquisa sido orientada em função da análise diacrónica e evolutiva das nossas paisagens culturais, resultantes do casamento entre o que a Natureza dá e o Homem constrói. A investigação revela que cerca de 80% deles têm origem romana, demonstrando a perduração da memória e a sua forte influência na formação da nossa matriz cultural, que nem os sucessivos, mas brandos acrescentos que sobre ela se formaram, conseguiram apagar ou esmorecer. Cada topónimo é mais do que uma palavra, encerra em si memórias, testemunhos de ruturas e continuidades, muitas vezes fruto da transmissão oral/ imaterial.

Segue-se a sua localização no espaço físico, palpável, material e telúrico, onde a situação da permanência das estruturas romanas, já assinalada no volume anterior, se repete. Na sua representação sobre diferentes suportes documentais, destacam-se as fotografias antigas anotadas e uma cartografia interpretativa, que para além de prenderem a nossa atenção, se tornam essenciais para a compreensão da complementaridade entre esta abordagem e a anterior, funcionando como pontos de ancoragem de acontecimentos relevantes, tendo por isso merecido ser nomeados através dos referidos topónimos, que perduraram no tempo e nas memórias identitárias de quem os preservou.

Como síntese desta extensa investigação levada a cabo por uma pequena equipa, o Professor Lino Tavares Dias faz a apresentação de nove momentos chave para a compreensão da nossa longa história coletiva, desde os tempos pré-romanos à construção do caminho de ferro nos finais do século XIX, conseguindo relevar o que de mais significativo as caracteriza.

Que esta obra contribua para uma maior compreensão e valorização do nosso património, estimulando a reflexão sobre a íntima relação entre as dádivas naturais e o poder transformador das comunidades, resultando numa constante recriação do espaço em que vivemos. Que sirva

igualmente para fortalecer o nosso vínculo com a herança histórica e cultural que recebemos e nos moldou ao longo dos séculos, permitindo a criação de uma base, ponto de partida para que os vindouros a acrescentem e enriqueçam constantemente.

Presidente da Câmara Municipal de Valongo

PREFÁCIO

No prefácio de um segundo volume, sob o título “Contributos para reconhecer os Topónimos e os Lugares de Valongo, dos romanos à atualidade”, motivado pelo primeiro livro, editado sob o título “Os romanos em Valongo”, sentimos que devemos explicar os motivos da opção que assumimos ao propor a edição sequencial de dois livros que, apesar de terem títulos diferentes, conjugam conteúdos debruçados sobre o mesmo território que um “vale longo”, com boas terras, motivou e entrelaçou dinâmicas humanas. A vida está inundada de sinais. Uns, reproduzindo a realidade quotidiana; outros, traduzindo-a e mantendo com ela uma relativa semelhança. Quando, por exemplo, deparamos com “pegadas” num areal, concluímos que tais marcas indiciam que alguém por ali terá passado.

Há certos sítios em que a história aflui e se acumulam sinais mais que noutros porque ali se passaram acontecimentos mais numerosos e marcantes. Em todo o mundo há muitos sítios conhecidos e identificados, por exemplo, pela monumentalidade dos seus templos clássicos, pelas ruínas das cidades antigas ou pelos mosaicos das quintas agrárias romanas que ainda hoje são reconhecíveis.

Se nos debruçamos sobre o território de Valongo, no “vale longo”, reconhecemos que nenhuma destas marcas monumentais foi registada até hoje. Em contrapartida, Valongo é conhecido pela grande quantidade de “minas do tempo dos romanos” e, atualmente, pode ser salientado pela possibilidade de estarmos perante o maior complexo subterrâneo mineiro romano de todo o mundo. A presença no território de Valongo da cultura desse povo que irradiou a partir de Roma, desde o cosmopolita mar Mediterrâneo, assumida entre nós como “romanização”, assumida como submissão política e como passagem de situação indígena para a ordem romana, por vezes ofuscada pelos métodos e práticas usadas, é um assunto que tem de ser insistentemente abordado e repetidamente investigado. A palavra investigação, do latim vestigium, radica, justamente, na capacidade de identificar as marcas e seguir os seus rastos fundacionais. Mas, sem monumentalidade evidente, no “vale longo” prosperaram trabalhos mineiros e, também, o trabalho intenso de outros, dos lavradores que desenvolveram técnicas do amanho das terras, as lavravam, e se empenhavam nos afazeres da lavoura.

No livro “Os romanos em Valongo”, procuramos reconhecer as marcas que o homem deixou neste território num determinado período de tempo e enquadrado numa cultura definida e reconhecida.

Mas, na organização da investigação procuramos valorizar os desafios concretos que nos foram sendo colocados e, por isso, assumidos como objetivos, decidimos salientar quatro atitudes, vertidas para as expressões “reconhecer, interpretar, descrever e explicar”.

Assim, para além de “reconhecer” as marcas que o homem deixou no território de Valongo, procuramos “interpretá-las”, “descrevendo-as” na medida em que conseguimos, e procuramos “explicar” a razão da sua existência ao longo dos séculos e o que elas nos podem transmitir atualmente.

Quando recordamos os nomes dos autores que abordaram antes de nós, de diferentes modos, as marcas do homem neste território, e as obras que nos legaram ao longo de milénios, percebemos os desafios críticos que no século XXI nos proporciona a monografia sobre Valongo, da autoria do Padre Joaquim Reis, publicada no início do século XX. Tal acontece pela informação que o texto dessa obra monográfica nos transmite. Para além das propostas que fez sobre a presença romana, quer corretas ou hipotéticas, este autor dá um sólido contributo para que localizemos, na atualidade, muitos sítios aparentemente desconhecidos ou perdidos. Desafiei Cristina Madureira a fazer um trabalho crítico sobre esta monografia, e daí resultou, para além de muita colaboração ativa em toda a investigação, uma proposta de reconhecimento dos lugares com os atuais topónimos e conciliação na cartografia atual.

Além desta busca de atualização cartográfica e da consequente lógica interpretativa dos lugares, a riqueza toponímica de Valongo também nos ajuda a reconhecer a resiliência e persistência de vida nestes territórios, ao longo dos séculos, que é expressiva na região e também constatável através da abordagem documental. A especificidade da toponímia de todo o território do atual concelho de Valongo é suportada no trabalho analítico que Paula Costa Machado desenvolveu e que nos ajuda na interpretação cronológica da construção do território.

Assumimos que as palavras, uma língua, são bases de desenvolvimento intelectual e afetivo, modelador do pensamento, veículo de realização ética e estética, fator de amadurecimento pessoal e comunitário, utensílio de trabalho, espelhando espaços de memória nos territórios. Recordo o que um amigo, Álvaro Gomes, que há tempos salientou numa conferência1: “Quem tem o poder da palavra tem, se quiser, uma palavra no poder…”

Assim, pelo poder intemporal que a palavra toponímia tem no território, como expressão do seu significado, interessa perceber a persistência dos nomes e dos topónimos ao longo dos séculos, 1 Conferência realizada em 24 de setembro de 2010, com o título “O nome da pedra – nos caminhos de Tongobriga”, por Álvaro Gomes, Professor da Universidade do Minho.

assim como perceber o amadurecimento de muitos deles e, em contrapartida, a juventude de outros, ajuda a reconhecer a estratigrafia imaterial da terra que pisamos.

Os resultados da investigação que este livro nos mostra permite-nos fazer extrapolações sobre algumas fortes influências que os territórios acolheram e que ainda evidenciam. Por exemplo, em Alfena denota-se o número de topónimos de origem latina, associados à influência romana. Representam cerca de 74% dos topónimos reconhecidos. Quando conjugados com os que são identificados com origem pré-romana, representando cerca de 11%, permite-nos aportar para a manifesta antiguidade da organização do território. Apesar das evidências arqueológicas serem reduzidas, quando conjugadas com a evidência toponímica, confirma-se que em Alfena predominou, e perdurou, ao longo dos últimos dois mil anos, o trabalho agrário suportado na qualidade dos solos e na abundância de nascentes e fontes de água.

O território de Campo parece ser muito semelhante ao que pudemos reconhecer em Alfena, quer no predomínio dos topónimos de origem latina (82%) e nos de anteriores origens (6%), quer nas especificidades que apontam para o uso predominante dos solos para fins agrícolas. Também são muito semelhantes as características que podemos reconhecer em Sobrado, quer pela antiguidade da organização dos solos, quer pela tipologia agrária da exploração. Em Sobrado os topónimos com origem romana representam 80%, sendo apenas 2% os de origem pré-romana.

No território que hoje reconhecemos como Ermesinde, antes São Lourenço d’Asmes, os topónimos com origem pré latina representam 12%, sendo a maioria de origem latina que representa 74%. Tal como em Alfena, em Campo e em Sobrado, a maioria dos topónimos também evidenciam a relação com exploração agrária dos solos em Ermesinde.

No território da atual freguesia de Valongo podemos reconhecer uma maior quantidade de topónimos com origem latina (83%) e pré-latina (10%), a que podem ser associados, porque predominantes, os que apontam para usos ligados a características geológicas e menos os ligados a características agrárias.

Globalmente, refletindo sobre todo o território do atual concelho de Valongo, a conformação antiga do território é evidenciada pela origem dos topónimos, representados por 599 de origem latina, associados à influência da presença romana, a que acrescem 71 topónimos de origem anterior a essa presença.

Em contrapartida, com origens mais recentes só foram identificados 74 topónimos, o que ajuda a explicar a antiguidade da construção do território.

Estes são apenas alguns dos desafios que a leitura deste livro nos pode propiciar. A publicação destes elementos sobre a localização dos sítios e a interpretação dos topónimos procura ser um contributo para que outras investigações possam vir a aprofundar mais leituras sobre o território do atual concelho de Valongo.

Regressando à importância das “pegadas” como evidentes indícios, marcas do trabalho do homem num território, no posfácio do primeiro volume identificamos “momentos de paisagem”, forma que encontramos para traduzir a estratigrafia da Paisagem Cultural de Valongo, identificadas através de marcas materiais que podemos reconhecer, ou induzir, no território da região. Foi um desafio que assumimos como contributo para conhecer este território e, assim, ajudar a quaisquer participações na discussão do futuro deste “vale longo” onde, ao longo dos séculos, viveram, sobreviveram e se desenvolveram gerações. O património atua como elemento gerador da imagem e da identidade territorial e, por isso, embora não se suportem em estudos exaustivos, podendo correr o risco de alguma subjetividade, é possível associar os “momentos marcantes na construção da paisagem cultural do território de Valongo” ao efeito transformante que tiveram no território, desenvolvidos em intervalos de tempo ante e post bem definidos.

Estes intervalos de tempo, ante e post, desde que sejam bem definidos, o que julgo que foi conseguido, assumem-se como “momentos” em que, de facto, houve mudanças visíveis na forma de viver no mesmo território, muito por ação do casamento do homem com a natureza, intervindo com ações, com decisões e atitudes do homem, com obras e remodelações que mudaram a paisagem.

Estas mudanças são identificadas em áreas relativamente homogéneas do território, e que se denotam pela estreita relação entre as características ecológicas de um espaço e as atividades humanas que nele se desenrolaram, exemplificadas e identificadas pelo património construído, geralmente reconhecido como arquitetónico e arqueológico.

No posfácio deste segundo volume fazemos alguma atualização sobre os “momentos de paisagem”, assumindo-os como resultado do reconhecimento de “marcas” que valorizamos em novas abordagens a documentos e ao território, quando conjugados de forma transdisciplinar.

Quando abordamos a dimensão do reconhecimento de marcas num território, salientando fatores identitários e de qualidade da paisagem cultural, recordo sempre, como exemplo, o impressionante poema que Miguel Torga escreveu na Gralheira, em 30 de outubro de 19542

Um verso, ao menos, nestas serranias!

Que passe o vento sem deixar sinais

No rosto enxuto e sério dos penedos;

Que a neve vista e dispa os arvoredos

Com um velo de ovelha imaginada;

Mas que fique gravada

Na carne imaculada da paisagem

A indelével e bruxa tatuagem

De uma voz inspirada!

Mas, para além das perspetivas interpretativas que procuramos valorizar e que são suporte dos textos, ao escreve-los usamos alguns princípios metodológicos que, a exemplo do primeiro volume, será também útil esclarecer, em especial alguns critérios técnicos basilares nesta edição. Por exemplo, com o intuito de agilizar a leitura, decidimos reduzir o uso de abreviaturas, incluindo as mais habituais como séc. (século), a.C. (antes de Cristo) e d.C. (depois de Cristo). Do mesmo modo, quando recorremos a transcrições de textos, estas são apresentadas em itálico e entre aspas, mantendo a versão ortográfica apresentada pelo autor.

Também com o intuito de facilitar a leitura, remetemos as referências bibliográficas para notas de rodapé. Na primeira referência a um autor a indicação é completa, reportando o nome, data de edição, título do livro ou do artigo, local de edição e editor. Depois, por simplificação, indicamos o nome do autor, a data de edição e as páginas que salientamos para consulta. A indicação a cada autor e obra é repetida na lista bibliográfica apresentada no final do livro. Com este segundo volume procuramos consolidar e justificar as propostas apresentadas no primeiro livro, conjugando-as, agora, com a histórica identificação toponímica e a localização que nos é propiciada atualmente. Os dois volumes são complementares, sem perderem a especificidade metodológica de cada um e, também, sem perderem a qualidade de poderem ser lidos e consultados de forma autónoma.

Lino Augusto Tavares Dias

2 MOURÃO-FERREIRA, David. (1979). Portugal – A Terra e o Homem. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, p.112

01

RECONHECER OS TOPÓNIMOS3

O TEMPO E A TOPONÍMIA3

Nesta tentativa de reunir os vestígios das marcas deixadas pelos diferentes ocupantes deste território, numa visão de sobreposição de camadas civilizacionais e obviamente linguísticas, procuramos perceber qual o peso do latim, enquanto língua primordial na cultura influenciadora que perdurou ao longo dos séculos. Usamos a toponímia para tentar perceber a subsistência destas marcas intangíveis no território.

1. OBJETO E MÉTODO DE TRABALHO

Em todos os trabalhos de investigação começamos por definir o objeto de estudo pretendido e selecionamos as fontes, a partir das quais recolhemos dados para análise. Retiramos toda a informação possível articulando-a, sempre que possível, com as outras áreas de estudo, para que a complementaridade entre todas, permita uma visão de conjunto coerente e mais enriquecida.

Tomamos a Onomástica como ponto de partida, na medida em que faz o “estudo da origem e alterações (no sentido e na forma) dos nomes próprios; como estes geralmente se referem a locais e pessoas. Pode dividir-se em Toponímia e Antroponímia.” (Carvalhinhos, 2008-2009, 2463)

Ao escolher a toponímia não nos detivemos em concetualizações linguísticas, que não são o objetivo deste trabalho, nem se coadunam com a nossa formação académica. Tomámos como princípios orientadores duas vertentes, inspiradas por Saussure4, que sugere a importância da complementaridade dos estudos conduzidos em dois eixos: o da sincronia

3 Trabalho de investigação documental e de campo realizado entre 2019 e 2024, por Paula Costa Machado

4 Ferdinand de Saussure (1857 - 1913), linguista e filósofo suíço, responsável pelo desenvolvimento da linguística enquanto ciência autónoma mas capaz de dar contributos para enriquecimento dos estudos culturais

(do grego syn «juntamente» + chrónos «tempo» = ao mesmo tempo) e o da diacronia (do grego dia «através» + chrónos «tempo» = através do tempo).

Vítor Oliveira Jorge (1982) refere-se à toponímia como sendo capaz de indiciar a existência de sítios arqueológicos, permitindo a sua descoberta, ou no caso inverso, tendo estes já desaparecido funciona como um testemunho da sua existência passada. Carvalhinhos (2003, 178) reforça esta ideia afirmando que os topónimos podem ter fixado expressões orais que perduram no tempo através de um processo de “cristalização”. O processo da sua descodificação auxilia-nos a recuperar a/s memória/s de um lugar ou de um sítio arqueológico.

Consultamos os documentos escritos no passado, recolhemos os topónimos que aí encontramos, pesquisamos a sua origem, os seus significados e a sua manutenção ou desaparecimento ao longo do tempo. Dividimo-los de acordo com categorias pré-estabelecidas, adequadas à nossa realidade, para daí tirarmos elações que em articulação com as demais pesquisas, nos possam dar uma visão da importância da presença romana no nosso território há 2000 anos, de que forma isso nos influenciou e contribuiu, para sermos o que e quem somos no século XXI.

2. TOPONÍMIA

Termo de origem grega, associa τόπος que significa “lugar”, a ὄνομα “nome”, sendo usado para definir o “nome de um lugar”.

Através dela estudam-se os nomes próprios dos lugares, a sua origem e evolução, sendo uma poderosa auxiliar da história, da arqueologia e da geografia.

3. FONTES

TOPONÍMICAS

As fontes foram selecionadas tendo em conta a representatividade em termos de períodos históricos, a sua acessibilidade e possibilidade de consulta, dentro dos constrangimentos com que nos deparámos.

Foram escolhidas as Inquirições de Afonso III de 1258; os Forais Manuelinos de 1519; as Memórias Paroquiais de 1758; os Roteiros Toponímicos da Câmara Municipal de Valongo5 e as fontes orais.

Em toda a documentação antiga consultada, procedemos ao levantamento dos topónimos que correspondem às tradicionais cinco freguesias que compõem o concelho: Alfena, Campo, Ermesinde, Sobrado e Valongo.

5 Roteiros Toponímicos por freguesia por nós coligidos desde há 15 anos, enquanto técnica superior responsável por este serviço.

As Inquirições foram documentos reais, destinados a verificar “in loco” se as terras da coroa tinham indevidamente mudado de proprietário, tendo sido um instrumento de centralização do poder real. Através delas podemos retirar informações referentes por exemplo à designação de lugares, a propriedades e respetiva tipologia, aos seus detentores, aos foros pagos e à produção agrícola.

Nas Inquirições de 1258 pesquisamos o julgado de Aguiar que integrava Campo (S. Martinho do Campo) e Sobrado (Sobrado, Sto. André); o da Maia que integrava Alfena (Ferrarias, Baguim d’Alfena, Alfena, S. Vicente), Ermesinde (S. Lourenço e Ermezinde) e Valongo (Vallongo, S. Mamede e Vallongo de Cima).

Os forais foram documentos jurídicos, outorgados pelo rei, destinando-se a regular a vida coletiva de qualquer povoação, implicando um contrato onde se encontravam referenciados direitos e deveres de ambas as partes.

Nos Forais Manuelinos de 1519 pesquisamos o concelho de Aguiar que integrava Campo (Sam Jomyl de Sam Martinho do Campo) e Sobrado (Sobrado); o concelho da Maia que integrava Alfena (Aldea de Cabeda), Ermesinde (Sam Lourenço Dazenes) e Valongo (Aldea de Vallongo Susaão e Vallongo da Estrada).

As Memórias Paroquiais são o resultado de um inquérito realizado a todas as paróquias de Portugal, em 1758, três anos após o sismo de 1755, a rogo do Marquês de Pombal. O questionário foi enviado a todos os bispos das dioceses do reino, para que fossem respondidos pelos seus párocos e remetidas as respostas à Secretaria de Estado dos Negócios do Reino. Era composto por um conjunto de 60 perguntas divididas por três temas: povoação, serras e rios.

Nas Memórias Paroquiais de 1758 pesquisamos as comarcas da Maia, que integrava Alfena e Ermesinde, e de Aguiar de Sousa, que integrava Campo, Sobrado e Valongo.

Para completar este grupo, usámos o livro do Padre Joaquim Alves dos Reis, A Villa de Vallongo, Suas Tradições, e Historia, Descripção, Costumes e Monumentos, de 1904, que serviu de base ao capítulo anterior, levantando todas as indicações toponímicas nele referenciadas.

Os antropónimos incluídos neste lote referem-se a um conjunto restrito de indivíduos, foram recolhidos na medida em que deram nome a estruturas viárias e equipamentos de grande relevância nos inícios do século XX, para caracterizar um dos momentos, no final desta obra.

Os Roteiros Toponímicos de Valongo são uma ferramenta existente desde os inícios do século XX na Câmara Municipal, usados para registar os topónimos das estradas, ruas, praças, pracetas e outras vias de importância secundária de todas as freguesias do concelho até ao presente.

Deixamos de parte todos aqueles que foram fruto de atribuições sistemáticas, como nomes de escritores, pintores, flores…, dando primazia aos que mantém um caráter mais cristalizado, menos sujeitos a tendências e modas demasiado voláteis e que refletem de forma mais real o carácter telúrico subjacente à sua atribuição.

O contacto com munícipes mais idosos revelou-se um excelente manancial de informação, sobretudo no que diz respeito à explicação do nome de lugares mais antigos, caídos em desuso, mas ainda muito vivos nas suas memórias de infância e referenciais para os seus antepassados.

4. ESTADO DA ARTE E PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Depois da recolha efetuada impunha-se uma pesquisa, para fazer o estado da arte e perceber quais as tendências que mais se adequavam à prossecução do nosso objetivo.

Neste sentido, baseamo-nos em Maria Vicentina de Paula do Amaral DICK, linguista brasileira reconhecida pelo pioneirismo dos seus trabalhos sobre toponímia, desenvolvidos na Universidade de São Paulo, onde, em 1980, apresenta a sua tese “A motivação toponímica e a realidade brasileira - princípios teóricos e modelos taxeonômicos”, que é publicada dez anos mais tarde.

Aqui, a autora (Dick, 1990, 21-22) refere que:

«os topônimos se apresentam (…) como importantes fatores de comunicação, permitindo de modo plausível, a referência da entidade por ele designada. Verdadeiros “testemunhos históricos” de fatos e ocorrências registrados nos mais diversos momentos da vida de uma população, encerram, em si, um valor que transcende ao próprio ato de nomeação: a Toponímia situa-se como a crónica de um povo, gravando o presente para o conhecimento das gerações futuras, o topônimo é o instrumento dessa projeção temporal»

Nela verte os ensinamentos dos seus mestres, especialmente de Carlos Drumond, seu orientador, apontando novos caminhos de sistematização e interpretação das pesquisas, assentes nos modelos taxonómicos.

Esta ideia nasceu por volta de 1930, quando Albert Dauzat6, ao estudar os topónimos franceses, teve como metodologia de trabalho a sua divisão em dois campos de influência: o da geografia física e o da geografia humana.

Dick começou por propor dezanove taxonomias, divididas em duas grandes categorias: as de natureza física e antropocultural, que viria a desenvolver até às vinte e sete, podendo estas ainda sofrer subdivisões mediante as características do universo em estudo.

Este método de estudo da toponímia teve seguidores de ambos os lados do Atlântico e destacamos Maria Alice Fernandes e Esperança Cardeira, 2010, 2013, que usam a análise toponímica, relacionando-a com a geografia humana e a ocupação histórica do espaço ao longo dos tempos.

Destacam a importância deste tipo de estudos, iniciados por José Leite de Vasconcelos, Joaquim da Silveira, José Joaquim Nunes, Joseph-Maria Piel e Cunha Serra, na primeira metade do século XX, lamentando o seu abrandamento na atualidade.

Estabelecem igualmente, como Pedro Augusto Ferreira, 1907, 1915, 1917, os momentos chave em que se devem pesquisar as alterações linguísticas, motivadas pela vinda de diferentes povos para a península ibérica e as alterações por eles introduzidas, que acabamos por adaptar e sintetizar para a nossa ficha com a entrada ORIGEM dos topónimos.

Para a categorização dos topónimos baseamo-nos em dois autores Manuel José Gonçalves de Carvalho, 1999 e Adriana Tavares Lima, 2012 que referem a importância das taxinomias, apresentadas por outros estudiosos, na distribuição dos topónimos por categorias e de como isso nos pode ajudar na análise. Optamos por associar algumas delas, para não se tornar uma análise demasiado exaustiva na entrada CATEGORIZAÇÃO de topónimos.

O grande foco seria perceber qual o papel dos dois grandes blocos associados a esta problemática: o que a natureza deu, dividida em diferentes características e o que o homem transformou com o seu trabalho, através das mais diversas atividades.

No fundo, será voltar aos pressupostos básicos lançados por Dauzat, há quase 100 anos, associando-os às características do nosso território e aos testemunhos deixados por todos quantos nele passaram, sem esquecer as propostas inovadoras lançadas pelos estudiosos supramencionados.

6 Albert Dauzat (Guéret, 4 /7/1877 Argel, 31/10/1955) foi um linguista francês, autor de mais de cinquenta obras e um dos pioneiros no estudo da Onomástica.

5. CATEGORIZAÇÃO E ANÁLISE TOPONÍMICA

Depois de recolhidos todos os topónimos, da bibliografia consultada e analisadas as propostas apresentadas, testamos alguns modelos de ficha e decidimos elaborar dois tipos, para facilitar a consulta.

5.1. A primeira ficha - (FREGUESIA) TOPÓNIMOS: FONTES, ORIGEM E CATEGORIZAÇÃO

Encontra-se organizada por freguesia e ordem alfabética, dividida em três grandes campos:

FONTES (Inquirições de 1258, Forais de 1519, Memórias Paroquiais de 1758 e um último designado 2024, com recolha dos Roteiros Toponímicos concelhios e das recolhas orais). Para Valongo foi acrescentada a Monografia de Valongo, do padre Joaquim Reis, como já referido.

ORIGEM (Pré-Romana, Romana, Germânica, Árabe, Medieval e Incerta), decididos pelas marcas de maior relevo na cultura nacional e local, já usadas por diversos autores. Destacam-se os topónimos pré-romanos que são na sua maioria de origem celta; os latinos trazidos pelos romanos, como mecanismo poderoso de aculturação e globalização; os germânicos usados pelos “bárbaros” suevos e visigodos; os árabes vindos do norte de África e os medievais, muitos deles de origem castelhana e galega.

Foram estes movimentos pendulares de sul para norte, do litoral para o interior e vice-versa que criaram um riquíssimo substrato linguístico e toponímico, formado por camadas que denominaram momentos, atitudes e factos mais significativos para cada um deles. A língua que falamos hoje é um monumento vivo erigido a todas estas influências, que se sucederam e interpenetraram, desde há mais de 2000 anos.

Na listagem corrida de topónimos por ordem alfabética e por freguesia irão encontrar várias referências de origem para alguns deles, fruto das interpretações feitas pelos vários autores consultados. Para evitar sobreposições que pudessem dar origem a uma leitura errada, optamos por os dividir pelas diferentes origens, tendo em conta a opinião dos autores cientificamente mais credibilizados e reforçado pela sua relação com o tempo histórico dentro do qual faziam mais sentido, reforçando assim uma visão diacrónica.

Graficamente utiliza-se um α (alfa a primeira letra do alfabeto grego) para indicar a origem escolhida para cada topónimo e o X para indicar as restantes referências quanto a possíveis proveniências.

CATEGORIZAÇÃO DOS TOPÓNIMOS

GEOTOPÓNIMOS - γή [ge], “terra”: Características morfológicas da paisagem: alto, costa, cova, fojo, monte, morro, outeiro, penedo, portela, serra, vale

FITOTOPÓNIMOS - φυτόν [phyton], “planta”: Espécies vegetais: bouça, carvalhal, castanhal, pinheiral, salto, souto, vinha…

LITOTOPÓNIMOS - λίθος [lithos], “pedra”: Geologia do terreno: areia, barranha, barreira, gandra, lamas, pedreira…

HIDROTOPÓNIMOS - ΰδωρ [hydor], “agua”: Água em qualquer um dos seus estados: corgo, pias, riacho, ribeiro, rio…

ZOOTOPÓNIMOS - ζώον [zoon], “animal”: Presença de animais: abelhas, corvo, moscas, touro…

CARDINOTOPÓNIMOS = Indicação de direções, condições atmosféricas, características de paisagem: airosa, além, bela, pontos cardeais, sonhos, sub, trans, ventoso

HIEROTOPÓNIMOS - ιερός [hieros], “sagrado”/ HAGIOTOPÓNIMOS - άγιος [hagios], “santo”: Locais sagrados e santos: anta, capela, ermida, igreja, mamoa, nomes de santos…

SOCIOTOPÓNIMOS = Ruralidade e formas de ocupação do solo: agra, arregadas, arroteia, aterro, balsa, cancela, chã, cortinha, couce, lameiro, leira, quinta, rapadas, terrafeita, várzea, veiga, vessada…

POLIOTOPÓNIMOS = Ocupação do território segundo normativos institucionais: aldeia, atalaia, bairro, castelo, castro, mirante, moirama, paço, póvoa, real, reguengo, sobrado, vela, vila, vilar…

HODOTOPÓNIMOS - όδoς [odos], “caminho”- Vias e caminhos: calçada, carreiro, passagem, passarias, passos, ponte, portela, rampa, rua…

ANTROPOTOPÓNIMOS - άνθρω̟ος [anthropos], “homem”- Atividades desempenhadas pelo ser humano no sentido de transformar o que a natureza fornece: azenha, cancela, feira, ferraria, lavandaria, liceiras, marco, minas, moinho, molares, muro, parede, sá, venda a que se associam os antropónimos, dado o seu reduzido número não justificar a abertura de uma nova taxionomia.

Todos estes dados foram posteriormente analisados em termos estatísticos e gráficos, para que nos ajudassem na interpretação e súmula final.

TOPÓNIMOS DE ALFENA

TOPÓNIMOS DE ALFENA

INQUIRIÇÕES 1258 FORAIS 1519 MEMÓRIAS PAROQUIAIS 1758 2024 PRÉ-ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GEOTOPONÍMOS FITOTOPONÍMOS

LITOTOPONÍMICA

HIDROTOPÓNIMOS

ZOOTOPÓNIMOS

CARDINOTOPÓNIMOS

HIERO/HAGIOTOPÓNIMOS

SOCIOTOPÓNIMOS

POLIOTOPÓNIMOS

HODOTOPÓNIMOS

ANTROPOTOPÓNIMOS

AGRA DA SEARA

TOPÓNIMOS DE ALFENA

FONTES ORIGEM CATEGORIZAÇÃO DOS TOPÓNIMOS

INQUIRIÇÕES 1258 FORAIS 1519 MEMÓRIAS PAROQUIAIS 1758 2024 PRÉ-ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA GEOTOPONÍMOS FITOTOPONÍMOS LITOTOPONÍMICA HIDROTOPÓNIMOS ZOOTOPÓNIMOS CARDINOTOPÓNIMOS HIERO/HAGIOTOPÓNIMOS SOCIOTOPÓNIMOS POLIOTOPÓNIMOS HODOTOPÓNIMOS ANTROPOTOPÓNIMOS

FERRARIA FERRARIAS

FERRARIIAS

FERRARIE

FIDALGA

LEIRA FONTIS

LINARES X

LINARES DE LACUNA X

LOUREIRO

MOINHO

MONTE

MONTE CATIVO

MOURA

NUGARIA

OLIVARES

OUGUEIROS

OUTEIRINHO

OUTEIRO LINHO X X

PADROZELOS X X

PASSARIAS X α X

PINHAL

POÇAS X

POMARIUS X

PONTE DO ARQUINHO

PRADOS

PUNHETE

QUINTA

DE ALFENA

ALFENA - Topónimos nos documentos INQUIRIÇÕES

Inquirições Forais

Memórias Paroquiais

ALFENA - Origem dos topónimos

Pré-Romana

Romana

Germânica

Árabe

Medieval

Incerta

ALFENA - Categorias Toponímicas GEOTOPÓNIMOS

TOPÓNIMOS DE CAMPO

TOPÓNIMOS DE CAMPO

INQUIRIÇÕES 1258 FORAIS 1519

MEMÓRIAS PAROQUIAIS 1758 2024

AGRA

GEOTOPONÍMOS FITOTOPONÍMOS

LITOTOPONÍMICA

HIDROTOPÓNIMOS

ZOOTOPÓNIMOS

CARDINOTOPÓNIMOS

HIERO/HAGIOTOPÓNIMOS

SOCIOTOPÓNIMOS

POLIOTOPÓNIMOS

HODOTOPÓNIMOS

ANTROPOTOPÓNIMOS

TOPÓNIMOS DE CAMPO

FONTES ORIGEM CATEGORIZAÇÃO DOS TOPÓNIMOS

INQUIRIÇÕES 1258 FORAIS 1519 MEMÓRIAS PAROQUIAIS 1758 2024 PRÉ-ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA GEOTOPONÍMOS FITOTOPONÍMOS LITOTOPONÍMICA HIDROTOPÓNIMOS ZOOTOPÓNIMOS CARDINOTOPÓNIMOS HIERO/HAGIOTOPÓNIMOS SOCIOTOPÓNIMOS POLIOTOPÓNIMOS HODOTOPÓNIMOS ANTROPOTOPÓNIMOS

LANHOSA X

LAVADOURO

LAVADOURO DA CHÃ

LAVANDEIRA

LORIZ

LUARIZ

LURIZ

MILHÁRIA

PONTE FERREIRA

PORTELA REBESSA

QUINTÃ QUINTÃO

RAMPA

RIBEIRA RIBEIRO

SAM JOMIL

SAM JOMYL SANGIMIRUS SÃO GEMIL

SERRA DE PIAS

URREIROS

VERTIDO

VESSADA

VINHAS

CAMPO - Topónimos nos Documentos

CAMPO - Origem dos topónimos

CAMPO - Categorias dos topónimos

TOPÓNIMOS DE ERMESINDE

FONTES ORIGEM CATEGORIZAÇÃO DOS TOPÓNIMOS

TOPÓNIMOS DE ERMESINDE

INQUIRIÇÕES 1258 FORAIS 1519

MEMÓRIAS PAROQUIAIS 1758 2024 PRÉ-ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GEOTOPONÍMOS FITOTOPONÍMOS

LITOTOPONÍMICA HIDROTOPÓNIMOS

ZOOTOPÓNIMOS

CARDINOTOPÓNIMOS

HIERO/HAGIOTOPÓNIMOS

SOCIOTOPÓNIMOS

AGRAS NOVAS X α X X

POLIOTOPÓNIMOS

HODOTOPÓNIMOS ANTROPOTOPÓNIMOS

ALDEIA DOS LAVRADORES X α X X

ARDEGANES

ARREGADAS

ARROTEIA

ASMES, S. LOURENÇO DE ASNES

AZENES AZOMES X X X X α X X X X X

ATERRO X α X X

BALSINHA X X α X X X X X

BARRANHA X X X

BARREIRA X α X X

BELA X α X X X X

BOUÇA X α X X X X

CABEDA CAVEDA X X α X

CALE X α X X X

CANÇELLA CANCELLA CANCELA X X X α X X X

CARVALHAL X X α X

CASAL DE CIMA X α X X

CASAL TAURAGO X α X X

CASTANHEIROS X α X CHÃOS X α X X

CORTINA FERNADUS

DURANDI X α X X X

COSTA X α X

DERMISINDI ERMESINDE

ERMESENDI ERMEZINDE X X X X α X X

ERMIDA X X α X

ESPINHEIRO X α X

FEIRA X α X

FIGUEIRA

FIGUEIRAS X X α X

FONS ARMENA X α X X

FONTE X X α X

TOPÓNIMOS DE ERMESINDE

POÇO NEGRO

RIVULO TINTO

SAIBREIRAS

TOPÓNIMOS DE ERMESINDE

INQUIRIÇÕES 1258 FORAIS 1519 MEMÓRIAS PAROQUIAIS 1758 2024 PRÉ-ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA GEOTOPONÍMOS FITOTOPONÍMOS LITOTOPONÍMICA HIDROTOPÓNIMOS ZOOTOPÓNIMOS CARDINOTOPÓNIMOS HIERO/HAGIOTOPÓNIMOS SOCIOTOPÓNIMOS POLIOTOPÓNIMOS HODOTOPÓNIMOS ANTROPOTOPÓNIMOS

SAM PAIO

SAMPAIO

PAIO

SONHOS

SOUTINHO

SOUTO

SOUTO DA QUINTA

SOUTO DOS MOINHOS

VILAR DE MATOS VILLAR DE MATOS

ERMESINDE - Topónimos nos documentos

ERMESINDE - Origem dos topónimos

Pré-Romana

Romana

Germânica

Árabe

Medieval Incerta

ERMESINDE - Categorias toponímicas

TOPÓNIMOS DE SOBRADO

FONTES ORIGEM

TOPÓNIMOS DE SOBRADO

INQUIRIÇÕES 1258

FORAIS 1519

MEMÓRIAS PAROQUIAIS 1758 2024 PRÉ-ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GEOTOPONÍMOS

FITOTOPONÍMOS

CATEGORIZAÇÃO DOS TOPÓNIMOS

LITOTOPONÍMICA

HIDROTOPÓNIMOS

ZOOTOPÓNIMOS

CARDINOTOPÓNIMOS

HIERO/HAGIOTOPÓNIMOS

SOCIOTOPÓNIMOS

POLIOTOPÓNIMOS

HODOTOPÓNIMOS

ANTROPOTOPÓNIMOS

AÇUDE X α X X

ALAMBIQUE

CAMPELO X X X α X X

CANCELAS X α X X X

CARREIRO X α X

COSTA X X α X

COVO

CUMIEIRA

ECCLESIE

ESTRADA DA BALSA

ESTRADA DA VALSA

ESTRADA DE SOBRADO

FELGUEIRA

FERREIRA X X X α X X X X

FIJÓS X X

GANDRA

LOMBA

LUBRINHOS

MONTE DA VELA

PAÇO

PAÇOS DE BAIXO

DE CIMA

PARADELHA

PASSAL X α X X X

PEGO X α X X X

PENIDO X α X X

PINGUELA X X X X X

PRESAS X α X X

QUINTA DAS ARCAS X α X X X X X

REGUENGO

SANCTI ANDREE DE SOBRATO

TOPÓNIMOS DE SOBRADO

FONTES ORIGEM CATEGORIZAÇÃO DOS TOPÓNIMOS

INQUIRIÇÕES 1258 FORAIS 1519 MEMÓRIAS PAROQUIAIS 1758 2024 PRÉ-ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA GEOTOPONÍMOS FITOTOPONÍMOS LITOTOPONÍMICA HIDROTOPÓNIMOS ZOOTOPÓNIMOS

CARDINOTOPÓNIMOS HIERO/HAGIOTOPÓNIMOS

SOCIOTOPÓNIMOS POLIOTOPÓNIMOS HODOTOPÓNIMOS

ANTROPOTOPÓNIMOS

SOBRATO

SOBRIDO

SOBRADO

- Topónimos nos Documentos INQUIRIÇÕES

Inquirições

SOBRADO - Origem dos topónimos PRÉ

Pré-Romana

Romana

Germânica

Árabe

Medieval Incerta

SOBRADO - Categorias toponímicas GEOTOPÓNIMOS

SOCIOTOPÓNIMOS

TOPÓNIMOS DE VALONGO

FONTES ORIGEM CATEGORIZAÇÃO DOS TOPÓNIMOS

TOPÓNIMOS DE VALONGO

ABELHEIRA

ACHA / AIXA

AÇUDA

ADRO

AGRA

AGRA DA GANDERA

AGRA DE GALEGOS

AGRA FONTENELHA

AGRA FONTANELLE

AGRA PORTELIAM DE GANDERA

AGRA VALLIS

AGRELUS INTER VIAS

ÁGUAS FÉRREAS

ALTO DO CASTELO

BACÊLLOS

BAIANCA

BAYANCA

BARROCA

BARROCA DA VIÚVA

BARROCA DO PANNO

BAUZA CREMATA

BELLA VISTA

BOA VISTA

BOAVISTA

BOUÇA QUEIMADA

BORBULHÃO BURBALHÃO

BRANDERIZ (2X) BRANDERIZ VETERIS

INQUIRIÇÕES 1258 FORAIS 1519

GEOTOPONÍMOS FITOTOPONÍMOS

LITOTOPONÍMICA

HIDROTOPÓNIMOS

ZOOTOPÓNIMOS

CARDINOTOPÓNIMOS

HIERO/HAGIOTOPÓNIMOS

SOCIOTOPÓNIMOS

POLIOTOPÓNIMOS

HODOTOPÓNIMOS

ANTROPOTOPÓNIMOS

TOPÓNIMOS DE VALONGO

CABALLUS MORTUUS

CABALO MORTO

CAVALO MORTO

CABÊDA

CABO DA RUA

CACHADA DO SEIXO

CAENLO

CAENLUS (2X)

CALADRÕES

CALDONE

CALEDOME CALEDONE

CALEDONI

CALEDRÕES

CALLE DONNI

CALÇADA CALÇADA EM CIMA

CALDOELAS CALEDOEL

CALEDOELLAS

CALEFUNTÃO CALFUNTÃO

CAMINHO

CAMINHO DA FORMIGA

CAMINHO DE SOBRADO

CAMINHO DO CAMBADO

CAMPELLO

CAMPO

CAMPO DA MORTE

CAMPO DA VINHA

CAMPO DAS PEREIRAS

CAMPO DAS VALLES

CAMPO DE N.ª SR.ª DA LUZ

CAMPO DE N.ª SR.ª DAS NEVES

CAMPO DE REDONDO

CANA (2x)

CANADITA

CANADITA DE BAIXO

CANADITA DE CIMA

CANAL / CANALLES

TOPÓNIMOS DE VALONGO

CANAL DE MIRO

CANAL FAGENIA

CANALIS FONTANA

CASA D’ORCA

CASA DA ORCA

CAVE DA ORCA

CASA DO TINTUREIRO

CASA VELHA

CASTANHEIROS

CASTINARIA SUPER LATAM

CASTELO CASTELLO

CASTRO / CRASTO

CAVACO

CAVADA

CAVADA DA PINTORA

CAVADA DA SERRA

CAVADA DA TELHA

CAVADA DOS PENEDOS

CAVADA DOS RAMOS

CENTIAES CENTIÃES

CERDEIRA

CEREDEIRA

SERDEIRA

CHÃO

CHÃOS

CHÃO DA RAVILHA

CHÃO DA RAVILLA

CHÃ DAS CAVADAS

CHÃO DAS CAVADAS

CHÃO DE CALEDRÕES

CHÃO DE VIRELLA

CHÃO DO GUIZO

CHEDELAS ET IN BARRIO

CHEEYRAS

CHOUPELIM

CIMA

CONDE FERREIRA

TOPÓNIMOS DE VALONGO

FONTES ORIGEM CATEGORIZAÇÃO DOS TOPÓNIMOS

INQUIRIÇÕES 1258 FORAIS 1519 MEMÓRIAS PAROQUIAIS 1758 2024 PRÉ-ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA GEOTOPONÍMOS FITOTOPONÍMOS LITOTOPONÍMICA HIDROTOPÓNIMOS ZOOTOPÓNIMOS CARDINOTOPÓNIMOS HIERO/HAGIOTOPÓNIMOS SOCIOTOPÓNIMOS POLIOTOPÓNIMOS HODOTOPÓNIMOS ANTROPOTOPÓNIMOS

CONTENSAS X α X X

CORREDOIRA

CORREGA DA PORTELLA

COSTA DE CALDOÉLLAS

COSTA DE CALEDOELLAS

COSTA DE CASTANHEIROS

COUCE

COUÇO

COVELO (2X)

COVELUS SUPERNUS

CRUZINHAS

CUCA

CUCAMACUCA

CUCA MACUCA

D. CARLOS I X α X X

D. LUIZ I

DEVESA

DIAS DE OLIVEIRA

DIREITA

DONEILHE

DONELHA DONÊLHA

DR. CÂNDIDO

DR. NETO

ECCLESIA

EGREJA X

EIRA DE PEDRA

EREMITÉRIO

ESCORIAL

ESCORIAS

ESCOURAL

ESCOURAS

ESPINHEIRO

ESTAÇÃO

ESTRADA NOVA

ESTRADA VELHA

ESTRADA REAL

EVANTA (IVANTA) X

EVANTA ET MOLENDINI X

FAMELGAS / FATELGAS X

FEIRA

FELGUEIRAS

TOPÓNIMOS DE VALONGO

FELGUEIROOS

FONTE DA LAGOA

FONTE DA PASSAGEM

FONTE DA PONTE CARVALHA

FONTE DA PORTELA / PADRÃO

FONTE DA RUA

FONTE DA RUA NOVA

FONTE DA SENHORA

FONTE DO CLÉRIGO

FONTE DO ILHAR MOURISCO

FONTE DO SAPAL

FONTE DOS BACELOS

FONTE MOURISCA

FONTELLOS DO SUSÃO

FURNA

FURNA DA CANA

FURNA DA RATA

FURNA DO TINTIN

GALLINHEIRO

GANDARA GANDRA

TOPÓNIMOS DE VALONGO

GIESTA GIESTAL

GORDOVALE

GUISTELAS

GUYTARRIO

ILHA

ILHAR

ILHAR MOURISCO

IVANTA (EVANTA)

JOSÉ LOPES

JUSÃO

LAGÊDO

LAGEEDO

LAGEEDUS

LAGOA

LAGOELA

LAGOEIRÕES LAGUEIRÕES

LAMAÇAL

LAMEIRA

LAMEIRA FERREIRA LAMEIRINHO LAMEIRO

LATA (2X)

LIMIARES

LINARE PELAGII DURANDI

LINARIS MAURISCUS

LODEIRO

LOGAR/LUGAR

LOGAR DA AZENHA

LOGAR DA RUA

LOGAR DA VALGA

LOPES DAS NEVES

MAIA

MALTA

MAMONA MAMONAM

MANGUDAS

MANINHO

MARIÊNNES MARIENOS

MARQUES DA NOVA

INQUIRIÇÕES 1258 FORAIS 1519 MEMÓRIAS PAROQUIAIS 1758 2024 PRÉ-ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA GEOTOPONÍMOS FITOTOPONÍMOS LITOTOPONÍMICA HIDROTOPÓNIMOS ZOOTOPÓNIMOS CARDINOTOPÓNIMOS HIERO/HAGIOTOPÓNIMOS SOCIOTOPÓNIMOS POLIOTOPÓNIMOS HODOTOPÓNIMOS ANTROPOTOPÓNIMOS

TOPÓNIMOS DE VALONGO

MARQUES DA ROCHA

MINA DE RAMOS

MINA DE VALLE DE AMORES

MINA DO ALTO DE FERNANDES

MINA DE BESSA PINTO

MINA DO GALLINHEIRO

α X X X

X X X X X

X MINA DO HESPANHOL

MINA DO JORGE

MINA DO MANILHA

MINA DO SUSÃO

MINAS DOS CARDÓSOS

MINAS DOS LAGUEIRÕES

MINAS DO OUTEIRO DO LINHO

MINAS DO RIBEIRO DA EGREJA

MINAS DO SCHERECH

MINAS DO SOUTO

MOINHO

MOINHO CAMBÃO

MOINHO DE VENTO

MOINHO DO OURO

MOINHO DO TELHADO

MOINHOS DE CIMA

MOLENDINUS DUARI

MONSÔ

MONTE ALTO MONTALTO

MONTE CALVÁRIO

MONTE CARDOSO

MONTE DAS MAMOAS

MONTE DAS PEDRAS

MONTE DE CASTRO

MONTE DE Nª Sª DOS CHÃOS

MONTE DE QUINTARREI

MONTE DE SANTA JUSTA

MONTE DE SOBRADO

MONTE DO CASTELLO

MONTE GORDO

MOSQUEIROS

TOPÓNIMOS DE VALONGO

INQUIRIÇÕES 1258 FORAIS 1519 MEMÓRIAS PAROQUIAIS 1758

MOUTA

NOGUEIRA POMBO

NOSSA SENHORA DA LUZ

NOSSA SENHORA DAS NEVES

OLHO DO CORVO

OUTEIRO DA LEVADA

OUTEIRO DO LINHO

PADRÃO DO ESCOURAL

PALUMBARIUS (2x)

PARDÊLHAS

PAREDES X

PAREDES DE REMOLIA

PAREDES IN FONDO IN TESTA VALADI

PARIDINARIUS

PASSAGEM

PASSAL

PEDREGAL X

PEDREIRAS

PEDREIRAS DE BAIXO

PEDREIRAS DE CIMA

PENA DO BICO

PENÊDA

PENEDO

PENEDO RACHADO

PENEDO REAL

PENÊDOS DOMINGOS

PEREIRAS

PEREIROS

PEREYROS X

TOPÓNIMOS DE VALONGO

PEZABONA X

PORTELLA

PORTELLA DA GANDRA PORTELLAM GANDERE

PORTELLA DAS CHÃOS

PORTELA DE ERVEDOSA

PORTELA DO ESCOURAL

PORTELLA DOS VENTOS

PORTELLA HEREMITE

PORTELLINHA

PORTO

POUZA DOYRIUS

PRESA DA RECHÃO

PRESA DE GUISTELAS

PRESA DE MARIENNES

PROSELA

QUELHA / QUEILHA

QUELHAS/ QUEILHAS

QUELHO / QUEILHO

QUELHOS / QUEILHOS

QUELHA DA CANADITA

QUELHA DA FONTE

QUELHA DE BAIXO

QUELHA DE GUISTELAS

QUELHA DO JOGO

QUELHA DO LODEIRO

QUINTA DA ABELHEIRA

QUINTARREI

TOPÓNIMOS DE VALONGO

INQUIRIÇÕES 1258 FORAIS 1519 MEMÓRIAS PAROQUIAIS 1758

RABILA DE RABIL

RACAREI

RAIZ

RAMIRUS

REBESSA

RECAREI

RECAREY

RECAREY DOMPNI STEPHANI

RECHÃES RECHÃO RECHÃOS

REGO DO PAÇO

REGO DO POÇO

REMOLA REMOLIA REMOLHA

REMOLHÃO

REMOLHAS

RETORTA

RIBEIRO DA CANA

RIBEIRO DA IGREJA

RIBEIRO DA PASSAGEM

RIBEIRO DA PONTE CARVALHA

RIBEIRO DA PRESA

RIBEIRA DA SANTA

RIBEIRO DA SENRA

RIBEIRO DA SILVA

RIBEIRO DE CAMBADO

RIBEIRO DE CENTIÃES

RIBEIRO DE GUISTELAS

RIBEIRO DE LAMEIRA FERREIRA

RIBEIRA DO INFERNO

RIBEIRA DO VALADO

RIBEIRO SIMÃO

RIBEIRÃO

ROMEIRA ROMEIRO

RUA DA ESTRADA

PRÉ-ROMANA

GERMÂNICA ÁRABE

GEOTOPONÍMOS FITOTOPONÍMOS LITOTOPONÍMICA HIDROTOPÓNIMOS ZOOTOPÓNIMOS CARDINOTOPÓNIMOS HIERO/HAGIOTOPÓNIMOS SOCIOTOPÓNIMOS POLIOTOPÓNIMOS HODOTOPÓNIMOS ANTROPOTOPÓNIMOS

RUA DIREITA

DE VALONGO

SANTO ANTÃO

SÃO MAMEDE

SÃO MARTINHO DE VALONGO S. MARTINHO DE VALLONGO

SENHOR DA OLIVEIRA

SERRA

SERRA DA HUCHA

SERRA DA MURTA

SERRA DA SENHORA DAS CHAIS

SERRA DA SENHORA DOS CHÃOS

SERRA SENHORA DAS CHANS

SERRA DE CUCAMACUCA

SERRA DE MATOSINHOS

SERRA DE PIAS

SERRA DE SANTA JUSTA

SERRA DE SOBRADO

SERRA DE VALONGO

SERRA DO CASTELO

SERRA DO CASTRO

SERRA DO CRASTO

TOPÓNIMOS DE VALONGO

SERRA DO MONTE ALTO SERRA DE MONTALTO

SERRA DO PORTO

SERRA DO RAIO

SÃO GIDRO

SÓGIDRO SOLGIDRO

SOUSA PAUPÉRIO

SOUTO

SOUTO DO VALE

S0VERARIUS

SUBTUS PIAS IN FEYJONALI

SUBTUS VALLEM LATE

SUSÃO

SUZAM

TALOOS

TALHÓS TALHÓZ

TOGEYROS DOMPNE ERMESENDE

ULTRA PORTELLAM VARZENE

ULTRA VINEAM

VALLADO

TOPÓNIMOS DE VALONGO

VALE

VALES

VALLE

VALLES

VALE D’ACHAS

VALE DA ACHA

VALE DA AIXA

VALLIS SUBTUS PORTELLAM COVE DE ORCA

VALLONGO

VALONGO DA ESTRADA

VALONGO DE BAIXO

VALONGO DE CIMA

VALONGO DO PORTO

VALLONGO JUSÃO

VALLONGO SUZAM VALONGO SUSAÃO

VALONGO SUSÃO

VALSELHAS

VALE DE CELHAS

VARZENA (3X)

VESSADAS

VILA COVA

VILA NOVA

VILAR MOFRISCO VILAR MOURISCO

VILLELA (2X)

TOPÓNIMOS DE VALONGO

VIRELLA

VIRELLA DE BAIXO

VISCONDE OLIVEIRA DO PAÇO

FONTES ORIGEM CATEGORIZAÇÃO DOS TOPÓNIMOS

INQUIRIÇÕES 1258 FORAIS 1519 MEMÓRIAS PAROQUIAIS 1758 2024 PRÉ-ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA GEOTOPONÍMOS FITOTOPONÍMOS LITOTOPONÍMICA HIDROTOPÓNIMOS ZOOTOPÓNIMOS CARDINOTOPÓNIMOS HIERO/HAGIOTOPÓNIMOS SOCIOTOPÓNIMOS POLIOTOPÓNIMOS HODOTOPÓNIMOS ANTROPOTOPÓNIMOS

VALONGO - Topónimos nos Documentos

VALONGO - Origem dos topónimos

VALONGO - Categorias toponímicas

5.2. A segunda ficha – ORIGEM DOS TOPÓNIMOS E RESPETIVOS SIGNIFICADOS POR ORDEM ALFABÉTICA E POR FREGUESIA

A segunda listagem TOPÓNIMOS POR ORDEM ALFABÉTICA E POR FREGUESIA, indica a fonte de informação consultada para a obtenção da informação, quanto à origem do topónimo e o seu significado em diferentes tempos e contextos. Optamos por atribuir uma cor a cada freguesia, para identificar a origem dos topónimos aquando da existência de repetição.

Para facilitar o reconhecimento da fonte consultada usaram-se as seguintes abreviaturas e referência ao autor/data que podem ser encontrados na bibliografia.

Optamos por colocar em primeiro lugar os autores por ordem cronológica, para melhor percecionar a evolução do significado atribuído a cada topónimo, seguindo-se as obras de referência mais genéricas por ordem alfabética. No fim de cada explicação poderá aparecer entre parêntesis retos um acrescento informativo da minha responsabilidade que ajuda na tentativa de compreensão do significado em função do conhecimento do meio.

AUTORES POR ORDEM CRONOLÓGICA:

BLUTEAU (1728); SILVA (1789); PINTO (1832); VITERBO (1865); VIEIRA (1871); LEAL (1873-88); SAMPAIO (1893); VASCONCELOS (1897); FIGUEIREDO (1899); REIS (1904); VASCONCELOS (1941); LOSA (1956); LEMOS (1993); MACHADO (1993); CARVALH0 (1999); FERNANDES (1999); CRUZ (2001); OLIVEIRA (2001); MORALEJO ÁLVAREZ (2004); SILVA (2004); AZEVEDO (2005); CARVALHINHO (2008b); CARVALHINHO (2009); LIMA (2012); FERNANDES (2013); MARQUES (2014); OLIVEIRA (2014); BARROCA (2016); OSÓRIO (2017); RAMOS (2017); ROCHA (2017); MARTÍNEZ LEMA (2018); AFONSO (2018); ALMEIDA (2020) e TORRES (2021).

AUTORES E DICIONÁRIOS POR ORDEM ALFABÉTICA:

AFONSO (2018); ALMEIDA (2020); AZEVEDO (2005); BARROCA (2016); BLUTEAU (1728); CARVALHINHO (2008-b); CARVALHINHO (2009); CARVALH0 (1999); CIB; CRUZ (2001); DER; DIT; DM; DNP; DOP; FERNANDES (1999); FERNANDES (2013); FIGUEIREDO (1899); GDE; HOU; INF; LEAL (1873-88); LEMOS (1993); LIMA (2012); LOSA (1956); MACHADO (1993); MARQUES (2014); MARTÍNEZ LEMA (2018); MICH; MORALEJO ÁLVAREZ (2004); ODP; OLIVEIRA (2001); OLIVEIRA (2014); OSÓRIO (2017); PINTO (1832); PRIB; RAMOS (2017); REIS (1904); ROCHA (2017); SAMPAIO (1893); SILVA (1789); SILVA (2004); TL; TORRES (2021); VASCONCELOS (1897); VASCONCELOS (1941); VIEIRA (1871); VITERBO (1865); WIK e WIKT.

ORIGEM DOS TOPÓNIMOS E RESPETIVOS SIGNIFICADOS POR ORDEM ALFABÉTICA E POR FREGUESIA: ALFENA, CAMPO, ERMESINDE, SOBRADO, VALONGO

A

ABELHEIRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

INF apis, apicula

VIEIRA (1871):

Nome de retiro de abelhas naturalmente escolhido por elas num tronco de árvore. Enxame de abelhas.

Nome vulgar de uma planta papilionácea.

REIS (1904):

Retiro de abelhas onde há pasto para estes insetos.

OSÓRIO (2017):

Abelheira ou colmeal podem advir do facto de existirem pequenos orifícios no solo, semelhantes a refúgios de abelhas, mas que se prendem com práticas de extração mineira.

Associada a área de extração em jazida primária ou secundária.

INF:

Ninho de abelhas.

[Estes insetos eram tão importantes na economia local, que todos os anos se realizava uma Feira de Abelhas nos dias 24 e 25 de julho, em Sobrado.

Existe a Quinta da Abelheira em Valongo, que poderá estar associada aos animais e à extração mineira]

VER: SCHRECK, MINA DO

ACHA

AIXA

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE FIGUEIREDO (1899) WIK astula GDE hapja REIS (1904)

BLUTEAU (1728):

Pedaço de lenha rachada.

VIEIRA (1871):

Pedaço de pau ou estilha, cavaco partido a machado, que serve para fazer lume nas lareiras, cacete curto e grosso numa extremidade, tranca. Instrumento de ferro cuneiforme com cabo para rachar madeira.

Tipo de cunha, instrumento ou arma usada antigamente na guerra.

Em contexto musical diz-se da dança executada por soldados, selvagens ou ciclopes armados das cabeça aos pés, cobertos de peles, com achas ou machados nas mãos. Estes passos são cadenciados e acompanhados por instrumentos de percussão.

Uma ACHADA é uma planície baixa.

ACHAR significa aplanar, terraplanar, lavrar e arrotear.

FIGUEIREDO (1899):

Cavaca, pedaço de madeira tosca para o lume.

REIS (1904):

Origem árabe, nome feminino = viver.

GDE:

Machados paleolíticos e da idade dos metais.

BLUTEAU (1728) zud, çud VIEIRA (1871) assodde

FIGUEIREDO (1899) azud

CARVALHO (1999) PRIB assudd

BLUTEAU (1728): Regador, engenho de fazer correr água. Os castelhanos chamam açuda a uma grande roda, com que dos rios caudalosos se tira água para regar hortas. Entre nós, açude é uma obra de pedra e cal, muito escarpada por não ter parede, que represa as águas de uma levada ou de um rio e leva-as para uma azenha ou outro fim.

VIEIRA (1871):

Açuda é corrupção de açude ou abreviatura de açudada ou asudada. Lugar onde se retem a água do rio ou levada. Presa que se faz nos rios para desviar a água pelas levadas ou aquedutos às azenhas. O mesmo que azude.

AÇÚDE do latim sudes, sudis – estaca, pau tostado, azagaia, chuço, arma defensiva.

Para evitar a homonímia será melhor escrever ASSUDE.

FIGUEIREDO (1899):

Construção de pedra ou madeira, para represar águas de rio ou levada, destinadas a rega ou moagem.

REIS (1904):

Rua da Açuda, nome derivado do açude que os árabes fizeram no alto desta rua para desviar o Ribeiro da Igreja.

CARVALHO (1999):

Represa de água de origem árabe, tem como correspondente latino presa

PRIB:

Represa de água.

ADRO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

BLUTEAU (1728)

FIGUEIREDO (1899)

CARVALHO (1999) atrium, atriu

BLUTEAU (1728):

Adro em português corresponde a cemitério, porque antigamente não se enterravam os cristãos nas igrejas, nem ao pé dos altares por respeito ao Corpo e Sangue de Jesus Cristo, que nos ditos lugares se consagra, mas nos adros das igrejas, a saber na entrada e diante da porta principal delas se abriam as sepulturas.

VIEIRA (1871):

Terreiro que circunda ou se encontra à frente da porta principal da igreja. Cemitério antigo, quando se enterrava nos templos ou junto a eles. Termo usado na linguagem popular, já que átrio é usado num registo de linguagem mais culta, com o significado de vestíbulo, pátio, adro, entrada espaçosa para qualquer edifício

FIGUEIREDO (1899):

Terreiro em frente ou de lado das igrejas.

CARVALHO (1999)

Pátio interior, pórtico que rodeava o pátio, pórtico dum templo, veio a designar, no romanço do noroeste peninsular, o terreiro em frente ou à volta de uma igreja.

Originou vários topónimos em Portugal e na Galiza onde, a par de “Adro”, se encontram formas ainda mais antigas, como “Átrio” e “Adrio”. Piel considera este termo como exemplo de alguns conservadorismos presentes no galaico-português, colocando a hipótese de se tratar de uma inovação regional que poderia recuar ao período romano e que atualmente se estende até ao sul do país.

FERNANDES (2013):

Espaço em frente ou em volta de uma igreja, podendo ser aberto ou murado, onde se reuniam as pessoas depois da missa, e os homens-bons ou vereadores quando o concelho não tinha paços próprios.

MARQUES (2014):

O sentido que a palavra ‘adro’ veio a assumir em português, terreiro em frente ou à volta de uma igreja, átrio, que é de resto um dos significados que vários léxicos atribuem a ‘atrium’, sublinhando as funções cemiteriais que poderia desempenhar.

ALFENA CAMPO ERMESINDE SOBRADO VALONGO

AGRA

AGRA

AGRA DA GANDRA

AGRA DA SEARA

AGRA DE GALEGOS

AGRA

FONTANELHA

AGRA

FONTANELLE

AGRA

PORTELLAM DE GANDERA

AGRA VALLIS

AGRAS NOVAS

AGRELUS INTER VIAS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

CARVALHO (1999)

ROCHA (2017)

PRIB; INF ager, agri, agru

BLUTEAU (1728):

Agra = cidade principal de uma das províncias do Império Mongol.

VIEIRA (1871):

Campo de lavoura, terra de cultura principalmente em sítios altos. Também se emprega no sentido de rocha, penedia, alcantil.

FIGUEIREDO (1899):

Campo, brejo, pântano.

Género de insetos coleópteros pentâmeros, da família dos carábicos.

LEAL (1873-88):

Agra = uns querem que venha de ágro (campo) outros de Ágra, importante cidade da Ásia, antiga capital do Indostão. É mais provável a primeira etymologia.

Agrella = é palavra derivada do latim agro, que significa terreno agreste e também campina e campo.

No portuguez antigo agrella é diminutivo de agra, vindo a ser pequena agra.

CARVALHO (1999):

Designa campo, terra cultivada.

Orlando Ribeiro, ao caracterizar a economia antiga do noroeste hispânico, afirma que “os cereais eram todos de sequeiro e exigiam terras enxutas (agras), onde se cultivavam alternadamente espécies de Inverno – trigo, centeio, cevada – e de Verão – milho alvo e painço”.

Na Galiza as agras constituíram uma forma de organização agrária, havendo pelo menos duas em cada aldeia, uma para cada folha de cultivo.

Eram amplos terrenos de cultivo, principalmente de cereais, que, embora delimitados no seu conjunto, estavam divididos em parcelas abertas.

Estes campos galegos tinham, nalguns casos, outras denominações, como veiga, vilar ou estivo.

No Norte de África encontramos o termo berbere aghrum, com o significado de “pão”, coincidente com a forma latina, considerando o largo período de presença romana em toda esta zona.

Para Piel os arcaísmos e galego-minhotismos como agro, agra, agrela, conservados na toponímia, identificam-se com o latim hispânico falado na Galécia, ainda durante a época romana, que já então ganhara foros de especificidade face à latinidade de outras regiões hispânicas.

LIMA (2012):

agra+ela = agrela

agra+elos = agrelos

MARQUES (2014):

Termos derivados de ager como agrum, agra, agro, agrello, agrella e agraza são frequentes na documentação alto-medieval.

Designam espaços de cultivo com relativa amplitude e bem delimitados, que tanto podiam ser de apropriação coletiva como individual, a que se acrescenta a característica de ser plano.

São muito frequentes as menções a parcelas agrárias de menor dimensão (lareas), em que agros e campos estavam divididos.(…)

Embora a cultura arvense fosse a dedicação preferencial destes espaços, o que se explica desde logo pela importância de grão e das forragens na alimentação de homens e gados, nada impede que se acolhessem outros cultivos. Os grandes espaços coletivos de cultivo, designados por termos como ager, senra ou outros, podiam acolher igualmente oi cultivo da vinha, de árvores de fruto e de produtos hortícolas (e mesmo o cultivo misto cerealístico-frutícola) ou ainda transformar-se em prados.(…)

De resto, e até por questões de regeneração dos solos, é de admitir a alternância de culturas, entre cerais e leguminosas.(...)

Jorge Alarcão propôs a hipótese de que a palavra ager pudesse designar aldeias ou lugarejos, designados por elementos toponímicos ou topográficos. (...) Reconhecendo o inedetismo da proposta, o autor reconhece que é um termo polivalente, e sendo associado a antropónimos, serão provavelmente, prédios do tipo que mais tarde se chamará casal.

ROCHA (2017): É de supor que o topónimo tenha surgido no período romance, como derivado de um nome comum, agra, sinónimo de agro ‘terreno cultivado ou potencialmente cultivável’, do latim ager, agri - campo. Trata-se de uma forma de diminutivo, a avaliar pelos numerosos topónimos de base latina sufixados por -elo e -ela, especialmente produtivos na época alto-medieval.

INF:

Campo. Variantes: Agrão, Agras, Agrinhas, Agras, Agrafonte, Agriboa…

PRIB:

Campo cultivado ou cultivável localizado longe das habitações, brejo, pântano.

[Os determinativos (Fonte, Galegos, Gandra, Entre Estradas, Novas, Portela, Seara e Vale) indicam elementos de referenciação relacionados com a sua localização no terreno, culturas associadas, elementos naturais e/ou construídos, assim como eventuais proprietários, como no caso da família Seara]

Ver:

FONTANELLE, GALEGOS, GANDRA, INTER VIAS, NOVAS, PORTELLAM, SEARA, VALLIS

ÁGUAS FÉRREAS PRÉ ROMANA ROMANA

MACHADO (1993)

DER ferreu

PRIB aqua, aquae ferrum

VIEIRA (1871):

GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

Águas minerais ferruginosas, também chamadas marciais, contêm além do ferro, soda, cal e magnésia.

OSÓRIO (2017):

Os topónimos com referência à cor das águas e dos solos podem ser fortes indicadores de veios mineralizados ou das consequências ambientais da atividade mineira ocorrida nessa zona.

GDE e PRIB:

Água de mina ou nascente de cor alaranjada por conter ferro dissolvido.

Muitas vezes associadas à cor amarela, como no caso de Serra Amarela, pela mesma razão.

AIROSA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

MACHADO (1993) FIGUEIREDO (1899) PRIB aire(ar) (castelhano)

FIGUEIREDO (1899):

Elegante, gentil, esbelta, garbosa.

PRIB:

Espaço arejado e com boa exposição solar.

ALAMBIQUE PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

MACHADO (1993) ambix, ambikon (grego = vaso)

VIEIRA (1871):

Do árabe ulaa = aparelho, instrumento, e ambaq = destillar.

VIEIRA (1871) ulaa + ambaq

FIGUEIREDO (1899)

MACHADO (1993) GDE al-ambique, al-anbiq

Confirma-se historicamente esta atribuição porque foram os árabes que introduziram esta descoberta egípcia na Europa. Aparelho usado nas experiências químicas, para destilação, cujas partes principais são a cucurbita ou caldeira, dentro da qual se coloca a substância de que se procura extrair a parte alcoólica; o capacete, sobreposto e encaixado na cucurbita, na qual se dá a condensação dos vapores; e a serpentina espiralada, onde pelo resfriamento se dá a completa liquefação do vapor.

FIGUEIREDO (1899):

Aparelho de destilação.

GDE:

Equipamento usado na destilação de várias bebidas alcoólicas e óleos essenciais já referenciado no século XVI.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

ALDEIA ALDEIA

ALDEIA NOVA

ALDEIA DOS LAVRADORES

PRÉ ROMANA ROMANA

GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

CARVALHO (1999)

PINTO (2004)

LIMA (2012)

FERNANDES (2013) GDE; PRIB addaia, aldaia, al-day’a, adday-a, ad-daiâ

BLUTEAU (1728):

Povoação menor que lugar.

Pode derivar do verbo grego aldaineim que significa aumentar, acrescentar. E nas aldeias, como nas terras lavradias criam os rústicos o gado, semeiam as terras e a cultivando-as acrescentam para os senhores delas os pães, os legumes e outros frutos da terra.

VIEIRA (1871):

Do árabe aldaia. Povoação menor do que lugar, sem jurisdição municipal, nem administrativa como a vila ou cidade.

Em sentido geral, campo onde se passa o verão.

LEAL (1873-88):

Aldeia é palavra árabe aldaia, que significa povoação ou lugar pequeno.

[não concorda com R. Bluteau quando este lhe atribui origem grega]

FIGUEIREDO (1899):

Pequena povoação, que não tem categoria de vila ou cidade. Povoação rústica. Campo. Brasil - Povoação, composta exclusivamente de aborígenes. Cada uma das casas que constituem uma povoação de indígenas.

CARVALHO (1999):

Aldeia advém do árabe addaia, identificativo de pequena povoação rural, acabou por se impor no português, ultrapassando os termos de origem latina anteriormente usados.

Quando passou ao romanço parece ter designado apenas uma casa rústica isolada, um casal ou uma herdade, alargando-se depois o seu significado a uma pequena povoação. O primeiro registo conhecido, data de 1134 e tem uma larga representação na toponímia portuguesa, onde se registam cerca de três centenas e meia de ocorrências, o mesmo acontecendo em grande parte da Espanha.

PINTO (2004):

Aldeia tem origem árabe.

FERNANDES (2013):

Pequena comunidade rural de vizinhos, de categoria inferior à vila e que vive numa certa economia de subsistência, podendo ser composta por vários lugares. Arabismo incorporado no léxico ibero-românico desde o início da reconquista, por intermédio dos moçárabes que vieram para Norte. Uma vez que quintã designava a casa senhorial e casal a exploração rural camponesa, aldeia passa a designar no noroeste a povoação rural, que pode integrara vários casais e quintãs. Os topónimos com origem neste arabismo concentram-se no Entre-Douro e Minho (…) mas não ocorrem nem em Trás-os-Montes nem na margem esquerda do Tejo.

[ALDEIA NOVA poderá indicar a existência de uma velha, o que indicia um alargamento da área povoada]

[ALDEIA DOS LAVRADORES poderá indiciar que esta era habitada pelos proprietários dos terrenos aptos para cultivo]

ALÉM DO RIO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

CARVALHO (1999)

MACHADO (1993)

DER; GDE; PRIB ad illinc, eccum illinc; ecce-hinc, eis ali

VIEIRA (1871):

ALÉM Do latim ad illinc. Da parte de lá, mais adianto, para lá, da outra parte, do lado fronteiro, da banda de lá, mais acima, avante, por aí fora, passar adiante, avantajar-se, ultrapassar, transpor, exceder, ser superior. Como substantivo, e na linguagem figurada: confim ou término, limite, horizonte.

Estandarte do império otomano; bandeira levada ao lado do oficiante, quando sobe ao púlpito.

FIGUEIREDO (1899):

Mais adiante. Acolá. Da parte de lá. Longe, mais longe. Para mais. Ainda em cima. Afora.

CARVALHO (1999):

Além significa do outro lado, aparecendo isolada ou como elemento circunstancial na toponímia da Galiza e do norte de Portugal. Refere-se a um lugar situado para além de um ponto de referência que, frequentemente, é um rio ou um curso de água.

[Poderá indiciar alargamento da área habitada]

BLUTEAU (1728)

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

BARROCA (2016) alhanna, alhenna, al-hinna

BLUTEAU (1728) alleña (castelhano)

BLUTEAU (1728):

Planta que dá folhas como a oliveira, porém mais largas e mais verdes. Lança uns grãos que unidos entre si têm feição de cachos de uvas e as flores que dá são brancas, cheirosas e parecem amassadas com musgo de árvore. A semente é sempre negra. Vila de Alfena, ou S. Vicente de Alfena, no termo da cidade do Porto. Dizem que antigamente foi vila. É arruada e tem pelourinho. Tomou este nome de uma batalha, que ali deram os portugueses aos mouros, em que entraram sete condes, que em língua arábica alfena quer dizer batalha.

VIEIRA (1871):

Nome comum do ligustrum lucidum de Lineu; arbusto grande e agradável pela beleza das suas flores. As suas folhas são semelhantes às da murta, e, depois de pulverizadas, eram usadas para tingir o cabelo, a barba, as unhas, as mãos e os pés de cor de açafrão, segundo o costume oriental. Era também empregue com fins medicinais, sendo as bagas muito eficazes contra a doença dos piolhos, segundo Plínio.

LEAL (1873-88): “Freguezia, Douro, concelho de Vallongo, comarca a 12 kilometros ao N. do Porto, 325 ao N. de Lisboa, 300 fogos. Orago S. Vicente. Bispado e districto administrativo do Porto. Foi antigamente villa, e ainda tem pelourinho. Parece que no tempo dos arabes era uam grande povoação, com o mesmo nome. É tradição que houve aqui no século VIII uma grande batalha contra os árabes, na qual entraram sete condes, e que d’ella lhe provém o nome; fundando-se em que alfena significa batalha, o que não é exacto, pois só significa planta. Enganam-se com a palavra árabe alhena, alfella, que significa acampamento ou arraial; mas não combate. È pois incontestavelmente a palavra árabe alhenna (alfena). São as folhas de um arbusto semelhante á murta. No Oriente, tanto christãos como mahometanos, costumam, por ocasião de festa, amassar o pó d’estas folhas e cobrir as mãos e os pés com esta massa, envolvendo-a em pannos, desde a noite até pela manhã. Quando se levantam sacodem o pó, e untam os sítios em que elle esteve, com azeite. Os membros assim preparados, adquirem uma côr muito encarnada, que dura 15 a 20 dias (não saindo ainda que a lavem). Só porém as mulheres e creanças usam d’este enfeite. Os velhos, principalmente príncipes e grandes, tingem os cabelos da barba, com água destas folhas, o que lhos torna encarnados. Deriva-se da palavra alhenna, do verbo hama (tingir o cabelo com alfena). No figurado enfeitar-se. Há na província do Minho uma aldeia d’este nome e uma vila no reino de Granada. É planta medicinal. Ha n’esta freguesia um hospital para quatro lázaros, do qual foi administrador João Pinto Coelho; e por sua morte era administrado por seus herdeiros, os Peixotos, do Porto. Está situada em uma veiga, cortada pelo rio Lessa. A egreja foi abbadia até 1544, em que os dízimos foram para o collegio do Carmo, de Coimbra, sendo bispo do Porto, D. Balthazar Limpo, e seu ultimo abbade seu irmão Melchior Limpo, que depois foi frade do mesmo collegio do Carmo. É a mais antiga egreja da Maia. Junto á egreja havia – e não sei se ainda há – u maior cypreste de Portugal.

A freguesia é cercada de montes, sendo os de E. muito altos, e há n’elles vestígios de antigas fortificações e grandes fossos, que mostram ter-se aqui extrahido, no tempo dos romanos e arabes, grande porção de metaes. É terra muito fértil.”

FIGUEIREDO (1899): Arbusto, da família das oleáceas, (ligustrum vulgare).

BARROCA (2016):

Derivado de al-hinna = Arbusto, em árabe.

PRIB:

Arbusto oleáceo com bagas negras.

[Arbusto está representado no brasão da freguesia]

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

ALTO DA BELA

ALTO DA BELA

ALTO DA MINA

ALTO DA RIBEIRA

ALTO DAS FREIRAS

ALTO DAS VALINHAS

ALTO DE CASTELLO

ALTO DE FERNANDES

ALTO DE VILAR

ALTO DE VILAR

ALTO DO CASTELO

ALTO DO ESPINHEIRO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

MACHADO (1993)

GDE; PRIB altu, altus, alto, altum

FREIRAS INF fratre

ALTO

VIEIRA (1871):

Do latim altus, alto. Elevado; cuja distância, medida verticalmente da parte superior ou extrema ao solo horizontal, é relativamente grande. No sentido próprio, diz-se de uma das três dimensões, na vertical, isto é, perpendicular à superfície horizontal. No sentido geral, diz-se da extensão vertical medida em relação a uma superfície de nível qualquer, que é sempre a que passa pela extremidade inferior do objeto. Também se emprega no sentido de profundo. Elevado, acimado, superior, excelente, sublime, grande, grandioso, caro, subido, forte, remoto, afastado, enorme, exuberante.

A parte mais elevada; píncaro, cabeço, coruto, grimpa, ponta, vértice, coruchéu; outeiro, andar cimeiro; altura, profundidade, extensão vertical.

FIGUEIREDO (1899):

Que está acima. Elevado. Levantado. Ilustre. Importante. Supremo. Principal. Diz-se de uma região, relativamente á sua parte setentrional. Diz-se do rio, na região que banha, ainda longe da foz. Diz-se das regiões elevadas, em relação ao nível do mar ou das planícies adjacentes.

MACHADO (1993):

O que tem extensão vertical acima do plano do observador, monte, cume.

Ponto mais alto de um local a que se associa outro topónimo relacionado com referentes locais.

FREIRAS

INF:

Membros femininos de uma ordem religiosa, associadas aos conventos que detinham a posse das terras.

Ver: BELA, CASTELO, ESPINHEIRO, FERNANDES, MINA, RIBEIRA, VALINHAS e VILAR ANTA [ARCAS] PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

BLUTEAU (1728)

VITERBO (1865)

VASCONCELOS (1897)

FIGUEIREDO (1899)

CRUZ (2001)

SILVA (2004)

AZEVEDO (2005)

GDE; PRIB anta, antae

BLUTEAU (1728):

Animal quadrúpede que os gentios do Brasil chamam tapijerete.

VITERBO (1865):

A palavra dólmen, adaptada internacionalmente, é literária e moderna; originária do baixo bretão significa literalmente «mesa de pedra» e é formada de dol «mesa» e men «pedra» (…). Em algumas regiões do país são ainda designadas de orcas.

Em documentos dos séculos IX e XII diz-se que o mesmo eram mamoas que arcas. Em latim, a palavra arca podia também significar um marco especial, usado nos campos e formado de quatro paredes, ao modo de guardas de poço, que os agrimensores edificavam nos quadrifínios. (…) O povo encontrou algumas semelhanças entre os dólmens e as arcas, que se viam frequentemente a demarcar terrenos e aplicou, por metáfora, o termo arcas aos dólmens. Por extensão de significado, o termo arca que designava o dólmen passou a exprimir também o respetivo tumulus ou mamoa.

VIEIRA (1871):

Marco grande levantado ao alto; penedia; terra no sítio que ficava na dianteira à frente de outra. Penhasco elevado em que os antigos faziam sacrifício ou queimavam os primeiros frutos da terra.

Usa-se de preferência no plural.

LEAL (1873-88):

“Para a etymologia, vide Dolmen.

Viterbo diz que é o mesmo que ara (suponho que é êrro) em que os primeiros Christãos queimavam as premicias; ou sobre que os gentios faziam os seus sacrifícios. Entendo que confunde anta com dolmen. A anta nem tem geito d’altar, nem pela sua figura, mais ou menos esférica, e ainda mais pela altura da maior parte d’elles, era apta para os sacrifícios, o dolmen era proprio para isto. (…)

Os antigos lusitanos também davam o nome d’anta aos marcos grandes levantados perpendicularmente, e ás penedias, cabeços, ou sítios que estavam na frente d’algum castello ou povoação. Os latinos chamaram antae ás columnas grandes e quadrados que ornavam e guarneciam as entradas dos seus templos e palácios. (…) Parece que outro nome antigo de dolmens no nosso país, empregado como apelativo, foi ou é arcas. Diz-se indiferentemente antas ou arcas ou orcas. Arcas “erão montes de terra com que os nossos maiores dividiam os territórios”, justificando dessa forma a analogia feita entre anta = dólmen = arca.”

SAMPAIO (1893): Pedras fictas e arcas, não se devem entender como monumentos pré-históricos – menires ou dólmens, se as primeiras nas demarcações diplomáticas representam os términos fixos do Código Wisigothico, (…) expressamente construídas para servir de marcos, e por isso não podiam ser outras, senão as dos agrimensores romanos.

(continuação da página anterior)

ANTA [ARCAS]

VASCONCELOS (1897): “Em tempos antigos (…) os dólmens tiveram uma designação appellativa, que se estendeu por todo o país: chamavam-se arcas. Além de anta, orca e arca (e pala?), não conheço por ora na linguagem popular outros nomes appellativos que designem particularmente dolmens. Quaes serião os nomes primitivos d’estes monumentos no nosso país é o que não se sabe. O nome que tinhão na ocasião da conquista romana foi, porém, substituído pelo latino anta. No entanto, como se vê do onomástico, a palavra anta estendeu-se em epochas antigas por todo o país, o que prova que ainda depois dos Romanos (…) taes monumentos erão não só muito numerosos, mas chamavam em larga escala a atenção do povo. A designação anta, dólmen, arca ou orca só podia aplicar-se a um dolmen descoberto ou semi-descoberto; a palavra arca, e por tanto orca, também faz suppôr que se tinha deante dos olhos um dolmen descoberto ou semi-descoberto, pois só um dolmen nestas circumstancias apresentava semelhança com a arca dos gromáticos.

Arcas erão montes de terra com que os nossos maiores dividiram os territórios”.

FIGUEIREDO (1899): Monumento megalítico, formado por uma grande pedra horizontal sobre outras mais pequenas e verticais. Dólmen. Pilastra angular. Antigamente era um monte de terra que servia de demarcação.

CRUZ (2001):

O termo “anta” na Beira Alta está associado ao relevo do terreno, provocados por duas cristas xisto-quartzíticas, assumindo a forma de penhasco, marcante no contexto geográfico local.

SILVA (2004):

Anta é a designação portuguesa tradicional da estrutura pétrea dos monumentos megalíticos, dólmen provém do bretão antigo, tendo sido introduzido por via da literatura arqueológica. Ambos os termos estão relacionados com estruturas funerárias em pedra de grandes dimensões.

MARQUES (2014):

Arca/archa. Particularmente elucidativas da importância e dimensão variável que estes marcos de delimitação poderiam assumir são as referências a umas «archas principias qui divident inter Dumio et Palmaria» e, no extremo oposto, a uma «arca minore». Tiveram ainda os redatores o cuidado de explicitar que as archae a que aludiam eram feitas em pedra. É muito sugestiva a identificação que H. Carvalho propôs recentemente entre a primeira das referências a uma arca de pedra feita neste documento e o tanque de forma quadrangular, talhado junto de uma nascente de água que brota da rocha (…) um tanque que a autora identifica como um possível marcador do cadastro romano, «semelhante a um tipo de representações de limites que ocorre nos tratados de agrimensura romanos e medievais, e designado de archa petrinea». Note-se, contudo, que a definição de «elemento de delimitação da propriedade», ou mesmo de «marcador cadastral», atribuída à palavra ‘arca’ por alguns dos léxicos que a registam, e que é de resto a aceção dominante no latim tardo-antigo, pode ser consideravelmente estendida no caso das fontes hispânicas medievais. Como notou M. Fiúza, inicialmente esta palavra designava um «marco especial, usado nos campos, e formado de quatro paredes, à maneira de guardas de poço, que os agrimensores edificavam nos quadrifínios. Como os dólmenes também serviam de marcos, o povo aplicou, por metáfora, o termo arcas aos dólmenes. Mais tarde, por extensão de significação, passou a designar além do dólmen propriamente dito, o respectivo tumulus». Esta dualidade de sentido («elemento de delimitação» e «sepulturas megalíticas») é, de resto, identificável tanto na documentação galega como na catalã embora a segunda aceção pareça não ocorrer na documentação asturiana e leonesa anterior a 1230. Num caso, cremos que o termo ‘archa’ aludirá a uma «mamoa ou monte de terra»: a referência a uma «archa qui sta super ipsa uilla», no quadro da demarcação da villa de Quintela feita num documento original datado de 953. Não é crível que se pudesse dizer de um mero marco de delimitação parcelar que se situava sobre uma villa; deve tratar-se antes de uma elevação de terreno, artificial (do tipo de um dólmen) ou mesmo natural. Pelo contrário, num outro caso parece ser o sentido preciso de «sepultura megalítica» aquele que melhor se aplica: o facto de uma arca referida num documento de 1061, estar situada num pennetelinum (diminutivo de penna) permite pensar na possibilidade de o termo ‘arca’ aludir especificamente à câmara sepulcral de um dólmen, cuja elevação artificial de terreno seria designada pelo termo pennetelinum . – Mulione - lugar de assentamento de uma arca. Os léxicos gerais (e o inglês) que recolhem a palavra ‘mullio/mullo’, de que ‘mulione’ poderá derivar, atribuem-lhe o sentido de «monte de feno». E os léxicos hispânicos registam as formas ‘molion(e)’, ‘moion’ e outras, com o sentido mais preciso de «marco de demarcação de propriedades». Este sentido aplica-se à primeira das unidades deste tipo identificadas, mas a segunda exige uma outra definição. Com efeito, M. del P. Álvarez Maurín regista a forma plural ‘muliones’ na documentação asturiana e leonesa anterior a 1230, relacionando-o com a palavra latina ‘mutulus’, a que atribui o significado de «madero o piedra saliente en la pared». No caso concreto do referido mulione que é lugar de assentamento de uma arca, a palavra parece antes designar alguma espécie de grande elemento paisagístico (uma elevação de terreno?) e não deve confundir-se com o marco de demarcação propriamente dito que constituiria a arca.

ROCHA (2017):

De anta, do léxico comum latino-romance.

Como nome comum, anta ‘dólmen, monte de terra’ faz parte do léxico patrimonial galego-português, com origem em antae arum ‘pilastras’.

GDE e PRIB:

Referência a um monumento megalítico característico da cultura castreja do noroeste peninsular.

Pilastras que reforçam e decoram as extremidades de uma parede. Pilar que sustentava a porta.

Como topónimo regista-se a partir do século XI.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

ARCOS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

MACHADO (1993)

FIGUEIREDO (1899)

GDE; PRIB arcu, arquu, arcus

VIEIRA (1871):

ARCADO – Arqueado, curvado, recurvado, dobrado, inclinado. Cercado de arcos.

ARCAR - De arco. Arquear, dar a forma de arco, recurvar, entortar, vergar, dobrar. Em sentido restrito, deitar arcos em toneis.

ARCARIA - Arcada, construção fundada sobre muitos arcos. Multidão de arcos. Galeria de arcos.

ARCO - O mesmo que abóbada em sentido geral, a parte superior e curva de qualquer edifício.

Designação vulgar do Aqueduto. Arco de flores, os que se armam pelas ruas em certos dias de festa. Aduelas do uma pipa.

FIGUEIREDO (1899):

Parte de qualquer curva. Haste flexível, recurvada por uma corda que se lhe prende às extremidades e que, retesada, impele a seta. Pequena vara, guarnecida de crina, com que se ferem as cordas de certos instrumentos musicais. Curva de abóbada. Qualquer peça de forma anular ou circular. Cada uma das duas partes do sinal ortográfico, chamado parêntese.

MACHADO (1993):

Curva na paisagem motivada por elevação de terreno ou cotovelo de rio.

Elemento arquitetónico curvo assente em elementos verticais, que define uma abertura e foi divulgado pelos romanos e empregue em muito tipo de construções.

Podem estar associados a entradas de cerca medieval.

Círculos metálicos que seguram as aduelas de um pipo.

ARDEGANES PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA INF ardegan

INF:

Deriva do antropónimo germânico Ardegan. Tem a variante Ardegão e o derivado Ardegães. AREAL PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

BLUTEAU (1728)

MACHADO (1993)

CARVALHO (1999) arena, arenae

BLUTEAU (1728):

Local onde há muita areia e de onde se tira.

VIEIRA (1871):

Planície coberta de areia, terra areienta, duna, praia, arneiro, areal, terra a monte, praia cheia de areia, arnado.

O mesmo que arraial.

FIGUEIREDO (1899):

O mesmo que poisio

MACHADO (1993):

Zona nas margens de curso de água pontuada por pequenas partículas minerais decorrentes da erosão dos terrenos. Associa-se a areeiro; arneiro; duna; pousio; praia ou local onde há muita areia.

CARVALHO (1999):

Areal = areia + al, sufixo que designa a ideia de conjunto ou quantidade.

MARQUES (2014):

A palavra arena foi identificada na documentação asturiana e leonesa. O sentido atual da palavra em castelhano «areal» [é igual ao português]. A autora M. del P. Álvarez observa, contudo, que os exemplos encontrados deviam ter um sentido diferente, de «terreno de labor poco aprovechable debido a la mala cualidad de su tierra y no caracterizado, especialmente, por la morfologia arenosa de la misma», argumentando que «el contexto no los situa al lado de río alguno, lugar en que abunda la arena, o al menos no aparece así especificado». No caso das duas unidades deste tipo registadas no nosso corpus, esta ressalva (e provavelmente o sentido alternativo proposto pela autora) não se aplica, na medida em se situa na margem do rio. Convém, por isso, não excluir o sentido etimológico da palavra, recolhido no léxico catalão: o de «leito arenoso e/ou corrente de água de um pequeno caudal».

ROCHA (2017): Pode supor-se que o item areia ‘conjunto de partículas granulosas de natureza mineral, que se encontra no leito dos rios, dos mares, nas praias e nos desertos’ – do latim arena, ae – terá sido usado como qualificativo ou já como topónimo preexistente.

ARRANCADA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

INF eruncāre

VIEIRA (1871)

O mesmo que Arrancamento.

O primeiro recontro na guerra, alcance ou batalha, expedição militar, ação de lançar os inimigos fora do campo. Dar arrancada, atacar o inimigo de repente. Fugir de arrancada, ir de vencida. De arrancada, do repente.

ARRANCAR Tirar pela raiz o que está plantado, desraigar, desenraizar, desmembrar, separar com força, esgaçar, tirar, puxar, extirpar, fazer cessar, extorquir, obter à força, arrepanhar, arrebatar, desligar, destilar, ir de arrancada, dar arrancos, desentranhar.

LEAL (1873-88): É expedição militar contra mouros ou outros inimigos. (Palavra antiga).

FIGUEIREDO (1899):

Ato de arrancar. Saída violenta. Movimento inesperado. Briga. Expedição militar. Terreno, donde se arrancaram raízes, para cultivo.

INF:

Ato de arrancar ervas ou raízes para preparar um terreno para cultivo.

ARREGADAS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

AZEVEDO (2005) al+regadas

LEAL (1873-88):

O mesmo que Arregada, Arreigada ou Reigada.

AZEVEDO (2005):

Terras que têm água. Terra irrigada através de um sistema de regadio.

ARROTEIA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

ALMEIDA (2020) FIGUEIREDO (1899) ruptus, arruptela = roto CARVALHO (1999) abrupta DER eructare (do verbo arrotear)

LEAL (1873-88):

AZEVEDO (2005)

Abrutella – palavra antiga. O mesmo que arroteia, terra recentemente reduzida à cultura. Arai e cachadinha que vem a ser o mesmo.

FIGUEIREDO (1899):

Terra, que se rompeu de novo, para começar a ser cultivada. Queima do mato, em terra não lavrada, para esta se adubar com a cinza.

CARVALHO (1999):

Derivação regressiva do verbo arrotear, se, pelo contrário, não for uma formação a partir do latim popular arrutela, com queda do -l- intervocálico e tritongação a evitar o hiato. A única “Rota” registada poderá corresponder a “Arrota”, em que o /a/ inicial se encostou a preposição “de”. Quanto a “Arrota”, parece-nos que a poderemos derivar diretamente do latim abrupta, particípio passado do verbo abrumpere, significando separar quebrando, rasgar, romper. Do latim abrupta derivaria “arrota”, por queda do -b do prefixo ab-, devido a do latim rupta, de rumpere, seguindo-se a assimilação pt > tt (> t ).

Esta interpretação etimológica, que não rejeita, para outras regiões, a origem no étimo latino rupta, assenta na repetição, em documentos medievais de latim bárbaro da fala abrupta, possivelmente latinização da fala do romance donde já constava o /a/ inicial.

AZEVEDO (2005):

Terra que se rompe pela primeira vez. Derivado regressivo de arrotear. O mesmo que lavegar.

LIMA (2012):

Arroteada é sinónimo de lavegada.

MARQUES (2014):

Regista-se o termo terraticos que parece corresponder aos significados de arroteia, socalco, parcela agrária.

ALMEIDA (2020):

A segunda parte do topónimo, a “Rota”, já não é tão fácil de encontrar, porque é necessário saber que o “het” fenício, se seguido de consoante líquida, evoluiu para “a” no português. Neste caso o “ḥrṯ” fenício, passou a “art”, e deu no português atual origem ao nosso verbo “arrotear”. Este termo antigo, que no ugarítico de há mais de 3000 anos se escrevia com as consoantes “ḥrṯ”, evoluiu para “arrote” deu origem na nossa toponímia a muitos “Arrota”, “Arrotas”, “Alrota”, “Brotas”, etc.. Na origem este “ḥrṯ” fenício significava “lavrar, trabalhar a terra”, e foi certamente usado para designar espaços agrícolas. Deve ser observado que até muito tarde (pelo menos até ao século XVIII) grande parte do país era constituído por matos e terras não agrícolas, e que a existência de terra agrícola seria um fator distintivo do espaço. No caso da região de “Manta Rota” até sabemos que essa ocupação agrícola remonta pelo menos à época de ocupação romana, já que são conhecidos no local vestígios arqueológicos de uma villa, que era exatamente a sede de uma exploração agrícola da época.

GDE:

Desbravar para cultivar.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

ASMES S. LOURENÇO DE ASNES

AZENES

AZOMES

PRÉ ROMANA ROMANA

AZEVEDO (2005) asinu

LEAL (1873-88):

GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

BARROCA (2016) hisn

“Freguezia, Douro, concelho de Vallongo, districto administrativo, bispado, comarca e 12 kilometros ao NE. Do Porto, 324 ao N. de Lisboa, 240 fogos. Muito fertil.”

AZEVEDO (2005):

Joaquim da Silveira cita Asna, Asna Brava, Porto d’ Asna, Asneira, Nelas, entre outros topónimos derivados de asno (< latim ASINU), largamente disseminados por todo o país. (…) Explica que era, por vezes, intenção das populações “afastar o topónimo do seu radical asno, que daria ocasião a chocarrices dos néscios”, formando-se, assim, nomes como, por exemplo, Nelas (antigo Asnelas < latim vulgar ASINELLAS ‘burrinhas’), ou Naes (Santa Marinha das Naes < antigo Santa Marinha de Asnaes). Entre os diversos nomes antigos, refere Portum Asinarium, Portu de Asinis, ribulo de Asinus, rivu de Asinis e rivo Asinorum — estes últimos atribuídos ao rio d’ Asnos, d’ Asnes ou Dasnes. Explica Asnes pelo ablativo plural Asinis, à semelhança do que acontece em relação a Dornes e a Cornes, sem colocar a possibilidade de a evolução da sílaba final se ficar a dever à fonética moçárabe, onde, como se viu, era frequente.

BARROCA (2016):

Derivado de hisn = Castelo em árabe = Asnes, Asnas.

ROCHA (2017): De configuração latino-romance, não é de excluir origem ou motivação no léxico árabe. No concelho de Mirandela, incluindo a forma Asnes, regista-se também o topónimo Vale de Asnes Rio de Asnos é classificando como topónimo antigo, na região de Tondela. Asnes terá origem no plural de asĭnu- ‘asno, burro, jumento’. A forma Asnos parece evidenciar tal etimologia, mediante o acusativo plural asĭnos, com síncope de ĭ e com configuração morfossintática já plenamente romance, em que a preposição de se associa ao caso etimológico, ou seja, ao acusativo.

Por seu lado, a forma Asnes poderá parecer mais conservadora do ponto de vista morfossintático, visto a terminação -es se afigurar como transposição dos sufixos flexionais do ablativo de asĭnī , de asĭnus; tal perspetiva encontra paralelo noutros exemplos da toponímia portuguesa, como sejam os de Sagres e Chaves, que Vasconcelos filia em Sacris e Flavis, respetivamente, abreviações das expressões locativas in rupibus Sacris (ou cautibus Sacris) e Aquis Flaviis

Esta é a posição de Silveira, que dedicando atenção à alternância de Dornas com Dornes, menciona outros casos que considera paralelos, neles incluindo o de Asnos/Asnes. Não obstante, é também possível considerar que Asnes faz parte da toponímia de origem árabe, podendo encarar-se como uma pluralização de asna, romanceamento ou aportuguesamento de ḥiṣn ‘fortaleza’. Esta relação é plausível se atendermos à existência de Isna, e à configuração do topónimo Asnela, analisável como diminutivo de tal romanceamento, segundo a sequência: hisn > isna asna > asnela

Por outro lado, pressupondo um plural *asnas tem também cabimento supor o passo desta forma a Asnes, dado a transição do índice temático de -a- a -e- constituir traço atribuível aos dialetos romances moçárabes.

ALMEIDA (2020):

Burro na toponímia relaciona-se apenas com buracos, poços, pegos nas ribeiras.

[Antigo nome de Ermesinde. Azomes = azenhas. Poderia estar relacionadas com a presença do rio Leça, nas margens do qual se instalaram muitos destes equipamentos moageiros, dos quais ainda restam alguns exemplares em mau estado de conservação]. Eventualmente a presença de burros não seria descabida, devido ao facto de serem eles os meios de transporte de sacos de grão e farinha.

VER: AZENHA; ERMESINDE

ATALHO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

ODP taliare

VIEIRA (1871):

Vereda, carreiro, caminho transversal e mais curto do que a estrada.

Meio fácil, expediente breve, para conseguir alguma cousa. Embaraço, estorvo, obstáculo.

Em linguagem militar: fortificação, repairo, reduto, defesa.

FIGUEIREDO (1899):

Caminho estreito, que, por fora de estrada comum, encurta as distâncias. Embaraçoso, estorvo.

Obra de madeira, com que se reduz a área de uma praça, para concentrar a defesa.

INF, PRIB:

Caminho secundário que evita o principal e permite encurtar distãncias ou chegar mais rapidamente = carreiro, vereda.

DOP:

Caminho fora da estrada principal, pelo qual se encurtam distâncias.

ODP:

Vem de talhar, “cortar”, do latim taliare

Ver: ALFENA

ATERRO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DER

a+terra+ar PRIB terreo-ere

VIEIRA (1871):

MACHADO (1993)

O trabalho e obra de terraplanagem, feito com entulho para altear o solo ou tornar seco um lugar alagadiço.

FIGUEIREDO (1899):

Ação ou efeito de aterrar. Porção de terra ou de entulho, destinada a nivelar ou altear um terreno.

MACHADO (1993):

Referenciado nos séculos XV-XVI.

GDE:

Aterrorizar; tornar plano.

PRIB:

Trabalho de aterrar.

Terreno em que se encheu uma depressão, ficando aplanado; terraço; terreno aplanado = terraplenagem, terrapleno.

Conjunto de terras ou entulhos para nivelar um terreno.

Local onde se faz uma deposição organizada, geralmente em camadas, de resíduos sólidos.

AZENHA AZENHA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

BLUTEAU (1728) zinia

VITERBO (1865)

MACHADO (1993)

CARVALHO (1999)

AZEVEDO (2005) assenia

DER; GDE az-zãnia, as-sãnia

BLUTEAU (1728):

Azenha, asenha ou acenha. De zinia e do verbo sane que em árabe quer dizer facilitar. A invenção da azenha é um artifício que aos homens e às bestas executa muito trabalho. Difere do moinho que tem rodízio e mói com roda que está fora. Anda o moinho com água do rio e a azenha anda com água do ribeiro, que caindo na roda lhe dá o impulso. Serve para moer grão e azeitona.

