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Royal Enfi eld Hunter 350

A porta de entrada da Royal Enfi eld

Conheça a Hunter 350, a nova moto de entrada da Royal Enfi eld que logo estará por aqui e promete fazer barulho pelo bom pacote técnico e preço acessível

Texto ISMAEL BAUBETA Fotos ROYAL ENFIELD

Fomos até Bancoc, na Tailândia conferir o lançamento global da Royal Enfi eld Hunter 350, o que para nós brasileiros, é uma avant-première, visto que aqui no Brasil, a Classic 350 vai chegar antes da Hunter, que já está em processo de homologação, mas deve ser lançada até o início de 2023.

Os indianos devem ter escolhido a cidade de Bancoc por ser um dos mais importantes centros econômicos da Ásia. Uma metrópole cosmopolita e que tem milhares de motocicletas circulando por suas ruas dividindo espaço com carros, tuc-tucs, ônibus e caminhões.

Apesar da importância do mercado de casa (Índia) para a Royal Enfi eld, o trânsito maluco de suas cidades seria enlouquecedor para nós pilotos fazermos um test ride como esse, afi nal a quantidade de veículos e o tipo de tráfego por lá (confuso e complexo) impediriam de ter uma verdadeira experiência de pilotagem sobre a Hunter 350.

Design e DNA

A Hunter tem atitude e uma relação íntima com as motos inglesas e japonesas da década de 1960. Suas linhas arredondadas lembram a Triumph T120 Bonneville ou Suzuki T500, por exemplo, para não me alongar. Os rebaixos do tanque para o encaixe das pernas são bem marcados e as tampas laterais da moto seguem as linhas arredondadas.

Seguem o esquema farol e lanternas circulares para valorizar sua proposta. O toque de modernidade é comandado pelas cores e grafi smos bastante vanguardistas, mais valorizados com o preto que impregna o restante da motocicleta, incluindo as rodas de liga leve. A Royal acertou nas combinações da Hunter 350.

Como é a Hunter

O motor da Royal Enfi eld Hunter é o mesmo que equipa a linha Meteor e Classic 350 (que deve chegar por aqui em setembro). Monocilíndrico de 349 cm³, duas válvulas, refrigeração a ar e óleo e capaz de render 20,2 cv a 6.100 rpm e 2,7 kgf.m a 4.000 rpm de potência e torque máximos, respectivamente.

Foram feitos ajustes na injeção e ignição do motor, que juntamente com o escape mais curto, dão outro tom, também no ronco grave, e principalmente, na pegada inicial ao se girar o punho da direita. A entrega é mais rápida e pungente no início das acelerações, pelo torque abundante em baixa, o que permite rodar sem tantas trocas de marcha, principalmente no tráfego urbano..

Entendendo a proposta da Hunter

Já recebemos algumas indagações do tipo: “um motor de 350 cm³ que não passa de 120 km/h, como pode? Ou: uma 350 cm³ com 20,2 cv é muito pouco. Essas questões não são absurdas, mas é preciso abrir a mente e compreender a proposta desta motocicleta.

Segundo o próprio CEO da Royal Enfi eld, Siddhartha Lal, a Hunter 350 vai ser a porta de entrada para a marca, não só como a moto mais acessível, mas principalmente como uma motocicleta fácil de ser pilotada, dócil e muito efi ciente no tráfego urbano. O que pude comprovar na prática.

BOA SURPRESA A Hunter 350 é bonita e efi ciente, mas é preciso compreender sua proposta

Dita e absorvida a proposta da moto, é possível deixar a emoção de lado e aceitá-la assim como ela é, para avaliá-la sem os paradigmas de um motociclista que exige desempenho acima de tudo.

Pegada do motor e ronco

A pegada do motor, “apesar” dos 20,2 cv, tem personalidade graças às modifi cações feitas na ignição e injeção eletrônicas. No test ride noturno pela cidade de Bancoc, e depois pelas ruas em dia comum, dividindo espaço com outros milhares de veículos, a Hunter se mostrou efi ciente, não importa a marcha em que estiver, pois ela não exige muitas trocas. Se você precisar de resposta, basta acelerar que o motor vai empurrar com decisão.

A pequena ponteira que sai ao lado da roda traseira em posição baixa, emite um som rouco e grave muito bacana e entusiasmante, e resta saber se será aprovada por aqui no quesito emissão de ruídos.

O câmbio de cinco marchas é bem escalonado e tem engates bastante suaves, mas achei o manete da embreagem um pouco pesado. Um alemão de nosso grupo me perguntou o que tinha achado da embreagem, e ele concordou com minha sensação.

Agilidade ciclística

A Hunter tem chassi diferente das demais 350 da marca. Enquanto Meteor e Classic compartilham a estrutura de berço duplo seccionado em duas partes que vão aparafusados ao motor com coxins de borracha, na Hunter a viga superior é mais parruda, e a parte inferior do que seria a segunda secção do berço do chassi de suas irmãs

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1 Vários são os acessórios disponíveis para a Hunter, a pequena bolha e o navegador Tripper são dois exemplos 2 Os punhos são iguais aos da Meteor 3 O pequeno alforge rígido faz parte da lista de acessórios que a Royal Enfi eld vai ter à disposição para seus clientes que querem dar um toque pessoal ao design de sua Hunter. Embora não seja novidade para a marca oferecer esse tipo de produto, na categoria em que a Hunter vai concorrer é um diferencial

CORES E VERSÕES As duas versões, têm oito opções de cores ao todo

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não existe, pois o motor faz parte da estrutura.