VITERVO (1865):

Engenho movido a água para moer trigo e azeitona.

VIEIRA (1871):

Acenha, asenha ou assenha.

Espécie de moinho movido por uma corrente de água, que lhe cai perpendicularmente sobre a roda. No sentido antigo dava-se este nome a todo e qualquer moinho movido por qualquer artificio. A azenha é como o moinho movida por água, com a diferença que aquela mói com roda, e este com rodízio. Na azenha a roda está fora da água, que lhe cai de cima; o moinho é nas margens de rio e a azenha anda com qualquer riacho. Hoje a palavra moinho, tem um sentido vastíssimo, e azenha está cada vez mais restrita.

LEAL (1873-88):

É corrupção da palavra árabe assancha, moinho d’agua para moer azeitonas ou cereais.

FIGUEIREDO (1899):

Moinho de rodízio movido por água.

CARVALHO (1999):

Do árabe = nora, roda de irrigação, moinho de água de roda vertical, introduzido na Península pelos romanos, mas cuja generalização se deverá aos árabes, enquanto o “moinho”, do latim molino, designa o engenho congénere de roda horizontal e os movidos a vento.

AZEVEDO (2005):

As comunidades moçárabes veicularam a entrada de um elevado número de arabismos. Nesses núcleos, o peso da população bilingue e a familiaridade da maioria dos falantes com a língua árabe propiciaram a transmissão dos elementos alógenos em causa, sem alterações fonéticas tão sistemáticas como as verificadas na evolução românica dos dialetos de matriz galego-portuguesa. Destaca-se a sonorização de consoantes surdas intervocálicas, como no caso de assenia > azenha.

ROCHA (2017):

De um item de origem árabe integrado no estrato latino-romance ou já no período português.

Nome que se refere certamente a azenhas existentes nas margens do rio. Não é um topónimo enquadrável no estrato arábico, mas, sim, já no estrato latino-romance, talvez mesmo do período plenamente português. Com efeito, azenha, embora de origem arábica – do árabe andalusi assánya, por sua vez, correspondente ao árabe clássico sāniyah ‘irrigadora’, há muito que se integrou no léxico português e é palavra atribuída já por falantes de português num contexto cultural cristão e românico, posterior à Reconquista.

INF: Atafona; moinho de rodízio movido a água.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

BACELOS BACÊLLOS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

CARVALHO (1999) bacillis, bacillum, bacillu GDE baculu (diminutivo de)

SILVA (1789):

Vara de videira cortada para se formar ou reparara vinha, leva no pé um bocadinho da videira a que chamam unha.

VIEIRA (1871):

Em agricultura, vara comprida que se corta na videira, para se formar ou reparar a vinha; cortada no pé ou na cabeça da vide, trazendo um bocadinho dela, a que se chama xinha, por ser d’esse tamanho, e estendida em uma cova que se faz no chão da altura de três palmos, é calcada junto da ponta, ficando esta para cima.

Nas Ilhas dos Açores também se dá este nome a uma espécie de feno das rochas, com que se fazem os pincéis dos caiadores.

FIGUEIREDO (1899):

Vara de videira, com que se reproduz a vinha, por meio de plantio. Vinha nova.

REIS (1904):

Porção de terra que formava um pequeno feudo. Refere igualmente que Bacêllos no Susão, perto do Chão da Virella já é referenciado no foral de D. Manuel I de 1513, outorgado ao concelho de Refojos.

CARVALHO (1999):

Varinha, veio a significar “vinha nova” no latim popular, devido ao cruzamento semântico com o termo latino baccula = baga.

GDE:

Pequeno bastão de vide para enxertar na videira brava com a finalidade de produzir uvas; vinha nova suportada por corrimão ou estaca.

BAGUIM PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DOP; GDE; INF; PRIB baquini

FIGUEIREDO (1899):

Nome de duas variedades de pera.

DOP, INF e PRIB:

Dois tipos de peras doces e sumarentas. Planta do tipo da beladona que produz bagas venenosas.

Local pertença de um senhor, im / ín indica um genitivo em ini como é vulgar nos patronímicos italianos = terra de Baquino. [O brasão da vizinha freguesia de Baguim do Monte tem cachos de uvas.]

BAIANCA BAYANCA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

SILVA (1789)

VITERBO (1865)

SILVA (1789); VITERBO (1865); VIEIRA (1871); LEAL (1873-88); FIGUEIREDO (1899); REIS (1904): Bajanca ou Bayanca.

Barranco, cova ou vala de terra, quebrada de terra com mais ou menos água, mais húmida no fundo. Quebrada entre vallados.

Caminho estreito entre o baluarte e o fosso, nas antigas fortalezas.

BAIRRO

B. DA BOA VISTA

B. DA ESTAÇÃO

B. DO MOINHO

DO OURO

B. FONSECA VITERBO

B. MARQUES DA NOVA

B. OCCIDENTAL

B. ORIENTAL

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899)

INF barrium

VIEIRA (1871):

WIKT

bárri = exterior (árabe hispânico) barrī = selvagem (árabe clássico)

Ajuntamento de casas nos arrabaldes de uma cidade, o número das casas dentro dos muros de uma cidade. Cada uma das partes em que se divide uma cidade ou vila. Em geral, certa extensão do território de uma povoação.

A palavra bairro acha-se nos livros antigos associada a pousada.

LEAL (1873-88):

“Bairro. Ver Bairrada. Na minha opinião – Bairrada, Bairral, Bairro e Bairros, procedem da palavra árabe barria, que significa campina ou coisa campestre, aldean, deserta.”

FIGUEIREDO (1899):

Cada uma das partes principais de uma cidade. Áreas administrativas, em que se divide Lisboa e Porto. Parte de uma povoação.

INF:

Do baixo-latim barrium como sinónimo de quinta, casal.

WIK:

Comunidade ou região dentro de uma cidade ou município, sendo a unidade mínima de urbanização existente na maioria das cidades do mundo.

WIKT:

Parte da cidade ocupada em geral por povos da mesma esfera ou classe

Ver: BOA VISTA, ESTAÇÃO, FONSECA VITERBO, MARQUES DA NOVA, MOINHO DO OURO, OCCIDENTAL, ORIENTAL. BAIXO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

DER bassus, bassu CARVALHO (1999) bassiare

VIEIRA (1871):

Esta palavra aparece em latim unicamente como sobrenome ou nome próprio, mas é evidente que existia como apelativo no latim vulgar, porque a encontramos nas línguas românicas (português baixo, espanhol bajo).

Em latim bassus significava gordo e em português que tem pouca altura, profundo, e os figurados de humilde, rasteiro, vil.

Que se acha a pouca altura acima de um plano; que se acha mais próximo da terra; de menor altura que o regular; partes de uma região que relativamente a outras distam mais dos montes ou do nascimento dos rios ou se avizinham mais do mar; que não tem bastante elevação, alagando-se facilmente.

FIGUEIREDO (1899):

Que tem pouca altura. Pouco fundo. Inferior. Abaixo. Desceu da elevação normal.

CARVALHO (1999)

Baixa/o, do latim popular bassiare, formação regressiva do verbo baixar, surge geralmente como complemento adverbial de lugar, de um outro topónimo, podendo associar-se a zonas que poderão ficar alagadas.

Jusão de juso + ao, adjetivo formado do advérbio antigo juso = abaixo, debaixo.

DER:

Do latim vulgar bassu significa gordo e pouco alto, com influência de bassiare, que lhe acrescentou o i.

Ver: JUSÃO

BALDEIRÃO PRÉ ROMANA

[Local plano entre elevações de terreno que se torna lamacento depois de algumas chuvas, por falta de escoamento natural das mesmas]

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

BALSA

BALSELHAS

BALSELHEIRO

BALSELIIS

BALSINHA

BALSSELHAS

BALVELHAS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

ALMEIDA (2020) FIGUEIREDO (1899) ALMEIDA (2020) GDE

PRIB

baltea, balteum, balteus

SILVA (1789):

MACHADO (1993) AZEVEDO (2005)

Silvado, mata cerrada e emaranhada. Multidão de raminhos de coral. Uva pilada que se põe a curtir na dorna para que o vinho fique bem tinto. Forro de palha, bolsa, funda ou camisa tecida de palhinha para resguardar os vidros. Barco formado por pedaços de paus, tábuas, espécie de jangada para atravessar rios. Jangadas de madeira cheias de paus, cobertas de resina para pegar fogo aos navios. Funil de madeira para baldear vinhos.

VITERBO (1865):

a) Silvado com que se tapavam terrenos e propriedades; b) pequenos raminhos de coral; c) local apaulado coberto de matagais, charcos e lagos; d) dornas para pisar uvas e ferver; e) jangada feitas de paus; f) estandarte templário.

VIEIRA (1871):

Silvado com que se tapam os campos, sebe, tapume, tapigo e terra inculta. Balsas de coral, ramos de coral arrancados pela força das ondas.

Em vinicultura é sinónimo de dorna ou bassa, onde se deixam as uvas depois de pisadas a ferver para curtirem, e tornarem o vinho tinto. Funil de madeira de baldear vinhos. Invólucro de palha ou junco, tecido em volta de qualquer vaso de vidro, para que se não quebre a qualquer choque. Lenha de balsa, a que vem pelos rios não em barco, mas na corrente, atada ou embalsada.

Em cavalaria é diminutivo de Balsão, estandarte de que usavam os templários nas suas expedições militares contra os mouros; era quarteado de cores branca e negra.

Em linguagem náutica é uma construção de paus e pedaços de madeira atados em modo de jangada.

O mesmo que barsa ou balça.

LEAL (1873-88):

“Balça ou Balsa, em antigo portuguez.

Repete todos os significados apresentados por VITERBO (1865).”

FIGUEIREDO (1899):

Balsa - Açor. Salgadeira.

Balça - Matagal; terreno inculto, onde crescem arbustos espinhosos. Tapume de ramos ou silvas. Engaço ou folhelho das uvas, que fermenta com o mosto na dorna ou lagar. Dorna, em que se deitam, para esse fim, as uvas. Capa de palha ou vime, para envolver objetos de loiça, vidro, etc. Espécie de funil de madeira, com que se baldeia o vinho. Jangada. Antigo estandarte dos Templários.

Brasil: Espécie de plataforma flutuante, feita de madeira, e de forma que possa servir para descarga de navio e, em caso de naufrágio, para salvamento da gente de bordo.

REIS (1904):

Valselhas é um diminutivo de Valongo.

CARVALHO (1999):

Corresponde a um terreno alagadiço com vegetação emaranhada, ou a um terreno inculto com matagais.

AZEVEDO (2005):

Bouça, matagal, terrenos incultos onde nascem arbustos espinhosos.

OLIVEIRA (2014):

Balsa é a designação do recipiente onde a azeitona é despejada para ser moída, a par de outros como: alfarja, balsão, vasa, base, baso, farneiro, lagariça, moega, penago e pio. No centro do país é usado para designar a película que separa a água do azeite, constituído por impurezas. Balsão é o termo usado para designar o prato de ferro do moinho onde a azeitona é deitada para ser moída pelas galgas.

ALMEIDA (2020):

Nas serras, e em particular nas áreas próximas dos locais habitados, mas de fraca apetência agrícola encontramos muitos topónimos próximos de balsa. O duplo significado atual da palavra balsa ou balça deve ter duas origens diferentes.

Balsa, enquanto silvado ou matagal, provém certamente de bls que em hebraico antigo significa arranhar. É utilizado o termo balsa para silvas e silvados, para tapumes ou sebes de plantas espinhosas.

Mas balsa pode ter outros significados ligados genericamente à ideia de recipiente de madeira, como barris e dornas para a produção de vinho, e recipientes semelhantes para conservar carne em salgadeira, bem como de uma pequena embarcação. Neste caso, enquanto conjunto de peças de madeira unidas firmemente umas às outras, balsa deve realmente provir do termo latino baltea, que corresponde de facto à ideia de cintar, prender, unir.

Na toponímia, só muito raramente o termo Balsa pode provir da ideia de barril ou dorna. Pelo contrário é muito natural que tenham sido provenientes da existência de matos densos e silvados sem utilização agrícola, já que ainda hoje correspondem geralmente a encostas ou serras de fraca aptidão agrícola. Este é um exemplo interessante de palavras do português com significado semelhante e origens distintas: “silva” e “silvado” podem provir do latim “silva” que significa “floresta, arbusto, arbustos, plantas…”; “balsa” e “balseiro” são os termos equivalentes provenientes da língua pré-latina.

É provável que o topónimo “bouça” tenha a mesma origem, mas seja apenas uma variante fonética de “balsa” usada no noroeste do país. Note-se ainda que não será por acaso que as duas palavras têm as mesmas consoantes.

GDE: Charco, dorna, jangada, árvore que fornece madeira muito leve, salgadeira, dorna, engaço, estandarte Templário.

INF: Pequeno vale

PRIB:

Mato alto, tapume vegetal feito com plantas enraizadas, para dividir ou proteger um terreno. Capa de palha para proteger uma vasilha.

BANDEIRINHA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GOLA (1955) band DER bandwa

SILVA (1789):

Florescência que desponta no topo do pé do milho.

Peça nos candeeiros móveis para quebrar a luz e não ferir os olhos.

VIEIRA (1871):

Bandeirinha vermelha com que se acena ao touro na praça. A companhia dos bandarilheiros.

FIGUEIREDO (1899):

Pessoa muito volúvel em política.

GOLA (1955):

MACHADO (1993) PRIB GDE bandera (castelhano)

Conjunto de homens que faziam reconhecimento de terreno inimigo. Vem do germânico band com o significado de reunir, ligar.

Depois associa-se ao elemento simbólico sob o qual se reuniam.

DER: Sinónimo de sinal, estandarte e eira.

PRIB:

Usado no castelhano no século XIV.

Marca visível identificadora de pertença a um grupo, usada em confrontos ou para marcar terras que se encontravam com peste.

[Alfena teve Leprosaria e ainda existe a capela de S. Roque, datada dos séculos XVI-XVII, erigida para suster um surto de peste.

A partir do século XVIII começou-se a cultivar milho graúdo nas zonas mais húmidas, nas bacias dos rios Leça e Ferreira, dada a sua rentabilidade deu origem a núcleos rurais de características muito próprias]

BARRANHA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE

PRIB

GDE:

Limo que se forma nas rochas e é empregue como estrume.

PRIB: No Minho é uma espécie de barro com que se adubam as terras. Nas Beiras é a designação dada a uma malga muito grande.

ALFENA

CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

BARRARIUS

BARREIRA

BARREIRO

BARREIRA

BARREIRO

BARRO

PRÉ ROMANA ROMANA

CARVALHO (1999)

CARVALHO (2015)

SILVA (1789):

GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VITERBO (1865) WIK barri

Barreira: lugar de onde se tira barro. Nas fortificações antigas era uma espécie de parapeito feito de estacas com paus afiados, antes de se chegar aos muros pelo exterior. Local onde se punham os alvos para se exercitarem os besteiros e espingardeiros.

Barreiro: Barreira de tirar barro.

VITERBO (1865):

Campo onde se exercitavam os besteiros no século XV.

VIEIRA (1871):

BARREIRA

Tapagem para vedar a passagem. Qualquer vedação em torno de uma cidade, de um caminho, de uma ponte, de um país. O obstáculo natural, ou artificial, que contraria o livre trânsito.

Limite, demarcação. Em administração, barreira, circunvalação da cidade; porta imaginária.

Barreira, estacada, recinto cercado, dentro do qual se faziam antigamente torneios e justas. Lugar de onde se extrai barro.

BARREIRO

Lugar em que há barro.

BARRO = nome vulgar da argila. Terra gorda com que se faz louça. Argamassa ou pozolana.

LEAL (1873-88):

“O foral que D. Sancho I deu á villa de Penamacor em, 1199, se colige que barrarios são os que moravam dentro da villa e arrabaldes, e venarios os que moravam no campo do termo da villa.”

REIS (1904):

Barreiro – terra em que há barro.

CARVALHO (1999):

“Barro” deverá ter uma origem pré-romana, muito discutida quanto a sua origem, possivelmente pré-indo-europeia, difícil de arrumar em qualquer substrato, seja ele ibérico ou mediterrâneo, já que nos faltam as bases que permitam essa classificação com o mínimo de acerto científico.

A solução para estas dúvidas, passa por um grande avanço no conhecimento de outras línguas, nomeadamente pelo estudo do proto caucásico, a possível pátria ancestral dos Iberos.

Pessoalmente pomos a hipótese de, primitivamente, barro corresponder a um qualificativo de “terra”, que bem poderia relacionar-se com a respetiva cor. Neste caso até poderíamos estar perante uma fala indo-europeia, considerando o trácio beras significa “castanho, moreno, pardo, escuro, trigueiro”.

Este termo continua bem vivo nas línguas românicas do noroeste da Península, já que, embora existente em castelhano, como significado de “lodo” ou para objetos fabricados com arcilla

Para alem das formas “Barro” e “Barros”, temos os derivados sufixais “Barreira(s)” < “barro” + -eira(s), “Barreiro(s)” < “barro” + -eiro(s) e “Barrinhos” < “barro” + -inho(s), em que os dois primeiros sufixos designam a noção coletiva, ou o lugar onde se encontra algo, enquanto o último forma diminutivos, transmitindo, por certo, a pequenez do afloramento.

CARVALHO (2015):

Moisés Espírito Santo indica que Barreira pode ter outra forma – barrada.

O significado andaria associado a celeiro, trigo acumulado, trigo da cidade. Os celeiros lusitanos eram escavados no solo e as paredes cobertas de telhas, sendo depois substituídos pelos dos romanos, bem melhores que retirou os iniciais de uso.

ROCHA (2017):

Do léxico comum latino-romance ou já português.

Sem atestações da Antiguidade ou da Idade Média.

Barreiro é topónimo frequente em Portugal, de norte a sul, bem como na Galiza, enquanto nome comum, barreiro, ‘lugar donde se tira barro’, ‘terra alagada’.

Como nome comum, barreiro é um derivado de barro, cuja origem é tida consensualmente como pré-latina.

GDE:

Barreira=Barragem, portagem

PRIB:

Barreira=Local de onde se extrai barro, lagoa pequena, terreno salitrado e húmido, bom para pastos

WIK:

Barro, argila

[Lugar de onde se retira a argila para a fabricação de telhas e tijolos.

Barreira/o: terrenos argilosos em Alfena e Ermesinde de onde se extraía matéria-prima para o fabrico de tijolo e telha na Fábrica Cerâmica em Ermesinde]

BARROCA

B. DA VIÚVA

B. DO PANNO

BAUZA

CARVALHO (1999)

DER barro; vidua; pannu

BARROCA

SILVA (1789):

Monte ou rocha de barro, piçarra.

Não se deve confundir com barranco

Barrocal é uma cordilheira de barrocas.

VIEIRA (1871): Monte ou rocha de piçarra.

Não confundir com barranco, como se vê pela definição de cova.

FIGUEIREDO (1899):

O mesmo que barranco. Barreiro. Escavação natural. Passagem funda entre penedos ou barrocos.

CARVALHO (1999):

As formas “barroco” e “barroca”, designando depressões ou escavações no terreno, provocadas por torrentes de água, só ocorrem em Portugal, com especial incidência no antigo território da Lusitânia e entre Douro e Minho. Na Galiza não há registo destes topónimos, mas sim berrueco para designar penedo “granítico” e berrocal, coletivo do anterior. Com o significado do português “barroco” e “barroca”, apenas encontramos “barranco”.

CARVALHINHOS (2009):

O segundo grupo de genéricos que ora quantificamos é uma tríade composta por barroca / barroco / barranco. (…) As três palavras remetem ao terreno erodido por enxurradas, mas não apontam necessariamente a presença de água.

O primeiro dado que uma pesquisa rápida em dicionários (sincrónicos) revela é haver duas formas correlatas, barroca (ô) e barroca (ó), caracterizando paronímia ou homonímia, sendo a primeira forma definida como feminino de barroco. (…) mais relacionadas a características topográficas.

PRIB:

Pequena porção de terreno, geralmente em grande declive e composto alternadamente de depressões e montículos, passagem funda entre penedos ou barrancos. Cova produzida por enxurradas, tipo gruta.

Despenhadeiro, precipício.

BURKA = terreno com areia, barro e pedras.

VIÚVA

DER:

Do latim vidua.

Mulher a quem morreu o cônjuge e que não contraiu novas núpcias, podendo ser a dona dos terrenos onde se encontra a antiga exploração aurífera romana. Pássaro africano de plumagem escura. Plantas com flores de cor arroxeada escura.

PANO

Do latim pannu.

CARVALHO (1999):

“Pano” provém do latim pandu-, por assimilação -nd- > -nn- (> -n-), fenómeno que, embora não se enquadre na evolução do português normalizado, e frequentemente detetável nos falares populares, e que, neste caso, foi por certo facilitado por uma atracão paronímica com “pano”. No entanto, considerando o peso dos assentamentos italiotas na Península, durante o período romano, a assimilação -nd- > -nn- (> -n-) poderá ter resultado de uma antiga colonização osco-úmbrica, que se tenha fixado nesta zona ou, muito simplesmente, assentar num substrato celta, onde também se verificam estes fenómenos linguísticos.

O adjetivo latino pandu - recurvado, curvo, a que corresponde o verbo pandare - curvar, curvar-se, originou no romanço peninsular o adjetivo “pando” que, tanto em português como em castelhano, alargou o seu campo semântico, certamente por influência do verbo pandere - estender, desdobrar, abrir (afastando). Com efeito, enquanto o português pando significa enfunado, cheio, bojudo, largo, o espanhol pando refere-se a lo que se mueve lentamente, como los rios cuando van por tierra llana, ou significa poco profundo, de poco fondo, o que se diz principalmente de las aguas y de las concavidades que las contienem

CREMATA Ver: BOUÇA QUEIMADA

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO VALONGO

BELA

BELA VISTA BELLA VISTA

PRÉ ROMANA ROMANA

CARVALHO (1999) GDE bella, bellu

BELA

CARVALHO (1999):

Antropónimo “Bela” referente a Isabel.

GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CARVALHO (1999) SILVA (1789) AZEVEDO (2005) FERNANDES (2013)

AZEVEDO (2005)

Vigila, nome masculino de origem germânica, do qual, no primeiro período da Reconquista, aparecem várias ocorrências, sob a forma Veila ou do respetivo patronímico Veilaz. Nos séculos XI-XII surgem-nos as formas Beila, com a ditongação a manter-se pela vertente erudita e Bela, com a monotongação já documentada em diploma leones de 1049.

AZEVEDO (2005):

Vela de velar, vigilância, outeiros/montes da vela eram locais de atalaia, onde se acendiam fogueiras à noite e se faziam fumarolas para avisar outros pontos da chegada de inimigos.

FERNANDES (2013):

Paisagem, povoamento e atividades económicas daí decorrentes.

BELA / VELA

O padre Domingos Moreira refere que este topónimo é muito frequente nesta área geográfica e refere-se à construção de atalaias onde de noite se acendiam fogueiras e de dia se comunicava com fumarolas, para alertar face a ataques externos e aparecem em documentação desde o séc.

XV até ao séc. XIX.

In: Cunha e Freitas, “Toponímia Portuense” “O Primeiro de Janeiro” 9 de julho de 1975

GDE:

Lindo, perfeito.

BELIDO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DER velu

GDE; PRIB bólide, bellus, bellitus, velido

TORRES (2021):

Belide, na origem genitivo possessivo medieval: (villa) Belliti, de Bellitus, que tem variantes fonéticas.

DER:

Velado, protegido.

GDE e PRIB:

Grande arma de arremesso.

Belo, muito usado nas cantigas de amigo medievais e que deu origem a velido, protegido.

BOA VISTA BOAVISTA

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

PRIB bona video - ere

PRIB:

Local alto com grande horizonte e belo.

[Em Valongo o bairro da Boa Vista situa-se na encosta da serra de Santa Justa e tem uma vista privilegiada sobre o vale]

BOLIDO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

BLUTEAU (1789) bolido (castelhano)

SILVA (1789):

Particípio passado do verbo bolir

Terra mexida ou revolvida para semear.

Bolir = mexer, agitar.

VIEIRA (1871):

Búlido: Em que se tocou, em que se mexeu.

BORBULHÃO BORBULHÃO

BURBALHÃO

BOUÇA

BOUÇA

QUEIMADA

BOUCINHA

BOUZA PONTIS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

INF bullire, bulbulliare

SILVA (1789): Água que sai a ferver de algum olho e inchada.

VIEIRA (1871): Aumentativo de Borbulha. Grande bolha de água, fervendo, ou crespidão, quando a água nasce com fúria, para cima. O mesmo que Borbolhão e Borbulho.

FIGUEIREDO (1899):

Grande borbulha. Borbulha – Fervura de água. Excrescência vegetal, de onde sai a flor ou a folha ou novo ramo.

INF: Água que jorra a ferver, a borbulhar ou em cachão.

LEAL (1873-88) bossis, boses CARVALHO (1999) bauttia ROCHA (2017)

SILVA (1789):

CARVALHO (1999) cremata, crematu ROCHA (2017) bautia

GDE

PRIB

baltea, balteum = que cinge

Boucha: no Alentejo é o mato que se queima para se semear de seguida.

VIEIRA (1871):

Termo provincial que significa porção de terreno que está a monte.

LEAL (1873-88): “Palavra portugueza muito antiga. Dá-se este nome a qualquer cerrado que produz matto e tem arvores. Os escavadores de etymologias derivam esta palavra do grego bossis, que significa, pasto, pastagem. Outros dizem que vem do phenicio boses, nome que tinham uns penedos da Palestina.

Nas províncias do norte, em algumas partes, bouça ou boussa, significa o que já disse, e n’outras, um matto, fechado ou aberto.”

FIGUEIREDO (1899):

Terreno inculto, terreno que só cria mato. No Minho é terreno murado, ou delimitado por pedras ou montes de terra, em que se cria mato para várias aplicações com pinheiros ou carvalhos.

Alteração de balça.

CARVALHO (1999):

Poderá advir do pré-romano bauttia

Bouça = terreno delimitado em que se cria mato e pastos, ou seja, fazendas de monte, fechadas sobre si, e unicamente destinadas para criação de gado, estrumes e lenhas

Queimada = lugar onde se faz a queima do mato ou restolho, para preparar a terra para cultivo.

AZEVEDO (2005):

Balteus (cinto) realidade medieval.

Terreno delimitado, inculto, com vegetação rasteira, matos e árvores, de onde se retira lenha e mato indispensável para diferentes fins na vida rural.

MARQUES (2014):

A palavra ‘bauza’ aparece com o sentido de «matorral», a designar «un terreno, a veces cerrado, donde crecen árboles y matorrales; o sea, utilizando un giro muy propio de la región, terreno que está a monte».

OSÓRIO (2017):

Queimada pode ter um significado duplo, associado a questões agrícolas e mineiras.

ROCHA (2017):

Refira-se que bouça tem origem pré-latina, tendo-se tornado um item do léxico comum, no latim hispânico bautia, sinónimo de matagal, evocativo do mundo rural e que se aplica a um terreno que pode ser murado onde só cresce mato, eventualmente aproveitado como adubo, cama dos animais ou lenha.

BOUCINHA = bouça mais pequena

BOUZA PONTIS = [Bouça junto à ponte?]

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

BRANDERIZ (2X)

BRANDERIZ VETERIS

TL:

PRÉ

Terra pertencente a Branderico, dentro do hábito germânico de nomear a terra segundo o nome do seu proprietário, neste caso com terminação em “iz”.

WIK:

VETERIS foi um deus céltico atestado por muitas inscrições na Britânia romana. O significado da palavra latina Veteris é homem velho e o culto era muito popular entre as classes do exército romano.

Palavra proto-céltica *weto = ‘ar’ ou wī-ti = comida.

[Veteris significa homem velho, que poderia ser associado a Branderico entendido como sénior, poderia ter descendente com o mesmo nome, mas que poderia ser júnior, fazendo-se assim a distinção entre pai e filho]

BRIOSA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA PRIB brigos brio

PRIB:

Força, vitalidade, orgulhosa, altaneira

CABALO MORTO CABALUS MORTUUS CAVALO MORTO

CABEDA CABÊDA

CAVEDA

CABEDA

ALMEIDA (2020) FIGUEIREDO (1899)

GDE caballu mortŭu

FIGUEIREDO (1899):

Quadrúpede doméstico, solípede. Unidade convencional, em mecânica, equivalente à força necessária para elevar 75 kg a 1 m de altura num segundo. Banco de tanoaria. Ramo ou tronco, em que se enxerta. Cancro sifilítico. Peça de xadrez. Nome de uma carta de jogo. Unidade de um corpo de cavalaria. Tenaz de fogão. Nome de alguns peixes. Libra esterlina na gíria.

MACHADO (1984): Classifica este nome como derivado, não registado, de cavalum. Será um derivado denominal por sufixação de -um, sinónimo de cavalar ou equino

ROCHA (2017):

Do léxico comum do estrato latino-romance ou já português.

ALMEIDA (2020):

Cavalos e Cavaleiros - Em ugarítico “gbl” significa o mesmo que “gbôl” em hebraico antigo: “fronteira”, “limite”.

Esta forma “gbl” das línguas mais ocidentais do Próximo Oriente antigo tem correspondência nas línguas mais a leste com uma pequena variação fonética e semântica.

Em acádio e assírio “qabal” ou “qablu” são termos que significam “ao meio de”, mas que têm uma conotação hostil, já que “qablu” também significa “encontrar-se hostilmente, combate, batalha, luta”. Mas o “gbl” fenício é também sinónimo de “montanha, cimo de monte” e de “marcar o limite, fazer a divisão”.

Houve até um “Deus da Montanha” El-Gabal na atual Síria, mas que foi levado para Roma sob o nome de “Elagabalus”. Podem ser aplicados a elevações e ainda hoje estão muito frequentemente próximos das fronteiras administrativas, corresponde a monumentos megalíticos.

DER:

Porta enxerto foi comparado com um cavalo que recebe o cavaleiro.

GDE capitum

CAVEDA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE:

Cume do monte.

Tem como derivados CABEDA e CABEDELO

Do verbo CABEDAR = tocar em sorte, caber em termos de partilhas

Família portuguesa descendente dos QUEVEDO, originários de Oviedo, que acompanharam o infante D. Pedro, filho de D. João I.

CABO

CABO DA RUA

PRÉ ROMANA ROMANA

ALMEIDA (2020) DER Kab (hebraico)

GERMÂNICA ÁRABE

MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) capulus

CARVALHO (1999) capu, caput, capittelu DER cabu (latim erudito) GDE

capu(m), capt, capulu PRIB caput, capulis capitale

VIEIRA (1871): Do latim caput, com a queda do t final como em aut, e de et, e em todas as formas da terceira pessoa do singular dos verbos [ama, de amat, amava, de amabat, ame de amet, etc.]

Cabeça ou ponta de terra elevada que entra pelo mar dentro. Cabo, extremidade de uma coisa. Fim, extremo, termo. Dar cabo de, destruir, estragar, matar.

FIGUEIREDO (1899): Elevação de terra que, em forma de ponta, entra pelo mar. Fim, lugar extremo. Cauda. Chefe, caudilho, cabeça. Cabo de guerra, antigo oficial superior do exército. Cabo de esquadra, extinta graduação inferior, na milícia. Cada uma das cordas mais ou menos grossas, que se empregam nos navios. Feixe de fios metálicos, para transmissão de telegramas.

CARVALHO (1999)

Cabo associa-se à noção de extremidade, fim.

ALMEIDA (2020): Este topónimo, em especial quando está fora do litoral, tem provavelmente origem na língua popular antiga não latina, mas teve também uma forma latina equivalente que pode ter deixado a sua influência. Em ambos os casos, correspondia no início à ideia de elevação. Note-se que em ugarítico a palavra escrevia-se “gb” [gabe] e significava precisamente colina, altura, e que em hebraico antigo era “gbøh” [gabôê] e significava colina, elevação, outeiro, o que é o mesmo. Também em latim existia uma forma próxima, caput, que entre outros significados possuía o de cume, cimo, extremidade, origem, e que tem por certo origem comum às anteriores. Usualmente admite-se que tenha sido esta última a origem do nosso cabo, mas como se vê facilmente há um radical antigo que chegou ao português provavelmente por duas vias distintas. Parece mesmo provável que o cabo, enquanto forma de costa, tenha chegado até nós realmente proveniente do latim e através dos académicos, já que o povo da costa não usa tradicionalmente a palavra cabo, mas antes ponta. Quanto aos topónimos cabo que ocorrem em outras situações, podem provir da ideia de extinguir, portanto de “Øqb” (algo como acabe, que deu origem ao nosso verbo acabar) quando se trata por exemplo de “Cabo da Vila” (fim da vila, onde a vila deixa de existir), mas podem igualmente estar relacionados com serras, como é o caso do Monte do Cabo. Mas o radical “Øqb” [acab] que em fenício significa chegar ao fim, acabar, pode também estar ligado à origem do nosso cabo, porque o cabo é precisamente o fim da terra, portanto o local onde a terra acaba.

O radical “Øqb” [acab] em fenício significa chegar ao fim, acabar. Chegou ao português moderno no verbo acabar, mas também na expressão dar cabo de significa dar fim a qualquer coisa. Também sobreviveu na toponímia, e palavra cabo, que é precisamente o fim da terra. Evidentemente que a própria forma latina caput, que significa cabo, nasceu desta mesma raiz.

GDE e PRIB:

Extremidade, termo, fim, local onde se insere algo.

Cabeça, ponta, extremo.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO VALONGO

CACHADA DO SEIXO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

MACHADO (1993) DER PRIB cachar (provençal) + saxum

CACHADA

VIEIRA (1871):

Matos queimados, que cobrem a terra, para que esta se conserve fresca e fique limpa e estrumada com a cinza.

Alqueive, segundo Bento Pereira.

LEAL (1873-88):

“Cachadinha = o mesmo que arroteia, terra recentemente reduzida à cultura, terra cultivada de novo.

O mesmo que abrutella, arai, rompida, róssa ou roça.”

FIGUEIREDO (1899):

Alqueive, queima de mato para adubar terrenos.

REIS (1904):

Terra lavrada, mas não semeada.

DER:

Pré-romano = arroteamento.

PRIB:

Queima de mato; alqueive = terra lavrada, não semeada, que fica em pousio.

SEIXO

Pedra rolada de rio.

[Podia situar-se num terreno das margens do rio, onde as pedras roladas fossem muito numerosas.

O aguilhão e rela, seixos de quartzo, resultantes da erosão fluvial eram usados no eixo e no urreiro dos moinhos para evitar o desgaste das peças de madeira]

CAENLO

CAENLUS (2x)

CALÇADA

CALÇADA EM CIMA

Ver: CANA, CANAL

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

HOU calciata

PRIB: calceo+are

VIEIRA (1871):

De calçar: rua, caminho ou estrada empedrada. De calça, com o sufixo «ada», como de cabeça, cabeçada, etc. Pancada com uma calça ou meia cheia de areia.

FIGUEIREDO (1899):

Caminho ou rua empedrada. Rua íngreme.

MACHADO (1984):

MACHADO (1984)

ROCHA (2017) calciata, calçado, calçar, calçada

Calçada apenas como nome de lugar, frequente quer em Portugal quer na Galiza com origem no nome comum calçada, caminho calçado de pedras. No Houaiss encontram-se indicações de que poderá ter origem controversa: do latim vulgar calciata; feminino do substantivo calçado ou participativo do verbo calçar

ROCHA (2017): Português, do nome comum calçada

INF:

Arruamento cujo pavimento é revestido por pequenos elementos de um material duro. Ladeira íngreme.

[Caminho empedrado para evitar desgaste e elameamento nas épocas mais chuvosas]

CALCETINHA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA INF calceta (castelhano)

INF:

Calçada pequena e estreita. Empedrado. Meia curta (Marvão).

CALADRÕES CALDONE CALEDOME CALEDONE CALEDONI CALEDRÕES

CALLE DONNI

CALDOELAS CALEDOEL

CALEDOELLAS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

REIS (1904) cale+donus

REIS (1904):

Povoação chamada Cale que pertenceu a Donus. Locais húmidos ou com canais.

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA INF caldelas

REIS (1904): Encosta ou ladeira.

AFONSO (2018): Caldelas entendido como nascente de águas termais que a civilização romana procurava para se estabelecer.

INF: Pequenas termas.

CALE PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

ALMEIDA (2020) CARVALHO (1999) OSÓRIO (2017) PRIB canale, canalis

LEAL (1873-88):

“Cale na língua portuguesa antiga (suponho que derivado do celta) significa cano ou aqueducto onde a água corre com rapidez por causa de grande descida. Ainda nas províncias do norte se dá o nome de cale ao cano ou tubo que da levada dirige a água ao moinho.

Dizem alguns que na antiga língua latina, significava rio sinuoso (ou torto).

Mas se cale é palavra grega, significa porto fresco e fresco que entra pela terra dentro. Ainda se usa o seu diminutivo que é calheta.”

FIGUEIREDO (1899):

Rua.

Rego ou encaixe em peça comprida de madeira, como a cale ou calhe da azenha.

Barco de fundo chato, para navegação fluvial.

MARQUES (2014):

Possibilidades de sentido contidas no termo ‘canal(e)’: desde um curso de água secundário (natural ou artificial) derivado de um rio, destinado desde logo a alimentar estruturas moageiras, como se deduz da associação entre o canal e um moinho; até um pequeno sulco de rega.

OSÓRIO (2017):

Lavadouro pode estar associado a uma das fases do tratamento dos minérios explorados no território de Valongo, especialmente no que se refere ao ouro.

ALMEIDA (2020): Costuma dizer-se que o nome vem do latim, de “canale”, que significa “canal”. No entanto, muito embora seja uma possibilidade aceitável, penso que entre nós a ideia genérica encerrada na sequência consonântica “cl” corresponde mais à ideia fenícia que se relaciona com situações em que a passagem de qualquer coisa é condicionada: seja de pessoas num caminho emparedado (a quelha, a calle, a cale) seja de água (a cale, a calha) seja de condicionamento de circulação de outros objetos (a calha “corrediça”, a calha “técnica”). Repare-se que em acádio e em assírio “kalu” significa “conter, levar”, “kl’” em antigo significa “confinamento” e “klh” em hebraico antigo e “kla” em ugarítico quer dizer “encerrar”. Esta ideia geral de “conter, encerrar, confinar” é precisamente a que conduz tanto ao nosso “cale” como mesmo ao radical latino “canale”. É por possível que se esteja perante mais uma situação em que existe um radical comum no fenício e no latim, e que a sua presença na toponímia portuguesa possa provir de qualquer das origens, ou mesmo de ambas.

PRIB:

Fosso, tubo, canal, leito, cano, aqueduto, fosso

Rego com caixa construída em madeira para passagem da água. Parte mais funda de um rio.

Barco de fundo chato.

CALFOIOMA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X

CALEFUNTÃO CALFUNTÃO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

REIS (1904) cale+fontanus, canallis fontana

REIS (1904): Lugar no sopé do monte (onde se acumulava água em abundância vinda do alto através de canais).

Cale = CANALIS; fosso; tubo; cano; canal, aqueduto.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

CAMBADO [CAMBÃO]

DER kambus (céltico)

SILVA (1789):

Que tem as pernas tortas.

VIEIRA (1871):

CAMBA ou CAIMBA

REIS (1904) kêpos = jardim (grego) campus

Na baixa latinidade há camba; mas não podemos ir mais longe.

Peça das rodas dos carros que fica junta ao meião e por baixo das caixas.

Camba das rodas da sege, as peças que reunindo constituem o arco, em que entram os raios da roda que saem do cubo.

Moinho pequeno de mão, de preparar grãos para pão, para fazer cerveja, etc.

Cambas, pedaços metidos para alargar a roda da capa ou das fraldas, como nesgas; nesgas do vestido.

CAMBÁDA

(De cambo, com o sufixo «ada», como abada, de aba, etc.)

Série de cousas enfiadas n’uma vara, verga ou cordel. Figurativo, grande quantidade quase sempre em sentido pejorativo.

CAMBADÉLLA

(Do tema camba, de cambar, com o sufixo composto «della», como se de camba se formasse primeiro cambada, e deste, com o sufixo «ella», cambadella). O mesmo que cambalhota e cambapé, queda.

CAMBÁDO

Trocado, mudado, que tem as pernas tortas.

CAMBÃO

Aumentativo de Cambo.

Termo do Brasil. Peça de pau que se junta ao cabeçalho do carro quando leva mais de uma junta. Bois de cambão, a junta dianteira, que vai jungida ao cambão. Peça de madeira que se liga à almanjarra, na qual se atam as cordas tiradeiras por detrás das bestas, que tiram por elas quando as fazem mover as moendas nos engenhos de açúcar.

LEAL (1873-88):

Cambar = português antigo – trocar, cambias, escambar. Camba = moinho pequeno, molinheira, moinho de mão, picarnel.

Também se chama cambas, às peças das rodas dos carros que unem ao miul.

REIS (1904):

Extensão de terra baixa cultivada sem árvores = Cambellas.

OLIVEIRA (2014):

Os moinhos de bois no norte do país compõem-se, de maneira geral, de um recipiente onde é deitada a azeitona, de um pastor ou pilão, de um moirão, de um cambão, almanjarra ou manjarra e, por vezes, de um raspador.

MARTÍNEZ LEMA (2018):

O termo cambeses podem ser os povoadores de uma camba no sentido puramente apelativo e oronímico do termo – o mesmo, já agora, que terá motivado também a origem o próprio corónimo camba, e os seus diversos homónimos e formas aparentadas, quer dizer curva [aplicado a terrenos e muitas vezes associado a cursos de água que esculpem a paisagem].

DER:

Peça curva da roda. Kambos = curvo.

PRIB:

CAMBÃO:

Peça comprida de pau, como cabeçalho de carro. Cingel dianteiro do carro, charrua puxados por duas ou mais juntas de bois. Vara com que a besta puxa à almarraja.

Alça de couro para acionar o fole dos ferreiros.

Pau com gancho na ponta para colher fruta das árvores.

Burro ou cegonha com que se tira água dos poços.

CAMINHO

C. DA FORMIGA

C. DE SOBRADO

C. DO CAMBADO

C. NOVO

CAMPELO

CAMPELO

CAMPELLO

PRÉ ROMANA ROMANA

VIEIRA (1871)

CARVALHO (1999) camminu

ALMEIDA (2020) PRIB kamm camminus novus - a – um

CAMINHO

FIGUEIREDO (1899) PRIB caminus

GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871): (O espanhol tem camiño, o italiano cammino, o francez chemin, o provençal cami, o picardo camin, o nivernez semin, o borgonhês chemi. A palavra, que assim está tão espalhada nas línguas românicas, é de origem céltica: hymri cam, passo; camem, caminho; baixo bretão camm, passo; gaélico ceum, passo; landez ceim, passo).

Qualquer via que se pode percorrer para ir de um lugar a outro, rua, estrada, mar, etc.

FIGUEIREDO (1899): Faixa de terreno, por onde se transita, de um ponto para outro. Estrada. Atalho. Direção. Espaço que se percorre, andando. Distância. Norma de proceder. Destino. Tendência. Caminho de pé posto, atalho, carreiro. Caminho de cabras, caminho estreito, íngreme e acidentado. Caminho de ferro, sistema de viação por meio de veículos que se movem a vapor, sobre carris de ferro.

CARVALHO (1999):

Designa uma via de comunicação destinada principalmente ao trânsito rural.

Passou ao romance através do latim popular que, por sua vez, já o tinha recebido do céltico.

ALMEIDA (2020):

Geralmente os dicionários admitem que a palavra “caminho” tenha tido origem num hipotético termo “camminu”, do “latim vulgar”. Simplesmente, como é bom de compreender, as palavras do dito “latim vulgar” nunca foram latim, e por isso a designação de “vulgar”. Por outro lado, o termo latino foneticamente mais próximo do nosso “caminho” é “caminus”, mas essa palavra latina significa “forno, fornalha, fogão”. Evidentemente que este “caminus” latino, que significava “forno”, nada tem que ver com percursos ou distâncias. Já em fenício “kmn”, significa “distância”.

É portanto incomparavelmente mais provável que a nossa palavra “caminho” provenha de “kmn” fenício que de qualquer palavra latina que possa significar “forno”. De resto continuamos a usar a palavra “caminho” muitas vezes no sentido de “distância”. Torna-se assim provável que, tal como em fenício, entre nós o termo “caminho” tenha significado inicialmente “distância”, e com o tempo o seu significado tenha sido alargado a “percurso”, e mesmo mais tarde à ideia de “via”, “estrada”.

O nosso “caminho” atual acumula estes três significados: quando dizemos que entre duas cidades são “duas horas de caminho”, este “caminho” ainda significa “distância”; quando falamos dos “caminhos de Santiago”, estamos a pensar em percursos; quando dizemos que o “caminho está esburacado”, estamos a falar de uma entidade física como uma estrada. Como se compreende, o primeiro sentido da palavra “distância”, é praticamente insuscetível de dar origem a topónimos, mas o mesmo já não se pode dizer dos restantes. Consultando a “Base de Dados Endovélico” verifica-se que existem muitos topónimos “Caminho” que correspondem a “vias” antigas, mas esse facto tem pouco significado já que as vias em causa podem ser antigas, mas o nome que o povo lhe dá ser muito mais recente. Há que considerar que os percursos são condicionados pela geografia e assim os novos caminhos geralmente sobrepõem-se aos mais antigos.

O topónimo “Caminho” raramente ocorre só. Entre os mais de oitenta topónimos “Caminho” existentes na Carta Militar de Portugal, só três são apenas “Caminho”. Em todos os restantes casos o nome está acompanhado de algo que o caracteriza e individualiza.

[NOVO: Por oposição ao velho, pré-existente, pode indiciar um aumento de população e de área habitada a necessitar de novas vias de ligação.]

Ver: CAMBADO, FORMIGA E SOBRADO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

PRIB campo+elo

LEAL (1873-88): Campêllo, é diminutivo de campo, o mesmo que campinho.

PRIB:

Campo mais pequeno. Nome de família portuguesa.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

CAMPO

C. DA MORTE

C. DA VINHA

C. DAS PEREIRAS

C. DAS VALLES

C. DE REDONDO

C. DE Nª SRª DA LUZ

C. DE Nª SRª DAS NEVES

CAMPO

S. MARTINHO DO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CARVALHO (1999)

VIEIRA (1871)

ROCHA (2017) PRIB campu, campus, campi

SILVA (1789)

Pedaço de terra baixa e plana, fora da cidade.

Local de justas e torneios. Arraial militar e as tropas que o compõem. Lugar onde se dá a batalha e onde se colocam os sitiadores.

No brasão é o espaço do escudo onde assentam as peças de armas.

VIEIRA (1871):

Segundo Pott, a raiz da palavra grega kêpos, jardim, palavra a que correspondo regularmente o antigo alto allemáo kof, é skap (perdido o «s» inicial, como tantas vezes succedeu, kap, cavar), em grego skaptô, eu cavo, slavo ecclesiastico kop-a-ti, cavar, antigo prusso enkopts, cavado, etc. Deste modo liga-se a essas palavras o latim camp-u-s. Campo, o cavado, é uma designação perfeitamente inteligível, e do lado do som e da morfologia latina não há dificuldade que faça pôr de lado esta etimologia).

Extensão de terra baixa, cultivada ou cultivável, sem árvores.

Terra fora da cidade em geral. Estar no campo. Ir para o campo. Viver no campo. Casa de campo.

Campo de manobras, campo destinado a exercidos militares.

Campo de março, de maio, assembleias que faziam em março ou em maio os reis francos para regular os negócios do estado.

Campos Elísios, a habitação das almas dos bem-aventurados, segundo os pagãos.

Campo Santo, o cemitério.

LEAL (1873-88):

“CAMPO (S. Martinho do) – freguezia.

Douro, comarca a 12 kilometros ao NE do Porto, 315 ao N. de Lisboa, concelho de Vallongo, 330 fogos. Em 1757 tinha 145 fogos.

Orago S. Martinho. Bispado e districto administrativo do Porto. Foi antigamente do termo do Porto, concelho de Penafiel.

Situada entre montes, dos quaes se vê o mar e grande parte das povoações do Minho, Douro e Traz os Montes.

O abade era apresentado alternadamente pelo papa, o bispo do Porto e os frades crúzios da serra do pilar. Tinha 600$000 reis de renda. Foi couto do Porto. Tinha então juiz ordinário, procurador e jurados. No limite d’esta freguezia fica a serra de S. Martinho, e passa aqui o rio de Ponte Ferreira, que réga e móe. N’esta freguezia está a pequena vila de Francemil. É uma freguesia muito rica pela sua fertilidade e pelo grande commercio que faz com a cidade do Porto.”

FIGUEIREDO (1899):

Terreno extenso e plano; planície. Terreno fora dos povoados. Terreiro dentro da povoação. Acampamento. Liça. Lugar de combate.

CARVALHO (1999)

“Campo” é apelativo para terra de cultivo, espaço plano, terreiro sem edificação, dentro de uma povoação.

MARQUES (2014):

O termo campo e na forma plural campi é usado para designar espaços de cultivo com relativa amplitude e bem delimitados, que tanto podiam ser de apropriação coletiva como individual, a que se acrescenta a característica de ser plano.

São muito frequentes as menções a parcelas agrárias de menor dimensão (lareas), em que agros e campos estavam divididos.

[É raro na documentação alto-medieval, ao contrário dos termos derivados de ager como agrum, agra, agro, agrello, agrella e agraza].

ROCHA (2017):

Do léxico comum campo, procede do latim campus, associado a planície, terreno plano; terreno extenso fora do povoado.

DER:

Diminutivo de campo.

PRIB:

Área aberta. Extensão de terra cultivada, sem edificação, dentro de uma comunidade.

[Nesses espaços podem predominar diferentes tipos de cultivo (pereiras e vinha); podem estar situados em vários locais: entre elevações de terreno (vales), em cotovelos desenhados por rios (redondo); associado a locais de enterramento, por se situar nas imediações da igreja matriz (morte)]

Ver: ADRO, NOSSA SENHORA DA LUZ, NOSSA SENHORA DAS NEVES, PEREIRAS, VINHA, REDONDO, S. MARTINHO DO CAMPO, VALE.

CANA (2X)

CANADITA

CANADITA DE BAIXO

CANADITA DE CIMA

CANAL

CANALE DE MIRO

CANALE

FAGENIA

CANALIS

FONTANA

CANALLES

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

CANNA kánna, kannê DER kánna, cana (sumério, acadiano, assírio, babilónio, grego)

SILVA (1789):

CANA

REIS (1904)

canna, cannae, canalle, kanos GDE; PRIB; DER cana

CANAL

VIEIRA (1871) canalis, canale

Cana: planta que nasce em lugares húmidos, com haste oca e com nós.

Gaita ou assobio.

Canal: espécie de fosso ou vala por onde se encanam e derivam águas por terra ou de mar a mar.

VIEIRA (1871):

CANA ou CANNA

Nome de uma planta de haste reta, oca, articulada de intervalo em intervalo, acompanhada de espadanas ocas com nós.

Por extensão, o nome das plantas o das hastes das plantas que têm semelhança com a cana propriamente dita.

Cana da perna, a tíbia. Cana do braço, o osso longo do braço.

Cana pastoril ou de pastor, flauta rústica, gaitinha feita de cana de cevada.

Canas, jogo militar português, em que homens a cavalo se acometiam com canas, espécie de paródia de um torneio.

Termo de náutica. Cana do leme, a barra de pau com que se move o leme para governar a embarcação.

Termo de artilheria. A porção do cano da peça por fora, desde os munhões até à boca.

Termo de metrologia. Medida de extensão, usada em diversos países, particularmente na Itália, e cujo valor não é constante; a de Nápoles vale dois metros e vinte e nove centímetros.

CANAL

(Do latim canalis. Moraes deriva a palavra latina do grego kanos, abertura, ignorado pelos lexicólogos, e só, ao que parece, conhecido por ele. No grego kanos, abysmo aberto, grande bôcca aberta no chão, palavra latina, porém não tem relação nem de fôrma nem do significado com o grego que vem da raiz kha, de khaino, abrir a bôcca, raiz que em latim se apresenta na forma hi; vid. Chãos e Hiato).

Fosso ou vala que leva a água. Via natural pela qual os líquidos ou os gazes caminhara pela terra. Por extensão, qualquer espécie de via para a passagem dos líquidos. As águas abrem na terra fundos canais por onde fazem passagem.

Leito do rio cavado pela mão do homem. Canal de derivação, canal que serve para desviar as águas do um rio.

Canal de irrigação, canal que distribui as águas num campo. Corrente de água, estreita, comprida, para ornato dos jardins.

Termo de Geografia. Nome de alguns estreitos. Nome de certos estreitos pequenos ou braços de mar onde os navios correm grande perigo pelos baixios que neles há. Lugar balizado com alas de estacas num rio onde há vau, para o gado passar pelo meio a nado, sem poder ser arrastado pela força da corrente.

FIGUEIREDO (1899):

O mesmo que canavial.

REIS (1904):

Cana é um lugar junto ao ribeiro, onde está a galeria que conduz a vários fojos. Deriva de kanos = canal, fosso fundo que leva água.

Poderá ser a contração de canada.

Canadita é o diminutivo de canada e significa azinhaga, caminho estreito por entre paredes.

CARVALHO (1999): Na Galiza, como coletivos ou derivados de cana, aparecem os topónimos Canaval, Caneiro(s), Caneda, Canedo(s), Canido e Canosa, Caniza e Canizo.

CARVALHO (2015):

Moisés Espírito Santo reforça o significado, associando-a quelha apertada e estreita.

OSÓRIO (2017):

Conduta de água entre dois pontos com finalidade agrícola ou mineira.

ROCHA (2017):

Conforme observa Navaza Blanco: “Moitos derivados de cana presentes na toponímia non han de ser propiamente fitónimos, senón relativos a outros campos semánticos propios desta mesma família léxica, sobre todo a partir da noción de cilindro, tubo, etc., aplicable metaforicamente a moitas nocións e dun xeito particular a conducións de auga (cano, etc., onde pode confluir com derivados de canale).”

DER: Junco.

(FAGENIA e MIRO sem significado encontrado)

Ver: BAIXO E CIMA

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

CANCELA CANCELAS

CANCELAS CANÇELLA

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

GDE cancella, cancellus

SILVA (1789):

Portas de grade de pão.

VIEIRA (1871):

Porta de grades de pau.

Bardo de pastores.

Lugar do curro em que se medem os touros para serem corridos.

FIGUEIREDO (1899):

Porta gradeada de madeira, mais tosca que o cancelo.

CARVALHO (1999):

FERNANDES (1999)

Cancela(s) e cancelada referem-se a currais transitórios, no meio dos campos, cercados de sebes, onde se reúne o gado, principalmente ovelhas e cabras; com vista ao aproveitamento do respetivo estrume. Estas cercas também são conhecidas por estercadas.

FERNANDES (1999):

Cancela e Cancelinha começaram a ser aplicados como topónimos em época em que não tinham o significado atual mais corrente - portão ou porta gradeada.

Podem ter designado uma área habitacional abandonada, posteriormente ocupada com fins agrícolas, delimitada por cancellatio que também podiam albergar animais e remontar à Idade Média.

GDE:

Grade que limita a passagem de pessoas ou dá acesso a recinto fechado onde se confinam animais.

CAPITÃO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

DER; WIK capitanu, capitanus, caput

VIEIRA (1871):

Caporal, de capo, do latim caput (cabeça).

Do baixo latim capitanus, d’onde também espanhol capitan, italiano capitano, provençal capitani, francês capítain.

Num documento do século VI, apparece já capitancus. Chefe militar. De capitano, do baixo latim capitanus.

FIGUEIREDO (1899):

Chefe militar. O que comandava uma expedição, um exército, uma armada. Chefe de uma companhia regimental, graduado entre tenente e major. Comandante de navio mercante. Antigo comandante de milícias locais. Caudilho, chefe. Capataz ou feitor indígena. Autoridade administrativa das águas territoriais. Grumete, encarregado das vassoiras, a bordo dos navios de guerra. Capitão de fragata, Capitão de mar e guerra, postos militares na armada.

Designação de várias plantas umbelíferas.

DER:

Chefe.

WIK:

Foi usado desde a Idade Média como a designação geral de chefe, sobretudo no âmbito militar. Antes da criação de exércitos nacionais na Europa, o capitão era um nobre responsável pela propriedade, pagamento e comando de uma companhia de militares.

O capitão da companhia colocava-a ao serviço do seu senhor feudal ou monarca, em troca de um pagamento.

CARCAJAL

CARQUEJEIRA

PRÉ ROMANA ROMANA

X

kolokasia (grego) DER colocasia (?)

VIEIRA (1871): CARQUÉJA ou CARQUEIJA.

GERMÂNICA ÁRABE

MEDIEVAL INCERTA

De carque, cuja origem é incerta. Mata rasteira de folha estreita, e dura, que cresce em lugares areosos e muito secos. A carqueja é muito usada como combustível. Infusão de carqueja.

REIS (1904):

Local com muita carqueja.

Erva espontânea em terrenos baldios e pastos, usada como combustível para os fornos, para fazer vassouras, cama de animais e com propriedades gastronómicas e medicinais.

ALMEIDA (2020):

O sufixo al refere-se a um coletivo.

DER:

Planta e ave.

CARQUEJEIRA: sufixo eira indica profissão

[As carquejeiras eram as mulheres que carregavam enormes molhos de carqueja à cabeça, desde o rio Douro até às Fontainhas, uma subida íngreme, hoje memorizado pela escultura “Da Cidade, às Carquejeiras” da autoria do escultor José Lamas, apresentada ao público a 1 de março de 2020, para que a memória deste hercúleo trabalho não se extinga.

Esta planta era muito usada como combustível para os fornos das padarias, para as caldeiras dos moinhos de azeite, oficinas e fábricas cerâmicas, assim como para os fogões e lareiras das habitações domésticas.

A expressão “escarquejada” como sinónimo de limpa pode estar relacionada com o uso das vassouras de carqueja]

CARDOSO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871) carduus INF cardosus DER cardu

VIEIRA (1871):

De cardo (latim carduus]. Género de plantas da família das sinantéreas de folhas com espinhos, e cálix formado por escamas picantes.

INF:

Do latim vulgar cardosus, terreno onde abundam os cardos, embora em casos isolados, mais recentes, possa referir-se a pessoas desse apelido. É bastante comum em Portugal e na Galiza.

Tem os derivados Cardosa, Cardosas, Cardosinhas e Cardosos.

[Podem ser usados de várias formas e com diferentes finalidades: frescos e esmagados para produzir coalho para destalhar o leite e fazer queijo; secos para cardar tecidos e para pasto de animais]

CARREIRO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CARVALHO (1999) PRIB carraria, carrile, carrus, carro+eiro

SILVA (1789):

Homem que guia os bois. Caminho estreito para gente a pé.

VIEIRA (1871):

Vem de carro, com sufixo «eiro». Homem que guia o carro de bois; que acarreta em carro.

Caminho estreito para andar a pé, via, caminho.

O espaço entre fileiras de plantas que se dispõem em linhas retas ou se plantam em regos paralelos. Carreiro de formigas, formigas que seguem em fileira por um mesmo caminho.

CARVALHO (1999): Passagem estreita. Deve ter a largura necessária para nele passar um carro, se for carreirinho destina-se a peões.

Relativo a carro de bois, maço com que se batem as rodas.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

CARVALHAL CARVALHEIRAS

CARVALHO CARVALHO

TORTO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

LIMA (2012) WIK

car = perene, valos kaer = belo e forte

SILVA (1789):

Carvalhal: mata de carvalhos e espécie de pera.

Carvalho: árvore que dá bolotas ou landes (quercus).

VIEIRA (1871):

Carvalha: de carvalho. Batata carvalha, espécie do batata.

Carvalhal: de carvalho, com o sufixo «al». Mata de carvalhos.

Pera carvalha, espécie de pera, muito estimada.

Carvalheira: de carvalho, com o sufixo «eira». Carvalho fêmea; carvalho que dá bolotas. Mata de carvalhos.

Carvalheiro: de carvalho, com o sufixo «eiro». Carvalho.

Carvalhinha: de carvalho, com o sufixo «inha»). Planta vivace {teucrium chamedrys, Lineu).

Carvalho: árvore da família das amentáceas, que produz bugalhos ou bolotas. Carvalho verde, variedade que conserva as suas folhas sempre verdes. Carvalho cerquinho ou roble, outra variedade de grandes dimensões. Carvalho enzinho, azinheira.

LEAL (1873-88):

Há em Portugal cerca de 25 aldeias com o nome Carvalho.

FIGUEIREDO (1899):

Carvalhal = arvoredo de carvalhos.

Diz-se de uma variedade de pera.

Casta de uva preta minhota.

Variedade de figueira algarvia.

Carvalheira = carvalhal. Pequeno carvalho. Moita de carvalhos silvestres.

REIS (1904):

Cruzamento de caminhos marcado por um carvalho de grandes dimensões e torto.

CARVALHO (1999):

Carvalheira = conjunto de carvalhos de pequeno porte, quase sempre na forma arbustiva.

LIMA (2012):

Os celtas tinham-no como árvore sagrada, assim como os seus bosques. QUERCUS vem de quer + kuez = árvore nobre.

Designação dada a várias espécies de grandes árvores, de folha caduca, que produz bolotas usadas na alimentação humana e animal.

Madeira dura e com propriedades únicas para as mais variadas aplicações, desde os pipos às embarcações.

Antropónimo muito difundido.

MARQUES (2014):

A generalidade dos léxicos peninsulares regista apenas a palavra carualio, ausente de todos os outros léxicos consultados, mas a forma carualiar encontra-se na documentação asturiana e leonesa a partir do século X, com o sentido de carvalhal. Deve por isso ser relacionada com a palavra revoreto, de raiz latina. De resto, a forma plural revoretos com o significado de carvalhal, bosque de carvalhos (…) significado próximo, senão coincidente, com o do termo carvaliale

ROCHA (2017):

Do nome comum carvalhal é um derivado de carvalho, denominação que faz parte do léxico comum de origem pré-romana e que denomina uma árvore bem conhecida na região.

Do léxico comum carvalheira, o mesmo que carvalho ou carvalhal

Carvalheira é um derivado de carvalho, fitónimo de provável origem pré-latina, a respeito do qual é atualmente aceite a opinião de derivar de carba, matagal espesso, por sufixação de -aliu.

GDE:

Conjunto de carvalhos.

Variedade de uvas, cerejas e peras.

WIK: origem céltica = belo e forte.

ODP

ker (Indo-europeu)

VIEIRA (1871):

CASA D’ORCA

CASA DA ORCA

CASA DO TINTUREIRO

CAVE DA ORCA

CASA VELHA

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ODP carbo WIKC carbonarius, carbonarii

Carvão: do latim carbo, carbonis; o grego tem kárphos, corpo secco, delgado e leve, que parece aparentado.

Elemento que compõe quase totalmente a substância do pau e quo se obtém quase puro por meio duma combustão lenta que se faz parar logo que fez sair o oxigénio, o hidrogénio e a água; esse carvão assim obtido ó carbono quase puro.

Carvão animal, carvão resultante da decomposição das substâncias animais pelo calórico em vasos fechados.

Carvão de pedra, nome genérico de combustíveis fósseis, que parecem ter suportado a ação do fogo sob uma forte pressão.

Carvoaria: Oficina era que se faz carvão. Mina de carvão do pedra. Carvoeira: Mulher que vende ou transporta carvão. Lugar em que se recolho o carvão. Oficina onde se faz carvão, carvoaria.

Carvoeiro: que faz, transporta ou vende carvão. Que diz respeito ao carvão. Barcas carvoeiras, barcas em que se transporta carvão.

Carvoejar: Fazer carvão de lenha.

LEAL (1873-88): Há 14 povoações com este nome.

ODP:

Do Latim carbo, “carvão, carvão em brasa”, de uma fonte Indo-Europeia ker-, “queimar, calor, fogo”.

WIKC:

Relativo ao carvão.

Mulher do carvoeiro ou que vende carvão. Homem fabrica ou vende carvão (carvoeiro).

Lugar onde se fabrica e armazena carvão. Barco que transporta carvão.

Pode designar aves da família Paridae, como o rabirruivo-preto ou o chapim real.

Nome comum a duas árvores, a Faramea campanularis Mull. e Arg., da família da Rubiáceas, e a Miconia trianaei Cogn., da família das Melastomáceas.

VIEIRA (1871)

ALMEIDA (2020)

REIS (1904) CRUZ (2001)

CASA

SILVA (1789):

VIEIRA (1871)

INF; PRIB casa, orcus DER tintura+eiro vetulu, vetlu

Edifício onde mora gente, morada, habitação, ou parte dela.

VIEIRA (1871): Do latim casa, palavra que duma raiz scad, a que se juntou o sufixo ta, dando assim a fôrma scad-ta; segundo os princípios fonológicos da língua latina, o «s» inicial podia desaparecer, ficando assim cad-to e cad-ta dava regularmente cas-sa, donde casa, como cad-tu-s, formado regularmente de cado, deu cas-su-s, ca-su-s, etc. Essa raiz skad é uma fôrma secundaria da raiz ska, com o determinativo d, e essa raiz ska, que significa cobrir, proteger, encontra-se no grego skia, sombra, skiron, umbela, no sânscrito khâjâ, sombra, no grego ske-nê, no lituânio shé-tra; a raiz secundária skad encontramo-la no sânscrito k’had, cobrir, no gótico skca-du-s, sombra, no alemão moderno schatten, etc.

Popular e ironicamente: Alcouce, bordel.

MARQUES (2014):

É unanimemente reconhecido o sentido genérico desta palavra, vinculado à noção de construção, que tanto pode designar casas de morada como edifícios de menores dimensões e com outras funções que não residenciais, ou mesmo o conjunto de uma unidade de exploração metonimicamente identificada pelo elemento central que articula os seus diversos componentes; embora os léxicos hispânicos recolham apenas a noção de «edifício» (residencial ou não) e sublinhem a sua conotação rural. Fica assim marcada, de alguma forma, a diferença de sentido entre as palavras ‘casa’ (associada às noções de «edifício», «construção», «espaço físico») e ‘domus’ (mais vinculada à noção abstracta de «residência», «espaço familiar», «lugar de habitação»), como notou X. Varela Sieiro, depois de uma análise detalhada das menções a ambos os vocábulos na documentação galega entre o século VIII e os meados do século XIII. (…) Ambos os termos mantêm significados próximos daqueles que o latim clássico e isidoriano lhes atribuiu: «casa de morada» ou «residência familiar», no caso de ‘domus’, e «cabana» ou «edifício provisório e complementar», para ‘casa’. Assim deduzem, pelo menos, da distinção que certos documentos fazem entre os dois vocábulos, no quadro de uma mesma propriedade. Embora o termo ‘casa’ tenda a aproximar-se do sentido da palavra ‘domus’ (lugar de convivência familiar) ao longo da Alta Idade Média, a verdade é que «conoce aún otras aplicaciones que tienen que ver con su significado puramente constructivo». Com efeito, no território cantábrico, por exemplo, verifica-se a utilização da palavra para designar residências particularmente importantes, tanto do ponto de vista material como do estatuto social dos seus ocupantes.

INF e PRIB:

Nome genérico das construções destinadas a habitação. Construção destinada a uma unidade de habitação, geralmente unifamiliar. Conjunto de pessoas da mesma família ou não que habitam a mesma casa.

TINTUREIRO

Pessoa que trabalha no tingimento de tecidos.

Variedade de uva tinta que pode ser usada para tingir tecidos.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

CASA D’ORCA

CASA DA ORCA

CASA DO TINTUREIRO

CAVE DA ORCA

CASA VELHA

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VELHA

Pode indiciar que pertencesse a um núcleo de povoamento mais antigo por oposição a “nova”, ou por se encontrar em más condições de habitabilidade ou mesmo abandonada.

CASA DA ORCA

CARDOSO (1737-1751):

“Montes de pedras com umas lajes em cima, de bastante largura; chamão-lhe Orcas, e dizem os moradores serem do tempo dos Mouros, e que sobre elas queimavam os dízimos.”

VASCONCELLOS (1897):

“Em certos sítios da Beira-Baixa, os dolmens recebem o nome popular de orcas, a que às vezes se junta casa, lapa ou pedra: «casa d’orca», «lapa d’orca», «pedra d’orca»; mas ouvi muitas vezes ao povo expressões como estas: «estava lá uma orca», «havia uma orca» e outras análogas, - o que prova claramente que o povo inclue orca na classe dos substantivos apelativos, e que por isso a noção de taes monumentos lhe é aqui ainda familiar. A palavra orca é já conhecida na literatura, pelo menos desde o séc. XVII, dos Diálogos Moraes Históricos e Políticos do Dr. Manuel Botelho

Ribeiro Pereira, que a dá também como da Beira.”

REIS (1904):

Caverna pré-histórica no fundo do ribeiro que desce do Crasto.

CRUZ (2001):

Orca e Orquinha são duas designações igualmente associadas às antas, conforme os testemunhos do Pe. Luís Cardoso “Há por aqui vários montes de pedras com umas lages em cima, de bastante largura; chamão-lhe Orcas, e dizem os moradores serem do tempo dos Mouros, e que sobre elas queimavam os dízimos”, sendo igualmente a opinião de José Leite de Vasconcelos e Mendes Corrêa.

ALMEIDA (2020):

Arca e Orca têm o mesmo significado e são topónimos que devem ter nascido do termo “Ørk”, palavra fenícia que significa empilhar, montar em camadas. É evidente que como o topónimo se refere ao processo construtivo e não ao aspeto da construção, deve ser contemporâneo da mesma e não posterior. O contrário ocorre com o termo mamoa. Esta mamoa é nome dado por quem vê e descreve a elevação do terreno em forma de mama, e não se refere à sua função ou processo construtivo. A este respeito, diga-se ainda, que possivelmente o termo e o topónimo Anta provém provavelmente de Ønt, palavra que refere a deusa fenícia Anat.

INF: Sepulcro.

Aparentado com Orcus, a morada dos mortos na crença dos Romanos. Construção megalítica que também servia de sepultura.

PRIB:

Orca pode ser sinónimo de dólmen, sepulturas e altares celtas. Vaso de barro semelhante a uma ânfora.

CASAL DE CIMA

CASAL TAURAGO

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PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CIMA

DER kyma

CASA

CARVALHO (1999)

FERNANDES (2013) PRIB casa, casale, casalis casalis taurinus

TAURAGO

DER tauru

SILVA (1789):

Fêmea e macho de humanos ou animais.

Casa de campo, granjearia. Lugarejo de poucas casas.

VIEIRA (1871):

De casa, com o sufixo «al».

A mulher e o marido que vivem juntos. Bens de casal, os bens comuns de marido e da mulher. Dois animais, macho e fêmea que vivem juntos. Lugar pequeno de poucas casas. Propriedade rústica, constando de terras do semeadura, árvores e granjearia. Solar.

LEAL (1873-88):

“Há mais de 570 aldeias chamadas de Casal.

Casar ou casares é o mesmo que Casal - casaes

É uma propriedade composta por casas, campos, hortas, pomares, etc., que pode sustentar uma família e (pelo menos) uma junta de bois e um rebanho de ovelhas. Vem de casa. Também se diz um casal, por marido e mulher.”

FIGUEIREDO (1899):

Pequeno povoado, lugarejo. Conjunto de pequenas propriedades rústicas. Pequena propriedade cerrada, próxima, mas não anexa à residência do dono.

O mesmo que urdidor.

CARVALHO (1999):

Propriedade rústica ou a lugarejos na zona rural. Estas propriedades constituem unidades económicas de exploração agrícola, incluindo a casa e os campos agricultados. Casa de lavoura menos importante que a quinta, lugarejo.

CASAL DE CIMA

CASAL TAURAGO

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FERNANDES (2013):

Segue a opinião de Vasconcellos, afirmando que o adjetivo casalis, qualificou inicialmente o terreno pertencente à casa – o ager casalis – abonada pelos gromáticos (agrimensores romanos) em que se especifica o tipo de cultivo do terreno. Quando se passa à forma substantiva dele derivada, já não designa apenas o terreno, mas o conjunto de terrenos e da casa, ou seja, a pequena exploração agrária. (…)

Aparece como topónimo tanto em textos latinos como em árabes andaluzes do séc. XII, mas a sua fixação toponímica é anterior, como o comprova a antiguidade de Casarelho, formado com o sufixo diminutivo latino clássico. (…) A distribuição geográfica do topónimo com origem no nome casal verificou-se em toda a Hispânia, (…) mas menos frequente no Garbe. (…) A área de maior concentração do topónimo verifica-se no litoral, até ao Tejo.

Muitos dos topónimos Casal e Casalinho, são fruto da colonização agrícola levada a cabo pelo Estado Novo, através da Junta de Colonização Interna, criada em 1936.

MARQUES (2014):

O termo é usado ora em sentido restrito (correspondendo a espaços residenciais e/ou fundiários) ora em sentido lato (correspondendo a uma unidade de povoamento e de exploração capaz de reunir ambos); ao que poderemos acrescentar uma terceira aceção menos evidente nas fontes: a de pequeno povoado.

O sentido mais frequente do termo ‘casal’ no Entre-Douro-e-Lima, como na generalidade do Noroeste peninsular, é o de unidade familiar de povoamento, de exploração e, com o avanço da fiscalidade senhorial (sobretudo a partir do século XII), de exação. Varela Sieiro aponta seis aceções possíveis em que a palavra ‘casal’ é utilizada entre o século X e os meados do XIII: (a) «terreo de edificación»; (b) «lugar de habitación» sendo que esta aceção residencial não se restringe à esfera camponesa; (c) «terreo adxacente a unha vivenda»; (d) «vivenda e a súa explotación agraria»; (e) «explotación agraria, espazo agrícola ou propriedade rústica»; (f) «posesións de natureza xurídica ou doutra índole» (aceção registada sobretudo a partir do século XII). A importância desta última aceção fica patente, como o autor bem sublinha, nas escassas menções a casais como elemento confinante de outras unidades, o que na sua opinião «poderia deberse a que [o termo ‘casal’] estaba considerado mais no seu valor administrativo ou propriamente físico».

TAURAGO

Local de criação de gado bovino.

Ver: CIMA

CASAS NOVAS PRÉ ROMANA

ROMANA GERMÂNICA

LIMA (2012)

GDE; PRIB casalis = casa casale = granja casa, casae

CASTANHAL

CASTANHEIROS

CASTANHEIROS

CASTINARIA

LIMA (2012)

Conjunto de pessoas que habitam de um núcleo rural.

Pode estar associado ao repovoamento e à conquista de novos espaços para explorar.

VIEIRA (1871)

LIMA (2012) GDE

castanea castanae

SUPER LATAM PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE

SILVA (1789):

Castanhal: mata de castanheiros.

Castanheira: árvore da espécie do castanheiro, mas infrutífera.

Castanheiro: árvore que dá castanhas e pode ser de duas espécies, longal e rebordã.

VIEIRA (1871):

Castanha: do latim castanea, de kâstanon, kástána, cidades da Tessália e do Ponto, donde o grego kastanaikon kárion, noz de castanu ou castanha).

Fruto do castanheiro.

Castanheira: de castanha, com o sufixo «eira». Árvore infrutífera do género do castanheiro.

Mulher que em lugares públicos assa castanhas e as vende.

Castanheiro: de castanha com o sufixo «eiro». Árvore que dá castanhas.

REIS (1904):

Ladeira do monte.

LIMA (2012):

O sufixo al refere-se a um coletivo, associado ao cultivo de vegetais.

MARQUES (2014): A generalidade dos léxicos hispânicos parece distinguir entre o sentido mais restrito da forma masculina castinario e o sentido coletivo atribuído à forma feminina castinaria, que parece designar ainda um conjunto, bosque de castanheiros.

ROCHA (2017):

De castanheira, do léxico comum latino-romance ou já mesmo português.

O nome comum castanheira é sinónimo de castanheiro, muito embora haja a possibilidade de designar um souto, como o asturiano castañera

Não é de excluir que o topónimo pressuponha a expressão terra castanheira, ou seja, terra onde existem castanheiros ou estes são abundantes.

Refira-se que castanheiro e castanheira são derivados por sufixação de -eiro ao radical de castanha, fruto do castanheiro, palavra com origem no latim castanĕa

GDE:

Souto, conjunto de castanheiros.

[Castanhal (souto) acima das vinhas?]

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

CASTELO PRÉ ROMANA

VIEIRA (1871)

ROCHA (2017)

PRIB castello, castellum

VIEIRA (1871):

Do latim castello, diminutivo de castrum

Habitação senhorial fortificada que era defendida por um fosso, muralhas elevadas, torres. Fortaleza defendida por grossas muralhas, barbacãs, bastiões, às vezes por fossos, etc., ordinariamente nos pontos elevados das cidades, vilas, para defesa desses lugares.

Termo de náutica: castelo da popa, era antigamente uma espécie de castelo levantado na popa sobre a coberta desde o mastro grande; hoje é o espaço à ré desse mastro, até á popa. Castelo da proa, o ponto mais elevada do navio, na proa, residência do contramestre, e onde os marinheiros fazem rancho ou trabalham.

Castelo de cartas, espécie de construção de muitos andares que fazem do cartas as crianças.

Termo de Brazão: móvel da armaria, que representa uma espécie de torre redonda, ou quadrada, com outras três mais pequenas em cima, sendo a do meio mais alta, e todas três e a principal com ameias.

Castelo gradado, o que tem na porta uma grade, ou corrediça de diferente esmalte.

Termo em tecnologia: castelos, duas peças laterais no tear sobre as quais ele se fixa. Castelos: paus torneados com ornatos de ramalhetes que os mesteres levavam nas cerimónias públicas da câmara.

FIGUEIREDO (1899):

Variedade de uva tinta.

LEMOS (1993):

Castelo é utilizado para apelidar os locais onde existem marcos geodésicos, pelo que o investigador menos experiente corre o risco de registar, nos seus inquéritos ou pesquisas toponímicas, uma infinidade de montes ou cabeços do castelo, destituídos de qualquer valor arqueológico. Porém se perguntar às populações se o local é um Castelo dos Mouros, ou ainda um ‘talefe’ será prontamente esclarecido.

AZEVEDO (2005):

Posto militar fortificado, permanente ou temporário, dependente de uma cidade próxima.

Castellu é um diminuitivo tardio de castru.

Existem os termos castillo, castell e castelo, daí decorrentes.

Castil, castel e casfiel são termos de origem moçárabe.

Do árabe qasr derivam Alcazar, Alcácer e Cáceres, com a significado de fortaleza e palácio; de qalat derivam Alcalá, Catalazete, com o significado de castelo.

Dá origem a Cacela (árabe).

MARQUES (2014):

Utilização do termo ‘castellum’, ‘castrum’ e mesmo ‘alpis’ para o designarem dá bem a noção da sinonímia entre estes vocábulos, mas também da relativa amplitude de sentido inerente a cada um. Com efeito, a generalidade dos léxicos que recolhe a palavra ‘castellum’ atribui-lhe os sentidos de «fortificação», mas também de «aldeia ou mesmo cidade muralhada». Ora, no caso do NO peninsular, se já no período romano este termo poderia designar «um castro que sobreviveu à romanização», como observou J. de Alarcão a propósito do «castellum Letiobri» atestado epigraficamente na zona de Braga, a partir sobretudo da Antiguidade Tardia, os castella parecem ter sido claramente promovidos do ponto de vista administrativo, assumindo grande importância como lugares centrais na organização do território. Já nos séculos IX a XI, a palavra parece designar preferencialmente, na documentação do território portucalense, uma «estrutura amuralhada rodeando um pequeno pátio, servindo de abrigo a uma guarnição militar que tem por missão velar pela segurança de um território mais vasto», de acordo com a definição avançada por M. Barroca para a «aceção restrita do termo». Tal como acontecia na Catalunha e em Aragão até ao século XI, por exemplo, é possível que no Entre-Douro-e-Minho o termo ‘castellum’, mesmo se aplicado às principais estruturas fortificadas, com funções eminentemente (quando não exclusivamente) defensivas e as mais das vezes associadas à autoridade «pública» dominante no território, correspondesse, do ponto de vista material, a um conjunto fruste de estruturas, destinadas a reforçar um sítio já de si dotado de potencialidades defensivas, mais do que a uma fortificação erguida de raiz, como se poderia pensar. Neste sentido, será sobretudo o perímetro da área fortificada, mais do que a tipologia das estruturas defensivas, o que permitirá distinguir este tipo de fortificações dos povoados fortificados propriamente ditos, e (com maior dificuldade) dos recintos fortificados destinados ao abrigo temporário de pessoas e bens. Note-se, todavia, que o estatuto dos castella, e talvez mesmo a sua capacidade de articular um determinado território, parecem distinguir de alguma forma este vocábulo, à semelhança do que acontece na documentação galega anterior a meados do século XIII.

ROCHA (2017):

Do léxico comum latino-romance castelo.

Nome que parece dever a sua motivação referencial a uma edificação que constituiria um ponto significativo na paisagem. O nome comum castelo procede do latim castĕllum = praça forte, reduto, castelo, asilo, refúgio; lugarejo nas montanhas; reservatório de água’, diminutivo de castrum, i = praça fortificada, fortaleza.

PRIB:

Solar senhorial fortificado, fortaleza.

[Esta designação aplicada ao nosso território prende-se menos com uma construção humana levada a cabo num determinado local para defesa dos seus moradores, mas mais com locais naturalmente aptos à defesa, eventualmente reforçados com muros, como se pode encontrar referenciado n’ “Os Romanos em Valongo” p. 157 a 165]

CASTRO ou CRASTO

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REIS (1904)

CARVALHO (1999)

VITERBO (1865):

VIEIRA (1871)

LIMA (2012) INF castru, castrum, castrum, castello, castellu

Castro ou Crasto tem-se equivocado com castello, que é, como castrêllo, diminutivo de castrum. Antigamente, aos arraiaes de todo o exército, com 4 portas, cada uma de seu lado, cercado de fosso e vallado, se chamou crasta. A um pequeno arraial, só para uma legião (brigada) se chamava castrum. Quanto mais pequenos eram estes arraiaes e menos fornecidos de gente e armas, mais cuidado havia em se assentarem em sítios altos e facilmente defensáveis, e a estes se chamava castrêllos, crastellos ou crestêllos. Alguns deste se povoaram e ficaram a servir de atalayas, cidadelas ou guardas ás campinas e logares chãos e abertos ao inimigo.

VIEIRA (1871):

Corssen liga à raiz kad por skad, cobrir, proteger, de que vem casa; de cad, com o sufixo trum, viria castrum, donde pela mudança frequente do d em s diante do t, castrum

Termo didático: acampamento, arraial, campo militar romano.

Castro deve ter sido em português um apelativo popular, como manifesta o considerável número de lugares chamados Castro, tais como Castro d’Avelãs, Castro Daire, Castro Marim, Castro Verde, etc., e um derivado como Castrelos.

LEAL (1873-88):

“Tenho notado que a alguns sítios onde há carns, o povo dá o nome de Castro.

Estou convencido pois, que algumas vezes crasto é corrupção de carns; outras de castrum e outras de crasta.

Há em Portugal (…) mais de 200 aldeias e montes com o nome de Crasto ou Castro.

Não se dava antigamente o nome de Castro ou Crasto só aos montes que tinham grande ou pequeno castello. Dava se também áquelles cuja posição era própria para alli se edificar qualquer fortaleza, e até aos que, sendo coroados por penedias, simulavam de longe um castello.”

FIGUEIREDO (1899):

Castelo de origem romana ou pré-romana.

VASCONCELOS (1895):

Um castro, ou, segundo a pronúncia vulgar crasto, representa uma antiga povoação fortificada. O nosso povo dá geralmente este nome (…) ao cume de um monte, ou a qualquer altura em que há ou houve aterros, vestígios de muralhas, fossos e restos de habitações. […] Além do nome Crasto, que o povo aplica sempre como um nome próprio, e nunca como um nome comum, usam-se outros no nosso onomástico como Castéllo, Castêllo, Cividade, Cêrca, Crastello, Crestim, Castellinho, Citania, Cidadelhe, etc., juntando-se-lhe também epithetos poe exemplo, velho, como acontece com vários montes chamados “Castellos Velhos”. […]

Sempre que haja um monte, ou uma simples elevação de terreno, a que se aplique qualquer dos nomes mencionados, Crasto, Castello, Cêrca, Cividade, etc. e a que se liguem lendas ou mesmo vagas tradições de mouros e mouras, é para suspeitar que estamos na presença de um castro. Estes podem ajudar os arqueólogos na localização de vestígios arqueológicos, da mesma forma que as lendas associadas aos mouros e mouras são um indicativo da existência de povoados fortificados.

REIS (1904):

Ponto mais elevado do monte de S. Justa, na vista de Couço com 376m. Origem pré-romana que se transformou numa cividade romana.

LEMOS (1993):

Também este autor enumera um conjunto de designações muito próximas às apresentadas por Vasconcelos, para os povoados fortificados. Contudo, no nordeste transmontano os povoados fortificados não são vulgarmente designados por castros. Este termo, quando aplicado a vestígios arqueológicos, foi utilizado na designação dos povoados por via erudita.

O termo castro assinala um cabeço ou colina, próximo das aldeias atuais, de onde ainda se observam, por vezes, vestígios de fortificações tardias, medievais. Noutros casos as defesas, que talvez tenham sido de madeira desapareceram, pelo que apenas se manteve o topónimo. Acontece, também, que, com alguma frequência, nos lugares assim chamados, se encontram abundantes indícios de ocupação da época romana. Trata-se de povoados fortificados no quadro da romanização, que subsistem no período medieval.

CARVALHO (1999):

Lugares fortificados, das épocas pré-romana e romana, constituindo o habitat privilegiado das populações do Noroeste da Península Ibérica.

Antropónimo de origem galega.

AZEVEDO (2005):

Castelo = diminutivo tardio de castro, recinto fortificado, com influência moçárabe.

LIMA (2012):

Castro deriva de castrum que se associa a oppidum.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

CASTRO ou CRASTO (página 2 de 2)

MARQUES (2014]:

Na esmagadora maioria dos casos, estas unidades são referidas como o elemento que substitui os montes no quadro da expressão «sub/subtus mons/castrum…», característica do sistema de localização da propriedade a que os redatores recorrem frequentemente. Esta utilização, que se verifica também na documentação catalã e na galega, dificulta sobremaneira, como notou X. Varela Sieiro a propósito da segunda, uma definição rigorosa do sentido que deve ser atribuído à palavra em cada caso. De qualquer forma, fica assim bem clara, a dimensão essencialmente topográfica destas unidades, que funcionariam antes de mais como marcos espaciais suficientemente importantes para referenciar do ponto de vista geográfico uma determinada propriedade. Isto não implica negar as funções jurisdicionais que os castros pudessem desempenhar, das quais resultaria uma integração propriamente territorial (e não apenas geográfica) das propriedades assim localizadas. Mas apenas reconhecer que essas funções, que importa questionar se seriam tão generalizadas como C. A. Ferreira de Almeida e os seus seguidores pretendem, resultam subalternizadas neste tipo de referências locativas, que se explicam pela mera proeminência topográfica destas unidades. Para lá das abundantes menções a castros como elementos de localização, regista-se ainda uma ou outra alusão a unidades situadas «in castro…», o que denuncia uma integração destas unidades no próprio espaço físico de um castro, e não tanto numa circunscrição territorial mais alargada que a palavra designasse. Os redatores remetem, portanto, nestes casos, para o próprio núcleo fortificado (ou a mera elevação de terreno) que constituiria o castro, tal como fazem quando invocam este tipo de unidades como elementos confinantes no quadro da demarcação de propriedades, que em alguns casos não passam de meras parcelas agrárias. A generalidade dos léxicos que recolhem este termo regista também o significado de núcleo fortificado, situado em altura, atribuindo-lhe normalmente funções residenciais; embora vários sublinhem a possível sinonímia com o termo ‘castellum’, o que remete não só para aquela aceção de «núcleo de habitat amuralhado», mas também para a de simples «fortificação». O léxico catalão recolhe mesmo o sentido de «circunscrição territorial capitaneada por um castelo», que se verifica amplamente em diversas zonas do reino asturo-leonês, e desde logo no território portucalense. Sem entrarmos aqui na discussão de um problema tão complexo, e tão trabalhado e discutido no altimedievalismo espanhol das últimas décadas como seja o da definição morfológica, funcional e sobretudo territorial do termo ‘castrum’, recordemos apenas, com García de Cortázar, as principais aceções da palavra na documentação do quadrante Norte da Península Ibérica: «el castrum aparece significando, al menos, cuatro cosas: una altura, un hábitat fortificado, un hábitat de altura, un espacio articulado con un referente visual que simboliza la jerarquización social de un entorno por el que se distribuyen variadas unidades de poblamiento». E retenhamos as três principais «possibilidades en lo que respecta al orígen de los castra», sintetizadas por C. de Ayala Martínez a partir da documentação leonesa, mas grosso modo aplicáveis ao nosso território: (i) «meros núcleos de hábitat que, independentemente de las circunstancias geoestratégicas de los siglos IX y X, permanecían como tales por el mero hecho de ser directos herederos, sin solución de continuidad poblacional, de los originales poblados castreños protohistóricos»; (ii) «castra generados a partir de un «líder» repoblador que, erigido en gran propietario, no duda en amparar sus bienes fundiários o muebles, y los benefícios de ellos derivados, en la sempre intimidatória envoltura de una fortaleza»; (iii) «construcciones castrales de nueva planta, o mejor castillos y fortalezasconstruidos fundamentalmente por los reyes según las exigencias del avance reconquistador». São evidentes as diferenças que estas três «possibilidades» encerram ao nível da própria morfologia dos núcleos castrais a que cada uma terá dado origem, como é evidente a aproximação da primeira ao sentido de «núcleo de habitat fortificado» e da última ao sentido restrito de «fortificação», o significado que vimos ser dominante para a palavra ‘castellum’ na documentação da área portucalense.

DER: Acampamento.

INF Fortificação

CAVACO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

DER cava

VIEIRA (1871):

De cava, com o sufixo «aco», porque quando se tiram cavacos escava-se a madeira. Estilhaços de madeira. Conversação fragmentada, mas animada, em que se varia continuamente de assunto. Dizer palavras que mostram que se está ferido por algum ato ou palavras de zombaria, troça, etc. O discurso curto que faz o lente nos dias de abertura e encerramento das aulas ou vésperas de férias.

INF Lasca de madeira, lenha miúda, acha.

Instrumento musical.

PRIB

Pedaço ou lasca de lenha. Instrumento musical.

CAVADA

C. DA PINTORA

C. DA SERRA

C. DA TELHA

C. DOS RAMOS

C. DOS PENEDOS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

LIMA (2012)

CARVALHO (2015) PRIB cavata, cavatus

CAVADA

CARVALHO (1999):

Pequenas propriedades agrícolas ou leiras, cuja preparação era feita manualmente pelo camponês, sem utilização de animais.

PRIB:

Terreno lavrado, escavado que ganha uma designação adicional que os individualiza, como ainda hoje é comum.

TELHA

CARVALHO (2015):

Moisés Espírito Santo diz que este termo significa fonte, regueiro, canal.

[Estes terrenos de cultivo parecem conquistar espaços naturais e pouco propícios a este fim, como se pode depreender com os termos (serra, telha, ramos e penedos), ficando o termo ‘pintora’ sem explicação evidente, embora se possa relacionar com a presença de águas férreas, alaranjadas “pintadas”]

Ver: SERRA, PENEDOS

CAVALO MORTO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

Ver: CABALUUS MORTUUS CENTIAES CENTIÃES PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

INF centenu PRIB centi + are

CENTIÃES

INF:

Campo de centeio, que produz 100 pés por cada semente.

Medida de superfície designada por centiare “ca”, que corresponde a 1m2, ou à centésima parte do are.

CENTIAR

PRIB

Medida de superfície para os terrenos que é a centésima parte do are e que equivale ao metro quadrado.

CERDEIRA

CEREDEIRA

SERDEIRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

WIK

ceresia (cereja) ceresetu (cerdeira)

FIGUEIREDO (1899):

O mesmo que cerejeira.

MARQUES (2014):

Cerseiras, cesarias, cessarias - cerejeiras ou cerejais, cesares no plural que designa terreno cultivado de cerejeiras.

OSÓRIO (2017): Área de extração mineira que provoca a opacidade das águas residuais e se associa a cerdo (porco em castelhano).

INF Cerejeira brava.

WIK

Cerdeira é um sinónimo regional e arcaico de cerejeira e também o seu equivalente em galego contemporâneo.

Trata-se de um topónimo frequente na Galiza e em Portugal onde designa 57 locais, em 23 concelhos, de todos os distritos da metade norte do país: Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Bragança, Guarda, Viseu, Porto, Aveiro, Coimbra e Castelo Branco. Em 1229-1321, a topónimo escrito era Cerzeira, com o mesmo significado.

O primeiro registo escrito, em Portugal, da palavra cerdeira, data de 1102, e o de cerejeira, data de 1548. É um nome de família originário da Galiza e conhecido a partir do século XIII e relativamente comum em Portugal.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO VALONGO

CHÃ C. DAS CAVADAS CHÃO

C. DA RAVILLA

C. DA RAVILHA

C. DA VIRELLA

C. DAS CAVADAS

C. DE CALEDRÕES

C. DO GUIZO CHÃOS CHÃOS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA CHÃO

ALMEIDA (2020) GUIZO

ESTEVES (2018)

VIEIRA (1871):

DER; GDE; PRIB planu

CHÃ, CHÃA, CHAM ou CHÃO.

Planície que está sobre o monte.

Chãns das pernas, coxas, a parte carnuda da perna acima do joelho até à virilha.

REIS (1904):

Chão - Campo junto ao ribeiro.

CARVALHO (1999):

Pequenas propriedades resultantes de séculos de atividade rural, nascidas das sucessivas repartições dos casais, em virtude das heranças e/ou venda de parcelas por parte dos herdeiros. Este facto conduz à não existência de grandes propriedades fundiárias no norte.

ROCHA (2017):

De chão, do léxico comum latino-romance ou já mesmo do período plenamente português. Sobre a sua etimologia, estará certamente relacionada com o adjetivo chão, plano – do latim plānus, a, um - plano, igual, chão, raso, nivelado alusivo à morfologia do terreno (região de colinas, configuração planáltica).

ALMEIDA (2020):

O próprio termo chão tem sido considerado oriundo da palavra latina planu, o que é igualmente uma etimologia despropositada. Dela teriam nascido formas como Chã, Fajã e Rechã. Mais uma vez trata-se de uma etimologia forçada, dado que em fenício “šwh” (“chôâa” ou “jôâa”) significa planície, nivelar, o que constitui uma origem muitíssimo mais provável para as nossas palavras deste grupo. É claro que o termo latino planu chegou até nós através das nossas elites dando origem ao nosso plano, mas o chão, que é coisa do povo, é com toda a probabilidade proveniente do fenício “šwh”.

DER

Do latim planu significa plano, raso, novelado, a superfície da terra que pisamos, o solo, o pavimento de uma casa.

INF:

Campina, chapada, planície, planura.

PRIB:

Chão - medida de 60 palmos comprimento x 30 palmos largura.

GUIZO

PRIB:

Objeto que possui esferas no seu interior para produzir sons quando agitado, sobretudo enquanto brinquedo de crianças de tenra idade.

ESTEVES (2018): É palavra pouco estudada. Primeira sílaba: A sílaba GUI- sói ver-se em palavras de origem germânica ou céltica, não latina. Abundante na toponímia galega. Daí, entre outros, Goim [Guín], em Foz, Bande e a Lima. “madeira; árvore; bosque” (*WIDUS, WIDOUS), da raiz *widhu. Dessa mesma raiz é o inglês wood, através do germânico *widuz. Guizo de pau? Por que não? Na história dos instrumentos musicais há protótipos não metálicos feitos de vagens secas. São similares às maracas ou maracás da América do Sul, que ainda se veem feitas de cabaças secas e pedrinhas ou grãos de milho no interior. Antes de celebrar, cumpre salvar um escolho: do complexo “madeira-árvore-bosque”, que parte foi a semente a gerar as outras? É mais que intuição: a raiz *widhu parece variante quantitativa de *weidhu- “separar, dividir”, que ecoa em dividir. Em suma, apesar de conjetural, é provável guizo vir de *WIDIKIO de sentido semelhante, mas muito mais arcaico, feito de vagens secas.

Ver: CAVADA; CALEDRÕES; RAVILA e VIRELA

CHEDELAS ET IN BARRIO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA GDE

BLUTEAU (1728)

BLUTEAU (1728):

Sedela: Seda para atar anzóis.

GDE:

Cheda, chedeiro (celta) = carro de bois.

CHEEYRAS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE

DER flagrare

LEAL (1873-88):

Freguesia com este nome pero da Guarda.

DER

Cheiras pode ser entendido como conjunto de ervas aromáticas para a culinária ou para fins medicinais. (?)

CHOUPELIM PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA INF populo

REIS (1904):

Diminutivo de choupelo e de choupal.

Mata de choupos.

CHURRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE

SILVA (1789):

Churdo ou churda: lã suja de suarda conforme sai das ovelhas.

Churro: vilão, miserável, ruim.

VIEIRA (1871):

CHÚRDO ou CHURRO.

Lã churda, suja de suarda, como a das ovelhas de inferior qualidade. Figuradamente: Miserável, vil, vilão. FIGUEIREDO (1899): Som para chamar galinhas.

OLIVEIRA (2014)

MEDIEVAL INCERTA INF; GDE

Água churra (chilra ou zurra) é a designação dada ao líquido escuro e ácido libertado pela azeitona aquando do seu armazenamento ou da sua prensagem separando-se do azeite quando da decantação nas tarefas.

GDE:

Churro, surro, sujo, rapaz.

PRIB:

Ovelha de antiga raça ibérica, criada para obter carne, leite e lã que é grossa, comprida e lisa.

CIMA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DER kima

VIEIRA (1871):

VIEIRA (1871) DER cyma

O espanhol e o italiano têm cima, o francês cime

Alto pontiagudo duma árvore, duma montanha ou de uma torre.

Vem do latim cyma, cuma, que significava olho de couve, pimpolho, passando a designar a extremidade do pé da haste e depois a extremidade, ponta superior de uma planta ou terreno.

CARVALHO (1999)

Cima/o significa “a parte mais alta, lugar superior, lugar acima de, surgem como elementos de topónimos compostos.

DER:

Do grego, significa broto, rebento, que está sempre mais acima. Implica a existência de outro/s mais abaixo.

Ver: SUSÃO

COCHE PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA

SILVA (1789):

GDE

Carruagem de quatro rodas, e caixa grande com assentos nos dois lados de trás, de diante e talvez dos quatro lados. Tabuleiro para transporte de cal amassada.

VIEIRA (1871):

Do francês coche, no espanhol coche, no italiano cocchio. Tiram-no ordinariamente do boémio kotschi, húngaro kotczy, albanês cotzi, valáquio cocie, alemão kutsche, inglês coach

Esta opinião funda-se sobro o dizer de Ávila, que escrevia em 1553 : «Um carro coberto que se chama na Hungria coche, o nome e o invento pertencem a este país.» Diez nota que esta opinião não é favorecida pelo italiano cocchio ou conchula, pequena concha, ou coclea, concha de caracol; mas para Littré é difícil de contradizer a asserção de Ávila). Carruagem grande de quatro rodas, com assentos para quatro ou mais pessoas, tirada por uma ou mais parelhas de cavalos, mulas ou machos, que consta de caixa, jogo, tejadilho, maçanetas, mísulas, painéis, cadeiras, estribos ou portinholas, pesebre, arquinha, lança, casquilho, boleia mestra, argolão, braçadeiras, tesouras, cabeçais, aldrabão, eixo, viga, rodas e suas partes, cubo, porcioneiros, corrião d’alçar, cataplasmas, mangotes, soleira, tapadouro, etc. Os diferentes coches são: estufa, caleche, florão, paquebote, sege, carrocim, etc.

FIGUEIREDO (1899):

Tabuleiro com rebordos, para conduzir cal amassada; o mesmo que cocho.

Caixa do rebolo de carpinteiros e marceneiros.

Vasilha de lata, segura por um cabo de madeira com a qual se extrai água das poças ou presas.

Voz com que se enxotam ou se chamam porcos.

GDE:

Veículo da época medieval.

Caixa dos marceneiros e carpinteiros.

Coco para extrair água.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

CODICEIRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

kýtisos (grego)

VIEIRA (1871):

VIEIRA (1871) cytisus ROCHA (2012) GDE cutissu

Cedeceira: de codeço, com o sufixo «eira».

Terra onde nasce muito codeço, e onde ele se dá.

Codêço: Termo de botânica: pequeno arbusto, classificado por Lineu com o nome de cytisus hirsutus, e pertencente à família das leguminosas de Jussieu. Tem o tronco guarnecido de ramos inclinados, as folhas compostas, ternadas; as corolas amarelas, o cálix ouriçado, bojudo, oblongo, dividido em três lacínias.

Codeço dos Alpes, planta congênere da precedente, denominada por Lineu cytisus lahurnum. É uma árvore assaz elevada, de madeira muito rija, coberta de uma casca verde, e dá umas vagens oblongas, estreitas para a base, com sementes chatas e reniformes. A madeira desta arvore, depois de seca, toma uma cor que imita o ébano: enquanto verde reputa-se venenosa, porém as cabras costumam comer as suas folhas.

OSÓRIO (2017):

Designa terrenos afetados pela intensidade da ação mineira, onde durante séculos o cultivo agrícola e a floresta foram impossibilitados. No passado, as terras eram sistematicamente cultivadas, perdurando apenas na toponímia aquelas que se revelavam permanentemente impróprias para a agricultura, revestidas de matos e vegetação daninha.

ROCHA (2017):

Provavelmente de codesseda, lugar onde existe/abunda o codesso.

A grafia Codecede pode estar em lugar de Codesseda, forma que se afigura mais consistente com outros casos em Portugal e na Galiza, bem como da base donde deriva, codesso, nome de uma planta que às vezes se confunde com a giesta. O português codesso, com o galego e castelhano codeso, exige um étimo em latín vulgar cŭtĭsus, em lugar do clássico cytĭsus, procedente do grego χύτισος

GDE:

Codesseira, Codessal.

Planta da família das leguminosas, com floração em cachos amarelos.

[Vulgarmente conhecidas por maias, havendo o hábito de as colocar nas portas e janelas para evitar a entrada do demo na noite de passagem do dia 30 de abril para o dia 1 de maio, nas comunidades rurais]

COLETINHA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE

AZEVEDO (2005)

DER collecta (via erudita)

AZEVEDO (2005):

CONDE FERREIRA

MEDIEVAL INCERTA

Terreno cultivado, parte de um campo dividido em courelas ou leiras, mais compridas que largas, divididas entre si por sebes.

Corte, cohorte.

GDE:

Couto dividido por arbustos.

PRIB:

Pequena coleta.

Foro ou pensão que os vassalos pagavam ao rei e os enfiteutas ao senhor, uma vez por ano.

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

DER comes, comitis, comite

VIEIRA (1871):

CÔNDE

Nome de certos dignitários dos últimos tempos do império romano e do baixo império. Título de honra e dignidade com que os soberanos condecoram os seus vassalos; tem a sua graduação entre os viscondes e os marqueses.

FIGUEIREDO (1899):

Dignitário e comandante militar, no Império Romano do Oriente. Soberano de um condado na Idade Média. Título nobiliárquico, que em Portugal é inferior ao de Marquês e superior ao de Visconde. Popularmente designa o valete. Espécie de pera grande.

DER:

Conde significa “o que acompanha” através da forma comide. Nome que no Baixo Império se aplicou aos nobres que viviam no palácio (comes palatinus) e acompanhavam o imperador nas suas expedições. Mais tarde tornou-se um título de nobreza através do francês do tempo dos reis francos.

WIK:

Joaquim Ferreira dos Santos nasceu e morreu no Porto. (4 de Outubro de 1782 – 24 de Março de 1866).

Foi 1.º Barão, Visconde e Conde de Ferreira. Brasileiro de torna-viagem, empresário comercial e filantropo português

[Em Valongo existe a Escola Conde de Ferreira, tal como em muitas outras localidades do país, tendo a Igreja Matriz recebido dádivas suas para diversas intervenções]

Ver: FERREIRA

CONTENSAS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

INF contentio, contensio

LEAL (1873-88):

“Contenças (portuguez antigo, e, mais antigo conteenças).

Trastes, moveis, utensílios indispensáveis, ainda que de pouco valor em uma casa. Há em Portugal alguns logares assim chamados.”

FIGUEIREDO (1899):

Contenças: móveis miúdos de casa.

REIS (1904):

Corrupção da palavra contensão = disputa, que tomou o nome de um combate que aconteceu no tempo dos mouros.

INF:

Utensílios de pouco valor existentes numa casa.

CORGO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) PRIB coragus , coragi

LEAL (1873-88):

COROA (página 1 de 2)

OSÓRIO (2017) GDE corruga, corrugo

“Córgo ou córrego é palavra portugueza. Significa ribeiro ou regato que corre arrebatado por entre barrancos ou sítios profundos. Vulgarmente também se chamam córgos às ravinas ou outros sítios semelhantes. Antigamente escrevia-se Córrago.”

FIGUEIREDO (1899):

Corgo: o mesmo que córrego. Caminho apertado entre montes; corca. Terra grossa e baixa, no sopé de encostas. Córrego: regueiro, sulco aberto pelas águas correntes. Caminho estreito entre montes ou entre muros. Atalho fundo.

CARVALHINHO (2008 - B):

Tanto Aulete quanto Hollanda concordam que córrego é um sulco aberto por águas correntes; para Cunha, córrego, derivado de correr, aparece incorporando o sentido de riacho no século XVI, procedendo do latim corrugus. Para Pinho Leal, há uma especificação ainda maior no sentido, já que “córrego ou corgo no antigo português significa ribeiro ou regato que corre profundamente entre penedias ou pelas quebradas das serras.”

CARVALHINHO (2009):

Já o par corgo/corga não apresenta uma uniformidade de distribuição: a forma corga é mais frequente em distritos do norte, enquanto a forma corgo aparece com maior frequência no sul. A região central apresenta uma especificidade: a forma cova e derivados como covão

OSÓRIO (2017):

Pode estar associado a uma das fases do tratamento dos minérios explorados no território de Valongo – a lavagem – especialmente no que se refere ao ouro.

ROCHA (2017):

Do léxico latino-romance ou já português. Tem origem no nome comum corga, variante e sinónimo de corgo e córrego, os quais remontando ao hispano-latino corrŭgus, rego ou vala de água onde se lavavam metais, de origem pré-romana (cuérrago).

São frequentes em todo o país para designar pequenos cursos de água, ribeiras.

GDE E PRIB:

Canal de transporte de água.

Canal; caminho estreito ladeado por terrenos elevados; ribeiro ou riacho.

PRÉ ROMANA ROMANA

DER PRIB

koroné (grego)

VIEIRA (1871):

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

DER; GDE corona, corona, corõa, corona, coronae

Adorno da cabeça feito de folhagem de flores.

Foi tomada muito cedo como um sinal de distinção, de mérito superior, ou de autoridade.

Termo da antiguidade romana: coroa triunfal, que pertencia aos generais, que obtinham as honras do triunfo; primeiro era de louro, e em seguida de ouro. Coroa de ovação, coroa de mirto, que se dava aos generais que obtinham a ovação. Coroa obsidional, coroa de espigas, que se dava ao general que mandava levantar um cerco. Coroa cívica, coroa de carvalho, que se dava àquele que salvava a vida a um cidadão. Coroa mural, coroa cujos flores tinham a forma de ameias, e que se dava àquele que primeiro entrasse numa cidade sitiada. Coroa naval, que se dava ao que, num combate naval, primeiro saltava para o navio inimigo.

Ornato de cabeça, sinal de dignidade. A coroa é a insígnia do poder real, e de diversas dignidades feudais. Coroa fechada é aquela cujos florões, ou ornamentos se reúnem por cima da cabeça. Coroa aberta é a que tem apenas o círculo inferior mais ou menos ornado. No princípio todas as coroas eram abertas; mais tarde a coroa imperial e a real foram fechadas. A hemisférica terminada por um globo tendo sobreposta uma cruz.

Coroa real, coroa fechada, mais larga para cima, e sobreposta dum ornamento particular. Coroa ducal é aberta, guarnecida de oito folhas ou florões. Coroa de marquês é aberta, guarnecida apenas de quatro folhas e as pontas das folhas ornadas com três pérolas. Coroa de conde é aberta, guarnecida toda a volta de pérolas. Coroa de visconde é aberta, guarnecida apenas de quatro pérolas. Coroa de barão, consistia em um círculo rodeado de muitos cordões de pérolas. Tríplice coroa, a tiara do papa.

Termo de geometria: coroa circular, espaço encerrado entre dois círculos concêntricos. Para se ter a superfície de uma coroa, multiplica-se a largura pela circunferência média. Atualmente: coroa acadêmica, prémio alcançado nos concursos.

Figurativamente: prémio, recompensa.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO VALONGO

COROA (página 2 de 2)

FIGUEIREDO (1899):

Ornato circular para a cabeça. Objeto, que tem forma de coroa ou analogia com ela. Fecho, remate. Tonsura circular na cabeça dos eclesiásticos. Poder monárquico: os direitos da coroa. Monarca. Cume, alto: a coroa do monte. Banco de areia. Calvície nos joelhos do cavalo.

Parte do dente, superior aos alvéolos. Face superior de um diamante. Moeda de oiro, que valia 10$000 reis. Moedas de prata de 500 e 1$000 reis. Moeda da Dinamarca, que vale 250 reis.

Nome de duas constelações. Círculo luminoso, em volta alguns astros.

Apêndices na corola ou na base de algumas flores. Limbo duradoiro do cálice de alguns frutos. Nome de várias plantas.

Superfície plana, entre dois círculos concêntricos.

Fio de contas, por onde se rezam sete padre-nossos e sete dezenas de ave-marias.

Tufo circular de penas, na cabeça de algumas aves.

Cada um dos segmentos circulares de cobre, intercalados no distribuidor do aparelho telegráfico de Baudot. Cabo náutico, que encapela nos mastros e nos mastaréus de gáveas.

GDE:

Parte superior de uma colina ou monte.

PRIB:

Adereço indicativo de realeza ou soberania, usada na cabeça. Tonsura dos membros do clero. Uma das faces de uma moeda.

CORREDOIRA CORREDOURA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE correre, currere

SILVA (1789):

Caminho de servidão.

VIEIRA (1871):

Corredoura: peça que fica debaixo da mó corredora e sobre que ela gira. Antigamente: passagem, servidão.

Corredouro: lugar onde se corre em certos jogos; liçada; estacada, corso.

LEAL (1873-88):

“Peça de moinho debaixo da mó. Caminho para o forno de pão ou para cozer cerâmica.”

FIGUEIREDO (1899):

Peça, que está por baixo da mó do moinho.

Rua larga e direita, própria para corridas. Lugar, destinado nas feiras ao gado cavalar, muar e asinino. Corrida.

CARVALHO (1999)

De correr + doura, designa uma rua larga e direita ou, noutros casos, um caminho em declive.

OLIVEIRA (2001):

Extenso terraço fluvial exumado, do quaternário, escavado pelo leito atual do dia, num sítio de presença arqueológica comprovada da época romana associada a práticas agrícolas e funerárias.

PRIB:

Rua desviada de uma população para passagem de gado; lugar de corridas.

CORREGA DA PORTELA

CORREGA DA PORTELA

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CARVALHO (1999)

SILVA (1789):

VIEIRA (1871) corrigere DER; INF corrugu, corrugus, córgo, córrego, cuadra, quadrela

Regueiro de água que sai de um tanque ou derivados de uma enxurrada.

Caminho estreito entre montes.

VIEIRA (1871):

Corréga, de Corregér.

Corréger, do latim corrigere de com, e regere, reger, forma paralela de corrigir. Córrego, do latim corrugus Água de enxurrada que sai das minas e que arrasta partículas de ouro. Água que sai dum tanque ou poço por um rego ou quelha.

Corrente de água derivada dum rio para as azenhas; levada. Caminho estreito entro montes; desfiladeiro.

CARVALHO (1999)

Proveniente de um substrato pré-romano do território da Lusitânia, corrego e corgo, com apreciável presença na toponímia, designam um vale fendido com água, regueiro, atalho fundo.

MARQUES (2014):

Tratando-se de um termo pré-latino, que só os léxicos hispânicos recolhem com o sentido de pequeno curso de água, ou mais especificamente de leito fluvial, fosso.

INF:

Courela, quarta parte; parcela de terra cultivada, comprida e estreita; antiga unidade de medida agrária; montado de sobreiros.

Ribeiro caudaloso que corre entre barrancos, ravina.

DER:

Córrego, do latim hispânico corrugu canal derivado de um rio, para lavar areias auríferas.

PORTELA = cotovelo de estrada ou caminho, passagem estreita entre montes; desfiladeiro.

CORTINA FERNANDUS

DURANDI

PRÉ ROMANA ROMANA

CORTINA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

AZEVEDO (2005)

FERNANDES (2013) DER cortina INF cohorte, corte

GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

AZEVEDO (2005)

VIEIRA (1871):

Cortina: pano ou estofo suspenso, que serve de tapar um leito, um armário, uma janela, etc., correndo, por meio de argolas, sobre um varão de metal, para se poder fechar e abrir.

Cortínha: antiga forma de Cortina.

Leira da terra ou parte do campo, repartido em courelas ou leiras mais compridas do que largas mas divididas sobre si, com paredes, sebes, ou tapumes. Na província de Trás-os-Montes, e algumas partes da Beira, ainda hoje se dá o nome de cortinhas aos quintais das casas em que se habita.

Cortinhál: pedaço de terra cultivada, e cercada de paredes altas, a modo de horta, jardim ou pomar.

FIGUEIREDO (1899):

Cortina: peça de pano, que, suspensa, resguarda, enfeita ou encobre alguma coisa. Muro, que liga dois baluartes.

Pequeno muro, que resguarda um caminho, à beira de um precipício. Fileira.

Cortinha: coirela lavradia, mais comprida que larga.

Terreno, vedado por valados, atrás da habitação, e mais extenso que o quintal ordinário.

Cortinhal: campo, dividido em cortinhas. Cortinha, cercada de sebe ou de parede.

Cortinheiro: terreno cercado, nas vizinhanças da povoação, mas não anexo às habitações.

AZEVEDO (2005):

Forma antiga de cortinha.

Vem do latim e passou por influências moçárabes.

Espaço vedado para agricultura de legumes e cereais, junto às povoações, a salvo das incursões dos animais.

Belga, gleba de terra ou parte de campo, repartido em courelas ou leiras estreitas e compridas, divididas entre si por marcos, sebes ou paredes.

No séc. XII eram os bens de raiz cultivados. No norte designam os campos próximos à casa.

LIMA (2012):

Terreno cultivado. Parte do campo repartido em courelas ou leiras, divididas entre si por sebes.

FERNANDES (2013):

Do baixo latim cortina, foi originalmente um sinónimo de cortale - portal de fora, átrio de corte. Pensamos tratar-se de um adjetivo relacional que se substantivou quando corte passou a denominar a casa. Depois adquiriu também o significado diminutivo de horta murada minor cortis, seu rustica area, quae muris cingutur e courela lavradia.

Cortinha no feminino é usada no norte e cortinhos, no género masculino ocorre na região beirã.

MARQUES (2014):

A forma plural cortina, descreve unidades de vários tipos (desde casais, hereditates e quintãs, a ecclesiae), com o sentido de pequena parcela de cultivo intensivo, normalmente vedada, e muitas vezes situada nas imediações de um núcleo ou unidade residencial, com a possibilidade de acolher estábulos ou outras dependências agrícolas.

Como notou I. Gonçalves, a propósito de um tombo de propriedade minhoto do século XV, o termo cortinha não equivale apenas, ao menos no final da Idade Média, a espaços vedados, dedicados a cultivos mimosos (e por isso semelhante aos hortos), mas podia também destinar-se a espaços votados ao cultivo de cereais, que aparecem inclusivamente divididos/organizados em parcelas individuais, à semelhança dos campos; de resto, um sentido já assinalado por Viterbo e identificado na documentação catalã.

DER:

Do latim cortina deu cortinha, documentado desde o século XIV.

INF:

Terreno cercado, próximo de habitação, courela comprida e estreita.

PRIB:

Terreno cercado, perto de casa, mas mais extenso que o quintal.

Ver: FERNANDES

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

COSTA COSTA COSTA COSTA

C. DE CALDOÉLLAS

C. DE CALEDOELLAS

C. DOS CASTANHEIROS COSTEIRA

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

CARVALHO (1999)

LIMA (2012)

ROCHA (2017)

AZEVEDO (2005) GDE; DER costa

VIEIRA (1871):

Em latim significava costela: osso chato e curvo, situado obliquamente sobre as partes laterais do peito e articulado posteriormente com as vértebras e anteriormente com o externo.

Costas, a parte posterior do tronco humano e dos animais oposta ao peito desde o pescoço até aos rins, dorso e por extensão a parte anterior de um objeto.

Sentido figurado: lado, flanco. Subida, ladeira, encosta.

LEAL (1873-88):

Em Portugal há mais de 129 aldeias com este nome.

FIGUEIREDO (1899):

Costela. Dorso, parte posterior do tronco humano, lombo.

Declive, encosta. Praia, litoral, região à beira-mar, margem do rio.

Parte posterior de vários objetos; reverso.

Variedade de maçã e de pera muito sucosa e aromática.

CARVALHO (1999):

Costa, encosta e costeira (costa + eira), do latim costa, dão costela, lado e flanco, que correspondem a apelativos que designam um terreno em declive, geralmente em torno de uma elevação.

Costeira encontra-se mais a nível urbano, nomeadamente um arruamento em ladeira.

LIMA (2012):

Declive de terreno em orno de uma elevação. Também aplicado ao litoral. Costela.

ROCHA (2017):

Português, do nome comum costa. Os topónimos com a forma Costa podem ter origem no nome comum costa, entendido não como área próxima do mar, mas, sim, como encosta – de uma maneira ou de outra, do latim costa, ae, costela, lado, flanco.

DER:

Do latim costa = costela, lado. O sentido de costela ainda aparece nas seis costelas que ornamentam o brasão de armas da família nobre Costa. De costela passou a costas suplantando o latim dorsum. As costas são o lugar onde as costelas ficam mais aparentes. O sentido de lado levou a ladeira de uma montanha (encosta) e a parte de terra fronteiriça com o mar.

GDE:

Encosta; utensílio de sapateiro e correeiro.

PRIB:

Acha; beira; costela; encosta; ladeira; margem. Ver: CALDOELAS, CASTENHEIROS

COUCE COUÇO COUSSO PRÉ ROMANA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899) calx INF calix, calice

MARTINÉZ LEMA (2016) GDE calce

LOSA(1956) al-xauç

PINTO (2004) al-kauç

BARROCA (2016) al-kauc

SILVA (1789): Golpe de animal ou recuo de arma. Voltar ao couce significa repor no lugar certo. Peça de madeira onde se encaixa a porta ou nos barcos.

VITERBO (1865): Alcouce.

AZEVEDO (2005)

VIEIRA (1871): Còuce ou Cõige: pancada que as bestas dão com um, ou com ambos os pés sacudindo-os para trás. Pontapé, pancada dada pelo homem com o pé. Recuo da arma de fogo quando se dispara, refluxo de peça de artilheria, do espingarda etc. Couce da porta, ou da janela, é o coto do madeiro, que entra na pedra, ou no chão, em que gira a porta. Tirar do couce, tirar da couceira: tirar dos eixos, da sua posição, do seu estado fixo e ordinário. Tornar alguma cousa ao couce: repô-la em bom estado, nos devidos termos, em boa ordem, Termo de náutica. Couce do leque, a parte inferior do beque. Couce do leme. Couce da espingarda, a parte mais grossa e posterior da cronha. Couceadôr: de coucea, de coucear, com o sufixo dor. Que dá couces. Gouceár: dar couces, pernadas. Fouce.

LEAL (1873-88):

“Côuço vem da palavra arabe, cauçon, significa arco. (arma antiga que servia para expelir setas). Os latinos escreviam kauso Todas as povoações d’este nome teem a mesma etymologia (se não vem de couce, portuguez antigo, que significa caruncho, carie, pulilha.)”

FIGUEIREDO (1899): Retaguarda, traseira, parte posterior de alguma coisa.

Calcanhar. Pancada com o calcanhar, com o pé, com a pata. Coiceira.

Dente da rabiça. Brutalidade. Ingratidão.

LOSA (1956):

Sul, vento sul.

PINTO (2004): Arco, porta.

AZEVEDO (2005):

Alcouce = cabana de eremita ou caçador; arco; abóbada

Couce = CAL´CE = Cálice; vaso; canal de aqueduto; nascente; rego de água

CALZE = rego de fonte; levada; vala de rega

CAUSSU ou CAUTU = couto; coutada; levada de moinho; tubo de descarga

LIMA (2012):

Couço, Coucinho = couto, coutada, lugar imune ou defeso.

BARROCA (2016): O arco.

MARTÍNEZ LEMA (2016):

Couce, do latim calce, tem como significado, ao pé de, no sopé de.

RAMOS (2017):

Do arcaísmo cousso, celeiro, lugar cercado, lugar onde se fazem montarias. Convém dizer que, atendendo a etimologia, o nome deve ter a grafia

Cousso. No entanto, a escrita com ç parece ter-se enraizado em certos lugares. Por outro lado, é também de assinalar que certos nomes com a formas Couço, a par de couce, têm etimologia controversa, oscilando entre o árabe qaws, arco ou do latim calceu, que deu como forma divergente calço

TORRES (2021):

Couço. Forma divergente de calço (de terreno). Do latim calceus

GDE:

Aqueduto, lugar imune ou defeso

INF:

Do latim vulgar calice, derivado de calix, ‘cálice’.

Começou por ser ‘cano de um aqueduto’ e passou a ‘levada de moinho’.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

VIEIRA (1871)

CARVALHO (1999)

DER; PRIB cava, cova, cavus, covus

VIEIRA (1871):

Cóva: do baixo latim cova, do latim cava, mudado o «a», em «o», como em português fome, do latim fames Escavação, abertura profunda na terra em direção vertical ou horizontal. Sepultura. Celeiro subterrâneo, matamorra.

Termo do Jogo da Péla dado ao segundo parceiro que defendo a casa.

LEAL (1873-88):

Silo, espécie de celeiro subterrâneo usado pelos celtas, árabes (atamorras). São como cisternas para conservar cereais cinco a seis anos sem problemas, podendo ser de pedra ou abertas em terrenos secos.

FIGUEIREDO (1899):

Abertura na terra. Escavação. Caverna. Cavidade. Depressão em qualquer superfície. Alvéolo. Sepultura

CARVALHO (1999):

Escavações provocadas pelas águas ou pela exploração do barro. Pequenas leiras trabalhadas por cava manual.

MARQUES (2014):

Cremos que a palavra terá aqui o sentido de «abertura na terra», «cavidade», que assume tanto no latim medieval como no português atual. Mas também é possível que assuma outros valores mais específicos registados nos léxicos hispânicos: «gruta», «mina», ou mesmo o sentido de «celeiro subterrâneo a que, antigamente, chamavam silo», apontado apenas por Viterbo.

OSÓRIO (2017):

Cova/s podem ter um significado duplo, associado a questões agrícolas e mineiras.

Área de extração em jazida primária ou secundária

ROCHA (2017):

De cova, do léxico comum, pelo menos, desde o período latino-romance.

Considera-se que que as formas toponímicas Cova e Covas correspondem ao item do léxico comum cova, depressão num terreno ou superfície – do latim cŏva, oca, feminino do adjetivo co(v)us, variante arcaica de cavus, oco, o qual, com menos frequência, também pode denominar uma caverna ou uma gruta. Note-se, porém, que os topónimos em apreço parecem conservar o significado de depressão no terreno.

Cova, tem como seus derivados (Concavada, Covo, Covada).

DER:

Do latim vulgar cova, feminino da adjetivo covus, variante de cavus = côncavo.

GDE:

Buraco para plantar árvores; cavidade subterrânea natural ou artificial; sepultura.

COVELO (2X)

COVELUS

SUPERNUS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

INF covella

LEAL (1873-88):

“Covêllo é (como covella) diminutivo de cova; cubêllo, significava antigamente um pequeno forte, e depois (e ainda hoje) o pequeno baluarte saliente, que defende certo panno de cortina, ou qualquer porta de fortaleza. (…)

Deu-se, pois, o nome de Covello á povoação situada em alguma baixa ou cova.”

ROCHA (2017):

De covela, um derivado de cova, do léxico comum.

Covela, diminutivo de cova, formado pela adjunção do sufixo -ela, especialmente produtivo no período latino-romance.

ALMEIDA (2020):

Torre; local fortificado, cova pequena.

Os topónimos Covelas, Couvelha ou Covelha, Covelho, Covelinha, Covelinhas e Covelo têm a mesma origem.

FIGUEIREDO (1899) cophus

VIEIRA (1871)

CARVALHO (1999)

DER; INF; PRIB cavu, covu, cavus, cavum

VIEIRA (1871):

Côvo: do latim cavus mudando-se o «a» era «o» como de fames, fome. Côncavo e fundo.

Cesto comprido de vimes, que da boca para dentro tem uma fôrma de funil de varinhas, donde o peixe, que por ela entra, não pode sair, usado na pescaria.

No Brasil chamam a este funil a sanga do covo ou covão, e fazem-no de duas sangas, para que o peixe possa entrar de ambos os lados.

Deitar, levantar os côvos, metê-los nos canais.

Cesto onde se metem galinhas a chocar ovos, para tirar pintos.

Covoáda: de covo, com o sufixo «ada».

Covas ou fundões seguidos de uma certa extensão.

FIGUEIREDO (1899):

Côncavo, fundo.

Cesto comprido de vimes, para pesca.

CARVALHO (1999)

Pesca com o “covo”, armadilha feita em vime para colocar em passagens estreitas e fundas do rio.

ROCHA (2017):

Do adjetivo covo, côncavo, do léxico comum latino-romance.

Podendo interpretar-se como rio que corre no fundo de um vale.

Significado do adjetivo covo – de variante divergente do latim cavus, cavado, arqueado, como sinónimo de fundo ou profundo.

Do adjetivo covo, côncavo, do léxico comum latino-romance, galego-português ou já português, relativo a lugar baixo, fundo, do latim covus variante arcaica de cavus, oco.

Na Galiza, assinalam-se vários lugares denominados Riocovo ou Río Covo.

Há topónimos análogos: Concavada, Covo, Cova, Covada, Covão, Fundo, Fundão, Fundego, Fundeira, Fundada, Baixa, Baixia, Baixas, Baixo e Baixos.

INF:

Côncavo, fundo, oco.

PRIB:

Buraco fundo, cesto afunilado para captura de peixe

CRUZES

CRUZINHAS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA

VIEIRA (1871)

GDE crux, crucem, cruce

CRUZES

VIEIRA (1871):

MEDIEVAL INCERTA

Haste perpendicular atravessada, quase no alto e em ângulos retos, por outra que forma como dois braços.

CRUZÍNHA, s. f. Diminutivo de Cruz.

FIGUEIREDO (1899):

Instrumento de suplício, a que se prendiam, ou em que se pregavam, os criminosos. Madeiro, em que pregaram Cristo.

Disposição de dois objetos, atravessados um sobre o outro.

Parte superior do cachaço do toiro, onde se cruza a espinha dorsal com o prolongamento das linhas correspondentes às mãos. Quadris.

Reverso, com cruz, de algumas moedas, em oposição a cunhos.

Constelação do cruzeiro.

GDE:

Cruzamento ou interseção de dois caminhos protegidos por cruzes, que podiam ou não formar calvários.

CRUZINHAS

[Rua de Valongo que recebeu este nome por estar associada aos caminhos marcados com este símbolo, que iam do centro da vila até às capelas de Santa Justa e S. Sabino, situadas na Serra. Podiam evidenciar uma espécie estações da Via Sacra a ser percorrida pelos penitentes no seu percurso de ascensão física e espiritual. No nosso concelho existem, ainda hoje, conjuntos de cruzes que formam calvários, sendo Alfena e Valongo, as freguesias onde essas construções mais se implantaram, geralmente numa ladeira ou encosta de elevação].

[Esta designação poderá igualmente indicar a colocação de pequenas cruzes para afastar o mau olhado das encruzilhadas ou para assinalar o local da morte de alguém, onde se associa um ramo ou coroa de flores à cruz. Este costume ainda se mantém vivo nos nossos dias].

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

CUCA CUCAMACUCA CUCCA MACUCA

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

REIS (1904) GDE PRIB

FIGUEIREDO (1899):

O mesmo que coca = cada uma das células ocas de um pericarpo.

Pedra escura e pequena, basáltica, com que os pedreiros calçam cantarias e alvenarias, e que eles apanham entre os seixos rolados dos rios.

Bugalho que, quando verde, tem cor avermelhada, como algumas maçãs, e que por isso é conhecida também por maçã-de-cuco.

Brasil: Expressão, com que se mete medo às crianças; coca.

Mulher velha e feia. O mesmo que luxo.

REIS (1904):

Designação da Serra de Santa Justa na época dos muçulmanos.

Daqui saiu a quadra atribuída aos muçulmanos que batendo em retirada face às forças cristãs da Reconquista terão dito:

“Serra da Cuca Macuca Grande pena me deixais; Atiraes com o ouro às cabras? Não sabeis com q’atiraes”

GDE e PRIB:

Pedra basáltica escura. Godo, pedra rolada.

Mulher velha e feia.

Maçã de cuco.

CUMIEIRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) cumenaria GDE cumine

SILVA (1789):

Parte mais alta de uma casa.

FIGUEIREDO (1899):

Cume. A parte mais alta do telhado ou de uma montanha.

GDE:

Parte mais alta de uma elevação de terreno

CURPILHEIRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA INF

INF:

Gulpilheira (latim vulpecular/s = raposas).

Cordilheira (espanhol).

[Elevação de terreno onde existiam raposas?]

D

D. CARLOS I PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DNP

hari, karal, kerl WIK karl, churl

DNP:

Carlos significa homem, homem do povo, homem livre, guerreiro.

Tem origem germânica, significando homem livre ou homem do povo.

Carlos pode advir do termo germânico hari, com o significado de exército ou guerreiro.

Foi introduzido na Inglaterra pelos normandos sob a forma Carle no século XII, tornando-se mais popular a partir do século XIX.

Em Portugal, foi encontrado em documentos datados do século XVII. Era utilizado como uma tradução dos nomes de Cathal, Cathaoir e Turlough

A popularidade do nome Carlos começou na Europa graças à figura de Carlos Magno, Rei dos Francos (742 e 814).

Foi bastante utilizado por vários imperadores e reis na França, Suécia, Espanha, Portugal e Hungria.

WIK:

Karl de origem germânica significa forte, varonil ou robusto. Outros atribuem a sua origem ao termo anglo-saxão churl que significa pessoa comum ou um homem livre. O nome foi latinizado na versão Carolus. É provável que o nome se tenha tornado especialmente popular devido à existência de Carlos Magno, rei dos francos e dos lombardos, coroado imperador pelo papa em 800 d.C.

D. Carlos I (Lisboa, 28 de setembro de 1863 - 1 de fevereiro de 1908), apelidado “o Diplomata”, “o Mártir” ou “O Oceanógrafo”. Foi Rei de Portugal e Algarves de 1889 até ao seu assassinato. Era o filho mais velho do rei Luís I de Portugal, e de sua esposa, a princesa Maria Pia de Saboia

D. LUIZ I PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DNP hlot hlut wig

DNP:

Luís significa combatente glorioso, ilustre guerreiro, célebre na guerra. Curto, imponente e repleto de significados ilustres. Surgiu a partir do germânico Hloddoviko e Chlodovech, composto pela união dos elementos hlot hlut, que significa: famoso, ilustre, célebre, e wig que quer dizer guerreiro orgulhoso devido às suas conquistas.

A língua francesa converteu-o em Louis, um dos nomes mais populares na França entre a realeza desde a Revolução, sendo adotado por 18 reis. Teve uma queda de popularidade após a morte de Luís XVI na guilhotina.

WIK:

Luís I (Lisboa, 31 de outubro de 1838 – Cascais, 19 de outubro de 1889), apelidado “o Popular”, foi o Rei de Portugal e Algarves de 1861 até à sua morte. Era o segundo filho da rainha Maria II de Portugal, e seu marido, o rei Fernando II, tendo ascendido ao trono após a morte prematura do seu irmão mais velho, Pedro V

DEVESA DEVESA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) CARVALHO (1999) GDE defensa

BLUTEAU (1728):

Dehesa (castelhano) = defesa, espaço delimitado para criação de gado. Do hebraico = erva tenra. Campo de ervagem para se apascentar gado.

SILVA (1789): Lugar cercado de árvores, barreiros.

VIEIRA (1871):

Devêza: De diviso, divisa; propriamente que divide, separa.

Antigamente: limite, fronteira. Pasto cercado; mata de árvores que se não cortam sem licença.

FIGUEIREDO (1899): Alameda, que delimita um terreno. Mata cercada. Quinta murada. Soito. Variedade de pera do Minho e do Douro.

REIS (1904):

Campos situados entre a Fonte da rua, a Quelha da Fonte, a rua dos Bacelos e o ribeiro de Guistelas.

CARVALHO (1999):

BLUTEAU (1728) PRIB

Designa uma propriedade tapada, como também uma mata ou arvoredo em quinta ou cerrado. Neste caso devera referir-se a terrenos férteis nas margens de um rio.

MARQUES (2014):

A forma plural ‘devesas’ aparece com relativa frequência para descrever unidades de vários tipos (desde leiras e hereditates a ecclesiae e villae). Tanto os léxicos gerais como os hispânicos atribuem a este vocábulo o sentido de «terreno vedado», por via de regra em espaços incultos, de aproveitamento florestal e/ou pastoril. É certo que parece ser este o sentido dominante em vários espaços do Norte peninsular; e não deve excluir-se ainda a possibilidade de este termo aludir não propriamente a um perímetro demarcado, mas aos direitos de exploração sobre espaços de aproveitamento coletivo que uma qualquer unidade de exploração deteria. No entanto, não é impossível que a palavra designe igualmente parcelas vedadas em zonas de cultivo; como de resto poderão indiciar duas referências a devesas situadas em agri

CARVALHO (2015):

Moisés Espírito Santo associa Deveza a local de assembleia ou reunião, por estar relacionado com pequenas hortas, muitas vezes trabalhadas coletivamente e que poderia ter oliveiras, árvores de grande utilidade para a população.

GDE:

Defesa, proibida a entrada.

PRIB:

Terreno coutado, cercado com árvores e pasto.

DIAS DE OLIVEIRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DER dia, dies

DIAS

DER: Origem latina.

DNP:

Dias é um sobrenome de origem espanhola. Surgiu a partir de Diez como um sobrenome patronímico, forma como é classificado o sobrenome do pai. Dias significa “filho de Diego” ou “filho de Diogo”.

WIK:

António Dias de Oliveira (Valongo 23 de junho de 1804 - Lisboa São Mamede 22 de abril de 1883).

Foi bacharel em Leis, magistrado e político da esquerda portuguesa do tempo da Monarquia Constitucional, que, entre outras funções, foi deputado e ministro, tendo, entre 2 de Junho de 1837 e 10 de Agosto do mesmo ano, sido presidente do Conselho de Ministros de Portugal

Ver: OLIVEIRA

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

FIGUEIREDO (1899)

DER; PRIB directus, directa, directum

VIEIRA (1871):

A mão direita, o lado direito, a parte oposta ao lado do coração.

Levar à direita, dar a direita, o lugar da mão direita.

Militar: direita volver, voz de comando, à qual o soldado, unindo no primeiro tempo o côncavo do pé direito ao calcanhar do esquerdo, levanta no segundo as pontas dos pés, e gira para a parte direita sobre ambos os calcanhares.

FIGUEIREDO (1899):

O mesmo que destra (de direito).

Direito: direto. Que segue ou se estende em linha reta: caminho direito. Plano, aprumado, reto, íntegro.

Aquilo que é reto, que é justo.

Aquilo que se conforma com a lei ou com a justiça.

Faculdade legal de praticar ou não praticar um ato.

Conjunto de leis ou de regras acerca das relações sociais: o direito romano. Regalia, tributo, imposto: os direitos de alfândega.

AMADO (2012):

O topónimo [Rua] “Direita” refere-se à noção abstrata de direção, especificando o principal papel urbano que desempenha na sua origem. Assim, esta será sempre entendida como uma rua “direta”, isto é, com o significado de direção imediata para um ponto específico. Do mesmo topónimo extrai-se a sua natureza conceptual e as suas qualidades como elemento urbano direcional, articulador, gerador, agregador, estruturador, preponderante e legível. Em território nacional, particularmente no Continente, as Ruas Direitas identificam-se em contextos urbanos consolidados, mas também em contextos rurais, podendo existir situações singulares ou com ocorrências múltiplas numa mesma cidade. Esta constatação revela um elemento urbano com capacidade de ser multiplicado, admitindo diferentes formas de agregação, tanto em contextos urbanos primordiais como de expansão.

PRIB:

Reta, corresponde à distância mais curta entre dois pontos. Sem curvas nem irregularidades.

DONEILHE DONÊLHA

DONELHA PRÉ ROMANA ROMANA

REIS (1904):

REIS (1904) donellus

Área ocupada por campos nas margens do ribeiro.

GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DONELLIA ou DONÊLHA = quinta de Donello - antropónimo masculino.

DOUTOR CÂNDIDO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DER; DNP candidu, candidus

CÂNDIDO

DER:

Vem do latim erudito.

DNP:

Significa branco, brilhante, radiante, resplandecente, puro, ingénuo, inocente.

A partir do latim candidus, é a variante masculina de Cândida que apareceu em Inglaterra em 1898, através da personagem e título de uma peça de Bernard Shaw, denominada Candida

PRIB:

Ingénuo, puro, inocente. Nome masculino.

DOUTOR NETO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DER nepos, nepta, neptis

NETO

DNP:

Pode ser usado como variante de Nero.

Sobrenome de família, com origem portuguesa e espanhola, surgido a partir de uma forma de homenagem que, algumas famílias típicas de Portugal e Espanha, prestavam aos seus antepassados, nomeadamente os avôs paternos, entre os séculos XI e XIV.

Durante o século XIX, quando o sobrenome Neto já estava presente em algumas famílias brasileiras, era comum o uso da grafia “Netto”.

Ainda nos dias de hoje, o sobrenome Neto aparece como um complemento ao nome de um indivíduo que foi batizado com o mesmo nome próprio que o seu avô, servindo como uma homenagem ao seu antepassado.

PRIB:

Filho do filho ou da filha, em relação aos avós.

Cavaleiro que nas touradas transmite as ordens ao inteligente.

Rebentos de couve (Minho).

Limpo, límpido.

Nome de família.

ECCLESIA

ECCLESIE

ECCLESIE

EGREJA

EGREJA

PRÉ ROMANA

PRIB

ekklesia, ekklesias (grego)

MARQUES (2014):

PRIB ecclesia, eclesiae

MEDIEVAL INCERTA

A generalidade dos léxicos que registam este termo atribui-lhe, entre outros, o significado de «igreja», «paróquia» (mais raramente «diocese»), «comunidade de cristãos» ou mesmo «mosteiro». Com efeito não é possível traçar na documentação altimedieval uma divisão clara entre «igrejas» (que hoje classificaríamos de «paroquiais» ou «seculares», mais genericamente) e «mosteiros», fruto das muitíssimas possibilidades de apropriação e utilização social dos templos e do conjunto de recursos que estes articulavam. Importa, de facto, sublinhar a capacidade do termo ‘ecclesia’ para designar não apenas um templo em sentido estrito, mas também as suas dependências construídas e o perímetro imediato, consagrado nas fórmulas canónicas que aludem ao dote das igrejas; quando não mesmo o conjunto dos direitos patrimoniais da igreja. Este perímetro poderia constituir mesmo uma unidade residencial e de exploração autónoma, como se deduz da alusão relativamente frequente a uma enorme diversidade de componentes estereotipados ou indefinidos de ecclesiae, entre os quais se incluem: dextros, passales, espaços de enterramento, casas, vinhas, pomares e outras parcelas agrárias, etc. Aliás, não é impossível que a simples referência à ecclesia servisse para designar o próprio núcleo (ou núcleos) de habitat que com frequência (ainda que não necessariamente) se formava no seu entorno, ou mesmo todo o território apropriado por esses núcleos; o que é, de resto, indiciado pela relativa frequência da identificação hagiotoponímica de villae e lugares.

PRIB:

Congregação de fiéis unidos em volta da mesma fé. Edifício onde a congregação se reúne.

EIRA DE PEDRA PRÉ ROMANA

ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899)

DER área, aira

VIEIRA (1871):

Lugar onde se põe a secar o trigo, o milho, o centeio e onde se debulham e limpam.

FIGUEIREDO (1899):

Porção de terreno liso e duro, ou laje, em que se secam cereais e legumes, e em que se malham ou trilham e limpam. Lugar, anexo às fábricas de açúcar, para guardar as canas, antes de empregadas. Terreiro, em que se junta o sal, ao lado das marinhas. (Do lat. area)

LIMA (2012): Palavra de origem latina, que só aprece com esta forma no século XI.

DER:

Terreno liso e duro.

PRIB:

Terreno liso ou empedrado onde se põem a secar e se trilham ou desgranam legumes ou cereais. Terreiro onde se junta o sal que se tira das marinhas.

Tempo em que se trabalha nas eiras.

VER: PEDREGAL

[No concelho de Valongo a lousa é muito usada para lajear as eiras, pelos motivos que se passam a apontar: pela sua abundância no território; por se separar facilmente em placas, originadas pela sua formação geológica; por absorver muito bem o calor e permitir uma melhor secagem dos cereais e leguminosas aí colocados.

Os produtos da terra eram aquecidos de cima para baixo pela radiação solar e de baixo para cima pelo calor residual acumulado pela pedra negra.

Era o local onde se realizavam grandes reuniões de trabalhadores e amigos para a execução das fainas agrícolas como a debulha do milho, o tratamento do linho, sendo palco de acontecimentos de dimensão etnográfica e antropológica muito importantes, no contexto agrário]

ENCARNAÇÃO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DER incarnatione GDE; PRIB incarnatio, incarnationis in+carnare

VIEIRA (1871):

Ato pelo qual o Verbo se tornou carne.

FIGUEIREDO (1899):

Ato de encarnar. Reparação, com que se imita a cor da carne em imagens e estátuas. Preparação especial, para colar loiça partida. Dogma cristão de que o Filho de Deus encarnou ou se fez homem.

GDE e PRIB:

Campo fértil nas margens de um rio. Ideia associada às culturas. INCARNARE = fazer-se carne, da semente à planta. [Em Campo, a Festa da Sr.ª da Encarnação realiza-se no último fim-de-semana de maio e está ligada à sementeira do milho. A procissão passa por ruas e caminhos paralelos ao sistema de regadio, indispensável ao êxito da referida cultura, toda ela marcada pelo calendário religioso, como a irrigação dos campos semeados, que se faz do S. João (24 de junho) à Sr.ª da Assunção (15 de agosto). As contendas entre agricultores e moleiros pela posse da água está documentada desde o século XVII, assim como os desaguisados entre moradores de freguesias contíguas. Os moradores a jusante acusavam os habitantes que viviam a montante de represar as águas e assim os privar de tão precioso recurso]

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

EREMITÉRIO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

ODP

hou éremos (grego) ODP eremita (latim)

SILVA (1789): Casa de eremita.

FIGUEIREDO (1899):

Lugar, onde vive um eremita. Abrigo de eremitas. Lugar afastado de povoação.

O mesmo que ermitério.

MARQUES (2014):

A generalidade dos léxicos que registam este termo atribui-lhe o duplo significado de eremita e de lugar de habitação de um eremita, ermida.

Note-se, contudo, que como bem notou Viterbo, a propósito de um termo próximo, a associação das ermidas a uma forma de vida monástica (anacorética), embora frequente, não é necessária, correspondendo muitas vezes a pequenos templos fundados em lugares ermos.

[Em Valongo, na Serra de Santa Justa e Pias a tradição popular coloca um eremita a viver nas cavidades resultantes da exploração mineira aurífera da época romana]

ERMESINDE

ERMESINDI

DERMJSINDI

ERMEZINDE

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

AZEVEDO (2005)

AZEVEDO (2005):

Terminação Inde tem origem germânica.

INF:

Terra de Ermesendo [A freguesia de S. Lourenço d’Asmes, passou a ser designada por Ermesinde, em 1911 após a implantação da República]

ERMIDA ERMIDA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

HOU éremos (grego) HOU eremita

SILVA (1789):

Igreja pequena geralmente num descampado

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899): Capella, igreja pequena, fora do povoado. Pequena igreja. (De ermo)

HOU:

Sinónimo de deserto, que se associou a quem se distanciava do mundo. Lugar deserto, afastado, solitário. Pequeno santuário em lugar ermo.

ESCADINHAS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DER scala, scalata, escaada

PRIB

scala scalata, scalinata

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899):

Escada: série de degraus de pedra, metal ou madeira. Utensílio, formado de duas peças de madeira, ligadas por travessas paralelas e equidistantes, que servem de degraus. Utensílio análogo ao antecedente e formado de cordas. Aquilo que serve para que alguém suba ou se eleve.

Escadinha: arbusto eritróxilo do Brasil.

PRIB:

Construção em planos para vencer declive.

ESCOURAL

ESCOURAS ESCORIAL ESCORIAS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA PRIB

skoria (grego) PRIB scorĭa

FIGUEIREDO:

Escorial: terreno ou campo, onde há escórias de metais.

REIS (1904):

Lugar onde se amontoam as escouras/escórias de metal.

Supõe-se que ali passava a estrada romana.

PRIB:

Resíduos sólidos ou partículas provenientes da fusão de metais.

ESCUSA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VITERBO

escuso, escusare DER; PRIB absconsu, excusare

VITERBO (1865): Atalaia.

DER:

Escondido. Objeto de escusa.

ESPINHEIRO

ESPINHEIRO

ESPINHEIRO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CARVALHO (1999) PRIB spinarium spina+eiro FIGUEIREDO (1899) DER spinarius

VIEIRA (1871): Em botânica, espinheiro alvar é o mesmo que o cardo leiteiro, apetecido pelos burros.

FIGUEIREDO (1899): Planta espinhosa e vivaz, que serve de tipo às ramnáceas. Nome de várias plantas leguminosas da América. Sarça.

CARVALHO (1999): Nome vulgar aplicado a muitas plantas, mais ou menos espinhosas, algumas espontâneas e cultivadas em Portugal, entre as quais o espinheiro-alvar e o espinheiro-da-virgínia, que já aparece referenciado no século XV.

OSÓRIO (2017):

Designa terrenos afetados pela intensidade da ação mineira, onde durante séculos o cultivo agrícola e a floresta foram impossibilitados. No passado, as terras eram sistematicamente cultivadas, perdurando apenas na toponímia aquelas que se revelavam permanentemente impróprias para a agricultura, revestidas de matos e vegetação daninha.

PRIB:

Balsa; cambroeira; sarça; família das acácias.

Arbusto ou árvore com espinhos, muitas vezes usadas em cercas.

ESTAÇÃO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) station DER statione

FIGUEIREDO (1899):

Estada ou paragem num lugar.

Lugar determinado, em que param ou suspendem a marcha comboios ou carros. Lugar onde um navio se demora por algum tempo.

Posto policial. Repartição pública.

Cada uma das quatro partes em que os equinócios e os solstícios dividem o ano. Cada um dos períodos, mais ou menos naturais, da existência.

Visita da devoção às igrejas. Dezena de padre nossos e ave-marias. Alocução de pároco, à missa conventual. Paragem de procissão ou irmandade, para se rezar ou cantar alguma oração.

Medida itinerária do Oriente.

Temporada.

Oportunidade, tempo próprio para alguma coisa.

DER:

Lugar de paragem.

PRIB:

Estada, paragem de duração variável que se faz num lugar. Lugar de partida e de chegada de comboios, autocarros, etc. Repartição, edifício ou administração de certos serviços públicos.

WIK:

Situa-se no lanço entre Ermesinde e Penafiel da Linha do Douro, que abriu à exploração em 30 de Julho de 1875, fazendo parte do elenco inicial de interfaces neste troço. Em 1913, existia um serviço de diligências ligando a estação de Valongo a Paços de Ferreira e Freamunde. Em 1933 sofreu obras de reparação e melhoramento nesta estação e calcetamento do cais.

[Em 1890 teve lugar uma organização urbanística da vila de Valongo e este marco esteve na origem da designação de um dos bairros em que se organizou a povoação]

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

ESTILHADORES PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE; PRIB estilha (castelhano)

ESTRADA VELHA

ESTRADA NOVA

ESTRADA VELHA

ESTRADA DA BALSA

ESTRADA DA VALSA

ESTRADA DE ALFENA

ESTRADA DE SOBRADO

ESTRADA REAL

FIGUEIREDO (1899):

Estilhar: partir em estilhas, despedaçar.

Estilheira: de estilha; utensílio em que o ourives apoia a mão e o objeto em que trabalha.

GDE e PRIB:

Indivíduos que produzem trabalho que produz estilhas de madeira, lascas de pedra ou limalhas de metal.

Estilhar = reduzir madeira a estilhas.

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

GDE; PRIB strada, strata, vetus veteris, vetelus novus, nova, novum

ESTRADA

VIEIRA /1871):

Caminho público mais ou menos largo, que conduz dum lugar a outro e fica fora desses lugares, por oposição a atalho, vereda, azinhaga, carreira.

FIGUEIREDO (1899):

Caminho mais ou menos largo, em que podem transitar homens, animais e veículos.

MARQUES (2014): É possível encontrar um conjunto relativamente amplo de termos que designam vias de comunicação no nosso corpus documental: ‘carrale/ carraria’, ‘congusta’, ‘incruciliata’, ‘strata’, ‘vereda’ e ‘via’. Esta variedade espelha, desde logo, a hierarquia (e a diversidade tipológica) da rede viária, que articulava: (i) pequenos carreiros de acesso a espaços residenciais, agrários, incultos, (ii) caminhos locais que ligavam os diversos lugares inscritos no perímetro de uma villa, (iii) caminhos supra-locais que ligavam núcleos de povoamento entre si e (iv) as vias principais, fixadas no essencial desde o período romano, que ligavam os grandes núcleos «urbanos» à escala regional. O facto de os redatores recorrerem quase sistematicamente a um só termo na identificação de cada via mostra claramente as diferenças de sentido das diversas palavras utilizadas, e espelha esta hierarquia da rede viária. Mas, se alguns termos parecem não oferecer grande margem para dúvida quanto ao tipo de via que designam, outros prestam-se a nomear tanto vias principais como caminhos locais, como é o caso do mais frequente de todos: ‘carrale/carraria’.

Strata - registam-se duas unidades designada por este termo: uma com o qualificativo de ‘maior’, que diz bem da importância dessa via, de resto coincidente com o sentido de «estrada ou caminho pavimentado» que a generalidade dos léxicos atribui a esta palavra; outra designada de «strata de uereda», numa combinação de dois termos utilizados habitualmente para designar vias de comunicação, em que o segundo parece assumir, de alguma forma, uma função qualificativa; acresce uma quarta unidade designada de «via de illa strata».

GDE:

Caminho estendido por terra, empedrado.

PRIB:

Via de comunicação destinada ao trânsito de veículos.

VELHA

Antiga, podendo ter origens ancestrais, por oposição a NOVA, mais recente e que indicia um alargamento da área de povoamento com maior densidade populacional.

ESTRADA REAL n.º33

Ligava o Porto a Espanha, passando por Valongo, Penafiel, Régua, Chaves e Bragança. Era um caminho muito percorrido e via de almocreves que saídos do Porto faziam em Valongo a primeira paragem de descanso, contribuindo para o desenvolvimento económico da vila. Foi sendo empedrada e melhorada com a implementação de fontes para pessoas e animais, baseada nos impostos taxados sobre o pão e outros géneros alimentícios, depois da elevação de Valongo a concelho em 1836 e a vila no ano seguinte, tendo sido definitivamente aberta em 1847.

Ver: ALFENA, BALSA, SOBRADO

EVANTA EVANTA ET MOLENDIN

Ver:

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X

IVANTA e MOINHOS

FAMELGAS FATELGAS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899)

DER; GDE famelicu, famelicus

FIGUEIREDO (1899):

Famelga: pessoa franzina, com cara de fome, faminto.

REIS (1904):

Fatelgas: campos e caminho.

DER:

Alteração de famélica.

GDE:

Pessoa astuta ou famélica.

INF:

Família; pessoa com cara de fome.

FEIRA FEIRA DE S. MAMEDE

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

CARVALHO (1999)

GDE; PRIB feria, feriae, feriarum

VITERBO (1865): Local de venda.

VIEIRA (1871):

Feriae conserva na forma ferias o sentido latino, e adquiriu o de mercado que se faz em dias determinados, periodicamente, sentido em que substituiu o equivalente perdido latino nundinae, na forma feira, que precedida dos numerais segunda, terça, quarta, quinta, sexta serve também em português para designar os dias da semana chamados pelos romanos dies Lunae, dies Martis, dies Mercurii, dies Jovis, dies Veneris. As outras línguas românicas conservaram para esses dias denominações pagãs.

FIGUEIREDO (1899):

Lugar público e descoberto, em que se expõem e vendem mercadorias. O mesmo que compras. Designação complementar da maior parte dos dias da semana: quarta-feira, quinta-feira... Balbúrdia.

CARVALHO (1999): Sítio onde se expõem e vendem mercadorias; grande mercado que se realiza com certa periodicidade.

DER:

Do latim tardio feria, significa dia de festa, dia de repouso. Passou a significar feira que coincidiam com grandes festividades religiosas.

O significado de dia de trabalho derivou dos calendários litúrgicos, onde dies feriales, dias de festa de um santo, se contrapõem a dies domenica, dia do Senhor e domingo. Houve intuito de evitar as designações pagãs.

GDE:

Local de venda de produtos que se realiza com alguma periodicidade.

FELGUEIRA

FELGUEIRA

FELGUEIRAS

FELGUEROOS

PRÉ ROMANA ROMANA

DIT; GDE filica, filice, filicaria

FIGUEIREDO (1899):

O mesmo que dentebrum

Terreno, onde há felgas ou onde crescem fetos.

DIT e GDE:

Terreno onde há felgas = fetos.

Terreno que se limpa e de onde se extraem as raízes.

Torrão de terra desfeito.

Nome de família a partir do século XIV.

GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO VALONGO

FERNANDES PEGAS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FERNANDES WIK

frithunanths, fredenandus, fernandus

PEGAS

PRIB

Pica, picae WIK

FERNANDES

REIS (1904):

Era o nome do dono de uma taberna que existia no Alto de Fernandes (Valongo).

WIK:

Sobrenome de origem patronímica, filho de Fernando, de origem pré-romana e depois romanizada, (paz+corajoso).

PEGAS

PRIB:

Pássaro da família dos corvídeos, muito comum no Norte de Portugal, com manchas brancas e pretas na plumagem e que pode chegar a ser domesticado.

Mulher considerada feia ou malvestida, que exerce a prostituição. Pessoa faladora, impertinente ou maçadora, que não se lembra onde põe as coisas.

Cavalo de duas cores.

Peça que, no alto do mastro, serve para enfiar o mastaréu.

[Nome de família que ainda existe na atualidade]

FERRARIA

FERRARIA

FERRARIAS

FERRARIIAS

FERRARIE

WIK ferrum

VIEIRA (1871):

Oficina de ferreiro; fábrica onde se forjam obras de ferro e se prepara o mineral extraído das minas. O trabalho de extrair o ferro, lavrar as suas minas, e apurá-lo para se lavrar em barras, fundir e servir de material a outras fábricas.

LEAL (1873-88):

Referindo-se a Queimadela, S. Vicente da (atual Alfena) diz:

“A palavra ferraria, aqui, não significa forja, ou qualquer officina de ferreiro; mas sim um campo que da herva (prado ou lameiro).

Vem de ferran, certo pasto verde para gado, cuja semente procede quasi sempre das limpaduras do trigo, centeio e cevada, por isso é que se dá o nome de forragem á mistura de cousas heterogéneas, amontoadas sem ordem alguma.”

FIGUEIREDO (1899):

Fábrica de ferragens. Loja de ferreiro. Arruamento de ferreiros. Grande porção de ferro.

Género de plantas irídias.

REIS (1904):

Rua da Ferraria tem a ver com os ferradores e ferreiros que aí viviam no século XVIII.

OSÓRIO (2017): Ferraria pode estar associado a uma das fases do tratamento e transformação dos minérios explorados no território de Valongo, especificamente o ferro.

GDE:

Ofício relacionado com trabalho de ferro, oficina, planta.

PRIB:

Fábrica de artefactos de ferro, forja, rua ou bairro de ferreiros, forno de fundição de minério de ferro.

Mina de ferro e local onde se trabalhava.

Muito comum em Portugal e na Galiza (Ferraría).

FERREIRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

ROCHA (2017) ferrārĭa

FIGUEIREDO (1899): Nome de um peixe.

ROCHA (2017):

AZEVEDO (2005) ferro

Rio Ferreira com nascente nas imediações de Freamunde (concelho de Paços de Ferreira), é um afluente do rio Sousa. Poderá supor-se que o hidrotopónimo é o resultado do latim ferrārĭa, mina de ferro. Pode, portanto, supor-se que o rio se chama assim desde fase recuada de latinização.

GDE:

Nome de família e topónimo ligado ao ferro. Peixe da família dos besugos.

FERREIROS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE ferrariu

VIEIRA (1871):

Oficial que trabalha em obras de ferro, que as faz.

Ave branca e preta, menor que o pardal.

FIGUEIREDO (1899):

Aquele que trabalha em obras de ferro. Ferrageiro.

Diz-se dos animais, que têm o pelo escuro. Peixe esparídeo. Pequena ave, semelhante ao pardal. Gaivão. Mejengra.

ROCHA (2017):

Nome comum, ferreiro é um derivado de ferro.

GDE:

Indivíduos que trabalham o ferro.

Pássaro da família dos chapins com pio estridente que faz lembrar o som de martelar o ferro, rabirruivo.

FERVENÇA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DIT; GDE; PRIB fervura, ferventia, ferventiae

SILVA (1789): Fervencia = Fervura.

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899):

O mesmo que fervura, ardor, vivacidade, fervor, efervescência.

Fervência = O mesmo que fervura.

ROCHA (2017): Nome comum fervença

Neutralização do contraste entre /b/ e /v/ e onde igualmente se pode supor o abaixamento e recuo da vogal nasal [ẽ] >[ã] ou [ɐ].

Estas características permitem explicar que Farbança seja, afinal, o mesmo que fervença, fervura, ardor, vivacidade e, por extensão semântica, queda-d’água nome comum que se converte frequentemente em topónimo Fervença

Do léxico comum fervença, queda de água e grande agitação.

Derivado de ferver, do latim fervēre, o qual denota também, a agitação de cursos de água locais, a fonte em borbotões ou mesmo termal, olho ou bolhão.

DIT, GDE e PRIB:

Nascente de água termal. Nascente de águas borbulhantes ou quentes.

Na Galiza existe Ferbenza e Fervenza.

Ver: ESTRADA VELHA

FIDALGA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA GDE

FIGUEIREDO (1899): Mulher de fidalgo, nobre. Variedade de pera muito apreciada.

GDE:

Filho de algo; indivíduo pertencente à nobreza por nascimento ou aquisição de título.

FIGUEIRA

FIGUEIRAS

FIGUEIROOS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899) GDE ficaria

VIEIRA (1871): Árvore que produz figos, da família das urticáceas. Originária do oriente, entrou na Grécia e foi por eles espalhada pela Itália, tendo os romanos disseminado a árvore por toda a Europa meridional.

FIGUEIREDO (1899): Árvore frutífera, da família das urticáceas. Árvore silvestre do Brasil. Plantar uma figueira = dar uma queda.

MARQUES (2014): Ficarias, ficulnea, figale, este termo tanto pode designar figueira como o coletivo figueiral ou terreno plantado com figueiras.

GDE:

Árvore que dá figos

Nome de família de origem espanhola do séc. XIV

FIJÓS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

FOJO

FOJO (cales do)

F. DA TALHADA

F. DAS PENHAS

F. DAS POMBAS

F. SAGRADO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA FOJO

FIGUEIREDO (1899) fogium

AZEVEDO (2005) fóvea

MARTÍNEZ LEMA (2016) foueu

POMBO

CARVALJO (1999) palumbu

SAGRADO

DER

sacratum INF sacratu

FOJO

SILVA (1789); VIEIRA (1871):

Cova profunda cuja cova é tapada com rama para que ceda ao peso do animal que lhe passe por cima, armadilha de lobos. Cova nas minas. Termo de fortificação. Poço natural profundo e lamacento que engole varas muito compridas, parece que a água rompe de baixo para cima.

FIGUEIREDO (1899):

Cova funda, cuja abertura se tapa ou se disfarça com ramos, para nela se apanharem, vivos, animais ferozes. Cova semelhante, que se faz durante a guerra, para colher inimigos. Sorvedoiro para águas. Caverna. Brasil - armadilha, para apanhar ratos ou caça miúda.

AZEVEDO (2005):

Simonet, além do nome próprio foyos, regista as formas apelativas moçárabes foyo, foo e foya, ao lado do português fojo e foio (baixo latim fogia / fogiu, do latim fóvea).

Galmés de Fuentes cita o topónimo Foyos e Sanchis Guarner refere-se ao apelativo moçárabe foia, continuador do latim fóvea ‘buraco, caverna, fosso’, representado na toponímia valenciana — Foios. Piel abona as formas galego-portuguesas fojo e foja na aceção orográfica de passagem estreita; depressão.

Pidal refere as formas asturianas Fueyo, Los Fueyos e as correspondentes castelhanas Hoyo, Hoyos ( foveu).

O vocábulo recobre, no entanto, um vasto leque semântico: cova ou buraco fundo, tapado com ramos de árvore, para servir de armadilha a animais ou a pessoas, caverna, furna, gruta, lugar de refúgio ou abrigo, cova que se abre nas minas para servir de depósito de água, redemoinho ou sorvedouro de águas e lama, local muito profundo num rio.

MARTÍNEZ LEMA (2016):

Fojo e derivados toponímicos podem fazer referência a certos tipos de orifícios artificiais no terreno, mas também a estruturas especificamente construídas para a captura de determinados animais, entre quais o lobo.

OSÓRIO (2017):

Fojo pode ter um significado duplo, associado a questões mineiras e agrícolas, sendo que alguns dos sistemas de regadio advêm de estruturas de escoamento da água das minas. Área de extração em jazida primária ou secundária.

ROCHA (2017):

Do léxico comum, formado no período romance ou depois.

Forno e Fornos, partem do nome comum forno – do latim fŭrnus ou fornus. São topónimos comuns em Portugal. Pode fazer referência a uma construção destinada a cozer e assar alimentos (como em «forno de/do pão») ou substâncias («forno da cal»); mas é ainda aplicável a um dólmen ou a um acidente do terreno como uma cavidade ou cova.

POMBO

CARVALHO (1999):

Do latim palumbu, pombo bravo extensivo a aves columbinas representadas por espécies selvagens e raças domésticas. O coletivo pombal, de pombo + al, refere-se, quase por certo, ao pombo doméstico.

[Aves que procuravam abrigo nas cortas resultantes da exploração aurífera romana]

TALHADA

FIGUEIREDO (1899):

Porção cortada de certos corpos. Fatia; naco.

INF:

Porção comprida e estreita que se corta de um corpo, especialmente de certos frutos de grandes dimensões; fatia.

[Este termo pode estar associado às “cortas” ou aberturas resultantes da exploração aurífera romana ou de outras explorações de minerais, geralmente longas e estreitas, porque maioritariamente seguiam os filões.]

SAGRADO

WIK:

Refere-se a algo que merece veneração ou respeito religioso por ter uma associação com uma divindade ou com objetos considerados divinos.

[As aberturas resultantes de atividades mineiras sempre despertaram uma grande curiosidade e respeito por parte dos indivíduos que os conheciam. A tradição refere que alguns foram usados como eremitérios, daí a presente associação. A necessidade de sacralizar espaços cavernosos vem da sua associação a espaços infernais]

Ver: CALES, PALUMBARIUS, PENEDA

FONS ARMENA PRÉ ROMANA

OSÓRIO (2017):

FONS

FONTAINHAS

FONTANELLE

FONTE FONTE FONTE

F. DA LAGÔA

F. DA PASSAGEM

F. DA PONTE CARVALHA

F. DA PORTELA

F. DO PADRÃO

F. DA RUA

F. DA RUA NOVA

F. DA SENHORA

F. DO CLÉRIGO

F. DO ILHAR MOURISCO

F. DOS BACELLOS

F. ou POÇO DO SAPAL

F. FRIA

F. MOURISCA

FONTENÁRIO

FONTELHA

FONTELLOS DO SUSÃO

FONTINHA

FONTAINHAS

ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE; PRIB fons armena

As águas desta fonte seriam vermelhas podendo ser férreas ou associadas ao vermelho (arménia), tal como o rio Minho (minium = vermelhão, zarcão ou cinábrio).

Arménia = espécie de terra argilosa e untuosa, vermelha ou amarela, que é usada pelos materiais do dourador, argila adstringente usada outrora como medicamento.

PRÉ ROMANA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

CARVALHO (1999)

LIMA (2012)

AZEVEDO (2015)

GDE fontanus, fons, fontis fontana, fonte, fontanariu

SILVA (1789); VIEIRA (1871): Fontanella = fonte aberta a cáustico. Fonte = origem ou mãe de água donde provém a que corre.

AZEVEDO (2015) fontana fontanela

FIGUEIREDO (1899): Fontaínha: pequena fonte. Contração de fontaninha (de fontana). Fontana: o mesmo que fonte. Fontal: relativo a fonte. Fontanal: o mesmo que fontal (fontanalis). Fontanário: o mesmo que fontal (fontana). Fontanela: parte membranosa do crânio das crianças. Fonte aberta por operação cirúrgica, como revulsivo. Fontículo. (de fontana).

Fontano: relativo a fonte. (fontanus).

Fonte: Lugar, onde nasce água perenemente. Água nascente, água que irrompe perenemente do solo. Chafariz. Bica artificial, por onde corre e donde se recebe a água destinada ao consumo doméstico. Texto originário de uma obra.

Fontes: lados da cabeça, que formam a região temporal de cada lado. (fons, fontis).

Fonte-cal: O mesmo que fonte-canal.

Fonte-canal: Variedade de uva.

Fontela: Pequena fonte ou nascente. Fontelas: Poros, ou impercetíveis orifícios, por onde as vasilhas de barro deixam passar água.

Fontenário: fontanário.

Fontículo: Pequena fonte; fontanela (fonticulus).

Fontinal: O mesmo que fontanal. (fontinalis).

REIS (1904):

Fontainhas derivado das fontes ou nascentes de água.

CARVALHO (1999):

Fonte e seus derivados designam realidades distintas, como nascentes, fontanários e pequenos veios de água, tendo em comum a necessidade vital do homem em água potável. Quando a água não chegava canalizada as casas, e muitas habitações não possuíam poços, era a fonte que resolvia esses problemas, como ajudava a moça casadoira no namorico de soslaio.

MARQUES (2014):

Fonte, fontano(a)

Estas duas formas derivadas do termo latino fons, com os diminutivos fontanelo fontanella. Ambos os termos têm, naturalmente, o sentido de fonte, nascente, que lhes é atribuído pela generalidade dos léxicos que os registam, incluindo os peninsulares. No entanto, para lá deste tipo de águas emergentes à superfície, foi também possível detetar alguns casos em que o termo fontano aparece a designar cursos de água, um sentido de águas correntes que nenhum daqueles léxicos regista. Finalmente, importa ainda notar a utilização frequente da forma plural fontes. O acesso a águas, destinadas desde logo à rega, seria, de facto, um componente essencial de qualquer exploração.

OLIVEIRA (2014):

O vocábulo fonte pode igualmente designar o recipiente para o qual escorre o azeite depois da prensagem.

AZEVEDO (2015): Fontana e Fontanela é um moçarabismo. (fontana aqua = água da fonte) porque conservou o n intervocálico.

OSÓRIO (2017): Área de extração em jazida primária ou secundária.

ROCHA (2017):

Do arcaísmo fontão, arroio, riacho, derivado de fonte, do léxico comum do estrato latino-romance, no sentido de pequeno ribeiro, riacho. Fontela é diminutivo de fonte, provavelmente da época medieval.

O nome tem a configuração de um diminutivo de fonte – do latim fŏns fontis, fonte, nascente, manancial de água, apresentando o diminutivo -ela particularmente produtivo nas fases romance e galego-portuguesa, como ocorre com outros casos (p. ex., Quintela).

GDE:

Jorro de água que brota da terra ou da rocha. Fontellos e Fontinha associados a esta realidade de nascentes de água.

FONTENÁRIO = Fonte monumentalizada.

FONTELA, FONTELHA = nascente ou fonte mais pequena derivado do sufixo.

CLÉRIGO

Indivíduo da classe eclesiástica.

Ver: BACELOS, CARVALHO, ILHAR MOURISCO, LAGOA, NOSSA SENHORA NOVA, PADRÃO, PASSAGEM, PONTE, PORTELA, RUA, SAPAL, SUSÃO.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

FONSECA VITERBO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

WIK: fons sicca

FONSECA

WIK:

É um sobrenome onomástico de origem espanhola e portuguesa. De origem toponímica, vem do latim fons sicca, que significa fonte seca. Os Fonseca são referidos como uma das cinco famílias originárias do Reino de Portugal, tendo em sua origem Monio Viegas, o “Gasco” da Armada dos Gascões que recuperou a cidade do Porto em 992 junto de seus filhos e do D. Onego, Bispo de Vendôme e do Porto. Receberam assim, pelo feito, o Couto de Leonil e Fonseca ou Fonte Seca, origem do apelido

VITERBO

WIK:

Comuna da região do Lácio e capital da província do mesmo nome. [É provável que o topónimo passasse a nome de família, referindo-se a indivíduos vindos dessa proveniência, na categoria de etnotopónimo.]

REIS (1904):

Dr. Boaventura da Fonseca e Silva de Viterbo. Grande jurisconsulto e advogado de grande nomeada junto da Relação do Porto, morreu em 1894.

LEITE (2012):

GEN:

Boaventura Fonseca Silva Viterbo nasceu no Porto a 21 de julho de 1831 e faleceu a 21 de setembro de 1896 com 65 anos. Filho de António Fonseca e Silva e Maria Marques da Nova Bacharel formado de Direito pela Universidade de Coimbra, grande jurisconsulto e advogado de grande nomeada.

Casou com Maria Henriqueta Virgínia Pereira de Almeida e foi pai de Fiel da Fonseca Viterbo, arquiteto e decorador com obra de relevo no país.

FORMIGA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

INF; PRIB formica

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899): Pequeno inseto himenóptero, que vive debaixo da terra.

Rochedo, coberto de água. Baixio. Figurativamente diz-se de pessoa económica.

Variedade de pera (originária da Quinta da Formiga, próxima de Lamego).

INF e PRIB:

Designação comum aos insetos da família dos formicídios.

[A designação está associada à igreja de N.ª Sr.ª da Mão Poderosa, hoje mais conhecida como de Santa Rita (de Cássia). O colégio a ela associado, recebeu entre 1848 e 1877, crianças desfavorecidas que tinham uma formiga como símbolo cosido no seu vestuário. Este animal simbolizava a humildade individual, mas ressaltava a importância do trabalho diligente do grupo. Poderá estar ligada ao anticlericalismo, surgido depois da extinção das ordens religiosas em 1835, fruto da implantação do liberalismo. Os frades Agostinhos, tal como os Jesuítas vestiam-se de preto, sendo estes últimos sido depreciativamente designados por “grilos”, que acabou por se colar à igreja de S. Lourenço, no Porto, conhecida até aos nossos dias como igreja dos Grilos.]

Ver: CAMINHO

FORNINHOS

FORNO

FORNUS PRÉ ROMANA ROMANA

FORNINHO

ROCHA (2017):

GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FURNA

F. DA CANA

F. DA RATA

F. DO TINTIN

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

ROCHA (2017)

fŭrnus, fornus

DER; GDE furnus, fornus, fornu

Diminutivo de forno, do léxico comum latino-romance, mas com o significado de ‘dólmen’. Aparentemente, encontrará origem numa descrição definida ou num topónimo com a forma fornelo, de um diminutivo romance de forno, com o mesmo significado da atualidade. Forno(s) e Fornelo(s) pressupõem uma metáfora de edificação dolménica ou o sentido espeleonímico, o que significa que tais topónimos são, portanto semanticamente afins dos casos de Anta, Antela e Antinha ou Mamoa e Mamoinha.

FORNOS

Do léxico comum, formado no período romance ou depois. Forno e Fornos, formando nomes simples ou compostos, são formas toponímicas frequentes em Portugal. Pode fazer referência a uma construção destinada a cozer e assar alimentos (como em «forno de/do pão») ou substâncias («forno da cal»), mas é ainda aplicável a um dólmen ou a um acidente do terreno como uma cavidade ou cova.

FORNO

SILVA (1789):

Obra de pedra e cal onde se mete fogo, para que não saia e opere mudanças no corpo que a ele expomos (pão, biscoito, argila, minerais, metais).

VIEIRA (1871):

Cavidade em que os colmeeiros criam as abelhas fora dos cortiços.

FIGUEIREDO (1899):

Construção abobadada, com uma porta lateral, dentro do qual se coze pão, se assa carne, etc. Construção análoga, com abertura superior, para cozer loiça, cal, telha, etc. Cavidade, gruta, que serve de abrigo de pastores.

Parte do fogão para fazer assados. Alto forno, o forno que é destinado à fundição de metais. Lugar muito quente.

MARQUES (2014):

Menções documentais datadas entre 1072 e 1086. Também aqui é desnecessário desenvolver o sentido de «forno» atribuído à palavra pela generalidade dos léxicos, embora convenha sublinhar a variedade tipológica, e funcional, dos fornos. E notar que uma das unidades identificada corresponde explicitamente a um forno destinado à cozedura de telhas.

[O topónimo FORNO é proveniente da freguesia de Alfena, o que pode reforçar esta última referência que o associa à cozedura de telhas e tijolos, acrescentamos nós, a fazer fé nas palavras de AZEVEDO (1999) que se passam a transcrever, quando se referia à proveniência dos materiais argilosos para a construção da Igreja Matriz de Valongo: “As telhas utilizadas na cobertura do edifício religioso são, maioritariamente, oriundas da telheira de Alfena, famosa pela qualidade e abundância do seu barro. As terras barrosas desta região permitiam outras atividades igualmente importantes: o fabrico de tijolos, a par com as telhas, e o fabrico de cal. Em 1818 foram encomendados os tijolos «para abobada da Igreja» a uma sociedade celebrada para a ocasião e composta por cinco «tilheiros». No ano de 1828, o fornecedor da telha a utilizar na cobertura da capela-mor - que tinha sido sofrido obras de acrescento - foi Francisco José Inácio, «dono da Telheira de Alfena», que repetirá o fornecimento em 1832. A telha utilizada nas obras de beneficiação da sacristia do lado do nascente, foi fornecida por outro tilheiro de Alfena, Francisco Loureiro, em 1835”]

OSÓRIO (2017):

Forno pode estar associado a uma das fases do tratamento dos minérios explorados no território de Valongo, especialmente no que se refere ao ouro.

GDE:

Construção abobadada para cozer pão ou louça.

Pode estar ligado à calcinação de minérios ou fusão de metais.

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA RATA

CARVALHO (1999) rate

FURNA

VIEIRA (1871) FIGUEIREDO (1899) INF fornu, furnus

SILVA (1789); VIEIRA (1871): Cova subterrânea escura, espelunca. Lapa.

FIGUEIREDO (1899): Cova, caverna, antro, lapa, subterrâneo. Furna = mina de água.

RATA

CARVALHO (1999):

Rata no celta rata, reconstrução a partir do irlandês rath e do gaulês ratis, que designavam a habitação do chefe entre os celtas, uma espécie de paço rústico em torno do qual se erguiam as cabanas de taipa e colmo de artesãos e servos. Todo este conjunto era envolvido por uma paliçada de madeira ou por um fosso. Rata do latim rate - barca, ponte de barcas.

TINTIM

DER:

Onomatopeia do tinido das moedas, a que se associa a ideia de pormenor.

[Pode estar associado ao som feito pela água ao escorrer, ou à ideia de que em alguns destes locais podiam estar escondidos tesouros]

Ver: CANA

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

GALEGOS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

DER; INF gallaecu, gallaecus

VIEIRA (1871):

Prestadio de recados, portes e carretos que está a ganho em muitas cidades de Portugal pelas esquinas, na alfandega.

FIGUEIREDO (1899).

Aquele que é natural da Galiza. Dialeto da Galiza. Relativo à Galiza. Mariola, moço de fretes. Homem grosseiro.

Casta de uva preta de Colares.

Ordinário: ginja galega.

Diz-se do vento do norte.

Espécie de trigo mole.

Dizia-se de uma qualidade de tecido de linho, referenciado num testamento de 1691.

LIMA (2012):

Etnotopónimo, que evidencia a ocupação tardia de indivíduos originários da Galiza.

INF:

Pessoa ou língua da Galiza, variedade de frutas, legumes e cereais, ave e pessoa do norte.

Variedade de linho mais fino.

GALLINHEIRO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899)

PRIB gallinarius, gallinarium, galinarii

SILVA (1789); VIEIRA (1871):

Casa onde se recolhem galinhas.

O que cria ou vende galinhas.

FIGUEIREDO (1899):

Capoeira. Poleiro. Vendedor de galinhas em Lisboa. Lugar nos teatros, por cima dos camarotes, no qual se acumulam os espectadores, sem número fixo; torrinhas.

Cachaço, pescoço.

Ir ao galinheiro significa dar pancadas, bater.

REIS (1904):

Local com pedreiras de ardósia.

[Antiga pedreira de lousa, a maior de todas explorada pela Vallongo Slate & Marble Quarries, situada na encosta da serra onde hoje se encontra a Biblioteca Municipal de Valongo e o Centro Comercial. Apareciam nódulos ovais no meio da lousa que se assemelhavam a ovos, daí a designação de galinheiro, local de proteção para galinhas. Até muito recentemente populares referiam-se a eles como ovos de dinossauro, dado que alguns deles podiam ultrapassar o tamanho de uma bola de rugby]

GANDRA

GANDRA

GANDRA

GANDARA

GANDRA

(página 1 de 2)

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

MACHADO (1984)

CARVALHO (1999)

LIMA (2012)

ALMEIDA (2020)

DER; GDE gandara

SILVA (1789):

FIGUEIREDO (1899) gandera

Gândara no Mondego, são as praias que deixa descobertas, quando vai mui sangrado, ou em geral terra areienta, e esteril, que mal da tojaes, & c..

VIEIRA (1871):

Ver: Gandara e Charneca. Terra arenosa e infrutífera que só dá tojais.

VASCONCELOS (1897):

Refere-se a vários terrenos incultos do seguinte modo: também são incultos, além de outros, os areais ou arneiros, as gândaras (na língua antiga ganderas), as montanhas escalvadas ou pedregosas, os brejos, os charcos, os lodaçais, as beiras dos caminhos e de estradas, e certas porções das bordas dos rios, pelas quais eles se alargam, nas cheias.

FIGUEIREDO (1899):

Terreno areoso, pouco produtivo, ou estéril. Terreno despovoado, mas coberto de plantas agrestes. Pedaço de esteva seca, que o gado vai tombando pelo monte ou que ficou nas boiças, depois de arder o mato.

MACHADO (1984):

Gândara existe também na Galiza (Pontevedra) e no Brasil (Minas Gerais). Há vários casos recolhidos em textos dos séculos XII e XIII em que ocorrem as formas Gândera e Gândra.

GANDRA

GANDRA

GANDRA

GANDARA

GANDRA (página 2de 2)

CARVALHO (1999):

O apelativo gandara designa um terreno despovoado, coberto de plantas agrestes. E também sinónimo de charneca, de terreno arenoso e pouco produtivo ou estéril.

Considerada de substrato alpino-pirenaico e ascendendo a uma base ganda, ligada por alguns autores ao testemunho de Plínio que apresenta a fala gandadia usada pelos mineiros das Astúrias.

Poderá vir do sânscrito kandara = vale, depressão, ista-gandha = areia, randhra = barreira e Candrakanta = pedra.

ESTEVES (2018):

De origem pré-romana continua a incerteza de que língua.

Jud uniu gândara e o alpino ganda = encosta pedregosa. Os Hubschmied tiravam-na do antigo gaélico ganem = areia. O certo é que basta ver um léxico gaélico para dar no étimo côngruo: gaélico escocês gann; irlandês antigo gann, dantes gand = scarce, escasso; céltico gando; gandháyate = danar, gandha = cheiro de apodrecido; lituano gendù = danar, estropiar.

No fundo é o adjetivo feminino gandā = danada, estéril, escassa, ao que gandarā agrega o sufixo átono -ro, de coletivos, como os gaélicos clocher, clochar = moreia de pedras” de cloch =pedra (antigos klokā, klokāron).

O céltico -ro- deu a forma ao nosso sufixo -ro, do que pícaro é paradigma. Pelo latim virou em gandāt-ia, depois gandāts-ia, complexo perante a simples ganda. Isto e o raro relativo deram no atalho da substituição pelo sufixo nominal coletivo, de acústica fácil e também de certa afinidade semântica, pois que a gândara é um pedregal.

ALMEIDA (2020): Gândara, Gandara ou Gandra é geralmente considerada como sendo um terreno inculto, uma charneca seca e arenosa. (…) Alguns dicionários relacionam este topónimo com o baixo latim gandera. Simplesmente este “baixo latim” não é senão a língua de base latina, usada na escrita, depois da queda do império, e que incluía termos genuinamente latinos e outros provenientes das línguas locais. É por isso evidente que se uma palavra ocorre no chamado “baixo latim”, mas não existia em latim (clássico), simplesmente é uma palavra não latina, introduzida num texto de base latina. É esse certamente o caso de gandera

Noutros casos procura-se a origem da palavra no “pré-indo-europeu”, num suposto radical gand ou kant, que poderia significar pedra ou rocha.

Gândaras não são constituídas por rocha ou assentes sobre terrenos rochosos, mas antes áreas geralmente arenosas, planas e baixas, associadas a locais áridos e de vegetação pobre.

Parece antes que a palavra gândara deve ter tido origem na forma ugarítica ḥmdrt (gmdrt), que corresponde à forma acádia ĥamadiru (gamadiru), com o significado de sequeiro ou terreno não regado. Parece que a possibilidade de a nossa gândara provir de um gamadarâa com o significado de sequeiro ou terra não regada é efetivamente bastante interessante.

GENS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA GDE gens

GDE:

Clã. Nos romanos com três nomes, o do meio indica o gens, ou seja, o nome da família a que pertenciam.

GESTOSA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DER; INF gest, genista

INF:

Também designada por “gista” é uma planta subarbustiva da família das leguminosas que dá para fazer vassouras nos meios rurais.

PRIB:

Gestais - zona com muitas giestas.

GIESTA GIESTAL PRÉ ROMANA

ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) DER; INF genesta, genista

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899):

Giesta: género de plantas leguminosas, a que pertencem vários arbustos de flores amarelas.

Giestal: Lugar, onde crescem giestas.

Giesteira: O mesmo que giesta. Árvore açoriana, cuja madeira é empregada por marceneiros em carroças, embarcações, etc.

Giesteiro: O mesmo que giesta.

Giestoso: Em que há giestas.

REIS (1904):

Lugar com muitas giestas.

As giestas são plantas arbustivas com muita utilidade nos meios rurais, dadas as suas múltiplas utilizações: vassouras, acender o lume nos fornos, cama de animais.

OSÓRIO (2017):

Designa terrenos afetados pela intensidade da ação mineira, onde durante séculos o cultivo agrícola e a floresta foram impossibilitados. No passado, as terras eram sistematicamente cultivadas, perdurando apenas na toponímia aquelas que se revelavam permanentemente impróprias para a agricultura, revestidas de matos e vegetação daninha.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

GORDOVAL PRÉ ROMANA

ALMEIDA (2020) GDR INF gurdu vallis

FIGUEIREDO (1899):

Análogo à gordura. Untuoso. Que tem gordura ou matéria sebácea. Importante, considerável. Forte, apto para boa produção, (falando-se de um terreno).

ALMEIDA (2020):

Gordo deve corresponder a uma troca de sílabas do original “gdr” (godera > goreda), que significa em ugarítico muralha, levantar um muro, que por certo em tempos teve algum tipo de fortificação que defendesse os residentes do local.

INF:

GORDO+VALE? Vale amplo e fértil?

[Em muitos locais o termo “gordo” refere-se a um espaço onde há riquezas minerais, como no caso de Monte Gordo]

GUISTELAS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE

INF genista

REIS (1904):

Propriedades, campos e caminhos com pequenas giestas, guiestículas.

GUYTARRIO PRÉ ROMANA ROMANA

ODP

ekklesia, ekklesias (grego)

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899) DER; PRIB ecclesia, ecclesiae

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899): Comunidade dos cristãos. Catolicismo. Conjunto dos fiéis, ligados pela mesma fé e sujeitos aos mesmos chefes espirituais. Autoridade eclesiástica. Estado eclesiástico. Clerezia. Qualquer templo cristão.

DER:

Lugar onde se reuniam os primeiros cristãos para celebrar o seu culto. Aparece como “edifício” no século II. Em português houve uma forma arcaica eigreja.

PRIB:

Congregação de fiéis unidos em volta da mesma fé. Edifício onde a congregação se reúne.

ILHA ILHAR PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899): DER; INF insula

SILVA (1789):

Terra toda rodeada por mar ou rio. Ilha de casas, quarteirão de casas rodeadas por ruas.

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899): Espaço de terra, cercado de água por todos os lados. Grupo de casas, insulado de outras habitações e cercado de ruas por todos os lados.

Pátio, cercado de habitações pobres.

Ilhas: o mesmo que arquipélago.

REIS (1904): Bairro com habitações muito juntas, daí a designação.

ILHAR MOURISCO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE; INF

Insula, ilha+ar

BLUTEAU (1728):

Origem árabe = linhar. Agra semeada de linho.

BLUTEAU (1728)

Existe nas variedades de Gallego (mais fino), Mourisco (espessura média) e Canamo (mais grosseiro). O linho mourisco adapta-se a solos mais pobres.

Uma pedra de linho pesa 8 arráteis.

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899):

Separar por todos os lados, tornar incomunicável, insular.

REIS (1904):

Lugar ocupado pelos mouros junto à fonte do mesmo nome.

[Espaço que ainda hoje apresenta muitos muros de telhão e há habitações com janelas, portas e chaminés de formas pouco convencionais, lembrando turbantes muçulmanos]

ÍNSUA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

DER; INF insula

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899):

Pequena ilha, banhada de algum lado por um rio e do outro ou outros por levada ou corrente que sai do mesmo rio.

Terra regadia, junto ao rio.

Ilhota. Pequena ilha de areia nos rios Vouga, Mondego e Minho.

INF: Ilha na foz do rio, terreno marginal ao rio, lezíria.

IVANTA EVANTA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

REIS (1904):

“Ivanta ou Evanta é a corrupção de avé, ó anta. Os antigos celtas chamavam anta a um marco que se punha à entrada das povoações ou mesmo a um pequeno altar que levantavam para oferecer sacrifícios. Mais tarde quando os romanos começaram a explorar as monas ao passarem em frente a este monumento que ficava nas fraldas da Serra de Santa Justa, exclamavam: avé, ó anta, que depois se corrompeu em avanta e dahi em evanta.”

JOSÉ LOPES PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

JOSÉ

DNP

Yosef (hebraico)

JOSÉ

DNP:

LOPES

DNP lupus

Significa aquele que acrescenta, acréscimo do Senhor ou Deus multiplica.

Tem origem no hebraico Yosef, que quer dizer Ele acrescentará, referindo-se a Deus. Foi um nome muito comum entre os judeus na Idade Média e no início foi pouco frequente entre os cristãos. Passou a ser popularizado na Espanha e na Itália no final da Idade Média, em razão da veneração a São José.

Na Inglaterra passou a ser comum após a Reforma Protestante e, em Portugal, apareceu em documentos datados da primeira metade do século XVI, como Joseph É nome de pelo menos três personagens bíblicos. O primeiro deles é mencionado no Antigo Testamento como o décimo primeiro filho de Jacó e Raquel, que ficou conhecido como José do Egito. Os outros dois são citados no Novo Testamento. Um é apresentado como José de Nazaré, foi o esposo de Maria e pai adotivo de Jesus, mais tarde reverenciado como São José, declarado em 1870 pelo papa Pio IX como o patrono da igreja universal. O outro era José de Arimateia, um dos discípulos de Jesus. Além de São José, o pai de Jesus, este é o nome de mais 35 santos.

LOPES

DNP:

Com origem do latim lupus, surge Lope, que significa lobo. Significa corajoso, vitorioso, filho do lobo. É um prestigiado sobrenome de origem espanhola, na forma López, onde a desinência ez equivale a “filho de”. Deste modo, trata-se de um nome patronímico, o que significa que tem origem no nome da família (sobrenome) ou no próprio nome do pai (Lope), resultando daí “filho de Lope”, “filho do Lobo”.

Por ser um nome patronímico, existem várias famílias e vários brasões com esse nome oriundos da Península Ibérica.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

JUNCAL PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CARVALHO (1999)

AZEVEDO (2005) GDE juncarium, junco

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899):

Terreno, em que crescem juncos.

Juncos: género de plantas delgadas, lisas e flexíveis, que crescem em terrenos húmidos e dentro de água.

Chibata. Bengala de junco.

Pequena embarcação oriental.

CARVALHO (1999):

Plantas herbáceas, alongadas e flexíveis, da família das Juncáceas, representadas em Portugal por várias espécies espontâneas, aquáticas ou de terrenos húmidos ou alagadiços. Terreno húmido e pantanoso onde crescem juncos. Lameiro.

MARQUES (2014):

O termo aparece referenciado já em 1056.

ROCHA (2017):

Do substantivo comum juncal, por via de uso toponímico prévio.

Nome comum juncal, terreno em que crescem juncos, um derivado sufixal do radical de junco, que, por sua vez, procede do latim juncus, ī ‘junco, planta; pé, haste semelhante ao junco.

JUSÃO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) PRIB jusum

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899):

Designação antiga. Que está abaixo. Dizia-se especialmente de algumas terras, divididas em duas partes que se distinguiam pela sua posição: vila susan e vila jusan (de juso).

Juso: Antigamente referia-se à parte inferior. Abaixo, debaixo.

[Acontece o mesmo no nosso caso com referência a Valongo Susão e Valongo da Estrada] PRIB:

Que está em baixo.

Diz-se especialmente da terra ou localidade situada numa zona inferior, por oposição a outra situada numa zona superior. = JUSANO

Antónimo de SUSÃO.

LAGÊDO LAGEEDO LAGEEDUS

VIEIRA (1871)

Láas = pedra (grego)

VIEIRA (1871):

MARTÍNEZ LEMA (2018) INF lagena

Lage, lagea, lagem = Lousa, pedra lisa e plana da parte superior.

Lageas frias = Lousas que cobrem as sepulturas.

Lageado = Solo coberto de lageas.

Lajedo = Lageas assentadas, reunião de lageas.

FIGUEIREDO (1899):

Lageamento.

Lugar, em que há muitas lages, lage muito extensa.

REIS (1904):

Casas e caminhos no Susão, onde estão as cruzes e o túmulo, datados de 1783.

MARQUES (2014):

Lagena

Equivalência de sentido entre lagena e lacuna leva-nos a admitir a aceção de lagoa natural ou artificial.

MARTÍNEZ LEMA (2016):

Significa pedra grande de superfície plana, lousa.

Deu origem a Lajeosa, Lagielas.

Laxeiras pode estar relacionada com lixo.

INF, PRIB, WIK:

Lajedo = terreno coberto de lajes, placa de cimento.

LAGOA LAGÔA

LAGOEIRO

LAGOELA

LAGOEIRÕES

LAGUEIRÕES

PRÉ ROMANA ROMANA

LAGOA

FIGUEIREDO (1899)

DER; PRIB lacu, lacona, lacuna, lacunae

LAGOEIRO

FIGUEIREDO (1899) lacunarius

VIEIRA (1871):

Lagoa = Lago considerável de águas vertentes. Porção de águas estagnadas e pantanosas.

GERMÂNICA ÁRABE

MEDIEVAL INCERTA

Lagoeiro = Imensa porção de água, que depois de chover muito, fica depositada nos sítios mais baixos, por algum tempo.

FIGUEIREDO (1899):

Lagoa: pequeno lago. Charco. Belga grande, com água de lima. Lameiro.

Antigamente significava o mesmo que galé.

Lagoeiro: Charco. Água pluvial estagnada. Grande porção de água entornada.

REIS (1904):

Lagoa: terreno ocupado pelo atalho que dá da Presa para a Ilha e campos adjacentes.

CARVALHO (1999):

Terrenos pantanosos, charcos ou pauis. No Minho, este termo continua relacionado com a abundância de água, belga grande com água limosa ou de lameiro.

OSÓRIO (2017):

Lagoa pode estar associado a uma das fases do tratamento dos minérios explorados no território de Valongo, especialmente no que se refere ao ouro.

GDE e PRIB:

Lagoa.

Depósito de água das chuvas.

Molho de linho com as raízes todas para o mesmo lado.

LAGOELA

Diminutivo de lagoa.

PRÉ ROMANA ROMANA

PRIB; GDE lacuna, lacunae

REIS (1904):

GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

Plural de Lagoeiro = charco, lamaçal entre Gandra e Maia.

[Ladoeiro?]

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

LAMAÇAL

LAMEIRA

LAMEIRA

LAMEIRA

FERREIRA

LAMEIRO

LAMEIRINHO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CARVALHO (1999)

LIMA (2012) lama, lama+al, lama+eiro

SILVA (1789):

LIMA (2012) INF

Terra ensopada de água que suja as ruas.

Lamaçal, lamação, lamacento, lamarão são sinónimos.

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899):

Lamaçal: lugar, em que há muita lama; lameiro; lodaçal; atoleiro.

Lameira: planta a que a população atribui supersticiosamente certas virtudes. Casta de uva trasmontana. O mesmo que lameiro.

Lameira virgem: prado cuja erva ainda não foi pisada nem comida pelos animais naquele ano.

Lameiro: terra baixa pantanosa que cria ervaçais, lamaçal, pântano, paul, brejo, tremedal, enxurdeiro, lodaçal. Terra alagadiça, que produz muito pasto.

REIS (1904):

Lamaçal, Lameira Ferreira, Lameiro – locais próximos e húmidos.

CARVALHO (1999):

Esta toponímia, de base lama, assenta num velho substrato comum à Península Ibérica, Sul de França, parte da Suíça e Toscânia, designando lodaçais e atoleiros. Os derivados “Lamarão” e “Lamarosa” mostram o infixo de ligação -r-, antes dos respetivos sufixos, o que poderá ser explicado pelo substrato céltico, que recorria a este processo com bastante frequência.

LIMA (2012):

Origem celta, romanizado aquando da criação de gado bovino em lameiros, campos com relva.

MARQUES (2014):

A generalidade dos léxicos consultados regista este termo com os sentidos de pântano, terreno húmido, zona alagada, com o sentido de prado, a que subjaz a utilização destes terrenos como pastagens.

OSÓRIO (2017):

Pode estar associado a atividades mineiras.

GDE:

Deposição de sedimentos muito finos em terrenos húmidos.

PRIB:

Casta de uva.

LANHOSA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

PRIB lignum

PRIB:

Mata que produzia lenha para consumo da população

LATA (2X) PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DER (céltica)

SILVA (1789):

DER; PRIB latta

Folha de latão muito delgada e lustrosa, também conhecida como Folha de Flandres, de ferro estanhado.

Vara que se atravessa, cruzando as que assentam nas colunas, os forcados das parreiras = latada.

Trave que atravessa a casa onde assenta a cobertura.

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899):

Ferro em folha ou batido e estanhado. Caixa de folha de ferro.

Trave, que, atravessando a nau, sustenta a coberta superior.

Latada. Cada uma das varas ou canas transversais da parreira. Caibro. Canudo de folha, para guardar papéis ou receber outras substâncias.

Qualquer utensílio de folha.

Latada, parreira.

Litro.

Maçador; indivíduo importuno.

Coirela, belga.

DER:

Origem celta, do baixo latim latta significa vara comprida, ainda viva em Portugal como vara transversal da parreira ou parreira.

Daí tira ou chapa de ferro, aceção mais antiga em francês e italiano, depois lâmina de ferro esmaltado e finalmente caixa de folha-de-flandres.

PRIB:

Courela, belga, vara ou cana transversal de uma parreira.

Latada, vinha.

LAVADOURO L. DA CHÃ

PRÉ ROMANA ROMANA

GDE

lavatoriu

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899): Tanque ou lugar, onde se lava roupa.

GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

Cova, que os antigos marnotos abriam, junto ao tabuleiro do sal, e para onde era varrido o producto da marinha, sendo ali remexido muitas vezes com rasoira e ugalho, para se lhe tirarem as impurezas.

OSÓRIO (2017):

Lavadouro pode estar associado a uma das fases do tratamento dos minérios explorados no território de Valongo, especialmente no que se refere ao ouro.

GDE:

Tanque ou local de lavagem.

Ver: CHÃ

LAVANDARIA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA GDE lavanderie (francês)

FIGUEIREDO (1899):

O mesmo que lavadaria.

Oficina ou estabelecimento, para lavagem e enxugamento de roupas

OLIVEIRA (2014): Lavadeira, lavadoiro, lavador, lavadouro, lavaria podem ser igualmente termos associados ao local ou máquina onde é lavada a azeitona.

GDE:

Local de lavagem.

[Podia relacionar-se com contexto mineiro]

LAVANDEIRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CARVALHO (1999) ROCHA (2017) lavare

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899): Pessoa que lava roupa.

Ave aquática (charadrius).

O mesmo que lavandisca, borrelho. Passarinho branco, de asas negras.

CARVALHO (1999): Nome vulgar extensivo a várias espécies de aves limícolas, pequenas (maçaricos, borrelhos, fradinhos) e de outras espécies (lavandisca e alvéloa).

ROCHA (2017):

Lavandeira ou lavadeira, do léxico comum galego-português.

Existem vários topónimos com este nome tanto no continente, em especial no norte e nas ilhas.

Significado de pequeno ribeiro ou como nome de ave (alvéloa e borrelho). Piel assinala várias ocorrências de Lavandeira e Lavandeiras em Portugal e na Galiza (Labandeira), considerando-os inspirados na ação de lavar. Navaza Balnaco prefere considerá-lo um hidrónimo que designa lugares onde um curso de água transborda facilmente do seu leito e alaga as imediações, com provável relação com o verbo latino lavare, com o substantivo pré-latino nava ou com ambos.

GDE:

Lavadeira: pessoa cujo ofício é lavar roupa.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO VALONGO

LEIRA FONTIS LEIRAS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871) lira

FIGUEIREDO (1899) larea

CARVALHO (1999) DER glarea

PRIB leiris

SILVA (1789); VIEIRA (1871):

São tabuleiros de terra que dividem a horta, estando separados por regos, e em cada um deles semeiam-se couves, alfaces, melões…

FIGUEIREDO (1899):

Sulco na terra, para se deitar a semente.

Geira. Alfobre. Belga. Elevação de terra entre sulcos. Casta de uva branca algarvia. Mania, telha.

CARVALHO (1999):

A leira designa uma pequena parcela de terreno agricultado, sinónimo de chão, entre outros apelativos regionais. Considerando que a sua origem está frequentemente nos arroteamentos, parece-nos que Almeida Fernandes terá razão, quando faz derivar do latim glarea, cuja evolução para eira não coloca quaisquer problemas de carácter etimológico.

DER: Cascalho.