Esta composição foi desenhada para baixar a posição do motor, o que, aliado às rodas de aro de 17 polegadas e menor ângulo de cáster, permitiu centralizar e baixar o peso para ter o centro gravitacional também mais próximo do chão, o que é imperativo para ter uma motocicleta mais ágil e fácil de manobrar.

O resultado prático da nova estrutura elaborada para a Hunter é muito efi ciente, a moto é leve, muito fácil de pilotar e o ótimo ângulo de esterço facilita as manobras entre os carros, inclusive em trajetos mais apertados.

As suspensões combinam o par de bengalas de 41 mm de diâmetro, sem regulagens e 130 mm de curso na dianteira, com dois amortecedores que dão 102 mm de curso à roda de trás, e neles há seis níveis de regulagem na pré-carga das molas. O conjunto tem boa capacidade de absorção de impactos e bom equilíbrio entre conforto e esportividade.

Ergonomia e conforto

A Royal Enfi eld tem um objetivo claro desde o início do projeto: a Hunter deve ser uma moto de fácil condução, ágil e de beleza diferenciada na categoria, uma moto que possa atrair novos motociclistas pela facilidade na pilotagem e cativá-los, pelo apelo visual.

A posição de pilotagem é muito importante não só para facilitar a condução, mas também para aumentar o nível de segurança na pilotagem. Se você levar essa realidade para o piloto iniciante, recém-habilitado ou o piloto que vai sair do mundo do scooter e abraçar uma motocicleta pela primeira vez, entenderá que esses fatores podem ser decisivos na decisão de compra.

A ergonomia da Hunter 350 é bem acertada, o corpo ereto com os braços semifl exionados e a proximidade do guidão favorecem qualquer tipo de manobra, principalmente as de baixa velocidade e em espaço apertado. A distância do banco ao chão de 790 mm facilita o apoio dos pés e gera mais confi ança, principalmente para os menos experientes.

No concorrido trânsito da cidade de Bancoc, a Hunter me permitiu serpentear com facilidade entre todo tipo de veículo e, se fosse necessário, poderia pilotar quase sem trocas de marcha.

Freios

O sistema de freios da Hunter 350 é composto por um disco de 300 mm na roda dianteira, mordido por uma pinça de dois pistões. Atrás o disco mede 270 mm e tem pinça de pistão único. Os dois canais são assistidos por ABS e seu funcionamento é bastante efi ciente. O ABS traseiro é um pouco alarmista e, em determinadas situações, entra em ação precocemente. Mas o conjunto em si transmite bastante segurança e não exige muita força no manete que, por sua vez, oferece bom tato nas frenagens.

1 Os espelhos na ponta do guidão são acessórios 2 Haverá vários tipos de banco também

BÁSICA A versão Retro é a mais simples. Rodas raiadas, freio traseiro a tambor e ABS só na dianteira

URBANA A Hunter tem seu foco na pilotagem urbana, mas não se resume somente a isso

Dados de fábrica

HUNTER 350

Monocilíndrico I arrefecido a ar e óleo SOHC I 2 válvulas I câmbio 5 marchas

Cilindrada

349 cm³ Potência máxima (etanol) 20,2 cv a 6.100 rpm Torque máximo (etanol) 2,7 kgf.m a 4.000 rpm Diâmetro x curso do pistão 75 mm x 85,8 mm Taxa de compressão 9,5:1 Quadro Tipo diamond em aço Cáster n.d. Trail n.d. Suspensão dianteira Garfo telescópico de 41 mm de diâmentro com 130 mm de curso Suspensão traseira Biamortecida com 90 mm de curso, com regulagem de pré-carga da mola Freio dianteiro Discos de 300 mm, pinças axiais de 2 pistões e ABS Freio traseiro Disco de 260 mm, pinça de 1 pistão

Modelo do pneu Roda dianteira

Ceat 110/70-17

Roda traseira 140/70-17

MEDIDAS Comprimento • 2.055 mm Entre-eixos • 1.370 mm Altura do assento • 790 mm Largura • 800 mm Tanque • 13 litros Peso (seco) • 177 kg

Preço: Não defi nido ESGUIA A Hunter tem boa ergonomia e é muito amigável na pilotagem

POSITIVO

• Agilidade • Ergonomia

PODERIA SER MELHOR

• Manete de embreagem pesado Conclusão

A Royal Enfi eld tem bem claro o caminho a seguir em sua jornada e ele claramente está focado em novos motociclistas e motociclistas que querem migrar das motos de pequena cilindrada e fazer upgrade por um modelo maior.

A Hunter 350 vai ser a moto mais barata do lineup da Royal e certamente fará muito barulho e arrebanhará não só novos motociclistas, eu diria que pode atrair até quem busca uma moto de média/baixa cilindrada de estilo para o dia a dia com custo-benefício excelente. Embora o preço não tenha sido divulgado nem para a Europa, podemos imaginar algo em torno de R$ 20 mil.

Outro diferencial que a Royal oferece a seus clientes é a possibilidade de customização de suas motos com acessórios originais. Para a Hunter também haverá uma série de equipamentos para embelezá-la. Eu aposto em seu sucesso.

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