GDE:

Casta de uva branca.

Terra cultivada, viveiro, faixa de terra entre dois muros, courela, belga.

PRIB:

Sulco de terra para deitar a semente, faixa de terreno, jeira, alfobre, pequeno campo cultivado. Belga, courela, elevação de terrenos entre sulcos, casta de uva algarvia.

LICEIRAS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE liciu

DER:

Sítio onde se realizam justas e torneios. liciu - liço = Fio, trama.

GDE:

Liços = Fios usados para dividir a teia alternadamente, permitindo a passagem da lançadeira com o fio que constitui a trama do tecido em formação.

Liceiras = Mulheres que montam os liços no tear.

[Termo existente em documentação medieval, referente a um local no Porto, hoje designado por Rua de Camões]

LIMIARES PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) INF liminares, limināre

FIGUEIREDO (1899):

Pedra ou peça de madeira, que, colocada transversalmente, constitui a parte superior ou inferior de uma porta ou portal.

Soleira; patamar junto à porta.

Portal; entrada.

REIS (1904):

O Alto de Fernandes, no limiar de Campo.

DER:

Da soleira da porta.

INF: Algo que se encontra na fronteira.

DURANDI

LINARES

LINARES DE LACUNA

LINARIS

MAURISCUS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CARVALHO (1999) INF linu

CARVALHO (1999):

Os linhares são parcelas de terreno ocupadas com a cultura do linho, que noutros tempos, teria grande importância na economia rural, já que o camponês assegurava autonomamente a produção de uma parte importante dos tecidos indispensáveis às suas necessidades.

MARQUES (2014):

A forma plural ‘linares’ aparece como descritiva de hereditates, com o sentido atribuído pela generalidade dos léxicos consultados.

INF:

Plural de linhar, terreno onde se cultiva o linho.

Linum usitatissimum, planta herbácea, da família das Lináceas, pode atingir cerca de um metro de altura, sendo cultivada sobretudo para extração das fibras usadas na confeção de tecidos e pelas sementes.

O linho mourisco adapta-se a terrenos muito pobres semeia-se no Outono e colhe-se na primavera.

LODEIRO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871) PRIB lotum

FIGUEIREDO (1899):

Lugar, em que há muito lodo; atoleiro.

CARVALHO (2015): Lodoeiro é o nome popular da árvore celtis australis. Também populares são os termos lódão bastardo, ginginha do rei, agreira.

Lódão é referido por Pinho Leal quando diz que é a corrupção de lodoeiro, lugar plantado de lódãos e nicreiro.

Dura 200 anos, mas pode chegar aos 600. A árvore cresce em solos húmidos como margens de rios e prados húmidos. Tudo nela se aproveita: a madeira para alfaias agrícolas, de forquilhas a tubas, os frutos são comestíveis; as folhas servem de forragem; a casca serve para fins medicinais.

OSÓRIO (2017):

Pode estar associado a atividades mineiras.

PRIB:

Lodo, zona húmida.

Designação popular da árvore celtis australis, também conhecido por lódão, é uma espécie ripícola com boa madeira e usada para fins medicinais e tintureiros.

LOGAR

L. DA AZENHA

L. DA RUA

L. DA VALGA

SILVA (1789):

LUGAR PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DER; PRIB locale, local

Povoação pequena, menor que vila e mais que aldeia.

FIGUEIREDO (1899):

Ver: lugar

Lugar: Espaço, ocupado por alguém ou alguma coisa.

Espaço, independentemente do que pode conter.

Pequena povoação, localidade.

Ordem, posição, classe, ponto de observação.

Pequeno estabelecimento para venda de hortaliças, frutas, etc.

Matemática - superfície sólida, que contém os diferentes pontos que são próprios para resolver uma questão indeterminada. Astronomia - ponto no espaço, a que corresponde um astro.

De lugar, de passagem; ao mesmo tempo.

DER:

Do adjetivo latino locale = local através do arcaico logar, em vez do latino locus, que deu origem ao termo logo, como advérbio.

[Era a designação habitual de pequenos aglomerados populacionais antes de se começarem a atribuir topónimos às vias e números de polícia às habitações nelas edificadas, que no caso de Valongo começou por volta de 1890 e só terminou nas restantes freguesias nos anos 80 do século XX]

Ver: AZENHA, RUA e VALGA

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

LOMBA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899)

CARVALHO (1999) GDE lumbus, lumbu

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899): Cumeeira. Lombada de serra. Montículo de areia ou terra, formado pelo vento. Medo e preguiça.

CARVALHO (1999):

A semântica tem raiz metafórica, relacionada com uma parte do corpo, à semelhança do que se passa com o seu sinónimo costa e com outros descritores orográficos como cabeço. Aparece no léxico de alguns falares leoneses e na Galiza, região onde também nos parece em muitos topónimos.

MARQUES (2014):

Lombo terá possivelmente o sentido de «elevação de terreno», «colina», «lomba», atestado na documentação asturiana e leonesa.

OSÓRIO (2017):

Lomba pode ter um significado duplo, associado a questões agrícolas e mineiras.

GDE:

Cumeada e encosta de uma serra, duna.

LOMBELHO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

AZEVEDO (2005)

GDE; PRIB lumbellus

FIGUEIREDO (1899):

Lombelo: nome vulgar de um dos músculos, que se inserem na coluna vertebral do gado bovino. Cada um dos dois pedaços compridos de carne, que se tiram dos lados do lombo do porco e que também se chamam coelhos.

AZEVEDO (2005):

Lobo, lobelho?

GDE:

Pedaço de carne que se tira do cachaço do porco chamados coelhos.

PRIB:

Lombelo, lombo pequeno como de coelho.

Cumeada de um monte ou de uma serra, pequena elevação a toda a largura de um caminho ou estrada, encosta.

LOPES DAS NEVES

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

NEVES DER nive

NEVE(S)

FIGUEIREDO (1899):

Água congelada, que cai da atmosfera em frocos finos e muito brancos.

Alvura.

Frio intenso.

Iguaria gelada, em que entra açúcar com leite ou com o suco de certas frutas; sorvete.

DNP:

Significa neve, nevado(a).

Neves é um sobrenome português de origem italiana, o qual é extraído do título da Virgem Maria que é conhecida como Nossa Senhora das Neves.

Ver: José LOPES

LORIZ

LUARIZ

LURIZ

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X

[Origem germânica. Muito comum na zona norte, desde o século XI com diferentes grafias: leonderiz em 1080, loderiz em 1086, loiriz em 1090 e loeriz em 1123.

A forma mais antiga loederiz de 1080 indica a origem de um nome pessoal LEODERICO, o proprietário dessa terra.

Foi doado como couto ao Bispo do Porto por D. Afonso Henriques, em 1147.]

(documento policopiado existente no Museu, datado de 1980, atribuído a Domingos A. Moreira).

LOUREIRO PRÉ ROMANA

ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899)

DER laurariu, laurarius CARVALHO (1999)

GDE; PRIB lauru nobilis, laurus nobilis

VIEIRA (1871); FIGUEIREDO (1899): Árvore monopétala, sempre verde, que produz umas bagas escuras e amargas.

CARVALHO (1999): Espécie nativa da região mediterrânica, sagrado entre Celtas e Romanos, o louro ou loureiro é o nome comum do Laurus nobilis.

GDE:

Árvore de folha persistente, associado ao fabrico de coroas, condimento e medicamento.

PRIB: Casta de uva branca.

LUBRINHOS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) PRIB lubricus

FIGUEIREDO (1899): Lúbrigo: lugar ou terreno escorregadio. (?)

PRIB: Escorregadio?

ALMEIDA (2020) DER PRIB maia, maiae, maja

VIEIRA (1871):

Maia, ou Maya: forma antiga de designar dama ou donzela.

Menina enfeitada de flores que no mês de maio, se senta sobre um trono à porta de casa, virada para a rua, para a qual andam outras raparigas pedindo dinheiro a quem passa.

Na antiga gentilidade: espetáculos desonestos que os cristãos continuaram algum tempo. Festa que se celebrava em Roma, com ramos, ervas e capelas de flores no mês de maio, por ser o tempo, em que as plantas estão mais viçosas e constava de uma rapariga ricamente vestida sentada num carro ornada do flores, a que outras raparigas reconheciam por Rainha, e pedindo dinheiro aos que passavam.

Em algumas partes de Espanha ainda hoje os rapazes e raparigas festejam as maias, significando com decência o matrimônio com um menino e uma menina, postos num leito; são relíquias do tempo gentílico.

Cantar as maias a alguma moça, celebrar o seu casamento.

Plantas com flores pequenas e brancas, juntas em forma do novelo, com que costumam adornar as casas no primeiro de maio, giestas.

FIGUEIREDO (1899):

Antiga festa popular, nos primeiros dias de Maio.

Mulher, que se enfeita com mau gosto.

Criança, que pede donativos para as maias, (festas).

Botânica: o mesmo que dedaleira. Giesta em flor. (maio)

ALMEIDA (2020):

[Em muitos pontos do país] o primeiro dia do mês de maio é comemorado com um almoço campestre sempre junto à água. (…) Seja como for, tem que haver água no dia de maio. A explicação para esta relação entre a água e o dia de maio é simples: my em ugarítico, ou algo foneticamente próximo, como as formas acádicas ma’u ou a forma aramaica mayya que significa água.

DER:

Maia = planta

PRIB:

Giesta em flor.

Antiga festa popular celebrada nos primeiros dias de maio.

[É usual no nosso concelho e em muitas outras localidades do país, que no dia 30 de abril, antes de anoitecer, sejam colocadas maias floridas nas portas e janelas das habitações, estabelecimentos comerciais e de outra natureza para evitar a entrada do carrapato, sinónimo de capeta/ demónio, antes da chegada do dia primeiro de maio]

MAIA PRÉ ROMANA
ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

MALTA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DER

málthan

VIEIRA (1871):

MAMONA MAMONAM

FIGUEIREDO (1899) DER maltha INF PRIB

Ilha do Mediterrâneo, que por muito tempo esteve na posse dos cavaleiros de S. João de Jerusalém. Cruz de malta: espécie de cruz, usada por estes cavaleiros.

Locução popular: fazer-se à malta; pôr-se a andar, fugir, desaparecer. Multidão do gente. Uma malta de ladrões.

FIGUEIREDO (1899):

Reunião de gente de baixa condição. Súcia. Caterva. Reunião de trabalhadores, que se transportam juntamente, de um para outro lugar, em procura de trabalhos agrícolas. Ciganagem. Vida airada. Tuna. Casa de malta, casa onde vivem ou dormem, como em família, vários moços de fretes.

Substância, gelatinosa e mole durante o estio, e dura em tempo frio, chamada também pez mineral.

DER:

Pez. Mistura de pez e cera

INF:

Conjunto de pessoas de idade próxima e com interesses comuns, gente, Bando, corja, malandragem, grupo, multidão, rancho.

Grupo de pessoas de baixa condição.

Grupo de trabalhadores agrícolas que se deslocam temporariamente para trabalhar fora da sua terra. Casa da Malta – local onde habitam ou dormem vários trabalhadores itinerantes geralmente mineiros nesta zona.

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CARVALHO (1999) mamma, mamulla GDE; PRIB

VIEIRA (1871):

Mamona: semente oleosa, chamada também carrapaio, que nasce dentro de uma casca semelhante à do café, forrada de outra verde, ouriçada de espinhos moles, a que se aproveita a parte branca, forrada de uma casca vidrada, e quebradiça; dá óleo para candeias e que é empregue como purgante.

Mamona, feminino de mamão (Mamea americana), fruto do mamoeiro.

Mamoeiro: árvore do Brasil, chamada pelos naturais, papai; sempre verde, carregada do um fruto mui saboroso, e da feição de mama, tem muitas folhas, e poucos, ou nenhuns ramos.

VASCONCELOS (1897):

“Os túmulos cobertos têm os nomes populares de mamoas, madorras e modorras. […] para se designarem os montículos que cobrem os dólmens e os restantes monumentos adotaram-se no nosso país, embora não espalhados por todo ele, nomes especiais. Esses nomes são mamôa, mámoa, mâmoa, mamoinha, mamunha, montilhão,, madorra, mamoella, mamaltar.”

A palavra mamoa e os seus derivados aparecem em documentos medievais, principalmente entre os séculos IX e XI, tanto em Portugal como em Espanha.

FIGUEIREDO (1899):

Semente do rícino; carrapateiro.

Peixe dos Açores.

Designação do deus das riquezas na mitologia fenícia e síria.

Divindade, adorada antigamente em Malaca.

VITERBO (1983):

Um monumento de terra de dimensão variável, denominado em arqueologia por tumulus e a que o povo chama geralmente mamoa.

CARVALHO (1999):

Os topónimos em questão aludem a construções funerárias megalíticas.

CRUZ (2001):

O termo mamoa e derivados, embora sejam hoje pouco ou nada habituais, surgem na documentação medieval […] identificando acidentes topográficos que serviram de referência para a delimitação de propriedades.

Modorra é um termo antiquado que significa um montão de pedras miúdas. É uma palavra bastante comum em certas regiões do país para identificar construções tumulares. Podem existir as seguintes derivações: madorra, madorna, medorra, modorra, medorno.

GDE e PRIB:

Planta de rícino.

Mamoa, elevação de terreno que alberga no seu interior monumento funerário composto por esteios de pedra com uma cobertura.

MANGUDAS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA x

[O termo manguda só aparece como sinónimo de figura fantasmagórica no Brasil. Foi criada pelos comerciantes de tecidos que descarregavam têxteis europeus em locais não vigiados, fora dos portos alfandegados para não pagarem impostos, e assim afastarem os curiosos. Os indivíduos carregados de pacotes, mal iluminados tinham a aparência de fantasmas quando vistos ao longe]

MANHALDI PRÉ ROMANA

ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VASCONCELOS (1941) man waldan

LEAL (1873-88):

“Mangualde. Derivação da palavra mangual, uma pequena alfaia agrícola para malhar e extrair grãos vários das vagens secas dos feijões, ervilhas, cereais e dos carolos do milho, ou talvez de manqual, nome dado pelos antigos ao jogo da bola ou do fito.”

VASCONCELOS (1941):

Mangualde deriva de mannualdus, genitivo mannualdis, que era o nome do proprietário, um visigodo/germânico, da vila ou fundo agrícola atrás referido. Na sua origem, era composta pela justaposição de dois termos alemães: mann, homem, e waldan, governar ou floresta, que eram os dois elementos constitutivos do nome do proprietário do fundo ou vila agrícola em questão, dando mannawaldan (homem que governa ou homem da floresta), com as declinações mannualdus/ mannualdis, que evoluíram para maoaldi, mangualde. Houve ao longo do tempo outras evoluções: Manhaldi, Moaldi, Moalde, assumindo a forma definitiva de Mangualde nos séculos XVI e XVII.

MANINHO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CARVALHO (1999)

SILVA (1789):

Estéril, infecundo, inculto.

VIEIRA (1871): Terreno inculto, infrutífero. Estéril, infecundo (falando de animais). Mulher maninha.

FIGUEIREDO (1899):

VITERBO (1865) maninu, manna, manninus

DER, GDE; PRIB

MARIÊNNOS

MARIENOS

Estéril; que não é prolífico; infecundo; inculto. Que é de logradoiro público. Terra inculta. Logradoiro público de lenha ou pastagens: os maninhos do concelho

Maninhos: bens de alguém falecido sem deixar filhos.

CARVALHO (1999): Maninho do pré-romano manna, designa uma terra não cultivada ou estéril, correspondendo a uma realidade sociojurídica de grande importância na economia camponesa da Idade Média.

ALMEIDA (2020): Maninho = baldio.

A origem da palavra baldio está na palavra árabe batil, com o significado de inútil, vão, e por vezes associada à nossa palavra debalde.

Esta possibilidade pode parecer interessante por a noção de baldio em castelhano corresponder por um lado a terreno que não se cultiva nem se lavra, mas por outro ao que é inútil por não proporcionar nenhum resultado. Parece assim que a característica de ser terra não agricultável não deve ter estado na origem do nome, mas foi antes a consequência de um processo seletivo de apropriação privada de terrenos comuns. […]

Outras fontes propõem que a palavra baldio tenha relação com a raiz céltica bal, que segundo as mesmas significa mancha branca, e com o inglês bald, que significa calvo ou pelado. […]

Como se sabe, a língua falada pelo povo já em período pré-romano era próxima das línguas antigas do próximo Oriente, e nela poderemos encontrar a raiz desta palavra. De facto, os termos fenícios bld (balade), que significa todo, qualquer homem, qualquer um, devem estar na origem de baldio. Assim, blday (baladeai) evolui para baldio, mantendo o significado original de região de todos ou região de qualquer um.

DER, GDE:

Estéril, terreno público, sem dono conhecido.

PRIB:

Baldio.

PRÉ ROMANA

[Nome de família detentora dos terrenos onde se encontram uns tanques designados por Presa de Marienos. Poderá ser uma junção de Maria Enes, antropónimo muito comum na Idade Média?]

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

MARQUES DA NOVA

PRIB

novus, nova, novum

MARQUES

VIEIRA (1871):

Marquez: Palavra de origem germânica, derivada de mark, marca.

Título de alta nobreza que em Portugal fica entre o duque e o conde.

DNP:

Marques é um sobrenome patronímico, ou seja, que surgiu a partir de alguém chamado Marcos ou Marcus, significando filho de…

O sufixo “es” significa que o nome pertence à uma descendência direta e normalmente é atribuído aos filhos ou outros membros de uma família patriarcal.

Segundo alguns estudos, todas as famílias Marques surgiram a partir de um tronco espanhol, chamado Marquez

No brasão oficial da família Marques está escrito: “Descendentes da fidalguia espanhola de onde vieram com o sobrenome de ‘Marquez’, o ramo português teve início pelo ilustre e fidalgo senhor Dom Antonio Marques de Oliveira, Alcaide Mor de Coimbra, 1º Conde de Vilhadolide, Cônsul-Geral em Antuérpia. Seus descendentes diretos ocuparam importantes cargos junto à Realeza. O Brasão de Armas foi concedido em 1582.”

O nome Marques é bastante associado e muitas vezes confundido com Marquês - um título de nobreza que surgiu na região Ibérica como uma denominação para os nobres que marcavam as divisões territoriais, ou seja, eram marqueses que marcavam.

NOVA

[Sobrenome comum em Valongo, associado a Bernardo Martins da Nova, brasileiro de torna-viagem que mandou construir uma opulenta casa de família no centro da vila, por volta de 1800. Devido à não existência de herdeiros o edifício foi alugado e depois comprado para ser Casa do Município, depois de 1836, data da constituição do mesmo. Desde 2001 é a sede do Museu Municipal, do Arquivo Histórico e desde 2014 da Loja Interativa do Turismo. Em 2023 os serviços de Património instalaram-se no edifício]

MARQUES DA ROCHA

PRÉ ROMANA

ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

ROCHA

ROCHA

DNP rocu, rochus

DNP hroc, hrocch

ROCHA

DNP:

Significa homem forte, homem estável ou homem sereno.

O nome Rocha tem origem no francês Rocque - Roque, em português - que significa pedra, associada às características já enunciadas.

É um nome toponímico, que na França era dado aos homens que viviam nas proximidades de lugares rochosos, de onde se retirava rocha para a construção de fortalezas.

Trata-se, sem dúvida, de um bonito sobrenome que carrega atributos de força, bem como reflete a simbologia da rocha - estabilidade e serenidade.

O nome Roque tem não só um, mas pelo menos dois étimos além daquele que respeita ao sentido de rocha.

Um dele provém do originado do germânico hroc, hrocch, que significa aquele que grita.

Ver: MARQUES

MARQUES DA ROCHA

Filho de pais humildes, foi para o Rio de Janeiro, onde fez fortuna. Ainda em vida mandou seis contos de reis para restauro e decoração da igreja matriz. Em 1884 e à sua morte legou os seus bens à Confraria do Santíssimo Sacramento. Morreu em 1885 e o seu retrato encontra-se na sacristia do referido templo.

MATAS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE

CARVALHO (1999) matta FIGUEIREDO (1899) DER; GDE matta, mattas PRIB

VIEIRA (1871):

Bosque de arvores silvestres, onde se criam animais ferozes ou caça grossa.

FIGUEIREDO (1899):

Terreno, em que crescem árvores silvestres. Bosque; arvoredo. Grande porção de hastes ou de objetos análogos. Árvore ou arbusto.

CARVALHO (1999):

Mata no feminino, designa um terreno cheio de árvores silvestres, terrenos dedicados à silvicultura.

Mato no masculino, refere-se a terrenos incultos, cobertos de plantas agrestes, como charneca, brenha ou tojal.

MARQUES (2014):

Mato.

Regista-se como tendo o mesmo significado que em português atual, de resto já identificado por alguns dos léxicos de ibero-romance noutras regiões do norte peninsular, sendo que assinalam ainda o sentido mais específico de bosque.

ROCHA (2017):

MATA

Do léxico comum e do estrato latino-romance, talvez já atribuído num período plenamente português.

O nome comum mata tem origem no latim tardio matta, ae = esteira de junco; porção de plantas que cobre certa porção de terreno.

MATOS

Do nome comum mato

Matos também ocorre no território português e não desconhecido no galego. Trata-se de um fitotopónimo, com base em mato, vegetação constituída de plantas não cultivadas, de porte médio, e geralmente sem qualquer serventia.

Mato deriva de mata, área coberta de plantas silvestres de portes diversos, do latim tardio matta, ae = esteira de junco, coberta.

DER:

Do latim tardio matta = esteira. Vegetação espessa que cobre certa extensão de terreno.

GDE:

Bosque ou floresta muito cerrada, coberta de plantas rasteiras e espinhosas, carrasqueiras.

Apelido saído da toponímia.

PRIB:

Terreno inculto coberto de plantas agrestes, charneca, brejo, brenha, bosque, abrolhos, matagal.

MEDONCELI PRÉ ROMANA

ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X

Medancelhos? Medoncelhos? Meda de palha?

MILHÁRIA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

DER; INF milliare, milliariu

VIEIRA (1871):

De milhar, do latim milliare

Número de mil. Usa-se quando se calculam as divisões de aritmética vulgar, como: unidade, dezena, centena, milhar, dezena de milhar, centena de milhar. Um, dois, três milhares.

ENCARNAÇÃO (2008):

Os miliários são os marcos que se poderão considerar os “antepassados” dos que, nas estradas atuais, nos indicam as distâncias a que estamos de determinado lugar relevante. No tempo dos Romanos, também isso acontecia a uma via de certa importância estaria equipada, aqui e além, nos pontos ‘nevrálgicos’, de marcos que assinalariam essas distâncias em milhas (millia passum, milhares de passos). É notável a chamada “Geira Romana” que atravessa o parque Natural da Peneda Gerês e que foi a via de ligação entre Braga (Bracara Augusta) e Astorga (Asturica Augusta, já em Espanha).

INF:

Deriva de miliário, marco colocado nas vias romanas para indicar distâncias, em milhas.

WIK:

Milha romana - em latim mille passus - mil passos era uma unidade de medida romana de distância que correspondia a mil passos

Os antigos romanos, quando marchavam seus exércitos por territórios não mapeados, geralmente fincavam uma estaca no chão à cada mil passos, conhecidas como marcos miliários

A medida foi indiretamente padronizada pela criação do pé romano (1 pé medindo 29,6 cm) por Marco Vipsânio Agripa (utilizando a medida de seu próprio pé) em 29 a.C. e a definição de um passo como tendo cinco pés (1,48 m).

Uma milha romana imperial teria, portanto, 5 000 pés romanos ou mil passos.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO VALONGO

MINARELHO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA INF mina+elho

INF:

Mina pequena atendendo à terminação “elho”, sufixo nominal de origem latina, que tem sentido diminutivo e, por vezes, depreciativo.

MINA DE RAMOS

M. DE VALLE DE AMORES

M. DO ALTO DE FERNANDES

M. DO BESSA PINTO

M. DO GALLINHEIRO

M. DO HESPANHOL

M. DO JORGE

M. DO MANILHA

M. DO SUSÃO

M. DOS CARDÓSOS

MINAS DE LAGUEIRÕES

MS. DE RIBEIRO DA EGREJA

MS. DO OUTEIRO DO LINHO

MS. DO SCHERECH

MS. DO SOUTO (página 1 de 2)

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871) mna (egípcio e grego) CARVALHO (1999) DER mina (celta)

MINA

SILVA (1789):

FIGUEIREDO (1899) mina, miniaria

Abertura subterrânea feita para se tirarem minerais.

VIEIRA (1871):

Cavidade subterrânea para extrair metais, pedras preciosas, carvão, etc.

Abertura subterrânea, que se faz para procurar água, a fim de alimentar poços, regar campos, etc.

Cova para se lhe meter pólvora ou qualquer substância explosiva, para pegando-lhe fogo, fazer saltar tudo quanto se acha por cima. Minas atacadas são as que já têm pólvora para se lhes por fogo. Câmara, ou fornilho da mina; o lugar em que se carrega uma mina. Óculo da mina, a abertura que se faz na terra à profundidade da mina que se quer abrir.

Termo da antiguidade: peso grego, equivalente a 324 gramas. Moeda grega de prata, contendo, era peso, cerca de 12$000 réis.

Medida de 72m, usada em Itália.

Antiga medida, que continha metade dum sextário; era da capacidade de 78l

Pedra calcária, esbranquiçada, que se lança nos fornos da fundição do ferro, a fim de facilitar a fusão deste metal.

FIGUEIREDO (1899):

Cavidade artificial na terra, para se extraírem metais, combustíveis, líquidos, etc. Veio mineral, no seio da terra.

Nascente de água.

Cavidade, cheia de pólvora, para que, explodindo, destrua tudo que há por cima.

Caminho subterrâneo, por onde os sitiantes de uma cidade ou praça procuram penetrar por baixo das muralhas ou trincheiras.

Manancial de riquezas. Grandes vantagens. Preciosidade.

Peso e moeda entre os Gregos. Antiga medida agrária dos Gregos e Romanos.

Género de plantas de jardim. Balsamina?

CARVALHO (1999)

Mina designa uma nascente de água, dotada de galeria subterrânea e estreita.

OSÓRIO (2017):

Área de extração em jazida primária ou secundária.

[A designação mina é usada por REIS (1904) abrangendo as pedreiras de lousa e as minas de antimónio, convindo destrinçar as duas formas de exploração de recursos naturais:

Pedreira é o local de onde se extraem, geralmente a céu aberto ou à superfície, rochas usadas na construção e podem incluir lousa, granito, mármore, entre outras.

Mina é uma exploração maioritariamente subterrânea, destinada à obtenção de minérios, combustível e água.

Na primeira categoria de pedreiras de extração de lousa encontram-se as dez primeiras designações, as restantes cinco são minas de antimónio e outros minerais a ele associados.

Os designativos referem-se ao nome dos proprietários ou o local onde se encontravam.]

MINA DE RAMOS

M. DE VALLE DE AMORES

M. DO ALTO DE FERNANDES

M. DO BESSA PINTO

M. DO GALLINHEIRO

M. DO HESPANHOL

M. DO JORGE

M. DO MANILHA

M. DO SUSÃO

M. DOS CARDÓSOS

MINAS DE LAGUEIRÕES

MS. DE RIBEIRO DA EGREJA

MS. DO OUTEIRO DO LINHO

MS. DO SCHERECH

MS. DO SOUTO (página 2 de 2)

RAMOS

DNP:

Nome de família que surgiu na Península Ibérica, em homenagem ao culto religioso do “domingo de ramos”, uma festividade cristã que antecede a Páscoa, que comemora a entrada triunfal de Jesus Cristo na cidade de Jerusalém.

De acordo com registos históricos, Manuel Francisco Ramos teria sido o primeiro a ser registrado com este sobrenome em Portugal, no ano de 1649. O brasão oficial da família Ramos de origem portuguesa é esquartelado com o primeiro e o quarto de ouro com um leão em vermelho; o segundo e o terceiro de vermelho com um castelo de prata em chamas que saem do alto, da porta e das janelas.

BESSA PINTO

DOP:

Bessa tem origem numa locução adverbial antiga, associada a grandes quantidades.

DNP:

Pinto é um sobrenome que teve origem na Península Ibérica.

Este sobrenome surgiu a partir do português arcaico pinto, que seria o particípio passado sincopado do verbo pintar.

De acordo com a história da família Pinto, os primeiros a adotarem este nome teriam sido os descendentes de judeus sefarditas, de pele mais escura, significando pessoa de pele bronzeada.

HESPANHOL

Grafia antiga de espanhol, originário de Espanha.

JORGE

DNP:

Tem origem grega Geórgios, derivado da palavra georgós, que é formada pela união dos termos ge, que quer dizer terra e érghon, que quer dizer trabalho, significando aquele que trabalha com a terra e agricultor, em referência a um dos ofícios mais antigos da humanidade.

Na Inglaterra, o nome Jorge, sob a variante George, existe desde o século XIII, mas raramente utilizado até a subida ao trono do rei Jorge I, no século XVIII. A versão em português surgiu apenas no século XVI.

São Jorge teria nascido na Capadócia, Turquia, e seria um soldado do exército Diocleciano, no século III. São Jorge foi preso, torturado e decapitado por ter confrontado o imperador ao ter sido ordenado a perseguir os cristãos. É conhecido também por ter vencido uma luta com um dragão.

MANILHA

PRIB:

Origem espanhola manilla. Pode estar associado a um tipo de cotovelo nas instalações de tubos.

Peça em U para unir cabos.

SCHERECH

Nome de origem germânica.

MOREIRA (2015)

[Este cidadão alemão foi casado com uma valonguense, Anna Figueira, tendo a sua propriedade “Quinta da Abelheira” sido confiscada pelo Estado, em 1916, em consequência da declaração de guerra da Alemanha. Um familiar da esposa adquiriu-a em hasta pública e devolveu-a à família despojada, depois da 1.ª Grande Guerra ter terminado. Estas pessoas são antepassados da família Paupério, associada ao fabrico de biscoitos com a mesma designação e muito conhecidos]

Ver: VALLE, ALTO DE FERNANDES, GALINHEIRO, SUSÃO, CARDOSO, LAGUEIRÕES, RIBEIRO DA IGREJA, OUTEIRO DO LINHO E SOUTO

MINAS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE

mein (celta) GDE; PRIB mina, minae

GDE: Metal em bruto.

Escavação de poços e galerias para extração de água ou minérios.

Canal para condução de água.

PRIB:

Medida agrária clássica. Peso e moeda gregos. Minas de minério.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

MINEIRO PRÉ ROMANA

ROMANA

VIEIRA (1871) minium, minio GDE minare, minari

VIEIRA (1871):

MIRANTE DOS SONHOS

GERMÂNICA ÁRABE

MEDIEVAL INCERTA

MOINHO MOINHO

M. CAMBÃO

M. DE VENTO

M. DO ABADE

M. DO OURO

M. DO PANELAS

M. DO TELHADO MOINHOS

MS. DE CIMA

MOLENDINUS DUARI

(página 1 de 2)

Mineira: terra, ou rocha, a matriz donde se extraem os minerais, as substâncias combustíveis, etc.

Mineiro: relativo às minas, lugar em que as há, como no caso dos distritos mineiros, aos operários que nelas trabalham.

O que mina a terra para procurar água; o que faz o escavações subterrâneas para extrair a matéria mineral.

Minador: companhia de mineiros; diz-se dos soldados instruídos na arte de fazer minas, para minar fortalezas, baluartes, muros, etc., e derribá-los por meio da pólvora, introduzida nos forninhos.

FIGUEIREDO (1899):

Relativo a mina: indústria mineira. Em que há minas.

Aquele que trabalha em minas. Aquele que possui minas.

GDE:

Trabalhador das minas.

PRÉ ROMANA

ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DER; GDE; INF mirare somniu

SILVA (1789): Mirante.

VIEIRA (1871): Miradouro, lugar alto da casa, ou doutra eminência donde se descortina um largo horizonte.

FIGUEIREDO (1899):

Ponto elevado, donde se descobre largo horizonte. Pequena, mas elevada construção, para gozo de largas perspetivas.

DER:

Local para admirar.

GDE e INF:

Local alto de onde se vislumbra um grande e espetacular horizonte. Ponto de vigia.

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871) molina REIS (1904)

CARVALHO (1999) molinu, molendinu

MARQUES (2014): molino, mollendino

FIGUEIREDO (1899)

CIMA kýma (grego)

SILVA (1789):

GDE; PRIB molinum CAMBADO camb CIMA cyma VENTO ventu ABADE abbāte OURO auru PANELAS pannella

TELHADO tegŭla

Máquina de moer o grão em farinha com o próprio peso, água ou vento.

VIEIRA (1871):

Máquina composta de várias peças, empregada para reduzir os grãos a farinha. Toda e qualquer máquina do outro género que serve para diversos usos: azeite, açúcar, café, etc.

Moinho de vento: espécie do moinho movido pela ação do vento. Moinho de água: espécie do moinho movido pela ação da água.

Moino: termo antiquado para designar moinho.

MOINHO

MOINHO

M. CAMBÃO

M. DE VENTO

M. DO ABADE

M. DO OURO

M. DO PANELAS

M. DO TELHADO

MOINHOS

MS. DE CIMA

MOLENDINUS DUARI

(página 2 de 2)

FIGUEIREDO (1899):

Máquina, com que se tritura qualquer coisa. Engenho para moer cereais. Lagar, onde se mói azeitona. Porção de azeitona, que se mói de uma vez. Azenha. Pessoa, que come muito.

REIS (1904):

Peça de madeira que se prende à almanjarra/manjorra onde se atam as cordas com que se conduzem os animais que fazem mover os moinhos.

CARVALHO (1999):

Engenho de moagem movido a água ou a vento, de roda horizontal, ao contrário da azenha que tem roda vertical.

MARQUES (2014):

Referências documentais datadas entre 906 e 1102. As formas plurais ‘molinos’, ‘molendinis’ ocorrem raramente. À semelhança do que acontece na documentação castelhana dos séculos IX a XII, também quase «nada sabemos de las condiciones técnicas de tales ingenios dado que carecemos de menciones que hagan referencia a su construcción, morfologia (…) salvo los genéricos acquaductibiles, cannares o piscarias a ellos asociados.

Suponemos que fueron construidos, en principio, preferentemente de madera y de forma un tanto rudimentaria (…) introduciendose el uso del hierro en épocas posteriores, según queda documentado ya en nuestro territorio para el siglo XI [segunda metade]», como refere Peña Bocos. No entanto, tenha-se em mente, a propósito da morfologia dos moinhos hidráulicos, uma passagem da Vita Sancti Geraldi que atesta a possibilidade de estes moinhos implicarem a construção de estruturas (caniçadas) capazes de atravessar em toda a largura o leito de um rio. Aliás, a associação frequente entre os lugares de assentamento de moinhos e as pontes foi já notada, para o conjunto do reino asturo-leonês, por J. Gautier

Dalché. Como foi notada a frequente associação a presas de água (ou pesqueiras), que permitissem aumentar e dirigir o caudal que faz mover as rodas dos moinhos, sendo que a água armazenada nestas presas poderia também ser aproveitada para rega (como a que era conduzida a canais artificiais), o que explica a presença de hortos, pomares e outros espaços de cultivo intensivo nas imediações dos moinhos.

[No nosso concelho estas questões replicam-se e as contendas entre moleiros e agricultores são ancestrais como se pode ver na publicação de MACHADO (2012)]

Piscarias, bragada/bracata

Será escusado desenvolver aqui o significado de «pesqueiras», que é atribuído a este termo pela generalidade dos léxicos consultados, senão para sublinhar que uma tal definição pode referir-se tanto a lugares como direitos de pesca. De resto, convém chamar a atenção para a associação frequente entre as pesqueiras e as presas formadas necessariamente para o funcionamento dos moinhos, que esta palavra também designaria por vezes. Finalmente, note-se a possibilidade de corresponderem a pesqueiras duas unidades designadas pelas formas ‘bracata’ e ‘bragada’. Este termo está ausente de todos os léxicos ibéricos consultados. No entanto, seguindo a definição proposta por Du Cange para o termo ‘braga’, Niermeyer, regista a forma ‘braca’ com o sentido de «presa de pesca», daí que esta unidade deva corresponder a uma espécie de açude ou caniçada, com funções idênticas às de uma pesqueira.

OSÓRIO (2017): Moinho do ouro está associado a uma das etapas do processo de tratamento do ouro, ao efetuar a sua fragmentação em porções do tamanho de uma ervilha antes de o transformar em pó.

ROCHA (2017):

Do léxico comum moinho, talvez por topónimo preexistente.

Encontram-se em Portugal e na Galiza vários topónimos a que corresponde total ou parcialmente a forma moinho

GDE e PRIB:

Engenho para moer grão, azeitonas ou minério.

CAMB = curvo

ABBĀTE = sacerdote

PANELAS = utensílio usado para cozinhar

AURU = ouro / Engenho para moer o quartzo aurífero

TEGŬLA = telha, telhado

VENTU = vento

MOLENDINUS DUARI = Dois moinhos? Moinho de dupla mó?

[As designações dos moinhos estão relacionadas com o local de instalação ou com os proprietários.

Em Valongo existiram sobretudo moinhos de água, nos rios Leça e Ferreira, só se conhecendo um de vento, junto à Capela da Sr.ª dos Chãos, na Serra de Santa Justa, em Valongo. A atividade moageira, o fabrico de pão e biscoito são práticas ancestrais na região.

O MOINHO DO OURO era um engenho destinado a moer quartzo aurífero com a ajuda de pilões, movidos manualmente ou com recurso à tração

animal ou hídrica, já referenciado por Plínio, o Velho no século I d.C., como equipamento indispensável à mineração]

Ver: CAMBÃO [CAMBADO], CIMA

MOIRAMA PRÉ ROMANA

FIGUEIREDO (1899):

Terra de Moiros. Grande porção de Moiros. Moiros.

Local de fixação de população muçulmana?

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

MOLARES PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

GDE; PRIB molare, molaris

VIEIRA (1871):

De moinho: mó, pedras molares.

BARROCA (2016) muwala

Diz-se dos dentes que trituram os alimentos, de coroa volumosa e desigual com raízes múltiplas.

Presas, Incisores. Diz-se dos dentes de insetos herbívoros, com superfície plana e desigual.

Homem molar em oposição a homem durão.

Amêndoas, laranjas e pêssegos molares são as frutas que se abrem com as mãos.

FIGUEIREDO (1899):

Que tem casca pouco dura; mole.

Diz-se do mato brando, em terra areenta.

Diz-se de uma variedade de azeitona, também conhecida por negral ou mean.

Diz-se de uma variedade de noz.

BARROCA (2016):

Senhor, em árabe muwala

GDE e PRIB:

Frutos secos com casca.

Mós para fragmentar cereais, azeitona ou minério.

MOLEIRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871) molitor

GDE; PRIB mole, molinarius, molinaria molinarium

VIEIRA (1871):

Mulher do moleiro. Mulher que mói, pisa qualquer cereal.

Moleiro. Homem quo pisa, mói qualquer cereal. Dono de um moinho, seu responsável.

Cavalo ciumento, invejoso.

FIGUEIREDO (1899):

Dona de moinho. Mulher que, por ofício, leva cereais ao moinho, conduzindo depois a farinha a casa dos seus fregueses.

Mulher de moleiro.

O mesmo que moinho.

Fontanela, correspondente à sutura coronal, enquanto se não completa a ossificação.

GDE e PRIB:

Mulher do moleiro ou que mói grãos.

Fontanela, pequena fonte.

MONFORTE

MONFORTINHO

PRÉ ROMANA ROMANA

AZEVEDO (2005):

Monte forte, monte fortificado.

Monte fortificado de menor dimensão.

GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA AZEVEDO (2005)

MONSÔ PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

REIS (1904) mons

REIS (1904):

Monte.

MONTE MONTE MONTE

MONTE ALTO/ MONTALTO

M. CALVÁRIO

M. CALVÁRIO

M. CARDOSO

M. GORDO

M. CATIVO

M. DA VELA

M. DAS MAMÔAS

M. DAS PEDRAS

M. DE CASTRO

M. DE Nª SRA DOS CHÃOS

M. DE QUINTARREI

M. DE SANTA JUSTA

M. DE SOBRADO

M. DO CASTELLO

MONTES DE SÁ

ALMEIDA (2020) CARVALHO (1999) monte

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

AZEVEDO (2005) GDE; PRIB mons, montis INF calvariu cardosus captivo gurdu vigilāre petra

VIEIRA (1871): Grande massa de terra elevada acima do terreno que a cerca.

FIGUEIREDO (1899): Grande massa de terra e de rocha, elevada acima do terreno que a rodeia. Porção. Acervo, ajuntamento: um monte de sal. Grande volume. Conjunto dos bens de uma herança. Quinhão de uma herança. Espécie de jogo de azar, também conhecido por jogo de parar. Montado. Casal da herdade.

CARVALHO (1999): Monte, para além de significar pequena elevação de terreno, é quase sempre, associado a zona de terrenos cobertos de mato, onde outrora sobressaíam grandes áreas de pinheiro, substituídos em grande parte, na segunda metade deste século, pelo eucalipto.

Alguns tinham culturas de cereais pelo meio: centeio, cevada, aveia e milho.

Elevação de terreno menor que a montanha, em altura e extensão.

PRIB:

CALVÁRIO = local da crucificação de Cristo, onde há uma capela.

AZEVEDO (2005):

CATIVO = preso, prisioneiro de guerra, aprisionado, cativo.

MARQUES (2014):

Montes ou castra

Os léxicos gerais que registam este termo atribuem-lhe, para lá do sentido genérico de montanha, o de pastagens de montanha.

A palavra mons parece designar não apenas um monte, mas uma cadeia montanhosa.

Percebe-se assim que esta palavra assuma os diversos sentidos genéricos de colina, montanha, que ocorrem na documentação inglesa, e sobretudo na asturiana e leonesa.

O termo monte aparece em sentido metonímico, a indicar espaços de monte, incultos, como veremos, o que corrobora o significado elementar de elevação de terreno, por menor que seja. O contraste entre o monte (espaços incultos essenciais para o fornecimento de lenhas e matos e para a alimentação dos gados) e as zonas cultivadas, não deve fazer-nos esquecer que a progressão destas zonas se fazia à custa de arroteamentos daqueles espaços.

Já o significado de mina, zona mineira que lhe atribuem alguns dos léxicos gerais parece difícil de verificar.

ALMEIDA (2020): Gordo ou a Gorda, devem corresponder a uma troca de sílabas do original gdr (godera>goreda), que significa também em ugarítico, muralha, levantar um muro. Portanto uma Cabeça Gorda deve na sua origem significar simplesmente muralha do clã. Este deve ser também, entre outros, o caso de Monte Gordo, que por certo em tempos teve algum tipo de fortificação que defendesse os residentes do local.

[As designações associadas aos montes prendem-se com a respetiva localização, características geológicas, proprietários e práticas religiosas]

Ver: ALTO DA BELA, ANTA, CARDOSO, CASTELO, CASTRO, GORDOVALE, PEDREGAL, QUINTARREI, SÁ, SANTA JUSTA, SENHORA DOS CHÃOS, SOBRADO.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

MOSQUEIROS

ALMEIDA (2020) FIGUEIREDO (1899) muscarius INF musca

VIEIRA (1871):

De mosca, com o sufixo «eiro». Ramo ou molho de ervas ou de tiras de papel, que se ata a um pau para enxotar as moscas, ou que se pendura no teto, a fim de as apanhar envolvendo-as.

Lugar onde há muitas moscas.

Espécie de pequena caixa, guarnecida por todos os lados de um tecido de arame, para preservar os alimentos das moscas.

FIGUEIREDO (1899):

Lugar, onde há muitas moscas.

Utensílio ou qualquer objeto, para apanhar ou afugentar moscas. Cobertura de arame ou de outra substância, para evitar o contacto das moscas.

O mesmo que mosquedo.

No Brasil significa casa, hospedaria reles, o mesmo que frege. Inquieto, por causa das moscas, falando-se de gado.

REIS (1904):

Local antigo do séc. XVI (Escouras).

ALMEIDA (2020):

O topónimo Mosqueiro corresponde a uma situação particularmente interessante por ser na prática resultante de uma confluência fonética de duas raízes distintas:

- proveniente de mṣqh (masseque) que significa fundição, e que parece ser associado a rochas negras semelhantes a escórias de fundição; - proveniente de mšqh [macheque], com o significado de abundante em água (ou de formas próximas como mšqØ [machecou], que significa água clara, límpida, de mašqu [machecu], que quer dizer regar, irrigação, ou mesmo de mṣ’+qr [môsaqr], que significa lugar de saída da fonte, estando associado a nascentes termais, nascentes abundantes, e áreas com muita água.

INF:

Zona com imensas moscas.

Zona entre penedos onde o gado se abriga do calor e das moscas. Olmeiro, ulmeiro, pássaro papa-moscas.

MOURA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871) DER; GDE

maurus, mauro, maura

FIGUEIREDO (1899) muria

VIEIRA (1871):

Mouro: pertencente à Mauritânia. O natural de Mourama.

Unguento mouro; unguento composto do litargírio, alvaiade, unguento rosado e um pouco de leite de peito que é usado nas chagas virulentas, e queimaduras de fogo, etc.

Uva mourisca; casta do uva, redonda, e de pele grossa o dura.

Dança mourisca; dança composta de muitos rapazes vestidos à mourisca, com seus broqueis, o varas a modo do lanças; tem seu rei cora alfange na mão que dando o sinal, se começa a travar ao som do tambor uma espécie de batalha.

FIGUEIREDO (1899):

O mesmo que salga ou salmoura.

Chouriço de sangue, tabafeia.

Espécie de caranguejo pequeno.

Açor.

ROCHA (2017):

Da forma do léxico comum mouro, mas a sua significação pode não ser a mais aparente. É também topónimo conhecido na Galiza.

Note-se, porém, que mouro pode ser usado como o mesmo que negro.

Em galego regista-se o composto porto-mouro, o qual é definido como poço fundo de rio cuja água parece muito escura.

É de assinalar ainda que a forma mouro, pode ser um homónimo, segundo alguns autores galegos, muito presente na hidronímia galega e relacionável com uma raiz pré-latina e talvez pré-indo-europeia – mor – com o sentido genérico de pedra e que poderá associar-se a terrenos montanhosos.

GDE:

Habitante feminina de origem muçulmana.

[Em muitos locais as mouras são associadas a mulheres com características quase mágicas, que aparecem e desaparecem sem deixar vestígios, que guardam tesouros em cavernas, que estão a cozinhar quando está nevoeiro, que se penteiam e deixam cair cabelo que está na origem das marcas de movimentação das trilobites, denominadas cruziana.]

MOUTA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

LIMA (2012)

FIGUEIREDO (1899):

Conjunto espesso de plantas arborescentes.

Conjunto de castanheiros novos, que nasceram e cresceram bastos e que geralmente se aplicam a corras de cesteiro e a varas com que se derruba a azeitona.

Os outros dicionários relacionam o termo com mata; assim como o latim multus deu o português muito, o latim multa, de multus, podia dar o português moita.

Espécie de seda crua de Bengala.

LIMA (2012): Moita, elevação de terreno com altos e baixos, com mata e árvores de várias espécies.

MULHER MORTA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) WIK mulier, mulieris, mattare

FIGUEIREDO (1899):

Pessoa do sexo feminino, depois da puberdade e pertencente às classes inferiores da sociedade. Esposa. Espécie de jogo popular.

WIK:

[Local onde se pode ter registado a morte de uma mulher, sendo replicado pelo topónimo Cavalo Morto, talvez associados a caminhos perigosos, sobretudo no inverno por causa das lamas e enxurradas vindas da Serra que podiam apanhar padeiras e suas alimárias no percurso para vender os seus produtos].

NEGRAL

VIEIRA (1871): Negro, tiranto.

FIGUEIREDO (1899): Negro ou quase negro.

GDE, PRIB:

Local escuro. Negro. Variante de azeitona preta.

NOGUEIRA

NOGUEIRA POMBO

NUGARIA

NUGARIA PRÉ ROMANA

GDE nigro

FIGUEIREDO (1899) nocaria nux

DER WIK nucaria

VIEIRA (1871): Árvore que dá nozes (juglans regia). Grande e bela arvore, originaria da Pérsia, e muito cultivada entre nós. As folhas da nogueira são pinuladas; os folíolos são ovais, glabros, de cheiro forte e agradável. O fruto (noz) é globoso, formado de uma casca exterior verde, e suculenta (sarcocarpo); de um endocarpo lígneo, sulcado e bivalve; e de uma semente, cuja amêndoa oleaginosa é formada de dois cotilédones, muito desenvolvidos, divididos inferiormente em quatro lóbulos, de superfície desigual.

A noz é alimentícia; e extrai-se dela, por pressão a frio, um óleo comestível, e por pressão a quente um óleo muito empregado na pintura.

A casca exterior do fruto contém um óleo volátil, o tanino, acre e amargo, que tinge os dedos o os tecidos dum modo quase indelével.

As folhas o a casca de nogueira, a casca do fruto verde, e o lenho da mesma arvoro, contêm um princípio particular de cheiro penetrante, que se sente durante a estação quente. Estas emanações são nocivas aos animais e aos vegetais; e é por isso que não convém repousar-se muito tempo à sombra de uma nogueira e não se deve plantar esta arvore senão em lugares distantes das outras arvores.

FIGUEIREDO (1899):

Género de árvores juglandeas. Madeira dessas árvores.

MARQUES (2014):

Nugarias, o duplo sentido, singular e plural desta palavra é reconhecido pela generalidade dos léxicos que a registam.

[A nogueira é uma árvore de alto valor, dadas as inúmeras utilidades que a ela se associam: madeira de cor e textura muito procuradas pela sua resistência e beleza; noz fruto muito energético e saboroso com a possibilidade de ser armazenado e produzir óleos; corante natural castanho; aplicação medicinal das folhas e uso cosmético]

NOGUEIRA POMBO

João Marques Nogueira Pombo era vereador efetivo da Câmara Municipal de Valongo, aquando da implantação da República, em 1910.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

DER north (anglo-saxão) ODP ner (Indo-Europeu)

VIEIRA (1871):

A parte do mundo que corresponde à estrela polar.

FIGUEIREDO (1899) nord ODP nurtha

Um dos quatro pontos cardeais do mundo; opõe-se ao sul, e corresponde à direita do sol nascente.

FIGUEIREDO (1899):

Um dos pontos cardeais, que nos fica à esquerda, quando nos voltamos para o nascente.

Parte do mundo ou do horizonte, correspondente à estrela polar.

Vento frio, que sopra dessa banda.

Parte setentrional de uma região.

Rumo; guia; direção.

WIK:

Norte, também conhecido por setentrião, setentrional ou boreal, geográfica ou astronomicamente, é uma direção fundamentada no sentido de rotação do planeta e o ponto zero dos quatro pontos cardeais. A palavra setentrião deriva de septem e triones (sete trios) em alusão à constelação da Ursa Maior. É também utilizada como sinónimo de polo Norte e era usado pelos romanos para designar o vento norte.

A origem indo-europeia é associada a ner = esquerda, porque quando uma pessoa se volta para o ponto onde nasce o sol a mão esquerda fica voltada para o Norte.

[O Norte é uma palavra cujo conceito pode estar associado a diferentes significados, positivos ou negativos. Pode indicar retidão do caminho a percorrer de forma real ou simbólica, e perder o Norte é mau sinal, pode conduzir ao desnorteamento; pode ser negativo porque se associa ao longo frio de inverno e às nortadas que eram evitadas com a não abertura de portas e janelas na parede das casas voltadas a esse ponto cardeal; podia estar relacionada com invasores e as gárgulas das igrejas instaladas desse lado do edifício eram sempre as mais assustadoras e algumas encontravam-se a satisfazer uma necessidade fisiológica, como forma de afugentar os presumíveis invasores]

NOSSA

SENHORA

DA LUZ

NOSSA SENHORA

DAS NEVES

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

PRIB

Também chamada Nossa Senhora das Candeias, da Candelária ou da Purificação, títulos pelos quais a Igreja Católica venera Maria. A origem da devoção tem os seus começos na festa da apresentação do Menino Jesus no Templo e da purificação de Nossa Senhora, quarenta dias após o seu nascimento, a 2 de fevereiro. De acordo com a lei mosaica, as mulheres após darem à luz, ficavam impuras e deviam ficar de quarentena. Cumprido esse período deviam ir ao templo levar um cordeiro e duas pombas, para sacrificarem e se purificar. Com base neste duplo acontecimento nasceu esta invocação, já que Cristo é luz, (Nossa Senhora da Luz/das Candeias/da Candelária), cujas festas eram celebradas com uma procissão de velas, a relembrar o facto.

A Virgem da Candelária teria aparecido numa praia na ilha de Tenerife, nas Ilhas Canárias, em 1400. Os nativos tentaram atacá-la, mas ficaram paralisadas. A imagem teria sido guardada numa caverna, onde, séculos mais tarde, foi construído o Templo e Basílica Real da Candelária, tendo-se tornando padroeira das Ilhas Canárias.

Nossa Senhora da Luz era invocada pelos cegos (como afirma o padre António Vieira no seu Sermão do Nascimento da Mãe de Deus) e tornou-se particularmente cultuada em Portugal a partir do início do século XV. A tradição conta que Pedro Martins descobriu uma imagem de N.ª Senhora iluminada por uma luz estranha, em Carnide, Lisboa. Aí fundou um convento e uma igreja que graças à infanta D. Maria de Portugal, filha do rei D. Manuel I. A devoção cresceu e espalhou-se pelos territórios colonizados, com especial destaque para o Brasil, onde é a santa padroeira de muitas cidades.

PRÉ ROMANA

ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

WIK

É uma das invocações pela qual se venera Maria. Deve-se a uma antiga tradição, segundo a qual um casal romano pediu inspiração para saber como empregar a sua fortuna. Em resposta recebeu em sonhos a mensagem que lhe fosse dedicado um templo no Monte Esquilino, quando aparecesse coberto de neve. Tal apesar de altamente improvável, veio a ocorrer miraculosamente na noite de 4 para 5 de agosto, em plena canícula, tendo aí sido construído templo que daria lugar à atual igreja de Santa Maria Maior.

NOVA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA DER; INF novu

Antónimo de velho.

[Em termos urbanísticos nova está associada à criação de novas vias e bairros, sendo associadas a aumentos populacionais, característicos da Idade Média, sobretudo na recuperação associada ao fim da Peste Negra, quando se verificou uma deslocação da população do campo para as cidades e a um aumento das atividades artesanais e comerciais a elas inerentes]

OCCIDENTAL PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899) INF; PRIB occidentalis, occidente

VIEIRA (1871):

Que fica para o ocidente.

ODP wes-t

Diz-se de uma estrela, quando se põe após o sol e da declinação da agulha magnética, quando o polo desta passa pelo oeste da meridiana.

Ocidente. Parte do globo que está ao oeste do nosso hemisfério.

Termo de náutica: lado do horizonte onde se põe o sol, ou qualquer astro. O oeste, isto é, o ponto preciso onde o sol se põe no equinócio.

FIGUEIREDO (1899):

Relativo ao ocidente. Que desaparece no horizonte depois do Sol, falando-se de um astro.

No plural é relativo aos povos, que habitam o ocidente do antigo continente.

ODP:

Do germânico wes-t, do Indo-Europeu we, relacionado a descer, ir para baixo, pois é para o oeste que o sol se põe.

[Lado onde o sol se põe. Em italiano a palavra ucidere tem a mesma raiz, significa matar, está relacionada com a “morte” simbólica do sol]

OLHO DO CORVO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CARVALHO (1999) oculu + ul/ur (latim + ibero)

REIS (1904):

VIEIRA (1871) oculis

FIGUEIREDO (1899) oculus

CARVALHO (1999) oculu + ul/ur (latim + ibero)

Nome adotado pelos árabes para designar fragas negras.

OLHO

VIEIRA (1871):

Órgão da vista situado na órbita, e de forma mais ou menos globular, no homem, nos quadrúpedes, nos pássaros, peixes, etc.

Buraco da agulha, buraco da conta ou pérola, aro das ferramentas onde se mete o cabo.

Olho de água é uma pequena nascente que rebenta da terra.

Cada uma das gotas de azeite que boia à superfície de outros líquidos.

Círculo de cores nas penas da cauda de um pavão.

Vão do arco de ponte por onde passa a água e também a abertura que tem o moinho para nele entrar a água que faz mover a roda.

Atenção, cuidado, vigilância.

Cada um dos buracos que se formam na massa do pão, queijo ou outras coisas.

FIGUEIREDO (1899):

Órgão da vista. Vista. Perceção. Claridade. Aquilo que ilumina ou esclarece. Orifício circular ou oval. Aro de qualquer ferramenta, como enxada, enxó, martelo, etc., por onde se enfia o cabo. Batoque. Orifício, por onde se extrai o vinho dos tonéis, pipas, etc.

Nuvem carregada e negra.

Botão ou rebento das plantas.

Porção de qualquer casca, que serviu num tanque de curtimenta. Olho de água: ponto donde surge ou rebenta uma nascente de água.

Sorvedoiro marítimo, causado pelo redemoinho da água.

OSÓRIO (2017):

Olho pode ter um significado duplo, associado a questões agrícolas e mineiras.

Área de extração em jazida primária ou secundária.

CARVALHO (1999):

Refere-se a nascentes de água, identificando uma formação popular, cuja origem poderá recuar a convivência de adstratos, um latino e outro pré-romano, se considerarmos o étimo ibero ul/ur “água”, na base de rios e ribeiros hispânicos.

CORVO

WIK:

O corvo pode simbolizar a escuridão, a morte, a solidão, o azar e o mau presságio devido a sua coloração preta e hábitos necrófagos.

Por outro lado, pode simbolizar a astúcia, a cura, a sabedoria, a fertilidade, a esperança.

[As penas do corvo são muito brilhantes e quase iridescentes, sobretudo quando expostas ao sol, podendo associar-se a rochas onde existem diferentes tipos de minerais, alguns de cor negra, misturados com micas e quartzos]

REIS (1904)

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

OLIVARES OLIVEIRAS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

INF ulvaria

GDE; PRIB oliva

OLIVARES

VIEIRA (1871):

Que tem a forma de azeitona, ou que se parece com este fruto.

OLIVEIRA(S)

VIEIRA (1871):

Termo de botânica. Género de plantas da família das oláceas, cujas espécies são arvores ou arbustos que crescem na Europa meridional, na Ásia tropical, nos países extratropicais da Austrália, no Cabo da Boa Esperança e raras vezes na América setentrional. Compreende duas espécies principais, que são a oliveira comum e a oliveira da América que dão a azeitona.

OLIVEIRA (2014):

Os oliveiras bravas são conhecidas por azambujeiras e o seu fruto é mais comprido e delgado, cujo azeite é bom para muitas mezinhas e se come com as azeitonas em calda. A madeira é muito rija, sendo usada para fazer as varandas dos lagares e moinhos. É a única árvore em que se enxertam as oliveiras.

ROCHA (2017):

Do léxico comum oliveira, do latim (arbor) olivaria, de olivarĭus a um relativo à azeitona.

DER e INF:

Oliveira, planta comum em Portugal e na Galiza. Oliveira do Bairro chamava-se São Miguel de Ulveira na Idade Média. A variante Ulveira encontra-se noutros topónimos medievais, como Santa Eulália de Ulveira (hoje Oliveira do Douro).

Tem os derivados Oliveirinha, Oliveirinhas, Oliveirinho, Oliveirós e Olivença.

GDE:

Terreno com oliveiras.

PRIB:

Oliveira Olea europaea.

ORIENTAL PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) INF; PRIB orientalis, oriente ODP austra

VIEIRA (1871):

FIGUEIREDO (1899):

Termo de astronomia: planeta oriental é aquele que se levanta antes do sol. Que fica do lado do oriente.

ODP:

Do germânico austra, relativo ao Leste, em direção ao Oriente, do Indo-Europeu aus, brilhar, especialmente alvorada.

[Lado onde o sol nasce]

OUGADOUROS

OUGUEIROS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA PRIB

FIGUEIREDO (1899):

Ougadoiro: ato de enriar o linho. De ougar, aguar, de água.

Ougar: o mesmo que aguar.

PRIB:

Ougueiro - Agueiro.

Pequena vala para escoamento de águas para regadio, valeta, caleira, agueira, orifício nos muros das propriedades por onde entram as águas aproveitáveis à cultura.

Corrente perigosa que puxa para pontos perigosos no mar e nos cursos de água.

OUTEIRINHO

OUTEIRO

OUTEIRO

OUTEIRO

O. DA LEVADA

O. DO LINHO

O. DO LINHO

O. DO MONTE

AZEVEDO (2005) (origem celta)

VIEIRA (1871):

OUTRELA OUTRÉLLA

CARVALHO (1999) altarium, altariu LIMA (2012) altus, altarium GDE altariu

Colina, monte. Fazer outeiro significa fazer montaria.

LEAL (1873-88):

“Nos forais dados por D. Manuel, encontra-se com frequência o termo - fazer outeiro – que significa fazer montaria. Nos conventos de freiras, quando se fazia a eleição da abadessa, havia grande festa no mosteiro (…) havia todas as noites outeiro – os mais famosos poetas repentistas, hiam para alli recitar as suas poesias, glosando os motes que lhes davam as freiras ou seculares.”

REIS (1904):

OUTEIRO = monte, elevação de terreno aberto e protegido por outra elevação.

CARVALHO (1999):

Os outeiros, do latim altariu - altar > autairo > outeiro, designam elevações de pequena altitude, colinas. Será mais uma formação popular, por atração paronímica com altar, também ele elevado em relação a posição ocupada pelos participantes do ofício religioso.

MARQUES (2014):

Autario/autarium/auterio/outeiro.

Parece ultrapassar aquele sentido estritamente orográfico de elevação de terreno. E nos leva a pensar que esta palavra pudesse designar espaços produtivos que tal como os soutos, se definiam por um estatuto intermédio entre a superfície cultivada e os terrenos maninhos; distinguindo-se do monte por serem uma zona de floresta fomentada e protegida, podiam inclusivamente ser vedados e repartidos em parcelas individuais.

ROCHA (2017): Do léxico comum outeiro, talvez um derivado do arcico outo, variante de alto, que provém de altus

GDE:

Altar, pequena elevação de terreno, colina.

LEVADA

WIK:

Canal de irrigação ou aqueduto ladeado por um percurso pedestre, alguns deles datados da época medieval, o que ajudava à sua manutenção.

Conduta de água para rega ou para o moinho.

Ver: LINHO [LINARES] e MONTE

PRÉ

REIS (1904): Contração de Outeirella.

INF:

PAÇO

PAÇOS DE CIMA

INF alturella

Pequena altura. Tem a variante Outorela e os derivados Outorelo e Outrelo.

PAÇOS DE BAIXO PRÉ ROMANA

VIEIRA (1871):

CARVALHO (1999) palatiu

FIGUEIREDO (1899) LIMA (2012) PRIB palatium, palatii

Paçal é terra à margem, junto com presbitério, paço, ou casa paroquial. Terras paçaes; terras anexas aos paços, casas nobres dos párocos, curas. Pação, ã, ãa, ou na é o termo antiquado. Urbano, cortez, áulico. Também passal.

LEAL (1873-88):

“Os nossos escritores empregam indistintamente as palavras Paço e Passo, na designação das várias povoações de Portugal. Entendo que na maior parte d’ellas, é imprópria a designação de Passo, pelo que ponho quasi todos em Paço.”

FIGUEIREDO (1899):

Residência habitual de reis ou príncipes, dos prelados eclesiásticos, universitários e dos senhores feudais. Solar de família nobre. No plural significa Paços do Concelho, casa, em que funciona a câmara municipal. Cartório de tabelião. O mesmo que gracejo.

CARVALHO (1999):

Reminiscência da antiga organização da economia agrícola do mundo romano e da baixa Idade Média, correspondendo a habitação do “senhor” da propriedade, geralmente uma villa. Habitação do proprietário de um terreno.

LIMA (2012):

Origem romana em palatium. Habitação do proprietário de um terreno agrícola.

PRIB:

Residência de reis e respetiva corte ou de prelados.

Ver: BAIXO, CIMA

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

PADRÃO

PADRÃO DO ESCORIAL (página 1 de 2)

CARVALHO (1999) petru

SILVA (1789):

FIGUEIREDO (1899) PRIB patronus

Modelo dos pesos e medidas de toda a sorte que se guardavam nas Câmaras.

VIEIRA (1871):

CARVALHINHOS (2003)

Modelo dos pesos e medidas de toda a sorte, que se guardam nas câmaras, e com que se conferem as que vão a aferir.

Termo antiquado. Padroeiro, ou pessoa a quem toca o padroado de uma igreja ou mosteiro.

LEAL (1873-88):

“Portuguêz antigo – marco miliar, que os romanos collocavam nas suas vias militares, para indicar o espaço de uma milha (dois kilometros aproximadamante) e é daqui que lhe vem o nome.

PADROON

Portugêz antigo – marco, de pedras altas e corpulentas, com que dividiam os coutos, honras e concelhos e na baixa latinidade se dizia padrones e petrones. Vinha a significar – pedra grande, pedrão.”

FIGUEIREDO (1899):

Modelo oficial das medidas e pesos legais.

Modelo. Desenho de estamparia. Título autêntico.

Antigamente significava o mesmo que padroeiro. Monumento de pedra, que os Portugueses erigiam em terras que iam descobrindo. Monumento monolíthico. Marco.

Arco, encimado de vários lavores de madeira, cobertos de verdura e flores, em uso nas festas e romarias.

CARVALHO (1999):

Do celta petru, que significa quatro e das vulgares terminações, também célticas -o-no-, para explicar o topónimo Padrão, muito comum no Minho e na Galiza, como la cuadra, la cuadricula, el cuarton o cuarteto de caminhos que ilustra com a situação topográfica das diferentes ocorrências de Padron e seus derivados, que poderia ser traduzido por Quatro Caminhos.

CARVALHINHOS (2003):

Originário da antiga forma padroom significando “marco de pedra dos antigos coutos” ou uma variante de pedrão, relacionado com monumento de pedra que os portugueses erigiam nas terras por eles descobertas.

MORALEJO ÁLVAREZ (2004):

“En Portugal pasa de cuarenta el total de los Padrão, Padornelo(s) y Padronelo. Hay otros datos de otras áreas románicas que también podrían venir a cuento. En la etimología del conjunto, necesariamente previa a los casos singulares, podemos elegir entre: 1.1. Padrón y afines, nombres de entidades de población, puede derivar de un antropónimo latino Patronus, nombre del dueño del fundus o de la villa situados en ese lugar. Es muy frecuente que el nombre del poseedor acabe transmitido a la posesión, con o sin expresión de ésta: Portomarín, Vilamarín y Marín son buen ejemplo, con base en Marini, genitivo del poseedor Marinus. Pero la ausencia total de Patronus en la abundante documentación de antropónimos de época romana en Hispania no es la mejor recomendación para hacerlo responsable del abundante Padrón, Padrão y su diminutivo Padronelo, Padornelo. 1.2. Padrón, Padrão pueden remontarse a petronum, piedra con función monumental, es decir, de recordatorio de un acontecimiento, señalamiento de un límite, marca de una propiedad, orientación o referencia en caminos y cruces de caminos. En Chaves VR está el padrão por antonomasia, el Padrão dos Povos (CIL II 2477 y 5616), en que diez civitates galaicas bracarenses rinden homenaje al emperador Vespasiano. El diccionario portugués conserva padrão en el léxico común con esos significados, pero se perdió en la lengua gallega, que hoy sólo tiene pedrón como ‘pedra grande’. En esta opción Padrón, Padrão no tienen por qué ser entidades de población, ni en origen ni secundariamente. Padrón, Padrão tiene sus paralelos toponímicos en cosas tan conocidas como las Columnas (o Estelas) de Hércules con que los griegos marcaban los límites de mares y tierras que les eran ya conocidos; además, todos los Anta(s) y Antela, Arca(s), Cruces, Fitero, Marco, Mollón, Pedrafita y Piedrahita y muchos más en toda la Península Ibérica.

1.3. Corominas, que era un hombre muy sabio, pero también muy amigo de buscarle tres pies al gato, quería que alguno de los muchos Padrón, Padrão, Padronelo, Padornelo le resultase céltico, alusivo a cruce de caminos, algo así como un Cuatro Caminos, con un punto de partida petrunoo petruono- derivado del numeral céltico petru- ‘cuatro’. La verdad es que a nuestro Padrón le sobran motivos para explicarse como un petronum monumental o recordatorio de algún hecho, de algún límite, etc., pero también le sobrarían vías y caminos con encrucijadas relevantes. No importa que no esté muy fino Corominas en decirnos que Padrón ocupa una encrucijada de importancia capital: la de las carreteras de Santiago a Vigo, Oporto y Lisboa, con la de Noya a Toledo por Orense» (cursivas mías), pues el problema no es de mapa de carreteras, sino de lengua. El numeral indoeuropeo kw etru- ‘cuatro’ solamente podría evolucionar a petru- en las lenguas célticas de Galia y Britania, las llamadas Celta-P precisamente por esa evolución kw > p, mientras que las lenguas célticas de Hispania pertenecen, junto con las de Irlanda, al Celta-Q porque mantienen ese fonema kw (y luego lo evolucionan, pero no a p): hermoso ejemplo, y repinicado, lo tenemos en el galaico bracarense Aquis Querquennis, hoy Baños de Bande OU, que tiene en su base kw erkw - ‘roble, encina’. Ese kw etru- que proponía Corominas nos evolucionaría aquí a quetro- > cetro-, no a petro-, al igual que del latino kw erkw eta hemos venido a dar a Cerceda (Cerceda y O Pino C, O Corgo LU). 1.4. Nuestro Padrón puede singularizarse respecto del colectivo de sus homófonos, si le suponemos fundamento etimológico en el patrón Santiago Apóstol. La homofonía puede sugerir a cualquiera y en cualquier momento esa etimología, e incluso podemos suponer que haya interesado a la jerarquía eclesiástica de los siglos IX y siguientes dar por sentado que del Apóstol Patrón deriva que la villa sea Padrón, asociada así a Compostela, no sin cierto detrimento o marginación de Iria. Pero esta opción no se ve muy favorecida por los latines documentales más antiguos, pues, por ejemplo, en el documento (TUMBO A) del año 912 en que el rey Ordoño dona una «cortem in villa Patrono» para la expresión cabal del patronato apostólico sobre la villa esperaríamos «villa Patroni» ‘la villa del Patrón’, con genitivo posesivo, y no la aposición que tenemos en «villa Patrono», ‘la villa [que es] Padrón, la villa [de] Padrón’.”

PADRÃO

PADRÃO DO ESCORIAL (página 2 de 2)

LIMA (2012):

Demarcação de propriedade agrícola em termos fiscais.

PRIB:

Arco militar romano para indicar espaço de duas milhas.

Lápide, coluna ou oblisco com esculturas e inscrições para imortalizar um feito militar ou com a finalidade de proteger os habitantes e os viajantes se a ele se associar o fator religioso.

Pode ser sinónimo de marco miliário romano.

[Podem ser designados por cruzeiros. Em Valongo o Cruzeiro do Padrão, classificado como monumento nacional desde 1910, encontra-se impantado na estrada principal da cidade (Estrada Real n.º 33, EN n.º 209 - faz a ligação entre a cidade do Porto e a vila de Lustosa, atravessando os concelhos do Porto, Gondomar, Valongo, Paredes, Paços de Ferreira e Lousada). Tem uma imagem de Santo António, evocado como protetor das alimárias, indispensáveis aos negócios dos almocreves, a quem era dedicado um andor nas procissões como forma de pedir proteção e agradecer as graças recebidas]

[O Padrão ou Cruzeiro do Escoural, situa-se ao cimo da rua Dias Oliveira e data de 1754. Fazia parte da antiga via-sacra que partia da igreja matriz para as capelas da St. Justa e Sr.ª dos Chãos]

Ver: ESCOURAL

PADROZELOS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X

LEAL (1873-88): “Padrós, Padróz – Também o nome lhe provém dos marcos miliários romanos.”

MORALEJO ÁLVAREZ (2004):

Pequeno padrão.

Topónimo comum no norte de Portugal e Galiza.

A origem deste topónimo radicamo-la em Padrozelo < patrone, padrão + olus, -a.

PALMILHEIRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA GDE palmilla (castelhano)

VIEIRA (1871):

Palmilhadeira: mulher que deita palmilhas em meias de calçar.

Palmilha: palmeta da sola do sapato. Pés que se deitam às meias geralmente feitas de pano de linho e são a parte que fica por baixo das solas dos pés.

Palmilhador: homem que remenda meias, deitando-lhe palmilhas. Palmilhar: deitar palmilhas.

Locução popular: palmilhar é andar a pé percorrendo um longo percurso.

FIGUEIREDO (1899):

Palmilhadeira: mulher que palmilha meias.

Palmilhar: por palmilhas em. Percorrer a pé. Calcar com os pés. Andar a pé.

GDE:

Marcas, pegadas.

[Lugar onde se situa o principal caminho de ligação de Ermesinde a Valongo, pela serra]

PALUMBARIUS (2X)

PALUMBARII

PRÉ ROMANA

ROMANA

WIK palumbes

WIK:

GERMÂNICA ÁRABE

MEDIEVAL INCERTA

Pombal, local de concentração de pombas (Fojo das Pombas?).

[Na Idade Média eram feitas construções próprias para albergar estes animais para servir de fonte de alimento, como se pode ver nas ilustrações do Livro de Horas do Duque de Berry.

Curiosamente na aldeia de Couce existe um edifício com espaços quadrangulares em linha, a diferentes alturas e a tradição popular chama-lhe

Pombal, dizendo que esses espaços eram para colocar traves que serviam de poleiro.

Era também uma fonte de estrume para a agricultura]

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

PARADELHA PRÉ ROMANA

VIEIRA (1871):

Ato de parar, de não ir além.

ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA INF parare

AZEVEDO (2005) CARVALHINHOS (2003)

Termo antiquado que se referia à colheita ou jantar que se pagava ao senhor territorial ou a el-rei.

Postilhões que de posta em posta levam recado, cartas, avisos para irem com mais rapidez. Lugar onde se põem bestas para mudas de quem corre a posta. Todo o aparelho de fazer diligência em viagem, como bestas de tiro, coches, embarcações ligeiras, donde saem postilhões, correios, etc. Lugar onde estão coches de aluguer montados, aptos para o serviço de quem os quer alugar.

O dinheiro que se aposta no jogo.

Meta, ou termo do corso, ou carreira do páreo por terra, ou por mar.

Praça, campo onde se faz exercício militar, o repartem guardas.

LEAL (1873-88):

“Paradança, Paradela, Paradella, Paradelha são diminutivos de Parada, no português antigo. Direito de parada era “uma espécie de extradicção, pelo qual, era permitido ao senhor da terra perseguir o seu vassalo, fora do seu próprio senhorio, prendendo-o e reconduzindo-o para elle” e existia fora de Portugal.

No nosso país “os forais permitiam a povoadores e colonos sair do país e ficar ao serviço do senhor que lhe aprouvesse, sem incorrer na mínima pena”.

Pelas Ordenações mantinha-se esta situação, excetuando a obrigatoriedade de servir o rei em caso de guerra e em algumas povoações os homens só eram obrigados a ir para a guerra se o rei também fosse, em pessoa.”

“Fôro de parada – os vassalos, enfiteutas ou colonos deviam preparar aposentadoria, mantimentos ou o seu valor em dinheiro para os seus senhores (e bispos no caso de mosteiros) e respetiva comitiva. Também era conhecido por jantar, comedura, comedoria, colleta, vida no contexto civil e visitação, procuração, censo e direito pontifical no âmbito religioso.”

PARADELLA:

“Em portuguêz antigo é diminutivo de Parada, como Paradinha ou pequena Parada. Como toda a gente sabe é um pequeno peixe. No portuguêz antigo era uma interjeição que significava – á fé, em verdade, por vida minha. É um termo cultho.”

FIGUEIREDO (1899):

Paradela: lugar exposto ou desabrigado.

CARVALHINHOS (2003):

Pouso, parada, locais de assentamento de tropas, podendo estar relacionado com as Cruzadas.

AZEVEDO (2005):

Na toponímia moçárabe portuguesa revela-se igual tendência para a anaptixe (a língua árabe não tolera sílabas começadas por duas consoantes), como no caso de Paradelhas (de Pardelhas).

GUERRA (2007):

Paradela está associado a um passado romano, com ligação a local facilmente defensável e junto a um curso de água.

ROCHA (2017):

Do topónimo Paradela, que resulta da conversão de um diminutivo de parada, no sentido de subida e existem vários topónimos iguais no norte e centro do país. Almeida Fernandes, considera ter origem no nome comum parada, no sentido de preparada, arranjada, possivelmente alusivo “o antigo tributo de jantar (episcopal, senhorial). Mais tarde revê a sua anterior posição para propor que no geral, a parada era topográfica, ou seja, uma subida (ou descida), ao alto da qual se parava (para natural descanso); esta observação abrange também topónimos como Paradela, Paradinha e Paraduça: “O diminutivo, em -ella, em -inha, mesmo em -uça, devia-se ou ao custo e esforço da subida (íngreme) ou à extensão – nestes casos, reduzida.”

PARADELA:

Local de paragem, pouso, pousada. Local de estacionamento de grupos de militares romanos.

PARDÊLHAS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

REIS (1904) paries, parietis

SILVA (1789): Peixinho.

VIEIRA (1871): Peixinho.

Termo popular que significa em boa-fé, em verdade.

LEAL (1873-88): “Sinónimo de pardieiro e paredeiro no português antigo, casa derribada, em ruínas, deshabitada.”

FIGUEIREDO (1899):

Nome de duas espécies de peixes. Pardelhos: rede de pesca.

Por Deus! em verdade! realmente!

Pardelo ou pardelho: pardal.

REIS (1904): Paredes, muros.

PAREDES

PAREDES IN REMOLIA

PAREDES IN FONDO IN TESTA VALADI

FIGUEIREDO (1899)

GDE, PRIB paries, pariete, parietis

VIEIRA (1871):

Obra de pedra ou de tijolo com cal, ou de taipa, ou de sebes com barro, formando assim o muro ou cerca do edifício.

LEAL (1873-88):

Referindo-se à vizinha localidade de Paredes diz:

“Diz-se que foi D. Fernando III (o magno) de Castela e Leão, bisavô de D. Afonso Henriques, que elevou esta povoação á categoria de villa (…) por haver já então por aqui muitas ruínas de edifícios antigos, causadas pelas constantes guerras entre christãos e mouros. (…) É provável que todas as Paredes tenham o seu nome por esta circunstância.”

FIGUEIREDO (1899):

Muro que, geralmente, sustenta o madeiramento de um edifício.

Muro; tapume. Vedação de qualquer espaço.

Substância córnea, que envolve as partes vivas do pé do cavalo.

O mesmo ou melhor que greve.

MARQUES (2014):

Parietes (sempre na forma plural), ambas designadas por referências ao respetivo proprietário/usufrutuário. Os significados de «limite», «muro», «cercado», etc., unanimemente reconhecidos pelos léxicos (gerais, «nacionais» ou hispânicos) que recolhem esta palavra, dispensam-nos de mais considerações sobre o sentido deste tipo de vedações daquelas duas parcelas. São, de resto, significados muito próximos dos que revestem o termo ‘parede’ em português.

GDE e PEIB:

Elementos verticais de separação.

[Muros de pedra seca para suster as terras e deixar passar as águas?

Muros que separam os vales das elevações de terreno?]

PARIDINARIUS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

REIS (1904) paridinarius

REIS (1904): Pardieiros.

PASSAGEM PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) passago PRIB passare, passus

VIEIRA (1871):

Ato de passar, de fazer caminho de um lugar para outro. Direito que se paga por passar por algum sítio. Dar passagem; passo, faculdade de passar. O que se paga ao dono ou consignatário de um navio, etc., pelo transporte de alguém de um país, cidade, etc., para outra. Antigamente significava pensão que pagavam os foreiros e enfiteutas.

LEAL (1873-88): “Portuguêz antigo – certa pensão muito frequente nos prazos da província do Minho e na Terra da Feira, desde o século XIII ao século XVI, a qual os enfiteutas pagavam, quando o rei passava de uma para a outra margem do Douro. Só se pagava uma vez a cada anno, qualquer que fosse o número d’ellas que o rei passasse.

Se o infante (e depois príncipe) herdeiro da coroa, passasse o Douro, só recebia metade da dita pensão. Portuguêz antigo – direito que pagavam os que passavam por alguma terra a que este tributo se concedia.

Os excessivos abusos que n’isto se cometiam, deram causa a que semelhantes passagens fossem inteiramente abolidas.”

FIGUEIREDO (1899):

Ato ou efeito de passar. Lugar, onde se passa.

Quantia, com que o passageiro paga a passagem em qualquer veículo. Ponteado, com que se tapa um buraco ou rasgão num tecido, passando e repassando o fio. Tributo, que pagavam os que passassem por certas terras.

Episódio ou trecho de uma obra. (galicismo)

Conjuntura. Acontecimento. Caso engraçado. Episódio cómico. Transição. Traspasse. Passadiço. Transgressão.

PRIB:

Local de trânsito entre dois pontos.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

PASSAL PASSAL

PRIB: passāre +al

VIEIRA (1871):

Medida de terra, passo de várias grandezas.

Passaes - recinto, conchoso [fechado] ou terra hortada junto das igrejas paroquias, que servia para hortas, pomares ou logradouro aos párocos.

LEAL (1873-88):

“Passal ou Passaes

Portuguêz antigo – recinto (conchouso ou quinchoso) ou terra d’horta junto das egrejas parochiaes, que servia para horta, pomar ou logradouro, dos parochos, curas ou capelães.

Estas cêrcas eram no seu princípio mais pequenas, e se lhes dava o nome de dextros. Nos concílios se chamavam Sacrarium Ecclesiae. No concílio de Valhadilid (1166) se diz que estes dextros ou passaes se estendiam até 30 passos geométricos em redor das egrejas matrizes. Eram tão respeitados estes destros, que que tinham privilégio de couto do reino, ou de homiziados, concedido pelo concílio de Coyança.

Os passaes de 30 passos eram das egrejas de segunda ordem. No concílio de Oviedo (1115) se assignaram 70 passos em redor das egrejas, para serem consideradas asylos ou coutos do reino. Nota-se porém que ficava ao arbítrio do povoou do devoto que doava às egrejas o terreno para os passaes (e para as cercas do mosteiro que também se chamavam dextros e eram coutos) a maior ou menor extensão. Se excedia os 30 passos (que parece era o mínimo de dextro) gosava tudo os mesmos privilegios.

Quase todos os passaes das egrejas procede, ou de doações particulares, ou e mais geralmente-de compras feitas pelos parochianos. Raríssimos são provenientes de doações régias. (…) Lei de 24 de agosto de 1869 – desamortização dos passaes. É um ato tão ilegal, tão arbitrário e tão sacrílego, como a venda dos mosteiros, cêrcas e mais propriedades e rendas dos frades…”

PRIB:

Terra anexa à igreja.

Antiga medida agrária

PASSARIAS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

PRIB passare

ROCHA (2017):

De configuração latino-romance, é também topónimo no concelho de Felgueiras e no de Vila Nova de Gaia. Sobre este topónimo da Sertã, diz Machado (2003) tratar-se da conversão de um coletivo de pássaro. Em alternativa, sugere-se aqui que Passaria e Passarias se relacionem antes com os termos parçaria, um derivado de parceiro, que teve um sentido preciso no contexto do direito consuetudinário; com efeito, o Elucidário de Viterbo define parceiro como nome que se deu “assim ao que dá, como ao que recebe alguma herdade de meas, 3.º 4.º, & c.”, numa situação de (contrato de) parçaria. É possível que Passaria(s) seja o resultado quer da perda de contraste fonológico entre os segmentos fricativos representados por e, quer ainda da assimilação da líquida pela fricativa, tal como ocorreu com pessoa < persoa. Sendo assim, o topónimo em apreço testemunha o uso de um termo referente a um tipo de organização da propriedade e do trabalho agrícola.

PRIB:

Passos, locais de passagem.

PEDREGAL

PEDREIRAS

P. DE BAIXO

P. DE CIMA (página 1 de 2)

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CARVALHO (1999) petra

GDE; INF; PRIB petrica+al, petra

LEAL (1873-88):

Pedregais.

FIGUEIREDO (1899):

Pedregal: lugar, onde há muitas pedras.

Pedreira: ugar ou rocha, donde se extrai pedra.

REIS (1904):

Local de habitação dos trabalhadores das pedreiras.

PEDREGAL

PEDREIRAS

P. DE BAIXO

P. DE CIMA

(página 2 de 2)

CARVALHO (1999):

Terrenos pedregosos, realidade suficientemente importante em terrenos agrícolas, para merecer a passagem à microtoponímia.

MARQUES (2014):

Pennetum deve corresponder aos significados de «penhasco» e «cimorochoso» já identificados na documentação asturiana e leonesa anterior a 1237, e ainda presentes na palavra portuguesa ‘penedo’. De resto, parece evidente a relação etimológica de ‘pennetum’ com ‘penna’. Petra/pedra – empregues sós ou com atributos diversos, que ajudam a precisar o sentido amplo de «rocha», «pedra», atribuído a esta palavra pela generalidade dos léxicos que a registam: (i) como pedra(s) nativa(s), devendo corresponder a afloramentos rochosos, e não propriamente a pequenos marcos de delimitação, como já notou Viterbo; um significado que talvez se aplique igualmente a umas pedras maiores, a uma pedra lata e à alusão a uma pedra que teria um termo; (ii) pedras epigrafadas. Poderemos eventualmente incluir neste grupo um conjunto de pedras fictas, se aceitarmos a definição de «menir» (uma pedra que não tem de ser epigrafada, mas será talhada), que foi já identificada na documentação galega; embora A. Sampaio considere que a expressão «petra ficta» deve antes ser entendida como sinónimo de ‘arca’ ou outro tipo de marcadores gromáticos; (iii) pedras com cruzes, provavelmente gravadas. Talvez seja possível relacioná-las com os cipos gromáticos característicos do cadastro romano. Mas não deve descartar-se a hipótese de corresponderem antes a outro tipo de pedras com funções demarcatórias; (iv) pedras classificadas por adjetivos vários, cujo significado não nos foi possível apurar, mas que ainda assim importa registar, como testemunho da significativa variedade tipológica deste tipo de marcos de delimitação. Note-se ainda que, para além destas referências a pedras que constituem elementos específicos de delimitação, é muito frequente a referência formular a pedras no quadro das enumerações estereotipadas que descrevem os componentes das propriedades transacionadas, as quais incluem muitas vezes a expressão «petras mobiles vel inmobiles». X. Varela Sieiro atribui-lhe um duplo sentido: «designaría todas las piedras, sobre todo, las que sirven de mojones y, quizás, también las de los muros». A sua frequência na documentação do NO (não apenas na Galiza, mas também na área portucalense, ao contrário do que o autor sugere) poderá talvez ser lida como mais um indício da densidade de demarcação do espaço agrário nesta região, remontando em alguns casos ao processo de centuriação romano e/ou aos sucessivos processos de apropriação da terra anteriores e posteriores ao Repovoamento.

GDE:

Monte com muitas pedras; terreno não produtivo; andorinha dos poços.

PRIB:

Local de exploração de pedra.

Ver: BAIXO, CIMA

PEGO PRÉ ROMANA ROMANA

GDE

SILVA (1789):

Ave.

FIGUEIREDO (1899):

O ponto mais fundo de um rio, lago. Voragem. Abismo.

Pequena refeição dos trabalhadores, entre o almoço e o jantar. Pequena porção de comida; petisqueira.

Diz-se de uma variedade de milho, também conhecido por milho roxo.

Macho da pêga (ave).

GDE:

Sítio mais fundo de um rio, sem pé.

PRIB:

Variedade de milho roxo.

Pode ser usado para a demolha do linho.

PENA DO BICO

PENA DO CORVO

(página 1 de 2)

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) 1 poena, 3 penna

CARVALHO (1999)

GDE; PRIB

VITERBO (1983) beccu, penna, corvus

PENA

VITERBO (1865):

Cabeço, outeiro, monte ou rochedo onde fundavam os castelos. Diminutivo Penela.

FIGUEIREDO (1899):

Aquilo que se faz sofrer a alguém por um delito cometido; punição. Sofrimento; desgosto. Desgraça. Piedade, compaixão. Cuidado. Igual a Penha. Cada uma das peças, que revestem o corpo das aves. Pluma. Tubo de pena, preparado para com ele se escrever. Cálamo. Pequena peça de metal ou de chifre, com que se escreve. Aparo. O aparo, com a respetiva caneta. Parte da vela latina, que vai fixar-se no penol da carangueja.

Parte espalmada da bigorna.

Cada uma das asas do rodízio do moinho, nas quais bate a água que o move.

Pena de água, medida usada em partilhas de água, da grossura aproximada do uma pena de pato.

MARQUES (2014):

São vários os significados atribuíveis a esta palavra. Para lá dos sentidos mais correntes de colina e rocha que lhe atribui a maior parte dos léxicos latinos, e que se verificam claramente na documentação asturiana e leonesa a partir pelo menos de meados do século IX, é possível arrolar ainda os significados de fortaleza e de cimo de uma parede, pináculo.

Podem relacionar-se com elementos da paisagem, que tanto podem corresponder a elevações de terreno como a simples rochas.

Existem diminutivos pennetelinum e penetelo que mostram a necessidade de subdimensionar um objeto que poderia ser maior.

Por fim, a referência a uma pena scripta como pedra destinada a servir como marco de delimitação comum na documentação peninsular.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

PENA DO BICO

PENA DO CORVO (página 2 de 2)

GDE:

Elemento da roda do penado que faz mover o moinho em contacto com a água.

PRIB: Pluma. BICO

CARVALHO (1999):

Designa, nalguns casos, extremidades de ilhas, ilhotes ou cabeços, de configuração pontiaguda, na desembocadura de um canal.

CORVO

Ave da cor negra, muito brilhante. [Poderá estar associada a riquezas minerais]

PENÊDA

PENEDO

P. RACHADO

P. REAL

PENÊDOS DOMINGOS

PENIDO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) pennetum

INF pinna, pena+edo

VIEIRA (1871): Pedra grossa, penha, rochedo, penhasco.

LEAL (1873-88):

Pen ou Penn – palavra cantábrica, da qual os hespanhoes fizeram peña e nós penha e todos os seus derivados.

FIGUEIREDO (1899):

Penedo: grande pedra; calhau; penha.

REIS (1904): Maciços rochoso, penha, penhasco, pedras grandes.

OSÓRIO (2017):

Podem estar associado à agricultura ou às atividades de exploração mineira.

INF:

Pedra de grandes dimensões.

[Os determinativos Rachada e Domingos, podem indiciam elementos de referenciação referentes ao estado do penedo e eventualmente ao proprietário dos terrenos ao qual eles podem servir de delimitadores.]

Ver: REAL

PEREIRAS

PEREIROS

PEREYROS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

ALMEIDA (2020) FIGUEIREDO (1899) peraria, perarius GDE piru

VIEIRA (1871):

Pereira - Género de plantas dicotiledóneas, da família das pomáceas, e da icosandria pentaginia de Lineu, e cujo fruto é a pera.

Pereiro - Árvore que dá peros.

FIGUEIREDO (1899):

Pereira - Nome de variadas espécies de árvores pomáceas, (pirus communis).

Pereiro - Árvore pomácea, variedade de macieira.

Diz-se do boi, que tem as pontas muito levantadas.

MARQUES (2014):

Perarias e perales, singular e plural que só os léxicos hispânicos registam, com o duplo sentido de pereira e de terreno plantado de pereiras.

ALMEIDA (2020):

Peras e Pereiras. A sequência pr ou prh corresponde em ugarítico e hebraico antigo à ideia de frutificar, ser frutífero; a forma pr significa em ugarítico, fruta. Há por isso imensos topónimos com essa raiz e que corresponde simplesmente à ideia de área agrícola. O elevado número de topónimos que partilham o som per, bem como a sua variedade e ainda a sua distribuição generalizada por todo o país, indicam que foi ela muito usada e desde há muito tempo. Evidentemente que não significa que existam nas áreas com nomes deste grupo pereiras ou peras, muito embora a pereira seja uma das raras espécies de plantas fruteiras nativas da Península Ibérica. Também essa situação de uma espécie de árvore de fruto autóctone se chamar pr, fruta, não é casual, mas antes resultante de ser a fruta que por cá existia quando se começou a falar esta língua que deu origem ao português atual. Portanto Pera, Peras, Pereira, Pereiras, Perais, etc., são apenas variantes de pr que significava na origem área agrícola.

PRIB:

Dá peros (soromenho).

Boi com chifres muito levantados. Árvores de fruto que dão peras (feminino) e maçãs (masculino).

PEZABONA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X

FIGUEIREDO (1899)

GDE; PRIB pila, pius, pia, pium

SILVA (1789):

Vaso côncavo de pedra para dar de comer e beber aos animais.

Pia batismal.

VIEIRA (1871):

ÁRABE

Pedra, ou peça de madeira côncava, para dar de comer aos animais e para lavar roupa.

Pia d’agua benta; pia do batismo; grande vaso de pedra com a agua benta para batizar; pequeno vaso ou caldeirinha de porcelana, que se costuma colocar à cabeceira da cama com água benta.

Náutica: carlinga.

Faca, ou égua remendada.

FIGUEIREDO (1899):

Vaso de pedra, para líquidos.

Abertura circular, com a configuração de um vaso fixo, em comunicação com a canalização geral, e pela qual, nos domicílios, se faz o despejo de imundícies.

Cisterna ou cavidade, natural ou artificial, em que se guarda água no verão, para abastecimento dos povoados.

Sepultura, cavada em rocha.

Carlinga.

OLIVEIRA (2024):

Pia ou pio é a designação mais comum para indicar o recipiente onde se deita a azeitona para ser moída. Há casos esporádicos onde designa o alguerbe, isto é, a zona circular onde se colocam as seiras para seres espremidas pela vara, a parte inferior da vasa sobre a qual giram as galgas e finalmente o aparelho de moer na sua totalidade.

Pia poderá igualmente designar um vaso de pedra ou cavidade existente na tarefa, para onde escorre o azeite com a água durante a prensagem, antes de entrar na talha ou tarefa, onde se efetua a decantação.

GDE:

Almofariz.

Cavidade na rocha decorrente da exploração aurífera romana.

As Pias acabaram por dar nome à Serra onde se encontram.

[São atribuídas a S. Martinho que quando atravessava a serra a cavalo, teve muita sede e não a encontrando fez com que brotasse da rocha e enchesse umas poças. A partir daí estão sempre cheias de água, mesmo no verão e diz o povo que se secarem, o mundo está para acabar. As pessoas sobem à Serra para pedir chuva nas Procissões da Rogação]

PICÓTA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

MACHADO (1993) picot (francês)

VIEIRA (1871):

Espécie de pelourinho à entrada dos lugares, onde se expunham as cabeças dos justiçados. Náutica: o pau que pega na ponta do gancho com que se dá à bomba.

LEAL (1873-88): “Portuguêz antigo – pelourinho, com ganchos ou argolas, e cadeia onde os criminosos eram supliciados, expostos à vergonha pública.

PICOTO ou PICOTTO - cume de monte, píncaro, pico, cabêço pyramidal – e também sêrro, cabêço, etc.”

FIGUEIREDO (1899):

Poste ou madeiro, erguido em praça pública, em cuja extremidade superior se expunham as cabeças dos justiçados. Poste, guarnecido de argolas e correntes, onde se executavam penas ignominiosas, açoitando-se os delinquentes ou sendo expostos à irrisão pública.

Haste do êmbolo de uma bomba. Engenho ou cegonha, para elevar água.

No Brasil é uma ave, o mesmo que galinha-da-índia.

DER:

Pau. De pico no sentido de ponta, porque se espetava a cabeça do criminoso na sua ponta.

Ave.

PRIB:

Pau a prumo que servia de pelourinho.

Haste do êmbolo de uma bomba. Engenho ou cegonha para elevar água de um poço.

WIK:

É uma máquina simples que serve para retirar água de poços. Interpretando obras artísticas e utensílios domésticos de civilizações antigas.

É constituída por dois pedaços longos e articulados de madeira, um deles na posição vertical e firmemente preso ao terreno. O outro, perpendicular ao primeiro, tem numa extremidade um peso e no outro um recipiente para a água. Baixa-se o recipiente ao poço e o peso na outra extremidade ajuda-o a içar depois de cheio.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

PINÉO PINEU

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899) pineus

SILVA (1789):

Adjetivo de pinheiro ou pinho.

VIEIRA (1871):

De pinheiro ou de pinho. Termo de poesia.

FIGUEIREDO (1899):

Relativo a pinheiro; feito de pinho.

Antigo jogo, atirava-se uma pedra ao ar, dizendo: “pinéu, pinéu, que vais para o céu, toma a cair, e guarda a cabeça de quem ela ferir”.

No Brasil é designação de um passarinho.

PINGUELA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE pihue

LIMA (2012) (castelhano)

PINHAL PINHAL

PINHEIRO

VIEIRA (1871):

Varinha que sendo tocada pela caça, faz desmanchar o laço e prende a caça; uma espécie de gancho, que também se usa nas ratoeiras.

Pontesinha de um pau atravessado, alpondra, pinguelo.

GDE:

Tábua colocada sobre um riacho.Traves de madeira unidas para atravessar um ribeiro. Armadilha para pássaros; peia de um falcão.

PRIB:

Peça de armadilha para pássaros. = PINGALETE, PINGALHETE, PINGUELETE, PINGUELO

Gancho com que se armam ratoeiras.

Viga ou prancha que serve de ponte. Pedra que, no meio de um regato estreito, facilita a passagem.

[Em Sobrado existe a Ponte da Pinguela, uma ponte plana, feita de lajes assente em grandes pedras, que fica submersa assim que as chuvadas se tornam mais intensas, dada pouca altura existente entre a cobertura e o leito do rio. Este tipo de ponto é muito comum nas áreas agrícolas e encontram-se vários exemplares espalhados pelo concelho]

CARVALHO (1999)

VIEIRA (1871)

PINHEIRO MANSO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

LIMA (2012)

PRIB pinu, pinus

FIGUEIREDO (1899) piniarius

VIEIRA (1871):

Pinhal - Mata de pinheiros. Pinheiral.

Pinheiro: árvore vulgar, muito resinosa, de que há várias espécies. O pinheiro manso que produz frutos próprios para se comerem, e tornarem-se sápidos. O pinheiro-bravo que produz frutos que servem só para o fogo. Há também o pinheiro alvar ou bastardo.

LEAL (1873-88):

“Penhão e Pinhão, Penhal e Pinhal, entre muitas ouras palavras andam confundidas. Todos sabem que penhal é um lugar onde há um aglomerado de penhas – e pinhal, é terreno semeado de pinheiros – pinheiral

Pinheiro - É um appellido nobre em Portugal. Procede de uma quinta chamada de Pinheiro por haver alli um pinheiro de prodigiosa grandeza. O primeiro que em Portugal usou d’este appellido, foi Tristão Gomes Pinheiro, fidalgo galego, que vindo para Portugal, foi mandado construir as muralhas de Barcellos.”

FIGUEIREDO (1899):

Pinhal - Mata de pinheiros. Pinheiral - O mesmo que pinhal.

Pinheiro - Género de árvores coníferas, (pinus), de que há várias espécies, como: o pinheiro manso, (pinus pinea), o pinheiro bravo, (pinus pinaster); o pinheiro de Riga, (pinus sylvestris); o pinheiro chorão, ou pinheiro do México; o pinheiro insigne; o pinheiro silvestre, (pinus sylvestris), o pinheiro francês ou pinheiro de Alepo, (pinus alepensis), o pinheiro molar. Casta de uva.

Sítio, casa ou Repartição Pública, onde se cometem muitos roubos.

No Brasil diz-se da rês que tem os chifres direitos.

CARVALHO (1999):

Pinheiro ou pinheiro manso, nome comum do Pinus pinea.

LIMA (2012): Modernização do reflorestamento.

PRIB:

Planta conífera da família das pináceas, de folha perene, com muita utilidade para a agricultura e outros mesteres.

[Fornecedor de madeira para construção civil e naval, muito apreciada pela sua durabilidade, devido à sua seiva resinosa. Este último componente teve muitas aplicações, sendo extraído através de cortes na superfície do tronco, onde era colocada uma chapa, que conduzia a resina para pequenos vasos cerâmicos. O pinheiro manso tem uma forma mais arredondada e é dele que provêm os pinhões.]

PÔÇA

POÇAS

POÇO NEGRO

POMARINHO

POMARIUS

POMARIUS

CARVALHO (1999) puteu

FIGUEIREDO (1899) GDE; PRIB puteus, putei; nigrus

POÇA

VIEIRA (1871):

Cova pouco funda.

FIGUEIREDO (1899):

Cova natural e pouco funda, com água.

Cova artificial e pouco funda, em que se represa a água nascente, com que se rega milho, hortas, etc., fazendo-a sair por um bueiro.

CARVALHO (1999):

Poça, feminino de poço = cova pouco profunda, geralmente com água. Do latim puteu, cavidade profunda, aberta no solo e, em geral, revestida de paredes de pedra, para dela se tirar água ou sítio mais fundo de um rio, o mesmo que pêgo.

MARQUES (2014):

Poza, ausente dos léxicos não-peninsulares, ocorre na documentação galega sob as formas masculinas pozo e puzo, com o sentido de (i) presa num rio e (ii) poço de água.

Na documentação asturiana e leonesa anterior a 1230, não é necessária a associação entre o termo pozo e água. De resto, note-se a referência a pozos de exploração salícola na documentação castelhana dos séculos IX a XII.

GDE e PRIB:

Cova artificial e pouco funda, em que se represa a água nascente, para regar milho e/ou hortas através de um bueiro.

Pode estar associado ao tratamento do linho.

POÇO

VIEIRA (1871):

Cova, onde se ajunta água, que corre para aí dalgum olho; cisterna.

Um poço de ouro; uma mina, grande porção. Nas minas, abertura de poço, seguindo a veia metálica, que desce para o centro da terra.

FIGUEIREDO (1899):

Cavidade funda na terra, contendo água.

Pégo.

Claraboia de mina.

Altura de um navio, desde a aresta superior até o convés.

Utensílio de barro, que se põe sobre o fogareiro, para suster a panela.

O mesmo que pôça.

OSÓRIO (2017):

Pode ter um significado duplo, associado a questões agrícolas e mineiras.

Área de extração em jazida primária ou secundária.

GDE e PRIB:

Local de extração de água, natural ou aprofundado e protegido por vedação e mecanismo para extração da água.

POÇO NEGRO

ROCHA (2017):

De um sintagma formado por itens do léxico comum, poço e negro

Do latim putĕus i = buraco, fossa, poço de mina.

[Exploração mineira associada a carvão ou outro minério escuro, ou associado à falta de luz nas explorações subterrâneas]

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

ALMEIDA (2020) pØmhr (fenício) PRIB pumare, pumarium, plumari

VIEIRA (1871):

Horta de árvores de fruta.

Pomar de espinho com árvores que os têm, como as laranjeiras, os limoeiros, etc.

Pomar de caroço com fruteiras de promagem, como pêssegos, ginjas, ameixas, etc.

MARQUES (2014): Pumar(e), pumarino, pumarellio, pumerio e numa forma mais erudita.

As formas plurais pumares, pomaris e pomiferis. É-lhe atribuído o sentido genérico de pomar, pomar de macieiras, ou só macieiras.

ALMEIDA (2020):

Pomar deve ter nascido de pØmhr, que significa caminho da serra em fenício.

PRIB:

Pomares. Local com muitas árvores de fruto.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

PONTE

P. DA

CARVALHA

P. DA

PASSAGEM

P. DA PRESA

P. DA SENRA

P. DAS CABRAS

P. DO ARQUINHO

P. DOS MOINHOS

P. FERREIRA

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CARVALHO (1999) ponte

FIGUEIREDO (1899) LIMA (2012) GDE pons, pontis, pont

GDE:

Construção em diferentes materiais para ultrapassar um curso de água.

VIEIRA (1871):

Construção de ferro, de pedra, levantada de uma margem a outra do um rio para o atravessar.

Ponte suspendida: ponte de fio de ferro, cujas extremidades são fixadas às duas pilastras, ou colunas de cada lado.

No engenho de açúcar, a peça em que assenta, e se volve a moenda.

Náutica: coberta do navio, espécie do baileu; por isso se diz de duas, ou três pontes.

Ponte levadiça: ponte de madeira que nos rios, ou canais se levanta, e abre em duas metades para dar passagem aos navios; ponte que atravessa fossos feita a modo de sobrado, que se ergue, e abaixa à vontade, para entrada nas praças, castelos, etc.

FIGUEIREDO (1899):

Construção, que liga dois pontos ou lugares, separados por um rio ou ribeira ou por um vale.

Sobrado do navio. Coberta do navio.

Prancha de madeira, sobre que trabalha o rodízio, no cavouco dos moinhos.

Travessa de pau, que sujeita os tendais, na traseira do carro.

Espécie de jogo popular.

CARVALHO (1999):

Construção que permite a passagem de uma via de comunicação sobre um curso de água ou vale.

MARQUES (2014):

A forma romanceada ‘ponte’, ausente dos léxicos não peninsulares, foi já recolhida na documentação asturiana, leonesa e castelhana, logo a partir dos inícios do século IX.

[As pontes adquiriam uma designação adicional que as individualiza, geralmente associado ao curso de água que atravessam ou a outros pormenores envolventes ou construtivos, para além do fim a que se destinavam, como no caso das cabras. Esta designação poderia indicar uma construção precária de fraca qualidade, se pensarmos no significado de caminho de cabras]

Ver: ARCOS, CARVALHO, FERREIRA, MOINHOS, PASSAGEM, PRESA e SENRA

PORTELA

PORTELA

P. REBESSA

PORTELLA

P. DA GANDRA

P. DAS CHÃOS

P. DE ERVEDOSA

P. DO ESCOURAL

P. DOS VENTOS

P. HEREMITE

PORTELLAM

GANDERE

PORTELLINHA

(página 1 de 2)

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899)

LIMA(2012) GDE portella, portello

VIEIRA (1871):

Portal. Porteira. Entrada, passo estreito. Barreira que existe nas estradas.

LEAL (1873-88):

“Portuguêz antigo – diminutivo de pôrto; porta, caminho ou estrada estreita e acanhada. Não se confunda com portêllo, que tem outra significação.

Também se dá o nome de portella à entrada de qualaquer estrada ou caminho. Estas são as significações que á palavra dão todos os nossos diccionaristas. Eu porém, que tanto tenho viajado por este reino, e que conheço grande número de aldeias e logares denominados Portella, ainda não achei sítio com este nome, senão em logares altos, o que me fez suppôr que portella, embora indique caminho estreito, se refere ao que está no alto de qualquer serra ou monte.”

FIGUEIREDO (1899):

Portela - Portal. Pequena porta.

Ângulo ou cotovelo de uma estrada ou caminho.

Passagem estreita entre montes, desfiladeiro.

Depressão de um pontal.

Portelo - Porta de um cercado ou terreno murado. Cancela.

Pequena portela ou pequeno desfiladeiro.

LIMA (2012):

Portela e Portelo são topónimos frequentes no Noroeste da Península Ibérica, segundo Machado (1984). Oriunda de porta, a forma Portela (do latim portella) pode significar “portal” e “pequena porta”. Trata-se de uma forma polissémica, conforme podemos averiguar, fazendo necessário verificar os sentidos convergentes que levaram à classificação desses dois topónimos como hodotopónimos. (…) Há outros usos possíveis para portela, recuperando-se dois supracitados “pequena porta”, “passagem estreita entre montanhas, desfiladeiro” e “curva muito fechada numa estrada ou caminho, formando um ângulo “. Ao notar a abundância de Portella na toponímia, bem como Porto (…), registada desde o século X, Viterbo (1865) indagou o entendimento de tais formas em outros autores, recuperando as particularidades da forma Porto. A conclusão feita, ao considerar Portela diminutivo daquele nome, leva-nos a compreender os topónimos Portela e Portelo no sentido de caminho, de modo geral: “[…] uma porta, caminho, ou estrada mais pequena, estreita e acanhada, por onde se passa, ou passava de um lugar a outro”.

PORTELA

PORTELA

P. REBESSA PORTELLA

P. DA GANDRA

P. DAS CHÃOS

P. DE ERVEDOSA

P. DO ESCOURAL

P. DOS VENTOS

P. HEREMITE

PORTELLAM GANDERE

PORTELLINHA

(página 2 de 2)

PORTO PORTOCARREIRO

MARQUES (2014):

Referências datadas entre 906 e 1086. Aparecem os termos ‘porto’/‘portu’ e o diminutivo ‘portocino’; a quase metade restante é designada pela forma derivada ‘portella’. Os sentidos mais comummente atribuídos ao termo ‘portus’ aparecem ambos atestados na nossa documentação, tanto o de «lugar de passagem terreste», como se deduz da referência a um «porto carrario», como o de «ponto de ancoragem marítimo ou fluvial», como se deduz da provável referência a um porto fluvial, onde ancoravam embarcações. Como já notou Viterbo, o termo ‘portella’ parece ter apenas o primeiro sentido.

TORRES (2021):

Portelinha derivado de porta, com dois sufixos, um antigo, ou -ela, e outro moderno, ou -inha. Deve entender-se que Portela era um lugar ou sítio, e Portelinha outro: diferenças de tamanho, correspondentes à diversidade de cronologia originaram o segundo topónimo.

GDE:

Passagem, garganta de um monte, desfiladeiro. Pequena porta ou passagem muito estreita

PRIB:

Portal, ângulo ou cotovelo de uma estrada ou um caminho, passagem estreita entre montes.

ERVEDOSA

De “ervedal”, terreno onde se cultivam êrvedos, mais conhecidos na nossa zona por medronheiros, a partir dos quais se pode fazer aguardente.

REBESSA - RAVESSA

Montículo que pode abrigar contra o vento.

INF e PRIB:

[As portelas adquiriam uma designação adicional que as individualiza, geralmente associada a pormenores envolventes]

Ver: GANDRA; ESCOURAL; CHÃOS

X CARVALHO (1999)

VIEIRA (1871)

CARVALHO (2015)

INF; PRIB portu, portus carrus porto+carro+eiro

PORTO

VIEIRA (1871):

Lugar que dá entrada por terra.

Sítio em que entram as embarcações para estar em seguro e a salvo, ancoradouro.

Portagem. Passo de alguma montanha, entre montes, garganta,

Portos vedados, alfândegas, onde se arrecadam direitos do comércio.

Diz-se também de certos lugares à borda do mar, ou dos rios, onde as embarcações ancoram, para carregar ou descarregar fazendas.

Nos coutos de Alcobaça, é uma abertura, por onde se entra, ou fazenda, que tem tapigo.

Portos secos têm entradas por terra. Portos molhados têm entradas por mar.

Asilo, refúgio, lugar seguro.

FIGUEIREDO (1899):

Lugar sobre uma costa de mar ou junto à foz de um rio, para abrigo e ancoradoiro de navios.

Lugar, onde se embarca ou desembarca.

Lugar de refúgio ou de descanso.

Abertura na vedação de uma propriedade.

CARVALHO (2015):

Porto de abrigo no sentido lato do termo, não tendo que estar relacionado com rio ou mar.

INF, PRIB:

Lugar de uma costa onde os navios podem fundear. Lugar onde se pode descansar ou encontrar proteção.

Abertura na vedação de uma propriedade.

Lugar onde são cobrados impostos.

Lugar de passagem

PORTOCARREIRO

CARRUS vem do gaulês KARROS, que foi ao indo-europeu buscar KERS = Correr.

Carreiro é um caminho estreito.

[Caminho que ligava Ermesinde ao Porto]

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

POUZA DOYRIUS

PRIB

pauso-are

VIEIRA (1871):

Termo antiquado. Estância, residência, aposentadoria em que o cobrador dos foros reais devia pousar, estar ou residir, e receber tudo ou parte do seu mantimento.

LEAL (1873-88):

Repete a definição anterior e acrescenta: “Pousadia – português antigo - o mesmo que aposentadoria.”

FIGUEIREDO (1899):

Pousa - Lugar ou habitação, onde o cobrador de foros reais devia pousar e receber mantimentos.

A hora da meia-noite nos trabalhos de lagareiros. Cada um dos períodos, em que se divide o tempo de pisar o mosto.

Ato de pousar. Lugar, onde se pousa o carrego, para descansar. Quatro ou cinco feixes de pão de pragana, (trigo, centeio, etc.).

MARQUES (2014):

Pausata - Este termo, que está ausente de todos os léxicos extra-peninsulares consultados, num claro testemunho da sua restrição ao espaço ibérico, aparece na documentação asturiana e leonesa, a partir pelo menos da década de 930, com um conjunto de significados que oscilam entre o de «unidade de exploração de sal» e o de «unidade residencial» de vários tipos, como mostrou M. Pérez González numa aprofundada análise lexicográfica. Note-se, contudo, que as escassas menções a este termo na documentação galega parecem apenas confirmar o segundo sentido de qualquer dos significados, mas inclinamo-nos a pensar que o termo designaria, também aqui, unidades residenciais.

PRIB:

Pousada num local duro, pedregoso?

PÓVOAS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) CARVALHO (1999) GDE populo, populu

FIGUEIREDO (1899):

Pequena povoação; pequeno povo; casal.

CARVALHO (1999):

LIMA (2012)

Póvoa derivado regressivo do verbo povoar, designa uma pequena povoação ou casal, relacionada com um novo arroteamento. O topónimo é um importante indicador do povoamento de uma dada região.

LIMA (2012):

Território dado a um grupo de indivíduos para aí se estabelecerem e iniciarem atividades que permitam a criação de um novo núcleo habitacional, sujeito a um vínculo jurídico.

AZEVEDO (2015):

Caráter jurídico no estabelecimento dos povoadores

GDE, PRIB:

Pequena povoação, casal, povo, terreola, vilar. Casal, lugarejo, povo, terreola, vilar.

PRAÇA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DER plateia (grego)

VIEIRA (1871):

VIEIRA (1871)

DER; WIK platea, plaça

Lugar espaçoso dentro de qualquer povoação, onde se fazem as feiras, mercados, etc. Lugar, posto determinado. Nome, fama, reputação. Vender em praça; vender em leilão, almoeda, aos lanços. Lugar onde se efetuavam as transações, e outras operações comerciais. Ser público, do conhecimento geral. Ofício, emprego. Nas marinhas, o lugar em que cabe ao fabricante dar à venda a sua porção regulada.

Pôr a praça no campo; oferecer batalha, esperar o inimigo aprazado, e se ele se não apresentava, dava-se por vencido. Lugar fortificado com muros, baluartes, etc., para que a guarnição se possa defender do inimigo; fortificação em posição superior a terrapleno; bateria defendida por algum reduto; cidade ou fortaleza escolhida em tempo de guerra, para depósito do todos os materiais numa cidade ou praça; o sitio onde se formam as tropas; sítio destinado nos acampamentos para revistas, e exercícios das tropas; assento que se faz nos livros competentes quando qualquer soldado se apresenta para servir no exército; lugar do soldado, que não está preenchido, ou o soldado que falta para encher o número.

LEAL (1873-88): “Antigamente não tinha esta palavra a significação que hoje se lhe dá; queria dizer pública e claramente. Também significava dar praça ou campo para um combate.”

FIGUEIREDO (1899):

Lugar público, cercado de edifícios. Rossio. Largo. Mercado. Circo. Terreiro. Conjunto de negociantes de uma cidade. Almoeda, hasta pública: pôr em praça. Fazenda ou quinta, no Transval. Loc. adv. ant. De praça, publicamente (Lat. platea). Espaço de um navio, para transporte de gêneros. Lugar público, onde estacionam trens de aluguer. Lugar, em que se fazem exercícios militares. Alistamento militar: assentar praça. Soldado, sem graduação ou patente. Vila ou cidade fortificada. Fortaleza. Cerco. Alarde, ostentação. Pessoa velhaca. Casta de uva branca trasmontana.

DER:

Plateia (grego) significando rua larga. Platea (latim). Plaça.

WIK:

Qualquer espaço público urbano livre de edificações e que propicie convivência e/ou recreação para seus usuários, podendo ser ajardinados e eventualmente isenta da circulação de veículos. Muitas praças são usadas para concentrar os edifícios de interesse público, religioso e comercial, sendo as feiras e os mercados periódicos usuais. Os espaços menores com estas características são conhecidos por largos.

PRADOS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

GDE; PRIB pratu, pratum, prati

VIEIRA (1871):

Campo de ordinário para pasto, erva não cultivada. Campo de muitos prados, pedaço de prado mui fértil.

FIGUEIREDO (1899):

Campo, coberto de plantas herbáceas, que servem para pastagem; campo. No Brasil é o mesmo que hipódromo.

MARQUES (2014):

Prato

Referida num documento datável do século XI. Deve ainda acrescentar-se a ocorrência relativamente frequente das formas plurais ‘pratis’ e ‘pratus’, componentes de unidades várias (desde hereditates a villae). Normalmente ocorrem integradas em expressões do tipo «pratis padulibus», «pratus pascuis padulibus», com que os redatores procuram circunscrever o conjunto de direitos de exploração de espaços incultos destinados a pastagens pertencentes às propriedades em causa. Não vale a pena desenvolver o sentido de uma palavra que a vários dos léxicos consultados registam com um significado próximo do que a palavra ‘prado’ veio a assumir em português, senão para sublinhar a ocorrência da mesmíssima forma ‘prato’, e com o mesmo significado, na documentação asturiana e leonesa anterior a 1230.

GDE e PRIB:

Campo de plantas forraginosas para alimentação do gado.

PRESA

P. DA RECHÃO

P. DE GUISTELAS

P. DE MARIENNES

PRESAS

PRESAS DE SÁ

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) CARVALHO (1999) prehensa PRIB

prensus, prensa, prensum X

PROSELA

PROSELA

VIEIRA (1871):

Ação de agarrar, empolgar, ou tomar alguma coisa.

Canal feito com estacaria ou cantaria, para que a agua dê movimento às rodas do moinho, ou outras obras hidráulicas.

Tomada, conquista de uma praça.

Presa feita com regra, ou em contravenção das leis do corso.

A ave que o falcão, ou outra qualquer ave de rapina apanha; a garra do falcão, ou de outra ave de rapina.

Termo de ferreiro: a asa ou travessa do ferro postiça, que se põe às obras longas, o pesadas, no lado oposto ao que entra no fogo, para ser caldeado e lavrado, para as poderem menear mais facilmente, quando as tenazes não bastem para isso.

FIGUEIREDO (1899):

Ato de prender ou de apresar; apresamento.

Peça ou cavidade larga e pouco funda, em que se ajunta água para regas, e donde se extrai, a pouco e pouco, por um bueiro, ou brecha, sendo depois dirigida pelo agricultor sobre o terreno que se quere regar. O mesmo que açude.

Elevação, numa estrada ou num terreno, por onde dificilmente sobem carros ou peões.

Objetos, apreendidos ao inimigo. Objetos, usurpados violentamente. Estado de uma substância coagulada.

Cada um dos dentes caninos.

Mulher que está em prisão.

Açor.

CARVALHO (1999):

Presa, designa uma represa construída para acumulação de águas, destinadas a fazer mover um moinho ou uma azenha. A importância destas construções, e da sua ligação à atividade moageira, reflete-se na frequência com que surge na toponímia do Noroeste Peninsular, da Galiza ao Vouga, com raras ocorrências a Sul deste rio.

MARQUES (2014):

À semelhança do que acontece na documentação asturiana, na leonesa e na galega, teria o duplo significado de «muro de contenção de águas» e de «canal de condução da água para um moinho ou para um terreno», que nem sempre são facilmente distinguíveis. Note-se que este segundo significado é o único registado por um dos léxicos hispânicos e pelos léxicos gerais e nacionais que recolhem a palavra.

OSÓRIO (2017): Lavadouro pode estar associado a uma das fases do tratamento dos minérios explorados no território de Valongo, especialmente no que se refere ao ouro.

PRIB:

Local de represamento de água para regadio ou destinadas a fazer mover um moinho ou uma azenha.

Ver: RECHÃO, GUISTELAS, MARIENNES, SÁ

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

PRIB prensus, prensa, prensum

PRIB:

Presa mais pequena devido ao sufixo “ela”.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

PUNHETE

VIEIRA (1871) pugnus

AFONSO (2018) pugna GDE punho PRIB

SILVA (1789):

Punho de camisa, punhado, jogo de rapazes, punho.

PINTO (1832)

Quantidade que se toma com três dedos, local da espada onde a mão aperta.

VIEIRA (1871):

Diminutivo de punho. A mão cerrada, murro, avarento. Nas boticas, o que se toma com três dedos. O punho da camisa. O folho de renda na cambraia, que para adorno se ajunta na extremidade da manga da camisa. Punho punhete; um jogo, usado das crianças. Punho da espada; a parte onde a mão a aperta para a desembainhar; arma em punho para guerrear, ferir, de brigar, pelejar, etc.

LEAL (1873-88):

“Aldeia, Douro, na freguesia de Alfêna, no concelho de Vallongo, comarca e 12 kilometros ao N. do Porto, 2º fogos. Bispado e distrito administrativo do Porto. É terra muito fértil, como são todas as dos arrabaldes do porto. Vide Alfena. Manuel da Silva Passos, talvez não soubesse da existência d’esta aldeia com similhante nome (apesar de ter nascido perto d’aqui, na freguesia de Guifões, concelho de Bouças, aliás a chrismaria, quando foi ministro, como fez à villa do mesmo nome.”

FIGUEIREDO (1899):

O mesmo que mitene (de punho). [mitene é uma luva que deixa a extremidade dos dedos a descoberto]

AFONSO (2018):

A foz do Zêzere, chamava-se, naquele tempo, de Pugna Tagis, golpeia o Tejo. O nome da localidade permaneceu, no português, como Punhete. [Este topónimo foi substituído por Constância, a pedido dos moradores, por rogo a D. Maria II, que acedeu, em virtude do apoio da população à causa liberal]

PRIB:

Luva sem dedos; punho; pitada que se segura com três dedos.

[O acidente orográfico de uma curva muito acentuada no curso do rio pode estar na origem da descrição, o mesmo parecendo acontecer em Alfena, no lugar que foi designado por este topónimo]

[Poderá estar associado a uma curva fechada de um curso de água ou confluência de dois cursos de água, como no caso da Constância, que até 1836 se chamava Punhete. Este topónimo resulta de uma adulteração de Pugnatagi, nome dado à localidade pelos romanos devido ao encontro conflituoso dos rios Tejo e Zêzere, à época com caudais violentos. (Explicação dada pelo Presidente da Câmara de Constância em 2012 https:// bomdia.eu/a-vila-que-se-chamava-punhete/)]

Q

QUEILHO

QUELHA

Q. DA

CANADITA

Q. DA FONTE

Q. DE GUISTELAS

Q. DO JOGO

Q. DO LODEIRO

QUELHAS

QS. DE BAIXO

QUELHO

QUELHOS

VIEIRA (1871):

FIGUEIREDO (1899) canalicula

GDE canalicu

Calha, peça de madeira que tem uma tábua por baixo, e duas nas ilhargas, por onde corre a água para a roda do moinho. Nos moinhos, uma armação de tábuas muitas largas em cima, e muito estreitas em baixo quase a modo de funil que está suspensa sobre a mó, que chamam corredora, e fica atada a umas vigas em cima nos quatros cantos, onde se deita o grão para correr para a mó.

Na província do Minho, beco, ou rua estreita.

FIGUEIREDO (1899):

Quelha - Calha. Rua estreita. Cano descoberto.

Peça de madeira, que forma ângulo reentrante, por onde o grão que sai da tremonha corre para o olho da mó, nos moinhos de cereais.

Socalco de terra lavradia. O mesmo que quelho.

Quelho - Caleira, por onde o grão desce da canoira e que também se chama quelha.

O mesmo que beco, viela ou quelha.

Quelhório - Socalco de terra lavradia, muito estreito e pouco produtivo.

CARVALHO (2015):

Na opinião de Moisés Espírito Santo, associa-se à ideia de todos, logradouro de uso, sendo um lugar de passagem obrigatória para todos que têm campos fora da povoação.

GDE:

Canal pequeno, beco, viela, caminho estreito e tortuoso, não pavimentado.

DOP:

Caleira, por onde o grão desce da canoira, beco, viela.

[Desconhece-se a razão subjacente à atribuição do determinativo JOGO a uma quelha, sugerindo-se que possa ter sido um lugar afastado dos olhos do público, para levar a cabo atividades pouco legais]

Ver: BAIXO, CANADITA, FONTE, GUISTELAS, LODEIRO,

QUINTA

Q. DA

ABELHEIRA

Q. DA D. HELENA

Q. DAS ARCAS

Q.DO RIBEIRO

QUINTAÃ DOS MOINHOS QUINTÃ

QUINTAÃ DO CASTELLO

QUINTANA QUINTÃO

PRÉ ROMANA ROMANA

CARVALHO (1999) quintana

LIMA (2012) GDE

QUINTA

GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FERNANDES (2013)

VIEIRA (1871): Fazenda no campo com seu casario. Medida antiga que levava outro tanto mais que a medida pequena.

LEAL (1873-88): “Quintan, Quintana e Quintãa no antigo portuguez significava quinta.”

FIGUEIREDO (1899): Propriedade rústica, com casa de habitação. Terra de semeadura; fazenda. Agregado de casas, que pertencem a proprietários diversos, e fazem parte de uma freguesia. Pomar de laranjeiras.

Na gíria é uma enfermaria de meretrizes. Conjunto de cinco cartas, no jogo dos centos.

Intervalo de cinco notas musicais seguidas.

Quintã - Diz-se da febre intermitente, que aparece de cinco em cinco dias.

Quintã - O mesmo que quintão. Curral de porcos. O mesmo que estrumeira, em pátio ou em rua.

CARVALHO (1999):

Propriedades rústicas, cercada ou não de árvores ou muros, com terra de semeadura e, geralmente, casa de habitação.

LIMA (2012):

Derivação do sistema decimal de agrimensura romana ou de qualquer outra medida de cunho agrário.

Quinta, quintão, quinteiro e quintela passam a designar terrenos para semeadura.

FERNANDES (2013):

QUINTÃ = termo militar que separava o 5.º do 6.º manípulo nos acampamentos militares romanos; no século VI ganha o significado de via carroçável; no século X torna-se na rua ou praça em frente à casa senhorial que além da habitação do proprietário também inclui as dependências agrárias.

Em Portugal só existem “quintas” a partir do século XV e XVI e o termo passou a ser usado pela Casa de Avis, para se distanciarem de “quintã” usada pela velha nobreza nortenha.

QUINTÃNA = Curral de porcos.

MARQUES (2014):

A generalidade dos léxicos latinos que registam o termo quintana atribui-lhe, entre outros, o significado de propriedade rural, domínio (…) ao passo que ao termo quinta são atribuídos significados, como sejam os de zona de cinco milhas em volta de uma cidade ou a quinta parte (dos frutos reservada ao senhor, do saque de guerra, etc.).

Varela Sieiro identificou três sentidos distintos para este vocábulo:

(a) «finca rústica con vivenda», por vezes com uma localização claramente periférica no quadro da villa, e que se define essencialmente pela sua função residencial; (b) «terreo de cultivo»; (c) «terreo que rodea unha vivenda».

Os autores que mais recentemente se referiram ao significado do termo quintana na historiografia portuguesa relacionaram-no preferencialmente com centros de exploração dominial, associados à residência do senhor; ainda que reconheçam a exiguidade das terras aproveitadas diretamente, que só muito dificilmente se aproximariam das dimensões da reserva senhorial clássica. No caso concreto do Entre-Douro-e-Minho, Mattoso reúne mesmo exemplos de quintanae transformadas em simples parcelas. Independentemente das exatas formas de exploração e da titularidade da quintana, o que importa aqui ressaltar é a efetiva correspondência destas unidades a parcelas de terra, de maiores ou menores dimensões, com funções residenciais e/ou produtivas.

VER: VALMARINHAS

GDE:

Mercado pequeno no acampamento; propriedade rural com habitação rodeado por árvores.

D. HELENA

A Quinta da D. Helena, em Alfena foi o local escolhido para as reuniões da Câmara Municipal terem lugar, por falta de condições se segurança para reunir em Valongo, durante alguns meses em 1838.

Ver: ABELHEIRA, ARCAS [ANTA], CASTELLO, MOINHO e RIBEIRO.

QUINTARREI PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X X

REIS (1904): Quinta aforada com autorização real.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

RABILLA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

REIS (1904) rabil arrebil

LEAL (1873-88):

“Rabalha, Rabhalva, Rabehabra – medida antiga, de sólidos e líquidos da cidade do Porto. (…) Referenciada desde o século XIV.

Rabás ou Rabaz – portuguez antigo – ladrão. O substantivo rapacidade é da mesma origem.

Rabel ou Rabil – portuguez antigo – o mesmo que arrabil, pequena rabeca, usada pelos pastores.”

FIGUEIREDO (1899):

Ave pernalta, (gallinula chloropus).

Ladrão

RACAREI Ver: RECAREI

RAIZ PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899) radix PRIB

VIEIRA (1871):

Parte da planta que fica debaixo da terra e que absorve, para a nutrir, os suecos que Ihe são apropriados. Origem, princípio, fonte, base, causa donde alguma cousa provém.

Bens de raiz são herdades, casas, etc.; por oposição a bens móveis.

A parte dos montes que se encobre profundamente na terra (palavra primitiva).

No jogo da péla, a raia que remata o jogo.

Termo antiquado: género de estofo usado para vestidos.

FIGUEIREDO (1899):

Parte inferior das plantas, que entra geralmente pela terra e pela qual os vegetais se fixam no solo, extraindo dele o suco que os alimenta.

A parte occulta de qualquer objecto. Parte inferior, base.

Elemento essencial de uma palavra; radical.

Fonte, princípio.

A essência material de uma propriedade rústica ou fazenda, em opposição aos seus rendimentos ou direitos.

PRIB:

Elemento comum a todas as plantas, que as fixa ao solo e através das quais se alimentam. Muitas vezes as árvores de grande porte eram cortadas ou partiam-se devido a tempestades ficando a servir de marcos identificativos na paisagem.

RAMIRUS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DNP ragin mari

WIK ranimirus

DNP:

Antropónimo visigótico = conselheiro famoso, formado pela união de elementos germânicos ragin = conselho + mari = famoso e ilustre.

WIK:

São Ramiro, prior do Mosteiro de São Cláudio, León (Espanha), martirizado com toda a sua comunidade pelos visigodos cerca de 554.

RAMPA RAMPINHA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871):

O declive de uma colina ou de uma montanha.

Palco, tablado.

FIGUEIREDO (1899):

Plano inclinado; ladeira.

Palco; ribalta.

DM:

Origem árabe = garra, gancho e unha.

PRIB:

DM VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

PRIB rampe (francês)

Ladeira, arruamento num declive, muito semelhante a uma calçada, mas menos íngreme.

GDE:

Plano inclinado; ladeira.

RAPADAS PRÉ ROMANA

VIEIRA (1871):

CARVALHO (1999) rapon PRIB

Etimologicamente, o mesmo que raspado e associado ao cabeço e à barba, cortados rente até à raiz.

CARVALHO (1999):

Lugar onde se corta erva para alimentação dos animais, se considerarmos o sentido de roçar, cortar com a enxada, rapar. Rapada e rapadura são derivados de rapar + ada e dura, sufixos que exprimem a ideia de ação, mas que, neste caso, formam vocábulos que se referem ao lugar onde a ação é praticada, fenómenos explicáveis por extensão semântica. Rapadeiro associa-se a quem pratica a ação e rapadouro, traduz a ideia de lugar onde se realiza uma ação, devido ao sufixo douro.

OSÓRIO (2017):

Pode estar associado a uma das fases da exploração de minérios explorados no território de Valongo, que se prende com a limpeza superficial dos terrenos.

PRIB:

Arrancar = Desbastar, desgastar, cortar as ervas rente ao solo. Variedade de trigo mole.

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899) 1 rex regalis ; 2 res, realis INF res, reāle INF

VIEIRA (1871):

1. De rei, ou soberano. Autoridade real. Estandarte real.

2. Que tem existência verdadeira, que tem ser, que não é imaginário.

Moeda de ouro, prata e cobre.

LEAL (1873-88):

“Portuguez antigo – arraial, onde está o rei, o general ou a bandeira real.

Antiga moeda portugueza de ouro, prata ou cobre.”

FIGUEIREDO (1899):

1. Que existe de facto; que não é imaginário. Que não é ideal. Efetivo. Relativo a bens ou coisas e não a pessoas.

2. Relativo ao rei; digno ou próprio de rei; magnificente.

Diz-se da maior ou melhor coisa de uma série ou grupo.

Antiga moeda portuguesa, de valor diferente, segundo as épocas. Unidade monetária portuguesa.

3. O mesmo que arraial.

LIMA (2012):

Posse do rei exercida sobre terras, típica do período medieval.

Do latim medieval, significa coisa ou bem associado ao rei.

Moeda antiga.

REBESSA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA DOP reverso+ar

INF:

RAVESSA:

Do latim - reversa = voltada.

Pequena saliência que protege do vento.

REVESSA:

Corrente de água em sentido contrário ao da principal ou da maré.

[O Regadio da Ponte Ferreira podia correr nos dois sentidos, dada a pendente não ser superior a 5%.

Para executar esta tarefa eram usados bois para tirar água de um poço a jusante, com recurso a uma nora e colocada a correr para montante]

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

REBORDÃOS PRÉ ROMANA

SILVA (1789):

RECAREI

RECAREY

RECAREY DOMPNI

STEPHANI

RECHÃES

RECHÃO

RECHÃOS

REDONDELO REDONDO

robur

Castanheiro bravo, não enxertado.

As castanhas rebordãs são mais gordas e redondas que as outras.

VIEIRA (1871):

Rebordão, ã, aa ou na(s)

Castanheiro rebordão; castanheiro bravo, não enxertado.

Castanhas rebordãs; castanhas de castanheiro bravo mais grossas e redondas que as longas.

FIGUEIREDO (1899):

Bravio, silvestre, falando-se de plantas, geralmente aplicadas em bordar ou cercar terrenos com sebes vivas.

Castanheiro bravo.

Castanheiros bravos, não enxertados que dão uma castanha mais pequena.

Reboredo, revoredo, ravereda, ravoreta = matas, bosques. Rebordelo e rebordaínhos são diminutivos de Rebordãos.

(http://www.jornalnordeste.com/noticia/toponimos-vigiados-pela-serra-de-nogueira)

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

REIS (1904) recaredus (?) INF

LEAL (1873-88):

“Corrupção de Recaredo, nome próprio de homem, que antigamente se pronunciava Recarêdo, e hoje se escreve e pronuncia Ricardo.”

INF

Recaredo como dono de uma propriedade no local.

De Recaredo, rei dos Visigodos de Espanha (586-601), que abandonou o arianismo e usou o cristianismo como forma de união de todos os súbditos, godos e romanos, em 589.

O nome foi muito usado e Recarei é a terra de Recaredo.

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

INF planus, plana

VIEIRA (1871):

Campo, planície.

LEAL (1873-88):

“Rechan ou Rechano – portuguez antigo – pequeno plano, no meio de uma portella ou viso. Uma especie de plató.

Rechan ainda se usa com a mesma significação.”

FIGUEIREDO (1899):

O mesmo que rechan e rechano. Rechan – Planalto. Chapada.

REIS (1904):

Em Valongo era uma zona muito húmida com uma presa para irrigação. Plural de rechã = planalto; chapada, terreno plano.

PRÉ ROMANA

SILVA (1789): À volta de…

VIEIRA (1871): Roda pequena.

FIGUEIREDO (1899):

ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE rotundo PRIB

Redondal - Diz-se de uma variedade de azeitona.

Redondel - Arena, em as praças de toiros. Arena de lutadores.

Redondela - O mesmo que rodela.

Redondil - Redondo. Diz-se de uma espécie de azeitonas graúdas, também conhecidas por azeitonas de Elvas.

Redondo - Casta de uva borraçal. Instrumento de carpinteiro, espécie de plaina.

PRIB:

Redondo, curva na paisagem. Monumento megalítico. Boia de pescadores.

REGALENGO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) regalengus INF regāle

VIEIRA (1871):

Real, com generosidade de rei, espíritos reais de rei, do soberano.

O mesmo que reguengo.

LEAL (1873-88):

“Reguengo, Regaendo, Regaengo, Regalengo e Regalindo – com todos estes nomes se distinguiam, desde o tempo dos reis das Astúrias, todas as terras que eram património real, e que tinham hido á coroa por direito de conquinta, confiscação, herança, escambo, etc.

Vários soberanos doaram bens reguengos a igrejas, mosteiros e vassalos que queriam favorecer ou premiar.

Ás propriedades ruraes d’esta natureza, se dava também o nome de reguengueiras.

Também se denominavam reguengos, os fóros, direitos, ou regalias com que qualquer território, vila, cidade, concelho ou coutos pagavam á coroa; e era isto que se chamava direito real.”

FIGUEIREDO (1899):

O mesmo que reguengo.

Real + engo. Reguengo. Que pertence ao domínio real.

RÊGO

R. DO PAÇO

R. DO POÇO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

PRIB recu

FIGUEIREDO (1899) riguus

CARVALHO (1999) GDE riguu

FIGUEIREDO (1899):

Sulco, natural ou artificial, que conduz água ou é próprio para isso. Sulco, feito pelo arado. Pequena vala, em campo cultivado, para escoamento de águas.

Separação reta, feita nos cabelos da cabeça, mostrando uma linha de coiro cabeludo. Refego.

REIS (1904):

Em Valongo era um desfiladeiro entre elevações, onde corria água.

CARVALHO (1999):

Rego, do latim riguu - curso de água, canal de irrigação, rego de água, bem como a derivação sufixal, de sentido diminutivo reguinho, referem-se a pequenos cursos de água, quase sempre relacionados com a atividade agrícola, já que constituem fonte de rega para os terrenos marginais. Neste sentido talvez a origem latina resida no adjetivo riguus, a, um, que significa que rega, que banha, que refresca, banhado, regado, húmido, e não no substantivo rigŭum, ī que, com o primeiro sentido, acima referido, era geralmente utilizado na forma do plural rigua, ōrum, mas também poderá ser o resultado de um encontro ou cruzamento das duas falas.

MARQUES (2014):

A designar cursos de água menores, o sentido que lhe atribuem os léxicos gerais consultados. Apesar da considerável amplitude de sentido da palavra, desde logo na documentação asturiana e leonesa, parece-nos designar a pequena extensão destas correntes, possivelmente destinadas à rega de parcelas agrárias em muitos casos. Note-se ainda que um dos componentes importantes dos moinhos hidráulicos são os ‘regos’ de evacuação da água, o que indicia o carácter artificial, construído, deste tipo de cursos de água, relativamente frequentes.

GDE:

Rego: vala por onde passa a água; sulco no solo feito pela relha de arado; valeta; sulco feito pelas rodas de um carro.

Ver: PAÇO e POÇO

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

REGUENGO REGUENGO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE regale

VIEIRA (1871):

REMOLA

REMOLHA

REMOLHÃO

REMÔLHAS

REMOLIA

VITERBO (1983) LIMA (2012)

Terra realenga que os reis têm para mantença do seu estado real, e são as adquiridas para a coroa até ao reinado de D. Pedro I. Devasso, em oposição a vedado, defeso, coutado, cercado.

Com este nome se distinguiu desde o rei das Astúrias até ao reinado de D. Fernando, toda aquela terra que fizera parte do património real, passando à coroa por direito da guerra ou confiscação, herança, escambo, etc. Ficava com o nome de reguengo, como cousa afeta ao real trono; e os que nela povoavam ou residiam, ficavam responsáveis das jugadas e outros foros, que pelo seu foral, couto de povoação ou prazo se haviam comprometido. De muitos desses reguengos fizeram mercês os nossos augustíssimos soberanos, dotando e enriquecendo igrejas, mosteiros e os seus fiéis vassalos; mas os que atualmente estão na coroa, nem clérigos, nem ordens, mosteiros, fidalgos ou cavaleiros podem haver ou ganhar porção alguma; e isto já desde os principies do reino. Com tudo os cistercienses terão sido dispensados desta lei, pelo menos numa grande parte do seu rigor.

Adágio: Em lugar realengo faze teu assento, e em terra de senhorio não faças teu ninho.

FIGUEIREDO (1899):

Relativo a Rei; realengo. Terra, pertencente ao património real. Direitos que, recaindo em certas terras, pertenciam à coroa. (De regalengo < regaengo < reguengo)

GDE:

Propriedades ligadas à reconquista.

VIT:

Propriedades que os reis deram aos concelhos aquando da outorga dos Forais, contra pagamento de um tributo à coroa.

Ver: REGALENGO

ROMANA

CARVALHO (1999) molliāre, mollīre

VIEIRA (1871):

Macerado, posto de (re)molho, muito molhado e amolecido.

Tornar a molhar, molhar de novo.

LEAL (1873-88):

“Remoélla – portuguez antigo – acinto, pirraça, desfeita.”

FIGUEIREDO (1899):

REIS (1904)

Remolhão - Grande enfiada de minhocas, dobrada e amarrada a um fio, em forma de borla, para a pesca das enguias.

REIS (1904):

Deriva de Remollão, árabe que aqui viveu.

CARVALHO (1999):

Pescador de enguias usa o remolhão. Doente acamado. Preparador de peles.

Campo baixo, muito perto do rio e, por isso, sujeito a inundações, apresentando-se habitualmente muito molhado ou permanentemente embebido em água.

GDE:

Zona húmida e constantemente sujeita a inundações (re+molha).

PRIB:

Maçã ácida.

RESINEIRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

GDE resina resina+eira

VIEIRA(1871):

Local onde se produz resina. Processo de obtenção de resina e quem o conduz.

Resina: matéria inflamável, gorda e untuosa, com cheiro e sabor mais ou menos pronunciado, semitransparente, amarelada, ardendo com uma chama da mesma cor e fumo negro.

Extraída de certas árvores, tais como o pinheiro, o terebinto, o larix ou a aroeira. A resina dissolve-se em espírito de vinho e eletriza-se pelo atrito. É o nome coletivo do um grande número de produtos vegetais, quo gozam da propriedade dos ácidos, isto é que se podem combinar com as bases solidificáveis.

FIGUEIREDO (1899):

Resineiro - Relativo a resina. Que colhe resina ou a prepara. Preparador ou explorador de resina de pinheiro. Indivíduo, que sangra os pinheiros, para lhes extrair a resina.

Pau, ou feixe de paus resinosos, que serve de brandão para alumiar.

GDE:

Local onde se resinam os pinheiros e se trata este produto. Pessoa que trabalha na resinação dos pinheiros.

RETIRO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE

INCERTA ODP retirare

VIEIRA (1871):

Lugar retirado, remoto, livro dos reboliços do mundo, ermo, deserto.

FIGUEIREDO (1899):

Lugar solitário, solidão. Lugar, onde se descansa, longe de trato social. Remanso. Retirada.

INF:

Lugar afastado, recolhimento, isolamento temporário. ODP

Retirare = puxar, tirar, formado por re = para trás + tirare=puxar.

PRIB:

Refúgio, casa de campo em sítio ermo.

Local onde existe gado durante uma parte do ano.

RETORTA RETORTA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871) retortusi

FIGUEIREDO (1899) retorta PRIB

SILVA (1789):

Parte curva do baco pastoral.

Vaso de vidro ou barro, com bojo e cano retorcido para baixo, usado na química ou farmácia.

VIEIRA (1871):

A parte curva no bago pastoral.

Vaso do vidro ou barro, com bojo, com um cano retorcido para baixo.

Curvo para a parte inferior.

Mourisca retorta, dança antiga.

FIGUEIREDO (1899):

Parte curva do báculo. Vaso bojudo de vidro ou loiça, com gargalo curvo e voltado para baixo.

O mesmo que papa-formigas.

Retorta moirisca, antiga dança da corte, em rigoroso traje muçulmano.

GDE:

Vaso para operações químicas.

Vaso bojudo de gargalo curvo, retorcido.

[Pode estar associado aos recantos criados pelo curso sinuoso de um curso de água, típico da paisagem ripícola desta freguesia].

REYORDANIS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

ESTEVES (2015) WIK WIK

ESTEVES (2015):

Tem clara origem céltica ordos = martelo, polegar.

Ordonios significava o rei do martelo ou do polegar, entendidos como símbolos da força.

Os nomes Charles Martel e Hernando del Pulgar são exemplos disso.

No gaélico antigo ordonios é oirdne = polegada.

WIK:

Santo Ordonho foi um religioso beneditino, bispo de Astorga, falecido em 1066.

Nome de quatro reis do primeiro reino da Reconquista: Ordonho I (850 a 866), Ordonho II (914 a 924), [cuja sogra se chamava ERMESENDA],

Ordonho III (951 a 956) e Ordonho IV (958 a 960).

ORDOS

Martelo, polegar; ambos símbolos de força.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO VALONGO

RIBEIRA/O RIBEIRA/O

R/O. DA CANA

R/O. DA IGREJA

R/O. DA PASSAGEM

R/O. DA PONTE CARVALHA

R/O. DA PRESA

R/O. DA SANTA

R/O. DA SENRA

R/O. DE CAMBADO

R/O. DE CENTIÃES

R/O. DE GUISTELAS

R/O. DE LAMEIRA FERREIRA

R/O. DO INFERNO

R/O. DO VALLADO

R/O. SIMÃO

FIGUEIREDO (1899)

CARVALHO (1999) LIMA (2012) GDE riparia, ripariu

VIEIRA (1871):

Água que emana do algum olho ou fonte.

FIGUEIREDO (1899):

Ribeira - Porção de terreno, banhado por um rio. Regada. Terra marginal. Lugar, junto ao rio; riba. Pequeno rio; ribeiro. Árvore de São-Tomé. Variedade de pera. Diz-se de uma espécie de trigo. No norte do Brasil é um distrito rural, que compreende certo número de fazendas para criar gado, as quais se distinguem pelo nome dos rios que as banham.

Ribeirão – No Brasil é designação de terreno, apropriado para nele se lavrarem minas de diamantes.

Ribeiro - Rio pequeno; regato. Interseção de águas de um telhado, segundo um ângulo reentrante.

CARVALHO (1999):

Pequenos cursos de água, riachos, arroios.

CARVALHINHO (2009);

O par ribeira/ribeiro está disperso por todo o território português e apresenta uma frequência bastante equilibrada nos distritos continentais.

A distinção entre os dois tipos de genérico é a extensão – a ribeira é mais extensa que o segundo.

Do ponto de vista semântico há uma distinção entre as duas formas, ambas provindas do latim ripa. A forma ribeira é mais antiga, derivando do latim vulgar riparia que, por sua vez, provém de ripa

Ripariu(m), contudo, forma da qual deriva ribeiro, é medieval.

Fernández González afirma que do latín ripa deriva riparia - ribeira. Non obstante, o riparius masculino preciso para ribeiro non existía no latín clásico con significado de ribeira. O riparium de ribeiro é palabra do latín medieval e ten, creo eu, unha connotación de tamaño con respecto á forma feminina ribeira, igual ca cesta/cesto, leira/leiro ou poza/pozo, correspondéndolle nestes casos ó masculino o tamaño maior.

MARQUES (2014):

Sob as formas arrogio, arrugio, arrugium

A generalidade dos léxicos que registam esta palavra atribui-lhe o significado específico de ribeiro, pequeno curso de água.

GDE:

Riacho pequeno.

Ribeir(a) = entre 5 a 25km de extensão.

Ribeir(o) = menos de 5km de extensão.

Estes cursos de água adquiriam uma designação adicional que os individualiza, geralmente associada a pormenores naturais envolventes ou proprietários.

INFERNO

Pode ter a ver com o caudal revolto durante o inverno ou com o local de passagem da água por baixo do moinho que faz mover a roda do penado, que recebe esta designação por ser um lugar de águas revoltas e ruidosas.

SANTA

ALMEIDA (2020):

Associada “bebedouro do caminho”?

Pode referir-se a Nossa Senhora ou a uma santa não identificada.

SIMÃO

Nome masculino de várias figuras bíblicas e que se pode associar ao proprietário dos terrenos onde nasce ou passa o referido ribeiro.

Ver: CAMBADO, CANA, CENTIÃES, CARVALHO, GUISTELAS, IGREJA, PASSAGEM, PONTE, PRESA, SENRA, GUISTELAS, LAMEIRA, FERREIRA, VALADO

RIBEIRO DA SILVA Ver: RIBEIRO e SILVARES

RIBEIRÃO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

LIMA (2012)

GDE ripa, riparia, ripariu

VIEIRA (1871):

Aumentativo de ribeiro. Grande ribeiro.

Dá-se esto nome, nos distritos diamantinos do Brasil, a certos terrenos, próprios para a lavra do minas do diamantes.

PRIB:

Ribeiro caudaloso e grande devido ao sufixo “ão”.

Nome de uma vila e freguesia pertencente a Vila Nova de Famalicão.

RIO SIMÃO Ver: RIBEIRO SIMÃO

VIEIRA (1871)

INF rivu, rivus, riu tinctu

VIEIRA (1871):

Água corrente por entre margens, em grande quantidade.

MARQUES (2014):

Alveus, amnis, flumen, fluvius.

Designam cursos de água pequenos, de menor caudal que normalmente não se estendem além do território de uma, a duas ou três das atuais freguesias.

Alveus ocorre na documentação asturiana e leonesa de século XI, com um duplo sentido: Lecho, cauce de un río (…); Corriente continua de agua que discurre por un cauce natural.

Flumen fluvius fluvium fluvio.

Designam rios importantes e de maior extensão e volume de água. Ausentes dos principais léxicos de latim medieval, registam-se na documentação asturiana e leonesa, nos inícios e meados do século IX, com o sentido de rio, mas também de mera corrente de água.

Rivulo, rivulum, ribulo, rivum, riu, riolo

Nomeiam rios de caudal e extensão muito diversos.

Embora tanto rivus como o seu diminutivo rivulum assumam no latim clássico o sentido de arroio, pequeno curso de água.

Este significado foi «ampliado en castellano tomando el valor de flumen ‘río’. Muy frecuente es, así mismo, el empleo del diminutivo riuulum aplicado en nuestros documentos incluso a corrientes importantes de agua. También aparece este término en el diploma de 905, aplicado igualmente a un canal artificial».

Apesar desta amplitude de sentido, note-se a distinção que em alguns documentos se estabelece entre os termos ‘rivulus’ e ‘flumen’, reservando-se este termo de claro recorte clássico para os cursos de água de primeira ordem, e o termo ‘rivulus’ para outros menores, naturais ou mesmo artificiais.

OSÓRIO (2017): Os topónimos com referência à cor das águas e dos solos podem ser fortes indicadores de veios mineralizados ou das consequências ambientais da atividade mineira ocorrida nessa zona.

O&M:

Rio Tinto = rio tingido (lamas, ferrugem, sangue…).

Nasce em Ermesinde, na zona dos Montes a Costa e desagua no Rio Douro.

A sua bacia é dominada por rochas graníticas que ocupam a zona central/ocidental e rochas do complexo xisto-grauváquico ante-ordovício nas periferias. Ao longo das margens encontram-se depósitos mais recentes sob a forma de terraços fluviais e depósitos argilosos de fundo do vale, que podem ter contribuído para a sua designação.

Poderá estar associado à lenda que coloca neste lugar uma sangrenta batalha, integrada no movimento da Reconquista, em que o rei Ordonho II veio em auxílio do seu sogro, o conde Gutierres, contra o califa Abdelraman III, que cercava a cidade do Porto, ocorrida no século X.

ROMEIRA ROMEIRO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

INF PRIB roma+eiro

SILVA (1789):

Romeira: árvore que dá romãs. Mulher que vai em romaria.

FIGUEIREDO (1899).

Mulher, que vai a uma romaria ou a lugar santo.

Espécie de cabeção, que usavam os que iam em romaria a Santiago de Compostela; mantelete. O mesmo que romanzeira, género de árvores, da família das mirtáceas.

INF e PRIB: Peregrino, aquele que vai em romagem a uma romaria.

Nome dado ao alecrim, no norte do país.

RUA

RUA

R. DA ESTRADA

R. DIREITA

R. DO ADRO

PRÉ ROMANA

ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899)

INF Ruga = sulco, caminho

RUA

VIEIRA (1871):

Espaço entre as casas, nas povoações, por onde se anda e passeia.

FIGUEIREDO (1899):

Caminho, ladeado de casas, paredes ou renques de árvores, numa povoação.

Conjunto dos lugares, por onde se anda numa povoação, afora os domicílios: os pregões da rua.

INF:

Caminho, espaço público ladeado de habitações e eventualmente com passeios para que os transeuntes se possam deslocar em segurança.

PRIB:

Via ladeada de casas numa povoação. Álea ou caminho por onde se pode caminhar num jardim ou horta.

Ver: ADRO, DIREITA e ESTRADA

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

S SAA SÁ

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

ESTEVES (2019) WIK saa

LEAL (1873-88):

CARVALHO (1999) sala

“SA – portuguez antigo – sua – também se escrevia saa ou ssa.

LEAL (1873-889) WIK

Appellido nobre em Portugal, cuja família procede de Payo Rodrigues de Sá, que vivia pelos annos de 1300 (reinado de D. Diniz) no concelho de Lafões, hoje comarca de Visella, na Beira Alta.

Foi seu filho, João Affonso de Sá, vassallo de D. Affonso IV e de D. Pedro I.

O verdadeiro solar dos Sás, era n’esta aldeia, á qual deram o nome, ou d’ella tomaram o appellido.

Muitas famílias nobres, da província do Minho, e da cidade de Coimbra, que teem o appellido Sá, descendem de D. João Affonso de Sá.”

FIGUEIREDO (1899):

Saa - Antiga medida oriental, correspondente ao módio romano.

CARVALHO (1999):

Piel afirma que, no que respeita aos topónimos Sala/Saa/Sa, não nos repugnaria identificá-los com residências particulares de godos livres, assinados a esses lugares por motivos de segurança estratégico-política

A explicação para a sobrevivência de mais de cem topónimos deste tipo, no noroeste peninsular, desde a Cantábria e Galiza até ao Vouga, reside, numa provável colonização política por parte dos Visigodos, na sequência das ações militares de 585 que levaram à integração do reino suevo na monarquia goda de Toledo.

(…)

Os Visigodos, ao contrário dos Suevos, passaram os Pirenéus já fortemente romanizados, contribuindo para a toponímia peninsular, sobretudo com a sua antroponímia.

Adverte para a possibilidade de ligação do galaico-germano com o termo galego sa, a que atribui o significado de geração e colheita nova. Este significado permite concluir da qualidade indo-europeia do termo, comprovada pelas raízes sânscritas sa = semear, derramar, expandir e sar= estabelecer, frutificar, reunir, agrupar. Tendo presente a lógica que, no latim, presidiu a dupla dominus-domus = senhor-casa, poderíamos ainda ligar o termo Sala a raiz sânscrita ksa = ser senhor, dispor de que, no persa moderno, deu xah “Xa, rei”, [sara >] sarem = autoridade, cabeça, chefe; marido.

MARTINEZ ESTÉVES (2019):

O P. Sarmento unia sá a sementeira, geração, ninhada ao latim sata (de serō) = semeada, nascida, com semântica plausível, baseado em usos de Ponte Vedra. Sá segundo Eládio R. Gonçález representa sementeira, sazão, tempo de fazer as sementeiras e para L. Carré sazão, tempo da sementeira. Pode supor-se reflexo de Sarmento, mas o apêndice ao léxico de E. R. Gonçález acrescenta geração nova, nova ninhada de passarinhos ou de outros animais numa mesma temporada, fruto novo, usado em Cangas de Morrazo. Assim prevaleceu a tese que aí via um germanismo. Sala sabe-se que viera, através do francês, do germânico sal, com mudança de género e adição de -a. Quando se soube – tarde – a opinião de Sarmento, foi mais fácil buscar um compromisso, tentando acomodar os inoportunos usos subsistentes. Piel, generoso com Sarmento, aí rendeu preito à tese germânica torturando a semântica: o primeiro sala (suevo ou gótico, feminino pelo acréscimo do -a, qual o segundo sala vindo séculos depois da França!) teria passado de edifício com grande sala de receção a parte do castelo habitada pelos servos (sentido invertido), e depois a parte do estábulo destinada a animais recém-nascidos e daí a ninhada. De ninhada, geração viria sementeira, o valor mais documentado. Não quadra reprochar-lho a Piel, que fez muito pela nossa cultura. É questão obscura da nossa história que devia ser atendida por nós. Se é construção forçada, ponhamo-nos a revisar os dados, desde a hipótese mais provável, reconstruindo o étimo e buscando a língua possível. Talvez não se chegue, mas abrir-se-á via mais segura varrendo vãs fantasias. Sá foi saa. Que consoante caiu? Sem testemunhos nasais, ficam D e L: *SADA ou *SALA. Na primeira sílaba há uma variante da raiz vista, na outra o sufixo, que é a questão. Se o sufixo foi -DA, pudéramos ter o germânico *SĒÐA - semente (ie. *sēi-to-), improvável pelo timbre da vogal primeira. Provável é o céltico *SALĀ, de *sĕ-lo-, com o sufixo de SĪLON (< *sēilo-). Mas sem rastos insulares: o galês had “semente” é de *SATĀ ou *SATO-, e este de *sĕ-to. Sobrenomes vários: As outras línguas ibéricas roboram: castelhano - Salas de los Infantes, Salanueva; cat. Salanova, Salavedra, Salavert (mais provável a vegetação que a decoração); basco Salaberri, Salazar (Salazahar). O valor céltico perdura no basco: sala devesa (L. Mendizábal). Sempre é valor duplo, sementeira, leira para e colheita, geração. Isto em Saavedra e nos pares Salavedra e Salazar. Apelativo sá, topónimos e antropónimos Sá, Sás, Saa, Saas (Zas), Saavedra, são palavras que valem ou foram sementeira, sazão, geração, cujo étimo céltico é a única resposta coerente.

PRIB:

Senhora, sinhá.

WIK:

Nome de família de origem judaica, latinizado, que remonta à Idade Média, decorrente de uma quinta, nos arredores de Guimarães.

SAIBREIRAS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE sabalu, saibro+eiras

FIGUEIREDO (1899): Lugar, donde se extrai saibro. Terreno saibroso. Saibro. Argila, misturada com areia e pedras. Uva da Golegã.

GDE:

Local de extração de saibro.

[Deste local esta removida esta matéria-prima que seguia para a Fábrica da Telha, junto à Estação de Caminho de ferro de Ermesinde para os mais variados usos, a par do barro.]

SALGUEIRAL PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

salix GDE salicariu

VIEIRA (1871):

Campo ou arvoredo de salgueiros.

Salgueiro: árvore de que há macho e fêmea; tem a casca lisa, flexível, as folhas felpudas, longas, mais estreitas que as do pessegueiro. Há diferentes espécies de salgueiros.

FIGUEIREDO (1899):

Terreno, onde crescem salgueiros.

Salgueiro - Árvore, que cresce habitualmente nos campos e à beira dos rios. Chorão. Árvore borragínea.

Espécie de uva do distrito de Aveiro.

OLIVEIRA (2014):

Salgueiro pode ser um termo genérico para designar uma variedade de oliveira, assim como lentrisca, lenterisca e durázia.

GDE:

Conjunto de salgueiros, árvores ripícolas (chorões).

[Produz o vime com imensas aplicações práticas no meio rural]

SALTA

SALTO

SALTO

SALTOO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899) CARVALHO (1999) PRIB saltu, saltus

SALTO

VIEIRA (1871):

Cerro, outeiro, terra levantada, colina, bosque, floresta, lugar eminente cheio de arvoredo e pastagens, mato fechado, brenha. Nos rios, catadupa, catarata, cascata que separa secções em que a água está na horizontal.

A correia do falcão, que vai do tornei às lagrimas, ou contas.

Ato pelo qual o animal ou pessoa se levanta da terra e se eleva ao ar ou se lança do alto para baixo.

A ação de saltar nas estradas ou em ação hostil e bélica, desembarque repentino, emboscada, cilada.

LEAL (1873-88):

“Portuguez antigo - cêrro, outeiro ou outro qualquer logar eminente povoado de arvoredo.”

FIGUEIREDO (1899):

Salto - Movimento brusco, com que um corpo vivo se eleva do solo, lançando-se de um para outro lugar. Movimento rápido de um corpo que, por efeito de queda ou reflexão, se eleva acima de uma superfície. Catadupa, catarata. Transição rápida de um estado para outro.

Pequena quantidade de um cabo náutico.

Assalto, saque, roubo na estrada.

Peça de madeira ou de coiro, para altear o calçado, na parte correspondente ao calcanhar. Parte do tamanco, que corresponde ao salto das botas.

Jogo de parada em três cartas contra uma.

Rede, também chamada parreira, para apanhar os peixes que saltam para fora da água, especialmente o robalo e a tainha.

O mesmo que alpondras.

O mesmo que bosque, brenha. Cerro, oiteiro. Lugar eminente.

CARVALHO (1999):

“Salto” poderá referir-se a um acidente hidrográfico, que faz com que a corrente seja forte.

MARQUES (2014):

Ocorrência relativamente frequente das formas plurais sautos, saltus, altis

A palavra saltus tem o sentido de bosque, entre outros. No entanto, ocorre com este mesmo significado, e com outros mais específicos que a conotam com pastagens, nas fontes peninsulares: pelo menos desde meados do século IX na documentação asturiana, a partir da década de 910 na leonesa, pelo menos no século XI na aragonesa, e ainda no século XIII na documentação da Sé de Lugo. Não seria muito diferente o seu significado, onde os soutos correspondem a espaços intermédios entre a superfície cultivada e o monte propriamente dito, do qual se distinguem por serem uma zona de floresta fomentada e protegida.

Nos casos em que atingissem menores dimensões, estes bosques podiam inclusivamente ser vedados e repartidos em parcelas individuais. Constituídos predominantemente por castanheiros e carvalhos, os soutos não formavam apenas uma cintura envolvente do espaço cultivado, mas entrecortavam-se com ele. Cabe ainda perguntar se será possível estabelecer uma distinção entre os termos saltus entendido espaço inculto, ainda que possa ser objeto de algum tipo de cultivo e souto no sentido atual de plantação de castanheiros, castanhal. A proximidade entre as formas salto e sauto, ambas utilizadas na documentação em estudo, não aconselha distinções muito marcadas.

Além do mais, o facto de o segundo termo, que passou para a língua romance, ter origem no primeiro, poderá ser tido como um indício de que uma parte importante dos espaços incultos designados pela palavra salto eram afinal castanhais, soutos.

PRIB:

Passagem estreita, floresta, prado.

Área densamente arborizada, bosque, floresta, mato, souto, outeiro. Terreno com pequena elevação = outeiro. Penedo escarpado.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

SAMUEL PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

WIK

xhemu’el (hebraico)

WIK:

Significa “seu nome é Deus”.

Antropónimo muito difundido na Europa a partir do século XII.

SAM JOMYL

SANGIMIRUS

SANJOMIL

SÃO GEMIL

SAM MARTINHO DO CAMPO

SAM MARTINHO DO CAMPO

S. MARTINHO DE VALLONGO

SAM PAIO

SAMPAIO

SÃO PAIO

INF:

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

WIK

Do baixo-latim [Villa] Sangemiri, ‘a quinta de Sangemiro’.

WIK:

Referência a S. Cosme e S. Damião, irmãos gémeos do século IV.

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

WIK

martinus

DNP:

Significa guerreiro ou dedicado a Marte.

As primeiras versões em português desse nome (Martino, Martinos) surgiram em Portugal no século XII.

WIK:

General romano do século IV que se converteu e dividiu a sua capa com um mendigo num dia de tempestade.

Orago da freguesia de Campo.

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

WIK sanctus pelagius

DNP: É um sobrenome com raízes toponímicas, devido ao nome de uma vila transmontana, e que foi adotado como sobrenome pelos senhores.

Surgiu a partir do latim Sanctus Pelagius, passou a Sam Peaio, São Payo e Sampaio.

WIK:

Santo mártir do século X, da Reconquista.

SANCTI ANDREE DE SOBRATO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA WIK

Ανδρέας - andréas WIK

WIK:

Irmão de S. Pedro, foi martirizado numa cruz decussata ou de Santo André, em forma de X e de cabeça para baixo.

André = Coragem

SANCTI MAMETIS

SÃO MAMEDE

SANCTI VICENCII DA QUEIMADELA

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X

WIK:

Mamede nasceu na Turquia, filho de família nobre cristã, ficou órfão à nascença e foi criado por uma virtuosa senhora. Quando foi batizado aos 5 anos declarou: O meu nome, que me foi revelado por um anjo, será Mamede.

Em 270, o Imperador Aureliano, torturou-o para que renunciasse à sua fé e mandou-o afogar, mas foi salvo por Deus. Viveu como eremita e tinha como virtude domar as feras selvagens e conviver com elas.

Em 275, Alexandre II, mandou prender Mamede e mais 40 jovens cristãos para os matar à fome, mas todos os dias, eram visitados por um anjo, que lhes levava mel e leite. Por inspiração de Deus, Mamede libertou os seus amigos, mas não foi com eles e foi condenado à morte, tendo sido atirado para uma fornalha, onde permaneceu 3 dias e 3 noites ileso, depois de ter feito o sinal da cruz e ter ficado em oração. Foi retirado e conduzido a uma arena para ser devorado pelas feras, mas o urso deitou-se aos seus pés, o leopardo lambeu-lhe a face e os leões nada lhe fizeram. O Imperador mandou que o esventrassem e ele recolheu as suas vísceras, ergueu-se e apoiado num cajado, caminhou até ao Monte Algeo, onde entregou a alma ao Criador. Foi sepultado perto de Cesareia e o culto como grande mártir espalhou-se por toda a cristandade, sendo considerado um santo curador dos males internos.

A sua memória é celebrada a 17 de agosto e é o patrono de Valongo.

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

WIK vicentius

WIK:

O nome significa o que conquista e vence.

Mártir espanhol do século IV, morreu às mãos de Diocleciano. Foi atirado à água, mas voltou acompanhado por dois corvos, sendo o padroeiro de Lisboa. Vicente é um nome muito popular entre os cristãos e comemora-se a 22 de janeiro.

SANCTUS LAURENCIUS

SAM LOURENÇO DAZENES

SÃO LOURENÇO D’ASMES

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

WIK

laurentius

WIK:

Mártir do século III que morreu queimado numa grelha, orago de Ermesinde.

DNP:

O antropónimo indica alguém natural de Laurento, cidade a sul de Roma.

Este nome apareceu pela primeira vez em Portugal no início do século XII sob a forma de Laurencius.

SANTA BAIA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

WIK

Ευλαλια (grego)

WIK:

O nome significa “a bem-falante”.

Baia ou Olalla é um nome próprio feminino galego de origem grega (Eulalia).

SANTA JUSTA (MONTE DAS COVAS)

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE justa

GDE:

Justa e Rufina eram irmãs ceramistas que viveram em Sevilha em meados do século III. Recusaram vender as suas peças para um festival pagão e depois de muitas peripécias acabaram martirizadas e posteriormente recolhidas pelo bispo Sabino.

Na Serra com existe uma capela para culto das irmãs e outra para o seu “salvador”.

O seu dia de festa é o 19 de julho e são protetoras dos ceramistas.

SANTO ANTÃO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE

WIK: antonius

WIK:

Antão, também conhecido como o Eremita, o Anacoreta, ou ainda O Pai de Todos os Monges, foi um santo cristão.

Nascido em 251 e falecido em 356, no Egito, (105 anos).

Cristão fervoroso, com cerca de vinte ano foi viver no deserto, onde foi tentado Diabo

INCERTA

SÃO

Em 311, viajou até Alexandria para ajudar os cristãos perseguidos, regressando em 355 para impugnar a doutrina ariana. Foi considerado santo em vida, por ser capaz de realizar milagres e levou muitos à conversão.

Ele é venerado a 17 de janeiro.

BARTOLOMEU PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DNP

Bar Talmáy (aramaico) WIK

Βαρθολομαῖος (grego) ברתולומאוס הקדוש‎ (hebraico)

DNP:

Tem origem no aramaico Bar Talmáy, que quer dizer literalmente filho de Tholmai, onde Tholmai deriva do elemento tholm, que significa que suspende as águas.

Foi encontrado em Portugal em documentos datados do século XIII e difundido pelo navegador do século XV, Bartolomeu Dias, o pioneiro que navegou até o Oceano Índico, passando pelo sul do continente africano e que transpôs o Cabo das Tormentas.

WIK:

São Bartolomeu ou Natanael foi um dos doze apóstolos de Cristo. Natanael significa Deus deu, o significado percebe-se porque ele vinha de Caná, onde deve ter testemunhado a ação de Jesus nas Bodas de Caná (Jo 2, 1-11).

O apóstolo morreu por esfolamento no Cáucaso no ano 51.

Na Capela Sistina é pintado a segurar a própria pele na mão esquerda e na outra um alfange, o instrumento de seu suplício.

As suas relíquias foram transladadas para Roma, na Igreja a ele dedicada.

A sua memória é evocada a 24 de agosto e é padroeiro dos padeiros, alfaiates, sapateiros e dos mercadores de Florença

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO VALONGO

SÃO LÁZARO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DNP

eleázaros (grego) elazar (hebraico) INF eleazar (grego vindo do hebraico)

DNP:

A partir do grego Eleázaros, é o mesmo que Eleazar, nome originado no hebraico Elazar, através da união dos elementos El que significa Deus, Senhor e ézer, que quer dizer socorro e significa Deus socorreu, Deus ajudou.

WIK

Era um mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de chagas, que estava deitado à porta do rico.

Ele avidamente desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico. Até os cães iam lamber-lhe as chagas. (Lucas 16:19–31)

SÃO ROQUE PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DNP rocu, rochus DNP hroc, hrocch DNP rocque

DNP:

Significa “aquele que grita” ou “rocha”. É um nome com três possíveis origens, uma a partir do latim Rocu Rochus, derivado do germânico hroc hrocch, que quer dizer “gritar, grunir, rugir”. Pode também ter sido originado como um apelido dos nomes germânicos iniciados com os elementos hroc hrocch, como Rocbert Rohfrid ou

Rochwin

Ou ainda surgiu a partir do francês Rocque, que quer dizer rocha. Era o nome dado aos habitantes dos lugares onde eram retiradas as rochas para a construção das linhas de defesa fortificadas.

Nas Memórias Paroquiais de S. Pedro da Cova, datadas de 1758, aparece o topónimo Monte das Covas, referindo-se à serra de Santa Justa, designação pela qual era conhecida pela população, provavelmente advinda da grande quantidade de fojos e poços aí existentes, resultantes da mimeração aurífera romana.

SAPAL PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

ALMEIDA (2020) špl GDE sapa

VIEIRA (1871):

Terra brejosa, apaulada, que cria muitos sapos; lameiro, tremedal.

LEAL (1873-88):

“Planície de terral vegetal nas praias do mar, coberta d’agua salgada no inverno, e que de verão se cultiva e é feracíssima. Também se dá este nome a terras pantanosas onde há muitos sapos (e é de sapos que vem sapal) substantivo que rigorosamente significa logar onde há muitos sapos e rans. Nas províncias do norte dizem Sapinheira.”

FIGUEIREDO (1899):

Terra alagadiça, ordinariamente á beira dos rios; brejo; paul. (De sapo?)

OLIVEIRA (2014):

Sapal é um terreno alagadiço, também conhecido como bafordo, que pode igualmente designar uma oliveira que não se desenvolve e que não dá fruto.

ALMEIDA (2020):

Tem origem no fenício špl, que significa “lugar baixo”, “lugar fundo”.

GDE:

Zona pantanosa alagadiça, habitada por sapos, brejo, paul.

SARTAL PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE; PRIB

VITERBO (1983) sarta

VIEIRA (1871):

Termo pouco em uso. Cordão de cousas enfiadas, fio, enfiadura.

Cordame do navio presa às antenas.

LEAL (1873-88):

“Portuguez antigo – cordão ou fio de pérolas. [referenciado num testamento de 1258]”

FIGUEIREDO (1899):

Cordões preciosos, para enfeite; fio de pérolas (sarta). Sarta - Cordame, que se fixa nas antenas do navio. Enxárcia. Enfiada.

GDE: Coroa, grinalda.

PRIB: Fio de pérolas.

VIT: Sarta = fio de pérolas.

SEARA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899)

INF; PRIB senara

VIEIRA (1871):

Pequena porção de terra cultivada por um seareiro ou lavrador pobre. Porção do terra semeada pelos habitantes de um povo, em benefício comum. Seareiro – que cultiva uma seara. Termo usado no Alentejo.

LEAL (1873-88):

“No antigo portuguez, não só significava terra de pão, ou de vinha, como também toda e qualquer propriedade, fazenda, ou pertença de herdade. É corrupção do árabe sahara, que significa o trigo em pé, antes de ser ceifado.”

FIGUEIREDO (1899):

Terreno onde crescem cereais. Terreno semeado; messe; campo cultivado. Qualquer campo, coberto de vegetação. Agremiação, partido. Conjunto numeroso.

INF:

Campo que se lavra à parte; pagamento aos criados em cereal para além do dinheiro; extensão de terra cultivada.

PRIB: Campo de cereais.

SEBES PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

GDE; PRIB saepe, sepe, sepes saefes, saefis

VIEIRA (1871):

Tapume de rama seca para cercar e vedar o acesso à quinta, vinha, etc. Casas de sebe; feitas e tapadas de esteio e enxame de paus cruzados com ripas, varas, etc., formando uma espécie de grade; e tapam-se os buracos com barro amassado.

GDE:

Vedação feita de ramos entrançados para proteger um terreno.

PRIB:

Limites que podem ser feitos por arbustos.

SENHOR DA OLIVEIRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X

INF:

A Via-Crúcis, Caminho da Cruz ou Via-Sacra, refere-se ao trajeto que foi percorrido por Jesus carregando a cruz até o Calvário, onde faleceu. O exercício da Via Sacra consiste na prática devocional religiosa na qual os fiéis percorrem, mentalmente e por via de orações próprias, o percurso de Jesus a carregar a Cruz desde o Pretório de Pôncio Pilatos até ao Monte Calvário, meditando simultaneamente na Paixão de Cristo. Tal exercício, muito usual no tempo da Quaresma, teve origem na época das Cruzadas (século XI ao XIII). Os fiéis que percorriam, na Terra Santa, os lugares sagrados da Paixão de Cristo quiseram reproduzir, no Ocidente, a peregrinação feita ao longo da Via Dolorosa em Jerusalém

O número de estações, passos ou etapas dessa caminhada foi sendo definido paulatinamente, chegando à forma atual, de catorze estações, no século XVI, a que foi acrescentada a 15.ª por João Paulo II, associada à Ressurreição de Cristo.

[Representação pintada de um Cristo crucificado. Teria feito parte de uma antiga via-sacra desde a zona central para a capela do Calvário.

A rua do Norte, próxima, já se chamou de rua das Cruzinhas por ter muitas cruzes pertencentes à referida via-sacra.

Aquando da Procissões dos Santos Passos, nas imediações deste cruzeiro instala-se o quarto passo – Jesus encontra-se com a sua Mãe.

A referência à oliveira pode ter a ver com o facto de Cristo ter estado em oração no Monte das Oliveiras, para afirmar a sua vontade de se entregar nos braços do Pai.

A oliveira é símbolo da paz e do amor fraterno, pelo que se associa a Cristo]

SENHORA DA LUZ Ver: NOSSA SENHORA DA LUZ

SENHORA DAS

NEVES Ver: NOSSA SENHORA DAS NEVES

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO VALONGO

SENRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

LIMA (2012) REIS (1904)

VIEIRA (1871):

Seara, ou campo próprio para seara.

FIGUEIREDO (1899):

O mesmo que seara.

LA:

Seara, campo de cereais.

REIS (1904): = senhora

MARQUES (2014):

Senra = palavra hispânica, a que atribuem o significado de espaço cercado. Estas parcelas estavam dedicadas ao cultivo de cereal.

Aparece uma referência a senra em Guimarães, localizada na margem do rio Ave, associada a um curso de água menor, destinada à rega, uma várzea e um moinho.

Poderá aparecer sob a forma serna que apresenta uma considerável amplitude de sentido que oscila entre dois pólos de significado: a serna - espaço agrário e a serna - prestação.

[Curiosamente a zona da senra em Valongo situa-se na margem de um ribeiro, rodeado por terras agrícolas irrigadas e tem um moinho]

SERRA

S. AMARELA

S. DA HUCHA

S. DA MURTA

S. DA SRA DOS CHÃOS

S. DE CUCA MA CUCA

S. DE MATHOSINHOS

S. DE PIAS

S. DE SANTA JUSTA

S. DE SOBRADO

S. DE VALONGO

S. DO CASTELLO

S. DO CASTRO

S. DO CRASTO

S. DO MONTE ALTO

S. DO PORTO

S. DO RAIO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

ALMEIDA (2020) INF VIEIRA (1871) CARVALHO (1999) serra

SERRA

VIEIRA (1871):

Monte do penedia, com picos, o quebradas, ou boqueirões.

Lâmina de ferro estreita e longa, que em uma das bordas tem dentes agudos do base mais larga; serve para cortar madeiras e mármores brandos, roçando-a com força por eles: há serras de mão, que servem para um só individuo serrar; serras braçais, para que são precisos dois serradores; e serras de água, que serram, movido o engenho por água corrente.

No Brasil, é um peixe, uma espécie do cavala pequena.

FIGUEIREDO (1899):

Montanha, cujo cume tem muitos acidentes ou anfractuosidades.

Elevação, que dá a aparência de uma serra.

Instrumento cortante, que tem por peça principal uma lâmina de aço dentado.

Peixe escômbrido; espadarte.

Modinha popular da Beira e do Douro.

ALMEIDA (2020): No sentido de montanha, é de origem fenícia ao contrário da palavra “serra” enquanto instrumento de trabalho, que é de origem latina.

INF:

Elevação de terreno com diferentes altitudes.

Ver: CASTELO, CHÃOS, CRASTO, CUCAMACUCA, MONTE ALTO, PORTO, SANTA JUSTA, SOBRADO, VALONGO

S. AMARELA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA GDE; PRIB; INF

OSÓRIO (2017): Os topónimos com referência à cor das águas e dos solos podem ser fortes indicadores de veios mineralizados ou das consequências ambientais da atividade mineira ocorrida nessa zona.

S. DA HUCHA /UCHA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA CARVALHO (1999) ustula huche (francês)

CARVALHO (1999):

Queimada, terra arroteada através de queimada de mato.

Queimada de urze. Daí a expressão de ficar à hucha significar ficar sem nada. Arca ou edifício onde se guardam géneros alimentícios.

S. DA MURTA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE

ALMEIDA (2020) INF mýrtos (grego)

CARVALHO (1999) INF murta

INCERTA

CARVALHO (1999): É nome vulgar de várias plantas arbustivas, pertencentes a família das Mirtáceas, com flores brancas, cheirosas, espontânea e/ou cultivada em Portugal.

A planta teve utilização farmacológica, devido as propriedades adstringentes e balsâmicas das folhas e bagas, e foi, entre os Romanos, árvore sagrada.

INF: Arbusto ou árvore usada pela madeira e de onde se extrai um óleo aromático usado em perfumaria, para fins medicinais e extração de taninos usados na indústria dos curtumes.

S. DE MATHOSINHOS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE

DER:

INCERTA

DER matta

Mata, esteira, vegetação espessa que cobre uma certa extensão de solo.

INF:

Plural de matosinho = pequeno mato.

Existe na Galiza como Matusiños.

Tem inúmeros derivados: Matão, Matela, Matinha/o/s, Mato, Matoeira, Matos, Matosa/o/s, Matosela.

S. DO RAIO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

PRIB radius

RAIO

LEAL (1873-88):

“Na Serra do Raio, se vê grande quantidade de seixo miúdo, espalhado pelo monte. Segundo a tradição, dá-se-lhe este nome, porque, em tempos remotissimos, cahiu aqui um raio que triturou todos estes seixos.”

PRIB:

Descarga elétrica durante uma trovoada, que pode ser intensificada se o solo apresentar elevada quantidade de materiais metálicos.

SERRINHA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE

INF

PRIB

SILVARES

SILVARIA

GDE:

Cordilheira de pouca extensão. Pequena elevação de terreno.

SILVEIRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE

PRIB silva, sibilare, sibilo

VIEIRA (1871):

Silva, arbusto, sarça.

FIGUEIREDO (1899): Silveira - Moita de silvas, silvado. Silva. Árvore de Angola.

MARQUES (2014):

Este termo foi identificado na documentação asturiana e leonesa anterior a 1230 sob a forma siluar e com valor toponímico, com o significado de «lugar sin cultivar y, por lo tanto, poblado de matorrales y monte bajo».

Relaciona-se esta forma com a palavra silva e silvis, com o sentido clássico de bosque, árvores, arbustos.

OSÓRIO (2017):

Designa terrenos afetados pela intensidade da ação mineira, onde durante séculos o cultivo agrícola e a floresta foram impossibilitados. No passado, as terras eram sistematicamente cultivadas, perdurando apenas na toponímia aquelas que se revelavam permanentemente impróprias para a agricultura, revestidas de matos e vegetação daninha.

Silvado, sarçal. Assobio.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

SOBRADO SOBRATO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) superare

LIMA (2012) REIS (1904)

GDE superato

VIEIRA (1871):

O soalho ou pavimento do andar da casa, por cima, mais alto que o pavimento térreo, andar superior. Sobrar. Sobeja, mais do que necessário.

LEAL (1873-88):

“Freguesia, Douro, concelho de Vallongo, comarca, bispado, distrito administrativo e 15 kilometros a NE. do Porto, 315 ao N. de Lisboa, 400 fogos.

Em 1768, tinha 158.

Orago, Santo André apostolo.

No ultimo quartel do seculo passado, quem apresentava este beneficio, era D. Maria Clara Baldaia de Tovar, com assistência do seu marido, João Alves Pamplona Carneiro Rangel. Depois passou o direito de apresentação aos viscondes de Beire, descendentes d’aqueles padroeiros e como eles, Pamplonas Carneiros Rangeis. Hoje o representante d’esta nobre família é o sr. conde de Rezende.

O abbade tinha um conto de réis de rendimento anual.

È terra fertilíssima e faz grande negocio com a cidade do Porto. Cria e engorda grande cópia de gado bovino, que exporta para Inglaterra.

Os passaes d’esta egreja, foram vendidos, em julho de 1877, por 14:300$000 réis.”

FIGUEIREDO (1899):

Que sobrou ou que sobra; demasiado. Farto; abastado. Pavimento de madeira.

(Inclino-me a que a palavra se relacione com o latim superare, estar acima, visto que sobrado é geralmente um pavimento superior ao pavimento térreo de um edifício)

GDE:

Edifício com dois andares, casas com varanda, residências mais fidalgas.

Elevado, que sobrou, rico.

REIS (1904):

Deriva de Sobreiro tal como Sobrido.

SOBREIRO PRÉ ROMANA ROMANA

FIGUEIREDO (1899) suberarius

GDE PRIB sober+eris, suberu

SILVA (1789):

Sovereiro: sobro, suber, suberis.

FIGUEIREDO (1899):

Árvore cupulífera, (quercus hispânico). Sobro.

Bruto; estúpido.

MARQUES (2014):

Regionalismo da área portucalense. Os termos sobral, soveral, sobreiral e sovereiral têm em português o sentido de mata de sobreiros.

GED e PRIB:

Árvore que dá cortiça e bolotas.

PRIB:

Carvão de choça.

[Árvore de grande importância económica, dela se extraia a cortição para fazer “cortiços”, habitações para as abelhas aproveitando a sua forma naturalmente cilíndrica, “barreleiros” para branquear o linho e ainda alimentava o gado com os seus frutos]

SOBRIDO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

REIS (1904)

REIS (1904):

Deriva de Sobreiro tal como Sobrado. SOL PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE PRIB sol, solis, sole

Sol, local ensolarado?

SÃOGIDRO SÓGIDRO

SOLGIDRO

PRÉ ROMANA

DNP

ysidorus agricola

REIS (1904):

Santo Isidro ou Santo Isidoro.

WIK:

ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

Homem da terra, muito religioso, nascido em Madrid na transição do século XI para o XII. Tinha muita facilidade em encontrar água. Foi canonizado como padroeiro dos agricultores e da cidade onde nasceu.

DNP:

Isidro / Isidoro - “dádiva de Ísis” com origem grega = Isis+dôron.

SONHOS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

DER; PRIB somnium, somni

VIEIRA (1871): Representação de alguma cousa ou sucesso que faz à nossa alma, enquanto dormimos.

FIGUEIREDO (1899):

Operação inconsciente das faculdades intelectuais, imperfeitamente despertadas em quem dorme. Fantasia. Utopia. Ficção. Coisa fútil ou transitória. Visão. Aspiração.

Bolo de farinha e ovos, frito em azeite e manteiga, e passado depois por calda de açúcar.

PRIB:

Algo de belo que se ocorre quando se dorme e/ou que se deseja.

SOUSA PAUPÉRIO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

WIK saxa

LEAL (1873-88):

“Souza é um apelido nobre d’este reino e d’ ella originário. Procede de D. Faião Soares, fundador da villa de Arrifana do Sousa, hoje Penafiel, onde foi o solar primitivo d’esta nobilissima família.

De Faião Soares, foi filho de D. Soeiro Benfeitor, que viveu no reinado de D. Afonso II de Leão, que subiu ao trono em 791.”

FIGUEIREDO (1899):

Espécie de pombo bravo, também conhecido por seixá.

Pêro esverdeado.

ROCHA (2017):

De origem obscura, talvez pré-latina.

Machado documenta Sausa desde inícios do século X, sem esclarecer a respetiva etimologia. Vasconcelos propunha que Sousa tivesse evoluído de saxa, plural neutro de saxum, ‘rocha, penedo’. A tese de Vasconcelos não é convincente, porque em contextos como o de saxum, o normal é ei, como em taxu(m) > teixo, pelo que fica por esclarecer a génese de Sousa. Fernandes propõe sonosa ou sonora, referido a aqua, segundo o esquema sonosa (sonora) > Sõosa > Sousa. Esta proposta é muito discutível porque, na documentação medieval, não aparece atestada a existência de um segmento nasal intervocálico ou a ocorrência de um diacrítico que de alguma forma indicie nasalidade (vocálica ou mesmo consonântica).

Uma terceira hipótese será considerar a relação com a forma salsa, que ocorre em “Fonte Salsa”; observe-se, contudo, que, em latim medieval, não parece haver para salsa outra aceção que não seja ‘condimento’. Acrescente-se ainda que Salsas ou Salsa é o nome com Plínio o Antigo identifica um rio na Carmânia, hoje Kerman, no sueste do Irão.

WIK:

Sobrenome toponímico de origem portuguesa, faz referência às «Terras de Sousa” banhadas pelo rio Rio Sousa e pode-se apresentar de duas formas

Sousa e Souza.

Vem do latim saxa, significando pedras. O equivalente em espanhol é Sosa. É uma das famílias mais antigas e ilustres de Portugal, com origem na época do reinado dos reis godos

O primeiro indivíduo a usar este apelido foi Egas Gomes de Sousa, nascido em 1035 e que o tomou de suas Terras de Sousa

PAUPÉRIO

[Em Valongo são muitos os portadores deste sobrenome por causa dos fundadores de uma das mais icónicas marcas de biscoitos. António de Sousa Malta Paupério e Joaquim Carlos Figueira criaram, em 1874, a fábrica de biscoitos “Paupério & Companhia” que hoje continua a ser gerida pela 6.ª geração da família.]

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

SOUSA PINTO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X X

WIK:

José Júlio de Souza Pinto (Angra do Heroísmo, 15/9/1856 - Bretanha, 14/4/ 1939). Foi um pintor português, ligado à primeira geração naturalista Souza Pinto residiu no Porto até o fim da adolescência, onde frequentou a Escola de Belas-Artes, entre 1870 e 1878. Em 1880 partiu com Henrique Pousão, para Paris. Onde frequentou o estúdio de Alexandre Cabanel e estudou na École des Beaux-Arts. Integrou-se rapidamente à vida artística parisiense, expondo regularmente nos Salons e recebendo vários prémios.

Souza Pinto desenvolveu uma carreira de grande solidez na França, permeada por frequentes visitas a Portugal, onde expôs em mostras coletivas e individuais em Lisboa e no Porto, até 1929. Suas obras figuram nos acervos de diversos museus franceses, e foi o primeiro artista português a ter uma obra inclusa na coleção do Museu do Luxemburgo, que deu origem ao Museu de Orsay. Apaixonou-se pela Bretanha, região francesa onde residiu da maturidade até a sua morte.

[Algumas das suas obras foram realizadas em Valongo, onde tinha família e onde ficava aquando das suas deslocações, tendo ficado registados pormenores de edifícios e paisagens que ainda hoje se podem reconhecer]

Ver: PINTO e SOUSA

SOUTINHO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE

PRIB saltu

Pequena plantação de castanheiros mansos, castanhal, mata. Espessa, local arborizado ideal para passeio.

SOUTO

SOUTO

SOUTO

S. DA QUINTA

S. DO VALLE

S. DOS MOINHOS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899)

GDE

PRIB saltu, saltus

VIEIRA (1871): Mata, bosque espesso, denso, junto do rio, alameda para passeio sombrio. Mata que dá lenha, capoeira de arbustos, que se cortam, e não dão madeira de rojo, ou para obra. É talvez de castanheiros e de árvores semelhantes.

FIGUEIREDO (1899):

Bosque denso. Mata de castanheiros. Lugar muito arborizado e próprio para passeio. Alameda.

GDE, PRIB:

Castanhal ou castinçal.

Passagem estreita floresta, prado, mata de castanheiros, castanhal, castanhedo.

O castanheiro era outra das árvores que assumiu grande relevância na antiguidade pela qualidade da madeira, mas sobretudo pelo fruto, a castanha.

Foi utilizada como alimento fundamental durante o inverno e, como se conservava bem, podia suprir a falta de cereais se estivessem atrasados.

Ver: MOINHO, QUINTA

SOVERARIUS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA GDE PRIB suberale, subere

GDE e PRIB:

Sobreiral ou conjunto de sobreiros. O sobreiro (Quercus suber) é a última árvore nobre da trilogia mais destacada no passado pela produção de cortiça e bolotas, indispensáveis para a alimentação humana e do gado.

SPINARIUS

SPINARIUS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA CIB spinarium GDE INF PRIB

MARQUES (2014):

O termo «spina de monte» aparece num documento datado de 1050. Utilizada em sentido figurado, a palavra latina ‘spina’ parece ocorrer com relativa frequência na documentação asturiana e leonesa a designar uma «pequena elevação de terreno» ou «colina», a partir pelo menos da década de 920, chegando mesmo a assumir valor toponímico.

No caso concreto daquela «spina de monte» parece-nos que, a não ser que se aceite uma utilização pleonástica da palavra, o sentido será mais próximo de um dos seus significados no latim clássico, servindo aqui para designar a parte traseira do monte.

PRIB:

Balsa; cambroeira, sarça, família das acácias.

Arbusto ou árvore com espinhos, boa para cercas.

SUAVINHA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) MICH (2023) suavis

FIGUEIREDO (1899):

Suave - Agradável, aprazível. Que tem doçura. Meigo. Melodioso. Ameno. Brando. Delicado. MICH (2023):

Suave? Sua+vinha?

[Tereno plano no sopé de duas elevações que o protegiam dos rigores climatéricos, podendo estar associado a cultivo de plantas frágeis, eventualmente vinha]

SUBTUS PIAS IN FEYJONALI PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X

Abaixo das pias, nos feijoeiros?

SUBTUS VALLEM LATE PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X

Abaixo do vale longínquo?

Sub e subtus são prefixos muito frequente na toponímia portuguesa, sendo indicador do que está abaixo de qualquer coisa.

SUPER MAMONAM SAXI PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X

SUPER MOLENDINUM

Grandes mamoas de pedra?

Acima das mamoas de pedra?

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X

Acima do moinho?

SUSÃO SUZAM PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899)

susun PRIB sursum

VIEIRA (1871):

Termo antiquado.

Diz-se em oposição a jusão> jusano, e significa superior, do alto, cima.

LEAL (1873-88):

“Susãa – portuguez antigo – de cima.

É o contrário de jussãa que significa de baixo.

Antigamente dizia-se – de juso, abaixo – de suso, acima.

Ainda hoje se diz jusante, da maré que vaza (vazante) ou da cousa que fica inferior – e montante, a maré que sobe.

Esta preposição já existia no tempo dos gôdos (…).

É, pois, um galicismo antiquíssimo em Portugal, provavelmente trazido pelos gallo-celtas.

Os franceses ainda dizem, sous, debaixo – sus, de cima.”

FIGUEIREDO (1899):

Susão - Que está acima. Dizia-se especialmente de algumas localidades divididas em duas partes, que se distinguiam pelo sua posição.

Susano – A mesma coisa que susão.

Suso – Acima. Atrás. Anteriormente.

MARTÍNEZ LEMA (2016):

Susanos (derivada de susum e esta por sus vez, variante da forma clássica sursum = acima).

Resultou na continuidade do repertório toponímico galego-português, quer como forma autónoma (como Susao,Susán Susão), quer a integrar sintagmas mais complexos.

PRIB:

De cima, que está em cima, para o alto, sobre…

Dizia-se especialmente da terra ou localidade situada numa zona superior por oposição a outra situada numa zona inferior.

= SUPERIOR, SUSANO ≠ JUSANO, JUSÃO

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

TÁBUAS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

GDE; PRIB tabula, tabulae

VIEIRA (1871):

Palha, que serve para fazer esteiras grossas.

Peça de madeira plana, de vário comprimento, grossura e largura; dela se fazem portas, mesas, cadeiras, bancos, etc. Chão de tábuas.

LEAL (1873-88):

“O nome táboa provem de uma ponte de madeira.”

FIGUEIREDO (1899):

Táboa ou tábua - Peça plana de madeira e mais ou menos delgada. Mapa. Tela para pintura. Índice. Tabela. Mesa de jogo. Mesa, onde se come. Pedaço de mármore plano.

Lâmina interior e exterior dos ossos cranianos.

Cada uma das faces laterais do pescoço do cavalo.

No Brasil significa recusa a pedido de casamento.

GDE e PRIB:

Peça de madeira lisa e delgada, ponte plana.

[Em Alfena e em Ermesinde existem pontes planas de pedra com esta designação, pouco elevadas face ao leito do rio, mas as pessoas mais idosas lembram-se delas serem feitas de madeira ainda nos anos 40 do século XX. Em Sobrado existe a ponte da Pinguela com as mesmas características]

TALHÓS

TALHÓZ

TALOOS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

INF; PRIB taleáre

FIGUEIREDO (1899):

Talar - Abrir sulcos. Fazer escoadoiros em campos.

Talhão - Terreno cultivado ou próprio para cultura, entre dois regos. Tabuleiro. Nos Açores é um grande pote para água (talha grande).

MARQUES (2014):

FIGUEIREDO (1899) MARQUES (2014) talar (castelhano)

A designação talio e o diminutivo taliolos não aparecem em nenhum dos léxicos consultados com o sentido de parcela fundiária, que assume na nossa documentação. Ainda que seja possível encontrar num dos léxicos hispânicos a palavra taliamento com o sentido de divisão. Torna-se assim mais claro um dos sentidos que a palavra talhão veio a assumir em português: espaço de terreno limitado por sulcos ou combros destinados a cultura.

(…)

Registos datadas entre 953 e 1102. Sintomaticamente, na maior parte dos casos a palavra ocorre no plural, a designar conjuntos de parcelas de exploração salícola, frequentemente designadas como ‘talios’, em que as salinas estavam divididas. Será também desnecessário desenvolver aqui o sentido desta palavra, recolhida por boa parte dos léxicos consultados (incluindo os hispânicos), a não ser para notar que o termo ‘salina’ poderá designar outros tipos de lugar de extração de sal que não apenas as marinhas, como sejam as fontes salinas ou as marinhas de sal-gema. No entanto, na documentação aqui em estudo, a palavra ocorre sistematicamente associada ao litoral, sinal de que aí estariam localizados os principais centros de produção salícola que abasteciam a região, ou pelo menos os que estavam integrados nos patrimónios das instituições eclesiásticas cuja documentação chegou aos nossos dias.

INF e PRIB:

Talhões divididos por regos, sendo o plano de cultivo mais alto para que a água em excesso possa drenar para os sulcos envolventes a nível mais baixo.

VER: VALMARINHAS

TARROEIRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DER terra+eira

WIK:

Casa simples, terrena e de um só corpo, choça

Pequeno outeiro

Terreno cheio de torrões.

INF:

Pequeno pássaro insetívoro, migrador, com cerca de 13 centímetros de comprimento, tem plumagem cinzenta no dorso e alva no ventre, manchas pretas nas faces, asas escuras e cauda branca com extremidade negra, sendo também conhecido por caiada, chasco-cinzento, chasco-do-monte, rabialva, etc.

TELHEIRAS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

INF tegula

VIEIRA (1871): Olaria de fazer telhas.

FIGUEIREDO (1899):

Telheiras - Fábrica de telhas. Fábrica de oleiro.

Telheiro - Fabricante de telhas. Simples cobertura de telha, para abrigo de pessoas, de animais, de lenha, utensílios de lavoira, etc. Alpendre.

INF:

Local onde se fabricam telhas.

TERRAFEITA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DIT terra fracta

DIT:

Terreno bravio que foi lavrado. Terreno arado para agricultar e muito bem irrigado pelo rio Ferreira.

[A zona de Terrafeita em Campo, está associada a campos irrigados por dois sistemas de regadio, o da Ponte Ferreira e o das Cardosas e foi para o efeito construído um canal de granito apoiado em blocos do mesmo material, que servia igualmente de bebedouro para os animais que aí pastavam.

Ver: MACHADO (2012)]

TERREIRO TERREIRO PRÉ ROMANA

ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) GDE; PRIB terrarius, terraria, terrarium

VIEIRA (1871): Pedaço do plano espaçoso e despejado.

FIGUEIREDO (1899): Espaço de terra, plano e largo. Praça. Terraço. Lugar ao ar livro, onde há folguedos ou cantos ao desafio. Lugar, onde os besteiros faziam exercícios.

O mesmo que térreo.

GDE e PRIB: Espaço plano para encontro de pessoas.

TOGEYRIUS DOMPNE ERMESENDE PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA WIK toyo (castelhano)

WIK: Tojo, mato. TOOYXE TOUTIÇAL PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

INF capita (latim erudito) tauta (latim popular)

INF: TOUTIÇO / TOUTIÇAL Referência orográfica.

TRABAGEM TRAVAGEM PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

GDE trabe

FIGUEIREDO (1899): No Brasil significa inflamação nas gengivas dos cavalos.

GDE: Tábuas de madeira ligadas entre si para ajudarem na travessia de um rio.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

TRANSLEÇA TRANSLECIUM TRANSLESSAS TRASLECIA

ROCHA (2017) leça PRIB trans

OSÓRIO (2017):

Trans = para além de…

LEÇA

ROCHA (2017):

Rio que desagua no Atlântico, junto de Leixões, entre Leça da Palmeira ao norte e Matosinhos ao sul. Nasce na freguesia de Monte Córdova, no concelho de Santo Tirso, mais precisamente no lugar de Redundo. Machado (2003) – cuja 1.ª edição é de 1984 – admite “que o rio Leça […] fosse chamado Lethes pelos Gregos, devido a semelhança fonética”, relacionando esta identificação com o episódio da incursão de Décimo Júnio Bruto pelo sudoeste da Gallaecia: “O incidente, pelo seu pitoresco e e importância simbólica, seria transferido, com o nome infernal, para o Lima […], rio mais a N. e muito maior”. Amílcar Guerra reforça esta hipótese, defendendo que a forma Letia, donde procederia Leça, foi helenizada como Lethes, forma que, por equívoco, os autores da Antiguidade usaram depois para referir o Lima. Ainda que não reúna consenso, a discussão desta hipótese permite igualmente atribuir a Leça uma origem pré-latina, muito provavelmente indo-europeia. Com efeito, este autor relaciona Letia com castello Letiobri, no convento bracaugustano, nome de lugar que poderia ligar-se por sua vez aos topónimos Bletisama e Letisama, enquadráveis na toponímia céltica ou para céltica da Hispânia da Antiguidade. Mesmo assim, não é claro o sentido a atribuir a Letia: Domingos Moreira ligou esta forma a uma série Lis/Les, que define um conjunto de rios europeus, entre os quais se incluem os portugueses Lis e Lisandro, mas à qual este autor não chega a atribuir um sentido. Observe-se, por outro lado, que Leça evoca os casos de Beça e Dueça, os quais, associados aos galegos Deza (Pontevedra) e Reza (Ourense), parecem configurar uma série definida pelo sufixo -ia, bem conhecido da hidrotoponímia prélatina (Limia > Lima, Umia > Uíma), que, em contacto com consonantes oclusivas dentais ou velares (Letia, Detia), tiveram o efeito de as palatalizar. Em suma, Leça será um hidrotopónimo relacionável com estratos indo-europeus pré-latinos, apesar da semântica obscura do seu radical.

Além de…?

Depois de …?

Para lá do rio Leça…?

TRÁS DAS TELHEIRAS TRÁZ

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

INF; PRIB trans

FIGUEIREDO (1899):

Trás - O mesmo que atrás; após.

Tráz - Voz imitativa de pancada ou queda.

INF:

Atrás, em segundo plano, além de…

Ver: TELHEIRAS

TRAVESSA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899)

DER traversa, transverso

VIEIRA (1871):

Rua que corta as ruas direitas e principais.

Caminho atravessado Porção de mar ou de terra, que divide uma terra da outra.

Peça de madeira, ou tábua estreita com que se atravessa e prega a porta do confiscado.

Termo antiquado: direito de passagem.

Porta travessa fica a um lado, não é na frontaria do edifício.

Mão travessa: a medida da largura da mão desde a cabeça do dedo polegar até às costa da mão, aberta a chave dela.

FIGUEIREDO (1899):

Peça de madeira, atravessada sobre outras, ou posta horizontalmente entre duas outras peças verticais. Verga de porta ou janela; padieira. Viga.

Dormente, em que assentam os carris das linhas férreas.

Rua transversal, entre duas ruas mais importantes.

Galeria subterrânea, que estabelece comunicação entre duas outras galerias.

Prato oblongo. Travessia. Cambapé.

Pente estreito e curvo, com que as mulheres ou as crianças seguram o cabelo.

Espécie de tributo, direito de portagem. (Do b. lat. traversa)

PRIB:

Rua estreita ou curta que põe em comunicação duas ruas principais.

Ver: CAPITÃO, DR. NETO, JOSÉ LOPES, RIBEIRO DA SILVA, RIO SIMÃO e XAVIER

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

GDE; PRIB tumulu, tumulus

VIEIRA (1871): Armação alta sobre que se coloca o ataúde.

VASCONCELLOS (1897): Sepultura.

Montículo de terra artificial a que se chama tumulus é uma palavra latina que significa “eminência de terra”.

FIGUEIREDO (1899): Monumento em memória de alguém, no lugar onde está sepultado o indivíduo comemorado. Sepulcro. Morte no sentido figurativo.

SILVA (2004):

Tumulus é o mesmo que mamoa; no plural utiliza-se a palavra tumuli.

FIGUEIUREDO (1899) PRIB ultra

FIGUEIREDO (1899):

Designativo de além ou de excesso.

Para além de…muros?

Para além dos muros da várzea?

ULTRA VINEAM

URREIROS

Para além dos muros das vinhas?

x orreta (castelhano)

FIGUEIREDO (1899):

Orreiros – Trave que entra numa cavidade das lajes que forram o poço de certos moinhos.

VIT:

Atalho através dos campos; passagem estreita entre dois montes com poucas fiadas de oliveira ou outras árvores.

VER: CACHADA DO SEIXO

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

VALADO VALLADO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

valare

REIS (1904)

CARVALHO (1999) valla, vallum

VIEIRA (1871):

CARVALHO (1999) baladie

Vale: cova longitudinal de mais ou menos altura, e largura, que se faz na fortificação; ou para recolher a água que escorre e filtra das terras apauladas, para dar curso ás aguas, para navegação de vasos pequenos.

Vallada: vale mui extenso, e longo. — Valas para desaguar os vales.

Vallado: vale pouco fundo, com selva, ou tapume, do cercar quintas com tijolos os muros de pedra seca.

Cercado de valas: rodeado por inimigo. Defendido por valas: protegido.

Vallar: abrir valas num lugar para o fortificar, cercar, e defender a entrada com vala, muro, tapume de pedra ensossa.

Vallar as terras com vallas para as desaguar.

FIGUEIREDO (1899):

Valadio ou Valladio - Diz-se do terreno, em que há valas para receberem a água. Diz-se do telhado, feito de telhas soltas, sem cal nem argamassa.

Valado ou Vallado - Vala, ladeada de tapume ou sebe, para resguardo ou defesa de uma propriedade rústica. Propriedade rústica, cercada de valado.

Elevação de terra, que limita e rodeia uma propriedade rústica.

Valar ou vallar - Fazer valias em. Cercar de valas. Abrir fossos em volta de. Murar; fortificar; defender. Relativo a valia ou cerca.

REIS (1904):

Vale muito largo.

CARVALHO (1999):

O apelativo vala, do latim valla sinónimo de trincheiras, tranqueiras, plural do neutro vallum, designa uma escavação longa, que recebe ou conduz águas de rega ou serve para drenar terras sujeitas a inundações. Será este o caso da maioria das valas.

Ainda que a sua origem esteja no plural de vallum, o latim popular transformou o plural neutro em -a no feminino do singular, o que explica a aparente anomalia.

A importância destas condutas residia no facto de poderem escoar as águas das terras baixas do campo, que sofriam inundações periódicas e transformações, resultantes dos sedimentos transportados pelos rios, sobretudo se muito sinuosos.

MARQUES (2014):

Vallo, vallato O termo ‘vallo’ designa um conjunto de 17 unidades identificadas na nossa documentação, em quatro casos sem qualquer atributo, em outros quatro acompanhado de uma indicação topográfica que precisa a localização (ou mesmo as funções demarcatórias) destes elementos de delimitação, e em oito casos seguido de um antropónimo. Como já vimos acontecer com as palavras ‘marco’, ‘porta’, ‘sepe’ e ‘succo’, os redactores optam, também neste caso, por aludir especificamente aos vallos de determinadas propriedades por serem estes os elementos visíveis da sua confrontação com outras unidades, e acabam assim por designar metonimicamente tais propriedades, donde a necessidade da referência ao nome do proprietário/usufrutuário. Acresce ainda uma referência a um «uallo antico», que talvez indicie a relação deste tipo de elementos com antigos fossos, cujas funções de limite remontariam à centuriação romana. E, por fim, há a registar a ocorrência de duas unidades designadas pelo termo ‘vallato’, num caso sem qualquer qualificativo, noutro acompanhado de um topónimo. Para além destas unidades específicas, sãoabundantes as referências a vallos (e mais raramente vallatos) como elementos físicos de delimitação de outras unidades fundiárias. Os léxicos que registam estas duas palavras, que partilham uma raiz comum, atribuem-lhes significados só ligeiramente diferentes: ao termo ‘vallo’ é atribuído o sentido de «valado», «fosso» (inclusivamente por um dos léxicos hispânicos), a que Niermeyer acrescenta o de «poste»; já ao termo ‘vallatum’ atribui-se o mesmo sentido de «valado», «fosso», mas também o significado mais concreto de «muro de vedação». Parece ser, de facto, o sentido amplo que a palavra ‘valado’ veio a assumir em português aquele que se aplica na documentação analisada. Como, de resto, faz supor a sinonímia entre os termos ‘vallo’ e ‘succo’ (este ligado à noção de «limite») que foi possível identificar em dois casos. Mas convém também notar a possibilidade de o significado de ‘vallo’ se estender ainda às acepções de «dique artificial» ou «canal de drenagem», identificadas por M. Viana na documentação tardo-medieval do Vale do Tejo.

VALADO

Considerando as formas apresentadas por este topónimo até ao século XVIII – valadi (século XII) e valade (séculos XV-XVIII), não nos inclinamos para uma origem no latim vallatu, quedesignaria uma propriedade rústica cercada por sebes ou valas.

A origem provável do topónimo poderá ser o árabe baladí, designando o assentamento local de uma família árabe, descendente dos primeiros invasores, denominados baladiyyûn, isto é, primeiros colonos.

VALGA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA REIS (1904)

REIS (1904):

Abreviatura de Valongo, como Valezim, Valselhas, Valgode, Valigote, Valizellos, Valjada, Vallega, Vallegos.

VALE

V. DE ACHA

V. DE ACHAS

V. DE AIXA

V. DE AXA

V. DE AMORES

V. DE GENS

V. DIREITO

VALES

VALLE

VE. DE INFERNOS

VE. DE PINHA

VALLES

VALLIS

VS. DE CERNONCELI

VS. CANELLI

VS. DE SUPER VIAM

VS. GONSALVI MENENDI

VS. LONGUS

VS. LONGUS INFERIOR VS. LONGUS SUPERNOS

VS. SUBTUS

PORTELLAM

COVE DE ORCA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899) vallis

CARVALHO (1999) GDE; PRIB valle

VIEIRA (1871):

Planície ao pé ou no baixo do monte, ou entre dois ou mais montes.

FIGUEIREDO (1899):

Vale ou valle - Planície entre montanhas ou na base de uma montanha.

Depressão de terreno, que se estende entre montes.

Várzea ou planície, à beira de um rio.

Talvegue.

Documento, representativo de dinheiro, e passado a favor de alguém, sem formalidades legais. Espécie de cheque. Espécie de letra de câmbio, com que se transferem fundos, de uma terra para outra (de valer, valor).

CARVALHO (1999):

Estamos em presença de uma antiga realidade económica e sociocultural detetável, em toda a sua pujança, nas serranias do Norte de Portugal, Galiza, Astúrias e Cantábria, prolongando-se pelos Pirinéus.

O vale tinha a água e a terra de aluvião, indispensável à fixação das populações que aí procuravam o habitat propiciador da catividade agro-pastoril. Estes acidentes orográficos que, nas montanhas do Norte, atingem por vezes grandes dimensões, individualizaram-se socialmente através do assentamento de diferentes subunidades da organização étnica indígena, […] ligadas por parentesco real ou mítico, que viviam sob uma norma – o código consuetudinário – e se autorregiam mediante a convocatória das suas próprias reuniões ou assembleias.

Podiam corresponder a individualidades étnicas distintas que, durante a Idade Média, foram em parte respeitadas no enquadramento promovido pelo senhorialismo e pelo cristianismo.

Os dois poderes, o da terra e o da alma, raramente separados e bastas vezes coabitando, encabeçaram numa vila as instituições que entreteceram esses vales numa unidade política e religiosa.

O primeiro mostrava-se na casa ou no celeiro senhorial, e nas magistraturas que o representavam, enquanto o segundo se exprimia através da paróquia, da respetiva igreja e do presbítero que a dirigia.

A importância deste pequeno mundo ligava-se ao espaço de circulação de pessoas e bens que, nestes tempos recuados, raramente ultrapassava o aro paroquial.

Em muitos casos estes vales integram-se numa bacia hidrográfica secundária, o que os liga entre si, facilitando os contactos. Planície entre dois montes, podendo ser atravessada por um rio.

Vale era feminino.

MARQUES (2014):

Valle e os diminutivos da palavra: ‘vallinum’ e ‘valina’, parecem corresponder a espaços muito restritos, os diminutivos seriam com quase toda a certeza parcelas agrárias. A palavra ‘valle’ parece assim não assumir aqui o sentido corrente que ainda hoje tem, e que é possível identificar na documentação peninsular desde pelo menos o século IX, mas remete antes para unidades fundiárias, possivelmente situadas em zonas de vale e singularizadas pelas características orográficas do terreno.

Em relação ao Norte de Portugal, C. Díez Herrera considera a comunidade de vale como o modelo predominante de organização social e territorial em todo o quadrante norte da Península Ibérica, da Galiza aos Pirenéus, o que na nossa opinião pode ser questionável.

VER:

ACHA, AICHA, PINHA, AMORES, INFERNO, GEENS, DIREITO, CANA.

VALLIS DE CERNONCELI

INF:

O topónimo «Sernancelhe» provém de Villa Seniorcelli, que em latim tardio significava «quinta de Seniorcelo», fazendo alusão ao nome do possível senhor ou povoador original daquelas terras. (?)

VALLIS DE SUPER VIAM VALLIS GONSALVI MENENDI

Vale acima da via pertencente a Gonçalo Mendes (?)

VALLIS LONGUS

Vale Longo = Valongo

VALLIS LONGUS INFERIOR

Valongo inferior, da Estrada?

VALLIS LONGUS SUPERNOS

Valongo superior, Susão?

VALLIS SUBTUS PORTELLAM COVE DE ORCA

Vale abaixo da portela da casa da Orca?

VALINHAS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

PRIB

valla, vallum

Canal escavado para receber águas dos terrenos adjacentes e conduzi-las a um dado ponto.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

VALMARINHAS PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X

MARQUES (2014):

Cortes, todas as unidades classificadas com este vocábulo dizem respeito a grandes parcelas (ou mesmo zonas) de exploração salícola, em que os redatores localizam os talhos de salinas transacionados.

Nenhum dos muitos léxicos que registam a palavra, sob as formas ‘curtis’ (no caso dos léxicos gerais) ou ‘corte’ (no caso dos peninsulares), recolhe este sentido, que constituirá talvez um regionalismo da área portucalense. No entanto, cumpre notar que o termo ‘corte’ é utilizado na documentação tardo-medieval do Baixo Tejo para designar as parcelas cultivadas dos pauis e áreas alagadiças da planície aluvial tagana.

Note-se, contudo, que o sentido comummente atribuído à palavra é outro, e bem amplo por sinal, podendo situar-se algures entre a aceção restrita de pequeno terreno vedado e o significado amplo de unidade residencial e/ou exploração completa, ou mesmo de domínio senhorial, para nos limitarmos aos sentidos claramente associados ao espaço rural.

É frequente este termo designar, na documentação de várias regiões peninsulares, parcelas de terreno vedadas (ainda não necessariamente) de dedicação agrária ou pecuária, situadas muitas vezes nas imediações de uma residência, ou mesmo o próprio terreno em que esta se implantava, como o seu entorno de edifícios vários, espaços de cultivo, etc.

Talvez este último sentido de núcleo residencial seja o que mais facilmente se aplica à referida corte de uma quintã.

Refere-se a marinhas de sal?

[O vale do rio Leça, em Alfena e Ermesinde dá origem a uma infinitude de campos vedados por pedras soltas, dispostos de forma consecutiva e regular (parcelário romano) que vistos ao longe podem evocar salinas] VER: TALOS

VALLONGO VALLONGO JUSÃO

VALLONGO

SUZAM

VALONGO

VALONGO DA ESTRADA

VALONGO DE BAIXO

VALONGO DE CIMA

VALONGO DO PORTO

VALONGO SUSÃO

VALONGO SUSSAÃO

VALSELHAS VALE DE CELHAS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA PRIB vallis longus

LEAL (1873-88):

“Villa, Douro, cabeça do concelho de seu nome, comarca, districto administrativo, bispado a 12 kilometros ao N.E. do Porto, 312 ao N. de Lisboa, 830 fogos. Orago, S. Mamede.

O concelho de Vallongo, é composto de 5 freguezias, todas do bispado do porto e com 2:300 fogos. São Alfena, Asmes, Campo, Sobrado e Vallongo. É a 4.ª estação do caminho de ferro do Douro. É povoação muito antiga, como freguezia; mas a elevação a vila foi depois de 1834. Era no seculo passado e ainda no principio d’este, do concelho de Aguiar de Sousa, e comarca de Penafiel. No foral da maia, se dá a esta freguezia a denominação de Vallongo da Estrada, para a differençar da aldeia de Vallongo Jusão (corrupto vocábulo, Vallongo Suzão – que é o contrario de Juzão). Esta aldeia é na mesma freguezia.

É uma das mais ricas e férteis freguesias ruraes do bispado do porto, com cuja cidade faz grande e valioso commercio, sobretudo, em pão de trigo, biscoitos e pedras de lousa.”

CARVALHO (1999)

Jusano/Jusão = baixo. Valongo da Estrada, de Baixo. Susano/Susão = alto, cimo. Valongo Susão.

VALLONGO

Vale + longo

Ver: JUSÃO, SUSAM, ESTRADA, BAIXO, CIMA, PORTO e SUSÃO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X

OLIVEIRA (2014): Celhas ou seiras poderão ser associadas aos lagares de azeite, sendo círculos de esparto, fechados por baixo e abertos em cima onde se coloca a massa da azeitona e se espremem para obter o azeite.

Ver: BALSELHAS

VALONGUEIRA PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

LIMA (2012) GDE X

LIMA (2012): Etnotopónimo. Habitante de Valongo.

VARGADO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA PRIB

FIGUEIREDO (1899):

Varga - Planície alagadiça. Várzea. Armadilha para pesca, espécie de rede.

Varge - O mesmo que vargem. Várgea - O mesmo que vargem. Vargedo - Conjunto ou sequência de varges, vargem. O mesmo que várzea.

PRIB:

Planície alargada, várzea.

VARZEA

VÁRZEA

VARZENA (3X)

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CARVALHO (1999). bragal, brogo LIMA (2012) GDE barga

VIEIRA (1871): Vargem, campo, planície cultivada, semeada. Campo plano, sem altibaixos. Também varzia, mas menos comum.

FIGUEIREDO (1899): Campina cultivada. Chan. Planície. Varzedo - Continuidade de várzeas; vargedo.

Varzino - Relativo a várzea.

CARVALHO (1999):

Planície cultivada nas margens de rio ou ribeiro. O topónimo poderá provir diretamente do celta, sem a evolução sufixal *barcina, reconstruída para o latim popular. Os topónimos “Bragal” e “Brogo”, poderão ter alguma coisa mais a dizer-nos, porventura relacionado com “Várzea”, necessitando de um estudo mais apurado.

LIMA (2012)

Varzia, Vargem, Campina, Chã Espaço de terra cultivada num campo situado numa zona baixa e plana ou com pequeno desnível, para escoamento de águas. Podiam ser cultivados vários cereais, vinha ou pomar. Parcelas à beira de um rio. Num campo grande podem existir várias várzeas pertencentes a diferentes proprietários.

MARQUES (2014):

Menções documentais datadas entre 906 e 1092. Este termo aparece registado apenas pelos léxicos ibéricos, que lhe atribuem os significados de «planura fértil», «terreno cultivado na margem de um rio». Também na nossa documentação (como no português atual), as várzeas corresponderiam a campos planos situados por via de regra junto de cursos de água, que poderiam estar dedicados preferencialmente à cultura de cereais, como defendeu C. A. F. de Almeida a propósito do Entre-Douro-e Minho, ou antes a pastagens e produção de erva, como sugere R. Durand para a região entre Douro e Tejo.

TORRES (2021):

Varziela é diminutivo de várzea, por varzena Varzenela no século XI. Varzinela no século XIII.

VELHA PRÉ ROMANA

FIGUEIREDO (1899) DER vetlu vetula, vetulu

FIGUEIREDO (1899): Mulher avançada em idade. O mesmo que morte.

DER: Antigo. Contraposto a novo. A forma vetlu suplantou a forma senex

VERTIDO PRÉ ROMANA

VIEIRA (1871): Desaguado. Derramado.

PRIB verto+ere

PRIB: Campo muito irrigado e drenado.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

VESSADA VESSADAS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

CARVALHO (1999) versata

SILVA (1789): Geira

VIEIRA (1871):

Vessada de terra, geira.

FIGUEIREDO (1899)

AZEVEDO (2005) versare, versata

AZEVEDO (2005) versare, versata

Vessadella: vessada, serviço que se fazia, o mesmo que fazer geira ao senhor da terra e serviços do couto, a saber: segadella, vessadella, o malhadella.

Campo, lameiro que se cultiva. No Minho e Beira Alta, a terra quo se lavra em um dia com duas ou três juntas de bois.

Vessadoiro: o direito do lavrar a terra.

Vessar: lavrar a terra com regos profundos para ficar bem lavrada.

FIGUEIREDO (1899):

Terra fértil e regadia.

Terra, que se lavra num dia, com uma junta de bois. Geira.

Correia, o mesmo que avessada.

Vessadela - Ato de vessar. Terreno que se lavra num dia.

Vessadoiro - O mesmo que vessadela. Direito de vessar uma terra.

Arado, que se emprega na lavoira de terras em que se semeia milho grosso, desde fins de abril a fins de maio.

Vessadouro - O mesmo que vessadela. Direito de vessar uma terra. Arado.

Vessar - Lavrar profundamente. Lavrar para sementeiras. (Do lat. versare)

CARVALHO (1999):

Corresponde à substantivação do particípio passado feminino de vessar do latim versare que significa revolver, lavrar com o arado.

Estes topónimos estão muito associados ao norte de Portugal, onde também aparece o termo Vessadios.

Com a mesma origem, sob as formas Avesada(s), Vesadiña e Vesada, encontra-se igualmente na Galiza, onde deu nome ao «arado besadoiro, etimoloxicamente vesadoiro, aradoforte, axeitado para roturar ou vesar terras pesadas».

AZEVEDO (2005):

Terra fértil e irrigada, que se lavra antes da semeadura. Área capaz de ser trabalhada por uma junta de bois num dia. Igual a jeira, belga, courela, leira.

ROCHA (2017):

Romance, galego-português ou já português, do léxico comum vessada

Topónimo frequente no Norte de Portugal e na Galiza. Do latim versata

A palavra latina deu origem a vessada, ‘terra muito produtiva, situada geralmente em vale, provida de água de rega’.

A forma Bessada deverá, portanto, ser interpretada como uma transcrição da pronunciação betacista do topónimo, conforme é típico dos dialetos setentrionais portugueses.

É sua variante Abessada, que também se encontra nos concelhos de Vinhais, Chaves e Felgueiras. Assinale-se que, em todas as províncias da Galiza, se documentam vários topónimos com as formas Vesada e Avesada Carrasco e Navaza observam que, em galego, o vocábulo tem um uso semelhante à palavra portuguesa, denominando uma terra de cultivo: “unha terra arada gañada ao monte para dedicala a cultivos”.

WIK:

Antiga medida agrária de 240 pés de comprimento por 120 de largura.

GDE:

Geralmente semeada com milho grosso.

FIGUEIREDO (1899)

CARVALHO (1999)

GDE; PRIB villa, villae, villare, villarinu

GERMÂNICA

VILA

FIGUEIREDO (1899):

Povoação, de categoria inferior à de cidade e superior à de aldeia.

Casa de campo ou habitação de recreio, nos arrabaldes das cidades italianas.

Casa de campo, de construção elegante ou mais ou menos caprichosa. Quinta, com casa de habitação.

Casa de habitação com jardim, dentro da cidade.

GALEGO & DAVEAU (1986):

Entre Douro e Minho […] se dava a designação de vila às unidades que possuíam uma povoação como sede (a vila propriamente dita), mas nem todas eram fortificadas. (…) São, portanto, atribuições de caráter jurídico-administrativo que justificam o título. (…) as vilas tinham uma localização predominantemente periférica e apresentavam um espaçamento bastante regular.

[As autoras baseiam o seu estudo n´O Numeramento de 1527-1532].

SILVA (1789):

Povoação de menor graduação que a cidade e superior à de aldeia.

Tem juiz, Câmara e pelourinho.

CARVALHO (1999):

As villæ, vilas, foram introduzidas no Noroeste da Hispânia no tempo de Augusto.

Eram grandes explorações agrícolas, já divididas em duas partes, uma cultivada diretamente pelo proprietário, através de servos, dirigidos por um feitor, enquanto a outra parte se fracionava em parcelas, distribuídas por homens livres ou serviçais que as agricultavam isoladamente.

Dentro destes latifúndios havia várias construções, entre as quais a villa urbana, residência temporária ou permanente do proprietário – o dominus - senhor, dono, senhor da casa que, no noroeste ibérico, se denominavam palatium (>Paaço > Paço) ou palatiolum (>Paaçolo> Paçô).

Nas proximidades do palatium – a casa do dominus – estendia-se a chamada villa rustica, fechada em torno de um eido ou eirado, onde se encontravam todas as outras instalações de apoio à atividade agrícola, como os aposentos dos servos, os celeiros, arrecadações para as alfaias e as cortes do gado.

Mais afastadas, em grupo ou isoladamente, erguiam-se as pequenas casæ dos camponeses das parcelas independentes. Eram casas de vários tipos, umas cobertas de telha ou de colmo, outras pequenas cabanas, de construção mais precária e pobre. Estas habitações camponesas eram conhecidas por casarii, vindo a designar, a partir do século IV, a globalidade da fração distribuída a cada família, e os marcos que delimitavam essas parcelas chamavam-se casales.

Com o andar do tempo, o casarius (> caseiro) veio a designar o caseiro ou rendeiro, enquanto os casales (> casais) deixam de ser sinónimo de marcos, para denominar a parcela que individualizavam.

A crescente fragmentação das villæ trouxe outras denominações para as respetivas subunidades, designadas no Noroeste hispânico por casales, quintanas ou quintas, villares e villarini que, na Alta Idade Média, se tinham já transformado em prédios independentes.

A evolução destas frações veio, na Baixa Idade Media, a alterar o sentido de muitas destas falas. Assim, a “Vila”, do latim villa-, passou a designar um povoado de dimensão equivalente às nossas aldeias e pequenas vilas; “Vilar”, do latim villare-, foi no baixo-latim um adjetivo derivado de villa, que acabou substantivado, significando aldeola ou lugarejo; “Vilarinho”, do latim villarinu < villare + -inu-, sufixo diminutivo, nomeou igualmente uma pequena aldeia ou lugar.

Casal, do latim casale que, como vimos, designava primitivamente os marcos de uma parcela agrícola, passou a significar essa mesma unidade agrícola, na sua totalidade, incluindo a casa e as terras, e o plural Casais (casales) acabou por indicar também um pequeno lugar, um lugarejo.

Ver: COVAS, NOVA

VILAR

VILAR DE MATOS

VILLAR DE MATOS

VILAR

MOFRISCO

VILAR

MOURISCO

VILAR

VILLAR

FIGUEIREDO (1899):

VILLELA (2X) PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899)

LIMA (2012) PRIB villaris, villarae

Vilar ou villar - Pequena aldeia; lugarejo.

Vilela - Pequena vila.

LIMA (2012):

Povoação nova associada à ocupação de novos territórios, em fase de repovoamento e podia designar-se em função do antropónimo da pessoa que o detinha ou de uma qualquer característica que o individualizasse.

PRIB:

Novo conjunto de casas mais ou menos próximas, dispostas à volta de uma parcela agrária de boa dimensão, maior que o casal.

Ver: MATOS e MOURISCO

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO VALONGO

VINCA REGALENGA

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X

FIGUEIREDO (1899): Camada. Fieira.

Planta, o mesmo que pervinca.

Planta apocínea, (vinca major).

Faixa de terreno, sobre a maracha, para o lado interior da peça da salina.

GDE:

Vinca - Plantas de pequeno porte.

PRIB:

Vinca - Camada, fieira.

Regalenga - Propriedade do rei.

VINHA VINHAS VINHAS

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

VIEIRA (1871)

FIGUEIREDO (1899)

CARVALHO (1999) vinea, vinaae PRIB

VIEIRA (1871):

Lugar plantado de videiras.

FIGUEIREDO (1899): Terreno, onde crescem videiras.

Aquilo que dá proveito. Pechincha. Vinha de alhos, molho de conserva, em que entram alhos, vinagre e outras especiarias.

CARVALHO (1999):

Terreno plantado de videiras.

MARQUES (2014):

A forma plural vineas descreve não apenas parcelas dedicadas ao cultivo da vinha, mas também “hortos” no sentido mais amplo. Mesmo que as vinhas constituíssem parcelas de dedicação específica, muitas vezes cercadas, e frequentemente situadas nas imediações (senão mesmo dentro dos núcleos de povoamento), não deve esquecer-se a complementação da vinha com outros cultivos (arbóreos, cerealíferos, etc.), particularmente importantes numa região de policultivo intensivo como seria o Entre-Douro-e-Minho.

[Na Alta Idade Média. Malio e malleis com o diminutivo malleolus ou maliolus com o sentido de vinha nova, vinha plantada, mas que já dá fruto]

PRIB:

Terreno com videiras, videiral, vinhádego, vinhal, vinhedo.

VIRELLA

VIRELLA DE BAIXO

VISCONDE DE OLIVEIRA DO PAÇO

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

LIMA (20012) PRIB

REIS (1904):

Corrupção de Vilela.

PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA X

VIEIRA (1871):

Título de nobreza inferior ao conde e tem coronal sobre o escudo.

WIK:

António Martins de Oliveira

(Sobrado, 12 de agosto de 1835 - 23 de junho de 1889)

Foi o 1º Visconde de Oliveira do Paço e um dos maiores beneméritos do Concelho de Valongo

“Foi abastado proprietário e residiu durante muitos anos no Brasil. Prestou relevantes atos de beneficência aos portugueses desvalidos residentes no Rio de Janeiro e concedeu valiosas dádivas ao asilo de D. Maria Pia, do Porto.”

No ano de 1864 terá procedido à reconstrução ou restauro da casa de seus pais e onde havia nascido, designada de Quinta do Visconde.

Na sua terra natal patrocinou a construção do cemitério público, os seus alargamentos posteriores, bem como a ampliação do edifício escolar.

Em 1879, D. Luís I concede-lhe o título de Visconde de Oliveira do Paço em reconhecimento dos seus valorosos atos de altruísmo e filantropia, realizados no Brasil e em Portugal.

Ver: OLIVEIRA e PAÇO

XAVIER PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

DNP Etxeberria (basco)

DNP:

O nome Xavier tem origem a partir do idioma basco. Ele surgiu através da palavra Etxeberria, nome de um local no País Basco e sobrenome encontrado com grande incidência na Espanha. Xavier significa “a nova casa”. Este foi o sobrenome de São Francisco Xavier, o apóstolo do oriente (1506-1552) nascido nesta vila.

O sobrenome Xavier começou então a ser utilizado como nome próprio, especialmente, em homenagem ao santo.

PRIB:

Variedade de manga trazida da Índia. Homem traído pelo seu cônjuge. Retraído, envergonhado.

XISTO PRÉ ROMANA ROMANA GERMÂNICA ÁRABE MEDIEVAL INCERTA

FIGUEIREDO (1899) GDE Shistos (grego)

FIGUEIREDO (1899):

- Mineral friável, formado especialmente de sílica e argila.

- Pórtico coberto, entre os Gregos. Lugar ou galeria descoberta, para passeio, entre os romanos.

- Gênero de insetos dípteros.

ROCHA (2017):

PRIB: schiste (francês)

Português, como conversão do nome comum lousa Lousa e a variante Loisa podem ocorrer como nomes de localidade e como hidrónimo em Portugal. É também significativa a frequência de Lousada e Lousado, sobretudo a norte do Douro. Na Galiza, são frequentes as formas Lousa, Lousada, Lousadela e Lousado.

Litotopónimo, com origem no nome comum lousa, relacionado com uma forma pré-latina lausa (Ernout e Meillet 1939, s.v. lausiae) ou lousa (DCECH), de etimologia obscura.

GDE e PRIB:

Rocha metamórfica formada nos fundos marinhos, há cerca de 300M.a.

Surge a partir da argila que ao ser sujeita a pressões e temperaturas elevadas forma placas sobrepostas, o que facilita a sua posterior utilização.

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

6. TRATAMENTO ESTATÍSTICO E CONCLUSÕES

6.1. Fontes documentais

Gráfico 1 - Fontes documentais dos topónimos

O número total de topónimos recolhido nas quatro fontes referenciadas é de 842. Valongo revelou-se a freguesia com o maior número de topónimos recolhidos (473 – 56%), graças à existência da Monografia de 1904, escrita pelo Pe. Joaquim Alves Lopes dos Reis, que forneceu a maior parte deles (369 - 78%), muitos ainda em uso, tal como as Inquirições (92- 19%).

Seguem-se as freguesias de Alfena (125 – 15%), Ermesinde (95 - 11%), Campo (90 - 11%) e por último Sobrado (59 – 7%).

Como não seria de estranhar, o número de topónimos atuais (séculos XX e XXI) é o mais relevante (619 – 73%), face aos obtidos nas demais fontes (223 – 27%). As Inquirições revelaram-se a fonte que mais topónimos forneceu (141 – 17%), seguidas pelas Memórias Paroquiais (49 – 6%) e pelos Forais (33 – 4%).

6.2. Origem dos topónimos

Gráfico 2 - Origem dos topónimos

ALFENA CAMPO

ERMESINDE

SOBRADO

VALONGO

No que se refere à origem toponímica e como se pode ver no gráfico, há uma grande similitude e paralelismo nos traçados referentes às cinco freguesias, o que deixa transparecer que a sucessão dos diferentes ocupantes foi idêntica em todo o território. Analisando este esquema cronologicamente temos a seguinte sequência: os topónimos pré-latinos (71 – 10%); os latinos (599 - 80%); os germânicos (12 - 2%); os árabes (19 – 2,5%) e os medievais (4 – 0,5%) seguidos pelos de origem incerta (39 - 5%) do universo dos 744 topónimos investigados, quanto à sua origem.

Daqui pode-se inferir a antiguidade da ocupação humana deste território, tendo sido iniciada pelos povos pré-latinos e consolidada pelos romanos, como se pode ver pelo gráfico e pelo valor de 90% que representam estas duas infuências, face à totalidade dos valores apresentados. As influências germânica, árabe e medieval representam 5%, sendo por isso residuais se comparadas às anteriores, tal como os 5% de origem incerta, o que também não é significativo na globalidade da análise efetuada.

6.3. Mapeamento dos topónimos por origem

Figura 1- Toponímia de origem pré-romana
Figura 2 - Toponímia de origem romana
Figura 3 - Toponímia de origem germânica
Figura 4 - Toponímia de origem árabe
Figura 5 - Toponímia de origem medieval

Legenda origem toponímica:

CAOP Valongo 2023 Áreas de análise da malha teórica “Actus Quadratus” (35,48 x 35,48m)

Pré Romana Romana Germânica Árabe Medieval

Figura 6 – Mapa síntese das origens linguísticas dos topónimos

Legenda origem toponímica:
CAOP Valongo 2023
Agrária Mineira
Figura 7 - Topónimos de origem agrária e recursos mineiros.

Os topónimos levantados foram mapeados na medida do possível, seguindo as cinco origens já referenciadas: pré-romana, romana, germânica, árabe e medieval.

A primeira evidência que ressalta da observação destes mapas é a estreita relação existente entre a localização dos topónimos e a rede hídrica, sobretudo no que se refere aos rios Ferreira e Leça, assim como a todos os seus afluentes de maior ou menor caudal. Esta situação não é de estranhar, sobretudo se tivermos em conta que todas as grandes civilizações da Antiguidade nasceram nas margens de rios, como no caso da Mesopotâmia, do Egito, do vale do Indo e do rio Amarelo. Sem água não há vida, sendo esta indispensável às atividades económicas aqui mais referenciadas: a agricultura e a mineração.

Não pode deixar de ser mencionado, que grande parte deles se encontra associado a locais onde se verifica a divisão de propriedade agrícola, baseada no parcelário romano e que manteve essas orientações até aos nossos dias.

No mapa da fig. 7, estão representados os topónimos de origem agrária e os de origem mineira, que transcrevem duas realidades distintas, mas complementares, na vivência humana dos últimos 2000 anos. A mineração é encarada no seu sentido mais extensivo, incluindo o ouro, o barro, o ferro, o carvão, o antimónio e a lousa, entre outros menos significativos.

Por aqui se percebe que os trabalhos extrativos de matérias-primas também existiam em torno do Leça, contrariando a crença generalizada de que minas eram monopólio de Campo e Valongo.

Aparentemente e salvo o caso da Serra de Santa Justa e Pias, a agricultura coabitava com a exploração de recursos minerais lado a lado, complementando-se, chegando-se a verificar o uso das mesmas estruturas hídricas em diferentes épocas ou mesmo em simultâneo. Verifica-se que as comunidades que ocupavam os dois vales (Leça e Ferreira) quase se tocavam usando as zonas mais húmidas e abrigadas para prosperar.

Não se exclui a hipótese desta ocupação continuar para o concelho de Santo Tirso, local de nascimento do rio Leça, com seguimento para todo o vale do Ave, numa perspetiva mais litoral e para Gondomar, Paredes e Penafiel, com prolongamento para Lousada e Felgueiras, todas elas associadas à bacia hidrográfica do rio Sousa, como os estudos entretanto levados a cabo parecem apontar.

6.4. Categorização dos topónimos

GEOTOPÓNIMOS FITOTOPÓNIMOS

LITOTOPÓNIMOS

HIDROTOPÓNIMOS

ZOOTOPÓNIMOS

CARDIÓTOPÓNIMOS HIERO/ HAGIOTOPÓNIMOS

SOCIOTOPÓNIMOS

POLIOTOPÓNIMOS

HODOTOPÓNIMOS

ANTROPOTOPÓNIMOS

GEOTOPÓNIMOSFITOTOPÓNIMOSLITOTOPÓNIMOSHIDROTOPÓNIMOSZOOTOPÓNIMOS

Gráfico 3 - Categorização dos topónimos

Neste quadro, que nos coloca perante a distribuição dos topónimos pelas categorias, já anteriormente enunciadas, nota-se uma discrepância ainda maior dos valores finais; devendo-se o mesmo ao facto de haver topónimos que encaixam em duas ou mais categorias, como se pode observar nas listagens escritas.

Tentamos explicar esta situação sequencialmente, ou seja, a Natureza oferece matérias-primas, mas estas só são exploradas depois da implementado um sistema de exploração para as extrair, que não seria possível sem o trabalho humano. O mesmo acontece com alguns locais que podem ser designados a partir das suas características naturais, mas simultaneamente se terem tornado num povoado por vontade política de alguém, com poder para o administrar. Esta associação é ainda mais notória quando estamos perante nomes aglutinados como Agra de …, Alto de…, Fonte de…, Ponte de…. o que justifica a análide diacrónica e evolutiva que foi levada a cabo.

7. A NATUREZA DÁ E O HOMEM TRANSFORMA

Antropotopónimos 273 (19%)

Hoodotopónimos 105 (7%)

Poliotopónimos 122 (8%)

Sociotopónimos 195 (14%)

Gráfico 4 - Categorização geral dos topónimos

Geotopónimos 186 (13%)

Fitotopónimos 142 (10%)

Litotopónimos 82 (6%)

Hidrotopónimos 165 (11%)

Zootopónimos 27 (2%)

Cardinotopónimos 86 (6%)

Hiero / Hagiotopónimos 62 (4%)

Gráfico 5 - Categorização dos topónimos por área

Dada esta explicação podemos inferir que a Natureza foi responsável por proporcionar uma “tela” inicial com uma paisagem muito característica e marcante.

A Natureza dá...

Geotopónimos

Fitotopónimos

Litotopónimos

Hidrotopónimos

Zootopónimos

Cardinotopónimos

O facto de vivermos em vales encaixados entre elevações, reflete uma geomorfologia com características muito vincadas (geotopónimos: 186, litotopónimos: 82 e cardinotopónimos: 86 = 51%), a que se juntou a rede hídrica (hidrotopónimos: 165 = 11%) que proporcionou a existência de espécies vegetais (fititopónomos: 142 = 10%) e animais (zootopónimos: 27 = 2%) autóctones ou introduzidas pelo Homem, num total de 688 referências.

Estas características naturais foram ideais para que se desenvolvesse um tipo de economia recoletora nos primeiros tempos da ocupação humana, seguida por práticas agro pastoris e de extração mineira em tempos pré-romanos; consolidadas com a vinda e fixação dos romanos, de tal forma que as suas características ainda são visíveis 2000 anos depois, apesar dos retoques dados pelos povos germânicos e árabes, reafirmados na Idade Média. As maiores alterações verificaram-se a partir do século XIX e mais intensamente a partir de meados do século XX, depois do fim da Segunda Guerra Mundial.

Hiero /Hagiotopónimos

Sociotopónimos

Poliotopónimos

Hoodotopónimos

Antropotopónimos

Este conjunto de elementos primordiais foram aproveitados e transformados ao longo dos tempos, pela atividade humana (antrotopónimos 273 = 19%), que se traduziu na construção de caminhos (hodotopónimos 105 = 7%) para ligar as estruturas agrícolas às mineiras, às artesanais e às habitacionais (sociotopónimos 195 = 14%), tendo em conta a sua organização e gestão (poliotopónimos 122 = 8%), sem esquecer as preces e agradecimento às forças superiores (hiero/hagiotopónimos 62 = 4%).

Este conjunto de dados contabiliza 757 entradas, refletindo de forma notável a força transformadora das diferentes atividades humanas na modelação do território, em função das oportunidades/necessidades sentidas ao longo dos tempos.

Complementaridade entre Natureza e Homem

Os valores encontrados traduzem a complementaridade entre as dádivas da natureza (48%) e as ações que se podem enquadrar na capacidade transformadora do género humano (52%), que ao longo dos tempos aproveitou o que a natureza lhe legou, para transformar naquilo que precisa num dado momento, deixando marcas numa paisagem construída e em constante evolução.

Este resultado reforça a análise conceptual efetuada por DOWER (1999), sobre a qual foi desenvolvido este trabalho, onde se valoriza a diacronia na construção de paisagens identitárias, resultantes do casamento entre o que a Natureza oferece e o Homem transforma.

RECONHECER OS LUGARES DE VALONGO7

Como já foi apontado,

“há certos sítios em que a história aflui e se acumula mais que noutros: ali se passaram acontecimentos mais numerosos e marcantes.

Há em todo o mundo sítios conhecidos pela monumentalidade dos seus templos clássicos, pelas ruínas das cidades antigas ou pelos mosaicos das quintas agrárias romanas que ainda hoje são reconhecíveis.

Em Valongo ainda nenhuma destas marcas monumentais foi registada até hoje e, em contrapartida, este território é reconhecido pelas “minas do tempo dos romanos”, exemplo de um passado eternizado, onde a noção de monumento remete para tudo aquilo que é capaz de nos transmitir o passado e envolver a memória.”

Neste sentido, ao identificar-se a exploração mineira, aparentemente, de modo tão claro com o seu legado histórico, embora tivesse sido apenas uma peça na economia global da região, o nosso trabalho devia suportar-se, metodologicamente, no pressuposto de acolhermos o que foi registado, expresso e publicado, embora redimensionando a importância da análise crítica das diversas fontes bibliográficas, indispensável à preparação do livro sobre a presença dos romanos em Valongo e à consequente influência latina que perdurou. Detivemo-nos com alguma particularidade sobre a obra publicada em 1904, da autoria de Joaquim Alves Lopes Reis, com o título A Villa de Valongo: Suas Tradições e Historia, Descrição, Costumes e Monumentos[4].

O nosso interesse por esta obra justificou-se pelo facto do autor apresentar várias narrativas transeculares do território de Valongo, identificando, descrevendo e localizando ruas, lugares, campos, montes e ribeiros.

Partindo das suas referências procuramos aferir a continuidade destes locais e topónimos na atualidade, apontando a sua localização. Transcreve-se o texto publicado, sem sobre ele fazer-

7 Trabalho de investigação documental e de campo realizado entre 2019 e 2024, por Cristina Madureira

mos comentários sobre a veracidade, muitas vezes impossível de provar, ou observações interpretativas, deixando-as para uso pontual nos outros capítulos.

Para facilidade de consulta do leitor, os nomes dos lugares, ou topónimos, são apresentados por ordem alfabética e vertidos no mapa anexo.

Abelheira [1]

Reis (1904, 349) localiza Abelheira numa “aria de terreno occupado por campos e cavadas no Susão para os lados de S. Bartholomeu. Hoje occupam esse logar as Minas do EX.mo Snr. M. Scherech”

O lugar Quinta da Abelheira é identificado na folha 110-Ermezinde (Valongo), da carta militar de 19518, na parte mais ocidental da freguesia de Valongo, correspondendo a uma área entre S. Bartolomeu e a linha de caminho de ferro.

Açuda (rua da) [2]

A rua designada por Dr. Cândido, em Valongo, assumiu diferentes denominações ao longo dos tempos: Rua da Açuda, Portela do Escorial, Rua da Calçada e Rua de Santa Justa.

Segundo Reis (idem, 373), a denominação Rua da Açuda derivou “do açude que no tempo dos árabes foi no alto desta rua feito para desviar para o Ribeiro da Igreja as águas que na época invernosa se vinham precipitar na Deveza, onde nesse tempo havia um grande estabelecimento mineiro. No princípio deste século chamava esta rua Portella do Escorial, depois rua de S. Justa e finalmente rua do Dr. Cândido por causa de aquele cavalheiro possuir no fim dessa rua uma quinta que muito apreciava. Hoje pertence esta quinta ao Exm.º Sr. Cândido Alves do Valle”.

Na descrição da rua da Calçada refere que a mesma remonta a 1590 e que seria provavelmente a Açuda.9

Esclarece ainda que a Rua da Santa Justa era a Rua da Açuda, que se chamou assim por ser por ela que se subia para o monte e capela daquele nome.10

Na toponímia local persiste a Rua Dr. Cândido e a Rua de Santa Justa, na continuidade da primeira.

Agra [3]

Reis (idem, 349) localiza Agra “ao poente da Virella, no Susão”. O topónimo Agra surge identificado em vários documentos, em Susão, entre a linha do caminho de ferro e o Largo do Túmulo.11

8 SERVIÇOS CARTOGRÁFFICOS DO EXÉRCITO, 1951

9 ibidem

10 REIS, 1904, 377

11 Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo. Escala 1:5000, s/d

Agra de Galegos [4]

Lugar na parte oriental da freguesia de Valongo, a sudoeste da estação de caminho de ferro, designando nome de rua.

Sobre este lugar, Reis (ibidem) escreve “a planície que se estende desde a Lagôa, na Ponte da Presa, até ao extremo de Valongo” e aponta que Lagôa corresponderia à “area de terreno occupada pelo atalho o que dá da Presa para a Ilha e campos adjecentes” (idem, 362).

Para o autor (idem, 70-71) esta área foi potencialmente habitada durante a ocupação romana, ao referir “a povoação Romana, que haveria mesmo já depois de Augusto, estendia-se desde o Castro para Couço, que os latinos chamavam Kauso, de Cauçon […] e para o Salto […] e pela Agra de Galegos que se estendia pela Chão onde no ano de 40 pouco mais ou menos foi levantada pelos povos de toda a Gallecia uma memória em honra de um governador que os tratara humanamente”, acrescentando que, “tudo isto, como é bem de ver, mostra a importancia política que n’essa época tinham estes lugares onda existiu talvez o centro mais industrial de toda a Lusitania e alguma povoaçao com o nome de Callecia ou Gallecia: pois que este nome de que derivou o de Agra de Gallegos que agora tem o logar poderia designar não o Castello de Cale, como quer D. Rodrigo da Cunha, chamando-lhe cidade, nem a provincia toda, como dá a ententer o Dr. João de Barros, mas talvez a povoação d’este logar de que nao ha memoria senão pelo nome. Seria constituída por algumas famílias dos superintendentes ou mestres das minas que fossem Iivres ou senhores cidadãos romanos: os pobres operarios, esses quasi todos escravos, diz Chateaubriand, à noute eram encerrados em subterraneos que apenas recebiam ar por uma trapeira aberta na abobada d’ essas masmorras. De onde se conclue que viviam mesmo nos gallerias que abriam e por isso não podiam fazer augmentar a povoação onde estavam”.

Águas Ferreas [5]

Topónimo e lugar perpetuam na zona mais oriental da freguesia de Valongo, designando nome de rua.

Descreve o autor (idem, 349) as Águas Férreas como o “logar ao nascente de Vallongo, tendo ao norte as Quélhas de Baixo, ao sul a Costa dos Castanheiros e ribeiro do Inferno e ao poente o Moinho do Telhado”.

Alfena [6]

Alfena corresponde a uma freguesia do concelho de Valongo. Reis (idem, 202) aponta “recolheram-se a Alfena, diz-se, por ser d’aquella freguezia o administrador de então, e ahi celebraram varias sessões no logar da Rua”.

Alto das Vallinhas [7]

É localizado pelo autor (idem, 350) no “alto do monte adiante do monte gordo, na serra da Santa Justa”, onde encontramos a “Barroca do Panno, fosso de menores dimensões que a barroca da Viuva, na encosta do monte de Castro e no caminho do alto das Valinhas” (idem, 352).

Ver “Monte Gordo [139]”

Alto de Castello

Ver “Serra do Castello [218]”

Alto de Fernandes [8]

Segundo Reis (idem, 350) Alto de Fernandes “fica no extremo da villa na estrada velha e limite da freguezia de S. Martinho.” Identifica, também, esta área como “Limiares – o Alto de Fernandes” (idem, 363).

Topónimo perpetua na zona mais oriental da freguesia de Valongo designando rua e travessa.

Atalho de Alfena [9]

Como apontou Reis (idem, 350), “é um carreiro que ha do logar de Contensas para Lagueirões”.

O que resta deste caminho, cortado pela construção da A4, foi identificado na continuidade da Travessa Oliveira Zina, em Valongo.

Azenha (Logar d’) [10]

Lugar referido pelo autor (idem, 172) nesta passagem: “procurava avançar pela esquerda do exercito miguelista com a sua companhia para tomar posição no logar d’ Azenha, adeante da Chão, no caminho do Salto, viu-se cercado por grande numero de inimigos”.

Pela descrição, corresponde ao Lugar da Azenha também conhecido por Carvoeira, em Campo.

Bacêllos (Rua de) [11]

Segundo o autor (idem, 351) é a “rua que, partindo da rua Dias de Oliveira, segue ao poente até ao Bairro Marques da Nova que, antes da reforma feita aos nomes das ruas pelo Presidente da Camara Ex.mo Snr. Antonio Alves de Oliveira Zina, tinha também o mesmo nome”.

Este topónimo perdura na área, em nome de rua e respetiva travessa.

Bairro da Boa Vista [12]

Reis (ibidem) aponta que o Bairro da Boa Vista “comprehende todos os logares e ruas da parte mais occidental da villa”.

Em 1890, conforme consta em ata de reunião de Câmara datada de 06 de agosto, iniciou-se um plano de reformas na nomenclatura das Ruas da Villa12 (Valongo), sendo definido como Bairro da Boavista a área “que à precedente povoação comprehendendo o largo e Rua da Boavista, estrada Velha desde o alto, Richães ou Rio Chão, Fonte da Senhora e suas ramificações para nascente com a casa da Seixa na antiga Estrada Velha e pela parte alta com terminos na rua da Serdeira que é nas casas da família Theodora se denomine ‘Bairro da Boavista’”.

Na área descrita, encontramos a Rua e Travessa da Boavista.

12 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00019, vereação de 06 de Agosto de 1890, fls.178v - 179v

Bairro da Estação [13]

Segundo Reis (ibidem), o “Bairro da Estação é a antiga Presa, até ao Alto de Fernandes”, conhecido também por “Villa Nova, chamou-se antigamente assim ao lugar da Presa hoje Bairro da Estação talvez pela semelhança que tem com a Villa Nova de Gaia, limites do Porto, que fica para além do rio Douro. (Há um aforamento feito a Joaquim de Sousa Adão, em 1786, que lhe chama Villa Nova da Presa)” (idem, 382). Refere ainda que a “Rua da Presa […] em 1834 tinha 30 casas constitue hoje com outros caminhos e logares o Bairro da Estação e foi calcetada em 1842” (idem, 376).

Com a implementação do plano de reformas na nomenclatura das ruas da Villa (Valongo), aprovado em 1890, foi designado por Bairro da Estação “a povoação da Ponte da Preza e no perímetro comprehendido entre a ponte d´esta denominação e a casa de Manoel Joaquim Alves Ferreira, na antiga estrada Velha próxima ao Alto de Fernandes se denomine ‘Bairro da Estação’”.13

Na área descrita, encontramos a Rua e Travessa da Estação.

Bairro do Moinho do Ouro [14]

Reis (idem, 351) refere que o Bairro do Moinho do Ouro “comprehende a rua d’esse nome”. No plano de reformas na nomenclatura das ruas da Villa (Valongo), aprovado em 1890, foi designado por Bairro do Moinho do Ouro “a rua conhecida como rua Muinho do Ouro comprehendida entre a rua Souza Paupério e o alto da Passagem e a parte alta da mesma denominação de Muinho do Ouro se denomine ‘Bairro do Muinho do Ouro’”.14

Na atualidade, encontramos a Rua do Moinho do Ouro localizada entre a Rua da Passagem e a Rua Sousa Paupério, bem como a Travessa Moinho do Ouro, localizada entre a Rua da Passagem e a Rua Moinho do Ouro.

Bairro Fonseca de Viterbo [15]

De acordo com o autor (ibidem), o “Bairro Fonseca de Viterbo é a Malta”15 sendo que a Malta corresponde ao “logar de Vallongo em volta da capella de N. Senhor da Hora” (idem, 363).

No plano de reformas na nomenclatura das ruas da Villa (Valongo), aprovado em 1890, foi designado por Bairro Fonseca de Viterbo “a área occupada pela povoação da Malta, Largo da Senhora da Hora, quelhas da Raiz até a Nova Rua Marques da Rocha, assim como todas as ramificações que da Malta e Senhora da Hora conduzem a Serdeira, se denomine ‘Bairro Fonseca Viterbo’”.16

Na área perdura a designação associada a nome de rua – Rua Bairro Fonseca Viterbo.

13 ibidem

14 ibidem

15 REIS, 1904, 351

16 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00019, vereação de 06 de Agosto de 1890, fls.178v-179v

Bairro Marques da Nova [16]

Refere o autor (idem, 351) que “tomou este nome a parte mais occidental da rua dos Bacêllos e os logares da Giesta e Cana”.

No plano de reformas na nomenclatura das Ruas da Villa (Valongo), aprovado em 1890, foi designado por Bairro Marques da Nova a área compreendida pela “rua denominada dos Bacellos fique com a mesma denominação mas limitada no perímetro comprehendido entre a Rua Dias d´Oliveira e o recanto das casas dos herdeiros do desembargador Lino António de Souza Pinto, próximo da fonte dos Bacellos, e desse ponto por diante, tanto para o poente até ao caminho da Santa Justa como para o norte comprehendo o logar da Canna e limitando com a rua da Serdeira, se denomine ‘Bairro Marques da Nova’”.17

Na área perdura a designação associada a nome de rua – Rua Bairro Marques da Nova.

Bairro Occidental [17]

Segundo Reis (ibidem), “é a antiga Ilha, agrupamento de casas com differentes caminhos a leste da Villa”.

No plano de reformas na nomenclatura das Ruas da Villa (Valongo), aprovado em 1890, foi designado por Bairro Ocidental área compreendida por “voltando à Ponte da Preza: a primeira travessa que conduz à Ilha, rua de Traz e passagem (ponte) a começar do primeiro ponto e abrangendo o logar da Ilha, Rua de Traz somente até à Travessa do Capitão, Ponte da Passagem e caminhos que circundão limitando com a Rua de Traz, se denomine ‘Bairro Occidental’”.18

Ver “Ilha (Rua da) [102]”

Bairro Oriental [18]

Segundo Reis (idem, 352) “é o logar que se chamou Pedreiras até o Ilhar Mourisco”, sendo que Pedreiras é o “logar de Vallongo, que tem diversas ruas e se divide em Pedreiras de Cima que formam hoje o Bairro Oriental e Pedreiras de Baixo que são hoje a rua Lopes das Neves. Chama-se aquelle logar Pedreiras talvez por n’ elle habitarem os operarios das minas de pedra, assim como os artistas que faziam varios objectos d’aquella materia”. No plano de reformas na nomenclatura das Ruas da Villa (Valongo), aprovado em 189019, foi designado por Bairro Oriental “toda a povoação que fica ao nascente d´esta rua, conhecida pelo logar das Pedreiras, inclusive numa artéria que ramifica com a Ponte da Preza se denomine ‘Bairro Oriental’”.20

Na área descrita encontramos a Rua e Travessa das Pedreiras.

17 ibidem

18 ibidem

19 ibidem

20 ibidem

Barreiro [19]

Reis (ibidem) descreve Barreiro como “terra em que ha barro, é o logar que fica a noroeste de Fontellos no Susão”.

Este topónimo persiste no Susão associado à Rua do Barreiro e ao Lugar Campo Barreiro.

Barroca da Viúva [20]

Segundo Reis (ibidem), “chama-se assim um fosso enorme na parte nordeste do monte da S. Justa e a aria adjacente”.

Encontramos esta estrutura nas imediações da rua Padre Santos Loureiro.

Barroca do Panno [21]

Sobre este local, o autor (ibidem) escreve “fosso de menores dimensões que a barroca da Viuva, na encosta do monte do Castro e no caminho do alto das Valinhas”.

Esta estrutura, relacionada com exploração mineira, foi identificada na área descrita.

Bayanca [22]

O topónimo Baianca ainda hoje persiste designando rua a montante da capela velha do Susão, conforme descreve Reis (ibidem): “Bayanca, palavra antiquada que significa barranco, é o logar no Susão proximo ao monte do castello e no fim da rua que segue da capella”.

Bella Vista (rua da) [23]

Segundo o autor (idem, 373), a “Rua da Bella Vista é a antiga Ceredeira. Foi-lhe dado este nome em 1889 por causa do magnifico panorama que d’ella se descobre até ás alturas de Baltar e Penafiel, Alfena, Sobrado e talvez Agrella”.

Em 1913, foi alterada a sua denominação para Rua Souza Viterbo.21

Boa Vista, Rua da [24]

Na sua obra, Reis (idem, 196) aponta a existência de 25 fogos na Rua da Bôa Vista, a qual foi aplanada em 1838 (idem, 203) e calcetada em 1840 (idem, 205) delimitando o perímetro do Bairro da Boavista.

O topónimo continua em uso designando rua e travessa.

Ver “Bairro da Boa Vista” [12]

21 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00025, vereação de 31 de dezembro de 1913, fls.40v-41

Bouça Queimada [25]

Segundo o autor (idem, 352), Bouça Queimada é o “logar entre Valle de Amores e Presa”. A sua descrição confere com a toponímia atual, tendo a norte Vale de Amores, Presa a sul e a Estação de Valongo a noroeste da Rua da Bouça Queimada.

Este lugar é anterior a 1258 pois, como refere Reis (idem, 115), surge referenciado nas Inquirições Afonsinas “em varios pontos da actual villa falando em Cavallo morto, Bouça queimada, Ilhar Mourisco, Remolhas, Presa e outros Iogares que hoje nem se sabe onde ficam”.

O autor (idem, 138) identifica um caminho utilizado pelos almocreves neste lugar “pois convem dizer aqui que estes ribeiros que hoje pouca agua levam não foram sempre assim. Antigamente, durante todo o anno abundantes, tornavam-se torrenciaes no inverno, pelo que muitas vezes os almocreves que passavam em Vallongo, quando se não podiam demorar por dias á espera que a agua diminuisse, seguiam outro caminho, embora mais longo e já detereorado, que ia na encosta do monte de Sobrado à Bouça Queimada, de onde, a deante, passavam para Valselhas e Ponte Ferreira”.

Burbalhão [26]

Reis (idem, 204) identifica como o “Logar que fica na estrada velha adeante do Alto de Fernandes onde nasce uma abundante fonte de agua. Fica em S. Martinho do Campo”, acrescentando que “mandaram compor a estrada desde a Presa ao Burbalhão fazendo a calçada cujos restos ainda se veem” (ibidem)

Na carta militar de 1936,22 folha 123-Valongo, é identificada a Q. de Borbulhão e o Alto do Borbulhão na área descrita pelo autor.

O topónimo perdura denominando a Rua da Quinta do Borbulhão, Travessa e Rua do Borbulhão.

Cabêda [27]

Reis (idem, 352) descreve Cabêda como “o extremo de Vallongo que confina com o logar assim chamado da freguesia de Alfena”.

O topónimo perdura no lugar designando nome de rua.

Cabo da Rua

Refere o autor (idem, 124-125) que “na parte baixa não existiria talvez nada, porque ainda em 1590 da Ponte Carvalha, que se chama cabo da Rua, para baixo não se falla noutra rua senão na rua da Senra ou Senhora ou Senhora da Luz ou Campo da Senhora da Luz”. Ver “Ponte Carvalha [158]”

Calçada (Rua da) | Calçada em cima

Segundo o autor (idem, 373), a “Rua da Calçada tambem chamada da Calçada em cima. Ha memórias d’ esta rua em 1590 e era provalmente a Açuda”.

Ver “Açuda, Rua da [2]”

Caldone ou Caledone (Caledome | Cale Donni | Caledoni) [28]

Este topónimo surge associado à lenda dos primórdios do lugar de Susão. Refere o autor (idem, 50) que o lugar fica na encosta de Monsô “e passados tempos, como se fosse conhecida a fertilidade da planície que deante d’elles se estendia […] pondo também o nome de Cale, se chamou do nome de seu primeiro habitante Cale Donni hoje Caledone ou Caledome”.

Reis (idem, 353) descreve Caledone como “o logar ao sudoeste de Calfontão nas fraldas do monte de Quintarrei” sendo que “Caldone ou Caledone de Cale e donus sobrenome romano, povoação com o nome de Cale pertencente a Dono” (idem, 352).

Num outro momento, apontou (idem, 53-54) “um tal Gonçallo Fernandes que pagava fôro á corôa pelo campo da Vinha que se chama de Caledome: Stem Gonçallo Fernandes pagua pello campo da Vinha que é Reguengo que se chama de Quall domen quarenta e oyto reaes.”, aludindo que, há data da sua obra, 1904, este lugar ainda existia no Susão “e este logar de Caledome ainda hoje existe no Susão”.

Há um terreno, identificado na caderneta predial como Campo da Vinha, localizado na Travessa da Virela, no Susão.

Na planta referente à Zona Louzifera de Valongo23 é identificado o topónimo Caldome que entendemos estar associado a este lugar.

Cale

Segundo autor corresponde a um lugar no Susão.24

Ver “Caldone ou Caledone (Caledome | Cale Donni | Caledoni) [28]” e “Caledoel | Caledoellas [29]”

Caledoel | Caledoellas [29]

Segundo o autor (idem, 50) a designação deriva de uma “corrupção de Cale duelli, Cale do duello por causa de um combate ou duello que mais tarde houve alli”. Este topónimo surge associado à lenda dos primórdios do lugar de Susão. É sugerido pelo padre Reis que as fundações de Valongo iniciaram em Susão, para onde foi viver, nos tempos dos romanos, uma mulher de nome Susana que se fixou, com o seu marido, num lugar que designariam por Cale, tendo este topónimo evoluído para “Caledoellas”.

23 Zona Louzifera de Valongo. Portugal. Distrito do Porto. Concelho de Valongo. Freguesias de S. Mamede e S. Martinho do Campo. Escala 1:2500, s/d 24 idem, 50

Na Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo,25 é identificado o lugar de Caldoela, no Susão, na envolvente do Empreendimento de Habitação Social de Outrela.

Caledrões ou Caladrões

Sobre este lugar, refere o autor (idem, 353) “Caledrões ou Caladrões ou melhor Caledons variação de Caledoni”.

Ver “Caldone ou Caledone (Caledome | Cale Donni | Caledoni) [28]”

Calfuntão ou Calefuntão [30]

Lugar em Susão. Topónimo que ao longo dos tempos terá sofrido alterações, como indica o autor (ibidem), “Calfuntão ou Calefuntão de Cale e fontanus, de fonte, logar no sopé do monte a noroeste de Caledone. O Liv. G. da Cam. do Porto chama-lhe Canallis fontana”.

Na Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo26, é identificado o lugar de Calfuntão, no Susão, entre Virela e Caldoela, correspondendo à descrição do padre Reis.

Cambado [31]

Topónimo associado à Rua e Travessa do Ribeiro de Cambado no “logar ao norte da Rechãos e oeste do Outeiro do Linho” conforme refere Reis (ibidem).

Caminho da Formiga [32]

Reis (idem, 175) menciona este caminho em dois momentos: “e finalmente a da esquerda debaixo das ordens do coronel Hodges competiu-lhe marchar pelo caminho da Formiga para vir pelos lados de Cabeda envolver quanto possível a direita das tropas miguelistas” e “Mulher Morta - alto do Monte que fica à direita de quem vae para a Formiga pelo caminho do Outeiro do Linho e Gandra” (idem, 364).

Este caminho encontra-se identificado num mapa representativo das estradas municipais e caminhos vicinais do concelho de Valongo.27

Caminho de Sobrado [33]

O caminho de Sobrado corresponde a um percurso que ligava Valongo e Sobrado, pelo sopé da Serra ou Monte de Sobrado, conforme aponta Reis (idem, 379) “Serra de Sobrado é o monte que fica no caminho d’aquella freguesia” passando nas proximidades da Mina dos Cardosos.

Podemos observar parte deste caminho, entre muros, ligando a Rua Visconde Oliveira do Paço e a Rua Eduardo Joaquim Reis Figueira.

Ver “Serra de Sobrado [217]” e “Mina dos Cardosos [126]”

25 Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo. Escala 1:5000, s/d

26 ibidem

27 Desenhado em maio de 1933 por António Machado, engenheiro civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Caminho do Cambado [34]

Segundo o autor (idem, 353), é o “caminho que segue da Rechãos para o logar de Cambado. É conhecido por caminho do Ferra o que do meio do Caminho do Cambado sahe para o Outeiro do Linho”.

Este caminho está sinalizado na folha 123-Valongo, da Carta Militar de 194928 .

Campello [35]

Reis (ibidem) identifica Campello como a “aria das Pereiras até Lameira Ferreira”.

Ver “Campo das Pereiras [37]” e “Lameira Ferreira [111]”

Campo da Morte [36]

Reis (ibidem) descreve o Campo da Morte como sendo o “campo que a avenida do cemiterio, atraz da egreja, divide em dous”.

Através da análise de fotografia aérea29, depreendemos que o mesmo possa corresponder à área do cemitério mais próximo da Rua da Misericórdia.

Campo da Vinha [37]

Campo da Vinha surge mencionado nesta passagem: “um tal Gonçallo Fernandes que pagava fôro á corôa pelo campo da Vinha que se chama de Caledome: Stem Gonçallo Fernandes pagua pello campo da Vinha que é Reguengo que se chama de Quall domen quarenta e oyto reaes.”, aludindo que, à data da sua obra, 1904, este lugar ainda existia em Susão “e este logar de Caledome ainda hoje existe no Susão” (idem, 53-54).

Há um terreno, identificado na caderneta predial como Campo da Vinha, localizado na Travessa da Virela, em Susão.

Ver “Caldone ou Caledone (Caledome | Cale Donni | Caledoni) [28]”

Campo das Pereiras [38]

Reis (idem, 353) identifica como o “campo pertencente ao Snr. Borges Homem que tem ao nascente o caminho do Calvario, ao sul o caminho que vae da Feira de S. Mamede e ao poente a Avenida”.

No lugar descrito pelo autor identificamos o topónimo na designação de Bairro das Pereiras e Rua das Pereiras.

Ver “Praça D. Luiz I | Praça de Nossa Senhora das Neves | Campo de N. Senhora da Luz [167]”

28 SERVIÇOS CARTOGRÁFICOS DO EXÉRCITO, 1949

29 CENTRO DE INFORMAÇÃO GEOESPACIAL DO EXÉRCITO. Fotografia aérea Voo 1937-1957 (SPAL), n.º 638

Cana [39-40]

Reis (idem, 354) designa por Cana o “logar junto ao ribeiro na margem direita ao fundo da Ilha, onde está a galleria que conduz a varios fojos. Esta palavra deriva aqui de kanos que tem a mesma significação da palavra portugueza canal, fosso fundo que leva agua” [39].

Designa também por Cana “outro logar no extremo occidental de Vallongo no caminho da Senhora das Chás, é talvez contracção de Canada” (ibidem). Nessa área, existe atualmente um arruamento designado por Rua Campo da Cana [40], que entronca com a Rua dos Bacelos, cuja denominação poderá estar associado à referência do autor. Esta interpretação é suportada pela existência da Furna da Cana “as terras, principalmente as semeadas de milho são regadas pelas aguas de furnas e poços a que chamam presas, as principaes das quaes são: a Presa da Rechão, a Furna da Rata, a Furna da Cana (nos Bacellos), a Furna da Cana (na Ilha) a Presa de Guistelas, a Presa de Mariennes e outras muitas” (idem, 316).

Canadita [41]

Segundo Reis (idem, 354), Canadita corresponde à “travessa que liga a rua da Bella Vista com a rua Marques da Rocha.” Esclarece ainda que “Canadita é deminuitivo de Canada, azinhaga, caminho estreito por entre paredes. Divide-se em Canadita de cima e Canadita de baixo” (ibidem).

Apontamos que Canadita e/ou Canadita de Baixo, corresponde à atual Rua da Cerejeira.

Ver “Quelha da Canadita [173]”

Canadita de Baixo

Ver “Canadita [41]”

Canadita de Cima

Ver “Quelha da Canadita [173]”

Capitão (Travessa do) [42]

O autor (idem, 380) refere que “é a travessa que liga a rua do Sol com a do Padrão. Tem este nome por ficar junto á casa, onde viveu o padre Capitão, celebre nos acontecimentos que se deram em Valongo apóz a victoria das tropas constitucionaes”. No plano de reformas na nomenclatura das ruas da Villa30 (Valongo) é definido “que as travessas existentes na rua que fica sendo do Padrão a principiar na que fica em frente à casa dos Senhores Saldanha se denomine ‘Travessa do Capitão’”. Atualmente está integrada na Rua Joaquim Marques dos Santos.

30 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00019, vereação de 06 de Agosto de 1890, fl.178v-179v

Cardoso [43]

Identifica o autor (idem, 354) como sendo os “campos que ficam ao sul de S. Bartholomeu”.

Ver “Monte Cardoso [137]”

Casa d’Orca [44]

A Casa da Orca, localizada na Serra de Santa Justa, é mencionada em diversa literatura como uma estrutura eventualmente pré-histórica.

É descrita pelo autor (idem, 354) como uma “caverna prehistorica no fundo do ribeiro que desce do Crasto, á vista de S. Martinho do Campo” e “remonta á edade de pedra a caverna aberta a mão humana n’um enorme rochedo chamada Casa de Orca, assim como celtas são muitos monumentos, alli existentes, d’aquellas epocas remotissimas” (idem, 57).

Esta construção é identificada num mapa do Serviço de Fomento Mineiro.31

Casa Velha

Segundo Reis (idem, 354), Casa Velha corresponde a um local “conhecido também pelo nome de Escouras ou Escorias, por causa da grande quantidade de escorias que alli appareceu. Em 1860 o nosso conterraneo Miguel Gonçalves dos Reis procedeu n’esse logar a grandes escavações para extrahir da terra essas escorias que vendia no Porto. Suppõe-se que era por alli que passava a estrada romana”.

Ver “Dias de Oliveira (Rua) [65] e “Escorial | Escorias | Escouras”

Castro ou Crasto [45-46]

Reis (idem, 57-58) deixou-nos alguns apontamentos sobre um local designado por Castro “nos montes de S. Justa que dão para o Salto e no alto que se chama Castro ou Crasto foram encontrados, alem de restos de telha de rebordo, um machado de silex e mós de pedra grosseiras com que os Luzitanos trituravam o seixo (quartzo. São de 0,m66 de deametro e 0,m10 de grossura, tendo as inferiores no centro um veio feito da mesma pedra que embutia em um buraco das inferiores e eram tocadas á mão”. [45]

Segundo o autor (idem, 355), “Castro ou Crasto é o ponto mais elevado do monte de S. Justa na vista de Couço com a altura de 376 metros. Diz-se que aqui existira um Castelo, o que parece indubitável, não só porque o nome o indica, mas também porque a grande quantidade de pedras, que alí se vê o faz supor. É imponente o panorama que dalí se descobre dominando a vista todas as terras em volta desde o Marão, Castelo de Paiva, Arouca e Viseu até Braga, e ao mar. Quando em 1870 se andou a fazer o mapa de Portugal foi lá colocado um marco geodésico, cujos alicerces ainda se veem”. [46]

Na carta militar de 1945, folha 123, é identificado, à cota 376, um marco geodésico, conforme descrito. De salientar que no local existe um concentrado de pedras invulgar, mas toda a plataforma foi já muito alterada.

31 SERVIÇO FOMENTO MINEIRO (1977). Minas de Ouro de Valongo, trabalhos mineiros ao norte do rio Ferreira. Escala 1:2500

Depreendemos que neste local poderá ter existido um povoado pré-romano, com possível ocupação romana que, com o domínio do território e o avanço dos trabalhos mineiros, ter-se-á deslocado para um patamar inferior.

Entendemos estar perante duas estruturas distintas: o castro de Santa Justa (primitivo) [45] com vista ampla sobre os territórios vizinhos e o vale do rio Ferreira, e o castro de Santa Justa (tardio) [46], cuja localização poderá estar relacionada com os trabalhos mineiros que se desenvolveram a norte, mas sem contacto visual com o vale do rio Ferreira. Situa-se numa elevação protegida a norte e a sul por vales encaixados, onde correm linhas de água sazonais.

Cavaco [47]

Segundo o autor (idem, 355) é a “aria compreendida entre o ribeiro da Senra e Valle de Acha”.

Localizamos o lugar nas imediações da Rua Prof. Orlando Teles, em Valongo, através de informações obtidas junto da comunidade.

Cavada dos Penedos [48]

Reis (ibidem) localiza a “oeste de Lagueirões”.

Na Carta Militar de 193532, folha 111-Paredes-Paços de Ferreira, é identificado o Alto da Cavada do Penedo, que apontamos ser o lugar descrito por Reis.

Cavada dos Ramos [49]

Localiza o autor (idem, 356), no “logar entre o Gallinheiro e o caminho de Sobrado”.

Ver “Mina do Alto Fernandes [118]” e “Caminho de Sobrado [33]”

Cavalo Morto [50]

Segundo as referências do autor (idem, 115) ao Livro das Inquirições, onde são descritas as propriedades foreiras à coroa a mando de D. Afonso III, é feita “mensão de mais de trinta lugares situados em varios pontos da actual villa, fallando em Cavallo morto, Bouça queimada, Ilhar Mourisco, Remolhas, Presa e outros Iogares que hoje nem se sabe onde ficam”.

Este lugar é mencionado nas Memórias Paroquiais de 1758, referentes ao segundo interrogatório à freguesia de Sam Mamede de Vallongo: “começa vindo da cidade do Porto, no sitio chamado a Serra da Senhora das Chais ou do Porto e acaba no sítio chamado Cabalo Morto” (Capela et al, 2009, 704).

Na Carta de Concessões Mineiras Históricas 1836-199233, é identificada a concessão n.º 250, designada por Ribeira da Quinta do Cavalo Morto, que esteve em laboração entre 02.11.1893 e 30.12.1955.

Apontamos que o lugar de Cavalo Morto corresponderá à área desta concessão.

32 SERVIÇOS CARTOGRÁFICOS DO EXÉRCITO, 1935

33 https://geoportal.lneg.pt/mapa/#, consultado em 07.08.2023

Figura 8 - Carta de Concessões Mineiras Históricas 1836-1992, onde é identificada a concessão n.º 250 – Ribeira da Quinta do Cavalo Morto.

Centiaes [51]

O autor (idem, 356) associa este topónimo a um lugar e ribeiro no Susão, “Centiaes, no Susão”34 e “Ribeiro de Centiaes é o que passa nesse logar” (idem, 371).

Este topónimo é identificado, na Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo35, em Susão, entre Fontelas, Outeiro e Gordoval.

Ver “Ribeiro de Centiaes [194]” e “Ribeiro da Ponte Carvalha [188]”

Cerdeira | Ceredeira | Serdeira

Segundo Reis (idem, 373), a “Rua da Bella Vista é a antiga Ceredeira”.

Ver “Bella Vista (Rua da) [23]

Chão [52-53]

São vastas as referências e descrições, pelo autor, deste topónimo que atribuímos a diferentes locais, nomeadamente:

“Chão. Tem este nome o campo da beira do Ribeiro da propriedade de Contensas, pertencente ao Snr. M. Gonçalves Pareira”, sendo que Contensas é descrito como, “corrupção da palavra Contensão que significa disputa, fica ao norte do Valle de Acha no caminho do Susão e tomou o nome de um combate que aqui houve nos tempos dos mouros” (idem, 356). Contensas surge

34 REIS, 1904, 356

35 Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo. Escala 1:5000, s/d

também referido na descrição de uma luta entre Mouros e Cristãos “fuga pela encosta abaixo e seguindo o grosso do exercito o caminho que n’esse tempo ia do Monte Alto pela Açuda, Escoural, Senhora da Hora, Valle de Acha e Contensas pelo Susão de onde voltava ao nascente na encosta do monte de Sobrado” (idem, 99). [52]

Associamos este topónimo à área onde se encontra o nó da A4 em Valongo.

Chão também é referido pelo autor (idem, 69) nesta passagem: “a povoação Romana, que haveria mesmo já depois de Augusto, estendia-se desde o Castro para Couço […] e para o Salto […] e pela Agra de Galegos que se estendia pela Chão onde no ano de 40 pouco mais ou menos foi levantada pelos povos de toda a Gallecia uma memória em honra de um governador que os tratara humanamente”. [53]

Chão surge associado na descrição à passagem por Valongo das tropas apoiantes de D. Pedro, que “procurava avançar pela esquerda do exercito miguelista com a sua companhia para tomar posição no logar d’ Azenha, adeante da Chão, no caminho do Salto, viu-se cercado por grande numero de inimigos” (idem, 172).

Este topónimo é identificado no mapa topográfico de 188036, conforme descrição do autor.

9 - Mapa topográfico de 1880, retirado de Porto Desaparecido.

36 Porto Desaparecido. Mapa topográfico de 1880. [consult. 19 setembro 2023] Disponível em http://goo.gl/WDUT4V

Figura

Chão da Virella [54]

Segundo o autor (idem, 356), corresponde à “planície contigua ao terreno que tem aquelle nome”.

Ver “Virella [238]”

Chão das Cavadas | Chã das Cavadas [55]

São várias as referências do autor a este lugar. Este topónimo é referido na descrição da via romana que, “partindo de Braga vinha aqui passar, entrando no Susão, d’onde seguia por Caledoellas, Rechãos, Cana, Pinéu, Chão das Cavadas, Castro, descendo para Couço, e caminhando ao nascente para Aguiar de Sousa” (idem, 72-73).

Designa também o “caminho e logar que vae desde o extremo da Açuda até ao Rego do Poço e ao alto que separa Vallongo de S. Pedro da Cova” (idem, 356).

Reis (idem, 145) refere que, devido a desentendimentos quanto aos limites administrativos entre Valongo e S. Pedro da Cova, houve necessidade de consultar Supremo Tribunal Administrativo que deliberou: “que a demarcação dos limites entre as freguezias de S. Pedro da Cova e Vallongo, siga desde a Chã das Cavadas pelo Rego do Poço até á Pena do Bico e d’ahi até ás Serras do Crasto e da Hucha, que na conformidade d’este decreto baixará ao respectivo governo civil competentemente autenticada”.

Noutra passagem refere que “este zelosissimo abbade, durante o tempo do qual augmentou immenso a festa e a devoção de Santa Justa, alteou a capella, fez o córo que lá se vê, abriu uma, avenida que arvorisou desde o Chão das Cavadas, e tinha com bello gosto planeado outros melhoramentos importantes que não chegou a poder realizar” (idem, 256).

Este topónimo está identificado na carta militar de 194937, folha 123, correspondendo às referências do autor.

Chão do Guizo [56]

Lugar no vale de Campo.

Reis (idem, 58) escreve que “a esta antiga edade tambem remonta o corte que na Serra do Raio foi feito para dar passagem às aguas do rio Ferreira que, cobrindo S. Martinho, formavam um grande lago que trasbordaria pela Chão do Guizo para Recarei e rio Souza”.

Sobre este lugar, o autor (idem, 79) refere uma batalha entre os romanos e os então denominados bárbaros do norte: “consta esta batalha de uma lapide que se encontra na encosta do monte sobre a Chão do Guizo e que diz assim: R. Fuqati, os romanos foram afuguentados”.

Num mapa desenhado em maio de 193338, salientando as estradas municipais e caminhos vicinais do concelho de Valongo, encontramos o topónimo Chã do Viso, na área descrita pelo autor, que poderá corresponder a este.

37 SERVIÇOS CRTOGRÁFICOS DO EXÉRCITO, 1949

38 Mapa das Estradas Municipais e Caminhos Vicinais, do concelho de Valongo, desenhado em maio de 1933 por António Machado, engenheiro civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Conde Ferreira (Rua de) [57]

Segundo Reis (idem, 373) “é a rua da Estrada Nova desde a Ponte Carvalha até à Rechão e ocupa em parte a antiga rebaixada e composta pela camara em 1838. Tomou este nome do facto de nesta rua estar edificada a casa escola mandada fazer por aquele benemerito”.

Esta estrada corresponde a um troço da EN15 denominado por Rua do Conde Ferreira.

Contensas [58]

Descreve o autor (idem, 356): “Contensas, corrupção da palavra Contensão que significa disputa, fica ao norte do Valle de Acha no caminho do Susão e tomou o nome de um combate que aqui houve nos tempos dos mouros”. Acrescenta ainda que “desse combate resulta a fuga pela encosta abaixo e seguindo o grosso do exercito o caminho que n’esse tempo ia do Monte Alto pela Açuda, Escoural, Senhora da Hora, Valle de Acha e Contensas pelo Susão de onde voltava ao nascente na encosta do monte de Sobrado” (idem, 99).

No lugar descrito pelo autor encontramos atualmente a Rua de Contensas.

Costa de Caledoéllas ou Caldoéllas [59]

Segundo Reis (idem, 356) é a “encosta ou ladeira da serra de Mathosinhos nas vistas do Susão”.

Este topónimo surge associado à lenda dos primórdios do Lugar de Susão.

Ver “Caledoel | Caledoellas [29]” e “Serra de Mathosinhos [216]”

Costa dos Castanheiros [60]

Corresponde a uma “ladeira do monte que desce do alto das Valinhas” (ibidem) a sul da rua das Águas Férreas, sendo as ”Aguas Ferreas, logar ao nascente de Vallongo, tendo ao norte as Quélhas de Baixo, ao sul a Costa dos Castanheiros e ribeiro do Inferno e ao poente o Moinho do Telhado” (idem, 349).

Ver “Alto das Vallinhas [7]” e “Moinho do Telhado [133]”

Couço [61]

Sobre este lugar Reis (idem, 69) escreve que “a povoação Romana, que haveria, mesmo já depois de Augusto estendia-se desde o Castro para Couço, que os latinos chamavam Kauso, de Cauçon (palavra Arabe que significa arco da flecha) e para o Salto”.

Refere ainda, a respeito do corte indevido de matos e lenha pelos habitantes de S. Pedro da Cova “estas discordias tornaram-se mais terríveis com os habitantes de S. Pedro da Cova que se arrogavam o direito da posse de quasi todo o monte da Santa Justa até Couço pela simples razão de que as aguas d’ este monte correm para a sua freguezia” (idem, 144).

Couço corresponde a Couce, aldeia situada na margem direita do rio Ferreira, na serra de Santa Justa.

Cruzinhas (Rua das) [62]

Reis (idem, 374) menciona que “hoje é a rua do Norte. Tomou o nome de cruzinhas de varias cruzes que n’ella e nas ruas visinhas havia para a Via Sacra que seguia da Senhora da Luz para o Calvario”.

Esta alteração na denominação, que se mantém, ocorreu em 1890 no âmbito do Plano de reformas na nomenclatura das ruas da Villa39 (Valongo), conforme descrito em ata “que a rua do Largo do Padrão segue ao lado do norte e que conduz a rua das Cruzinhas se denomine ‘Rua do Norte’”.

D. Carlos I (Avenida) [63]

Segundo Reis (idem, 350), é a “que sahindo da rua de S. Mamede segue a estrada de Alfena” e foi mandada realizar pelo então presidente do município António Alves de Oliveira Zina.

Em 1910, esta designação foi alterada para Avenida 10 de Outubro40 e, em 1936, para Largo do Centenário.41

Esta avenida corresponde, atualmente, ao Largo do Centenário e à Avenida Primeiro de Maio.

Devesa [64]

De acordo com o padre Reis (idem, 357), Devesa corresponde aos “campos situados entre a Fonte da rua, Quelha da Fonte, rua dos Bacellos, e ribeiro de Guistelas.”

Refere o autor que neste lugar teria existido, em tempos remotos, um grande estabelecimento mineiro.42

No lugar descrito encontramos a Rua das Devesas.

Dias de Oliveira (Rua) [65]

A rua Dias de Oliveira, situada no eixo antigo de Valongo, é “chamada assim do nome d’aquelle grande jurisconsulto e conselheiro de estado que n’ella nasceu” (idem, 374).

Segundo Reis (idem, 375), corresponde à antiga rua do Escorial que “já se chamava assim em 1590 e tirou o seu nome da grande abundancia de escorias que alli appareceram das ferrarias dos mouros ou romanos”.

Esta designação mantém-se na atualidade. Ver “Escorial | Escorias | Escouras”

39 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00019, vereação de 06 de Agosto de 1890, fls. 178v-179V

40 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00023, vereação de 17 de outubro de 1910, fls. 3v-5

41 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00029, vereação de 03 de novembro de 1936, fls.79v-81

42 REIS, 1904, 373

Doneilhe ou Donêlha [66]

Refere o autor (idem, 357) que “Doneilhe ou Donêlha é a aria ocupada por campos nas margens do ribeiro desde a Ponte da Presa até Ilhar Mourisco. Vem esta palavra de Donéllo nome ant. de homem que é o Danellus latino, d’onde derivou Donellia (quinta de Donello) ou Donêlha”. Segundo o mesmo, este topónimo terá origem árabe.43

Na área descrita encontramos a Rua de Donelhe.

Dr. Cândido (Rua)

Reis (idem, 373) aponta que “no princípio deste século chamava esta rua Portella do Escorial, depois rua de S. Justa e finalmente rua do Dr. Cândido por causa de aquele cavalheiro possuir no fim dessa rua uma quinta que muito apreciava. Hoje pertence esta quinta ao Exm.º Sr.

Cândido Alves do Valle”.

Ver “Açuda (Rua da) [2]”

Dr. Neto (Travessa do) [67]

Segundo Reis (idem, 381) “é a que é a que liga a rua do Norte com a do Padrão, junto ao Senhor da Oliveira”, tendo assumido esta designação em 1890 com a implementação do plano de reformas na nomenclatura das ruas da Villa44 e que se mantém.

Egreja (Rua da)

Como descreve Reis (idem, 375), “é a rua que vae da egreja parochial até ao Escorial. Já em 1590 tinha este nome. Hoje está encorporada na rua de Sousa Pauperio”.

Ver “Nova (Rua) [146]”

Eremitério [68]

O autor (idem, 254), na descrição da Capela de Santa Justa, refere “que por estes sitios existiu no tempo dos godos um eremiterio que embora destruido no tempo dos árabes, mereceu comtudo, depois da sua expulsão, a veneração dos povos visinhos e deu causa á fundação da capella”.

Sobre este lugar também escreveu que “foi por este tempo também que n’estes montes existiu um cenobita que no logar onde hoje está a capella de Santa Justa, tinha seu eremiterio e oratorio com uma imagem de Santo Antão padroeiro da sua ordem” (idem, 93).

43 REIS, 1904, 90

44 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00019, vereação de 06 de Agosto de 1890, fls.178v-179v

Escorial | Escorias | Escouras

Estes topónimos perderam-se no tempo, contudo, há referências que apontam corresponder à atual Rua Dias de Oliveira e ao traçado de uma via Romana.

Reis (idem, 374) aponta que a Rua Dias de Oliveira “é a rua do Escorial, chamada assim do nome d’aquelle grande jurisconsulto e conselheiro de estado que n’ella nasceu” sendo que a “Rua do Escorial já se chamava assim em 1590 e tirou o seu nome da grande abundancia de escorias que alli appareceram das ferrarias dos mouros ou romanos” (idem, 375).

A referência a Escouras surge relacionada com a “Casa velha, conhecido também pelo nome de Escouras ou Escorias, por causa da grande quantidade de escorias que alli appareceu. Em 1860 o nosso conterraneo Miguel Gonçalves dos Reis procedeu n’esse logar a grandes escavações para extrahir da terra essas escórias que vendia no Porto. Suppõe-se que era por alli que passava a estrada romana” (idem, 354).

Ver “Dias de Oliveira, Rua [65]”

Estrada da Valsa [69]

Reis (idem, 221) menciona que “pela mesma época começava-se a fazer o estudo da estrada da Valsa para pôr esta villa em communicação com o concelho de Paços de Ferreira e por ahi com Santo Thyrso, Caldas de Vizella, Guimarães e Fafe” correspondendo o traçado à N209.

Estrada de Alfena [70]

Via Municipal ligando Valongo e Alfena, por Cabeda. O traçado atual corresponde às Ruas D. Pedro IV e Rua de Cabeda. É referida pelo autor na descrição da Avenida D. Carlos I e do lugar da Valga.45

Ver “D. Carlos I (Avenida) [63]” e “Valga [228]”

Estrada de Sobrado [71]

Via ligando Valongo a Sobrado, correspondendo à atual N209. É mencionada, pelo autor (idem, 225-226), nesta passagem: “Procede-se ao calcetamento de ruas, á compostura de fontes e encanamento de aguas, aformoseam-se as ruas da Portella e Portellinha e, depois de construidas as estradas de Sobrado e Alfena, inaugura-se a 8 ele dezembro de 1883 a illuminação publica que foi um dos maiores melhoramentos d’essa época”.

Estrada Nova (Rua da)

Refere o autor (idem, 375) que a “Rua da Estrada Nova que foi aberta em 1846 é hoje a rua do Conde de Ferreira”, correspondendo à atual EN15 que, num dos troços, é designada por Rua Conde Ferreira.

Ver “Conde Ferreira (Rua de) [57]”

45 idem, 381

Estrada Real [72]

As estradas reais correspondem às principais vias existentes no território cuja construção e manutenção estava a cargo da Coroa ou dos seus representantes locais.

Valongo era atravessado pela Estrada Real n.º 33, com ligação entre Porto e Espanha, sendo a principal via para a movimentação de mercadorias e passageiros, entre o litoral e o interior.

Segundo Reis (idem, 213), “em 1847 foi aberta de vez a estrada real n.º 33 que lhe deu uma importância capital”.

Para corresponder às exigências do imenso tráfego que se fazia sentir nesta via, foram realizados vários trabalhos de melhoramento, como refere o autor (idem, 376): “antes da Estrada Nova já por ali passava por cima de ásperas fragas a estrada real antiga composta nos pontos mais irregulares com grandes pedras de calcário e xisto. O primeiro rebaixamento desta rua data de 1838 feito para tornar mais suave esse caminho que foi depois calcetado em 1840. A Estrada Nova, quando foi feita, abaixou o solo, mas nas extremidades ainda ficaram monos de fraga que desapareceram em 1880 com a reforma que a câmara deu a esta rua”.

O traçado desta estrada está na génese da EN15.

Ver “Conde Ferreira (Rua de) [57]” e “Estrada Nova (Rua da)”

Estrada Velha [73]

São vastas as referências do autor à Estrada Velha que, no nosso entender, corresponderá parcialmente ao traçado da Estrada Real.

Atualmente, troços desta via assumem a designação de Rua da Estrada Velha e Rua Marques da Rocha.

Segundo o autor (idem, 120), “chama-se rua de Santo Antão a rua velha desde a Fonte até á capella da Senhora da Hora ou Estrada Velha” e ”que por muitos anos foi conhecida por rua da Picota”.

Na descrição das obras realizadas a partir de 1839, o autor (idem, 204) refere que “mandaram compor a estrada desde a Presa ao Burbalhão”, esclarecendo que Burbalhão é o “logar que fica na estrada velha adeante do Alto de Fernandes onde nasce uma abundante fonte de agua. Fica em S. Martinho do Campo”. Ao descrever o Alto de Fernandes, Reis (idem, 350) menciona “que fica no extremo da villa na estrada velha e limite da freguezia de S. Martinho”.

Na descrição do lugar da Raiz refere que o mesmo “fica entre a Malta e a Estrada Velha” (idem, 370).

Podemos também, a partir da análise do plano de reformas na nomenclatura das Ruas da Villa (Valongo), aprovado em 189046, aferir o traçado da Estrada Velha. Na descrição da circunscrição do Bairro da Boavista, é referido que o mesmo compreende “o Largo e Rua da Boavista, Estrada Velha desde o alto, Richães ou Rio Chão, Fonte da Senhora e suas ramificações para nascente com a Casa da Seixa, na antiga Estrada Velha [...] e que o restante perímetro da Estrada Velha e limite compreendido entre a Eira de Pedra na Estrada n.º 33 e a Casa da Seixa, onde terá começo o Bairro da Boavista, se denomine ‘Rua Marques da Rocha’”.

Ver “Estrada Real [72]” e “Marques da Rocha (Rua)”

46 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00019, vereação de 06 de Agosto de 1890, fls.178v-179v

Estrada Velha (Rua da) [74]

Reis (idem, 375) indica ser “a que vae desde a Estrada nova na Valle até á Boa Vista. Hoje chama-se Marques do Rocha”.

Fatelgas [75]

Segundo o autor, os topónimos Fatelgas e Remolhas emergem da mesma narrativa: Remolhas, nome de um homem árabe que se exibiu perante os cristãos desafiando-os para uma briga. Egas Moniz terá aceitado o desafio e seus companheiros, perante a bravia demonstrada, soltaram gritos de apoio “Sat Egas! Sat Egas! que quer dizer: Egas basta para derrobar o gygante […] D’estas palavras que pela ortographía antiga se escreviam Fat Egas é que derivou o nome para o logar onde ellas foram pronunciadas” (idem, 102).

Reis (idem, 357) refere que Fatelgas é a “aria de terreno occupada pelos campos e caminho desde o engenho do Quintarrei, depois que se passa o ribeiro, até Remôlhas”, sendo que Remôlhas corresponde “a aria de terreno comprehendido entre Fatelgas e Lameira Ferreira” (idem, 371).

Feira de S. Mamede [76]

Segundo o autor (idem, 357), corresponde ao “largo á entrada da Avenida D. Carlos I. Foi feito e arborisado este largo para n’elle se realisar a feira nos dias tres e 17 de cada mez. Mais tarde, como a feira depois de dous annos de musica não pegasse, houve uma camara que a mudou para os domingos 1º e 3º de cada mez. Foi o mesmo, que acabar com ella, porque pouco tempo mais durou. Ultimamente, depois de estar interrompida ha 4 annos, começou novamente a realisar-se por iniciativa dos lavradores e negociantes do concelho, que ali se reunem no dia 17 de cada mez”.

Este espaço corresponde, atualmente, ao Largo do Centenário. Ver “D. Carlos I (Avenida) [63]”

Fernandes Pegas (Rua) [77]

Indica o autor (idem, 375) que a Rua Fernandes Pegas “é a antiga Ferraria.” Assumiu esta designação em 1890, aquando da aprovação do plano de reformas na nomenclatura das Ruas da Villa (Valongo), sendo descrito “que a rua denominada da Ferraria entre o Largo do Senhor da Oliveira e o Largo da Senhora das Neves se denomine ‘Rua Fernandes Pegas’”.47 Esta via perdura na atualidade.

Ferraria (Rua da)

Corresponde à atual Rua Fernandes Pegas. Segundo Reis (idem, 375), “Ferraria deriva seu nome de ferreiros e ferradores que principalmente no seculo XVIII ali havia com oficinas ou fábricas em

47 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00019, vereação de 06 de Agosto de 1890, fls.178v-179v

que se lavrava ou trabalhava o ferro, às quais chamavam Ferrarias”.

Ver “Fernandes Pegas (Rua) [77]”

Fojo (Cales do) [78]

Descreve o autor (idem, 358) que são “as cales de pedra que no Fojo levam a agua das Presas da Rechãos.”

Fojo da Talhada [79]

Segundo o autor (ibidem), o Fojo da Talhada corresponde ao “rasgo aberto e fundo que atravessa de lado a lado o monte de S. Justa por detraz da capella”.

Num mapa do Serviço de Fomento Mineiro, datado de 197748, o Fojo da Talhada corresponde a uma extensa cavidade mineira que atravessa o cume da Serra de Santa Justa, sendo parte visível à frente da atual Capela de Santa Justa, construída em 1936, seguindo até tardoz da Capela de S. Sabino (a mencionada pelo autor).

Fojo das Pombas [80]

Segundo o padre Reis (idem, 358), corresponde a um “grande abysmo que se abre com profundidade immensa no monte da Santa Justa e aria de terreno adjecente. A este fojo se desce por uma galeria em escadas, sendo de um effeito maravilhoso a gruta que se encontra ao meio do poço onde á vista de uma obra tão imponente e que parece mais de Deus do que dos homens, o expectador se sente cheio de admiração e pasmo”.

Esta cavidade mineira encontra-se identificada em mapa do Serviço de Fomento Mineiro, datado de 197749, na encosta nascente da Serra de Santa Justa.

Fojo Sagrado [81]

Reis (idem, 358) descreve o local como sendo “quatro boccas umas perto das outras a nordeste do fojo das pombas e aria adjecente. Chama-se sagrado, porque, dizem as chronicas, que em tempos idos, andando na vizinhança dous rapazes a pastorear gado, começaram a atirar com as carapuças ao ar e como cahisse uma nas silvas da bocca do poço, para a tirarem estendeu-se um d’elles pelo poço abaixo, segurando-lhe o outro nas pernas de cima. Ora com tanta infelicidade andaram que, fazendo o primeiro peso, o outro, que o não largou, cahiu com elle no abysmo. Quando constou isto, o parocho da freguezia foi á beira do fojo resar o responso de sepultura e d’ahi o começarem a dizer que elle fôra sagrado”.

Esta cavidade mineira encontra-se identificada num mapa do Serviço de Fomento Mineiro, datado de 197750, nas proximidades do Fojo das Pombas, na Serra de Santa Justa.

48 SERVIÇO FOMENTO MINEIRO (1977). Minas de ouro de Valongo. Trabalhos mineiros ao norte do rio Ferreira. Escala 1:2500

49 SERVIÇO FOMENTO MINEIRO (1977). Minas de ouro de Valongo. Trabalhos mineiros ao norte do rio Ferreira. Escala 1:2500

50 ibidem

Fontainhas [82]

Sobre este local, Reis (idem, 359) apontou “Fontainhas derivado de fontes ou nascentes de agua. Antes de fazerem a Fonte da Rua e apanharem a agua lá, era a este logar, collocado em Vallongo entre a Valle e a Romeira, que ellas vinham sahir e rebentar em fontes. A calçada que ahi se vê foi mandada fazer pela Camara Municipal em 1840”.

Ao se referir ao Ribeiro de Guistelas, o autor (idem, 371-372) descreve que o mesmo “Passa pela Fonte da Rua, vem ás Fontainhas e, segue n’um aqueducto, feito em 1840, para o logar do Lodeiro, onde entra no Ribeiro da Ponte Carvalha”.

Fonte da Lagôa [83]

Segundo Reis (idem, 359) corresponde a um “poço de agua no meio dos campos no caminho atalho que atravessa da Presa para a Ilha”.

Atualmente este poço está inserido numa propriedade com habitação.

Fonte da Ponte Carvalha [84]

Refere o autor (idem, 359-360) que é “a que ahi está no vértice do angulo que formam as ruas

Conde de Ferreira e Souza Paupério. Foi feita em 1847 depois que a estrada real aqui passou. Mas já antes existia aqui essa fonte com um tanque, onde bebia o gado que transitava na estrada antiga, a qual era formada pelas vertentes da Fonte da Rua Nova, porque a 3 de setembro de 1845 resolveu a camara vender as vertentes d’aquella fonte que até alli eram aproveitadas para o tanque da Ponte Carvalha e com o dinheiro procurar agua limpa n’uma mina que está aberta na mesma rua, ampliando o dito tanque com mais alguns palmos ao cumprimento e largura”.

Esta fonte já não existe no local referido.

Fonte da Portella ou do Padrão [85]

Reis (idem, 360) localiza esta fonte “abaixo do Padrão na rua do mesmo nome. Foi mandada fazer em 1883 e a agua que a fornece vae de uma mina que existe debaixo da rua Velha, cuja agua também sustenta o chafariz da Praça D. Luiz I” (atual Praça Machado dos Santos).

Podemos contemplar, na atualidade, esta fonte na Rua Alves Saldanha.

Fonte da Rua [86]

Localiza o autor (ibidem) a “Fonte da Rua no meio da Rua Velha. A sua água é fornecida por uma mina antiga dos tempos em que aqui se exploravam o ouro e a prata existente em grande quantidade nos montes da Santa Justa”.

Depreendemos que a Fonte da Rua corresponda, na atualidade ao tanque e fonte com essa designação, junto à Rua Sousa Pinto.

Fonte da Rua Nova [87]

Sobre o local, refere o autor (ibidem) “Fonte da Rua Nova, a que ahi existe”. A Rua Nova corresponde atualmente à Rua de Sousa Paupério, na qual existe uma fonte datada de 1941. Poderá o local tratar-se da fonte primitiva.

Fonte da Senhora [88]

Segundo Reis (ibidem) é “a fonte que está na Boa Vista. Tomou este nome do facto de a agua nascer nas fraldas do monte em que está a capella da Senhora das Chãos”.

A fonte localiza-se no início da Rua da Fonte da Senhora, em Valongo.

Fonte do Clerigo [89]

Reis (idem, 359) localiza a “fonte ao nascente da rua do Dr. Candido. Tomou este nome ou do facto de as suas agua regerem os passaes do Reitor nos tempos passados, ou de ser feita ou visinha de algum indivíduo assim chamado. São as suas aguas muito excellentes e usadas pelos doentes d’esta villa como remedio e receita dos medicos. A alguns clínicos de abalisada sciencia já ouvimos dizer que, exploradas convenientemente, podiam essas aguas ter ainda um dia larga recommendação e rivalisar com muitas outras que ha em Portugal e extrangeiro”.

Esta fonte situa-se no final da Rua dos Clérigos, em Valongo.

Fonte do Ilhar Mourisco [90]

Refere o autor (ibidem) que é uma “riquissima fonte de agua com duas bicas, quasi junto ao ribeiro que alii passa, a jusante do caminho de ferro”.

Sobre este lugar acrescentou “Na manhã de S. João, já cançados das folias a que se entregaram, muitos dos que passaram sem dormir a noute toda correm á fonte do Ilhar Mourisco, onde vão ás orvalhadas e donde voltam cantando alegremente, por inspiração da ultima hora, trovas e canções de admirável effeito” (idem, 294).

Esta fonte localiza-se na ligação entre a rua Visconde Oliveira do Paço e a rua da Bouça Queimada, em Valongo.

Fonte dos Bacellos [91]

“Fonte dos Bacellos, a que ahi existe junto ao ribeiro” (ibidem).

Localizamos, junto ao ribeiro na Rua dos Bacelos, uma fonte conforme descrito pelo autor.

Fonte ou Poço do Sapal [92]

Indica o autor (idem, 203) que a “A Fonte ou Poço do Sapal era o que existiu no entroncamento da Avenida com a rua de S. Mamede do qual se tirava a agua primeiramente á mão, descendo algumas escadas, e depois por meio de uma bomba”.

Na Planta Central da Villa de Vallongo51, datada de 1891, encontramos o poço assinalado conforme descrito por Reis.

Ver “S. Mamede (Rua de) [204]” e “D. Carlos I (Avenida) [63]”

Fontelas [93]

Reis (idem, 360) designa por “Fontellos no Susão, o logar onde existe desde tempos immemoriaes uma fonte, hoje atravessado pela Avenida João Pombo. O Liv. Gr. da Cam. do Porto falla em Agra fontenella”, situando o lugar de Barreiro “a noroeste de Fontellos no Susão” (idem, 352).

Somos do entendimento que o lugar corresponde hoje à Rua da Fonte, no Susão.

Fontinha [94]

Localiza, o autor (idem, 360), Fontinha no “logar no Susão da capella para baixo, campos e caminhos até ao Lagédo”. Faz referência a este topónimo na descrição do Ribeiro de Lameira Ferreira, “nasce na Serra do Castelo, passa na Fontinha e vem a Fatelgas, d’onde desce para Remolhas e Lameira Ferreira, seguindo para o Ilhar Mourisco e Presa” (idem, 372).

Identificamos, no Susão, a Rua da Fontinha cuja localização se enquadra na descrição.

Furna da Cana

O autor (idem, 316) refere “as terras, principalmente as semeadas de milho, são regadas pelas aguas de furnas e poços a que chamam presas, as principaes das quaes são: a Presa da Rechão, a Furna da Rata, a Furna da Cana (nos Bacellos), a Furna da Cana (na Ilha) a Presa de Guistelas, a Presa de Mariennes e outras muitas”.

Ver “Cana [39-40]”

Furna da Rata [95]

Segundo Reis (idem, 360-361) corresponde a uma “furna dos tempos antigos que dá agua para às presas do mesmo nome acima do fojo sagrado”.

A estrutura foi identificada no local referenciado, na Serra de Santa Justa.

Ver “Fojo Sagrado [81]”

51 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. M/B/002/0725/006

Furna do Tim-tim [96]

É descrito como a “galeria que termina n’um poço que desce para outra galeria que vae da Cana, no fundo da Ilha, e que percorre grande numero dos fojos existentes nos montes proximos” (idem, 361).

Esta estrutura foi identificada nas imediações da Rua São José, em Valongo.

Gallinheiro [97]

Reis (idem, 361) designa por Gallinheiro o “logar onde se encontram as minas de ardosia com este nome”.

Este lugar é identificado na Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo52, em Susão.

O topónimo perdura denominando Rua e Travessa do Galinheiro.

Gandara ou Gandra [98]

Sobre o local, o autor (idem, 361) escreveu “Gandara ou Gandra. Esta palavra significa terreno pouco fertil e realmente ainda hoje assim é o que tem este nome desde o norte do Outeiro do Linho até Lagueirões”.

Na folha 111-Paços de Ferreira, da carta militar de 197653, o topónimo Gandra é identificado numa área entre Outeiro do Linho e Calfoioma.

O topónimo Gandra persiste associado à Rua Gandra do Paciência.

Gordoval [99]

Refere o autor (ibidem) que Gordoval é o “logar no Susão adiante de Fontellos”.

Este lugar é identificado na Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo54, em Susão, nas imediações da Rua Central.

Guistelas [100]

Para o autor (ibidem) a Guistelas correspondem as “propriedades, campos e caminhos entre a Devesa, Cerdeira e Bacêllos”.

Na área, identificamos o topónimo associado ao Ribeiro de Guistelas. Ver “Ribeiro de Guistelas [195]”

Ilha (Rua da) [101]

Segundo Reis (idem, 375), “Ilha na accepção mais lata significa também um agrupamento de casas de habitação e foi isto que fez dar o nome ao logar”.

52 Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo. Escala 1:5000, s/d

53 SERVIÇO CARTOGRÁFICO DO EXÉRCITO, 1976

54 Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo. Escala 1:5000, s/d

A rua com esta designação ainda existe no lugar da Ilha, nas proximidades da Ponte da Presa. Ver “Bairro Occidental [17]”

Ilhar Mourisco [102]

“Ilhar Mourisco. Nome sympathico, relíquia da habitação dos árabes n’esta terra, este logar traz ao pensamento recordações immensas e mostra pela belleza do local que os sectarios do alkorão nâo tinham maus gostos. Era junto da fonte que ahi abundantemente corre que os nossos antigos criam ter ficado mouras encantadas, o que mereceu do nosso Thomaz Ribeiro estes tão bellos versos:

Tu nunca viste o rochedo que tem o signo Samão e a fonte que lhe resalta dentro da gruta em cachão?

Uma alli mostra o seu ouro que não tem cruz de christão nas primeiras alvoradas da manhã de S. João.

Ainda hoje grande parte do povo que se entrega aos festejos da noute de S. João, sobre a madrugada, ahi vae, voltando depois cantando e dançando ao som de instrumentos. Dizem que vão às orvalhadas” (idem, 361-362).

O topónimo e a fonte perduram, existindo na proximidade um edifício com caraterísticas árabes. Referiu também o autor (idem, 126) que “as edificações dos arabes no Ilhar Mourisco tinham desapparecido com os seus habitadores e até os logares de Remolhas e Silveira, que tinham sido povoados no tempo dos mouros, não conservavam senão algumas paredes desmorenadas que fizeram dar a esses logares o nome de Pardelhas”.

Ivanta ou Evanta [103]

Menciona o autor (idem, 58) que “o nome Evanta no extremo oriental de Vallongo é também a corrupção de Avé, ó anta”. Aludiu também que “os antigos celtas chamavam anta a um marco que punham à entrada das povoações ou mesmo a qualquer altar que levantavam para oferecer sacrifícios. Mais tarde, quando os romanos começaram a explorar as minas, ao passarem em frente daquele monumento, que ficava nas fraldas do monte de S. Justa, exclamavam; avé, ó anta, que depois se corrompeu em acanta e dahi em eventa” (idem, 362).

O topónimo perdura designando rua e travessa. Na área foram identificadas estruturas arqueológicas do período romano.

José Lopes (Travessa) [104]

Segundo Reis (idem, 381), esta via ligava “a rua Conde de Ferreira com a de Sousa Paupério”. No plano de reformas na nomenclatura das ruas da Villa (Valongo), aprovado em 1890, refere que “à quelha fronteira a entrada para o Bairro Muinho do Ouro e que limita com a estrada Nova se denomine ‘Travessa José Lopes’”.55

Esta via designa-se atualmente por Rua Conde Ferreira.

Lagêdo [105]

Reis (idem, 362) descreve assim o lugar: “Lagêdo, casas, campos e caminhos no Susão, onde estão as cruzes e o tumulo que ahi foram postos no anno de 1783 e que hoje se conservam ainda como um monumento de fé”.

É designado atualmente por Lugar do Túmulo.

Lagôa [106]

Reis (ibidem) identifica Lagôa como “area de terreno occupada pelo atalho que dá da Presa para a Ilha e campos adjecentes”.

Ver “Agra de Galegos [4]”

Lagoeirões [107]

Segundo o autor (idem, 363), Lagueirões corresponde à área entre o Outeiro do Linho e a linha férrea, “Lagoeirões, plural de lagoeiro charco, lamaçal, logar entre a Gandra e o Maia” sendo que Gandra corresponde à área desde o norte do Outeiro do Linho até Lagueirões e o Maia é o “logar onde corta a estrada de ferro o caminho que vae de Vallongo por Laqoeirões para o Susão” (ibidem).

Local identificado na folha 111-Paços de Ferreira, da carta militar de 199856 como Lagueirões, correspondendo à área descrita.

Lagoéla [108]

O autor (idem, 362) descreve o local como “dim. de lagôa ao sudeste de Penêda no Susão” sendo que a Penêda corresponde os “campos e caminhos ao sudeste de Caledrões, no Susão” (idem, 366).

Aferindo a informação descrita pelo autor, a localização do topónimo corresponderá à área onde atualmente encontramos a Rua e Travessa da Lagoela.

55 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00019, vereação de 06 de Agosto de 1890, fls.178v-179v

56 INSTITUTO GEOGRÁFICO DO EXÉRCITO, 1998

Lamaçal [109]

Reis (idem, 363) descreve Lamaçal, como o “logar entre o Calvario e o Susão. Ainda hoje o estado do terreno mostra qual a origem do nome”.

Identificamos, na área referida pelo autor, a Rua e Travessa do Lamaçal.

Lameira Ferreira [110]

É descrito pelo autor (ibidem) como sendo os “campos e caminhos ao norte do caminho de ferro e ao sul do Vallado para o lado do Ilhar o Mourisco”.

O topónimo perdura dando o nome à Rua Lameira Ferreira, em Valongo.

Lameiro

Segundo Reis (ibidem), “chamava-se assim nos tempos passados o logar onde está a Praça D. Luiz I e parte da rua do Padrão”.

Este lugar é também referido pelo autor (idem, 71) nesta passagem: “Ainda hoje no centro da villa ha um logar como o nome de Sapal palavra que significa tremedal, pântano e n’este logar assim como noutros que ficam adjecentes com o nome de Lodeiro e Lameiro, onde hoje se vive bem por causa de grandes melhoramentos que levantaram o solo quasi dous metros, se encontra agua á profundidade de 6 e 8 palmos, quando ella não apparece mesmo á flôr da terra”.

Ver “Praça D. Luiz I | Praça de Nossa Senhora das Neves | Campo de N. Senhora da Luz [167]57

Limiares

Identifica o autor (idem, 363) Limiares como sendo “o Alto de Fernandes”.

Ver “Alto de Fernandes [8]”

Lodeiro [111]

Reis (ibidem) descreve Lodeiro como “O logar do campo ao poente da Ponte Carvalha”. Este lugar é também mencionado pelo autor (idem, 371-372) na descrição do ribeiro de Guistelas quando refere que “passa pela Fonte da Rua, vem ás Fontainhas e segue n’um aqueducto, feito em 1840, para o logar do Lodeiro, onde entra no Ribeiro da Pontes Carvalha”.

Este topónimo não se encontra em uso no local descrito.

Ver “Quelha do Lodeiro [177]” 57

Lopes das Neves (Rua) [112] | Pedreiras de Baixo

De acordo com o autor (idem, 375) “é a Rua que segue da Ponte da Presa para as Pedreiras. Foi aberta em 1890, pois até então não havia alli senão um atalho de difícil passagem por onde se atravessava para as Pedreiras”.

O topónimo perdura dando o nome à rua descrita.

Ver “Bairro Oriental [18]”

Maia [113]

Segundo Reis (idem, 363), é o “logar onde corta a estrada de ferro o caminho que vae de Vallongo por Lagoeirões para o Susão. Tomou este nome de um individuo assim chamado, que alli foi guarda durante muitos anos”.

Malta [114]

Reis (ibidem) identifica Malta como o “logar de Vallongo em volta da capella de N. Senhor da Hora”.

Marques da Rocha (Rua)

Refere o autor (idem, 375) que a “Rua Marques da Rocha começou a chamar-se assim em 1890 a Rua da Estrada Velha” sendo que a mesma “é a que vae desde a Estrada nova na Valle até á Boa Vista. Hoje chama-se Marques do Rocha” (ibidem).

Ver “Estrada Velha (Rua da) [74]”

Milhária [115]

O autor (idem, 71) refere este lugar na descrição da estrada romana que seguia para Aguiar de Sousa: “N’esse tempo já seguiria pela Milharia, que tomou o nome de um marco milliario que ali existiu, uma estrada romana de segunda ordem, que indo na encosta NE da Serra do Raio chegava a Aguiar de Sousa e servia para transportar para o Douro (rio) os mineraes que d’ahi embarcavam para Cale e depois Roma”.

Este topónimo é identificado na folha 123-Valongo, da carta militar de 193658 e perdura designando a ponte ferroviária – Ponte da Milhária – em Campo.

Mina de Ramos [116]

Sobre esta mina Reis (idem, 338) apontou: “Mais tarde em principios de 1899 os mesmos snrs. abriram n’uma propriedade, que compraram a meio do caminho que sobe o monte de Sobrado, uma outra mina conhecida pelo nome de Mina de Ramos, onde trazem a trabalhar mais de quarenta operarios, parte dos quaes perfuram já tuneis de onze metros de largura por quarenta de comprimento e n’uma profundidade de trinta metros. A exportação, que os snrs, Santos fazem de material mensalmente, anda por 60 toneladas métricas”.

Localizamos esta mina no Monte de Sobrado.

58 SERVIÇOS CARTOGRÁFICOS DO EXÉRCITO, 1936

Mina de Valle de Amores [117]

Reis (idem, 337) localiza esta mina a noroeste da mina dos Cardosos, tendo começado a “explorar em 1896 pelos Ex.mos Snrs. José e Francisco Seara n’uma propriedade que n’aquelle lagar possuem, e mais tarde cedida tambem á Companhia Ingleza, mediante um contracto em virtude do qual recebem aquelles senhores todos os annos metade dos lucros. N’esta mina empregam-se para cima de 160 operários, tendo a funccionar duas machinas a vapor, que movem tres plainas, tres serras, e servem para extrahir os materiaes e mover todos os machinismos das officinas de carpinteiro, serralheiro e limagens. É n’esta mina que a Companhia explora a melhor louza e a que promette para o futuro mais ricos resultados“.

Localizamos esta mina a montante da Estação de Valongo.

Mina do Alto Fernandes [118]

Sobre esta mina, Reis (idem, 338) escreveu: “Depois das minas da Companhia ingleza as mais importantes são as conhecidas por minas do Alto de Fernandes e Cavada de Ramos pertencentes á firma Santos e Irmão. Em 1885 o ex.mo snr. José dos Santos e seu irmão Antonio dos Santos, industriaes portuenses constituiram-se em sociedade e compraram no Alto de Fernandes uma propriedade, onde começaram a explorar os magnificos bancos de louza que possuia aquelle logar. Iniciaram os trabalhos e depois de poucos annos de tão bons resultados deram-lhes grande desenvolvimento, montando uma machina a vapor que faz todo o serviço não só de extracção e conducção dos materiaes, mas também do aperfeiçoamento dos mesmos, tendo quatro plainas duas serras, outros apparelhos das differentes officinas e cerca de oitenta operários”.

Refere também que “ha dous tuneis verdadeiramente espantosos com cerca ele dez metros de largo, quarenta de alto e mais de cem de comprimento” (idem, 340).

Localizamos esta mina no Alto de Fernandes.

Mina do Bessa Pinto [119]

Reis (idem, 339) refere que foi “aberta na Cavada de Ramos ao sul da antecedente n’uma propriedade pertencente ao ex.mo snr. Manoel Ferreira das Neves, tomou o nome do seu primeiro explorador, o snr. Bessa Pinto, importante industrial da cidade do Porto. E’ uma mina que está ainda em principios, mas promette bons resultados mandando já o seu proprietario construir uma ampla casa, onde vae montar grandes machinismos”.

Localizamos esta mina nas imediações da Mina de Ramos.

Mina do Gallinheiro [120]

Sobre esta mina, Reis (idem, 333-336) escreveu:

“Começou em 1865, como consta da escriptura do emprazamento feito a 15 de março do mesmo anno por 225$000 reis á Camara Municipal por Eduardo Ennor, membro da respeitavel familia Ennor, cujo representante hoje é o illustre cavalheiro

commendador Carlos Ennor cujo nome está ligado a Vallongo por muitos actos de benemerencia. Pela mesma época essa companhia trazia para mestre e director da mina o ex.mo snr. João Welch conhecido por Mestre João, que pode dizer-se tem sido o pae dos operarias d’esta mina; e devido á sua fina intelligencia e sabia direcção, os trabalhos iniciados tomaram tal desenvolvimento que em 1880 já a louza era exportada em grande quantidade para o extrangeiro.

Tambem em 1882 por contada mesma companhia começou um seu empregado, inglez de nação, Alfredo Nectingel a ensaiar o pulimento e envernisamento da louza para chaminés, o que foi um novo campo aberto á industria louzifera, que attingiu o maximo desenvolvimento desde esse tempo em deante.

Foram construidos grandes abarracamentos para inatallação de machinas e officinas, abertos novos tuneis alevantados engenhosos guindastes, e porque o terreno já não bastava para tão larga exploração, a Companhia comprou em 1889 a mina do Ex.mo Snr. Antonio Lopes dos Santos por 1:700$000 réis e a do Ex.mo Snr. Antonio Marques de Paiva, por 5:OOO$OOO reis, as quaes juntou á sua com outras propriedades adjecentes, que foram demolidas para. a montagem de machinismos e remoção de entulhos.

Hoje no Gallinheiro empregam-se para cima de 300 operários, parte dos quaes trabalham nas minas, e parte na fabrica, onde se labora e pule a pedra. As minas actualmente em laboração são dez e, além dos operarios que n’ ellas trabalham, ha para extracção dos materiaes e esgotamento de aguas sete guindastes, quatro machinas a vapor e diversas wagonettas tramways que correm em rails de ferro e servem para conduzir a differentes partes os grandes calhaos, que sahem do fundo das minas, e que são inutilisados ou aproveitados, segundo a sua qualidade e grandeza. A fabrica é o que ha de mais admiravel em machinismos e engenhos, fazendo girar com uma machina a vapor de alta pressão dez apparelhos de serragem, seis de aplainar, os torneamentos e limagens das officinas de serralheiro, carpinteiro e ferreiro, a tracção dos materiaes das minas para a fabrica, que fica a uns duzentos metros de distancia, bem como um dynamo para luz electrica, que illumina todo o edifício e suas dependencias. Cada uma das plainas e serras emprega dous e tres operarios, a officina de serralheiro tem qua tro, a de ferreiro cinco e a ele carpinteiro sete. Há também um grande numero de operarios empregados no polimento das pedras para obras mais finas, O que se faz com uns instrumentos chamados grades que de um lado para o outro roçam em areia sobre a louza, assim como ha outros o occupados na confecção de tanques, bancas, coisinhas, mezas, bilhares, solêtos e outros objectos. Os abarracamentos enormes em que estão estabelecidos todos estes machinismos teem ainda a seu lado outros, que servem para deposito dos productos da fabrica, guarda de lenhas, escritório, etc. . Os productos d’esta mina te em sido premiados nas seguintes exposições: Paris de 1867, Vienna de 1873, Philadelphia de 1876, Adelaide de 1887, Lisboa, medalha ele ouro, de 1888, Londres, medalha de ouro, 1890, Goteemberg de 1801, Porto, medalha de ouro, de 1897, Paris, medalha

de ouro, de 1900.”

Refere também que a mina possui “trinta tuneis, dezenove ou vinte dos quaes já inutilisados, medem quasi todos quinze, dezoito e vinte metros de largura, descendo em grande extenção até cincoenta metros de altura”.

Localizamos esta mina na encosta de Quintarrei, entre Outrela e Valado, sendo visíveis algumas estruturas arquitetónicas dessa época.

Mina do Hespanhol [121]

Reis (idem, 339) localiza a mina no “logar da Cavada de Ramos tristemente celebre por em 1884 n’ella morrerem n’uma tarde e ao mesmo tempo duas pessoas, pae e filho. Depois de durante muitos annos estarem interrompidos os seus trabalhos, foi comprada pela companhia ingleza que lh’os recomeçou e faz parte da mina do Gallinheiro ao nascente da qual fica. O nome deriva de um indivíduo hespanhol de nação que primeiro a explorou”.

Localizamos esta mina nas imediações da Mina do Bessa Pinto e Mina de Ramos.

Mina do Jorge [122]

Segundo Reis (ibidem), “é a mina do Susão no logar de Outrella primeiramente explorada pelo ex.mo .snr. Antonio Jorge da Costa e hoje alugada, a alguns indivíduos d’aquelle logar que a exploram com magnificas vantagens”.

Localizamos esta mina nas imediações do Empreendimento de Habitação Social de Outrela.

Mina do Manilha [123]

Reis (ibidem) localiza a mina “ao nascente da do Jorge e junto a ella, explorada pelo ex.mo snr. Antonio Lopes dos Santos que n’ella emprega perto de vinte operários, sendo a sua pedra de primeira qualidade”.

Localizamos esta mina nas imediações da Mina do Jorge, em Outrela – Susão.

Mina do Susão [124]

Segundo Reis (idem, 337), começou a laborar em “1897 pela mesma Companhia junto á antiga pedreira do Jorge, emprega vinte e cinco operários e tem apenas uma pequena machina para tirar agua e extrahir os materiaes do fundo das minas. Todos os outros trabalhos são executados a braço”.

Localizamos esta mina nas imediações da Mina do Jorge, em Outrela – Susão.

Mina dos Cardosos [125]

Segundo Reis (idem, 336), esta mina começou a laborar “em 1890 perto do Alto Fernandes, tomou desde logo esta mina tão grande desenvolvimento que, abertos os primeiros poços, foram immediatamente montadas duas machinas a vapor, que moviam grandes e variados

machinismos não só para a extracção e conducção dos materiaes, mas tambem para o aperfeiçoamento dos mesmos com cinco serras, tres plainas e mais de 150 operarios”.

Localizamos esta mina em Alto de Fernandes.

Minas de Ribeiro da Igreja [126]

Sobre esta mina, Reis (idem, 329-330) escreveu: “Desde ha muitos annos, parece, se exploravam aqui as minas de antimonio, pois que já existiam em 10 de maio de 1839, data em que foram entregues pela Camara Municipal juntamente com as do logar do Souto á companhia Allen, Maia, Cunha Broussé, Lima e Companhia da cidade do Porto. Durante annos a partir d’essa época foram os trabalhos d’estas minas, ora continuados, ora, interrompidos até que recomeçaram com mais intensidade em 1880, e em 1888 foi n’ellas montada uma máquina a vapor, multiplicando-se então o numero dos apparelhos mechanicos empregados na extracção e limpeza dos metaes e o numero dos operarios que chegou a ser crescido. O poço mais fundo chega a 86 metros, tendo á altura de 40, 65 e 85 metros galerias para diversas direcções, a que os mineiros chamam pisos, e onde trabalham de baixo para cima, indo assim atraz dos filões cujo metal apanham com grande facilidade e abundancia”.

Localizamos esta mina na margem direita do Ribeiro da Igreja.

Ver “Ribeiro da Igreja [186]”

Minas do Scherech [127]

Sobre esta mina, Reis (idem, 331-332) escreveu: “No logar da Abelheira, perto da capella de S. Bartholomeu, começaram a ser exploradas em 1889 pelo ex.mo Snr. M. Scherech, que, passados tempos, junto d’ellas estabeleceu a sua casa de habitação, onde vive. Tiveram muito desenvolvimento, empregando machinismos movidos a vapor que eram aproveitados para extracção da agua, arrastamento dos materiaes e outros mistéres, e a sua exploração, estendendo-se a uma grande area de terreno, produziu proficuos e importantes resultados.

Todo este metal era exportado para o estrangeiro, onde por processos aperfeiçoadíssimos lhe extrahiarn parte de ouro, parte de prata e parte de antimonio que é empregado na liga com outros metaes. Os typos da imprensa são ordinariamente feitos de um metal em que entra uma parte de chumbo e quatro de antimónio”.

Localizamos esta mina nas imediações da Capela de S. Bartolomeu.

Ver “Abelheira [1]”

Minas do Souto [128]

Sobre estas minas, Reis (idem, 330-331) escreveu:

“Em Valle de Acha, que recomeçaram tambem em 1880 com imensa actividade e desenvolvimento, são ainda mais importantes do que as antecedentes. N’ellas se empregaram por muitos annos mais de cem operarias, quarenta ou cincoenta dos quaes trabalhavam dia e noute no fundo das minas, entrando e sahindo ás seis horas do manhá e da tarde.

Os seus poços que foram diversos chegaram a profundidade de 80 metros com pisos aos 36, 66 e 76 metros e a elles se descia por escadas de madeira fixas, collocadas quasi verticalmente. Tornava-se notavel esta mina pelos diferentes apparelhos mechanicos que empregava na extracção dos materiaes e lavagem dos metaes. Infelizmente para a companhia a agua era tanta que por fim a empreza se viu na necessidade de quasi abandonar a exploração. Uma machina a vapor de máxima força que tirava agua por quatro ou cinco bombas nas quaes sahia um abundante ribeiro, nao era bastante para esgotar as grandes nascentes que as minas tinham e que as innundavam de um momento para o outro. E foi até um bem a interrupção d’ esses trabalhos, porque enfraqueciam por todo o terreno adjecente as fontes e os poços, de que os povos se serviam para uso domestico ou irrigação das terras e as águas que sahiam d’aquellas minas, impregnadas de saes de ferro em grande abundancia, levavam a esterilidade a muitas propriedades, onde houve um prejuízo, que se elevou a muitos contos de réis”.

Localizamos esta mina nas imediações da Av. Oliveira Zina.

Figura 10 - Planta da mina de Valle d’Achas (1907)

Moinho Cambão [129]

Segundo o autor (idem, 364) é o “moinho no logar do Cavaco. Cambão é uma peça de madeira que se prende á almanjarra (os nossos lavradores chamam-lhe manjorra) na qual se atam as cordas tiradeiras a que pucham as bestas nos engenhos ou moinhos. Ora o moinho que está no logar do Cavaco quando não tinha agua, como é na maior parte do anno, antigamente, era tocado, como as ataphonas, por animaes d’ahi o nome de Cambão que hoje tem”. Esta estrutura molinológica, entretanto destruída, situava-se junto ao rio Simão, a montante da Ponte Carvalha.

Ver “Cavaco [47]”

Moinho de Vento [130]

Localiza o autor (ibidem) o Moinho de Vento “na serra da Senhora da Chãos mandado fazer por Miguel Gonçalves dos Reis”.

Ainda persiste, nas proximidades da Capela de Nossa Senhora dos Chãos, parte desta estrutura.

Moinho do Ouro (Rua do) [131]

Segundo Reis (idem, 376), a “Rua do Moinho do Ouro embora tenha casas já há alguns séculos, contudo essas casas foram sempre deshabitadas. Hoje já tem muitos e bons prédios”.

Em 1890, é referido no plano de reformas na nomenclatura das ruas da Villa (Valongo)59, “Que a rua conhecida como rua Muinho do Ouro compreendida entre a rua Souza Paupério e o alto da Passagem e a parte alta da mesma denominação de Muinho do Ouro se denomine ‘Bairro do Muinho do Ouro’”.

Este topónimo perdura designando Rua e Travessa Moinho do Ouro.

Moinho do Telhado [132]

Localiza Reis (idem, 364) o Moinho do Telhado ao “fundo da ilha”, onde se unem o ribeiro da Presa e o ribeiro da Passagem: “Ribeiro da Presa é o que ahi passa e vae ao Moinho Telhado juntar-se com o que vem da Passagem” (idem, 372).

A edificação ainda perdura.

Ver “Águas Ferreas [5]”

Mônso [133]

Esclarece o autor (idem, 364) que o topónimo Monsô “deriva do latim monstis e significa o monte, é uma aria de terreno grande que fica na tapada do snr. Pestana. Em francez ha também monceau que se lê monçô e significa, monte, outeiro”. Numa passagem indica “e passados tempos, como fosse conhecida a fertilidade da planície que deante d’elles se estendia,

59 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00019, vereação de 06 de Agosto de 1890, fls.178v-179v

foi com sua família habitar a parte nordeste do valle na encosta de Monsô a cujo logar, pondo tambem o nome de Cale, se chamou do nome de seu primeiro habitante Cale Donni hoje Caledone ou Caledome” (idem, 50).

Segundo o autor, Monsô estará associado ao topónimo Caledone [21] cuja localização se afigura nas fraldas da serra de Quintarrei, nas imediações de Outrela, conforme ilustrado na Planta Topográfica da Região Ardosífera de Valongo.60

Ver “Calfuntão ou Calefuntão [30]”

Monte Calvário [134-135]

Segundo Reis (idem, 363), é “onde está a capella de N. Senhor da Restauração. E’ hoje um dos mais bonitos logares da villa com o seu jardim e avenida, arborisada de acacias e austrálias”. [134]

Também conhecida por Capela do Senhor do Calvário, está inserida numa área onde encontramos o topónimo Calvário a designar Bairro do Calvário, Estádio do Calvário, Rua do Calvário e Travessa do Calvário.

Surge, também referenciado pelo autor (idem, 177), Monte do Calvário em S. Martinho (Campo) [135], nesta passagem: “A divisão ligeira commandada pelo tenentecoronel Schwalbach que formava a testa da columna do centro, chegando ao monte do Calvario, em S. Martinho, rompeu o fogo sobre os caçadores realistas que guardavam a ponte Ferreira,” referindo que o Monte Calvário corresponderia ao “Outeiro que fica á direita da velha estrada que passa em Ponte Ferreira, a norte da egreja” (ibidem).

Estes dois locais estão identificados na folha 123-Valongo, da carta militar de 194961

Monte Cardoso [136]

Segundo Reis (idem, 363), o Monte Cardoso “é o monte que á direita da capella de S. Bartholomeu segue de norte a sul até Cabêda”, descrevendo, também, Cardoso como os “campos que ficam ao sul de S. Bartholomeu” (idem, 354).

Na carta militar de 1951, folha 110-Ermezinde (Valongo)62 surge identificado Costa do Cardoso, no lugar descrito pelo autor.

Monte das Mamôas

Denomina assim o autor o monte que separa S. Pedro da Cova de Valongo63 correspondendo a Montalto.

Ver “Serra do Monte Alto [219]”

60 Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo. Escala 1:5000, s/d

61 SERVIÇOS CARTOGRÁFICOS DO EXÉRCITO, 1949

62 SERVIÇOS CARTOGRÁFICOS DO EXÉRCITO, 1951

63 REIS, 1904, 58

Monte das Pedras [137]

É descrito pelo autor como o lugar “que fica ao sul d’este (Monte Gordo) do outro lado da serra” (idem, 363). Neste lugar foi identificado um possível povoado castrejo com posterior ocupação romana.

Na área descrita localiza-se uma propriedade identificada na caderneta predial como Cavada do Monte das Pedras.

Ver “Monte Gordo [140]”, “Monte de Castro [138]” e “Castro ou Crasto [45-46]”

Monte de Castro [138]

Refere o autor a existência da Barroca do Panno na encosta do Monte de Castro.64

Ver “Castro ou Crasto [45-46]” e “Monte das Pedras [137]”

Monte de N. Senhora das Chãos

Ver “Serra da Senhora das Chãos [215]”

Monte de Quintarrei [139]

Ver “Caldone ou Caledone (Caledome | Cale Donni | Caledoni) [28]” e “Quintarrei [178]”

Monte de Santa Justa

Ver “Serra da Santa Justa [214]” e “Serra da Cuca-Ma-Cuca”

Monte de Sobrado

Ver “Serra de Sobrado [217]”

Monte do Castello

Ver “Serra do Castello [218]”

Monte Gordo [140]

Segundo Reis (idem, 363) é “o monte que, salientando-se abdominalmente, fica em frente á Estação do caminho de ferro”. Fica na margem esquerda do Ribeiro do Inferno, o qual “recebe as aguas do Monte Gordo e desce por Mariennes para o fundo do valle” (idem, 372).

Este monte corresponde a uma elevação, na serra de Santa Justa, voltado para a estação de caminho de ferro de Valongo.

64 REIS, 1904, 332

Mosqueiros [141]

São várias as referências do autor (idem, 54) ao topónimo Mosqueiros, três das quais associadas a Susão: “N’um documento datado de 1590 e por isso não muito posterior encontrado no archivo parochial de Vallongo, existente em Penafiel, está o assento do baptismo de um individuo, filho de paes moradores no logar de Mosqueiros no Vall’go Susão. E este logar fica ainda hoje no Susão”, acrescentando que “no Susão a população estendia-se mais, para o occidente do logar em que hoje está e tinha habitantes até nos Mosqueiros” (idem, 132).

Na carta militar de 197665, folha 111-Paços de Ferreira, Mosqueiro é identificado a norte do caminho de ferro, entre o Susão e Gandra.

O lugar é também identificado na Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo66, entre Recarei e Gandara.

Mulher Morta [142]

Segundo Reis (idem, 364) o lugar de Mulher Morta corresponde ao “alto do Monte que fica à direita de quem vae para a Formiga pelo caminho do Outeiro do Linho e Gandra”.

Na carta militar de 195167, folha 110-Ermezinde (Valongo), surge identificado “Cab.º da Mulher Morta” correspondendo à localização descrita pelo autor.

Nogueira [143]

“É o logar que occupam hoje as casas e a rua desde Baianca até á capella, no Susão”, segundo o autor (ibidem).

Corresponde à atual Rua Padre Miguel Paupério do Vale.

Nogueira Pombo (Avenida) [144]

O autor (idem, 233), ao elencar as obras promovidas pelo então Presidente António Alves de Oliveira Zina, descreve “Abriu a Avenida Nogueira Pombo no Suzão e fez em toda a villa e concelho obras de grande conveniencia e utilidade”.

Em ata de 189068, consta que, sob proposta Presidente Oliveira Zina, foi atribuída a designação

Avenida Nogueira Pombo “ao troço de estrada ultimamente aberta, a sahir da estrada municipal de Valongo a Cabeda, por Fontellas e terminando no largo do Souto, Susão”.

Norte (Rua do)

Segundo Reis (idem, 374), a Rua do Norte corresponde à antiga Rua das Cruzinhas, referindo “hoje é a rua do Norte. Tomou o nome de cruzinhas de varias cruzes que n’ella e nas ruas visinhas havia para a Via Sacra que seguia da Senhora da Luz para o Calvario”.

65 SERVIÇO CARTOGRÁFICO DO EXÉRCITO, 1976

66 Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo. Escala 1:5000, s/d

67 SERVIÇOS CARTOGRÁFICOS DO EXÉRCITO, 1951

68 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00019, vereação de 26 de fevereiro de 1890, fls.156-158

No plano de reformas na nomenclatura das ruas da Villa (Valongo), aprovado em 1890, é descrito “que a rua que do Largo do Padrão segue ao lado do norte e que conduz a rua das Cruzinhas se denomine ‘Rua do Norte’”.69

Ver “Cruzinhas (Rua das) [62]”

Norte (Travessa do) [145]

Corresponde, segundo o autor (idem, 381), à via que “liga a rua do Padrão á do Norte”.

No plano de reformas na nomenclatura das ruas da Villa (Valongo), aprovado em 1890, é descrito “que a primeira travessa do lado direito a partir da nova rua do Norte conhecida por quelha do Marrana se denomine ‘Travessa do Norte’”.70

Designa-se, atualmente, por Travessa da Rua do Norte.

Nova (Rua) [146]

Segundo o autor (idem, 376), a Rua Nova “já se chamava assim em 1590, o que dá a conhecer a sua novidade de alguns séculos”, assumindo posteriormente a designação de Rua Sousa Paupério, “assim chamada do nome de um grande proprietário e negociante que nela viveu e que em 1849 foi presidente da câmara. Era a antiga Rua Nova que em 1834 tinha 60 casas e que em 1841 a câmara municipal mandou calcetar, fazendo também o aqueduto que recebe as águas da fonte que até essa época corriam pela mesma rua” (idem, 377).

A Rua Sousa Paupério perdura na atualidade.

Olho do Corvo [147]

Segundo Reis (idem, 364), “chamavam então elles á serra de Santa Justa serra da Cuca, e também por elles foi dado ao extremo occidental d’essa serra o nome de Olho do Corvo que ainda hoje conserva. Noutro excerto referiu que “Este nome foi dado, ás Fragas Negras pelos mouros durante o tempo que por aqui habitaram”. Identificamos um terreno, localizado na envolvente da Ivanta, na serra de Santa Justa, referenciado na caderneta predial como Olho do Corvo.

Outeiro [148]

Designa assim o “monte sobre as minas de Ribeiro da Igreja até ao caminho que do moinho do ouro vai para a Açuda” (idem, 365).

Outeiro da Levada [149]

Identifica o autor (idem, 365) “Outeiro da Levada, logar no Susão”, onde perdura o topónimo designando a Rua e Travessa do Outeiro.

69 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00019, vereação de 06 de Agosto de 1890, fls.178v-179v

70 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00019, vereação de 06 de Agosto de 1890, fls.178v-179v

Outeiro do Linho [150]

Segundo o autor (ibidem), será a “elevação de terreno aberto e tapado ao norte da Rechão e nascente de Cambado”, identificando Cambado no “logar ao norte da Rechãos e oeste do Outeiro do Linho” (idem, 353).

Na área descrita perdura o topónimo na Rua Outeiro do Linho.

Outrélla [151]

Corresponde, segundo Reis (idem, 365), à “contracção de Outeirella. Chama-se assim o logar do Susão occupado por casas, campos e caminhos desde as velhas minas do Jorge para o nascente e sul”.

Este topónimo está identificado na folha 111-Paredes-Paços de Ferreira, da carta militar de 193571, em Susão.

Padrão (rua do) | Portella [152] | Portelinha [153]

Segundo o autor (idem, 376), a Rua do Padrão “é a Portella e a Portellinha antiga”. Designa por Portella [152] o troço da rua “desde que acaba a Ferraria até ao Padrão e tinha em 1834, 60 casas” e por Portelinha [153] “a rua que ia do Padrão até á Presa e que em 1834 tinha 26 casas”. Mais refere que “antes da Estrada Nova já por ali passava por cima de ásperas fragas a estrada real antiga composta nos pontos mais irregulares com grandes pedras de calcário e xisto. O primeiro rebaixamento desta rua data de 1838 feito para tornar mais suave esse caminho que foi depois calcetado em 1840. A Estrada nova quando foi feita, abaixou o solo, mas nas extremidades ainda ficaram monos de fraga que desapareceram em 1880 com a reforma que a câmara deu a esta rua” (ibidem).

A Portella corresponde hoje a Rua do Padrão e a Portellinha a Rua Alves Saldanha.

Passagem [154]

“Passagem, caminho e logar ao nascente do Moinho do Ouro e norte da rua do Sol” (idem, 365). Ainda sobre a Passagem, o autor (idem, 127) refere que “o tempo, porem, é mais precioso que o ouro e o desejo de apressar incita a procurar o caminho mais curto, e foi por isso que os viandantes no verão indireitavam pelo Sapal, começando a, seguir a rua que, quando se encheu de casas, chamou Nova. Depois d’este caminho aberto é que, quando volumosa a torrente não deixava atravessar na Ponte Carvalha, iam as pessoas de pé pelo Moinho do Ouro passar em pedras na Passagem de onde lhe veio o nome”.

Na Passagem existiria a “Fonte da Passagem a que ahi existe junto á ponte e que por um desmazelo camarario indisculpavel já ha annos não dá agua e está condemnada a ser subterrada” (idem, 359).

O topónimo Passagem perdura identificando Rua e Travessa.

71 SERVIÇOS CARTOGRÁFICOS DE EXÉRCITO, 1935

Pedreiras [155]

Reis (idem, 365), descreve como o “logar de Vallongo, que tem diversas ruas e se divide em Pedreiras de Cima que formam hoje o Bairro Oriental e Pedreiras de Baixo que são hoje a rua Lopes das Neves. Chama-se aquelle logar Pedreiras talvez por n’elle habitarem os operarios das minas de pedra, assim como os artistas que faziam varios objectos d’aquella matéria.”

O topónimo Pedreiras perdura na Rua e Travessa das Pedreiras, em Valongo, próximo de Ilhar Mourisco.

Pedreiras de Baixo

Segundo o autor (ibidem), “Pedreiras de Baixo que são hoje a rua Lopes das Neves”, sendo a “que segue da Ponte da Presa para as Pedreiras” (idem, 375).

Ver “Bairro Oriental [18]” e “Lopes das Neves (Rua) [112]”

Pedreiras de Cima

Segundo Reis (idem, 365), Pedreiras é o “logar de Vallongo, que tem diversas ruas e se divide em Pedreiras de Cima que formam hoje o Bairro Oriental e Pedreiras de Baixo que são hoje a rua Lopes das Neves”.

Ver “Pedreiras [155]” e “Bairro Oriental [18]”

Penêda [156]

Refere o autor (idem, 366) que são os “campos e caminhos ao sudeste de Caledrões no Susão”.

Este topónimo surge identificado na Planta Topográfica da Região Ardosífera de Valongo72 , entre os lugares de Abelheira e S. Bartolomeu.

Ver “Caldone ou Caledone (Caledome | Cale Donni | Caledoni) [28]”

Picóta |(Rua da)

Segundo Reis (ibidem), “chamava-se antigamente Picota o pelourinho com suas cadeias e argolas, onde os criminosos eram expostos á vergonha” a qual foi “estabelecida na rua de Santo Antão que por muitos annos foi conhecida por rua da Picota” (idem, 120).

Sobre o local refere também que “há memória entre os nossos velhos de que seus paes ou avós se lembravam de ver varios delinquentes na Fonte da Rua (rua da Picota) á passagem do povo da missa com uma vela na mão em castigo de certos crimes commettidos. Junto da picota ficava tambem a forca” (idem, 122).

A rua da Picóta corresponde à atual Rua Sousa Pinto.

Ver “Estrada Velha [73]”, “Santo Antão (Rua de)” e “Velha (Rua) [237]”

72 Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo. Escala 1:5000, s/d

Pinéo | Pineu [157]

O autor (idem, 366) descreve Pinéo, como o “alto que se eleva sobre a Devesa por cima do qual passa o caminho que dos Bacelos vai ao Chão das Cavadas”.

Este topónimo é referido na descrição de uma via romana que, “partindo de Braga vinha aqui passar, entrando no Susão, d’onde seguia por Caledoellas, Rechãos, Cana, Pinéu, Chão das Cavadas, Castro, descendo para Couço, e caminhando ao nascente para Aguiar de Sousa” (idem, 72-73).

Este topónimo refere-se à elevação localizada a oeste do ribeiro da Igreja.

Pôça [158]

Designa assim o autor (idem, 366) a “aria de terreno occupada pelos campos atraz da capella do Susão em direcção ao monte”.

Ponte Carvalha | Cabo da Rua [159]

Reis (idem, 367) identifica como a “ponte onde atravessa a estrada real na rua de S. Mamede. Data de 1758 e foi mandada fazer pelo regedor, provedor e corregedor perpectuo do Porto, D. Francisco de Almada e Mendonça, que também reformou e calcetou a estrada que aqui passa do Porto a Amarante. E’ feita de cantaria em arco com um deametro de 4 metros e encimada de uma cruz de pedra elegante e bem trabalhada com signaes de ter na base em. tempo uma caixa onde os viandantes deitavam esmolas. Chama-se Carvalha, porque n’este logar existiu antigamente um carvalho de desmedida grandeza e grossura. Antes porém d’esta ponte existiu uma outra talvez mais grosseira e pequena de que já há memória em 1590, pois que já n’esse tempo se fallava na Ponte Carvalha. O facto de estar uma cruz em cima da Ponte quer talvez significar o pensamento d’uma inscripção que em Villa Nova de Ourem está gravada n’uma cruz, alevantada nas mesmas condições, e que diz assim: que quer dizer uma cruz em uma ponte? ...Podeis crer que são duas pontes; por aquella se vae ao céo, por esta se possa o rio”.

No século XIX designavam este este local por cabo da Rua, pelo facto da população estar circunscrita à parte alta da Vila.73

A Ponte Carvalha localiza-se em plena EN 15, no troço designado por Rua de S. Mamede, junto às bombas de gasolina da PRIO.

Ponte da Passagem [160]

Segundo o autor (idem, 367), é a “ponte que atravessa o ribeiro que passa por Vallongo no Iogar da Passagem” correspondendo Passagem “ao caminho e logar ao nascente do Moinho do Ouro e norte da rua do Sol” (idem, 365).

Ver “Passagem [154]” e “Sol (Rua do) [224]”

73 REIS, 1904, 126

Ponte da Presa [161]

Reis (idem, 367) localiza a Ponte da Presa no lugar “onde atravessa a estrada real no logar da Presa. Esta ponte foi primitivamente muito mais baixa, elevando-se do leito do ribeiro apenas um metro; e d’ella até á altura da rua do Padrão havia uma subida horrorosa”.

Nesta ponte, que mantém a designação, passa o Ribeiro de Lameira Ferreira.

Ponte da Senra [162]

Reis (idem, 368) localiza a “ponte, onde a quelha ou viella da Senra atravessa o ribeiro”.

Fontes orais relatam a existência de uma ponte sobre o ribeiro da Senra, em lousa, que foi substituída por uma estrutura em ferro, nas imediações do local original.

Ponte das Cabras [163]

Reis (idem, 366) localiza a Ponte das Cabras no “extremo de Vallongo do ribeiro abaixo, atraz da Quinta de S. João da Azenha”.

Encontramos referência ao Lugar da Ponte das Cabras, na caderneta predial referente a um terreno na margem esquerda do rio Simão após as Águas Férreas, que assinalamos.

Ponte Ferreira [164]

O autor (idem, 138) refere a ponte Ferreira na descrição do caminho que os almocreves utilizavam para fugirem à subida da água dos ribeiros: “Antigamente, durante todo o anno abundantes, tornavam-se torrenciaes no inverno, pelo que muitas vezes os almocreves que passavam em Vallongo, quando se não podiam demorar por dias á espera que a agua diminuisse, seguiam outro caminho, embora mais longo e já detereorado, que ia na encosta do monte de Sobrado à Bouça Queimada, de onde, a deante, passavam para Valselhas e Ponte Ferreira”.

Este local é também referenciado pelo autor em diversos momentos relacionados com as lutas liberais.

A Ponte Ferreira, situa-se na União de Freguesias Campo-Sobrado, sobre o rio Ferreira.

Portella (Rua)

Segundo Reis (idem, 376) esta rua ia “só desde que acaba a Ferraria até ao Padrão e tinha, em 1834, 60 casas. A estrada nova, quando foi aberta, rasgou essa rua até á Senhora da Luz”. Refere também que “Portella é deminuitivo de porto, significa porto pequeno e já desde o seculo décimo é empregada para significar uma porta, entrada da garganta do monte ou passagem do mar, do rio, ou mesmo da terra (Pinho Leal). Em Vallongo era tomada n’esta ultima significação e demonstra que durante seculos ou pelo menos annos a povoação da villa chegou, quando muito, até ao fim da rua da Ferraria. Ainda em 1600 não existia a rua da Portella que só no fim do seculo XVII começou a formar-se, podendo quasi dizer-se que algumas casas das que lá existem ainda são talvez das primitivamente construídas” (idem, 368).

Ver “Padrão (Rua do) | Portella [152]| Portelinha [153]”

Portella de Ervedosa [165]

Reis (ibidem) descreve como sendo “a passagem no monte do caminho que, sahindo de Vallongo para S. Pedro da Cova, entra no legar daquelle nome pertencente a essa freguesia”.

Portella do Escoural

Segundo Reis (ibidem), “é a rua Dr. Candido, assim chamada em documentos referentes a Vallongo que existem na camara municipal da Maia” referindo que “no princípio deste século chamava esta rua Portella do Escorial, depois rua de S. Justa e finalmente rua do Dr. Cândido por causa de aquele cavalheiro possuir no fim dessa rua uma quinta que muito apreciava. Hoje pertence esta quinta ao Exm.º Sr. Cândido Alves do Valle” (idem, 373).

Ver “Açuda (Rua da) [2]”

Portella dos Ventos [166]

Corresponde à “passagem no Monte AIto no caminho que vae a Fanzeres” segundo Reis (idem, 368).

Portellinha

Escreve o autor (ibidem) que “chamava-se assim a parte mais oriental da rua do Padrão a qual se chamou assim para a distinguir da rua da Portella de que ella era continuação”. A Portelinha seria “a rua que ia do Padrão até á Presa e que em 1834 tinha 26 casas” (idem, 376), correspondendo, na atualidade, à Rua Alves Saldanha.

Ver “Padrão (Rua do) | Portella [152]| Portelinha [153]”

Praça D. Luiz I | Praça de Nossa Senhora das Neves | Campo de N. Senhora da Luz [167]74

Segundo Reis (idem, 368-369), “é a antiga praça de N. Senhora das Neves que já existia em 1594 com o nome de Campo de N. Senhora da Luz. Pouco habitada então, estendia-se desde as casas da rua da Ferraria até á capella da mesma denominação que occupou pouco mais ou menos o angulo sudoeste do recinto actualmente fechado pelas grades. Em 1864 é que a camara municipal resolveu retirar a capella d’esse largo para uma das extremidades e construir ahi uma praça fechada e um chafariz para o que pediu a quantia de 2:000$000 réis com a condição de amortisar pelo menos 200$000 réis por anno; mas só em 1878 conseguiu isto, continuando porém, o largo a chamar-se sempre com o nome de N. Senhora das Neves. Foi em 1890, que sendo presidente da camara o ex.mo snr. Antonio Alves de Oliveira Zina, se mudou o nome d’aquella praça para o que hoje tem” - Praça D. Luiz I.

Em 1910, foi alterada a designação para Praça Machado dos Santos.75

74 MADUREIRA, C., 2005, 41-45

75 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00023, vereação de 17 de outubro de 1910, fls.3v-5

Presa | Rua da [168-169]

Segundo o autor (idem, 369), é o “logar no extremo oriental de Vallongo entre a Portellinha, Poça e Alto de Fernandes”. [168]

Refere, para a mesma área, a Rua da Presa [169] “que em 1834 tinha 30 casas constitue hoje com outros caminhos e logares o Bairro da Estação e foi calcetada em 1842” (idem, 376).

Permanece o topónimo associado a Rua e Travessa da Presa.

Ver “Ponte da Presa [161]” e “Bairro da Estação [13]”

Presa da Rechão [170]

É referenciada pelo autor (idem, 316) nesta passagem: “As terras, principalmente as semeadas de milho são regadas pelas aguas de furnas e poços a que chamam presas, as principaes das quaes são: a Presa da Rechão, a Furna da Rata, a Furna da Cana (nos Bacellos), a Furna da Cana (na Ilha) a Presa de Guistelas, a Presa de Mariennes e outras muitas”.

Presa de Mariênnes [171]

Segundo Reis (idem, 363), corresponde ao “nome que se dá a uma presa e logar adjecente nas fraldas do monte gordo”.

Este local é identificado num mapa produzido pelo Serviço de Fomento Mineiro76 nas fraldas do Monte Gordo na serra de Santa Justa, entre o ribeiro do Inferno e o ribeiro da Cana.

Ver “Monte Gordo [140]”

Queilho [172]

O autor (idem, 369) refere ser “um logar no Susão a noroeste de Outrélla”.

Na área descrita pelo autor encontramos, na atualidade, a Rua do Queilho.

Quelha da Canadita [173]

Segundo Reis (idem, 354), Canadita corresponde à “travessa que liga a rua da Bella Vista com a rua Marques da Rocha.” Esclarece ainda que “Canadita é deminuitivo de Canada, azinhaga, caminho estreito por entre paredes. Divide-se em Canadita de cima e Canadita de baixo” (ibidem).

Apontamos que Canadita de Baixo, corresponde à atual Travessa da Cerejeira.

Ver “Canadita [41]”

Quelha da Fonte [174]

O autor refere a Quelha da Fonte na descrição do topónimo Devesa.

Localizamos a Quelha da Fonte a tardoz da Fonte da Rua.

Ver “Devesa [64]”

76 SERVIÇO FOMENTO MINEIRO, 1977

Quelha de Guistelas [175]

Segundo Reis (idem, 369), “é o caminho que n’este Iogar vae até á Ceredeira”.

Quelha do Lodeiro [176]

O autor (idem, 370) indicou que a Quelha do Lodeiro é a “que dá da estrada nova para o campo assim chamado”, sendo que a Estrada Nova é a atual Rua Conde Ferreira.

Quelhas de Baixo [177]

Ao descrever o Logar das Aguas Ferreas, o autor (idem, 349) refere “tendo ao norte as Quélhas de Baixo, ao sul a Costa dos Castanheiros e ribeiro do Inferno e ao poente o Moinho do Telhado”.

Quintarrei [178]

Reis (idem, 370) indica que “esta palavra é a corrupção de Quinta do rei, porque a tapada que tem este nome, situada desde o alto dos montes ao norte do Susão com a altura de 306 metros até Sobrado e Agrella, é um praso antigo feito ao capitão Alexandre José Ferreira Porto, da Villa de Vallongo, datado de 1768, com authorisação do rei d’onde lhe viria o nome. Uma provisão de 6 de outubro de 1767 prohibiu que as camaras fizessem aforamentos, e por isso, quando aIguem os queria fazer, pedia authorisação ao rei que despachava com o formulario do costume: D. José por qraça de Deus rei de Portugal e dos algarves em africa senhor da Guiné, etc”.

Este topónimo ainda perdura designando a serra a norte do Susão.

Rabilla | Rabilla de Rabil [179]

Segundo Reis (idem, 90), os árabes chegados a Valongo ocuparam a planície que mais tarde se chamou Ilhar Mourisco. Localiza, nas proximidades, “outros logares proximos de origem arabe como o de Rabilla de Rabil e o de Donelha”. Acrescentou que “Rabilla que vem do árabe rabil ou arrebil, ladrão, é o logar entre Lameira Ferreira, Pedreiras e Campello” (idem, 370).

Este lugar é identificado na Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo77, nas imediações da Rua Emídio Navarro, correspondendo às descrições do autor.

Racarei [180]

Segundo Reis (ibidem), “é um logar no Susão que fica onde existe a Quinta do Ex.mo Snr. João M. Nogueira Pombo. Deriva esta palavra de Recaredo, nome godo de homem, que já n’esse tempo possuiria ahi alguma propriedade”.

Este lugar é identificado na Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo78 e no Mapa da Zona Louzífera de Valongo79, como Recarei, localizado a sudeste do lugar de Mosqueiro.

77 Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo. Escala 1:5000, s/d

78 Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo. Escala 1:5000, s/d

79 Zona Louzifera de Valongo. Portugal. Distrito do Porto. Concelho de Valongo. Freguesias de S. Mamede e S. Martinho do Campo. Escala 1:2500, s/d

Raiz [181]

Descreve o autor (ibidem) como sendo “um logar que fica entre a Malta e a Estrada Velha” sendo Malta a área envolvente à Capela de Nossa Senhora da Hora.

Encontramos na atualidade, a tardoz da Capela Nossa Senhora da Hora, o topónimo designando a Rua da Raiz.

Ver “Malta [114]” e “Estrada Velha [73]”

Rechão ou Rechãos [182]

Para o autor (idem, 371), Rechão “significa planura alta e assim é em Vallongo o logar que tem este nome ao sul do Outeiro do Linho”.

Surge também associado à descrição do traçado da via romana: “Este imperador que era hespanhol, natural de Cordova, mandou fazer na Lusitania muitas obras de importancia que ainda hoje existem e varias estradas ou vias militares, como a que partindo de Braga vinha aqui passar, entrando no Susão, d’onde seguia por Caledoellas, Rechãos, Cana, Pinéu, Chão das Cavadas, Castro, descendo para Couço, e caminhando ao nascente para Aguiar de Sousa” (idem, 72-73).

Encontramos o topónimo a designar nome de rua - Rua de Rechães – situada entre a Travessa Marques da Rocha e a Rua Fonte da Senhora.

Rego do Poço [183]

Segundo Reis (idem, 371), Rego do Poço corresponde ao “desfiladeiro por onde passa o caminho que da Chão das Cavadas vae para Beloy”.

Reis (idem, 145) apontou que, devido a desentendimentos quanto aos limites administrativos entre Valongo e S. Pedro da Cova, houve necessidade de consultar Supremo Tribunal Administrativo que deliberou “decretar, nos termos do artigo 3º & 4º n.º 2º do codigo administrativo que a demarcação dos limites entre as freguezias de S. Pedro da Cova e Vallongo, siga desde a Chã das Cavadas pelo Rego do Poço até á Pena do Bico e d’ahi até ás Serras do Crasto e da Hucha, que na conformidade d’este decreto baixará ao respectivo governo civil competentemente autenticada”.

Foi possível identificar o “rego do poço” no terreno, conforme descrito.

Ver “Chão das Cavadas | Chã das Cavadas [55]”

Remôlhas | Remolhão [184]

Nome atribuído a um homem árabe que se apresentou perante os cristãos desafiando-os para uma contenda, desafio esse que acabou por perder para Egas Moniz, como apontou Reis “De Remollão, morto n’aquele Iogar, é que derivou Remolhão, porque no portuguez antigo ll valia lh como na língua hespanhola, e de Remolhão, Remolhas nome que o logar tem” (idem, 102).

Refere ainda que “Remôlhas, palavra que deriva de Remollão, nome árabe de homem, que no tempo dos mouros por alli viveu. Chama-se assim a aria de terreno comprehendido entre Fatelgas e Lameira Ferreira” (idem, 371).

Ribeiro da Cana [185]

O topónimo Cana surge atualmente associado a um ribeiro, rua e travessa. O Ribeiro da Cana nasce na encosta este da Serra de Santa Justa e desagua no Ribeiro Simão, junto ao lavadouro da Ilha, passando por diversas estruturas mineiras associadas à exploração aurífera.

O seu curso atravessa o Lugar da Cana, descrito pelo padre Reis (idem, 354) como “logar junto ao ribeiro na margem direita ao fundo da Ilha, onde está a galleria que conduz a vários fojos.

Esta palavra deriva aqui de Kanos que tem a mesma significação da palavra portuguesa canal, fosso fundo que leva água”.

Ribeiro da Igreja [186]

Segundo Reis (idem, 371) “é o que recolhe todas as águas da Açuda e parte da Santa Justa, vindo passar atraz da Egreja parochial e Moinho do Ouro até à Ponte Carvalha, onde desagua no ribeiro que ahi passa”.

Este topónimo é também utilizado para designar as minas de antimónio, localizadas próximo deste ribeiro, “as minas de Ribeiro da Egreja” (idem, 329).

Ribeiro da Passagem [187]

Segundo Reis (idem, 372) “é o da Ponte Carvalha que ahi passa” correspondendo ao Ribeiro Simão.

Ver “Passagem [154]” e “Ponte da Passagem [160]”

Ribeiro da Ponte Carvalha [188]

Refere o autor (ibidem) que o “Ribeiro da Ponte Carvalha é o que ahi passa. Recebe as aguas do Ribeiro de Cambado e antes da linha férrea era o mesmo ribeiro que de Centiaes vinha a Fontellos no Susão donde corria por Contenças para Vallongo. Isto fazia com que este ribeiro tivesse sempre aguas e moesse em varios moinhos quasi todo o anno e creasse muito boas enguias cuja pesca era um dos passatempos das tardes do verão. Hoje só não secca desde o Borbulhão em deante. É porém, no inverno muito candaloso e por vezes tem causado immensos prejuízos”.

Este ribeiro é designado atualmente por ribeiro Simão.

Ribeiro da Presa [189]

Segundo Reis (ibidem) “Ribeiro da Presa é o que ahi passa e vae ao Moinho Telhado juntar-se com o que vem da Passagem”.

O ribeiro que passa na ponte da Presa e desagua no Ribeiro Simão, junto ao final da Rua da Ilha, designa-se por Ribeiro de Lameira Ferreira. Entende-se que o autor designa por Ribeiro da Presa apenas o troço entre a Ponte da Presa até ao final da Rua da Ilha, onde se junta ao Ribeiro Simão.

Ribeiro da Santa [190]

O autor (ibidem) refere que é “o que passa a leste do Moinho do Ouro e desagua no Ribeiro da Ponte Carvalha quasi atraz da Capella de N. Senhora das Neves. Só leva agua no inverno”.

Esta linha de água está identificada na Carta Militar de 1949, folha 123-Valongo.80

Ribeiro da Senra [191]

O “Ribeiro da Senra é o que ahi passa e vem à Ponte Carvalha”, segundo descrição de Reis (ibidem).

O autor designa por Ribeiro da Senra um troço do ribeiro Simão, que passa nas imediações da ponte Carvalha.

Ribeiro da Silva (Travessa) [192]

Segundo Reis (idem, 381) é a que “une as ruas do Norte e do Padrão”.

No plano de reformas na nomenclatura das ruas da Villa (Valongo), onde são atribuídas designações às travessas existentes a partir da rua do Padrão, tendo como ponto de partida a que fica em frente à casa dos Senhores Saldanhas, foi a terceira designada por “Travessa Ribeiro da Silva”81 correspondendo atualmente à Rua João Lino Castro Neves.

Ribeiro de Cambado [193]

É “o ribeiro que passa em Cambado e recebe todas as aguas da Serra de Mathosinhos” (idem, 371). Encontramos esta linha de água identificada na folha 111-Paços de Ferreira e folha 123-Valongo, das Cartas Militares de 199882 e 199983 respetivamente.

Ribeiro de Centiaes [194]

Refere o autor (ibidem) que o “Ribeiro de Centiaes é o que passa nesse logar”.

Este topónimo é identificado, na Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo84, em Susão, entre Fontelas, Outeiro e Gordoval.

Este ribeiro está identificado na folha 111-Paços de Ferreira e folha 123-Valongo, das Cartas Militares de 199885 e 199986 respetivamente. Ver “Ribeiro da Ponte Carvalha [188]”

80 SERVIÇOS CARTOGRÁFICOS DO EXÉRCITO, 1949

81 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00019, vereação de 06 de agosto de 1890, fls. 176v-179

82 INSTITUTO GEOGRÁFICO DO EXÉRCITO, 1998

83 INSTITUTO GEOGRÁFICO DO EXÉRCITO, 1999

84 Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo. Escala 1:5000, s/d

85 INSTITUTO GEOGRÁFICO DO EXÉRCITO, 1998

86 INSTITUTO GEOGRÁFICO DO EXÉRCITO, 1999

Ribeiro de Guistelas [195]

Segundo o autor (idem, 371-372), “é o que passa nesse logar. Secco de verão, torna-se inteiramente terrivel na época das chuvas, porque, recolhendo todas as aguas do monte da Senhora das Chãos, precipita-se impetuosamente, devido também ao declive do seu curso, não respeitando diques nem balisas. Passa pela Fonte da Rua, vem ás Fontainhas e, segue n’um aqueducto, feito em 1840, para o logar do Lodeiro, onde entra no Ribeiro da Ponte Carvalha”.

Ribeiro de Lameira Ferreira [196]

Segundo o autor (idem, 372), é o ribeiro que “nasce na Serra do Castello, passa na Fontinha e vem a Fatelgas, d’onde desce para Remolhas e Lameira Ferreira, seguindo para o Ilhar Mourisco e Presa”.

É designado também por Ribeiro da Presa.

Ver “Ribeiro da Presa [189]”

Ribeiro do Inferno [197]

Refere o autor (ibidem) que “é o que recebe as aguas do Monte Gordo e desce por Mariennes para o fundo do valle”.

Esta linha de água corre na encosta nascente da Serra de Santa Justa, desaguando no rio Simão, é ainda hoje designado por ribeiro do Inferno.

Ribeiro do Vallado [198]

Reis (ibidem) indica que “é o que passa no logar d’este nome e vae deseguar no de Lameira Ferreira”.

Corresponde ao ribeiro que passa nos campos situados entre a rua Emídio Navarro e a rua da Fonte Mourisca, atravessando posteriormente a rua Eduardo Joaquim Reis Figueira, desaguando no ribeiro da Presa ou Lameira Ferreira.

Ver “Ribeiro de Lameira Ferreira [196]” e “Ribeiro da Presa [189]”

Rio Simão [199]

O autor (idem, 373) identifica como rio Simão o que passa no “logar da rua do Sol, onde está um moinho que se move com as aguas do ribeiro da Ponte Carvalha”.

Designamos, atualmente, por ribeiro Simão, a linha de água que atravessa a cidade de Valongo ladeando o percurso pedestre “Corredor Ecológico”. Este ribeiro junta-se, na Ilha, ao ribeiro da Presa, formando o rio Simão que desagua no rio Ferreira, em plena serra de Santa Justa. Segundo as descrições do autor, esta linha de água adota diferentes denominações ao longo do seu percurso.

Rio Simão (Travessa do) [200]

Segundo Reis (idem, 381), “une as ruas do Norte e do Padrão”.

No plano de reformas na nomenclatura das ruas da Villa (Valongo), onde são atribuídas designações às travessas existentes a partir da rua do Padrão, tendo como ponto de partida a que fica em frente à casa dos Senhores Saldanhas, foi a quarta designada por ‘Travessa do Rio Simão’”87 cuja designação se mantém.

Romeira [201]

Este lugar é referido pelo autor (idem, 359) na descrição das Fontainhas “Fontainhas derivado de fontes ou nascentes de agua. Antes de fazerem a Fonte da Rua e apanharem a agua lá, era a este logar, collocado em Vallongo entre a Valle e a Romeira, que ellas vinham sahir e rebentar em fontes. A calçada que ahi se vê foi mandada fazer pela Camara Municipal em 1840”.

Ao se referir ao Ribeiro de Guistelas, o autor (idem, 371-372) descreve que o mesmo “Passa pela Fonte da Rua, vem ás Fontainhas e, segue n’um aqueducto, feito em 1840, para o logar do Lodeiro, onde entra no Ribeiro da Ponte Carvalha”.

Este lugar é localizado nas proximidades da Capela de Nossa Senhora da Hora.

Rua (Logar da) [202]

Reis (idem, 202) localiza o Logar da Rua, em Alfena, “recolheram-se a Alfena, diz-se, por ser d’aquella freguezia o administrador de então, e ahi celebraram varias sessões no logar da Rua, na quinta de uma tal D. Helena, na primeira das quaes deliberaram representar ao ex.mo administrador geral a respeito dos insultos feitos á camara por uma parte dos habitantes de Vallongo no dia 18 de abril, e na sessão de 18 de junho chamam villa a Alfena”.

No boletim n. º3 da Al HENNA,88é identificado o Logar da Rua e a Quinta de D. Helena ou Paço de Alfena e, de acordo com os autores o portal desta quinta foi demolido no início dos anos 90 do século XX.

S. Bartholomeu [203]

É localizado pelo autor em Susão, próximo da Abelheira. No lugar existe a Capela de S. Bartolomeu.

Na folha 111-Paredes-Paços de Ferreira, da Carta Militar de Portugal, de 193589 é identificado este topónimo conforme descrito pelo autor.

S. Mamede (Rua de) [204]

Segundo o autor (idem, 377), a “Rua de S. Mamede comprehende a rua do Sapal desde a

87 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00019, vereação de 06 de Agosto de 1890, fls. 178v-179v

88 MAMEDE, A. et al., 2019, 11-13

89 SERVIÇOS CARTOGRÁFICOS DO EXÉRCITO, 1935

Senhora das Neves e Ponte Carvalha até á rua Nova. Por ella passava a antiga estrada real mandada calcetar pela camara em 1838”.

Em 192890, procedeu-se à alteração da denominação de parte desta via, para Rua Dr. Nunes da Ponte.

S. Martinho do Campo | S. Martinho de Vallongo [205]

S. Martinho de Campo corresponde a uma antiga paróquia que esteve na origem da freguesia de Campo, em Valongo.

De acordo com as referências do autor (idem, 106), “já ha memoria d’ella no anno de 897, sendo conhecida por S. Martinho de Vallongo”, formando freguesia juntamente com Valongo.

Salto [206]

A informação fornecida por Reis sobre este local não permitiu, por si só, aferir a sua localização, mas uma vez cruzada com as Memórias Paroquiais de 175891, referentes ao segundo interrogatório à freguesia de Sam Mamede de Vallongo, aferiu-se com segurança tratar-se do lugar designado por Alto do Castelo, localizado na margem direita do rio Ferreira, na Serra de Santa Justa.

Reis (idem, 172) menciona o Salto nesta passagem, “em quanto procurava avançar pela esquerda do exercito miguelista com a sua companhia para tomar posição no logar d’ Azenha, adeante da Chão, no caminho do Salto, viu-se cercado por grande numero de inimigos. Dava-se este facto na quinta, do snr. Francisco Seara pouco mais ou menos”.

Nas memórias Paroquiais (Capela et al, 2009, 704), supracitadas, é dito: “Nam tem rio, só sim hum regato que começa à dita aldeia do [Suzara] e paça no meio do lugar, no sitio chamado a Ponte Carvalha. (Ribeiro Simão) Outro Regato que começa no sitio chamado [Vilar-mofrisco], e paça no fim do lugar, no sítio chamado a Ponte da Preta, (Presa) cujas pontes se andam fazendo. (Ribeiro da Presa) Só correm com violência em tempos de Inverno e se vão juntar com o rio da Ponte Ferreira, no sítio que chamam o Salta. Com estas agoas dos ditos regatos moem alguns muinhos”.

Este excerto descreve o ribeiro Simão, que passa no centro da cidade de Valongo, e o Ribeiro da Presa que vem de Susão, e se juntam na Ilha formando o rio Simão. Por sua vez este desagua no rio Ferreira, junto ao Alto do Castelo – Salto.

Sanjomil [207]

Sobre este local, Reis (idem, 67) apenas menciona, referindo-se aos fenícios, “E assim entraram no rio Souza e d’ este no Ferreira até chegarem a Aguiar e a Sanjomil d’onde começaram a explorar o ouro dos montes”.

90 AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00026, vereação de 26 de novembro de 1928, fl. 127

91 CAPELA et al, 2009, 704

Este lugar é referenciado em 1519 no Foral Manuelino de Aguiar de Sousa92 como Sam Jomil e, nas Memórias Paroquiais de 1758 como São Jemil (Capela et al, 2009, 695), descrito assim: “Povoas, que consta de quatro vezinhos ou fogos, São Jemil, que hé hum valle e tem em si repartidos o lugar do Outeiro, Corredoura, […] Aldea e Quintão”

Este local é referenciado num mapa de 188093 como S. Jemil e, na carta militar de 193694 como Alto S. Jemil.

Atualmente, encontramos este topónimo em Campo, associado à Rua de S. Gemil.

Santa Justa (Rua) [208]

Segundo Reis (idem, 377) a rua de Santa Justa “era a rua da Açuda que se chamou assim por ser por ella que se subia para o monte e capella d’aquelle nome”.

Encontramos, na atualidade, a rua de Santa Justa na continuidade da Rua Dr. Cândido, até entroncar com a N209.

Ver “Açuda [2]”

Santo Antão (Rua de)

Segundo Reis (idem, 120), “Chama-se rua de Santo Antão, a rua velha desde a Fonte até á capella da Senhora da Hora ou Estrada Velha” “que por muitos anos foi conhecida por rua da Picota”.

É a atual Rua Sousa Pinto.

Ver “Velha (Rua) [237]” e “Picóta (Rua da)”

Sapal (rua do)

Segundo o autor (idem, 376-377), era “chamada assim, porque quando foi aberta, era seu solo mais baixo talvez metro e meio, o que fazia com que este logar fosse pantanoso. Em 1834 tinha 38 casas”. Refere também que “comprehende a rua do Sapal desde a Senhora das Neves e Ponte Carvalha até á rua Nova. Por ella passava a antiga estrada real mandada calcetar pela camara em 1838” (ibidem).

Corresponde à atual Rua de S. Mamede, em Valongo.

Ver “S. Mamede (Rua) [204]”

92 Valongo, como concelho, só existe a partir de 1836. Em 1519, Campo pertencia a Aguiar de Sousa.

93 Mapa topográfico de 1880 [consult. 19 setembro 2023] Disponível em http://goo.gl/WDUT4V

94 SERVIÇOS CARTOGRÁFICOS DO EXÉRCITO, 1936

Senhor da Oliveira [209]

O autor refere o Senhor da Oliveira, na descrição da Travessa do Dr. Netto.

Sobre este lugar também apontou que “como reliquia das épocas antigas de crença e fé, que tanto sublima e enobrece, está também na juncção das ruas Fernandes Pegas e Padrão, a cruz de N. Senhor da Oliveira com a pintura da imagem de Jesus Cruxificado, já bastante apagada. Chama-se assim, porque em tempos idos existiu alli uma oliveira que assombrava com as suas espessas frondes os braços da bella cruz” (idem, 381).

O Senhor da Oliveira situa-se na Travessa Jorge Malta.

Senhora das Neves (Rua) [210]

Refere o autor (idem, 377) que a “Rua da Senhora das Neves foi a rua de S. Mamede” na qual foram registados 27 fogos no séc. XIX.95

Ver “S. Mamede (Rua) [204]” e “Praça D. Luiz I | Praça de Nossa Senhora das Neves | Campo de N. Senhora da Luz [167]”

Senra | Senhora ou Senra (Rua da) [211]

Sobre este lugar, Reis (379-380) escreve “é um logar de Vallongo ao norte do Sapal, para onde se ia antigamente por um caminho que seguia por detraz da casa do snr. Joaquim de C. Neves Fernandes. Deriva, este nome da palavra Senhora, que, em breve, se escreve com as mesmas letras de Senra. Depois de passada a Ponte Carvalha, era esta rua que conduzia á capella de N. Senhora da Luz, pelo que se chamou rua da Senhora ou Senra. É isto muito natural, porque, assim como de Vallongo derivou Valgo e Valga, assim de Senhora podia derivar Senra. No portuguez antigo Senra tambem significa seara, mas não parece que aqui tivesse esse nome semelhante derivação”.

Encontramos na área descrita pelo autor atualmente a Viela da Senra que deriva da Rua Conde Ferreira (N15) junto à antiga escola primária com o mesmo nome.

Ver “Ponte da Senra [162]”

Serra da Cuca-Ma-Cuca

Segundo o autor (idem, 92), os mouros chamavam “á serra de Santa Justa, serra da Cuca, e também por elles foi dado ao extremo occidental d’ essa serra o nome de Olho do Corvo que ainda hoje conserva, tendo todos uma predllecçao excepcional pelas escarpadas penedias que estavam dissiminadas pela vasta extensão do monte, às quaes com os raios do sol, brilhavam com um luzimento imenso e produziam as pérolas valiosas que engrinaldavam os vestidos das donzelias agarenas”.

Reza a lenda que, afugentados pelos cristãos os mouros suspiravam “Fica-te para ahi, serra de Cuca-Ma-Cuca, onde os pastores atiram com o ouro a suas cabras, julgando ser pedras” (idem, 92).

95 REIS, 1904, 196

Perdura na memória a ladainha: Serra da Cuca-Ma-Cuca, Grande pena me deixaes; Atiraes com’ o ouro ás cabras? Não sabeis com qu’atiraes.

Ver “Serra da Santa Justa [214]”

Serra da Hucha [212]

Tendo por base o elencado na descrição e mapa dos limites administrativos entre a Freguesia de Valongo e S. Pedro da Cova, em Gondomar, e ao facto de, na margem direita do rio Ferreira, no concelho de Valongo, existir o Moinho da Ucha, ousamos apontar que à Serra da Hucha corresponderá esta parte da serra.

Ver “Rego do Poço [183]”

Serra da Murta [213]

Descreve o autor (idem, 378) que a serra da Murta se localizava “acima do Gallinheiro. Tomou o nome talvez de em tempos passados crear murta. Hoje não sei se a tem”.

Serra da Santa Justa [214]

Sobre este local o autor (idem, 379) refere “com a altura de 333 metros, deriva o nome da capellinha que ahi demora dedicada à mesma santa. Fica ao sul da villa e é um ramo da Serra da Cadella (Pinho Leal). Foi n’esta serra que os romanos mais exploraram os jazigos de ouro e prata que alli existem em grande abundancia, sendo vestígio d’ essas explorações uma lapide funerária (III secuIo?) que se encontra no museu municipal do Porto com os seguintes dizeres: D. M.

FLA. VS. B.

RA.F. AN

XXXX

H. S. EST.

Que quer dizer: Aos deuses Manes - ou honra ás alma dos defuntos. Aqui está sepultado Flavio, filho de V S... B... R.A... de 40 annos”.

Reis refere-se a uma lápide funerária, em xisto, que se encontra depositada no Museu Soares dos Reis. Ver “Serra da Cuca-Ma-Cuca”, “Serra do Castro” e “Serra da Hucha [212]”

Serra da Senhora das Chãos | Monte de N. Senhora das Chãos [215]

Segundo Reis (ibidem), a Serra da Senhora das Chãos “é aquella em que fica, a capella do mesmo nome. Tem a altura de 264 metros”. Também assumiria a designação de Monte de Nossa Senhora das Chãos, sendo conhecida por “Serra de Vallongo” por vários autores (idem, 14).

Curiosamente, nas Memórias Paroquiais de 1758 é referido, na descrição da freguesia de Valongo (Sam Mamede de Vallongo) que a mesma “começa vindo da cidade do Porto, no sitio chamado a Serra da Senhora das Chais ou do Porto e acaba no sítio chamado Cabalo Morto” (Capela et al, 2009, 704).

Apontamos a Serra da Senhora das Chãos a elevação onde se localiza a capela com o mesmo nome.

Ver “Serra do Porto” [220]”

Serra de Mathosinhos [216]

Segundo Reis (idem, 378) “é a parte do monte ao pôr do sol de Vallongo que fica na direcção de Mathosinhos”.

Consideramos que a esta serra corresponde a elevação designada por Monte Gadelho. Ver “Ribeiro de Cambado [190]” e “Costa de Caledoellas ou Caldoéllas [58]”

Serra de Sobrado | Monte de Sobrado [217]

Sobre estes topónimos, Reis (idem, 379) fez várias alusões: “É o monte que fica no caminho d’aquella freguezia”, “Valle de Acha e Contensas pelo Susão de onde voltava ao nascente na encosta do monte de Sobrado” (idem, 99) e “estrada que todos os tranzeuntes seguiam n’essa epoca vinha de Valselhas na encosta da Serra de Sobrado até ao Susão” (idem, 127).

Acrescenta ainda que “Antigamente, durante todo o anno abundantes, tornavam-se torrenciaes no inverno, pelo que muitas vezes os almocreves que passavam em Vallongo, quando se não podiam demorar por dias á espera que a agua diminuisse, seguiam outro caminho, embora mais longo e já detereorado, que ia na encosta do monte de Sobrado à Bouça Queimada, de onde, a deante, passavam para Valselhas e Ponte Ferreira” (idem, 138).

Fez referência também à Mina de Ramos, aberta em 1899, localizada no Monte de Sobrado. 96

Ver “Sobrido [223]”

Serra de Vallongo

Ver “Serra da Senhora das Chãos | Monte de N. Senhora das Chãos [215]

96 REIS, 1904, 338

Serra do Castello | Monte do Castello [218]

Reis (idem, 101) descreve que “Nos montes do Suzão ha o alto de Castello chamado assim por ahi haver uma fortificação de que ainda se veem vestígios”, localiza a Serra do Castelo como “a parte do monte a nordeste do Susão, onde ha vestigios de um antigo castello” (idem, 378).

Estas referências apontam para que a Serra ou Monte do Castelo correspondam às elevações a nordeste da Capela Velha do Susão, confirmadas por esta referência feita pelo autor (idem, 352): “Bayanca - palavra antiquada que significa barranco, é o logar no Susão proximo ao monte do castello e no fim da rua que segue da capella”.

Serra do Castro

A serra do Castro é mencionada na descrição dos limites entre a freguesia de Valongo e S. Pedro da Cova, estando identificada no mapa que acompanha esse processo, de 1903.97

Interpretamos que a Serra do Castro corresponde a Serra de Santa Justa pois é comum as denominações surgirem das caraterísticas identitárias dos locais. Cremos que a denominação Serra do Castro surge nesta lógica, sendo uma forma de a identificar por algo que agrega.

Ver “Rego do Poço [183]” e “Castro ou Crasto [45-46]”

Serra do Monte Alto [219]

Segundo Reis (idem, 378), “é a parte do Monte da Senhora das Chãos, onde passa o antigo caminho para Fanzeres”.

Monte Alto é referido nesta passagem: “No seculo 4.º tambem começou a abrir-se o caminho para o Porto ou Cale pelo Monte Alto, Fanzeres e Campanhã e a ligar-se a via militar desde o Susão para a Gallecia (Agra de Gallegos), concorrendo todas estas relações com as differentes terras visinhas para o aumento da povoação de ValIongo” (idem, 75).

A Serra de Monte Alto corresponde à elevação denominada por Montalto.

Serra do Porto [220]

Descreve o autor (idem, 378) que é “a que fica na direcção d’aquella cidade e principalmente aquella parte onde passa a antiga estrada. A calçada que por ella acima se vé foi feita em 1841”, durante o mandato do Presidente Joaquim da Fonseca Dias98 .

A mesma é referida nas Memórias Paroquiais de 1758 na descrição da freguesia de Valongo (Sam Mamede de Vallongo): “começa vindo da cidade do Porto, no sitio chamado a Serra da Senhora das Chais ou do Porto e acaba no sítio chamado Cabalo Morto” (Capela et al, 2009, 704).

Ver “Serra da Senhora das Chãos | Monte de N. Senhora das Chãos [215]

97 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. M/B/002/0725/023

98 REIS, 1904, 205

Serra do Raio [221]

Ao longo da obra do padre Reis são várias as menções à Serra do Raio. Cruzando a informação associada somos a inferir que se trata da Serra de Pias. Eis alguns apontamentos: “Serra do Raio, os montes que se elevam a leste do Salto” (idem, 379), “No cume da Serra do Raio, nas vistas de Aguiar de Souza, existe uma cisterna oval que tem na maior largura quatro metros e na menor dous com a profundidade de quasi tres, onde a agua é tanta que nunca secca” (idem, 57) e “N’esse tempo já seguiria pela Milharia, que tomou o nome de um marco milliario que ali existiu, uma estrada romana de segunda ordem, que indo na encosta N. E. da Serra Raio chegava a Aguiar de Sousa e servia para transportar para o Douro (rio) os mineraes que d’ahi embarcavam para Cale e depois Roma” (idem, 71).

Silveira (Rua da) [222]

Segundo Reis (idem, 377) “é a que desde a Praça de D. Luiz I segue a estrada das Minas inglezas”, correspondendo à atual Rua Visconde Oliveira do Paço.

Sobrido [223]

Sobrido é identificado como o “monte na passagem do caminho de Sobrado. Sobrido e Sobrado derivam de sobreiral ou mata de sobreiros” (idem, 380).

Este lugar é identificado na Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo99, a norte do lugar do Valado, onde atualmente encontramos o hipermercado Continente e a Biblioteca Municipal de Valongo.

Sol (Rua do) [224]

Segundo Reis (idem, 377) a “Rua da Sol é a rua que até 1888, se chamou rua de Traz cuja calçada de que ainda ha vestígios foi mandada fazer em novembro de 1838” e foi “chamada assim por ficar pelo lado posterior dos predios que fazem frente para a rua da Portella” (idem, 378).

Em 1971, foi aprovada a alteração da denominação da Rua do Sol para Rua Joaquim Marques dos Santos.100

Solgidro | Sógidro | Sãogidro [225]

Sobre este lugar, Reis (idem, 380) escreve “É um logar occupado por campos a oeste da estação do caminho de ferro, cujo nome deriva de Santo Izidóro ou Izidro a quem nos tempos antigos alli foi dedicada uma capella. Antigamente a estrada, ou caminho bastante mau, que ligava o Porto com Traz-os-Montes, ia de Vallongo ao Susão e na encosta do monte seguia para S. Martinho; pois foi junto d’esta estrada e n’aquelle sitio que existiu essa ermida de que hoje nem vestígios ha”.

99 Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo. Escala 1:5000, s/d

100 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00757, vereação de 05 de janeiro de 1971, fls. 87-87v

Na área referida pelo autor encontramos o topónimo Solgidro associado a uma rua, localizada entre a Estação de caminho de ferro de Valongo e Agra de Galegos.

Sousa Paupério (Rua de)

Ver “Nova (Rua) [146]”

Sousa Pinto (Rua de)

Ver “Velha (Rua) [237]”

Souto da Valle (Rua do)

Segundo Reis (idem, 378) corresponde a “alguns caminhos do logar da Valle assim chamados em 1580.”

Menciona este local na seguinte descrição “no fim do seculo XVI já podemos calcular mais ou menos aproximadamente o que era Vallongo, porque dos Livros do Registro Parochial, existentes na Residencia de Penafiel se collige que n’essa epocha já existiam as ruas Velha e Nova até junto do Ribeiro da Ponte Carvalha, bastante povoadas, e as ruas da Egreja, Santo Antão, Valle ou Souto da Valle, Escoural, do Adro, da Senra ou Senhora, da Calçada ou Calçada em cima, rua Direita abaixo da Egreja, Campo da Senra ou Senhora da Luz” (idem, 132).

Atualmente, o topónimo Vale surge associado à Rua da Vale.

Ver “Valle | Rua [230]”

Suavinha [226]

Reis (idem, 380) descreve como sendo o “logar no Susão a leste do Lagegedo” (entendemos que se refere a Lagêdo – Lugar do Túmulo).

Na área descrita encontramos o topónimo designando nome de rua – Rua da Suavinha.

Ver “Lagêdo [105]”

Susão | Vallongo Sussaão | Valongo de Cima [227]

Segundo o autor (idem, 45-46), “os fundamentos da nobre Villa de Vallongo, que, segundo uma tradição antiga, nunca interrompida e que chegou até nós, começou a ser habitada no Iogar do Susão por uma mulher chamada Susanna que no tempo dos romanos para aqui veio desterrada”, acrescentando que “já viúva, esta Susanna constituiu com seus filhos, aos quaes se vieram juntar outras familias, um pequeno povoado que começou a ser conhecido pelo nome de Paqus Susannus, aldeia Susanna, que com o decorrer, que com o decorrer do tempo e variação da língua se mudou em Susanno e depois Susão” (idem, 50-51).

Mais refere que “quer na inquirição feita por Pero da Cunha Senhor do Maia, acerca dos fóros reaes que se pagavam n’esta terra e que está nos Autos sobre direitos reaes e da Ordem de Christo […] quer na Carta do Foral datada de Evora aos 15 de dezembro de 1519 só se falla em

Vallongo da Estrada e Vallongo Susão (Vallongo da Estrada e aldea de Vallouguo susaão no primeiro e Valongo da estrada e aldea de Valongo Sussaão no segundo d’estes documentos)” (idem, 53).

Noutro momento, refere que no Livro das Inquirições é dito “que sendo chamado a declarar quaes os reguengos que conhecia na sua freguesia um indivíduo de Ermezenda (Ermezinde) chamado Domingos Trabotão disse que o Senhor rei tinha muitas herdades no logar chamado Vallongo de Cima e que as possuíam indivíduos do mesmo logar os quaes não pagam por ellas, senão o que querem; e disse mais que no logar que se chama Vallongo de baixo tem também o rei um casal e o possuíam indivíduos do mesmo logar os quaes não dão opor elle senão o que querem” (idem, 115).

Mais aponta que “no Livro Grande da Câmara do Porto se distingue Vallongo Susão, falando d’aquelle sem quanlificativo algum (Vallis longus e Vallis longus Supernus)” (idem, 116).

Ver “ Caledoel | Caledoellas [29]” e “Vallongo da Estrada | Valongo de baixo [235]”

Traz (Rua de)

Ver “Sol (Rua do) [224]”

Valga [228]

Reis (idem, 381) descreve Valga como sendo “abreviatura de Vallongo, como Valezim; Valselhas, Valgode, Valiqote, Valizellos, Valjada, Valleqa, Valleqoes, etc., teem este nome todos os terrenos que acompanham a linha norte-sul ao lado nascente da Estrada de Alfena desde Fontellos no Susão até ao Calvario”.

Na descrição da Capela do Senhor do Calvário refere que “existia desde tempos antigos no logar de Valga um monte com o nome de Calvario, como se encontra em muitas freguezias, sobre o qual repousavam tres cruzes” (idem, 265-266).

Este lugar é identificado na Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo101, na envolvente do apeadeiro de Susão, e na proximidade do Monte do Calvário. Ver “Monte Calvário [134]”

Vallado [229]

O autor (idem, 381) descreve como sendo o “Valle largo entre Lameira Ferreira e o monte de Sobrado”, atravessado pelo “Ribeiro do Vallado é o que passa no logar d’este nome e vae deseguar no de Lameira Ferreira” (idem, 372).

Este lugar é identificado na Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo102. O topónimo persiste no lugar designando nome de rua e escola.

101 Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo. Escala 15000, s/d

102 Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo. Escala 1:5000, s/d

Valle | Rua do [230]

O autor (idem, 359) menciona o topónimo ao descrever o lugar das Fontainhas: “Antes de fazerem a Fonte da Rua e apanharem a agua lá, era a este logar, collocado em Vallongo entre a Valle e a Romeira, que ellas vinham sahir e rebentar em fontes”.

Valle surge mencionado na seguinte descrição: “Rua da Estrada Velha é a que vae desde a Estrada nova na Valle até á Boa Vista. Hoje chama-se Marques do Rocha” (idem, 375).

Há referências também à Rua do Valle “composta pela camara em 1839, e já existia em 1590” (idem, 378) e à Rua do Souto do Valle, correspondendo, segundo o autor, a “alguns caminhos do logar da Valle assim chamados em 1580” (ibidem).

Reis (idem, 132) ainda refere que “No fim do seculo XVI já podemos calcular mais ou menos aproximadamente o que era Vallongo, porque dos Livros do Registro Parochial, existentes na Residencia de Penafiel se collige que n’essa epocha já existiam as ruas Velha e Nova até junto do Ribeiro da Ponte Carvalha, bastante povoadas, e as ruas da Egreja, Santo Antão, Valle ou Souto da Valle, Escoural, do Adro, da Senra ou Senhora, da Calçada ou Calçada em cima, rua Direita abaixo da Egreja, Campo da Senra ou Senhora da Luz”. Atualmente, o topónimo Vale surge associado à Rua da Vale.

Valle de Acha ou Axa [231]

Encontramos atualmente o topónimo Vale de Achas associado a uma rua junto à saída da A4, em Valongo.

Reis (idem, 99-100) descreve: “Havia, quando a estrada chegava ao terreno plano, o palacio de uma mulher mourisca chamada Acha ou Aicha, de quem o Iogar tomou o nome de Valle de Acha, a qual, vendo em fuga as tropas de seus irmãos, sahiu-Ihes ao encontro e com as palavras mais do que com as acções os animou a fazer frente aos christãos na planicie que de ante d’elles se estendia. Sobre esta fuga acrescentou “precipitando-se os mouros n’uma desordenada fuga pela encosta abaixo e seguindo o grosso do exercito o caminho que n’esse tempo ia do Monte Alto pela Açuda, Escoural, Senhora da Hora, Valle de Acha e Contensas pelo Susão de onde voltava ao nascente na encosta do monte de Sobrado” (ibidem).

Vale de Acha é apontado como local de grande abundância de ouro e prata: “Estas projecções, resultado de um violento impulso do nucleo central, fizeram enriquecer estes montes de grande abundancia de ouro e prata e déram origem ás minas de Ribeiro de Egreja, Valle de Acha Outeiro do Linho, Lagueirões e Schercek” (idem, 9).

Valle de Amores [232]

Segundo o autor (idem, 382), “chama-se assim o logar onde estão as minas de ardósia do mesmo nome entre a estação do caminho de ferro e o Monte de Sobrado. Tomou o nome de um d’esses idylios amorosos em que a edade media tão abundante foi”.

Este lugar é identificado na Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo103, a montante da Estação de Valongo.

O topónimo perdura designando a Rua Vale de Amores, em Valongo.

103 Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo. Escala 1:5000, s/d

Valle longo | Vallis longus | Vallongo [233]

Sobre este vale, Reis (idem, 11) escreve: “ficando por fim este valle, que pela sua grande extensão se chamou Valle longo, constituido com a forma de um triangulo obtusango” e “chegou ao alto do monte de onde se descobre esse valle immenso que mais tarde se devia chamar Valle longo ou Vallongo” (idem, 50).

Mais apontou que Valongo deriva de Vallis Longus, termo utilizado pelos romanos em fuga: “Diz-se que cançados de correr os soldados romanos diziam esbaforidos: vallis longus,! vallis longus! de onde derivou a denominação que a villa tem de Vallongo” (idem, 79).

Valles [234]

Refere o autor (idem, 382) que “Valles é um logar do Susão também chamado o Souto”.104

Identificamos, no Susão, o topónimo Souto a designar nome de rua e travessa, na envolvente ao Largo do Souto. Neste largo convergem as vias: Rua da Fonte, Rua Bairro do Poças, Av.ª Eng.º Armando Magalhães, Rua Padre Miguel Paupério do Vale.

Valongo da estrada | Valongo de Baixo [235]

É assim designado Valongo no Foral da Maia, datado de 1519, documento onde são descritas regras de administração do território, deveres e privilégios: “E o que pagam os moradores de Valongo da estrada entre si é o seguinte – Item Diogo Fernandes paga de pão meado pelo seu quinhão que traz do reguengo de que é herdeiro um alqueire e um frangão e dez ovos e oitava de capão com os seus ovos e três reais” (Marques, 2019, 157).

Segundo Reis (1904, 115) no livro das Inquirições realizadas durante o reinado de D. Afonso III, é feita alusão a um individuo chamado Domingos Trabotão, de Ermesinde, que “disse que o Senhor rei tinha muitas herdades no logar chamado Vallongo de Cima e que as possuíam indivíduos do mesmo logar os quaes não pagam de fôro por ellas, senão o que querem; e disse mais que no logar que se chama de Vallongo de baixo tem também o rei um casal e o possuíam indivíduos do mesmo logar os quaes não dão por elle senão o que querem”.

Ver Susão | Vallongo Sussaão | Valongo de Cima [227]

Valselhas [236]

Reis (idem, 127) refere que é “a estrada que todos os tranzeuntes seguiam n’essa epoca vinha de Valselhas na encosta da Serra de Sobrado até ao Susão”.

Na carta militar de 1936105, é apontado o topónimo “Vale de Celhas” e, na carta militar de 1949106 “Valcêlhas”.

104 REIS, 1904, 382

105 SERVIÇOS CARTOGRÁFICOS DO EXÉRCITO, 1936

106 SERVIÇOS CARTOGRÁFICOS DO EXÉRCITO, 1949

Velha (rua) [237]

Como refere Reis (idem, 377-378), a “Rua de Sousa Pinto é a Rua Velha que em parte tem talvez mil anos de existência. Devido a várias enchentes as águas do ribeiro de Guistelas tinham amontoado nela tanta quantidade de entulho que um dos primeiros atos da câmara municipal, quando Valongo foi elevado a concelho, foi mandar desentulhar esta rua (16.1.1839). Nos nossos dias já isto tem acontecido várias vezes”.

Segundo o autor (idem, 54), esta rua é anterior a 1590, uma vez que é citada num assento de batismo: “N’um documento datado de 1590 […] está o assento do baptismo de um individuo, filho de paes moradores no logar de Mosqueiros no Vallongo Susão […] ao mesmo tempo falla de muitas ruas de Vallongo propriamente dicto que ainda hoje existem; como rua Nova, Escoural, Ponte Carvalha, rua Velha, Valle, etc” (idem, 54).

A esta via o autor associa outras denominações: “Foi então que a Vallongo foram dados foros de villa e n’ella foi creada a Picota ou Pelourinho que ficou estabelecida na rua de Santo Antão que por muitos annos foi conhecida por rua da Picota. […] Chama-se rua de Santo Antão a rua velha desde a Fonte até á capella da Senhora da Hora ou Estrada Velha” (idem, 120).

A Rua Velha é a atual Rua Sousa Pinto.

Villa Nova

Segundo o autor (idem, 382), “Villa Nova, chamou-se antigamente assim ao lugar da Presa hoje Bairro da Estação talvez pela semelhança que tem com a Villa Nova de Gaia, limites do Porto, que fica para além do rio Douro”. Ainda segundo o mesmo autor (ibidem), em nota de rodapé, menciona que “há um aforamento feito a Joaquim de Sousa Adão, em 1786, que lhe chama Villa Nova da Presa”.

Villa Nova corresponderá, assim, à área envolvente à Estação de Caminho de Ferro de Valongo e da Presa.

Ver “Bairro da Estação [13]” e “Presa [168]”

Virella [238]

Encontramos, em Susão, o topónimo Virela, associado a uma rua e respetiva travessa. Está identificado na Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo107 a oeste de Calfuntão.

Segundo Reis (idem, 382), Virela corresponde aos “campos e montes abaixo da quinta de Pestana para o lado do Susão. É corrupção talvez do logar de Villela de que falla o Liv. G. da Cam. do Porto. Virella de Baixo, logar inferior ao logar da Virella”, referindo também a “Chão da Virella - a planicie contigua ao terreno que tem aquelle nome” (idem, 356).

Refere também o lugar de “Virella de Baixo”, localizando-o abaixo do “logar da Virella” (idem, 382).

107 Planta Topográfica da Região Ardozífera de Valongo. Escala 1:5000, s/d

Virella de Baixo [239]

Indica o autor ser o “logar inferior ao logar da Virella” (ibidem).

Visconde Oliveira do Paço (Rua do)

Segundo o autor (idem, 378), “é a rua que da Praça D. Luiz I segue para Ilhar Mourisco no caminho de Sobrado d’onde era natural o mesmo visconde. Foi aberta e reformada em 1890”.

Este topónimo ainda perdura, designando a via descrita.

Ver “Silveira (Rua da) [222]”

Xavier (Travessa do) [240]

Segundo Reis (idem, 381), “une as ruas do Norte e do Padrão”.

No plano de reformas na nomenclatura das ruas da Villa (Valongo), onde são atribuídas designações às travessas existentes a partir da rua do Padrão, tendo como ponto de partida a que fica em frente à casa dos Senhores Saldanhas, foi a segunda designada por ‘Travessa do Xavier’”.108

A Travessa do Xavier corresponde atualmente à Travessa da Chaviela.

Locais referenciados pelo autor, mas não localizados (à data da edição):

Adro (Rua do); Agra Fontenelha; Bacêllos (Susão); Borbulhão (senra); Cachada do Seixo; Campo da Vinha – junto ao ribeiro da Senra; Campo das Valles; Campo de Redond; Carqueijeira; Carvalho torto; Casa do Tintureiro; Cavada da Pintora; Cavada da Serra; Cavada da Telha; Chão da Ravilla ou Ravilha; Chão de Caledrões; Chãos (Centiães); Choupelim; Direita (Rua); Fojo; Fonte da Passagem; Furna da Cana (Bacelos); Giesta; Minas de Lagueirões; Minas do Outeiro do Linho; Moinhos de Cima; Padrão do Escorial; Pardilhas; Passal; Pena do Bico; Penedo Rachado; Penedo Real, Penêdos Domingos; Pereiros, Pomarinho; Portella das Chãos; Presa de Guistela; Quélha; Quelha do Jogo; Quélhas; Retiro; Ribeirão; Talhóz; Toutiçal; Valle de Pinha; Valle do Inferno; Vessadas.

108 PT/AHMVLG. Câmara Municipal de Valongo. B-A/002/00019, vereação de 06 de Agosto de 1890, fls. 178v-179v

RECONHECER A PAISAGEM CULTURAL109

Perante os elementos recolhidos durante a preparação do livro sobre Os Romanos em Valongo110 , e que foram assumidos como marcas evidenciadas no território, pareceu-nos possível ter a ousadia de usá-los para apontar alguns “momentos” diferenciadores e que, para além do evidenciado pela pujante presença romana, se salientaram e perduraram ao longo dos séculos. Muitas das marcas ainda são reconhecidas por qualquer olhar cuidadoso, mais facilmente se o olhar for treinado, muito melhor se estiver educado e for desafiado.

Para a identificação destas marcas que, na nossa opinião, permitem reconhecer aqueles que foram “momentos” determinantes na construção da paisagem cultural do território do concelho de Valongo, foi importante o trabalho documental que reunimos, e conjugámos, de modo a constituir este volume que intitulamos Contributo para reconhecer lugares e topónimos de Valongo, agora publicado na sequência do primeiro livro.

Para além das marcantes evidências arqueológicas e arquitetónicas, procuramos também acolher os indícios imateriais que perduraram, que parecem invisíveis, geralmente muito débeis. Tentou-se perscrutá-los através da toponímia e da influência da qualidade dos solos sobre os costumes e o caráter dos habitantes, que apelidamos como “telurismo dos sítios”. Estas linhas de abordagem e investigação foram desenvolvidas por Cristina Madureira e Paula Costa Machado em dois capítulos deste segundo volume.

Em todo o trabalho de campo, considerado indispensável para desenvolver a análise do território, assim como fundamental para o reconhecimento dos lugares e dos topónimos, usamos fotografia aérea e cartografia, antiga e atual, embora salientemos as editadas em 1947 e 1948, recolhida e desenhada pouco depois da 2ª guerra mundial, num período em que os solos ainda não estavam muito alterados por intervenções intensas e sistemáticas para construção de edificado, e também não tinham sido muito revolvidos por trabalhos de florestação, os quais são, geralmente, feitos com insensibilidade patrimonial e ajudados pela modernização de máquinas capazes de revolver os solos cada vez de forma mais veloz e cada vez mais fundo. Para obser-

109 Trabalho de investigação documental e de campo realizado entre 2019 e 2024, por Lino Tavares Dias

110 DIAS, L.; MADUREIRA, C.; MACHADO, P. C.; & LIMA, A., 2022, apresentado em Valongo no dia 24 de novembro de 2022.

vação do espaço urbano de Valongo também usamos a fotografia aérea de 1939, assim como aproveitamos um mapa, desenhado em 1933, em que foram salientadas as estradas municipais e os caminhos vicinais. Também usamos um desenho preparatório do plano de urbanização da vila de Valongo, datado de 1955.

Perceber a estratigrafia da paisagem cultural de Valongo, através de marcas que podemos reconhecer ou induzir, foi o desafio que assumimos como contributo para conhecer melhor o território e, assim, ajudar a qualquer participação na discussão do futuro.

Embora não se suportem em estudos exaustivos, ao contrário do que o arqueólogo privilegia, podendo, por isso, correr o risco de alguma subjetividade, é possível associar esses “momentos marcantes na construção da paisagem cultural de Valongo” ao efeito transformante que tiveram no território, desenvolvidos em intervalos de tempo ante e post bem definidos, embora com diferentes durações.

Estes intervalos de tempo, ante e post, desde que sejam bem definidos, assumem-se como “momentos” em que, de facto, houve mudanças visíveis na forma de viver no mesmo território.

Em Valongo foram identificados nove momentos em áreas relativamente homogéneas e que se denotam pela estreita relação entre as características ecológicas de um espaço e as atividades humanas que nele se desenrolaram, exemplificadas e identificadas pelo património construído, geralmente reconhecido como arquitetónico e arqueológico.

Reconhecer e justificar o equilíbrio entre estas realidades, entre o trabalho e a vida do homem num especial período de tempo, continua a ser um enorme desafio para a investigação interdisciplinar.

As evidências identificadas na paisagem resultaram do casamento do trabalho do homem com a natureza, contribuindo para o reconhecimento da especificidade de uma paisagem cultural identitária. Assim, aquilo a que chamamos “momentos”, são manifestações que associamos ao tempo, suportados na história, assumidos como indicadores dos pontos fortes que se evidenciam, e que, por isso, podem ser verdadeiras chaves de leitura da paisagem. Com o reconhecimento destes “momentos” procuramos valorizar a modernidade contemporânea e assumir as exigências de rigor e de ética nas relações com o passado, dando sentido ao pensamento do Imperador Adriano no século II, expressos nas memórias romanceadas por Marguerite Yourcenar111, quando escreveu que “construir é colaborar com a terra; é por numa paisagem uma marca humana que a modificará para sempre; é contribuir também para essa lenta transformação que é a vida das cidades”.

111 YOURCENAR, M., 1974.

Os “momentos” marcantes na construção da paisagem cultural do território do concelho de Valongo

O “primeiro momento” que reconhecemos na paisagem natural da região de Valongo terá sido evidenciado pela construção de antas e mamoas, constituindo o que podemos designar por “planaltos dolménicos”, usados pelo homem para sepultar os seus mortos há cerca de cinco mil anos.

Embora não diga em que documentos se baseou, Joaquim Reis (1904,58) apontou que “ao monte que separa S. Pedro da Cova de Vallongo também chamam, em documentos antigos, Monte de Mamôas”. Também Fernando Lanhas112 referiu a existência de uma mamoa e um dólmen, já então monumentos desaparecidos, na área do sanatório de Monte Alto.

De facto, as condições geomorfológicas e a altimetria do planalto do “Monte Alto”, acima dos 300 metros, são adequadas à construção de antas com mamoas. Situações similares podemos identificar em planaltos, embora com altimetria em torno dos 250 metros, como por exemplo em Picoto, Alfena.

O “segundo momento” que marcou a paisagem cultural de Valongo é reconhecido pelo povoado identificado na Serra de Santa Justa, acima dos 300 metros, o mais antigo conhecido na região. Para esta hipótese contribui a altimetria do espaço de construção deste povoado, associado ao achado de materiais que podem ser enquadrados no longo período entre os 700 e os 500 anos antes de Cristo113. Embora existam condições geomorfológicas com condições para acolherem povoados noutras zonas do concelho, nomeadamente em Alfena, não são conhecidos vestígios que possam comprovar qualquer hipótese.

O “terceiro momento” neste território é reconhecido e identificado por outros povoados, que denominamos “castros”, identificados com a Idade do Ferro, implantados, predominantemente, sobre terrenos em torno dos 200 metros de altitude, certamente para responder às condições de vida que os outros povoados, mais antigos, porque situados em pontos mais altos e agrestes, não asseguravam. Estes castros instalados em terrenos mais baixos e edificados com recurso a novas técnicas de construção, acolhiam as populações com que se confrontaram os romanos, no século I antes de Cristo, quando chegaram a este território.

Não é muito elevado o número destes castros da Idade do Ferro identificados na região de Valongo114, o que permite pensar que estaríamos perante um território com pouca população, apesar de ser montanhoso e, por isso, favorável à implantação deste tipo de povoados. Mas, em contrapartida, a geomorfologia da região impunha vales húmidos e alagados, para além dos solos nas serras serem de fraca qualidade. Estas condições não facilitavam o trabalho de subsis-

112 O Arquiteto Fernando Lanhas realizou trabalhos de inventário e cartografou monumentos arqueológicos, nas décadas de 60 e 70 do século XX, no âmbito da então Junta Distrital de Entre Douro e Minho e do Museu de Etnografia do Porto, de que foi diretor. LANHAS, Fernando; BRANDÃO, Domingos Pinho. (1965).

113 DIAS, Lino, et al. 2022, 94-95.

114 Reconhecidos em Santa Justa e em Couce (DIAS et al., 2022, 94-113).

tência do homem castrejo, o que poderia justificar o reduzido número de castros identificados no século I antes de Cristo neste território.

O “quarto momento” é reconhecido pela intervenção romana que foi muito marcante na paisagem cultural de Valongo. No final do século I antes de Cristo e no início do século I depois de Cristo, certamente atraídos pela riqueza mineira, funcionários e militares romanos terão iniciado intervenções neste território. Embora não saibamos quais foram os caminhos usados pelos romanos para chegar a Valongo, foram impulsionados a partir da, então, recente, mas afirmada, capital Bracara Augusta. A partir desta nova cidade criada pelos romanos como capital política e administrativa, procuraram construir um caminho que estivesse a salvo das dificuldades que os ribeiros e rios colocavam, quer porque alagavam as terras baixas, quer porque a sua travessia complicava a vida a quem viajava. Julgamos que o primeiro caminho foi traçado de modo a que pudessem chegar aos castros situados na serra de Santa Justa e em Couce, acima dos 200 metros de altitude. Esse caminho terá ajudado e servido para que o primeiro povoamento romano em Valongo fosse construído em torno dos 160 metros de altitude, no sítio atualmente conhecido por rua Velha.

Mas, a exploração mineira, que foi a principal preocupação da atividade romana, obrigou à intervenção de muita mão de obra, de trabalhadores mineiros e operários115 que não abundariam na região, o que exigiria a deslocação de gente oriunda de outras regiões. Durante o século I, para além da construção de casas romanas, também os castros terão tido aumento de habitantes. No sopé da encosta nascente da serra de Santa Justa, na zona da Ivanta, já foi parcialmente escavado um conjunto de construções ligadas à exploração mineira. Outro núcleo pode ter existido na margem esquerda do rio Ferreira, antes da confluência da ribeira de Santa Baia, em frente ao alcandorado sítio do Alto do Castelo.

Os sítios que ainda hoje no território de Valongo são designados com o topónimo “castelo” podem ter tido, a partir de então, um papel importante como locais estratégicos para a administração romana.

O que podemos denominar como “momento romano” também marcou o território de Valongo com muita intervenção agrária que, ao longo dos séculos, certamente a partir do século II depois de Cristo, terá organizado um parcelário das terras em toda a região, desmatando gradualmente os sopés dos montes e agricultando os vales, entretanto limpos e lavrados.

Este parcelário das terras terá criado um povoamento agrário disperso que, certamente, predominou ao longo de séculos, e que a análise de fotografia aérea feita durante a segunda guerra mundial permite-nos afirmar que no séc. XX ainda era identificável em muitos espaços trabalhados tradicionalmente pelos lavradores porque, curiosamente, usavam a tração animal bovina, para ararem e revolverem as terras, do mesmo modo que os lavradores romanos e medievais.

115 Operários indispensáveis para garantir o fabrico e manutenção das ferramentas necessárias para a abertura de galerias e a exploração mineira. Eram, por exemplo, caldeireiros, carpinteiros, serralheiros, fundidores e pregueiros.

O “quinto momento” é reconhecido em Valongo pelo parcelário imposto no território e que perdurou ao longo de séculos medievais, modernos e contemporâneos, com manifestas marcas agrárias, durante o qual se mantiveram as tradições e formas de exploração dos solos.

Algumas estradas traçadas desde o século I perduraram e foram usadas durante os séculos seguintes, porque continuaram indispensáveis para assegurarem as tarefas obrigatórias ao funcionamento da economia.

Apesar de diversa documentação apontar alguns acontecimentos que poderiam ocasionar marcas patrimoniais, no território de Valongo denotamos um longo período em que delas não temos evidências ou ainda não as conseguimos identificar. Ao longo do quinto momento, a intervenção do homem só se salienta pela atividade agrária. Deverá ter sido um longo período em que o homem suportava um povoamento agrário, disperso, em que alterações na paisagem teriam objetivos privados, eventualmente associados a intervenções em propriedades agrícolas. Terá sido um longo período que marcou a paisagem pela sua estabilidade agrícola, sem expressão evidente de qualquer centralidade urbana na região.

O “sexto momento” evidenciou-se nos séculos XVII e XVIII com a construção ligada à moagem e à panificação, com recurso à exploração dos caudais dos rios Ferreira e Leça, onde a gestão da água, sua qualidade e força motriz, tornaram a região notável, rentável e sustentável, contando também com a proximidade do Porto e do que representava como centro consumidor, para onde os vendedores se deslocavam através dos caminhos antigos, por vezes coincidentes com traçados romanos.

Até meados do século XVIII o núcleo urbano de Valongo, onde se salientavam as padarias, estava concentrado entre os 200 e os 150 metros de altitude, num espaço pontuado a poente pela capela de Nossa Senhora da Hora116 e limitado a nascente pela igreja paroquial.

Aquilo a que podemos designar como “Valongo das padarias”, instalado na encosta da serra, urbanisticamente dominante até então, neste sexto momento começou a dar a primazia ao que veio a ser “Valongo da estrada real”, instalado no vale onde predominava aquela “nova” estrada.

A paisagem cultural de Valongo foi marcada pela decisão de iniciar a construção da uma nova igreja em 1784117, tendo sido celebrada a primeira missa 29 anos depois, a 20 de setembro de 1823. Esta nova igreja foi implantada num ponto saliente da encosta sobranceira ao vale, no mesmo sítio da anterior, embora com diferente orientação. A antiga igreja foi demolida por

116 Embora não seja conhecida documentação que comprove, a tradição popular refere que este templo católico terá servido como primeira igreja paroquial de Valongo, então dedicado a Santo Antão. A localização no núcleo urbano mais antigo de Valongo pode ajudar a que esta interpretação seja viável.

117 AZEVEDO, M. J. C., 1999.

estar muito degradada e ser pequena118. Certamente por problemas técnicos de implantação associados à existência próxima de linhas de água, a orientação noroeste-sudeste da nova igreja não foi feita de acordo com a tradicional implantação este-oeste dos templos católicos.

Com orientação mais próxima da canónica está a capela do Senhor dos Paços, edificada antes da igreja paroquial, mas que com ela forma, atualmente, um conjunto patrimonial.

Desde a antiguidade que a estruturação do povoado de Valongo, aldeia ou vila, foi feita de modo a conciliar-se com a bacia hidrográfica do ribeiro e do rio Simão, defendendo-se das cheias e controlando119 as linhas de água que descem as encostas para afluir àquele rio. Denotam-se marcantes conciliações com as linhas de água, manifestas condicionantes da construção e do uso das terras, quer na encosta da serra, quer nas de vale. Em todo o urbanismo manifesta-se a importância desta bacia em que tem predominância o ribeiro e o rio do Simão, com os afluentes na margem direita, os ribeiros de Guistelas, da Igreja, da Cana, do Inferno e da Orca120, assim como o ribeiro da Presa na margem esquerda.

Independentemente das razões que motivaram a mudança de 180 graus na orientação da igreja, da porta principal e do adro, antes virado para o ribeiro, depois virado para o vale, tal foi determinante para o posterior crescimento da urbe de Valongo para esse vale onde no século XIX se afirmou a estrada real. O momento da decisão da rotação da igreja foi fundamental para o futuro daquele território.

Se o núcleo urbano dominado pelas padarias ocupava a encosta entre os 200 e os 150 metros de altitude, cota em que foi construída a igreja, o outro núcleo cresceu por aproximação à estrada, instalando-se gradualmente entre os 150 e os 130 metros, cota dominante em que foi construída a estrada real. Constatamos que “Valongo das padarias” acolheu-se na encosta da serra, em ponto elevado, com bom índice solar e linhas de água controladas, nomeadamente as ribeiras de Guistelas e da Igreja, deixando as zonas baixas, de sapal, para outras atividades, só aproveitadas, já no século XIX, para o traçado da estrada no vale e as consequentes construções que a marginaram, criando o que denominamos como “Valongo da estrada real”. Parece evidente que o reposicionamento da igreja paroquial, no final do século XVIII, marcou a “conciliação” entre o que existia em Valongo e o que estava a crescer no início do século XIX.

118 Embora seja apontada a colocação da primeira pedra em 7 de junho de 1784, as obras de construção da nova igreja tiveram inicio em 5 de março de 1794, na sequência de, a partir de 1782, ter sido considerado que a antiga tinha condicionalismos criados pela quantidade de água que inundava grande parte da igreja, para além de que era pequena para as cerca de 2400 pessoas, maiores de sete anos, que tinham obrigação de participar na missa (AZEVEDO, 1999).

119 O controle dos fluxos de água foi feito com obras simples, mas adequadas, evidenciadas em talhes feitos na rocha das paredes e fundos dos leitos e, também, com a construção de açudes e canais de condução de água.

120 Ribeiro da Orca é por vezes referido como ribeiro da Cavada dos Castros.

Figura 11 - O desenho publicado em 1887 (VIEIRA, 1887, 589) mostra a afirmação da nova igreja perante o núcleo que denominamos “Valongo das padarias”, instalado na encosta da serra, aqui em primeiro plano. De igual modo passou a salientar-se perante o núcleo “Valongo da estrada real” que estava em crescimento, instalado no vale, e que observamos parcialmente ao fundo, à esquerda.

O “sétimo momento” foi muito denotado, principalmente no espaço da Vila de Valongo. A assunção de autonomia administrativa, cujas discussões podem ter começado ainda no século XVIII, conduziram a que em novembro de 1836 fosse criado o concelho de Valongo, com territórios retirados a administrações vizinhas, como era o caso de Aguiar de Sousa e Maia121. Nos anos

121 MATA, J. S. F., 2021.

imediatos, principalmente nos cinquenta anos que decorreram entre 1837 e 1887122, foi evidente a intervenção do homem político em Valongo123, deixando marcas enormes no território124 .

Uma análise sumária permite-nos apontar que as obras e construções se evidenciaram no espaço urbano que existia no século XIX marginando a estrada. O aglomerado urbano que denominamos como “Valongo das padarias” instalado na encosta, marcante no sexto momento, perdeu a primazia em detrimento do aglomerado urbano no vale, que denominamos “Valongo da estrada real”, gradualmente implantado desde início do séc. XIX sobre terrenos do sapal, à cota baixa.

A abertura da rua da “estrada Nova”, em 1846, relembrando a importância estratégica da “rua Velha”, e a abertura da estrada real nº 33 em 1847125, marcaram e mudaram os pontos cardiais de circulação das pessoas em Valongo, passando a ser dominante a circulação nas vias traçadas de nascente para poente, enquanto até então dominavam as movimentações em vias traçadas de norte para sul126. A organização de um plano geral de “estradas municipais” começa a ser perspetivada em 1865 e prolongou-se pelos anos seguintes, nomeadamente em articulação com as “estradas distritais” que ligavam a Águas Santas, a Ermesinde, a S. Pedro da Cova e a Campo.

122 Durante estes anos e nos que decorreram até à mudança de século, existia em Portugal um ambiente social em mutação. Porque as obras literárias não estão divorciadas dos tempos e dos homens e são reflexo e imagem da época, o ambiente social e político foi evidenciado em várias obras de referência, por exemplo, de autores como Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, Antero de Quental, Oliveira Martins, Teófilo Braga, entre outros. Maria de Lourdes Belchior escreveu que “os anos de 1890 a 1910-15 são anos de encruzilhada, de confusão e de naufrágio, em que a Literatura denuncia e revela as situações, os problemas, as angústias daqueles anos de viragem do século XIX para o século XX”, e que à geração de 70 já parecera inevitável”, referindo-se também a reflexões de Teófilo Braga, Teixeira de Pascoaes, Gomes Leal, Guerra Junqueiro e Fialho de Almeida, entre outros. (BELCHIOR, 1973, 29)

123 A primeira sessão da Câmara realizou-se no dia 3 de março de 1837, na sacristia da Igreja Paroquial. Nesta sessão foi apresentada a proposta para que a sede do município fosse instalada, a troco de uma renda, numa casa situada na rua do Sapal, número 319. A dinâmica da criação do concelho é salientada pelo facto de se terem realizado, entre março e dezembro de 1837, mais de 50 sessões do executivo municipal. Também a urbe de Vallongo, enquanto sede de concelho, foi elevada a vila em 20 de abril de 1837.

124 A proximidade ao Porto era evidente e muito sentida. Em Valongo não foram alheias as influências motivadoras provocadas pelas Exposições Industriais do Porto realizadas em 1857, 1861 e 1865, esta no Palácio de Cristal então inaugurado. A exposição decorreu entre 18 de setembro de 1865, dia em que foi inaugurado, pelo rei D. Luís, o palácio dedicado a exposições, e encerrou em 2 de fevereiro do ano seguinte.

Também foi valorizada a perspetiva positiva de Valongo poder vir a ser servido por caminho de ferro, apesar de então só estar a ser inaugurado o troço de Lisboa ao Carregado, em 28 de outubro de 1856. Valongo foi servido pelo caminho de ferro cerca de dezanove anos depois, em 29 de julho de 1875.

125 As más condições da estrada entre Vila Real e o Porto, com passagem pelos fraguedos do Marão, por Amarante, Penafiel, Baltar e Valongo, até chegar à Boavista, no Porto, “a chorar com dores nos ossos”, foram tema para os textos que Camilo Castelo Branco escreveu depois de fazer, em torno de 1850, uma viagem de liteira, que demorou vinte horas. Saindo de Vila Real às 10 horas da manhã, pernoitou em Amarante na primeira noite, em Baltar na segunda noite e almoçou em Valongo no terceiro dia de viagem. Estes textos foram publicados em 1864 no jornal Comércio do Porto

126 Curiosamente, um plano preparado em 1955 para a vila de Valongo, recupera os eixos Nascente-Poente e Norte-Sul, embora com traçados de estradas com distintas categorias. É evidenciada a estrada nacional Porto- Vila Real e as estradas de Valongo para Cabeda e Ermesinde, e Valongo para São Pedro da Cova.

Em 1860, começou a construção da Fábrica de Fiação da Balsa, que aproveitava a água do rio Ferreira como força motriz. Nessa data, também a exploração de antimónio já era feita na mina de Valle d’Achas e Ribeiro da Igreja.

A escola do Conde Ferreira, assim denominada pela disposição testamentária que o portuense Conde de Ferreira deixou para construir em Portugal cerca de 120 escolas, com planta e tipologia semelhante, foi construída em Valongo entre 1868 e 1870127

Em 1874, foi fundada a fábrica Paupério & Companhia, que se especializou no fabrico de pão e biscoitos, podendo ser consequência da dinâmica criada durante o “momento sexto” pela exploração dos recursos hídricos para a moagem.

O Inquérito Industrial publicado em 1881128 salientou que as padarias prosperavam em Valongo, consumindo anualmente 3000 toneladas de farinha. Eram, então, 77 no concelho, das quais 73 na vila de Valongo, empregando 96 pessoas, com salários de 140 a 200 reis para os homens, 100 a 120 reis para as mulheres, que eram dois terços dos trabalhadores. Estes salários eram usuais em Valongo, a que acrescia a alimentação fornecida pelos patrões. De acordo com o mesmo inquérito, a atividade das padarias prosperava porque beneficiavam da proximidade de rios que garantiam o funcionamento de 51 moinhos de água, os quais garantiam o uso de 102 mós, dando emprego a cerca de 150 trabalhadores.

Entretanto, para garantir condições para a administração do concelho, em 1874 foi comprado pela Câmara Municipal, por 3.400 reis, o edifício que tinha sido construído no início do século XIX para habitação de Bernardo Martins da Nova, marginal à, então, rua do Sapal, e onde a sede do Município estava instalada, por locação, desde 1837, e onde se manteve até 1989.

Acompanhando um movimento que se fazia sentir em Portugal, também em Valongo foi criada, em 1880, uma biblioteca pública instalada no edifício da Câmara.

Foi um período em que o aumento de emprego motivou o crescimento da população residente. No recenseamento feito em 1864, no concelho de Valongo residiam 8511 habitantes e a freguesia mais populosa era a da sua sede, com 3002 habitantes.

Decorridos cerca de 15 anos, no recenseamento feito em 1878, denotou-se o aumentou do número de residentes, passando para 9460 habitantes.129

127 Em 19 de agosto de 1840, terá sido criada a primeira aula Primária em Valongo. Vd. CAMILO, Joaquim de Sousa. (1982), p.54.

128 Com elementos recolhidos até 1880, o Inquérito Industrial foi publicado em 1881, editado em Lisboa pela Imprensa Nacional, sob a responsabilidade da Comissão Central Diretora do Inquérito Industrial, embora realizado por delegados que, no Distrito Administrativo do Porto, foram António José Teixeira, Luciano Cordeiro e Augusto Malheiro Dias.

129 Também no Porto, principal mercado para o pão e biscoitos produzidos em Valongo, estavam a acontecer manifestos sinais de desenvolvimento urbano. Em maio de 1872, deu-se a abertura da linha de transporte de passageiros, por tração animal, do Infante até à Foz e a Matosinhos, ao longo da marginal do rio Douro, promovida pela Companhia Carril Americano do Porto. Depois, a 14 de agosto de 1874, foi feita a abertura da linha desde a Praça Carlos Alberto até à Foz, via Boavista e Fonte da Moura, pela mesma Companhia e também com tração animal. Em 1878, foi introduzida a tração a vapor na linha da Boavista à Foz.

O Inquérito Industrial de 1881 também registou um assinalável número de homens ligados à construção civil, habitantes em S. Lourenço d’Asmes130, mas que se deslocavam regularmente para trabalhar no Porto131, certamente porque o recente caminho de ferro facilitava e porque o preço de aluguer das casas e dos terrenos para construção eram muito mais baixos em torno de Ermesinde.

Como sinal de modernidade e evolução urbana, em 8 de dezembro de 1883 foi iniciado o processo para a iluminação pública na vila de Valongo. Foi complexo o processo de instalação gradual de iluminação pública, mas em 12 de novembro de 1884 foi “arrematada a compra de 102 lampiões a petróleo para dispersar pelas ruas de Valongo” (MATA, 2021, 434).

Poucos anos depois, em 20 de fevereiro de 1887, dá-se a abertura ao público da Estação Telegrapho-Postal na vila de Valongo, nos Paços do Concelho. No mesmo ano começa a ser usado o novo cemitério paroquial construído em terreno situado a sudeste da igreja paroquial e com o eixo central com ela alinhado.

Também a criação de uma corporação de bombeiros voluntários confirmou a vontade de equipar o concelho com instituições que solidificassem o movimento cívico da época. Foi através da constituição da Associação Humanitária dos Bombeiros de Valongo, em 1893, que se corporizou a primeira instalação de bombeiros na vila, na rua de São Mamede. Depois, no início do século XX, em 1905, o quartel foi construído no largo da avenida D. Carlos I, topónimo mais tarde alterado para Praça do Centenário, onde se mantiveram até final do século XX. O edifício acolhe, desde 2021, uma estrutura musealizada que homenageia, como logomarca de Valongo, a tradição do fabrico da regueifa e do biscoito.

O “oitavo momento” começou em 1865 com a exploração de ardósia pela companhia inglesa The Vallongo Slate & Marble Quarries Company

Desde então, as marcas da exploração da ardósia merecem reconhecimento muito especial, pela sua especificidade e impacto direto transformador e, também, pela perduração na paisagem cultural de Valongo até ao século XXI. Consideramos essas marcas como principais criadoras deste oitavo momento, evidenciado pelo impacto e pela influência social e económica que teve na sociedade local e regional.

O Inquérito Industrial, publicado em 1881, fez referências muito importantes para percebermos o impacto que a exploração da lousa estava a ter em Valongo, tanto mais que era uma atividade que só aqui existia.132

130 S Lourenço d›Asmes, assim se chamou Ermesinde até 1911. Por vezes, também referido como São Lourenço Dasmes, como S. Lourenço D’Asmes ou São Lourenço de Asmes.

131 O desenvolvimento industrial sentido no Porto criava lugares de emprego, como apontou Mirian Halpern-Pereira, em Diversidade e desenvolvimento industrial no século XIX em Portugal, trabalho de síntese do seu livro Diversidade e assimetrias de Portugal nos séculos XIX-XX, editado em 2001, em Lisboa, pelo Instituto de Ciências Sociais.

132 INQUÉRITO INDUSTRIAL, 1881, 37-38.

A comissão que escreveu o relatório sobre a situação desta indústria em Valongo, salientou:

“…havendo sem duvida uma extracção directa de substancias naturaes mineraes, importa mais para o preço do producto a manufactura que o transforma do que o valor primitivo da substancia, valor quasi nullo por ser abundante. Já por isto, já porque, praticamente, lhe pareceu ver na industria da preparação das louzas um elemento de desenvolvimento de riqueza, a commissão decidiu incluir as louzeiras no quadro dos seus estudos.

Além da fabrica do Gallinheiro, o principal núcleo de extração da lousa, foram registadas cinco ou seis pedreiras nas freguezias de Vallongo e S. Martinho do Campo, empregando ao todo 58 homens. D’estas a maior é a da companhia Actividade, que por si só emprega 12 homens. Tomando a collecta da companhia por base (pois todas as demais louzeiras estão excluidas da matriz industrial), procuramos orçar a producção total. Essa collecta é de 285416 réis, representando 8,5 por cento do rendimento, ou 330 $ 000 réis. Sendo o liquido 15 por cento do producto bruto, attingimos a cifra de 2 : 2005000 réis, que dividida pelos 12 operarios, dá a cada um 1805000 réis e aos 58 totaes a somma de 10 : 000 $ 000 réis approximadamente . Tal seria o producto total, excluida sempre a exploração do Gallinheiro. Mas alem das 5 ou 6 officinas de extracção , ha em Vallongo 20 officinas de serração em que o trabalho de serra e plaina é todo braçal e occupa de 80 a 100 operarios, vencendo o jornal médio de 300 réis . Nos ultimos tres annos , a industria , fomentada pelas construcções industriaes do Porto, que lhe pediam principalmente placas de cobertura, tem decaído , já pela conclusão das obras dos caminhos de ferro , já pela preferencia dada á telha franceza , que ultimamente se tem introduzido.”

De facto, as alterações nas técnicas de construção nas cidades que estavam a crescer no século XIX, assim como algumas tendências de gosto associadas ao preço, fizeram com que fosse privilegiado o uso de telha cerâmica, substituindo as placas de xisto na cobertura das casas.

Mas, também neste âmbito, os industriais de Valongo mudaram e adaptaram as capacidades que as pedreiras propiciavam.

“Que a louza seja ou não preferida á telha na cobertura dos edificios, é fóra de duvida que a sua aplicação em tanques, em ladrilhos, em infinitas peças de mobilia e adorno domestico, póde com vantagem substituir a madeira e o marmore, dando um valor economico aos inesgotaveis bancos naturaes do concelho. É para este fim que a companhia ingleza «Vallongo slate and marbles quarries » (proprietária da fabrica do Gallinheiro) tem dirigido os seus esforços . Fundada em 1865, constitue hoje uma exploração já importante. A lavra dos bancos de louza, a céu aberto, occupa 55 homens, 24 mulheres e 18 creanças, com os salarios respectivos de 220 a 360 réis os primeiros, 120 a 140 réis as segundas e 80 a 120 réis as terceiras. As officinas de preparação consistem n’um systema de construcções abarracadas, contendo 1 machina motriz de vapor, 4 plainas e 3 serras mechanicas . O

vapor move tambem um guindasto elevador, e as varias regiões do estabelecimento são communicadas por uma rede de pequenos tramways. Alem das officinas de preparação da louza, alem da machina de vapor, cuja força é de 12 cavallos, a installação abrange uma ferraria com 2 forjas, 1 torno mechanico, 1 machina de furar tocadas a braço. Tem uma carpinteria propria. As machinas que preparam a louza são typos inglezes importados ou reproduzidos aqui sob a direcção do chefe da fabrica, Francis Ennor, inglez de nação, mas domiciliado ha muitos annos em Portugal, para onde veiu como engenheiro mechanico. A preparação na fabrica attingiu até 1878 o máximo de capacidade productora dos apparelhos, isto é, 3.000 toneladas. D’então para cá baixou a 1.600, das quaes são 1.200 em pranchas e 400 em chapas para tectos. O valor medio da tonelada é 85000 réis.”

The Vallongo Slate & Marble Quarries Company, empresa que desde 1865 estava a criar uma nova paisagem com a abertura das explorações de lousa, concentrara muito trabalho, em cerca de 15 anos, na denominada “fábrica do Gallinheiro”, de tal modo que mereceu saliência especial no texto do inquérito editado em 1881:

“Collocada na encosta fronteira á villa de Vallongo, e tendo de permeio a estação do caminho de ferro do Douro que passa no talweg do valle, as condições de transportes são favoráveis, por isso que as cargas são todas descendentes e a linha ferrea põe a fabrica em communicação rápida e económica com os mercados.133 A qualidade da louza é confessadamente excellente, e os productos do Gallinheiro destinam-se quasi esclusivamente á exportação. Em 1880, através da alfandega do Porto, exportaram para a Dinamarca, Brasil, Grâ-Bretanha e Rússia.”

A leitura deste inquérito sobre a situação da indústria, publicado em 1881, com elementos recolhidos em 1880, cerca de 15 anos depois da fundação da empresa gerida por ingleses, confirma o impacto que a exploração industrial da lousa teve na paisagem cultural de Valongo. Não foi só esta empresa, mas também outras de menores dimensões, que marcaram não só pela intervenção direta nos terrenos, mas também pelo impacto que provocou na estrutura social e económica. Foi uma atividade que criou emprego, algum dele obrigando à especialização de mão de obra. Em contrapartida, teve impacto na saúde pública, muito por causa das doenças profissionais que proliferaram, de que a silicose e a tuberculose foram predominantes.

Se o Inquérito Industrial, publicado em 1881, salientava a atividade da pedreira de lousa denominada Gallinheiro em Valongo, o Inquérito realizado em 1890134, quase uma década depois, mostrou o reforço dessa atividade industrial, já então com mais pedreiras, embora

133 A linha férrea que, a partir da estação de Valongo, permitia o transporte da lousa, tinha sido inaugurada cerca de cinco anos antes, em 21 de maio de 1875. O uso intensivo do transporte de mercadorias por comboio demonstrou a importância estratégica que teve a construção da linha do Douro para o desenvolvimento industrial e para a economia da região.

134 O Inquérito Industrial, realizado em 1890, foi publicado em 1891 pela “Direcção Geral do Commercio e Indústria de Portugal”, em Lisboa, pela Imprensa Nacional. As pedreiras do concelho de Valongo foram descritas na página 242, onde também foram feitas referências ao tipo de operários, sua literacia, alimentação, horários e condições de trabalho.

Legenda:

Área Central de Valongo (1940/1950)

1 - igreja

2 - cemitério

3 - campo futebol

4 - câmara municipal

5 - hospital

6 - estação de comboio

7 - apeadeiro de comboio

Figura 12 - Fotografia aérea de Valongo de 1939, onde se encontram assinalados com base na sua localização: igreja, cemitério, campo de futebol, câmara municipal, hospital, estação e apeadeiro de comboios.

reafirmando a exploração inglesa como a principal na região. O Inquérito Industrial de 1890 também salientou a importância da exportação, principalmente para a Inglaterra, muito pela qualidade de produção da Gallinheiro, mas também identificava as pedreiras de “Barbilhão, Alto da Carniceira, Milhaira, Achão, Gandra, Outeiro do Linho, Alto de Fernandes, Sobrido e Susão”.

De facto, ao longo da segunda metade do século XIX, foram surgindo várias fábricas de exploração da lousa, o que mudou a paisagem cultural de Valongo e teve implicações na sociedade local e regional. Por tudo isto, consideramo-la marca determinante, capaz de identificar o “oitavo momento”.

O “nono momento” é evidenciado entre o início da construção da linha férrea do Douro no dia 8 de julho de 1873 e o dia 30 de julho de 1875. Foi durante este período de cerca de dois anos que o território de Valongo assistiu à construção do caminho de ferro, servindo-se dele a partir da inauguração do troço entre Ermesinde e Valongo, em 29 de julho de 1875, e da abertura ao público no dia seguinte.

Figura 13 - Levantamento da zona lousífera Levantamento da zona lousífera de Valongo realizado em 1935. Evidencia-se a relação de proximidade entre a linha de caminho de ferro e os limites das explorações mineiras. Em contrapartida, depreende-se que a proximidade às explorações industriais, lhes permitiu usar o comboio como facilitador do transporte dos materiais, que comercializavam.

Nesta data também abriram ao serviço público os apeadeiros em Cabeda e em Susão135, além da estação de Valongo, que já tinha sido inaugurada a 21 de maio de 1875, em simultâneo com a estação em Ermesinde, que servia também a linha do Minho.

Cronologicamente, o “nono momento” é parcialmente simultâneo com o “sétimo momento”, que reconhecemos como aquele em que se sentiu a afirmação administrativa e política do concelho. Salientámo-los em separado porque as múltiplas e distintas consequências trazidas pelo caminho de ferro ultrapassaram o território do concelho de Valongo, embora nele tenha tido imensa influência.

Constata-se a evidência da linha de caminho de ferro na paisagem de Valongo quando observamos o seu traçado e vemos que, quase em todo o território, serviu de limite à localização das explorações mineiras. Em contrapartida, a indústria usou esta proximidade do comboio como facilitador do transporte de materiais até à estação.

135 Nos horários dos guias dos caminhos de ferro é referido como “Suzão”.

A construção do caminho de ferro foi uma marca na paisagem, evidenciada pelo corredor com a largura de algumas dezenas de metros, que a engenharia considerou adequado para o instalar, numa cota altimétrica em torno dos 100 metros de altitude, denotando-se na cartografia por cortar parcelas agrícolas só na medida em que era necessário, pelo que continuaram a ser agricultadas, de um lado e do outro da linha do comboio. Neste levantamento datado de 1935, em que é feito o inventário das zonas de exploração industrial, é evidente a toponímia que comprova o anterior uso manifestamente agrícola, tal como Agra, Chã, Borbulhão, Lameiras, Quintã, Fontelas, Souto, Povoas, Arroteia e Abelheira. Também se salienta a toponímia que evidencia condições geográficas, tal como Viso, Outeiro, Vale, Valado, Pena, Fundão, Peneda. Indiciando caminhos antigos, são topónimos marcantes Corredoura e Milhária.

Nas últimas décadas do século XIX, a construção da linha de caminho de ferro do Minho, partindo do Porto, de Campanhã136, cortou terrenos em Águas Santas, Ermesinde, S. Mamede de Coronado, prosseguindo para norte.

“Foi na primaveril manhã do dia 20 de maio de 1875 que, com alardes de grande gala, e a presença da família real, da estação de Pinheiro (Campanhã), sobre carris notavelmente assentes em menos de três anos, partiu o primeiro comboio que circulou a norte do rio Douro, embora só no dia imediato colocado ao serviço do público. Foi o troço entre Porto e Braga, cuja viagem demorava cerca de duas horas.”

“A inauguração da linha do Douro foi no dia 29 de julho de 1875. O troço entre Campanhã e Ermezinde é comum às duas linhas, pelo que esta inauguração formal foi a do troço entre esta estação e a de Penafiel” (FONSECA, 1975, 3).

Também a construção da linha do Douro, na mesma época, cortou terrenos desde Ermesinde até à Régua, atravessando Valongo.

Os troços dos corredores para o caminho de ferro constituem uma grande marca neste território. Tal foi reconhecido pela empresa dos Caminhos de Ferro do Estado, que teve o cuidado de publicar em 1926 um oportuno estudo sob o título Monografia das Estações e Esboço Corográfico da Zona Atravessada pelos Caminhos de Ferro do Minho e Douro.

O traçado da linha do Douro, construída a partir de Ermesinde, contornou pelo norte a serra de Santa Justa, evitando-a, e foi construído em cota estabilizada até Valongo, prosseguindo com implantação semelhante para Livração e Régua. O último lanço da linha do Douro, do Pocinho a Barca D’Alva, foi inaugurado em 9 de dezembro de 1887, doze anos depois de o comboio ter chegado a Valongo137 .

136 Inicialmente denominada “estação de Pinheiro”, foi depois chamada “Porto – Campanhã”, tendo sido inaugurada no dia 21 de maio de 1875, data em que foi aberta à exploração a linha do Minho entre Campanhã e Nine, e daqui até Braga.

137 A ligação do Porto a Salamanca, através de Barca d’Alva, obrigou a intensas negociações diplomáticas a partir de 1875, com o intuito de comprometer os governos de Portugal e de Espanha num plano ferroviário que também garantisse a ligação simultânea através de Vilar Formoso. A importância destas ligações foi comprovada em 1889, dois anos depois da inauguração, quando o transporte de mercadorias atingiu a maior tonelagem e o maior número de passageiros (PINHEIRO, 1987, 47-75).

A modernidade deste transporte era evidente e em 1889 já circulavam comboios entre Porto e Salamanca, revolucionando a mobilidade.

Também foram marcantes os impactos no desenvolvimento urbano das localidades servidas por estações de comboio.

As estações do caminho de ferro de Vallongo e de Ermezinde começaram a funcionar em 30 de julho de 1875, data em que foi aberta à exploração o troço entre Ermezinde e Penafiel, e originaram a construção de núcleos marginais às ruas que foram traçadas perpendicularmente às fachadas dos edifícios das estações, usando a porta principal como eixo de referência. Na vila de Valongo, a consolidação deste arruamento urbano foi lenta e gradual, como podemos constatar pelo facto de só em 1903 ter sido iniciada a construção do passeio pedonal, ao longo da estrada real, até à estação do comboio138

No entanto, o reconhecimento da importância do caminho de ferro em Valongo já tinha sido evidenciado numa ata municipal, de 6 de agosto de 1890, dedicada à reforma da toponímia da vila de Valongo e onde foi “proposto que a numeração tenha começo a partir da Estação do Caminho de Ferro, visto ser hoje a principal artéria desta Villa”.

A importância que o comboio tinha para as populações foi salientada na primeira edição do Guia dos Caminhos de Ferro de Portugal, publicada em abril de 1876139, onde foi incluída a indicação dos horários dos comboios da Companhia dos Caminhos de Ferro do Minho e Douro. A linha do Douro terminava, então, em “Cahide”, pouco depois de Penafiel. A ligação entre Porto e “Vallongo” era feita diariamente por dois comboios, um de manhã que partia às 7h40 e chegava às 8h30 e outro de tarde que partia às 16h50 e chegava às 17h38. No sentido do Porto, os dois comboios provenientes de “Cahide” passavam em “Vallongo” às 7h41 e às 17h43 e chegavam ao Porto às 8h27 e 18h25. Constata-se que as viagens demoravam cerca 50 minutos em qualquer dos sentidos, o que mudava, manifestamente, as noções de distância e de tempo para alguém viajar entre o Valongo e o Porto.

Em jeito de síntese, e como já apontamos, associamos estes momentos marcantes na construção da paisagem cultural de Valongo ao efeito transformante que tiveram no território, reconhecido por marcas, patrimónios construídos que ainda são identificados na atualidade e que foram desenvolvidos em intervalos de tempo ante e post bem definidos.

Perante esta perspetiva metodológica, não nos atrevemos a reconhecer, para além destes “nove momentos”, outros que, eventualmente, podem ter tido efeitos sobre a paisagem cultural de Valongo.

138 A peste bubónica que em 1899 se desenvolveu no Porto provocou muitos constrangimentos no movimento de pessoas e no tráfego ferroviário, podendo ter efeitos nas prioridades dos investimentos nos concelhos envolventes.

139 No Guia editado em 1876 por Lallement Frères, impresso na Typographia Lisboa, nas páginas 34, 35 e 36 eram apontados os horários dos comboios que serviam Vallongo.

Assim, podemos sumariar os que identificamos em Valongo, com distintas durações e perdurações, sintetizando-os:

1. Planaltos megalíticos usados para fins funerários;

2. Alguns pontos elevados usados como povoados da idade do bronze;

3. Castros da Idade do Ferro usados para habitação;

4. Exploração mineira e agrária romana com a inerente construção de novos povoados;

5. Exploração agrária que perdurou e predominou durante séculos nas terras drenadas pelos rios;

6. Indústria de moagem e panificação, nos séculos XVII e XVIII;

7. Intervenções de afirmação territorial depois da criação administrativa do concelho no século XIX;

8. Exploração de ardósia;

9. Construção do caminho de ferro no final do século XIX.

Estes “momentos” evidenciam a estratigrafia da paisagem cultural de Valongo construída ao longo do tempo.

De todas estas marcas salientamos a romana, especialmente pela evidência da exploração mineira, não só porque tem surpreendido várias gerações, mas também porque continua a desafiar os investigadores. A amplitude dos trabalhos, subterrâneos e a céu aberto, implicou imenso trabalho humano, o empenho de muita mão de obra, de muita gente que tinha necessidade de habitar e de se alimentar quotidianamente. Salientamos o impacto criado pela influência romana, na medida em que introduziu novos sistemas de exploração, não só na abordagem à mineração do ouro, mas também na instalação do povoamento em espaços de sopé da serra, a partir do qual criou os novos caminhos que permitiram ligar às novas urbes, capitais políticas, tais como Bracara Augusta, Tongobriga e Cale. Tais inovações romanas interligaram o território, adaptando-o gradualmente às exigências de uma agricultura de produção para alimentar mais gente, os trabalhadores rurais e os mineiros, os militares e os administrativos, além das famílias.

Gente que trabalhou duramente para transformar a terra agreste da montanha e o sapal da planície. Entretanto, a vida mineira desapareceu, mas a vida agrícola perdurou.

Apesar dos sinais mais evidentes serem as minas, marcas visíveis ainda hoje, de fácil reconhecimento por qualquer pessoa, a nossa preocupação, enquanto arqueólogo e historiador, foi perceber a estratigrafia da Paisagem Cultural de Valongo através das marcas que o homem, ao longo de muito tempo, construiu, plantou, edificou, usou e habitou.

Ousamos salientar o “quarto momento”, pela influência que teve na estruturação dos espaços agrários do território do concelho, intensamente usado por exigência da exploração agrária que a economia agrária romana impunha, com a secundarização de construção de novos

povoados; esta exploração agrária perdurou e predominou durante séculos, principalmente nas terras drenadas pelos rios, cujos caudais estimularam a construção dos moinhos para transformarem os produtos produzidos pelas terras próximas.

Por estes motivos, realçamos o predomínio do povoamento agrário, organizado pelos romanos, e que perdurou até meados do século XX. Em 1942, Armando de Mattos publicou a obra A Arte dos Jugos e Cangas do Douro Litoral, na qual salientou a arte dos homens ao fazerem os jugos e as cangas para as juntas de bois, mostrados com orgulho pelos lavradores ricos. Estes artistas, denominados com “profissão de jugueiro”, eram tradicionalmente homens que faziam os jugos e as cangas e assim transmitiam a arte de transformar um pedaço de madeira na maravilha de equilíbrio artístico, lavrado a rigor ou colorido a preceito, mostrados com orgulho e vaidade pelos donos das juntas de bois. Em 1942, em Valongo, ainda existiam três jugueiros na freguesia de Ermesinde140 e cinco na freguesia de São Mamede141. Todos tinham dificuldade de responder às muitas encomendas dos lavradores da região.

Mas, em contrapartida do contributo pujante da economia agrária reconhecida no território do concelho de Valongo, que deixou marcas desde a antiguidade, constatamos que a construção de urbes só recentemente, e de forma modesta, marcou a paisagem cultural.

Os espaços urbanos na paisagem cultural do concelho

Ao contrário da perduração da estrutura dos espaços agrários, reconhecidos nos “quarto, quinto e sexto momentos”, as marcas identificadoras nos “sétimo, oitavo e nono momentos” resultam de obrigação das administrações do concelho tomarem medidas, em curto espaço de tempo, para garantirem a estruturação dos espaços urbanos de modo a harmonizá-los com os desafios sociais, políticos e económicos que existiram no concelho de Valongo a partir de meados do séc. XIX.

Quando foi criado o concelho, em novembro de 1836, os aglomerados urbanos eram poucos e de pequenas dimensões.

140 Domingos Ferreira da Silva, Joaquim Ferreira da Silva e Manuel Ferreira da Silva.

141 António Rodrigues Alves, João Rodrigues Alves, José Rodrigues Alves, Martinho Rodrigues Alves, Martinho Rodrigues Alves, Manuel Rodrigues Alves

Figura 14 - Localização dos núcleos urbanos de Alfena, Campo, Ermesindo, Sobrado e Valongo, assumidos como lugares centrais e relação com os espaços agrários antigos baseados no actus quadratus.

1- Alfena 2 - Campo 3 - Ermesinde 4 - Sobrado 5 - Valongo

Reconhece-se em cartografia e em fotografia aérea que o aglomerado urbano de Valongo, apesar de ser sede de concelho, estava concentrado nas construções que ladeavam a estrada nacional. Este aglomerado distendido no vale, que apelidamos de “Valongo da estrada real/ nacional”, relegou para outro plano o que apelidamos de “Valongo das padarias”, identificado na encosta da serra com o urbanismo dos séculos XVII e XVIII.

Apesar de serem sedes administrativas, Sobrado142, Campo143 e Alfena144 eram núcleos de pequena dimensão, onde se concentravam alguns edifícios comerciais. Ermesinde145 ainda não tinha expressão como núcleo urbano, tendo-a ganho só com a construção da estação do caminho de ferro, assumindo o papel de nó ferroviário das linhas do Minho e do Douro. No caso da sede do concelho de Valongo, as preocupações com a estruturação dos espaços urbanos podem depreender-se da leitura da ata municipal de 6 de agosto de 1890, dedicada ao Plano de Reformas na nomenclatura das Ruas da Villa de Valongo. Do mesmo modo, analisamos a “planta central da Villa de Vallongo”, aprovada no dia 26 de agosto de 1891, numa sessão municipal realizada em Susão.

142 A dimensão da atividade agrícola foi evidenciada em 17 de abril de 1758 pelo Abade de Sobrado, Manuel Pamplona Rangel de Sousa Baldaia Tovar, nas Memórias Paroquiais (CAPELA, 2009, 701).

143 Nas Memórias Paroquiais de 1758, a importância da atividade agrícola em Campo é salientada por Theodozio de Vasconcelos Portugal, autor do inquérito sobre esta freguesia, que terminou em 22 de abril de 1758 (CAPELA, 2009, 694).

144 Alfena, em 1747, salientava-se pela “rua que corria de norte a sul da freguesia” (MOREIRA; CARDOSO, 1973, 9). Nas Memórias Paroquiais escritas em 22 de abril de 1758 por Cunha de Sotto Maior, reitor da igreja de Alfena, também foi evidenciada a atividade agrária (CAPELA, 2009, 693).

145 A importância da atividade agrícola foi afirmada por Constantino de Souza Menezes, Abade de São Lourenço d’Asmes (Ermesinde), no inquérito das Memórias Paroquiais terminado em 25 de abril de 1758 (CAPELA, 2009, 700).

Figura 15 - Aprovada no dia 26 de agosto de 1891, numa sessão municipal realizada em Susão, esta “planta central da Villa de Vallongo” reafirma a noção de que “Valongo da estrada real” estava, em concreto, a afirmar-se no final do século XIX como espaço prioritário no urbanismo de Valongo.

A observação do desenho de 1891 permite-nos pensar que foi assumido como definidor do espaço central da vila de Valongo e evidencia que o urbanismo foi marcado pelo traçado da estrada real nº 33 que a atravessava, o que era obrigatório para quem se deslocava, por exemplo, entre as cidades de Porto e Penafiel.

Pode depreender-se que tudo que não está apontado nesta planta, assumida como “planta central da villa de Valongo”, já não seria considerado como central. Nesta decisão municipal reafirma-se a importância do eixo de travessia de Valongo, constituído pelas casas construídas de ambos os lados da estrada real, que também servia como rua urbana e que continuou como estrada nacional de ligação entre o Porto e Vila Real.

Do traçado desta estrada irradiou a rua para a estação do comboio aberta em maio de 1875, assim como irradiou, já no século XX, a rua para a igreja a partir de 1912 e, ainda, a rua146 para o Susão, Cabeda e Alfena, desejada desde 1883 e programada desde 1912. Esta nova rua foi

146 Da estrada real nº 33 irradiou um arruamento, referido em 1891 como “Avenida Oliveira Zina”. Ligado a esta avenida foi mais tarde inserido o denominado “largo D. Carlos I”, depois designado “largo do Centenário”. Aqui começava a “rua 28 de maio”, assim denominada até 1974, após o que mudou para “rua 1 de maio”. É, sem dúvida um conjunto de estruturas urbanas muito próximas, mas que exemplifica bem a influência política que a toponímia expressa.

traçada na margem esquerda do ribeiro do Simão, com início em frente do edifício da Câmara Municipal. Até então, para os mesmos destinos era usado o caminho que existia na margem direita do mesmo ribeiro, traçado predominantemente sobre a cota dos 160 metros e que começava na zona das padarias, a partir do largo da capela da Senhora da Hora.

Desde 1847 o troço da estrada real nº 33 tornou-se artéria principal urbana que assumiu papel vital para os comerciantes e industriais valonguenses, na medida em que acolhia a atividade comercial, as lojas e os serviços.

Curiosamente, as padarias com fornos para fabrico de pão e biscoito estavam instaladas fora deste eixo, situadas predominantemente numa zona mais elevada, entre os 200 e os 150 metros de altitude, certamente mais ventilada, a sudoeste do centro, onde abundava a água, tanto mais que as linhas de água que desciam a encosta foram controladas por talhes nos afloramentos e açudes, o que lhes reduzia a velocidade sem reduzir o caudal. Esta era uma zona da urbe com topografia que facilitava a mobilidade e o transporte de tração animal, além de espaço para armazenamento de grande quantidade de lenhas indispensáveis para os fornos da panificação, o que poderia ter justificado a prevenção de incêndio com a permanência de uma “picota”147 dos bombeiros perto da capela de Nossa Senhora da Hora148.

147 Bomba de tração e manuseamento manual usada pelos bombeiros até ao início do século XX. A existência de uma picota guardada numa casa nesta zona de padarias foi-nos confirmada por José Pedro das Neves, associando ao que lhe dizia seu avô, José Pedro das Neves, nascido em 1900. Terá ingressado com 9 anos nos bombeiros de Valongo e, porque era serralheiro na Companhia das Lousas em Campo, ajudava à manutenção dos equipamentos.

148 Localização também apontada em esquema publicado (LOBO, 1993, 20).

A gestão e a qualidade da água para uso público era uma preocupação das autoridades municipais, já salientada por códigos de postura em 1880 e em 1884.

No desenho de 1891 do centro de Valongo, agora em torno da estrada, foram salientadas as infraestruturas municipais de abastecimento de água, identificadas as estruturas hidráulicas e de abastecimento, tais como encanamentos e fontes que eram propriedade do município, aquedutos e poços municipais, para além das fontes geridas pela câmara.

Neste desenho, a estrada real nº 33 foi assinalada com a indicação de estrada de Porto a Vila Real, assim como, cumulativamente foi assinalada a toponímia local do troço urbano dessa estrada real, descrito de nascente para poente, como rua do Padrão, rua de S. Mamede e rua Conde de Ferreira. A primeira no espaço nascente da vila, da ponte da Presa até à praça D. Luís I, a segunda desde a praça D. Luís I até à ponte da Carvalha e a terceira, no espaço poente da vila, para além da ponte Carvalha.

A descrição da ata, datada de 6 de agosto de 1890, específica sobre a toponímia de Valongo, fez a enumeração das ruas e travessas, de nascente para poente. Mas, entre essa ata e este desenho, nota-se que houve algumas alterações. Por exemplo, na ata não é referida a avenida Oliveira Zina, mas está no desenho da planta. Também no desenho feito em 1891, 16 anos depois da estação do comboio ter sido inaugurada, é referida a avenida da Estação, enquanto que na ata de 1890 é apontada a rua da Estação. Parece evidente que a estação do caminho de ferro tornou-se um elemento central em Valongo149, a que acresce o facto de em janeiro de 1889 a estrada entre “Vallongo e a Estação de Vallongo no caminho de ferro do Douro” ter sido classificada como estrada municipal de 1ª classe.

Percebemos que as denominações toponímicas aprovadas em 1890, e parcialmente confirmadas na planta de 1891, foram divididas em três grupos, embora sem esclarecer o conceito de cada um, apontando apenas bairro, rua, travessa, para além de uma singular referência a “ praça D. Luiz 1º”.

Também se percebe a saliência que a “ponte da Preza” assumia na definição do território, percebendo-se que limitava o espaço urbano até à construção da estação de caminho de ferro e da rua que a passou a servir, definida pelo alinhamento da frontaria do edifício da estação.

Reconhecendo a toponímia como elemento contributivo para a compreensão das características do território, como matriz da sua estruturação, procuramos interpretar o significado das referências e reconstituimos um esquema cartográfico genérico, induzidos apenas pela indicação de que os “bairros” eram definidos por perímetros. Assim, o bairro é configurado num território de vivência, onde as pessoas moram e se relacionam, espaço de relações quotidianas onde têm relações de vizinhança e convivem com os problemas concretos inerentes à geografia do sítio.

149 A dinâmica de Valongo mostrou que poucos anos depois da estação ter sido inaugurada, em 1875, já não respondia às solicitações e, em novembro de 1896, a estação e os cais foram considerados como insuficientes para o crescente fluxo de passageiros e quantidade de exportações de lousa.

Em 1902, também foi feita a mudança do lugar do apeadeiro de Susão para facilitar o crescente acesso dos passageiros.

São apontados os “bairros” da Estação, o Oriental, o Ocidental, o de Marques da Nova, o da Boa Vista, o de Fonseca Viterbo e o de Moinho de Ouro.

No propósito de contribuirmos para o estudo da estratigrafia da paisagem cultural de Valongo e da sua cronologia, procuramos refletir sobre cada um dos bairros e sobre a origem da sua denominação. Na designação dos bairros foram usados critérios de localização (Ocidental e Oriental), de saliência de infraestruturas importantes (Estação e Moinho d´Ouro), de valoração da paisagem (Boa Vista) e de saliência pessoal (Marques da Nova, Fonseca Viterbo). Procuramos localizá-los de nascente para poente, seguindo a descrição que Cristina Madureira faz no segundo capítulo deste livro, identificando-os com os sítios 12 a 18.

O Bairro da Estação estava em torno da estação do caminho de ferro que começou a funcionar em 1875, e terá originado a construção do núcleo marginal à rua traçada propositadamente para dar acesso aos comboios.

No entanto, como já apontamos, a consolidação deste arruamento urbano foi lenta e gradual, pois só no início do século XX foi construído o passeio pedonal até à estação.

Na fotografia aérea feita em 1939 este núcleo junto da estação mantinha-se separado do espaço urbano da vila, tido como aquele que marginava a estrada real nº33, construída em 1847, depois denominada estrada nacional e, entretanto, assumida como rua do Padrão no espaço urbano.

A aparente separação do espaço urbano era evidenciada pela ponte da Preza e pelos campos agrícolas que marginam o rio.

Segundo Reis (1904, 351), o “Bairro da Estação era a antiga Presa, até ao Alto de Fernandes”, lugar antigamente conhecido também por “Villa Nova, denominação que pode ter tido origem num aforamento feito a Joaquim de Sousa Adão, em 1786, em que lhe chamava Villa Nova da Presa (idem, 382). Segundo Reis o Bairro da Estação correspondia ao perímetro definido pelas ruas da Estação, Fonseca Dias e da Presa. Em 1834, a rua da Presa “tinha 30 casas, tendo sido calcetada em 1842”, quarenta e um anos antes da inauguração da estação do caminho de ferro em Valongo.

Podemos interpretar a designação deste bairro como afirmação de um espaço limítrofe, mas que foi assumido na expansão da vila de Valongo quando nela se instalou a modernidade evidenciada pelo caminho de ferro no século XIX.

Cristina Madureira, no capítulo “Reconhecer os Lugares de Valongo”, identifica o bairro da Estação e cartografa-o como sítio 13.

O Bairro Occidental no desenho aprovado em 1891 foi assinalado na primeira rua que a sul ligava com a rua do Padrão. Segundo Reis (idem, 351), “é a antiga Ilha, agrupamento de casas com differentes caminhos a leste da Villa.”

Cristina Madureira, no capítulo “Reconhecer os Lugares de Valongo”, identifica este bairro e cartografa-o como sítio 17.

Sobre o Bairro Oriental, Lopes dos Reis escreveu que “é o logar que se chamou Pedreiras até o Ilhar Mourisco” (idem, 352).

Cristina Madureira, no capítulo “Reconhecer os Lugares de Valongo”, identifica este bairro e cartografa-o como sítio 18.

O Bairro Moinho d’Ouro poderá ter sido originado pela presença romana em Valongo, que identificamos no “momento quatro”. Embora sem comprovação arqueológica, poderá ter sido aqui instalado pelos romanos o equipamento para tratamento do ouro. Era um equipamento fundamental para a preparação de minério que foi muito explorado a partir do século I depois de Cristo.

Este poderá ser um topónimo que perdura neste território, pelo menos, desde a ocupação romana, motivando o topónimo do bairro.

Cristina Madureira, no capítulo “Reconhecer os Lugares de Valongo”, identifica este bairro e cartografa-o como sítio 14.

De acordo com o mesmo autor, o “Bairro Fonseca de Viterbo é a Malta” (ibidem), sendo que a Malta corresponde ao “logar de Vallongo em volta da capella de N. Senhor da Hora.” (idem, 363).

Cristina Madureira, no capítulo “Reconhecer os Lugares de Valongo”, identifica este bairro e cartografa-o como sítio 15.

Sobre o Bairro Marques da Nova, Lopes dos Reis apontou que “tomou este nome a parte mais occidental da rua dos Bacêllos e os logares da Giesta e Cana.”(idem, 351).

Cristina Madureira, no capítulo “Reconhecer os Lugares de Valongo”, identifica este bairro e cartografa-o como sítio 16.

Se usarmos a descrição que foi feita por Lopes dos Reis, o Bairro da Boa Vista “comprehende todos os logares e ruas da parte mais occidental da villa.” (idem, 351).

Cristina Madureira, no capítulo “Reconhecer os Lugares de Valongo”, identifica este bairro e cartografa-o como sítio 12.

Para compreendermos a existência destes vários bairros no urbanismo da vila de Valongo, devemos recordar que no final do século XIX e no início do século XX, o concelho de Valongo tinha uma população de cerca de 11800 habitantes, e a sua freguesia mais populosa era a sede, a vila de Valongo, com cerca de 3600 habitantes, distribuída pelos diferentes bairros.

No início do século XX a principal atividade no concelho era a agricultura, que ocupava cerca de 4800 indivíduos, embora seguida de perto pela indústria com cerca de 4200 trabalhadores, onde a exploração da ardósia e o fabrico de pão e biscoito eram dominantes.

Este conjunto de atividades poderá justificar que em 1911, depois da implantação da República e, principalmente, antes da Guerra que começou em 1914, a população tenha aumentado para cerca de 13800 habitantes, continuando a agricultura a ser dominante ao ocupar cerca de 5400 indivíduos, embora também já houvesse cerca de 5000 trabalhadores na indústria. Parte desta atividade industrial, a do pão e do biscoito, estava umbilicalmente ligada à agricultura, dela dependendo pela qualidade dos cereais, neste caso, também muito ligada à água, não só pela que era usada nos fabricos do pão e biscoito, mas também usada como força motriz, explorando os caudais dos rios que atravessam o território e, então, alimentavam as rodas dos moinhos que garantiam as diferentes qualidades de moagem das farinhas.

Apesar de existirem diferentes núcleos de construção, evidenciando também, por vezes, distintas características interligadas com as atividades, entre elas as padarias, as minerações e o comércio, com a criação do concelho começaram a surgir alguns sinais de estruturação da vila, os quais já tinham sido notados desde finais do século XIX, pela instalação e construção de infraestruturas, tal como a já salientada iluminação pública nas ruas desde 1883 e o novo cemitério inaugurado em 1887.

Em 1893, já surgiam as preocupações com a plantação de árvores para embelezamento das ruas, o que continuou nos anos seguintes. Em 1897, já tinha sido arborizada a praça central, então denominada D. Luís I, e, em 1904, denotou-se o interesse em aumentar a arborização das ruas da vila, principalmente o troço urbano da estrada nº 33 e a rua de acesso à estação ferroviária, chegando a ser comemorada a festa da árvore, no dia 7 de março de 1913, como sinal da preocupação de replantar e plantar para assim aumentar espaços de sombra e para promover o embelezamento de Valongo.

Em contrapartida, para garantir melhores condições de segurança durante a noite, a iluminação pública foi melhorada, no final de 1910, com a colocação de gasómetros que permitiam o uso regular de gás,

No início do séc. XX o quartel dos bombeiros e o primeiro hospital150 instalado na casa do Anjo, em 1905, assim como o teatro Oliveira Zina em 1907, foram estruturas que procuravam conformar uma sociedade urbana, ao mesmo tempo que o edifício do teatro e bombeiros abria as fachadas para um largo151 com o qual procuravam iniciar a expansão de uma rua que ligasse o centro da vila ao apeadeiro do caminho de ferro em Susão, usado como alternativa à estação de Valongo. Na prática, a população da vila era servida pelo apeadeiro a poente da vila e pela estação a nascente.

150 Em 7 de julho de 1840, tinha sido criada uma equipa médica para assistência aos pobres do concelho. CAMILO, Joaquim de Sousa. (1982). História de Valongo: Subsídios para a sua Interpretação. Valongo: Câmara Municipal. p.54. 151 No largo fronteiro ao quartel dos bombeiros, Praça do Centenário, durante as décadas de 50 e 60, realizavam-se os mercados semanais. Recordamos que no mesmo largo, ainda na década de 50, havia uma bomba manual, com manivela, que abastecia de água muita população que tinha acesso livre, recolhendo-a com cântaros e transportando-a para suas casas. No entanto, em certos períodos de verão, para evitar gastos excessivos e para que fosse assegurado o abastecimento aos bombeiros, essa bomba era fechada com cadeados pelas autoridades, sendo aberta em horários determinados.

Figura 16 - Fotografia de Valongo, de 1906, onde se reconhecem e salientam os seguintes elementos:

(1) frontaria da igreja orientada a noroeste e a parede lateral virada a oeste;

(2) escola de Conde Ferreira construída cerca de 36 anos antes, já então a ladear a estrada nacional;

(3) edifício do quartel de bombeiros, a funcionar desde 1905, só inaugurado em 1907, após a construção do teatro;

(4) escola primária feminina, perto dos bombeiros, na então, rua 28 de maio;

(5) capela do Calvário;

(6) estrada para o Susão;

(7) entroncamento com a estrada para Alfena;

(8) edifício da estação do caminho de ferro, inaugurada 31 anos antes, em 1875.

Ao fundo, na encosta, vislumbram-se as explorações mineiras de ardósia.

Fonte: AHMVLG

O Manual do Viajante em Portugal, editado em setembro de 1913 pela Typographia da Gazeta dos Caminhos de Ferro, descreveu a paisagem das terras do concelho de Valongo que se avistavam do comboio:

“De Porto-Campanhã, recomenda-se que o passageiro tome logar à direita. Avança-se depois para Noroeste; entrando no valle de Rio Tinto. A nascente, a serra de Valongo e outras eminencias delimitam o horizonte. A via passa o ribeiro de Rio Tinto e vae subindo até a divisória das aguas do Douro e do Leça; desce em seguida passando por Ermezinde, entroncamento da linha do Douro. À direita vê-se a Egreja de S. Lourenço d´Armes, que tem um lindo cruzeiro e depois destaca-se a linha do Douro.

A partir da estação de Ermezinde, deixa-se à esquerda a linha do Minho avançando próximo da margem do rio Leça, cujo valle se alarga e melhora de aspecto; campos de cultura, variada arborização, casaes esparsos e a egreja de Alfena. Na margem oposta, a serra de Vallongo com a ermida de S. Miguel-o-Anjo, no alto. Para lá do viaduto de Cabeda, 130metros de comprimento e 30 de altura, a via interna-se em plena serra, e transporta a trincheira de Cabeda, 1200metros, o aspecto muda, deixando ver o ameno valle de Ferreira. 19Km.

Em Vallongo, há o Hotel Central, o Gadanho, o Avenida. Villa a 7km da margem direita do rio Douro, muito industrial; tendo muitas padarias que abastecem o Porto. Nos arredores, minas de carvão, de antimónio e pedreiras de ardósia.” (Costa, 1913, 267).

Curiosamente, o caminho de ferro era a forma que ligava diferentes pontos do concelho, nomeadamente Ermesinde, Cabeda, Susão e Valongo, porque nestes sítios havia estações ou apeadeiros. Apesar destes pontos de ligação para circulação de passageiros, a vila de Valongo parece ter estado um pouco arredada das preocupações urbanas prioritárias que o comboio proporcionava, talvez porque sempre privilegiou marginar o eixo da estrada real, mais tarde estrada nacional, mas sempre, e simultaneamente, centro urbano. No entanto, uma das razões para a prioridade atribuída à instalação da Guarda Nacional Republicana no dia 16 de novembro de 1912 na vila de Valongo, foi o “elevado número de pessoas residentes, mas também o crescente número de pessoas em trânsito em torno das estações de caminho de ferro” (Mata, 2021,522).

O conjunto de atos e obras que registamos desde a criação do concelho, no século XIX, confirma que a estruturação da urbe de Valongo também foi lenta durante o século XX.

Figura 17 - O expressivo mapa, desenhado em maio de 1933 por António Machado, engenheiro civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, é representativo das estradas nacionais e distritais, embora sejam salientadas as duas estradas municipais e os trinta e cinco caminhos vicinais do concelho de Valongo. Neste desenho também é salientado o traçado da via-férrea da linha do Douro que atravessava o território.

Regista-se, por exemplo, que a conclusão do calcetamento com paralelepípedo do troço interno da Vila da estrada nacional nº 33, só aconteceu em 1925.

Apesar de existir alguma iluminação pública desde 1883, feita primeiro por candeeiros a petróleo e depois a gás, quarenta e dois anos depois ainda continuavam os procedimentos municipais para que pudesse ser lançado, em 1925, o concurso para adjudicar o fornecimento de eletricidade para uso doméstico, no comércio e na indústria de Valongo.

Na memória dactilografada e assinada, que legendou o desenho original, para além das duas estradas municipais, foram descritos trinta e cinco caminhos vicinais, dos quais onze na freguesia de Valongo (1 a 11), três na de Campo (12 a 14), oito na de Sobrado (16 a 21), nove na de Alfena (22 a 30) e cinco na de Ermesinde (31 a 35).

Nesta cartografia de 1933 são salientados os caminhos vicinais, traçados de nordeste para sudoeste, ligando as terras em cota baixa, com características agrícolas, aos pontos altos da serra de Santa Justa, atravessando-a para a encosta poente, ligando a vila de Valongo a Vale de Ferreiro e Fânzeres, em Gondomar. Outros caminhos foram traçados para ligar diretamente a vila de Valongo a Susão e a Alfena (caminho vicinal nº 9, com a extensão de 7000 metros), também ao vale do rio Leça e, de forma indireta, pelo Alto da Serra, a Ermesinde.

Neste desenho também constatamos que o lugar de Susão era ponto de cruzamento de vários caminhos vicinais, de que salientamos o nº 2, o nº 3, o nº 6, o nº 9 e o nº 23. Esta concentração parece comprovar a importância que o Susão tinha na economia agrícola.

Constatamos que o território era predominantemente usado entre as serras, parecendo ser secundária a ligação ao litoral, quase exclusivamente assegurado pela estrada nº 33. Esta prioridade na ligação da vila de Valongo para norte e para sul é reafirmada pela estrada municipal nº 1, de Valongo a Cabeda, com a extensão de 5207 metros, e pela estrada municipal nº 2, com a extensão de 2101 metros, que ligava Valongo a S. Pedro da Cova de Gondomar.

Muitos dos caminhos vicinais reúnem todas as características para que possamos reconhecê-los como caminhos antigos, embora não seja possível apontar cronologia específica. Este mapa tem a particularidade de nos indicar as necessidades dominantes de circulação que existiam nas primeiras décadas do século XX, antes da Segunda Guerra Mundial, num tempo em que, predominantemente, ainda se andava a pé e a cavalo, ou era usado o carro de tração animal para transporte de mercadorias. Em contrapartida, observa-se a pujança das marcas impostas ao território, na primeira metade do século XIX, pelas estradas reais nº 32 e nº 33, que ligavam o Porto a Vila Real e a Braga, tal como aconteceu com a construção das linhas de caminho de ferro, do Minho e do Douro, construídas no século XIX, entre 1875 e 1887.

Figura 18 - Nesta fotografia aérea de 1939 ainda é possível reconhecer e apontar o que seriam os eixos funcionais dominantes até ao fim do século XVIII (a vermelho)152, e os que o seriam a partir do século XIX (a verde), correspondendo ao que denominamos como “Valongo das padarias”, implantado na encosta entre os 180 e os 150 metros de altitude, e “Valongo da estrada real”, implantado em terrenos mais baixos, no vale, entre os 150 e os 130 metros. Nestas implantações denota-se que procuravam contornar as margens alagadas do ribeiro e rio Simão, usando até ao século XVII a encosta na margem direita, depois, a partir do século XIX, usando a encosta na margem esquerda. A atratividade pela estrada nacional é evidenciada pela construção, que estava a ser feita, do edifício da fábrica de elásticos quase em frente da escola do Conde Ferreira, que ali tinha sido edificada cerca de 70 anos antes.

A observação de uma fotografia aérea feita em 1939, 48 anos depois do desenho de 1891, permite comparações sobre a evolução urbana da vila. Como já foi apontado, nos séculos XVII e XVIII o núcleo central de Valongo estava instalado entre os 200 e os 150 metros, em lugares em volta da capela da Senhora da Hora, de Bacêllos e da Bela Vista, estendendo-se até à igreja paroquial anterior à atual, embora implantada no mesmo local. A nova igreja tornou-se lugar de referência não só no urbanismo, mas, também, na vida social de Valongo, como prova o facto da primeira reunião da Câmara se ter realizado em 3 de março de 1837 na “sacristia da secção da Junta de Parochia servindo interinamente de Caza de Conselho”153

Entretanto, as melhorias motivadas pela estrada real, e pelas construções no início do século XIX, afirmaram um urbanismo nela apoiado, de que foi exemplo o edifício mandado construir para habitação e mais tarde usado como sede do município. O local de construção da escola de Conde Ferreira, em 1868, poderá apontar para a uma preocupação de conciliação entre aquilo que denominamos “Valongo das padarias” e “Valongo da estrada real”, já que aquele sítio podia ser acessível, porque equidistante, por todas as crianças que habitavam os dois núcleos.

Entretanto, mudou o século, foi implantada a República em 1910, decorreu a Primeira Guerra Mundial, aconteceu a crise financeira de 1929, foi iniciada a governação do “Estado Novo”.

O urbanismo de Valongo continuava a ser evidenciado a partir do traçado da antiga estrada real 33, redenominada com a implantação da República como estrada nacional 33. Marginando esta estrada, quase fronteiro ao edifício da escola do Conde de Ferreira, foi construído um edifício fabril novo, com desenho muito adequado à iluminação natural das amplas salas de trabalho154. Este edifício fabril tornou-se, então, nos anos 40 do século XX, no maior espaço civil construído em Valongo.

152 Os eixos funcionais dominantes usados até ao século XVIII correspondem genericamente ao que atualmente identificamos, no sentido Este/Oeste, a partir da capela da Senhora da Hora, as ruas Senhora da Hora, Sousa Pinto, João de Deus, Alto da Passagem, Sousa Viterbo, Bacelos, Raiz e Marques da Rocha, e no sentido Norte/Sul, a partir do adro da Igreja Paroquial, com as ruas Sousa Paupério, Dias de Oliveira, Dr. Cândido e de Santa Justa.

153 FERNANDES, M. J.; ALMADA, A. M. & ZELLER, M.J. VAN. , 1986, 7.

154 A fábrica de elásticos Carvalho & Oliveira, Lda., depois denominada JPC Elásticos S.A., desde 1933 foi instalada no largo da Senhora da Hora e rua da Malta. Alguns anos mais tarde transitou para instalações novas junto da estrada nacional, que ainda estavam a ser construídas em 1942 (ALEIXO, 2023, 46-48).

O edifício da Câmara Municipal marcava o cruzamento da estrada nacional com a rua que ligava a Susão e a rua que, entretanto, fora construída ao lado do edifício da Câmara e que também ligava ao hospital, ambas já parcialmente arborizadas.

A rua 28 de maio155, que ligava a frontaria da Câmara Municipal à capela em Susão, estava arborizada em dois pontos sintomáticos, no início, em frente da Câmara e na zona do apeadeiro.

A rua do Padrão, com traçado coincidente com a estrada nacional, também estava arborizada desde a ponte da Preza até à Praça, onde o plantio de numerosas árvores foi feito com alinhamentos regulares, mostrando cuidado no tratamento do espaço urbano.

A avenida da Igreja, também arborizada, só existia entre o adro e a estrada nacional. Esta avenida foi traçada em função da implantação da igreja, cuja construção iniciou-se em 1794, implantada num ponto saliente da encosta sobranceira ao vale, no mesmo sítio em que existira outra igreja que foi demolida por estar muito degradada. A primeira missa na igreja nova realizou-se em 1823. A orientação da igreja, com a porta a noroeste e o altar da capela-mor a sudeste, não está de acordo com a tradicional implantação este–oeste dos templos católicos. Com uma orientação mais próxima da canónica está a vizinha capela do Senhor dos Paços.

Nesta fotografia aérea de 1939, na zona do Calvário, ainda só existia a capela que ali foi construída em 1813 e uma escola. A estação do caminho de ferro estava situada na periferia do núcleo central urbano de Valongo, separada deste por terrenos agrícolas e pela ponte da Presa.

155 Depois de 25 de abril de 1974, foi redenominada como “1º de Maio”.

Figura 19 - Na observação de uma fotografia aérea de 1947, feita oito anos depois da obtida em 1939, não se notam diferenças significativas no urbanismo da vila de Valongo, continuando a predominar muitos espaços agrícolas, além de se denotar que a edificação nova foi muito reduzida. Tal poderá ter sido justificado pela influência que os anos da Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, tiveram na economia e na sociedade portuguesa.

Figura 20 - Fotografia de autor desconhecido, datada de 1951, captada a partir da encosta da serra de Santa Justa.

Salienta-se a Igreja (1), a sua parede tardoz orientada a sudeste e a parede lateral a oeste. O cemitério (2), implantado a sudeste, afastado do edifício da igreja, embora ligado ao adro por um corredor murado. Observa-se o edifício da escola de Conde de Ferreira (3), ladeando a estrada nacional, assim como o edifício da Câmara Municipal (4). Também se evidencia o edifício do quartel dos Bombeiros e o Teatro (5), situados no Largo do Centenário.

A Associação Humanitária dos Bombeiros de Valongo foi constituída em 1893, e a primeira instalação na vila foi na rua de São Mamede. Depois, no início do século XX, o quartel foi construído no largo da avenida D. Carlos I, topónimo mais tarde alterado para avenida 10 de outubro e para praça do Centenário. Antes, na toponímia apontada em 1891, denominava-se avenida Oliveira Zina. O novo quartel dos bombeiros foi situado na periferia do centro urbano de então, pois ali só havia algumas casas e a escola primária feminina (6), já no início da rua 28 de maio, redenominada 1º de maio após o 25 de abril de 1974. O sítio de implantação deste quartel de bombeiros era muito adequado. Com frente para um amplo terreiro situado fora do centro, embora muito próximo, num ponto ligeiramente elevado, propiciava que os poucos carros de socorro que estavam muito tempo parados e com os motores “frios”, saíssem a descer, facilitando o arranque sem esforço. Mas antes de terem carro com motor, quando o equipamento era puxado pelos próprios bombeiros, a bomba manual, picota, instalada sobre carro com rodados, era a principal arma de combate ao fogo. Também nesta situação, durante as primeiras décadas do século XX, era-lhes mais fácil “rebocar” os equipamentos a descer quando saíam deste quartel bem localizado. A rua também ligava ao apeadeiro (7) e ao povoado de Susão (8) que, nesta fotografia, observamos ao fundo, assim como a estrada para Alfena (9). A estrada nacional (10) era, simultaneamente, a principal rua da Vila, ladeada por edificado principalmente dedicado a comércio.

Fonte: AHMVLG

Figura 21 - Desenho de 1955 em que se nota que Valongo continuou a ser um espaço organizado com base em eixos norte-sul e este-oeste, aparentemente contraditório com a noção pública do viajante de que Valongo estava limitado ao eixo da estrada nacional.

Num desenho de 1955, feito dezasseis anos depois da anterior observação que fizemos sobre fotografia aérea de 1947, denotam-se alguns pontos em Valongo, confirmando-se que continuava a ser um espaço organizado com base em eixos norte-sul e este-oeste.

O eixo norte-sul é representado pelas estradas de Valongo para Ermesinde e de Valongo para São Pedro da Cova (EN 209). O eixo este-oeste é marcado pela ligação de Valongo ao Porto e de Valongo a Penafiel e Vila Real, inicialmente identificadas como estrada real nº 33, depois nacional nº 33, e depois reclassificada como estrada nacional nº 15 Porto-Bragança.

Começavam a denotar-se infraestruturas marcantes no desenvolvimento de uma povoação, de que se salientaram a avenida que ligava à estação do caminho de ferro e a avenida que ligava à igreja156. Ambas as avenidas, que assim denominadas mostram a importância política da sua construção, foram traçadas com eixos de visão suportados na porta principal da estação e na porta principal da igreja. Nesta data já se regista o prolongamento da avenida da Igreja para noroeste, atravessando a estrada nacional e duplicando o comprimento. Também se denota a abertura de uma rua entre a estrada nacional e a, então, rua 28 de maio, e que propiciou um entroncamento com a estrada para o Susão e a estrada para Alfena. Foram ruas construídas sobre terrenos agrícolas, cortando-os, no vale e na encosta.

Quer esta nova rua, hoje avenida 25 de abril, quer o prolongamento da avenida da Igreja pareciam ter sido traçadas a régua e esquadro, sem qualquer conciliação com a orientação dos campos agrícolas ou de qualquer outra pré-existência.

Também se denota que o edifício do município, inicialmente construído para servir de habitação, passou a ser o ponto de irradiação das estradas referidas nos pontos anteriores. Na falta de uma praça central que pudesse suportar a irradiação das estradas, o edifício assume o papel de centralidade urbana, acrescido pelo facto de também acolher os correios, a cadeia, as repartições públicas, as finanças.

O edifício construído para novo hospital tinha sido inaugurado, em 1936, em terreno situado já no início da encosta da serra de Santa Justa, embora próximo da Câmara.

Já na década de 50 foi conformado o espaço do sítio do Calvário, próximo do apeadeiro de Susão, onde foi construído o campo de futebol. Também foi construído no Calvário, nos anos 60, um pavilhão coberto para a prática do hóquei em patins, modalidade muito popular em Valongo. Antes, a União Desportiva Valonguense treinava e jogava num ringue descoberto, com piso em cimento, que existia no meio do largo arborizado no centro da vila, junto da estrada nacional. O sítio do Calvário, assim denominado pela existência de uma pequena capela no ponto mais elevado no meio de alguns grandes eucaliptos, para além dos equipamentos desportivos, passou a acolher, até final da década de 60, a construção de espaços habitacionais.

156 A decisão política de construir uma avenida entre o Largo da Igreja Paroquial e a estrada real nº 33 foi tomada em 11 de dezembro de 1912, após o que foram iniciados os procedimentos para execução do projeto.

Figura 22 - A cartografia de 1977 permite salientar a obra de prolongamento da avenida da Igreja, assim como o prolongamento da avenida do Calvário até à estrada nacional. Em contrapartida, denota-se o crescimento desordenado das novas construções, especialmente as implantadas sobre os terrenos agrícolas em Susão.

A cartografia de 1977 permite a observação vinte e dois anos depois da anterior.

Em 1977, nota-se o prolongamento da avenida da Igreja, duplicando de novo a extensão que tinha em 1955, quase quadruplicando o comprimento inicial projetado em 1912. Verifica-se também o crescimento desordenado do edificado, especialmente nos terrenos agrícolas de Susão. Observamos o prolongamento da avenida do Calvário até à estrada nacional, assim como a abertura de numerosos arruamentos que não existiam na cartografia de 1955.

Nota-se que o núcleo construído de Susão nada tem de semelhante com o que existia, tal a densidade e o número de novos edifícios.

Para além da sede do concelho, eram reduzidos os outros espaços urbanos que marcavam a paisagem cultural do território administrativo de Valongo.

Os centros de Sobrado, Campo e Alfena eram pontos de encontro dos espaços rurais que os envolviam, marcados pela Igreja Paroquial Católica, pela sede da Junta de Freguesia, pelo cemitério civil e, por vezes, pelo campo de futebol. Estas freguesias tiveram aumento de residentes ao longo dos anos. De acordo com os censos, Sobrado tinha 1426 residentes em 1864, 2951 em 1940 e 4310 em 1960. Campo, tinha 1481 em 1864, 3853 em 1940 e 5094 em 1960.

Nas mesmas datas, Alfena tinha 1206, 3475 e 5575 residentes. A sede do concelho, tinha 3002, 5914 e 6124. Assim, em síntese, nestes quatro núcleos houve uma evolução no número de residentes, triplicando em cerca de 100 anos.

1- Igreja Valongo 8 - Igreja Ermesinde 15 - Igreja Campo

2 - Cemitério Valongo 9 - Cemitério Ermesinde 16 - Cemitério Campo

3 - Campo de Futebol Valongo 10 - Campo de Futebol Ermesinde 17 - Campo de Futebol Campo

4 - Câmara Municipal Valongo 11 - Estação de Comboio Ermesinde 18 - Igreja Alfena

5 - Hospital Valongo 12 - Igreja Sobrado 19 - Cemitério Alfena

6 - Estação de Comboio Valongo 13 - Cemitério Sobrado 20 - Campo de Futebol Alfena

7 - Apeadeiro de Comboio Valongo 14 - Campo de Futebol Sobrado

Figura 23 - Centros de Alfena, Campo, Ermesinde, Sobrado e Valongo assinalados na fotografia aérea de 1939 com base na localização da igreja, do cemitério e do campo de futebol.

Legenda: Área Central de Sobrado (1940/1950)

12 - Igreja

13 - Cemitério

14 - Campo de Futebol

Figura 24 - Fotografia aérea de Sobrado, de 1939, onde foram assinalados a igreja, o cemitério e o campo de futebol.

Legenda: Área Central de Campo (1940/1950)

15 - Igreja

16 - Cemitério

17 - Campo de Futebol

Figura 25 - Fotografia aérea de Campo, de 1939, onde foram assinalados a igreja, o cemitério e o campo de futebol.

Legenda: Área Central de Alfena (1940/1950)

18 - Igreja

19 - Cemitério

20 - Campo de Futebol

Figura 26 - Fotografia aérea de Alfena, de 1939, onde foram assinalados a a igreja, o cemitério e o campo de futebol.

Legenda:

Área Central de Ermesinde (1940/1950)

8 - Igreja

9 - Cemitério

10 - Campo futebol

11 - Estação de Comboio

Figura 27 - Fotografia aérea de Ermesinde, de 1939, onde foram assinalados a igreja, o cemitério, o campo de futebol e a estação de comboio.

Diferente foi a evolução de Ermesinde pois aumentou cerca de dez vezes, no mesmo período de 100 anos. Um produtivo espaço rural tornou-se, com a construção do caminho de ferro no final do século XIX, num estratégico nó ferroviário das linhas do Minho e do Douro. Tal, permitiu afirmar-se como marca no território, quer no âmbito do desenvolvimento urbano, quer nos campos sociais e económicos, não só pela crescente densidade de construção, mas, também, pelos movimentos populacionais que proporcionou na região. Em 1864 Ermesinde tinha 1396 residentes e em 1940 já tinha 7375, atingindo 12197 em 1960.

Foi durante este período, no final do século XIX e início do século XX, que a construção de paisagem ferroviária teve impacto no território do concelho de Valongo, onde também se evidenciou Ermesinde, que até então era só um espaço rural, tal como todo o território do concelho.

No Guia de Portugal157, é interessante a descrição do traçado da linha e do enquadramento de Ermesinde: “Desde o Porto até Ermesinde (11km) a linha do Douro identifica-se com a Linha do Minho. Logo à saída da estação de Ermesinde a linha inflete para Nascente, afastando-se da linha do Minho. Esta segue para o Norte, através da Maia, depois de transpor o sinuoso valeiro do rio Leça. Lá está ao fundo o modesto riacho, com os seus sossegados meandros de pendores graníticos. Do lado de cá, nas espaldas de Ermesinde (já invisível) alveja o casario branco e disperso da aldeia de S. Lourenço de Asnes, contígua à moderna povoação formada na encruzilhada das linhas férreas.” (Costa, 1913, 535)

A demonstração da importância do aglomerado urbano e populacional que estava a crescer foi o facto de, em 1912, logo que se deu a introdução de numeração nas linhas de carros elétricos que partiam do Porto, Ermesinde já ser referida como ligada pela linha nº 9, que partia da rua do Bolhão e da Praça da Batalha.

Como apontou Joel Mata (2021, 469), “corria o mês de janeiro de 1914 quando os republicanos da freguesia de Ermesinde reivindicavam a iluminação pública nas ruas mais nobres, mais frequentadas pelas elites dos comerciantes e industriais. Não se trata de iluminar uma zona organizada sob um eixo determinado à semelhança do perímetro da vila valonguense a partir dos *aços do Concelho. O conceito é diferente e a dinâmica também. Na vila, é o sector administrativo em torno da câmara municipal que orienta a urbanidade, mas na freguesia de Ermesinde, é a sua estação de caminhos de ferro, duplamente importante por ser local de entroncamento das linhas do Minho e do Douro, e que constitui o nervo axial do desenvolvimento económico desta freguesia, que o poder político municipal desde há muito tempo reconheceu, mas não valorizou este território, com as obras públicas que pudessem acompanhar o fluxo de desenvolvimento que beneficiava diretamente o concelho, pelos impostos recolhidos no cofre do município.”

157 A edição da obra Guia de Portugal começou com a publicação do primeiro volume em 1924, sobre a região de Lisboa. Por vários motivos, a edição dos restantes volumes foi protelada, apesar dos textos originais existirem. O volume sobre o Douro Litoral e Minho, o quarto a ser editado, só foi público em 1964.

Este texto mostra que o pedido para a iluminação pública em Ermesinde158 era justificado com base em estratégia urbana, muito sentida a partir da estação do comboio, mas mostra, também, a mutação rápida que o entroncamento de linhas de comboio estava a provocar, com o consequente fluxo de pessoas.

Mas este texto mostra, também, o reconhecimento dos diferentes modelos de desenvolvimento urbano que eram notórios na vila de Valongo e em Ermesinde, os quais podemos justificar pelas razões distintas que provocaram o nascimento e desenvolvimento dos dois núcleos urbanos. A vila de Valongo, embora com ocupação desde os romanos, cresceu, especialmente desde 1836, de forma distendida em torno da estrada real nº 33. O povoado de Ermesinde cresceu, sobrepondo-se ao lugar de S. Lourenço de Asnes, a partir de 1875, em torno da estação do caminho de ferro nesse ano inaugurada.

O traçado urbano de Ermesinde, como geralmente acontecia com as novas estações de comboio, foi marcado pela rua construída perpendicularmente à porta principal da estação do caminho de ferro, assumida como a principal marca na época. Como noutros casos similares, os largos construídos na frente das estações eram sítios para as servir, quer acolhendo os carros, as carroças e as camionetas de carreira para passageiros. Pouco afastados estavam os espaços para os cais de carga, construídos de modo a não incomodarem os passageiros. As estações de caminho de ferro tinham projetos e implantações semelhantes, modelos construtivos iguais e as mesmas regras de funcionamento. Esta foi uma característica, fruto da sistematização de alguns modelos de urbanização muito notados no século XIX.

Mas, ao longo deste texto, o objetivo foi tentar reconhecer a maneira como um território foi construído e usado ao longo dos séculos, assim como perceber o povoamento, assumido como resultado da sobreposição do tempo e da memória, quer no que se refere às relações de localização entre população e um determinado espaço, quer no que se refere à forma de distribuição, mais ou menos denso, contínuo ou descontínuo, concentrado ou disperso, assim como na forma de distribuição dentro desse espaço que, no caso de Valongo, foi com manifesta predominância do povoamento rural secular e, em contrapartida, com recente afirmação do povoamento urbano.

Pelos elementos gráficos que disponibiliza, é interessante consultar um trabalho realizado, entre 1945 e 1977, com preocupações de dinamização turística e “para que o Turista soubesse o que teria de ver no local que visitasse”. Ao logo dos anos foram publicadas cartografias de vários concelhos, com orientação científica do Prof. Amorim Girão e organização de Camacho Pereira (GIRÃO, 1959).

A edição relativa ao concelho de Valongo, com o nº 186, foi publicado na década de 50, referindo uma população de 28061 habitantes, de acordo com o censo de 1950, sendo então um concelho de 3ª ordem, fiscal de 3ª classe, com a Vila sede situada a 8 kilómetros do Porto”.

158 A arrematação da iluminação pública foi feita em fevereiro de 1914.

Nesta edição foram publicados esquemas cartográficos dos centros urbanos de Valongo e de Ermesinde. Pela pertinência dos desenhos que nos permitem perceber o índice de crescimento dos espaços edificados desde então até à atualidade, durante cerca de 7 décadas, integramos neste capítulo em que tentamos perceber a estratigrafia da paisagem cultural de Valongo através de marcas que podemos reconhecer ou induzir, através das marcas tangíveis que o homem, ao longo de muito tempo, construiu, plantou, edificou, usou e habitou.

Reconhecemos que nos faltam as marcas intangíveis e as efémeras, que certamente enriqueceriam a dinâmica dos “momentos” que identificámos, mas cuja dimensão invisível ultrapassa o nosso trabalho e impossibilita que as integremos na estratigrafia.

Este foi o desafio que assumimos como contributo para conhecer melhor o território e, assim, ajudar a qualquer participação na discussão do futuro.

A este propósito, recordo o poema Tempo de não Tempo de sim, de Manuel Alegre (1996, 220):

Chega um tempo febril. Fabril. Tempo de síntese.

Tempo de guerra. Tempo de mudança.

Chega um tempo de não. Chega um tempo de sim.

Tempo de desespero. Tempo de esperança.

Chega um tempo de início num tempo de fim.

Chega um tempo de agir no sentido do Tempo

Tempo de se ganhar o tempo já perdido

Tempo de se vencer o tempo-contratempo

Para que o Tempo torne a ter sentido.

Chega um tempo de empunhar as armas do Tempo.

Figuras 29 e 30 (à direita) - Esquemas cartográficos das vilas de Valongo e de Ermezinde, edição ROTEP, 1950/1957

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DOCUMENTAÇÃO

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Ata de reunião de Câmara. (6 de agosto de 1890). (fls.178v.-179v). Câmara Municipal de Valongo: Arquivo Histórico. B-A/002/00019

Ata de reunião de Câmara. (17 de outubro de 1980). (fls.3v-5). Câmara Municipal de Valongo:

Arquivo Histórico. B-A/002/00023

Ata de reunião de Câmara. (31 de dezembro de 1913). (fls. 40v-5). Câmara Municipal de Valongo: Arquivo Histórico. B-A/002/00025.

Ata de reunião de Câmara. (26 de novembro de 1928). (fl. 127). Câmara Municipal de Valongo: Arquivo Histórico. B-A/002/00026.

Ata de reunião de Câmara. (3 de novembro de 1936). Câmara Municipal de Valongo: Arquivo

Histórico B-A/002/00029

Ata de reunião de Câmara. (5 de janeiro de 1971). (fls. 87-87v). Câmara Municipal de Valongo:

Arquivo Histórico B-A/002/00757.

AGRADECIMENTOS

Arnaldo Mamede – Al HENNA-Associação para a defesa do Património de Alfena

António Felgueiras - Munícipe

Espeleólogos das associações GEV, AESDA, ARCM e GEM

Frederico Tátá Regala - à época Diretor Regional de Cultura do Algarve

Isabel Oliveira – Funcionária AHMV

Joaquim Manuel Amaro dos Santos – Funcionário da CMV

José Carvalho – Munícipe

José Moreira de Castro Neves – Munícipe

Manuel Alves da Costa – Munícipe

Manuel Santos – Funcionário aposentado da CMV

Ricardo Ribeiro – Al HENNA-Associação para a Defesa do Património de Alfena

Silvina Camilo Vale – Funcionário da CMV

APONTAMENTOS CURRICULARES DOS AUTORES

LINO AUGUSTO TAVARES DIAS

Licenciado em História, Doutorado e Agregado em Arqueologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Arqueólogo

Professor do Ensino Superior

Investigador do Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura Espaço Memória da Faculdade de Letras, Universidade do Porto

Foi diretor regional do Norte do Património Cultural do Ministério da Cultura

CRISTINA MADUREIRA

CRISTINA MADUREIRA

Licenciada em Ciências Históricas – Ramo Património, pela Universidade Portucalense, com Pós-graduação em Gestão Estratégica do Património na Administração Pública e Autárquica, no IPPAR - Instituto Português do Património Arquitetónico

Licenciada em Ciências Históricas – Ramo Património, pela Universidade Portucalense, com Pós-graduação em Gestão Estratégica do Património na Administração Pública e Autárquica, no IPPAR - Instituto Português do Património Arquitetónico

Técnica superior na Divisão de Ambiente, da Câmara Municipal de Valongo, onde dinamiza projetos na área do estudo, preservação e valorização do património natural e cultural

Técnica superior na Divisão de Património Cultural, Bibliotecas, Arquivo e Documentação, da Câmara Municipal de Valongo, onde dinamiza projetos na área do estudo, preservação e valorização do património cultural.

Elemento técnico na Equipa Património Cultural do Parque das Serras do Porto, no âmbito dos estudos e Plano de Gestão do Parque das Serras do Porto

Elemento técnico na Equipa do Património Cultural do Parque das Serras do Porto.

PAULA

COSTA MACHADO

Licenciada em História e História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Pós-graduada em Museologia pela FLUP e em Gestão Estratégica do Património na Administração Pública e Autárquica, pelo IPPAR - Instituto Português do Património Arquitetónico e ISPGaya

Museóloga

Técnica superior na Divisão de Cultura, da Câmara Municipal de Valongo, onde desenvolve projetos na área dos Museus e Património

PEDRO AGUIAR

Licenciado em Estudos Preparatórios de Arquitetura pela Escola Superior Artística do Porto-ESAP

Técnico Superior, no Serviço Técnico e Oficinal de Vidro, Mosaico e Cerâmica da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto - FBAUP

Trabalhador independente na Unidade Produtiva Artesanal, Pedro Santos - Cerâmica

Espeleólogo federado nível 3, na Federação Portuguesa de Espeleologia, pelo Grupo de Espeleologia e Montanhismo - GEM

Ordinary member at Artificial Cavities Commission, Department of Scientific Research – International Union of Speleology - UIS

ALEXANDRE LIMA

Licenciado em Geologia, Doutorado em Geologia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) em co-tutela com o Institut National Polytechnique de Lorraine (INPL) de Nancy, França

Geólogo

Professor Associado no Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território Da FCUP

Porto

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